EL Dorado

Por Aurelio Porfiri

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]facto de estar actualmente longe de Macau dá-me uma certa vantagem, na medida em que me permite ter um distanciamento que acaba por ser saudável. Será que algum dia terei visto Macau como o El Dorado da eterna juventude? Certamente que não, mas um artigo de Kate Springer fez-me pensar sobre o assunto. O artigo publicado a 22 de Outubro, na secção de viagens em bbc.com, intitulava-se “Segredo chinês da longevidade” e, adivinhem só; Macau era o local onde procurar esta misteriosa “poção”. Segundo as mais recentes estatísticas, nas últimas décadas, Macau tem vivido um período de prosperidade sem precedentes, acompanhado por um aumento da esperança de vida, pelo que nos sentimos muito gratos. Mas as estatísticas apenas revelam parte da realidade.
O artigo desenvolve-se em torno do Sr. Chan, de 90 anos de idade, habitante de Coloane. Este senhor está, basicamente, muito agradecido à indústria do jogo por lhe permitir manter o seu estilo de vida. Senão, vejamos: “Passei a maior parte da minha vida fora,” afirmou Chan, que tem oito filhos e dez netos. “Sento-me com a minha mulher no paredão e ficamos a admirar a paisagem. Passamos os nossos dias felizes.” Chan atribui a sua longevidade, a uma vida feliz e rotinas simples (e ainda a uma dieta rigorosa à base de arroz e alho) – e parece que este nonagenário está longe de ser um caso raro”. Assim, a tese da jornalista da BBC é a seguinte: o resultado do desenvolvimento, devido às verbas da indústria do jogo, é … poder viver uma vida bucólica. Mesmo que implique a degradação total da cidade. Mas, a imagem do velho Sr. Chan e da sua mulher a admirarem a paisagem, faz-nos esquecer as pessoas que se arruinaram por causa do jogo, uma cidade que para além do jogo não tem outros recursos de valor e, ainda, os jovens que só encontram significado no dinheiro e na ambição material.
Claro que a longevidade é um factor positivo e, pessoalmente, desejo que o Sr. Chan e a sua esposa ultrapassem os 100 anos de idade. Mas detecto uma contradição na mensagem que passa no artigo; se uma maior riqueza serve para que tenhamos uma vida bucólica com estilo, não é necessário esforçarmo-nos para fazer evoluir a economia, podemos pura e simplesmente voltar ao campo. Será que o Sr. Chan (e a jornalista) sabe o preço que é preciso pagar para que, ele e a sua mulher, possam ter todos os dias arroz e alho? “Embora esteja actualmente numa curva descendente, o jogo manteve durante anos a economia à tona d’água. Só no ano passado as receitas do jogo representaram 80% do PIB e, os impostos pagos pela indústria, constituíram a grande fatia do bolo fiscal. “Todos os turistas que visitam Macau vão aos Casinos. O que é óptimo,” continua Chan. “É assim que o governo consegue tomar conta de nós”. Parece pois que as vantagens pessoais se sobrepõem às desvantagens colectivas.
No artigo são ainda mencionados os netos e os sobrinhos-netos do Sr. Chan. A maior parte deles, se tiverem possibilidade, hão-de querer ir estudar para o estrangeiro e fugir a influências vindas do mesmo meio que permite ao Sr. Chan e à sua esposa continuarem a desfrutar de uma vida singela. Em termos de vida a quantidade é importante, mas a qualidade, não será também?

28 Out 2015

Deputados continuam a recolher opiniões sobre Lei do Tabaco

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que analisa na especialidade a proposta de alteração à Lei do Tabaco, vai continuar a recolher opiniões, avança a Rádio Macau. Actualmente, das cerca de 30 já recebidas, três mostravam-se a favor da proibição total do fumo, sendo que a maioria, como afirmou o presidente da Comissão, Chan Chak Mo, defende outra solução. “As tabaqueiras entendem que é muito exigente. Os que apoiam a criação de salas de fumadores nos casinos são bastantes”. De acordo com a rádio, os deputados estão também a agendar reuniões com associações do sector, sendo que, nos dias 12 e 13 de Novembro, serão ouvidas a câmara de concessionárias e subconcessionárias e a Associação de Mediadores de Jogos. Chan Chak Mo garante que só depois é que a Comissão pode ter uma posição sobre a proposta e estabelecer uma data para terminar a discussão do diploma, que pretende proibir totalmente o tabaco nos casinos.

27 Out 2015

TNR são quase metade da população activa de Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] número de trabalhadores não residentes em Macau alcançou os 180.751 no final de Setembro, representando 44,8% da população activa da região, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Macau, 180.751 trabalhadores não residentes integravam o mercado laboral, equivalendo a 44,8% da população activa e a 45,7% da população empregada estimada no final de Agosto.
No intervalo de um ano, Macau ganhou 17.874 trabalhadores não residentes, uma média de quase meia centena por dia. Face a Agosto, o universo de mão-de-obra importada teve um reforço de 564 pessoas.
O interior da China continua a ser a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior, com 116.667 (64,5% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (23.808) num pódio que se completa com o Vietname (14.467).
O sector dos hotéis, restaurantes e similares continua a figurar como o que mais absorve mão-de-obra importada (47.192), seguido do da construção (45.509).
O universo de trabalhadores não residentes galgou a ‘barreira psicológica’ dos cem mil pela primeira vez na história da RAEM em Setembro de 2008, a qual voltou a ser ultrapassada em Maio de 2012, numa tendência não mais invertida em termos anuais homólogos.

27 Out 2015

Lawrence Ho admite impacto da campanha anti-corrupção

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] empresário do jogo Lawrence Ho admitiu ontem o impacto negativo da campanha anti-corrupção chinesa nas receitas dos casinos de Macau resultantes do segmento VIP, mas mostrou-se confiante na conquista do mercado de massas com novos projectos. A Melco Crown Entertainment, de Lawrence Ho e do australiano James Packer, inaugura hoje o Studio City, o terceiro casino da operadora.
O novo complexo abre numa altura em que as receitas do jogo caíram nos últimos 18 meses, em parte devido ao abrandamento da economia da China, mas também de esforços de Pequim para conter a fuga de capitais ilícitos do país para a região administrativa especial.
“O que tem estado a acontecer com a economia chinesa, especialmente a campanha anti-corrupção, tornou o ambiente no segmento VIP mais desafiante a curto prazo, à medida que o medo tem sido introduzido nos corações de muitos da classe média-alta”, disse Lawrence Ho, filho do magnata Stanley Ho. “Contudo, o mercado de jogo, especialmente o segmento do mercado de massas, tem ainda muito potencial de desenvolvimento”, afirmou, acrescentando que a data de abertura do novo casino pode não ser perfeita, mas afirmando que a estratégia orientada para atrair o turista foi a decisão acertada.
“A Melco adaptou os seus investimentos e estratégia de mercado para atrair uma clientela diversificada, tanto do sector jogo como não-jogo”, afirmou. “A diversificação e inovação são fundamentais para superar os desafios e garantir o sucesso sustentável na cidade”, acrescentou.
Segundo a Fairfax Media, a joint-venture do Study City, detida em 60% pela Melco, deverá iniciar conversações com investidores, depois de as autoridades de Macau terem aprovado 250 mesas de jogo para o complexo, abaixo das expectativas da empresa, que tinha pedido 400. LUSA/HM
 

