O guião de Hollywood VS o guião de Macau

POR THOMAS LIM

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Setembro de 2015 tive a honra de ser convidado pelo Instituto de Estudos Europeus (IEEM) e pela Creative Macau a regressar à RAEM pelo segundo ano consecutivo, para conduzir um curso de guionismo durante duas semanas. O que me deixou, contudo, ainda mais entusiasmado foi o facto das inscrições terem chegado ao limite máximo de 15 alunos dias antes do prazo final. De acordo com o IEEM, entre cinco a sete pessoas viram a sua entrada negada, infelizmente, porque não havia mais espaço. Sem dúvida que estes números – além de me fazerem sentir apreciado e feliz – provam que as pessoas de Macau percebem a importância do treino e da prática no que toca a escrever guiões de cinema. Isto é um importante e encorajador passo em frente na construção em Macau de uma indústria cinematográfica mais vibrante.

Hollywood versus Macau

Passou quase um ano desde que me mudei para Los Angeles. Naturalmente, tenho muito a dizer sobre a produção de filmes em Hollywood, especialmente quando comparado com aquela que se faz no continente de onde sou, a Ásia.
Primeiro que tudo, é preciso ver que, na Ásia, vemos muitos filmes de Hollywood, idolatramos a magnitude dos orçamentos destas películas e o poder de distribuição. Produtores e realizadores de filmes sonham em trabalhar em Hollywood, onde um orçamento de cem milhões de dólares americanos é considerado normal actualmente.
Na Ásia, contudo, a maior parte dos nossos filmes são feitos com menos de cinco milhões de dólares. De facto, muitos deles são feitos com orçamentos abaixo dos dois milhões. Uma das razões para os filmes de Hollywood precisarem de tanto dinheiro é o custo das estrelas que aparecem nos filmes – metade do orçamento vai, normalmente, para os dois principais actores, se forem, claro, considerados grandes estrelas de cinema. sept group 2
Como realizador, a maior recompensa para todo o tempo e energia dispensado em fazer um filme é vê-lo ser lançado comercialmente, em grandes salas de cinema. Os realizadores deveriam, aliás, fazer os filmes tendo sempre em consideração que o ecrã de cinema é enorme comparado ao tamanho da audiência e não esperar apenas que os seus filmes sejam vistos em DVDs ou ecrãs de computador. Esta deve ser uma parte importante na arte de fazer cinema. E é aqui que Macau pode ser um luxo tremendo.
Todos os países ou territórios no mundo têm uma certa percentagem dos seus cinemas reservados para filmes de Hollywood e outra percentagem para filmes feitos localmente. Por exemplo, no Japão, 50% dos filmes apresentados nos principais cinemas são filmes de Hollywood, enquanto a outra metade são filmes japoneses. Nos EUA, contudo, os filmes feitos localmente são os ‘blockbusters’ de Hollywood! Isso significa que um realizador americano que fez o seu filme com um milhão de dólares compete com os filmes orçados em cem milhões por um lugar no cinema. Mas, se um realizador produz um filme em Macau com esse mesmo dinheiro – um milhão de dólares – atrevo-me a dizer que conseguiria mostrar o seu filme em todos os principais cinemas de Macau e talvez até nas regiões vizinhas, como Hong Kong, Taiwan, Singapura, Malásia e até na China continental! Entretanto, o seu colega americano, que faz o seu filme com o mesmo orçamento nos EUA, tem provavelmente zero hipóteses de ver a sua obra ser apresentada nos cinemas mais ‘mainstream’.
Esta é precisamente uma das razões para que os realizadores de Macau tenham mais apoio, mais recursos para fazer os filmes e, mais importante que tudo, confiança na distribuição do filme, enquanto o realizador americano é deixado ao desespero e à depressão, questionando-se onde é que o seu filme de um milhão de dólares o vai levar.
Uma comparação como esta mostra-nos claramente as vantagens de fazer filmes na Ásia e é esta a razão por que eu continuo a focar-me em fazer filmes no Oriente, de forma a conseguir mais oportunidades para a distribuição comercial dos meus filmes.
Seja como for, não interessa se estamos em Hollywood ou em Macau, qualquer filme – ou projecto – que valha a pena começa com um bom guião…

Curso “Escrever um guião de Hollywood” 2015

O curso que leccionei em Macau foi considerado um curso de guionismo intermédio: a continuação do curso básico do ano passado “Da história ao guião”.
Desta vez, tivemos 15 participantes (o máximo permitido), sendo que metade deles eram alunos que já estiveram presentes no último curso e a outra metade eram pessoas que estavam lá pela primeira vez. O curso durou dez dias, teve lugar todas as segundas e sexta-feiras, das 19h00 e às 21h00.
Nos primeiros dois dias usei o tempo para revermos algumas das ideias mais básicas e mais importantes do que é escrever um guião de cinema, algo que foi essencial não só para os novos estudantes, como para os que já tinham feito o curso anterior.
O guionismo está vivo. É possível manter longas discussões acerca da escrita, o que é muito diferente da matemática, onde as fórmulas e os conceitos podem ser ensinados num determinado tempo. Durante o curso, examinámos as estruturas dos guiões, a forma como as personagens são desenhadas, a criação de conflitos para efeitos dramáticos e até a formatação dos guiões, entre outras coisas.
Como no curso de 2014, os participantes deste ano têm diferentes ‘backgrounds’ e idades variadíssimas: desde os vinte e tal aos cinquenta. A maioria eram trabalhadores e alguns até tinham experiência em filmagens e cinema. Todos eram bastante proactivos e tive duas semanas fantásticas enquanto partilhava as minhas experiências, não só respondendo às suas perguntas, como ouvindo as suas opiniões sobre a produção de filmes e de guiões. Foi fantástico.
Alguns dos participantes estão já a formar grupos de guionismo, para se encontrarem uma vez por mês para criticar e motivar-se uns aos outros e aos seus roteiros. É uma iniciativa fantástica.

