Proibido fumar | Um ano depois, quais as consequências?

Nas salas VIP, ainda se fumega. E no mercado de massas, que efeito teve a proibição?

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um ano depois da interdição de fumar nas zonas comuns dos casinos de Macau, as operadoras de jogo tentam travar uma proibição total, que abranja as salas VIP, com receio de diminuição das receitas. A interdição parcial de fumo de outubro de 2014 deixou de fora as salas VIP dos casinos, dos grandes apostadores, e abrangeu apenas as áreas comuns do denominado mercado de massas.
O receio é que a proibição de fumar nas salas VIP agrave ainda mais a tendência de queda das receitas dos casinos, que caem ininterruptamente desde Junho de 2014. E o mercado de massas?
“É virtualmente impossível quantificar com precisão o impacto negativo da interdição de fumar no mercado de massas”, em vigor há pouco mais de um ano, observou Grant Govertsen, analista da Union Gaming, recordando que as receitas dos casinos já estavam em queda quando a legislação começou a ser aplicada, influenciadas pela convergência de uma série de fatores, como a campanha anticorrupção lançada por Pequim ou o abrandamento da economia chinesa.
“Dito isto, e baseado em conversas com membros da indústria, parece que houve provavelmente um impacto negativo de três ou quatro pontos percentuais nas receitas do mercado de massas”, afirmou.
Ricardo Siu, professor da Universidade de Macau, com artigos publicados sobre a indústria do jogo, afina pelo mesmo diapasão, quando estima um impacto directo de idêntica ordem e também com a ressalva de que, “de facto, muitos factores misturados e em conjunto contribuíram para a queda das receitas de jogo”.
“O impacto da proibição parcial de fumar nas receitas de jogo do mercado de massas pode não ser significativo em comparação com outras medidas restritivas tomadas pelo governo chinês”, realçou.
A queda das receitas dos casinos de Macau deve-se, por outro lado, aparentemente, a um maior declínio no segmento VIP. “Se forem permitidas salas para fumadores para o segmento VIP, o efeito negativo nas receitas brutas do jogo poderia ser menor”. Mas “só vai ser possível avaliar os efeitos reais quando os detalhes dos regulamentos relacionados forem confirmados”, observou Ricardo Siu.
O Governo de Macau estima que a proibição total do fumo nos casinos em geral tenha um impacto nas receitas de jogo de entre 2,76 e 4,6 por cento, segundo uma avaliação preliminar dos Serviços de Saúde e da Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos.
As operadoras de jogo têm alertado para o impacto negativo na economia de tal medida, tendo, com base num estudo conjunto encomendado à consultora internacional KPMG, avançado a possibilidade de fazer cair o Produto Interno Bruto (PIB) em 16%, defendendo, portanto, a manutenção de salas de fumo.

23 Nov 2015

Fórum Macau | Colóquio sobre inspecção comercial junta 21 participantes

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ortugal trouxe a Macau quatro profissionais da área de inspecção comercial e económica para participarem no 5º colóquio organizado pelo Centro de Formação do Fórum Macau. De acordo com uma das representantes da Autoridade de Segurança Alimentar (ASAE) portuguesa, o país veio aqui trocar impressões sobre o modelo utilizado para inspeccionar este tipo de negócios. “Há uma diversidade de aplicação e articulação aqui na RAEM distinta da que temos em Portugal. Mas também não nos podemos esquecer que temos realidades completamente diversas. Portugal tem (…) regras muito bem definidas para países que fazem parte da UE”, disse à TDM uma das participantes do colóquio, Cristina Caldeira. “O que tiramos daqui é essa partilha e forma de estar que também nos ensina, de alguma forma, a melhorar o nosso desempenho em Portugal”, continuou.
O colóquio, que aconteceu entre os dias 8 e 22 de Novembro, juntou 22 representantes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. O brasileiro Felipe Carvalho foi outro dos participantes. A representar o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, assegura ter vindo ao território para ter Macau “como exemplo”. As delegações vieram à RAEM para ver como se fazer os serviços de inspecção por estes lados. “O Brasil é um país muito grande, muito diverso e temos diversas entidades de níveis políticos diferentes e por isso a inspecção das actividades económicas e comerciais é muito mais dispersa”, acrescentou.
Os visitantes visitaram vários serviços públicos e instituições de ensino como a Universidade de São José, entidade co-organizadora do colóquio. De acordo com declarações da Coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado do Fórum Macau, Cristina Morais, estão pensados mais três colóquios para breve. “Prevemos organizar cerca de três colóquios. Actualmente os temas ainda estão a ser considerados no seio do Secretariado Permanente porque vamos dar prioridade à organização da 5ª Conferência Ministerial do próximo ano”, disse a responsável à TDM.