27 Out 2015

Plano Quinquenal deverá situar crescimento entre 6,5% e 7%

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] próximo Plano Quinquenal da China (2016-2020), que será definido esta semana, deverá situar a meta de crescimento económico anual para o país “entre 6,5% e 7%”, refere ontem a imprensa estatal.
“O encontro de quatro dias surge numa altura em que o motor de crescimento da economia mundial vive uma nova normalidade”, escreveu ontem a agência oficial chinesa Xinhua, referindo-se ao abrandamento na segunda maior economia do planeta.
Cerca de 370 elementos do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC) vão debater esta semana as prioridades do 13.º plano quinquenal, uma reminiscência da ortodoxia maoista que antecedeu a política de “Reforma e Abertura ao Exterior”, adoptada em 1979.
É o primeiro plano do género desde a ascensão ao poder do Presidente Xi Jinping e será depois enviado ao plenário da Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo, que deverá aprovar as decisões em Março de 2016.

Virados para dentro

Para os próximos cinco anos espera-se uma transição no modelo de crescimento do país, com o consumo doméstico e a inovação a substituir as exportações e o investimento em grandes obras públicas como principais motores de desenvolvimento.
O encontro deverá também incidir na reforma do sector estatal e na internacionalização da moeda chinesa, que deu um passo importante na passada semana com um inédito lançamento de obrigações em yuan no Reino Unido.
A economia chinesa registou no terceiro trimestre deste ano o mais baixo crescimento desde o pico da crise financeira internacional (6,9%), mas dentro da meta do Governo para 2015, “cerca de 7%”.
Entre 2011 e 2015, o período em que vigorou o 12.º plano quinquenal, o PIB chinês cresceu, em média, 7,8% ao ano, tornando-se o motor da economia global.
 

27 Out 2015

Forbes | Presidente do Fosun é o 11.º mais rico da China

[dropcap style=’circle’]G[/dropcap]uo Guangchang, o presidente do grupo Fosun, que comprou em Portugal a Fidelidade e a Luz Saúde, subiu 14 lugares na lista dos maiores multimilionários chineses, para a 11.ª posição, segundo dados publicados ontem pela revista Forbes.
A fortuna pessoal de Guo Guangchang, 48 anos, avançou de 3,7 mil milhões de euros para 6,61 mil milhões no espaço de um ano.
Segundo a Forbes, a fortuna dos homens mais ricos da China aumentou em 17 mil milhões de dólares, desde 2014.
É um avanço de 20%, – muito acima da taxa de crescimento da economia chinesa no último trimestre, de 6,9% -, apesar da queda abrupta na bolsa de Xangai, que entre meados de Junho e o dia nove Julho desvalorizou-se 30%.
Tudo junto, os 100 mais ricos da China valem 450 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português.

Electrónica ultrapassada

O magnata chinês especializado no mercado imobiliário e no sector do entretenimento, Wang Jianlin, destronou Jack Ma, o fundador do grupo de comércio electrónico Alibaba, como o homem mais rico da China.
A fortuna de Wang, que é também membro do Partido Comunista Chinês (PCC), cresceu de 13,2 mil milhões de dólares para 30 mil milhões, segundo a revista.
Os lucros foram impulsionados pela valorização de duas das suas empresas na bolsa de Xangai, que antes de colapsar, avançou 150% no espaço de quase um ano inteiro.
“É bom ter dinheiro”, disse o presidente e fundador do grupo Dalian Wanda durante a apresentação da lista. “A maioria das pessoas com dinheiro, especialmente os extraordinariamente ricos, são boas pessoas”.
Seis dos dez homens mais ricos da China operam no sector da tecnologia, incluindo o chefe da Tencent Holding, a maior empresa de serviços de internet na China, Ma Huateng (terceiro), o fundador da fabricante de telemóveis Xiao Mi, Lei Jun (quarto), e o CEO do motor de pesquisa chinês Baidu, Robin Li.
A China representa 10% da riqueza mundial e desde o início do século o PIB chinês quintuplicou.
Constitucionalmente, o país define-se como “um estado socialista liderado pela classe trabalho e baseado na aliança operário-camponesa”. O marxismo-leninismo continua a ser “um princípio cardial” do PCC.
Contudo, desde há cerca de duas décadas, o Partido passou a defender a “economia de mercado socialista” e a encorajar a iniciativa privada.

27 Out 2015

Macau é centro privilegiado para as exportações portuguesas, diz Frasquilho

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquilho, disse ontem que Macau está a tornar-se num “centro privilegiado para as exportações portuguesas” e que “há margem de progressão”. Frasquilho falava aos jornalistas na abertura da 20.ª Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), que este ano conta com a maior representação portuguesa de sempre.
“Temos 133 expositores [e] mais de 120 são empresas. Temos também associações e autarquias. Muitas destas instituições estão pela primeira vez na Feira Internacional de Macau e isto revela bem, penso eu, o significado que esta feira tem para o nosso país e como Macau se está a tornar num centro privilegiado para as exportações portuguesas”, afirmou. macau_mif
O presidente da AICEP sublinhou a “multiplicidade de sectores” na representação portuguesa deste ano na MIF, apesar de se manter a “predominância” habitual do sector agro-alimentar.
“É o resultado da qualidade dos nossos produtos, da estratégia que tem sido prosseguida e nós pensamos que não vamos ficar por aqui, pensamos que há margem de progressão para que, por exemplo, na próxima edição da MIF esta presença portuguesa seja ainda maior”, acrescentou.
Frasquilho destacou ainda que as trocas comerciais entre Portugal e Macau e entre Portugal e a China no seu conjunto têm crescido todos os anos e que a expectativa é que a tendência se mantenha.
“A República Popular da China é a economia do mundo onde a AICEP já tem mais delegações e é bem possível que não fiquemos por aqui”, disse ainda, sem dar mais pormenores e depois de questionado sobre a possível abertura de uma delegação em Cantão, onde Portugal vai abrir um consulado geral.
Segundo dados revelados este mês pela delegada do AICEP em Macau, entre Janeiro e Julho, as exportações portuguesas para Macau ascenderam a pouco mais de 15 milhões de euros, reflectindo um crescimento de 22% face ao período homólogo do ano passado e em linha com os últimos anos cinco anos. LUSA/HM