Curso “Re-escrever para Hollywood” 2016

Uma semana depois de ter deixado Macau, no final de Outubro, recebi um email da Creative Macau a convidar-me para regressar a Macau em 2016 para conduzir a terceira parte do curso de guionismo. Em princípio, isso acontecerá entre 25 de Janeiro e 5 de Fevereiro, sendo o título do curso “Re-escrever para Hollywood”. Esta será mais uma continuação do curso anterior, mas utilizarei a primeiro semana para rever conhecimentos mais importantes para eventuais novos estudantes.
Ainda que o ponto de maior enfoque vá ser escrever uma longa-metragem, haverá alguns dias em que vamos também ter um cheirinho do que é escrever para curtas-metragens. Vamos ainda analisar as nossas oportunidades de sucesso nas indústrias cinematográficas dos EUA, Hong Kong e Macau.
As inscrições deverão abrir em meados ou finais de Novembro e, pela nossa experiência, as vagas deverão esgotar rapidamente. Por isso, se está ou conhece alguém que esteja interessado em escrever um guião, inscreva-se o mais cedo possível, para que não fique de fora.
Estou ansioso por regressar a Macau para leccionar este curso e passar momentos agradáveis com toda a gente, partilhando as alegrias e tristezas do que é escrever para Hollywood.

*realizador

13 Nov 2015

Macau | População fala em degradação da qualidade de vida

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] indústria do turismo corre o risco de perder o apoio da população se a insatisfação com a qualidade de vida continuar a aumentar, aponta um estudo da Universidade de Macau (UM) publicado este mês.
O trabalho “Resident’s Perceptions of the Role of Leisure Satisfaction and Quality of Life in Overall Tourism Development: Case of a Fast-Growing Tourism Destination – Macao”, da autoria dos professores Amy So, Desmond Lam e Xue Yan Liao, argumenta que o desenvolvimento do sector do turismo contribuiu para maior oferta de lazer em Macau, o que é valorizado pela população.
No entanto, ainda assim, quem vive na cidade acusa uma degradação da qualidade de vida, criando insatisfação com a indústria. “Quanto mais satisfeitos os residentes de Macau estão com a sua qualidade de vida, mais provável é que pensem que o turismo lhes traz mais benefícios do que prejuízos”, explica o estudo, sublinhando que, no entanto, “os residentes de Macau não estão muito satisfeitos com a sua qualidade de vida”, especialmente no que diz respeito ao controlo do trânsito, ao intenso crescimento e ao fraco planeamento urbano.

Colateral

Em termos gerais, a população “tende a acreditar que o turismo traz mais benefícios que custos”, mas, apesar de beneficiar de uma economia forte, “sente-se perturbada por problemas como o custo ambiental, aumento do preço das casas e problemas de trânsito”.
“Se a situação piorar, isso vai afectar o seu apoio à indústria do turismo (…) Os governantes devem perceber que é muito importante equilibrar a qualidade de vida dos residentes com o desenvolvimento turístico, o que iria eventualmente resultar numa estabilidade a longo prazo na indústria do turismo”, concluem os investigadores.
Em declarações à Lusa, Desmond Lam sublinhou que a equipa concluiu que “a percepção dos residentes em relação à qualidade de vida é mais baixa do que o esperado em muitas áreas”.
Nesse sentido, “há muito espaço para melhorias”, disse citando os problemas de trânsito, pressão urbana e limpeza da cidade. “Sentem também que os turistas nem sempre respeitam o seu modo de vida”, indica.
Por outro lado, “sentem que Macau é seguro, tem um ambiente político estável e água limpa”, diz.
As entrevistas para este estudo foram conduzidas entre Junho e Julho de 2013 e envolveram 265 residentes.

13 Nov 2015

IH | Estudo sobre novo modelo habitacional até Dezembro

[dropcap styçle=’circle’]O[/dropcap] presidente do Instituto de Habitação (IH), Ieong Kam Wa, prevê que já no final deste ano seja entregue um relatório sobre a viabilidade de criação de um novo tipo de habitação pública. O documento está a ser redigido pela Universidade de Macau (UM) e considera o lema de “arrendamento primeiro e depois compra”, destinando-se a casais novos e jovens. No entanto, avança que “não faz muito sentido” implementar tal ideia, uma vez que o valor de entrada para uma casa económica não é elevado. A preferência vai para este último tipo de apartamento.

12 Nov 2015

Xi Jinping quer acelerar reformas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, disse esta terça-feira numa reunião entre altas autoridades que o governo deve trabalhar para impulsionar o ímpeto do crescimento, no momento em que este dá mais sinais de fraqueza na segunda maior economia mundial.
A China deve acelerar reformas em companhias estatais e nas áreas fiscal e financeira, para ajudar a melhorar o crescimento, disse Xi na reunião, segundo a agência estatal Xinhua.
Apesar de uma série de medidas de estímulo do governo, o crescimento económico chinês desacelerou para 6,9% no terceiro trimestre deste ano, seu desempenho mais fraco desde a crise financeira global. Indicadores económicos em Outubro apontaram para uma maior desaceleração, face à fraqueza na procura doméstica e global.
Xi também se comprometeu a estabelecer um mercado de acções que possa proteger os interesses dos investidores, após Pequim dizer na semana passada que retomará em breve as ofertas públicas iniciais de acções (IPOs, na sigla em inglês) depois de uma suspensão de quatro meses.
O Presidente disse ainda na reunião que o registo de habitação no país, conhecido como o sistema hukou, deve ser reformado num esforço para acelerar a urbanização. O governo precisa trabalhar para elevar a quantidade de imóveis disponíveis e manter um crescimento sustentável no mercado imobiliário, afirmou o líder.

12 Nov 2015

China | “Sozinhos e falidos” no Dia dos Solteiros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chinesa Cai Man aguardou até aos primeiros segundos de ontem para consumar as compras que planeara fazer nas últimas semanas, cumprindo assim o ritual com que milhões de chineses assinalam o “Dia dos Solteiros”.
“Além de sozinhos, vamos acabar falidos”, ironizou à Lusa sobre a efeméride, que está a gerar fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia.
No conjunto, 50.000 marcas, entre as quais 5.000 não chinesas, aderiram à iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro.
As vendas do gigante do comércio electrónico chinês Alibaba, por exemplo, superaram, em apenas 13 horas e meia, 35 mil milhões de yuan, estabelecendo um novo recorde mundial de vendas ‘online’.
O grupo, que opera os populares ‘sites’ de compras Taobao e Tmall, foi o primeiro a lançar ofertas no “Dia dos Solteiros”, em 2009, visando o trepidante crescimento do consumo ‘online’ na China, país com 668 milhões de internautas.
Com base na cidade de Hangzhou, na costa leste da China, estima-se que a empresa fundada por Jack Ma, o segundo homem mais rico do país, controle 90% do comércio electrónico no país.
Nos primeiros 12 minutos e 28 segundos após a meia-noite, os ‘sites’ do Alibaba atingiram um volume total de vendas de 10 mil milhões de yuan.
“No ano passado, levou 38 minutos e 28 segundos a alcançar aquela marca”, notou o jornal oficial chinês China Daily.
Cai garante que a culpa não é sua: “Eu só gastei 2.500 yuan (365 euros)”.
Durante aquele período, a Ant Financial Services Group, a afiliada do Alibaba que administra a plataforma de pagamentos ‘online’ Alipay, registou 85.900 transacções por segundo.