23 Nov 2015

Salários | Relatório prevê subida da Administração e marasmo no sector privado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m relatório internacional mostra que Macau está em penúltimo lugar, de entre uma lista de 20 países e regiões asiáticos, quando se fala do aumento do salário médio no próximo ano. O mesmo documento prevê que o ordenado oferecido pelas empresas privadas locais não vai aumentar de forma significativa. Segundo do jornal Ou Mun, o órgão consultivo internacional para a gestão de recursos humanos, ECA, publicou um relatório sobre tendências de salário, onde se afirma que o ordenado médio mundial deverá aumentar 5,1%, sendo a percentagem mais baixa dos últimos anos. No ranking asiático, Macau encontra-se no fim da linha, abaixo de si ficando somente o Myanmar.
Um especialista de Economia – cujo nome não foi identificado – citado pelo jornal chinês considera que “o aumento da taxa salarial se baseia na informação e nos dados do ambiente económico, inflação e salário das várias profissões”, mas está pouco confiante de que a tendência se alastre para o sector laboral privado. “Havia um crescimento económico negativo, e é louvável que o salário dos funcionários públicos seja alvo de um aumento no próximo ano, mas o mercado privado não deve seguir a tendência do Governo”, disse o mesmo especialista. “Como Macau é uma região desenvolvida, o salário médio fixa-se num nível mais alto. As empresas privadas não contrariam a inflação de acordo com o crescimento de salário”, finalizou.
São factores como a campanha anti-corrupção do Governo Central, o declínio no negócio dos casinos, a diminuição do imposto sobre o Jogo e a queda das receitas dos sectores aliados ao dos casinos que justificam a manutenção do mesmo salário médio do sector privado. Também os sectores adjacentes ao Jogo verão, diz o economista, uma diminuição da força laboral. Há ainda a hipótese da percentagem de desemprego vir a crescer. Ultimamente, as operadores de Jogo têm apostado mais na formação dos profissionais já empregados para responder às necessidades dos consumidores sem recorrer a contratações extras. Estes funcionários podem assim ser transferidos de uma área de especialização para outra sem necessidade de mais mão-de-obra, explica o Ou Mun.

23 Nov 2015

Gastos dos visitantes diminuem quase 20%

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s gastos à margem do jogo dos visitantes de Macau diminuíram 19,5% no terceiro trimestre do ano, face ao mesmo período de 2014, segundo dados oficiais ontem divulgados. As despesas dos visitantes do território (excluindo no jogo) entre Julho e Setembro ascenderam a 15,49 mil milhões de patacas, menos 19,5% do que nos mesmos meses de 2014, mas mais 1,8% do que em relação ao trimestre anterior. A maioria dos turistas de Macau é oriundo da China continental e gastou no território 1776 patacas per capita no terceiro trimestre do ano, menos 20% do que em 2014. Dentro destas despesas à margem do jogo, os visitantes de Macau gastaram, sobretudo, em compras (43,6% das verbas), alojamento (25,7%) e alimentação (21,9%). Segundo o mesmo inquérito divulgado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau, 88,8% dos visitantes do território no terceiro trimestre disseram-se satisfeitos com os serviços e as instalações dos hotéis e similares, mas menos de metade (45,1%) consideraram “que os lugares turísticos eram suficientes”.