23 Out 2015

Governo confiante na dinâmica económica de Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo está confiante na economia de Macau, garantindo que ainda se mantém dinâmica e próspera. Num discurso de abertura da Feira Internacional de Macau (MIF), Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, assegurou que as oportunidades de negócio em Macau ainda não desapareceram.
“Mesmo atravessando uma fase de ajustamento económico, com o surgimento de alguns problemas de profundas influências, Macau continua a ser uma economia dinâmica e próspera, que apresenta oportunidades e vantagens atractivas para explorar novas oportunidades de negócio”, começou por dizer Leong, que acrescenta que o Governo está preparado e “tem condições e capacidade para lidar com as adversidades”. lionel leong
O Secretário admitiu que a RAEM enfrenta neste momento uma queda económica depois de “mais de uma década de crescimento acelerado” e reconhece que há desafios pela frente, mas afirma que estes poderão ser positivos.
“[Proporcionam] especialmente novas condições e oportunidades para a reestruturação económica e a promoção do desenvolvimento sustentável. Nesta altura, o Governo, o sector empresarial e a população estão empenhados no melhor aproveitamento das oportunidades derivadas da reestruturação económica, com vista a aumentar a vitalidade económica de Macau em vários aspectos”, frisou.

Diversificação-chave

A diversificação da economia não ficou de fora do discurso do Secretário, que voltou a referir a necessidade de cooperação regional e a liberalização do sector dos serviços entre Macau e a China continental, entre outros projectos. Tudo para que, diz, Macau venha a ter novas condições e espaço para desenvolvimento.
Depois de um ano com as receitas dos casinos a cair, Lionel Leong fez questão de reiterar que a indústria das convenções e exposições é “um sector que contribui activamente para a adequada diversificação da economia local e para a construção de uma plataforma regional de comércio e serviços económicos”.
No primeiro semestre do ano, recorde-se, o PIB caiu 25,4% em termos reais.
Já as receitas públicas, nos primeiros nove meses do ano, caíram para 82.051 milhões de patacas, o que representa menos 32,2% em termos anuais homólogos. A Administração continua com saldo positivo de 30.964 milhões de patacas, excedendo o previsto para todo o ano, mas ainda assim o Governo implementou medidas de austeridade, que prevê cortes nas despesas da Administração, mas que não afectam áreas sociais.

Novas indústrias não contribuem para PIB

Num outro comunicado, Lionel Leong admite que as novas indústrias de Macau ainda “não conseguem contribuir para a recuperação do volume do PIB”, que se perdeu, diz, devido ao ajustamento económico. “Por isso é que todos os sectores precisam de se unir num esforço conjunto para agarrar as oportunidades que surgiram com o ajustamento económico”, refere Leong, que acrescenta que a economia “é muito vulnerável pois é influenciada pelas regiões vizinhas”, especialmente o sector do turismo e do jogo, as indústrias principais de Macau.

23 Out 2015

Relatório denuncia condições de trabalho em fábricas de iPhones

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma investigação às condições das fábricas de iPhones na China revela que os funcionários trabalham até 90 horas extraordinárias por mês por menos de dois dólares à hora, vivem em dormitórios superlotados e quase não têm tempo para comer.
Segundo a organização de defesa dos direitos laborais China Labour Watch (CLW), os abusos persistem nas fábricas chinesas onde se produzem os populares telefones da norte-americana Apple.
A CLW focou-se, em particular, numa fábrica em Xangai da empresa taiwanesa Pegatron, que já tinha investigado em 2013, que emprega 100.000 pessoas e onde as condições de trabalho quase não registaram melhorias. refeitorio-da-foxconn-lotado-de-trabalhadores-foto-reproducao
O relatório “Algo está mal aqui” volta a evidenciar os abusos laborais do sector: turnos de dez horas e meia por dia, a que se somam mais de duas horas extra obrigatórias, sem as quais os trabalhadores não recebem um salário mínimo para viver (de cerca de 318 dólares ou 280 euros por mês).

Visto por dentro

A organização ilustra as condições de trabalho com um testemunho em primeira mão de um investigador da CLW que se infiltrou como empregado na Pegatron.
Entre outras coisas, o investigador revela como a empresa não cumpre com medidas de segurança básicas, como informar os funcionários sobre as saídas de emergência – portas que o próprio investigador nunca conseguiu encontrar.
O testemunho incide também sobre a sobrecarga de trabalho, com turnos em que não há praticamente tempo para comer.
A falta de informação abrange também os produtos químicos que os funcionários manuseiam. Apesar de a empresa lhes dar uma lista dos produtos perigosos com que trabalham, não indica onde estes se encontram ou como devem ser tratados.
A CLW conclui que “nada mudou” desde 2013, com excepção de uma situação: a discriminação no que toca à contratação de membros de etnias minoritárias, apesar de a organização ressalvar que a empresa contrata agora ilegalmente metade dos trabalhadores de forma temporária, quando apenas pode fazê-lo para 10% da equipa.

23 Out 2015

Pequim financia um terço de central nuclear no Reino Unido

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China comprometeu-se quarta-feira a assumir uma posição accionista de um terço na primeira central nuclear britânica construída em décadas, com o primeiro-ministro, David Cameron, a saudar o “acordo histórico” no projecto liderado pela francesa EDF.
O anúncio foi feito durante o segundo dia da vista do Presidente chinês, Xi Jinping, ao Reino Unido, que tem sido dominada pelos negócios, tendo já Cameron afirmado que os acordos assinados até agora ascendem a 40 mil milhões de libras (55 mil milhões de euros).

epa04296338 Chinese President Xi Jinping (L) waves after arriving at Seoul Airport on July 3, 2014. Xi was accompanied by his wife Peng Liyuan (R). South Korean President Park Geun-hye will have a summit meeting with Xi later in the day on North Korea's nuclear weapons program, Japan's growing nationalism and other issues of mutual concern.  EPA/YNA
epa04296338 Chinese President Xi Jinping (L) waves after arriving at Seoul Airport on July 3, 2014. Xi was accompanied by his wife Peng Liyuan (R). South Korean President Park Geun-hye will have a summit meeting with Xi later in the day on North Korea’s nuclear weapons program, Japan’s growing nationalism and other issues of mutual concern. EPA/YNA

Em comunicado, a EDF anunciou o acordo nuclear, assinado na presença de Xi Jinping e David Cameron, com Londres a estender a passadeira vermelha aos investidores chineses e a apresentar projectos conjuntos, como o das emissões zero por parte dos clássicos autocarros vermelhos e táxis negros londrinos.