Além fronteiras

Mas a voracidade do maior mercado consumidor do mundo não se limita às fronteiras do país.
Na Austrália, uma empresa de laticínios teve que pedir desculpa às mães locais através da rede social Facebook, depois da sua fórmula de leite orgânica para bebés ter esgotado no mercado doméstico.
“Fomos apanhados de surpresa”, admitiu o presidente da empresa, citado pela France Presse, aludindo à enorme procura por parte da China, onde comercializa os seus produtos através do Alibaba.
E, a julgar pelas declarações de Zhang Jianfeng, o responsável pelas vendas a retalho do grupo chinês, aquela empresa não deverá ser a única “afectada” pela febre consumista na China.
“Algumas das marcas já venderam mais de 60% dos produtos em ‘stock’ e outras deverão mesmo esgotar”, revelou Zhang ao China Daily, durante a manhã de ontem na China.
Para celebrar, Jack Ma está em Nova Iorque, onde juntamente com o novo presidente do Alibaba, Daniel Zhang, tocou o sino que marca o início da sessão da bolsa em Wall Street.
País mais populoso do mundo, com 18% da população mundial, o “gigante” asiático representa hoje um importante destino de quase todos os produtos consumidos no mundo, desde automóveis a vestuário.

12 Nov 2015

Stanley Au |Queda das receitas tem efeitos “adversos”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da Associação de Pequenas e Médias Empresas de Macau admite que a queda nas receitas do jogo está a ter impactos “adversos”, mas acredita que pode também fazer “diminuir a pressão”, nomeadamente, através da descida das rendas.
“Claro que, até certo ponto, estamos a sofrer adversamente um impacto, mas não tão severo como o da indústria do jogo”, disse Stanley Au à margem da apresentação do “Livro Branco sobre as PME de 2015” em Macau.
No entanto, o dono do Banco Delta Ásia admitiu que, a manter-se, a queda na indústria do Jogo vai definitivamente diminuir a pressão nas PME.
“Mas não vou dizer que estamos contentes por vê-los a ir abaixo”, ressalvou.
Nos “próximos dias”, Au vai reunir-se com o Chefe do Executivo para lhe apresentar as principais dificuldades das PME e sugerir medidas para as atenuar. Mais uma vez, os problemas prendem-se com a dificuldade em atrair mão-de-obra, face à concorrência dos casinos, com maior margem para salários elevados, e o preço do imobiliário.
É neste sentido que uma continuada descida das receitas do Jogo podia ajudar as pequenas e médias empresas (PME).
“Temos falta de mão-de-obra. Mesmo que o negócio na indústria do Jogo esteja a descer, não podemos contratar pessoas suficientes. As rendas desceram um bocadinho mas não é o suficiente para nos ajudar. Basta andar na rua para ver que muitas lojas estão a fechar”, disse.

12 Nov 2015

Polícia | FAOM faz denúncia por difamação na internet

A Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) fez uma denúncia por difamação à PSP, depois de ter sido acusada nas redes sociais de ter abusado da angariação de fundos para a construção do Edifício da Federação das Associações dos Operários. A associação recebeu doações de membros internos, mas também de outras associações, de trabalhadores e até da Fundação Macau. Mas comentários nas redes sociais alegavam que a FAOM não utilizou o dinheiro para os fins devidos e que ficou com parte do montante. A Federação emitiu um comunicado, citado no Jornal do Cidadão, onde diz que a difamação é “ridícula”, além de “fabricada”, e “engana” as pessoas, pelo que a associação fez queixa à PSP. “No processo de construção do edifício utilizamos o dinheiro angariado de forma eficaz e tentamos até diminuir as despesas de construção e o que sobrou do dinheiro angariado já regressou à Fundação,”defendeu a Federação.

11 Nov 2015

Vã magnificenza

POR AURELIO PORFIRI

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ou um leitor voraz. Leio todos os dias, devoro toneladas de livros por ano. Num dos livros que estou a ler actualmente encontrei um excerto, sobre o qual me parece interessante reflectir. O livro é uma biografia do grande artista italiano Gian Lorenzo Bernini, escrita por Franco Marcoaldi, Bernini: “O Artista e a sua Roma”. Passo a transcrever a parte que me chamou a atenção: “A economia de Roma centrava-se basicamente na indústria de prestação de serviços, ou seja, atendia às necessidades da Igreja, em tudo o que lhe dizia respeito (desde os edifícios à cera para as velas do altar) fornecia o vestuário luxuoso, as ementas gourmet e o mobiliário para as mansões, quer pertencessem a membros da corte papal, quer a outras de menor importância. Estas cortes menores, que podiam ser seculares, como por exemplo, a dos Colonna e dos Orsini, ou eclesiásticas (de cardeais, sobretudo), precisavam de impressionar e de conquistar alianças, para sobreviverem e consolidarem o seu poder. Para tal era necessário exibirem toda a opulência do seu estilo de vida” (pág.21). Neste trecho o autor fala da Roma do século XVII e, de como a Arte e outros luxos eram usados para exibir a magnificência (magnificenza) de quem os suportava financeiramente. Tem sido sempre incontornável a utilização da Arte e da Cultura para estes fins; faz parte da natureza humana. Tudo isto me faz reflectir demoradamente sobre o que se passa em Macau a este nível, e tento perceber quais é que podem ser as diferenças. É claro que não posso esperar que em Macau exista o esplendor de Roma, de Veneza, Florença, Paris, Viena, ou de outras cidades do género; não se pode esperar que exista o entendimento, nem os padrões culturais, que se encontram nestas cidades. Mas posso verificar que muitos dos “eventos culturais” que se vão organizando na cidade servem, sobretudo, para promover o estatuto do organizador e para satisfazer alguns “artistas” locais, em busca de reconhecimento. No fundo, acabam por não ter verdadeiro impacto na vida cultural da cidade.
Lutei muito para ver reconhecida a ideia de especificidade cultural; não posso ensinar Artes Marciais com a mesma competência de um asiático: estes possuem uma vantagem cultural. Vantagem cultural que se manifesta em muitas outras matérias. Nós possuímo-la no que respeita à música e à cultura ocidentais. Algumas pessoas podem contrapor que os “artistas” locais têm de aprender. A maior parte das pessoas com quem me cruzei querem poder, e não aprender. É evidente que existem artistas talentosos em Macau. Muitos deles estão a optar pelo único caminho possível numa cidade com este tipo de políticas: estão a sair, a tentar alcançar o melhor que podem no estrangeiro. Quando o Governo estiver interessado em criar programas de música, nas escolas e universidades, assentes num espírito de imparcialidade e se empenhar seriamente no assunto, então talvez as coisas venham a mudar daqui a uns anos. Mas isso nunca vai acontecer. É preferível desperdiçar dinheiro em eventos que se revelam inúteis, a partir do momento em que a última nota se desvanece no éter.