20 Nov 2015

“Macau passo-a-passo” revisto no próximo mês

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, confirmou num evento público que a revisão do programa “Macau passo-a-passo” vai começar a acontecer já em Dezembro e que depois será tomada uma decisão final sobre a continuação da política. Citada pelo jornal Ou Mun, a responsável garantiu que o contrato entre o Governo e a empresa que faz as excursões termina no final do ano e diz que, nos primeiros dias de Dezembro, a DST vai reunir-se com o operador para uma avaliação, estando aberta a possibilidade de criar um programa alternativo.
A imprensa já publicou notícias sobre o fracasso da política, com pouca adesão dos turistas, preços elevados e maus horários das excursões. Helena de Senna Fernandes garantiu que o operador “já melhorou os serviços e o número de utilização pelos turistas aumentou mas, infelizmente, não foi um grande aumento”.
A DST também pediu a uma terceira entidade para investigar a eficácia dos roteiros turísticos a pé, estando prevista a publicação de um relatório.
“O turismo é um importante elemento para a economia de Macau e recebemos muitas opiniões sobre o programa. Vamos fazer uma avaliação e obteremos melhores decisões”, disse a directora.

Tomás Chio

20 Nov 2015

ONU | Governo nega identidade independente para Direitos Humanos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Comité da Convenção Contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) sugeriu ao Governo a criação de um órgão independente para a análise do cumprimento dos direitos humanos no território, mas o Governo afastou essa possibilidade, por considerar que já existem entidades e leis que regulam a matéria. Segundo um comunicado, o Governo explicou em Genebra, Suíça, que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) foi alvo de uma revisão em 2012, além de que foi revisto o Regime Jurídico de Apoio Judiciário, sendo que ambas as medidas “visam reforçar o acesso ao Direito, a promulgação de novas legislações e assinatura de novos acordos bilaterais destinados para o reforço do combate ao tráfico humano”, lê-se no comunicado. Em relação à Lei de Violência Doméstica, Chu Lam Lam, directora dos Serviços de Reforma Jurídica e de Direito Internacional, garantiu que o Governo se tem debruçado sobre o assunto, apesar da ONU ter alertado para a inclusão dos casais do mesmo sexo no diploma.

20 Nov 2015

Clima: Pequim quer acordo vinculativo na cimeira de Paris

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China insistiu: espera que durante a próxima cimeira sobre alterações climáticas (COP21), em Paris, se alcance um acordo “juridicamente vinculativo”, que tenha em conta as “diferentes capacidades” dos países participantes. “Deveríamos alcançar um consenso na fase final” das negociações, disse em conferência de imprensa Xie Zhenhua, representante especial da China para as negociações em Paris.
Xie, que esteve recentemente na capital francesa, onde se reuniu com outras delegações para definir as bases de um possível acordo, expressou a sua confiança num pacto global durante a cimeira, que arranca no dia 30 de Novembro. Ao todo, 200 países participarão da COP21, incluindo o Presidente chinês, Xi Jinping.
“A minha impressão é que todas as partes são positivas quanto aos resultados, mas ainda assim existem muitas diferenças”, disse Xie, insistindo que as “responsabilidades devem ser comuns”, mas tendo em conta as discrepâncias entre os países.
O acordo deverá ter em conta “as responsabilidades históricas” dos participantes, frisou, referindo-se em particular ao compromisso dos países desenvolvidos de oferecer financiamento e tecnologia aos países em desenvolvimento.
No início deste mês, o Presidente da França, François Hollande, assinou uma declaração conjunta com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que prevê o estabelecimento de uma meta para o aquecimento global de dois graus centígrados.
A declaração, que defende um acordo juridicamente vinculativo, estabelece ainda que os compromissos nacionais sejam revistos a cada cinco anos.
Xie defendeu que a China se mantém comprometida com os objectivos definidos, apesar dos dados oficiais publicados recentemente darem conta que, desde 2000, o país consumiu 17% mais carvão anualmente – quase mil milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano – do que tinha calculado anteriormente.
“É justo dizer que se trata de um gesto importante para aumentar a transparência das nossas estatísticas económicas, que se tornaram assim mais fidedignas”, afirmou o representante chinês.
A China comprometeu-se em Novembro de 2014, durante a visita do Presidente dos Estados Unidos ao país, que os seus níveis de emissões atingirão um pico em 2030, sem apontar valores específicos.
Segundo Xie, as emissões de dióxido de carbono por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) caíram 6,1%, em termos homólogos, em 2014, um valor 15,8% abaixo do registado há cinco anos.
A electricidade gerada na China a partir de energias não-fosséis representou 11,2% do total em 2014, e o objectivo da segunda maior economia mundial é alcançar os 20% em 2030, revelou o responsável.
A China, o maior emissor de gases poluentes do mundo, comprometeu-se ainda este ano a avançar com um sistema nacional de comércio de direitos de emissão de CO2 em 2017.