Em curso

O acordo para o gigantesco projecto nuclear, estimado em 18 mil milhões de libras, deve ser finalizado nas próximas semanas.
A eléctrica EDF vai construir dois reactores, de uma terceira geração, considerados dos mais avançados e seguros do mundo, em Somerset, no sudoeste da Inglaterra.
A estatal chinesa China General Nuclear Corporation (CGN) vai financiar seis mil milhões de libras, com a EDF a colocar as outras 12 mil milhões de libras.
A EDF é a líder de projecto, com uma posição inicial de 66,5%, que pode baixar para 50% se se verificar a entrada de novos investidores, ficando a CGN com 33,5%.
“Estamos a assinar um acordo histórico para construir a central nuclear de Hinkley”, afirmou Cameron, durante uma conferência de imprensa conjunta com Xi, em Downing Street.
Este projecto deve criar 25 mil empregos e fornecer energia a seis milhões de habitações, segundo o Departamento britânico de Energia e Alterações Climáticas.
Mas os opositores britânicos do projecto de Hinkley criticam os elevados custos de construção e o tempo que vai ser preciso para que comece a fornecer energia, bem como a duração do período do preço garantido (92 libras por megawatt durante 35 anos).

23 Out 2015

Durão Barroso | Relações com países lusófonos são importantes, diz o recente professor honorário do IPM

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a curta visita que o ex-primeiro ministro de Portugal e antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, realizou a Macau, o professor destacou a “importância da manutenção das relações entre a RAEM e os países lusófonos para o desenvolvimento sustentável de Macau”.
As declarações surgiram num encontro com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, na sede do Governo, na passada segunda-feira. Em comunicado aos jornalistas, o Executivo explica que Durão Barroso indicou ainda que as relações com os países lusófonos, através dos planos de intercâmbio de aprendizagem com a União Europeia, têm sido uma mais valia para a formação de “quadros qualificados que dominem a Língua Portuguesa” no território.
O ex-primeiro-ministro português destacou ainda a mensagem que lhe foi transmitida no sentido de que as autoridades “estão a trabalhar para manter e valorizar a herança cultural portuguesa, porque isso é visto como uma forma de afirmar a própria especificidade de Macau”.
“Parece-me que a escolha estratégica de tornar Macau num centro de excelência em actividades de turismo e lazer, e também as oportunidades do ponto de vista cultural de uma plataforma com os países de Língua Portuguesa, é uma boa escolha (…) e parece-me que já tem frutos concretos. Claro que mais coisas têm de ser feitas (…). Como amigo de Macau, apenas posso apoiar tudo o que possa trazer mais prosperidade para esta região”, sublinhou, citado pela agência Lusa.

Nova esperança

Para Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, a visita de Durão Barroso a Macau veio criar uma esperança em “novos projectos que possam surgir”.
O professor, que veio a Macau a convite do Instituto Politécnico de Macau (IPM), afirmou ainda estar disponível para representar e contribuir como ponte de comunicação entre a China e a RAEM com os países lusófonos e a União Europeia. durão_chui_GCS
No encontro, Chui Sai On, afirmou que desde a transição da soberania em 1999, o Governo tem vindo a dedicar-se ao princípio “um país, dois sistemas”, dedicando-se ainda à transformação de Macau num “centro mundial de turismo e lazer e uma plataforma de serviços comerciais entre a China e os Países Lusófonos”. Em resposta, Durão Barroso mostrou-se satisfeito com o princípio mencionado pelo Chefe de Executivo e disse que Macau tem desenvolvido a sua economia ao longos dos últimos 15 anos, alcançando “grandes avanços, especialmente na economia, turismo e infra-estruturas”.

Em nome da estabilidade

O ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso afirmou terça-feira, em Macau, esperar que a coligação PSD-CDS/PP e o PS se entendam para a formação do governo, a fim de dar ao país “condições de estabilidade”.
“Visto que não há uma maioria absoluta na Assembleia da República era importante que a força política que ganhou e a principal força da oposição se entendessem, dando ao país condições de estabilidade e um governo coerente”, defendeu, ao sublinhar que “os partidos têm os seus interesses próprios”, mas que “o país está acima dos partidos”.
Neste sentido, o ex-primeiro-ministro considerou que “se não for possível que o governo tenha uma maioria que haja pelo menos acordos parlamentares que permitam a estabilidade em Portugal”. “Portugal fez um grande progresso nos últimos anos. Portugal esteve numa crise financeira profunda, voltou a ganhar a confiança dos investidores internacionais, mas nada é irreversível. É importante que agora se consolide a confiança em Portugal e que não haja problemas políticos que venham a gerar outra vez um ciclo de desconfiança. Eu espero que isso venha a acontecer”, disse. Durão Barroso não quis, contudo, tecer comentários quando questionado relativamente às eleições presidenciais. “Não vou agora entrar mais em política partidária portuguesa”, disse.

Distinção | Título de professor honorário do IPM

“Um significado especial”

O ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso afirmou que o título de professor coordenador honorário do Instituto Politécnico de Macau (IPM), que lhe foi atribuído na terça-feira, tem um significado especial. O facto de Barroso ter sido um dos que participou nos inícios das relações Portugal-China é a justificação.
“Tem um significado especial, precisamente por ser aqui, em Macau. (…) Tem valor por ser o reconhecimento de um contributo que me orgulho de ter dado para as relações mais estreitas de Portugal e da Europa com Macau e com a China”, salientou. “Como ministro dos Negócios Estrangeiros, como primeiro-ministro [de Portugal] e também como presidente da Comissão Europeia, trabalhei muito pelas relações com Macau. Como ministro dos Negócios Estrangeiros, estive nas negociações para a transição de Macau, depois, como presidente da Comissão Europeia, visitei Macau e apoiei e lancei alguns programas”, disse, citando o exemplo dos programas de formação de tradutores e intérpretes.
Durão Barroso, que realizou a sua última visita oficial ao território aquando do 20.º aniversário da assinatura do Acordo de Comércio e Cooperação União Europeia-Macau, congratulou-se, dois anos depois, pelo facto de a RAEM estar “no bom caminho”.
“Macau, hoje em dia, está muito mais desenvolvido do ponto de vista económico, é uma região também estável, que quer manter com orgulho a herança portuguesa”, sendo que “está-se a estabelecer como um grande ponto de turismo ao nível global e também como uma plataforma importante da China em relação aos países de Língua oficial Portuguesa”, observou.
Com a distinção desta semana – a mais alta conferida pelas instituições de ensino superior politécnico – Durão Barroso entra para uma “galeria” de que fazem parte outras figuras, como o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger ou o ex-ministro e professor universitário Adriano Moreira, prometendo, agora que faz parte da “casa”, dar o seu contributo, na medida das suas “possibilidades de agenda”, para Macau e também para “uma relação ainda mais forte entre Macau e Portugal e entre a China e a União Europeia”. transferir
Durante a cerimónia, o ex-governante português ouviu rasgados elogios, nomeadamente do presidente do IPM, Lei Heong Iok, que falou de um “protagonista de um percurso cívico, político e académico deveras singular”, e do coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos André, a quem coube proferir um longo elogio, que percorreu o extenso trajecto de Durão Barroso, num auditório repleto, sobretudo de estudantes.
Durão Barroso, que presidiu aos destinos da Europa durante dez anos, “possui, entre os traços da sua identidade, uma marca especialmente distintiva: abraçou, de vontade, no tempo próprio e sempre que a vida lhe consentiu, a carreira académica; mas experimentou sempre, em cada etapa desse percurso, o drama da encruzilhada; porque essa sua opção foi, a cada passo, interceptada pelo apelo do serviço público, pela chamada à actividade cívica, pelo sentido do dever”, afirmou.
O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, manteve a toada, descrevendo Durão Barroso como “alguém que foi, durante anos, um construtor de diálogos” e um “português de excepção com um percurso brilhante”. E acrescentou: “Não esquecemos, senhor professor, que vossa excelência, nos diversos cargos por onde passou foi sempre um amigo de Macau”.
Durão Barroso proferiu, de seguida, uma conferência sob o tema “Globalização no século XXI: das novas rotas da seda a outras ligações entre os continentes”.

22 Out 2015

IC | Levantamento sobre património intangível acontece até Março

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural deu na passada terça-feira início a um levantamento exaustivo do património cultural intangível de Macau, iniciativa que decorre até Março do próximo ano. Em comunicado, o IC convida “toda a população” a participar com as suas opiniões.
“O património cultural intangível é passado de geração em geração e está intimamente ligado à vida das pessoas, englobando as artes tradicionais, costumes populares e artes de representação, entre outros, constituindo não só um testemunho histórico do desenvolvimento da cidade mas também um importante recurso cultural local”, explica o IC.
Desde 2006 que o Governo tem actualizado uma série de diplomas legais, levantamentos e estudos e projectos educativos no sentido de preservar o referido património, que neste momento completa uma lista de dez itens. Oito deles fazem já parte da Lista de Património Cultural Intangível da China.

Maior clareza

A presente recolha – com prazo de seis meses – pretende “encorajar a participação de um número ainda maior de cidadãos, o que permitirá ter uma percepção global, aprofundada e diversificada da quantidade de itens do património cultural intangível existentes”.
Depois de concluído o processo de levantamento, alguns dos elementos identificados deverão ser incluídos na lista de património intangível da cidade, para que a sua segurança possa ser garantida. Esta recolha de informações inclui nome do elemento, categoria, zona de disseminação, data de realização, modo de expressão, estado actual e continuidade do elemento, mas também fotografias, documentos e elementos multimédia sobre o património. Para participar, os cidadãos podem preencher o formulário de recolha de informações disponível na página www.macauheritage.net/ichsurvey.

22 Out 2015

Ng Lap Seng oficialmente acusado de conspiração e suborno

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] empresário e representante político de Macau Ng Lap Seng foi formalmente acusado pela justiça norte-americana, na terça-feira, de conspiração e suborno, num caso que envolve o ex-presidente da assembleia-geral da ONU John Ashe, avança a Bloomberg. Ng Lap Seng, de 68 anos, é acusado de participar num esquema de subornos a dirigentes da Organização das Nações Unidas (ONU) durante três anos.
O magnata terá tentado conseguir o apoio de Ashe para a construção de um “centro de conferências milionário” para a ONU em Macau, usando Francis Lorenzo, o embaixador das Nações Unidas na República Dominicana, para transferir esses pagamentos. Ashe e Lorenzo foram igualmente acusados.
“A acusação repete meramente as mesmas alegações gerais da queixa original. Ng pretende declarar-se inocente e defender-se das acusações”, disse o seu advogado, Ben Brafman, em comunicado, citado pela Bloomberg.
Ng foi detido no mês passado no âmbito de outro caso. O empresário, Ashe e Lorenzo foram acusados de suborno dias depois. Agora, foi apresentada a acusação formal através de um grande júri que analisou as provas e deu luz verde para o processo avançar para tribunal.
Ashe é acusado de entregar declarações de impostos falsas. O antigo embaixador da ONU para Antígua e Barbuda terá alegadamente escondido mais de 1,2 milhões de dólares em subornos e solicitado pagamentos para a construção de um campo privado de basquetebol na sua casa em Nova Iorque.

Sem comentários

Robert Van Lierop, advogado de Ashe, não comentou o caso. Já o advogado de Lorenzo frisou que o seu cliente “mantém a sua inocência”. “Ele não está envolvido em subornos, lavagem de dinheiro ou qualquer conduta criminosa”, disse.
Ng, Ashe e Lorenzo estão entre os cinco acusados neste caso. Todos permanecem sob custódia dos Estados Unidos da América (EUA) e devem comparecer perante o juiz Vernon Broderick hoje.
Um magistrado federal disse que Ng, presidente do grupo Sun Kian Ip, podia ser libertado com uma fiança de 50 milhões de dólares desde que permanecesse no seu apartamento em Manhattan, Nova Iorque, vigiado por seguranças. Esta decisão foi contestada, pelo que a libertação de Ng foi adiada até hoje. Ng Lap Seng é membro do Conselho Eleitoral do Chefe do Executivo de Macau e delegado de Macau na Assembleia Popular Nacional.
Sobre o processo judicial do caso de Ng Lap Seng, Chui Sai On, Chefe do Executivo, reforça o seu silêncio e não comenta, apesar de, garantiu o próprio, estar a acompanhar as notícias. LUSA/HM

22 Out 2015

Cinemateca | Abertas inscrições para seminário sobre cinema independente

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Cinemateca Paixão vai realizar um seminário de cinema com o tema “Produção de Cinema Independente e Suas Perspectivas”. A actividade terá lugar no final deste mês, dia 31 de Outubro, com início às 15h00.
O seminário contará com a participação de cineastas de Hong Kong e locais, como são Albert Chu Iao Ian, Presidente da Associação Audio-Visual Cut de Macau, e Vincent Chui, Director Artístico de Ying E Chi, que irão abordar os diferentes aspectos da produção cinematográfica, partilhando e explorando igualmente o potencial do cinema independente e as suas perspectivas futuras.
Albert Chu Iao Ian é o realizador da série Histórias de Macau. Em 2000, fundou a Associação Audio-Visual Cut de Macau, uma das associações de cinema em Macau. Vincent Chui é um realizador de cinema independente em Hong Kong, o qual participou na organização do Festival de Cinema Independente de Hong Kong e do Festival de Cinema Independente de Macau. Chui divulgou e coordenou também o “Projecto de Angariação de Fundos para o Cinema Independente Chinês”.
As inscrições estão abertas ao público até 28 de Outubro. A entrada é livre, mas os lugares limitados. O Seminário “Produção de Cinema Independente e Suas Perspectivas” constitui uma das actividades de funcionamento experimental da Cinemateca Paixão.