11 Nov 2015

Moçambique | História do Parque de Gorongosa na Torre de Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]história e a recuperação do Parque Nacional da Gorongosa, a principal área protegida de Moçambique, que viu quase 90% da sua fauna dizimada após o fim da guerra civil, em 1992, estarão em exposição em Macau este mês.
A iniciativa é da Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, que desenvolveu a exposição, em cooperação com a direcção do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), explicou ontem à Lusa o vice-presidente da Associação, Carlos Barreto.
Entre 14 e 29 de Novembro, estarão em exposição na Torre de Macau um conjunto de fotografias e filmes fornecidos pelo PNG, que a Associação apresenta como sendo “talvez a maior história de restauração da vida selvagem em África”.
Os filmes em exibição integram dois sectores, um deles formado por pequenas metragens, de um a dois minutos. O segundo integra filmes mais longos, de até 25 minutos.
Em qualquer caso, tratam-se de imagens e filmes que explicam o que é o parque e as actividades de recuperação que estão em curso.
“Pretende-se dar a conhecer a história do parque, estabelecido em 1924 no centro de Moçambique, a vida selvagem, a preservação do meio ambiente, as novas espécies descobertas entretanto e desconhecidas até à data e a integração das comunidades no projecto de restauração deste paraíso”, explicou a Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, num comunicado.
Carlos Barreto sublinhou que está em causa um projecto com uma “imagem muito positiva” e lembrou que Macau pretende afirmar-se como uma plataforma para o estreitamento das relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Neste contexto, a associação considerou que seria “interessante” levar até à região chinesa um “aspecto” que não está propriamente relacionado com as relações comerciais e económicas, mas que é “muito importante” e pode, por outro lado, ajudar a desenvolver essas relações.
A entrada na exposição é gratuita e, para já, está garantida a visita de perto de mil alunos de escolas de Macau.

Fauna em recuperação

Em 2005, o Governo moçambicano assinou com a fundação do filantropo norte-americano Gregory Carr uma parceria por vinte anos com vista à recuperação da área protegida.
Numa entrevista à Lusa em Outubro, o director do PNG, Mateus Mutemba, disse que a fauna parque está “em franca recuperação”, contando agora com quatro mil espécies, algumas novas para a Ciência.
Segundo o director do PNG, a população de elefantes registava menos de cem animais no pós-guerra e está agora estimada em mais de 500, os búfalos, que chegaram a ser 14 mil em 1972, caíram para 60 em 2000 e são agora mais de 600, tornando-se “muito frequente vê-los nas planícies da Gorongosa em manadas de cem indivíduos”.
A população de pivas subiu de 3500 para 35 mil e a Gorongosa acolhe a maior população desta espécie de grande antílope em África. Os pala-pala são agora 800 e as próprias impalas sofreram “uma recuperação visível” e já abundam no parque.
“Fizemos também a reintrodução de elandes, búfalos, bois-cavalos, alguns hipopótamos e elefantes, para ter melhoramento genético, e registamos com satisfação que, associadas ao ritmo de recuperação natural de algumas espécies, já contribuem para que haja mais diversidade”, referiu o director do parque.
Salientando que o PNG nunca tinha sido muito estudado, Mateus Mutemba disse que três levantamentos de biodiversidade foram realizados desde o início do projecto de restauro e que identificaram cerca de quatro mil espécies, algumas das quais inéditas.

10 Nov 2015

Emissão de cartões de crédito aumentam

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] número de emissão de cartões de crédito aumento no terceiro trimestre do ano, conforme indica um comunicado da Autoridade Monetária de Macau. Ao todo foram 899,763 o número de cartões de crédito emitidos entre Julho e Setembro, em Macau, ou seja, mais 3,4% do que no período homólogo de 2014. O limite de crédito de cartões foi de 20,3 mil milhões de patacas, isto é, mais 4,1%. No terceiro trimestre de ano, o crédito usado foi de 4,5 mil milhões, um crescimento de 3,1%. O adiantamento de numerário atingiu 221,7 milhões, correspondendo 5% do total do crédito usado no período. Por outro lado, o montante do reembolso, incluindo os juros e despesas, foi de 4,6 mil milhões, ou seja, aumentou 8,6% relativamente ao trimestre anterior.

9 Nov 2015

Saúde | Lam Cheong classifica Macau positivamente

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e boa saúde. É assim que o Chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Cheong, classifica Macau quanto às condições de saúde apresentadas à sociedade. O chefe falava à Rádio Macau, depois da participação no programa chinês Fórum, na passada sexta-feira.
Com boas condições e com uma das maiores taxas de esperança média de vida no mundo, a única preocupação são, por isso, as doenças crónicas. “A esperança média de vida em Macau é de 82 anos e este é um número muito alto entre os países desenvolvidos, sendo que até nos Estados Unidos se regista um nível inferior. No entanto, as doenças crónicas são o maior problema de saúde dos residentes, especialmente as doenças do foro cardiológico, cancerígenas e a diabetes”, explicou Lam Cheong. Saude
O chefe indicou ainda que o seu departamento está a par do desenvolvimento de Macau e com trabalho em acção. “Estamos a promover a auto-monitorização, por exemplo, disponibilizamos pontos de auto-medição de tensão arterial nos centros comunitários e nos centros de saúde”, indicou, frisando, uma vez mais, que os serviços de Macau estão aptos a minimizar o impacto das doenças crónicas entre os pacientes.

É melhor não

Em reacção ao relatório da Organização Mundial de Saúde, que indica que comer produtos de carne processada, como enchidos e presunto, pode aumentar o risco de cancro, Lam Cheong desaconselha o consumo da mesma.
“O consumo de carne processada foi classificado como grupo 1 apenas porque várias pesquisas confirmaram consistentemente o mesmo resultado: que pode aumentar o risco de cancro. Mas a média é uma propensão 18 vezes mais alta, se virmos o tabaco, este tem um risco muito maior e aumenta conforme o consumo. No entanto, apesar de o risco de cancro não ser muito elevado na carne processada, o seu consumo pode, de facto, aumentar esse risco, portanto, aconselhamos os residentes a comerem pouca carne processada, até porque é tem níveis muito elevados de sal e pode causar outros problemas de saúde como hipertensão, ataques cardíacos e outras doenças cardiovasculares”, explicou Lam Cheong, em declarações à Rádio Macau.
No mesmo momento, o chefe do departamento clarificou ainda que a febre da dengue no território está controlada. Depois dos surtos em Taiwan e em Guangdong, Lam Cheong indica que em Macau foram registados dois casos importados, mas que está tudo normalizado. Ainda assim os cuidados são sempre necessários.
“A população precisa de estar sempre em alerta, porque viajam para Taiwan, para países do sudeste asiático, locais onde os casos de dengue estão sempre a surgir. Mas a situação em Macau está controlada, pelo menos por este ano. Mesmo se houvesse um surto agora penso que seria relativamente fácil de resolver uma vez que as temperaturas estão a baixar. Mas para o ano, precisamos combater outra vez este problema”, alertou o chefe.

9 Nov 2015

Planetário encerrado de 16 a 25 de Novembro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Planetário do Centro de Ciência de Macau vai estar encerrado de 16 a 25 de Novembro para trabalhos de “manutenção e optimização do sistema de projecção digital” de 3D da cúpula. O Planetário do Centro tem um ecrã inclinado circular com mais de 15 metros de diâmetro e está equipado com projectores digitais que exibem filmes. O espaço volta a abrir portas ao público a 27 deste mês.

9 Nov 2015

Wim Wenders | Exposição de fotografias em Lisboa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] rodagem de três filmes em Portugal dá o mote a uma exposição de fotografia e a uma retrospectiva que o realizador alemão Wim Wenders apresenta no Lisbon & Estoril Film Festival (LEFF). Mais de quinze anos depois de ter integrado os Encontros de Fotografia de Coimbra, Wim Wenders volta a ter uma exposição em Portugal. Chama-se «À luz do dia até os sons brilham» e apresenta, desde ontem, no Reservatório da Mãe d’Água, às Amoreiras, cerca de 30 fotografias captadas no país, entre 1980 e 1994. Wim Wenders, 70 anos, rodou em Portugal os filmes «O estado das coisas» (1982), «Lisbon Story – Viagem a Lisboa» (1994), com a participação dos Madredeus e Manoel de Oliveira, e algumas cenas de «Até ao fim do mundo» (1991). Foi durante a preparação destes filmes que Wim Wenders captou as imagens da exposição que agora inaugura.

9 Nov 2015

Exposição de 500 cavalos enterrados vivos há 25 séculos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] cidade de Zibo, no leste da China, anunciou que vai restaurar e mostrar numa exposição a partir do próximo ano 500 cavalos enterrados vivos junto a um imperador que reinou na zona há 2.500 anos. Segundo relatou a agência oficial Xinhua, os cavalos pertencem ao túmulo de Qi Jinggong, imperador do período da Primavera e Inverno (séculos VIII a V antes de Cristo). Os cavalos deviam acompanhar o imperador, segundo as tradições funerárias da antiguidade chinesa. Os cavalos foram recentemente descobertos nas imediações de Zibo, e segundo os arqueólogos vão servir para obter mais informações sobre o Período da Primavera e Inverno, época em que a China estava dividida em diferentes pequenos reinos e de que não há tantos dados históricos como noutras eras posteriores. O governo local vai investir cerca de 11 milhões de dólares para preservar o mausoléu equino e prosseguir as escavações no local.
 

9 Nov 2015

Activista morre na prisão. Família questiona autoridades sobre causas da morte

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m activista chinês morreu quando estava a cumprir pena numa prisão, indicou quinta-feira a família do detido em declarações à agência espanhola EFE, denunciando que as autoridades chinesas não esclareceram as causas da morte.
De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos, como é o caso da Chinese Human Rights, esta situação não é inédita e revela a impunidade que abrange os funcionários que cometem “abusos” na China, onde a tortura nas prisões é uma prática regular.
O activista Zhang Liumao foi detido em Agosto passado sob a acusação de “perturbação da ordem pública”, uma acusação muito utilizada pelas autoridades chinesas contra activistas e dissidentes.
Na altura da detenção, o activista trabalhava numa revista não oficial de Cantão, no sul da China.
A irmã de Zhang Liumao, Zhang Wuzhou referiu que o activista morreu no início desta semana num centro de detenção em Cantão em “circunstâncias suspeitas”.
Segundo a irmã do ativista, Zhang Liumao não teve acesso a um advogado durante vários meses, período durante o qual a família não teve conhecimento da sua localização.
As autoridades acabariam por contactar a família para informar da morte do activista.
“Ninguém explicou como ele morreu”, frisou a irmã, que quer ter acesso ao corpo do irmão para esclarecer se o activista “sofreu algum tipo de tortura”.
De acordo com a irmã, o corpo do activista está sob a tutela das autoridades, que perguntaram entretanto à família se queria que o corpo fosse cremado.
“Antes queremos ver o corpo”, insistiu a familiar.
A irmã acrescentou que Zhang Liumao tinha sido diagnosticado com um cancro nas fossas nasais e que tinha sido submetido a um tratamento de quimioterapia antes de ser detido em Agosto último.
 