22 Out 2015

Ai Weiwei acusa Governo de “mentir” no Reino Unido

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] artista e dissidente chinês Ai Weiwei denunciou ontem as “mentiras” repetidas pelo Governo de Pequim no Reino Unido, onde o Presidente Xi Jinping se encontra em visita.
Na sua conta oficial na rede social Instagram, Ai publicou diversas fotografias com críticas ao embaixador chinês no Reino Unido, Liu Xiaoming, que, numa entrevista à BBC a propósito da visita de Xi, assegurou que o artista “nunca foi posto atrás das grades”.
“Um mentiroso profissional e um país tão obscuro estão em perfeita harmonia”, escreveu ontem o artista na rede social.
No encontro com o canal britânico, o diplomata assegurou que Ai tinha sido investigado por suspeitas de “destruição de documentos de contabilidade” e rejeitou que o Presidente Xi tenha viajado até ao Reino Unido para “tratar de temas ligados aos direitos humanos”.
Ai Weiwei esteve detido sem julgamento 81 dias, em 2011, acusado de fraude fiscal, uma medida das autoridades que activistas e dissidentes consideraram uma “estratégia” para controlar o artista, muito crítico do Governo.
Após a sua libertação, as autoridades confiscaram o seu passaporte, que só lhe foi devolvido em Julho deste ano.
A polícia exigiu-lhe ainda o pagamento de 1,7 milhões de euros por alegada evasão fiscal, valor que pagou com a ajuda de contribuições de seguidores e amigos.
 

22 Out 2015

Pequim abre investimento de 130 milhões ao sector privado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China anunciou 287 projectos de infra-estruturas no valor de quase um bilião de yuan, que estarão abertos ao investimento e participação privada, noticiou a agência oficial Xinhua. Este pacote inclui a construção de auto-estradas, linhas ferroviárias, aeroportos e instalações energéticas, segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão encarregado da planificação económica do país.
Com estas novas infra-estruturas, as autoridades querem impulsionar o sector privado e, ao mesmo tempo, aprimorar os serviços e instalações públicas, explicou o subdirector daquele organismo, Zhang Yong, citado pela Xinhua. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável”, crescimento económico.
Na terça-feira, o Governo chinês anunciou que entre o dia 1 de Dezembro de 2015 e 31 de Dezembro de 2017 abolirá as restrições ao investimento estrangeiro vigentes em alguns sectores, em determinadas regiões, como um programa piloto para a liberação à escala nacional. A economia chinesa registou no terceiro trimestre deste ano um crescimento de 6,9%, o mais baixo desde 2009, aquando do pico da crise financeira internacional.

22 Out 2015

GP | SJM continua a ser patrocinadora da Theodore Racing

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Jogos de Macau (SJM) continua a ser a patrocinadora da equipa Theodore Racing na edição deste ano do Grande Prémio de Macau. A operadora mantém-se como “parceira oficial e patrocinadora do título” da equipa fundada por Teddy Yip.
“A equipa pretende tornar-se campeã do GP pela oitava vez. A Theodore Racing tem sido sinónimo desta competição desde que o seu fundador, Teddy Yip, conhecido como o ‘senhor Grande Prémio’, competiu pela primeira vez como piloto em 1956 e continuou entrando ou sendo patrocinador de corridas até 1992, conseguindo um total de seis vitórias no GP. Depois de 21 anos de intervalo, o filho, Teddy Jr. reavivou a equipa com a SJM, em 2013, para o que ficou comprovado como sendo uma vitória triunfante”, explica a SJM em comunicado.
A equipa da Theodore deste ano é composta por Felix Rosenqvist, Jake Dennis e Lance Stroll, sendo os carros Mercedes-Benz Dallara de Fórmula 3.
Os três pilotos juntam-se, assim, à lista de nomes da Theodore Racing, que inclui nada mais, nada menos do que Ayrton Senna, Alan Jones e Mika Hakkinen, entre outros.

22 Out 2015

Chung Moon-Joon diz que FIFA continua a “sabotar” a sua candidatura

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] sul-coreano Chung Mong-Joon, candidato à presidência da FIFA, acusou ontem o organismo de não ter uma “decisão fundamentada” na sua suspensão por seis anos, depois de um tribunal suíço ter rejeitado o levantamento da sanção.
O empresário, accionista da Hyundai, foi suspenso por seis anos pelo Comité de Ética da FIFA, que suspendeu também o presidente da FIFA, Joseph Blatter, o presidente da UEFA, Michel Platini, e o secretário-geral, Jerôme Valcke, por 90 dias.
Chung tinha recorrido para um tribunal suíço, para que pudesse manter a sua candidatura à presidência da FIFA enquanto decorre o recurso para o Comité de Apelo da FIFA e para o Tribunal Arbitral do Desporto.
Ontem, o empresário sul-coreano voltou a dizer que “a FIFA continua a sabotar” a sua candidatura e que, duas semanas depois, não sabe quais as alegações que conduziram à sua suspensão.
“Estou duplamente bloqueado: não posso manter a minha candidatura devido a sanções injustificadas e não posso recorrer dessas sanções ou conseguir uma injunção do tribunal suíço porque não tenho uma decisão fundamentada”, disse Chung Mong-Joon.

Sem vícios

Na terça-feira, o tribunal de Zurique considerou que não houve na sua punição qualquer vício de forma no procedimento da Comissão de Ética.
Da mesma forma, o tribunal também descartou os argumentos de que teriam sido violados os seus direitos privados, nos quais se baseava a petição do ex-dirigente.
Em comunicado, a FIFA referiu que recebeu “com satisfação” a decisão do Tribunal do Distrito de Zurique, sendo que o sul-coreano pode ainda recorrer ao Tribunal Superior.
A 8 de Outubro, o Comité de Ética anunciou a sanção de seis anos e multa de 100.000 francos suíços (cerca de 92.000 euros), depois de uma investigação aberta em Janeiro quanto aos processos de candidatura dos Mundiais de 2018 e 2022, atribuídos à Rússia e Catar, respectivamente.
A FIFA considerou que Chung Mong-Jong foi culpado de infringir vários artigos do Código Ético sobre normas gerais de conduta (artigo 13), confidencialidade (16), dever de cooperação e informação (18) e obrigação de colaborar (41 e 42).
 