9 Nov 2015

Detidas sete pessoas que planeavam atentados em zonas públicas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] polícia deteve no sul da China sete pessoas suspeitas de planearem atentados à bomba na província de Cantão, informou sábado a agência oficial Xinhua.
Segundo as autoridades, o grupo era liderado por um ex-condenado, Xiang Fengxuan, de 41 anos, dono de uma lavandaria, que através das redes sociais recrutou outras pessoas com o fim de levar a cabo actos de sabotagem. Bomba Atomica 5
Xiang, seguido pela polícia desde Março, atraía os seus seguidores com o argumento de que pretendia derrubar o sistema político actual através de uma rebelião armada, e prometia aos que o seguissem cargos importantes quando se tornasse “presidente”.
Um dos contactados por Xiang, Ma Ji, de 65 anos, disse à Xinhua que o suspeito dizia ser um descendente da dinastia Qing (deposta pela revolução de 1911) que “sentia nostalgia do passado imperial, em que os homens tinham várias esposas e amantes”.
O grupo planeava vários atentados com engenhos explosivos e sequestro de magnatas para poder cobrar resgates e assim financiar as suas actividades.
Um dos cúmplices do grupo, Zhang Liumao, encarregado dos explosivos, armazenou grandes quantidades de materiais químicos numa fábrica, os quais seriam usados na preparação dos engenhos para levar a cabo os atentados, de acordo com a polícia.
Zhang morreu na quarta-feira passada de cancro, alegadamente devido à prolongada exposição aos químicos.

9 Nov 2015

Manifestantes contestam encontro entre China e Taiwan

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]entenas de manifestantes enfurecidos concentraram-se sábado junto ao gabinete do presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, condenando o histórico aperto de mão ao líder da China, numa cimeira que aumentou os receios de que o rival gigante possa engolir a ilha democrática.
Os presidentes chinês, Xi Jinping, e taiwanês, Ma Ying-Jeou, deram sábado um aperto de mão histórico em Singapura, no arranque da primeira cimeira desde a separação da China continental e de Taiwan, há 66 anos, após uma guerra civil. maximeeting-143530_copy1
Os dois sorriram e acenaram perante uma sala repleta de jornalistas num hotel em Singapura, antes de se retirarem para darem início a conversações privadas.
Esta é a primeira reunião entre os líderes dos dois territórios desde 1949.
Os manifestantes revoltados tentaram invadir o parlamento durante a noite e 27 foram presos no aeroporto, acusando Taiwan de se estar a vender a Pequim, que está empenhado em expandir sua influência.
Mais tarde, cerca de 500 manifestantes, representando vários grupos, incluindo agricultores, activistas de direitos humanos e ambientalistas, insurgiram-se contra o encontro informal que decorreu num hotel de Singapura e onde Ma disse ao líder chinês que os dois “já se sentiam como velhos amigos”.
“Como é que ele pôde… sem qualquer negociação ir encontrar-se com o líder do nosso inimigo? Eu acredito que isto está ao nível da traição”, disse o vice-presidente da Associação de Professores Universitários de Taiwan, Lin Hsiu-Hsin.

Palavras quentes

Os protestantes ficaram enfurecidos com os comentários de Xi de que os dois lados são “uma família” que nunca poderá ser separada, numa alusão à posição imutável de que Taiwan é uma província separada aguardando a reunificação.
“Xi Jinping disse que nós pertencemos a uma China. Conseguem aceitar isto?”, gritou entre a multidão Lee Ken-cheng, do partido ambientalista e céptico a Pequim.
“Não”, gritaram os manifestantes.
Também em Singapura, há relatos de que três membros da União (anti-China) de Solidariedade de Taiwan (TSU) foram escoltados de um alojamento pela polícia.
Uma porta-voz da união anti-China em Taipé disse que o candidato Hsiao Ya-tan foi “levado pela polícia”, juntamente com dois dos seus assistentes.
No aeroporto de Songshan em Taipé, onde Ma fez um breve discurso aos jornalistas antes de embarcar no seu voo de regresso, os manifestantes tentaram queimar imagens dos dois líderes com ‘slogans’, apelidando Xi de “ditador chinês” e Ma de “traidor”.

9 Nov 2015

Comércio com PLP caiu 25,45% até Setembro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,45% até Setembro, fixando-se em 76,47 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais.
Dados dos Serviços de Alfândega da China – publicados no portal do Fórum Macau – indicam que, nos primeiros nove meses do ano, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 47,81 mil milhões de dólares– menos 31,06% – e vendeu produtos no valor de 28,66 mil milhões de dólares, menos 13,76%.
O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 55,6 mil milhões de dólares até Setembro, menos 18,51% face a igual período do ano passado.
As exportações da China para o Brasil atingiram 21,9 mil milhões de dólares, traduzindo uma quebra de 14,51%, enquanto as importações chinesas totalizaram 33,6 mil milhões de dólares, reflectindo uma descida de 20,9% em termos anuais homólogos. shutterstock_52181971_1
Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 44,9% para 15,5 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro.
Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,93 mil milhões de dólares – menos 24,34% – e comprou mercadorias avaliadas em 12,6 mil milhões de dólares, ou seja, menos 48,21% comparativamente aos primeiros nove meses de 2014.
Já com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 3,3 mil milhões de dólares – menos 6,39% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,19 mil milhões de dólares– menos 5,89% – e comprou produtos avaliados em 1,18 mil milhões de dólares (1,09 mil milhões de euros), menos 7,30%.

Efeito global

O comércio sino-lusófono encontra-se em rota descendente desde o início do ano, somando quebras anuais homólogas consecutivas até Setembro.
“A conjuntura económica mundial encontra-se perante vários desafios (…). O abrandamento do comércio internacional e a redução dos preços das mercadorias reflectiu-se no valor das importações e das exportações da China”, afirmou o secretário-geral do Fórum Macau, notando, porém, que em termos da quantidade do volume não houve uma diminuição, mas antes um aumento.
Chang Hexi comentou a tendência numa entrevista publicada no mais recente boletim trimestral do próprio Secretariado Permanente do Fórum Macau – datado do início de Setembro.
Só nesse mês, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa cifraram-se em 8,63 mil milhões, um decréscimo de 5,62% face ao mês anterior.
Desde o início do ano – e até Setembro – o valor mensal das trocas comerciais apenas superou a barreira dos 10 mil milhões de dólares uma única vez (Julho).
Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa).
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos.

9 Nov 2015

Notas Sobre o Método do Pincel «Bifa Ji»

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s erros em pintura são de dois géneros: os que dependem das formas e os que são independentes das formas. Flores e árvores que não estão conformes com a estação, figuras que são maiores que os edifícios, árvores que são maiores que as montanhas, pontes que não estão assentes nas margens, são mensuráveis erros de formas. Estes defeitos não alteram fundamentalmente uma pintura. Erros que são independentes das formas são causados pela ausência de espírito e harmonia (ressonância) o que torna as formas bastante estranhas. Nesse caso, apesar de todos os esforços com o pincel e a tinta, tudo na pintura está morto. Essas pinturas desajeitadas não podem ser corrigidas .
Quando quiseres pintar paisagens com as suas nuvens e árvores é necessário que entendas a origem de cada forma em particular. Cada árvore cresce de acordo com a sua disposição natural. Sem título(27)

de Jing Hao
Tradução de Paulo Maia e Carmo

9 Nov 2015

Acima de tudo a liberdade

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] providência cautelar apresentada pelos advogados de José Sócrates é uma legítima medida de defesa do seu constituinte; a decisão judicial de impedir as publicações do grupo Cofina de falarem sobre o “caso Sócrates” coloca sérias reservas sobre o direito à liberdade de informação e tem implícito um princípio de censura que é inaceitável. shop-around-the-corner-1
Não queria sobre isto deixar qualquer hesitação: acima do meu próprio gosto ou desgosto pelo conteúdo das notícias e a sua forma, está a liberdade de informação e expressão. Sucede que eu sei o que é a censura prévia, por experiência directa, tendo tido artigos censurados e livros proibidos antes do 25 de Abril. 

A liberdade de expressão é em primeiro lugar para aquilo de que não gosto

Como na célebre Primeira Emenda da Constituição americana, o direito à liberdade de expressão faz-se exactamente para proteger aquilo de que não gosto. Eu não gosto que se bata em quem está em baixo, não gosto de campanhas contra pessoas, nem que se use amálgamas, factos sem enquadramento, condenações antes do julgamento. Mas uma coisa é não gostar de qualquer destas coisas, outra é proibir que outros, no exercício da sua liberdade de expressão, entendam que é legítimo fazê-lo, por causas que são suas, ou porque entendem que assim estão a lutar contra a corrupção e a travar um combate cívico. Ou porque não gostam da pessoa A, ou porque não gostam da política B, ou porque consideram que valem mais coisas do que aquelas que eu penso valer. O julgamento ético ou profissional (sobre a qualidade do jornalismo) é uma coisa, outra é a censura prévia. 

O exemplo que não vem de cima

Se o jornal e os seus jornalistas estiverem a cometer crimes, então que sejam punidos por isso. Se existe um crime de violação de segredo de justiça, os seus responsáveis devem ser por ele punidos, ainda mais se se verificar que se está a abusar da figura de se ser “assistente do processo” para os jornalistas obterem informações que violam as obrigações que têm para o serem. A verdade é que o exemplo não vem de cima, com um ministro deste governo breve a ser apanhado em flagrante delito de, enquanto director da Polícia Judiciária, passar informações aos jornalistas. Pelos vistos isso não afecta o currículo necessário para se ser ministro de uma área tão sensível como a justiça. 

A liberdade permite o abuso…

Porém, a decisão judicial cria o absurdo de todas as publicações do grupo Cofina estarem proibidas de falar do caso Sócrates enquanto as de quaisquer outros grupos de comunicação têm liberdade para o fazer. Além disso, o efeito é instituir uma censura prévia que torna um crime qualquer informação, mesmo que seja mais que justificada pelo interesse público. O facto de publicações como o Correio da Manhã terem publicado notícias especulativas e que o interesse público não justifica de todo – um exemplo é a conversa trivial entre Sócrates e Guterres que não devia sequer ter sido transcrita como escuta (e infelizmente muitas outras existem do foro pessoal e íntimo que vão acabar por sair cá para fora) –, pode fragilizar o órgão de comunicação, mas não justifica a medida judicial. 

…desde que não seja crime

O Correio da Manhã, que é o principal alvo da providência cautelar, é em parte, insisto em parte, feito pelo modelo da imprensa tablóide. Mas isso não implica, como aliás já o tenho escrito várias vezes, que não seja muitas vezes nessa imprensa menos convencional que se encontram informações de genuíno interesse público que a imprensa “de referência” hesita em dar, muitas vezes pelas piores razões. Porém há um passo jornalisticamente dúbio entre notícias, mesmo puxadas para a especulação, e uma campanha contra a pessoa.
É verdade que se soube através do Correio da Manhã de algumas coisas sobre o comportamento de José Sócrates que estão para lá do processo e que aí o jornal cumpriu a sua obrigação jornalística. A investigação que fez ao trem de vida de Sócrates quando este esteve fora de Portugal denunciava um facto relevante: que este vivia muito acima dos meios que tinha ao seu dispor e isso numa figura pública implica uma justificação. Sócrates nunca se retirou da vida política activa e isso tornava-o objecto de um escrutínio público, independentemente de se saber se tinha ou não cometido qualquer crime. 

Os seis telefones 
Mas, depois, o Correio da Manhã não se tem limitado a publicar informações retiradas do processo Sócrates, usa-as para “sugerir” determinadas conclusões. Infelizmente está a duplicar aquilo que muitas vezes é uma técnica usada por maus investigadores quando não encontram verdadeiras provas. Por exemplo, numa gaveta num armário ao lado da mesa em que estou a escrever eu tenho cerca de 10 telemóveis, todos os que usei na vida a começar por um grosso Nokia que era o state of the art muitos anos atrás, e vários que se lhe seguiram. Um comprei-o no estrangeiro, porque me esqueci do carregador, outros que se foram substituindo uns aos outros. Presumo que mais de metade deles estão operacionais, se os carregar devidamente e encontrar chips actualizados. Significa isso que os estou a usar para dificultar a vida às escutas policiais e organizar actividades criminosas? Se achasse que elas eram indevidas e abusivas, podia ser, mas mais do que isso é pura especulação. Por isso não sei se Sócrates ter seis telemóveis é relevante ou não, não sei se os usa todos ao mesmo tempo ou não, e só saberei se se passar além do número de telemóveis para saber se existe no processo mais do que essa constatação de facto. 

Não há necessidade 
O Correio da Manhã não precisa de nos convencer sobre as malfeitorias do eng. Sócrates – não me pronunciando eu sobre se essas são as de que é acusado criminalmente –, mas outras de vária natureza, de carácter político ou de abuso do poder quando era primeiro-ministro, pelas quais assino eu por baixo sem precisar das fugas de informação do jornal. Por isso tudo é desnecessária a campanha do jornal, embora eu esteja na primeira fila para defender, a meu contragosto, o direito de a continuar a fazer.