22 Out 2015

Cristais

* Rui Parada

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]orde Gin, o vesgo prospectivo visionário apátrida, vindo temporariamente resfolegar ao Extremo-Ocidente por razões medicinais, e deitando um olho mercenário à indústria do comentário político que floresce para trás do Cabo da Roca, pôs-se a analisar as eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015, e eis, sem delonga, o que divisa:

1) Os portugueses que elegeram deputados do Partido Comunista, do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista, compraram realmente com seus votos um ímpeto de bipolarização final do sistema político. Isto é, uma definição entre esquerda e direita não só mais precisa, mas mais eficiente e duradoura. Uma definição que passe a traduzir, de uma vez por todas, os seus votos em termos de efectivo poder de governo.
2) A coligação PàF absorveu toda, ou praticamente toda, a direita do Partido Socialista. A sua vitória indica, na verdade, uma cristalização do Partido Socialista à esquerda; a expurga da maioria de uma minoria, salubre ou insalubre, que laborava no seu interior há muito. Ora, isto deveria ser lido pelo PS pós-eleitoral como um decisivo ganho de definição, um adumbramento das hostes do qual não deve ter medo.
3) A bipolarização que se avizinha será entre uma LD (Liga de Direita) e uma LE (Liga de Esquerda).
4) O sistema político português encontra aqui uma oportunidade rara de transitar para um xadrez inteiramente novo, ou seja, o de dois campos claros de disputa do poder. Campos claros, mas, sobretudo, campos representativos e justos.
5) Existirem dois campos de disputa política não significa necessariamente, em nenhum dos lados e em nenhum caso, uma perda de matizes.
6) O Senhor Costa vê-se confrontado com a História; tem nas mãos a responsabilidade de ligar a esquerda portuguesa. Não precisa sequer de sacrificar o seu partido. Isso já foi garantido pelos diversos rituais internos e pela afortunada, ou desafortunada, deserção daqueles que foram votar à sua direita – o que, desde logo, explica como ao cabo de anos de “tortura do povo“ a coligação PàF tenha conseguido a maioria dos votos. Ou seja, os traidores do PS, as it were, são também a explicação para uma espécie de covardia, ou amedrontamento, ou resignação, que teria confirmado a Coligação no poder. Os direitistas do PS, não os votantes no PPD e CDS, é que explicam a “derrota” de Costa, ou a sua suposta “incapacidade”.
7) A ser válida, a tese assente neste verosímil desejo de bipolarização, despida da mediação de partidos charneira, poderá ser o capitulo derradeiro da maturidade da democracia em Portugal.
8) O Sr. Costa ou se encosta nas bancadas do circo encenado pelo Grande Portas ou faz avançar o sistema político português, civilizando a suposta “barbárie” que incha, e tudo indica continuará a inchar, à sua esquerda.
9) Mais, e tempo permitindo, o apoio focado de uma eventual Liga de Esquerda a um só candidato presidencial (considerando também um investimento real numa campanha radicalmente inteligente e acutilante) poderá conservar, por muitos mais augustos anos, o simpático Sr. Sousa no seu jovial e dentuço plinto de plasma.

21 Out 2015

Steve Wynn critica limite a mesas de jogo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da Wynn Resorts, o norte-americano Steve Wynn, disse que em 45 anos de ligação ao negócio dos casinos, nunca viu nada como aquilo que está acontecer em Macau e criticou o Executivo local. Wynn considerou “irracional” a introdução por parte das autoridades de Macau de limites às mesas de jogo em novos ‘resorts’ no território e que as operadoras só saibam quantas mesas poderão criar poucas semanas antes de abrirem os novos casinos.
“Construímos dezenas de milhares de quartos, restaurantes e atracções, mas dizemos [às pessoas]: ‘vocês não podem jogar porque não há mesas’. Bem, essa é uma das razões por que elas vêm a Macau. Se quiserem minar e sabotar a viabilidade desta indústria, imponham limites às mesas. Sou muito crítico desta decisão, porque não a entendo de maneira nenhuma”, afirmou, sublinhando que tem 45 anos de experiência neste negócio e nunca viu uma situação semelhante.
Steve Wynn, citado pela agência Bloomberg, falava numa conferência telefónica com analistas, a partir dos Estados Unidos, no dia em que foram divulgados os resultados da empresa que lidera relativos ao terceiro trimestre do ano. A Wynn Macau teve uma quebra homóloga de 37,9% das receitas líquidas no terceiro trimestre, para 585,1 milhões de dólares. Já a operação em Las Vegas caiu 3,9%. Com dois casinos em Macau – Wynn e Encore – a operadora tem actualmente em construção um ‘resort’ integrado, com um orçamento global de 4,1 mil milhões de dólares e que deverá abrir portas na primeira metade do próximo ano.
As receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, estão em queda desde Junho de 2014, tendo registado em Setembro o valor mais baixo dos últimos cinco anos. A quebra do negócio está a ser associada à campanha anti-corrupção lançada por Pequim e a um abrandamento da economia chinesa.

19 Out 2015

Jogo | Junkets em conversações com Governo para criação de código de Ética

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á operadoras de junkets locais em conversações com o Governo para a criação de um código de Ética, de acordo com o jornal Sunday Morning Post. O periódico da RAEHK dá conta de uma fonte que aponta para uma reorganização deste sector de trabalho.
“Está a haver uma espécie de revolução e os junkets estão a reorganizar-se. Sabem que precisam de alterar a sua imagem, porque actualmente, há muita desconfiança quando se fala deste sector”, afirma a referida fonte.
Este clima de “desconfiança” surgiu com o escândalo Dore, em que a alegada funcionária de salas junket do Wynn fugiu com depósitos de clientes no valor de mais 400 milhões de Hong Kong dólares. O presidente da Associação de Promotores de Jogo, Kwok Chi Chung, que esteve presente em reuniões com o Secretário para a Economia e Finanças e representantes da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, disse que ainda nada está concluído, estando-se agora a aguardar uma resposta do Governo.
“Estamos à espera que o Executivo decida quando vai organizar a próxima reunião”, disse Kwok ao diário de Hong Kong. Durante os encontros passados, o sector dos promotores de Jogo defendia a necessidade de alterar a regulamentação sob a qual exercem a sua actividade, incluindo a criação de um código de Ética. “Esperamos poder fazer parte da equipa de redacção da nova lei para poder explicar ao Governo quais as dificuldades sentidas pelos junkets, para que a legislação permita um crescimento saudável do nosso sector”, adiantou Kwok. Além disso, disse concordar com a revisão da lei, de forma a tornar “o sistema mais transparente” e tornar o trabalho de toda a indústria mais claro para a população.
A revisão das normas que regulamentam a actividade dos junkets foi anunciada pela DICJ no passado mês de Setembro, aquando do escândalo Dore. A partir dessa altura tem-se discutido os trâmites sobre os quais a alteração legislativa vai decorrer. Também Fernando Vitória, que recentemente publicou o livro “Lei de Jogos de Azar em Macau”, concorda com a existência de um Código de Ética para estes profissionais. “Há, certamente, uma necessidade de criar normas mais actualizadas, incluindo a redacção de um código de Ética para os junkets”, disse Vitória durante a cerimónia de lançamento da sua obra. “O Governo poderia participar nesta redacção, estabelecendo algumas normas ao sector”, acrescentou.

19 Out 2015

Executivo rejeita lentidão no caso Pearl Horizon

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) considera que a aprovação dos processos relacionados com o edifício Pearl Horizon não foi feita de forma lenta, rejeitando as acusações da empresa concessionária do terreno, o Grupo Polytec. Segundo o Jornal do Cidadão, Ao Peng King, chefe do departamento de urbanização da DSSOPT, explicou que “como a aprovação envolve âmbitos diferentes, tais como o planeamento, regimes jurídicos e solicitações de residentes, a velocidade de aprovação depende da análise feita a cada caso”. O responsável disse esperar que os três terrenos em situação semelhante do Pearl Horizon, ou seja, do Windsor Arch, La Scala e na Estrada dos Sete Tanques, na Taipa, possam ver a situação de concessão resolvida antes do prazo chegar ao fim. Recorde-se que o Grupo Polytec acusou o Governo de ter demorado muito tempo na aprovação dos relatórios de impacto ambiental. O edifício Pearl Horizon, que deveria estar concluído este ano, poderá ficar pronto em 2019.

19 Out 2015

Empresário Ng Lap Seng em prisão domiciliária

O milionário chinês acusado de subornar o ex-presidente da Assembleia Geral da ONU vai pagar uma fiança de 50 milhões de dólares e ficar em prisão domiciliária, decidiu um juiz de Nova Iorque. Ng Lap Seng deverá também ficar sob vigilância electrónica, segundo fontes do Ministério Público norte-americano citadas pela EFE. De acordo com a justiça norte-americana, o ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas John Ashe recebeu mais de um milhão de dólares de Ng Lap Seng e outros empresários chineses para tentar influenciar decisões da organização.
Entre outros objectivos, Ng Lap Seng queria concretizar o seu projecto de construção de um centro de conferências da ONU em Macau. Após a detenção do magnata chinês, a ONU abriu também uma investigação interna às doações à organização da fundação do grupo imobiliário de Macau Sun Kian Ip, a que Ng Lap Seng preside. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o parceiro de Ng Lap Seng, William Kuan, está a tentar entrar em contacto com o advogado do empresário e pretende realizar uma campanha de recolha dos 50 milhões de dólares necessários para a fiança.

19 Out 2015

Newman Lam preocupado com instabilidade económica

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]investigador da Universidade de Macau Newman Lam manifestou preocupação em relação à estabilidade do território, que considerou uma “bomba” que a queda das receitas dos casinos pode fazer rebentar. Lam, que falou na Conferência Anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong, acredita que Macau está à beira de uma crise, mas defende que isso pode não ser mau.
O investigador traçou um cenário de descontentamento crescente e de quebra da legitimidade do Governo de Macau que, juntamente com a descida das receitas dos casinos, principal fonte de receita pública e sector em que assenta a economia da região, pode pressionar a população a agir. Lam apontou números do Programa de Opinião Pública de Hong Kong, relativos a 2014, segundo os quais a satisfação da população de Macau em relação ao desenvolvimento democrático atingiu 26,5% em 2014, o valor mais baixo desde que os dados começaram a ser recolhidos.
Também a confiança na fórmula chinesa “um país, dois sistemas” atingiu os seus mínimos: 69,6%. E apenas 37,6% disseram no ano passado estar satisfeitos com a protecção dos direitos humanos e 56,2% aprovaram o trabalho do chefe do Executivo, segundo o mesmo inquérito.
“Qual é o motivo para a descida da confiança? Depois da liberalização do jogo, o fosso salarial aumentou, os ricos ficaram mais ricos, os pobres mais pobres. Os preços do imobiliário subiram a pique, 28,2% da mão-de-obra é importada, o Governo não consegue resolver o problema do trânsito. Macau está cheia, já nem queremos ir até ao Senado, são demasiados turistas”, resumiu. O investigador chamou também a atenção para o surgimento de novos “grupos críticos” além da Associação Novo Macau, como a Juventude Dinâmica e a Macau Civic Power, que, apesar de “poucos e pouco efectivos”, são “um sinal do que vem aí”.

O povo é sereno

Ainda assim, sublinhou que Macau tem sido uma cidade pacífica, com poucos protestos e uma resposta moderada da sociedade civil. Mas a “crise do jogo” pode vir a acabar com este cenário: “As pessoas de Macau põem muita ênfase na harmonia. Não as temos visto agir como em Hong Kong. O que as pessoas pensam e o que manifestam são coisas diferentes, elas inibem-se. A harmonia é uma coisa boa, mas pode tornar-se uma bomba”, afirmou. O académico acredita que há um sentimento de saturação que, aliado a uma juventude “mais informada e que não aceita com tanta facilidade as decisões da autoridade”, pode fazer tremer a estabilidade social.
Lam prevê também consequências para os bolsos dos residentes de Macau em 2016, antecipando o fim dos cheques anuais à população, cortes no orçamento e despedimentos nos casinos. “Não acreditem nos jornais que dizem que estamos no caminho da recuperação, os jornais são controlados pelo Governo. Não vejo a China a amenizar a política anti-corrupção e, por isso, a recuperação de Macau não vai acontecer”, alertou.
O que Macau precisa, defendeu, é de uma reforma económica, que reduza a dependência do jogo e, acima de tudo, garanta acesso à habitação: “Acho que esta crise vai pressionar o Governo e isso pode ser uma coisa boa. Quando as pessoas se aperceberem que há uma bomba prestes a rebentar, talvez façam alguma coisa para a impedir de explodir”.

19 Out 2015