José Pacheco Pereira, na Sábado

9 Nov 2015

Hong Kong | Vinhos de Portugal em destaque

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de países produtores de vinho, da Argentina à Austrália, disputam na Hong Kong International Wine & Spirits Fair a atenção dos profissionais e consumidores chineses, mas, na edição deste ano, Portugal parte em vantagem.
“Só o facto de termos sido designados como país convidado é já um marco bastante importante”, disse à agência Lusa em Pequim o director de ‘marketing’ da ViniPortugal, Nuno Vale.
“Vai dar uma grande visibilidade aos vinhos portugueses, perante vários profissionais, não só de Hong Kong, mas também dos mercados vizinhos”, acrescentou o responsável da associação que promove a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos.
Segundo dados da ViniPortugal, participam na International Wine & Spirits Fair, que abriu oficialmente na quinta-feira, perto de meia centena de empresas portuguesas, a representar diversas regiões de norte a sul do país.
O programa inclui ainda 12 seminários sobre vinhos portugueses.
Nuno Vale mostrou-se optimista: “Ainda mais neste ano, em que a própria feira celebra o oitavo aniversário”, realçou, aludindo ao significado auspicioso do número oito na China.

Com queda para subir

No primeiro semestre de 2015, a China comprou mais 58,2% de vinho a Portugal, acompanhando a tendência que dura desde o início da década.
Pelas contas da ViniPortugal, no espaço de seis anos (2008-2013) as exportações de vinhos portugueses para o país subiram de 1,8 milhões de euros para 14 milhões de euros.
O número de empresas portuguesas com escritórios ou representantes na China também têm aumentado: “Decerto, já ultrapassam uma dezena”, comenta Nuno. naom_54568879bea91
Ainda assim, “há um longo caminho a percorrer”, explicou à Lusa Jin Gang, vendedor na sociedade comercial Nam Kwong, um grupo estatal chinês que representa várias quintas vinícolas de Portugal.
“Os vinhos portugueses só agora começam a aparecer na China. Vai demorar até que sejam tão conhecidos como, por exemplo, os franceses”, disse.
Na China, o vinho é também designado de “Faguojiu” (literalmente álcool da França, em chinês), ilustrando o domínio que aquele país tem no mercado chinês.
Para Nuno Vale, as campanhas lançadas pelas autoridades chinesas para combater a ostentação e a corrupção, que causaram uma quebra acentuada no consumo de produtos de luxo, poderão levar a uma mudança de paradigma.
“No momento em que houve esses cortes por entidades governamentais, que tipicamente consumiam vinho francês, o mercado voltou-se para vinhos que ofereciam a mesma qualidade, mas a um preço significativamente mais baixo”, explicou.
“Isso está a despertar o interesse pelos vinhos portugueses”, acrescentou.

À beira do pódio

Portugal já é o quinto fornecedor europeu de vinhos importados pela China, que, entretanto, também está a apostar na produção e, de acordo com algumas projecções, dentro de cinco anos poderá mesmo tornar-se o maior produtor mundial.
Porém, “no mercado interno, a China terá sempre de lutar com um problema típico de países em desenvolvimento, que é: tudo o que vem de fora é sempre mais apreciado do que aquilo que é produzido dentro”, referiu Nuno Vale.
“O consumidor chinês não estará disposto a dar um valor superior pelos vinhos domésticos. Isso vai acontecer durante muitos anos”, previu.
Per capita, o consumo na China não chega a um litro e meio por ano; em Portugal ronda os 40 litros.
Contudo, só em 2014, o país importou cerca de 383 milhões de litros de vinho, posicionando-se como o maior consumidor do mundo, segundo dados das alfândegas chinesas.
“É um mercado muito volátil”, considerou Nuno Vale. “Tanto cresce muito, como decresce, como volta a crescer. Não é um mercado maduro”, concluiu.

9 Nov 2015

EUA | “Postura operacional” para responder a eventual agressão russa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos adaptam a sua “postura operacional” para contrariar qualquer “agressão russa”, declarou sábado o secretário da Defesa norte-americano, Ashton Carter.
“Adaptamos a nossa postura operacional e os nossos planos de emergência no trabalho que fazemos – nós próprios e com os nossos aliados – para dissuadir a Rússia de uma agressão e para contribuir para reduzir a vulnerabilidade dos nossos aliados e dos nossos parceiros”, afirmou Carter, durante um fórum sobre questões de defesa, na Califórnia (costa oeste dos Estados Unidos da América). us-russia-ukraine
O chefe do Pentágono acrescentou que Washington está a modernizar o arsenal nuclear e a investir em meios de alta tecnologia como drones (aparelhos não tripulados), bombardeiros de longo alcance, lasers, canhões electromagnéticos e guerra electrónica.
Carter referiu novos meios militares “surpreendentes (…) que não podia descrever de momento”.
“Actualizamos e aperfeiçoamos os nossos planos de dissuasão e de defesa tendo em conta as alterações de comportamento da Rússia”, afirmou Carter no mesmo fórum, que reuniu políticos norte-americanos e especialistas em defesa, na biblioteca Ronald Reagan, em Simi Valley.

9 Nov 2015

Chefe do Executivo lança vídeos sobre LAG

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo lançou ontem quatro vídeos promocionais dos trabalhos das Linhas de Acção Governativa (LAG), sendo que o primeiro, intitulado “Cidadade habitável e partilhar uma vida de qualidade” foi ontem divulgado. Seguem-se os vídeos “Medidas Eficientes e Benefícios para a População”; “Diversificação da Economia” e “Apoio ao Desenvolvimento dos Jovens em Várias áreas”. Os quatro vídeos podem ser visionados pelo público na página do Gabinete do Chefe do Executivo, do Gabinete de Comunicação Social, pelo portal do Governo.

6 Nov 2015

Executivo assina novo acordo com UE na área da tradução

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ontem assinado um acordo entre o Governo de Macau e a Direcção-Geral de Interpretação da Comissão Europeia, da União Europeia (UE). O acordo visa “organizar de forma contínua” o Programa de Formação de Tradução e Interpretação das Línguas Chinesa e Portuguesa. Segundo um comunicado, o novo programa de aprendizagem na área da tradução “tem a duração de três anos, durante o qual serão organizados três cursos de formação, com duração de dois anos cada e um limite máximo de 25 formandos por cada curso”. Para além disso, “o curso de formação vai ter uma nova concepção, introduzindo conteúdos de formação das capacidades de expressão escrita da língua chinesa, prevendo ainda convidar a Shanghai International Studies University para leccionar”. O novo programa “visa preparar os formandos com capacidades de interpretação de conferência e de tradução, com o intuito de satisfazer as necessidades que a RAEM tem de tradutores da língua chinesa e portuguesa”.

6 Nov 2015