20 Nov 2015

Lançado livro “Amores do Céu e da Terra, Contos de Macau”

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já na próxima terça-feira, 24 de Novembro, que a Casa de Portugal em Macau, com o apoio do Instituto Cultural (IC), lança o livro “Amores do Céu e da Terra, Contos de Macau”, na Livraria Portuguesa. O livro é da autoria de Ling Ling, escritora de Macau, e Fernanda Dias, tendo tido tradução de Stella Lee. Integrado na “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa” do IC, o livro é composto por treze contos de Ling Ling, os quais “descrevem as condições sociais dos macaenses das camadas sociais inferiores, de meados dos anos 40 ao início dos anos 50 do séc. XX, prestando homenagem a professores e amigos da autora”.
As personagens do livro, criadas pela autora, viviam em Macau nessa época, constituindo vestígios da história da cidade. Através da edição de uma série de livros originais sobre literatura de Macau ou relacionados com o tema, de escritores chineses e portugueses, a “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa pretende que autores e leitores ultrapassem barreiras linguísticas, reconhecendo outro mundo literário nas obras traduzidas para a língua chinesa ou para línguas estrangeiras (principalmente a portuguesa)”, aponta o IC em comunicado.
Lei Lei, pseudónimo de Lei Im Fong, também deu aulas, foi jornalista e editora do suplemento do jornal chinês Va Kio. Já assinou os livros “Amores do Céu e da Terra”, “Sete Estrelas”, “O Interior e o Exterior da Janela Norte”, “Amor no Pó Vermelho” e “Amor Mundial”.
Fernanda Dias vive em Macau desde 1986 e é autora de várias obras de poesia e ficção, incluindo “Horas de papel”, “Dias da Prosperidade e Contos da Água e do Vento”. Já Stella Lee, doutorada em Literatura, já colaborou com Fernanda Dias na tradução de alguns poemas.

20 Nov 2015

Iniciativa “Art Mo” arranca a 4 de Dezembro

São quatro eventos temáticos numa iniciativa que pretende mostrar aos turistas algo novo. Entre os dias 4 e 13 de Dezembro, Macau recebe o evento “Art Mo”, um roteiro que pretende chamar a atenção para o que se faz por cá em termos artísticos e para o património existente

[dropcap style=’circle’]“U[/dropcap]ma nova perspectiva para a indústria de arte em Macau”. É desta forma que os promotores do evento “Art Mo” falam da mais recente iniciativa artística que chega ao território entre os dias 4 e 13 de Dezembro. O público e até os turistas, porque este evento também é para eles, poderá assistir a quatro eventos temáticos intitulados “Art Mo Tour”, “Art Mo Fórum”, “Art Mo Exhibition” e “Art Mo VIP Night”, e que “pretendem abrir um novo capitulo para o turismo da arte temática em Macau”.
O evento pretende estar espalhado por vários sítios da cidade, estando a ser criado o cartão “Friends of Art”. Este dará acesso a um shuttle bus gratuito com o nome “Art Mo Tour”, que levará o público às várias atracções espalhadas pelas ruas, para além de proporcionar descontos em restaurantes e hotéis. O roteiro do evento inclui entradas gratuitas em exposições.
Os promotores do evento garantem ter “trabalhado arduamente” para desenhar um roteiro “que cubra todos os espaços artísticos de Macau, desde galerias a estúdios, museus ou atracções históricas”. “Ao criarmos este roteiro, acreditamos que vamos mostrar um lado mais sofisticado de Macau através de exposições especiais para convidados, turistas e público”, apontam.
“Desde o inicio da “Art Mo” que a nossa missão é promover o intercâmbio entre a arte e a cultura não só no território como no estrangeiro, por forma a promover o desenvolvimento e sustentabilidade, ligando a cultura local, as indústrias criativas e o turismo”, aponta um comunicado.
Com a “Art Mo”, os seus promotores pretendem “influenciar a indústria da arte em Macau para que se possa transformar numa forma de comunicação significativa entre a comunidade artística da Áisa e a necessidade de diversificação de Macau”. Todos os anos a “Art Mo” propõe-se explorar “diferentes projectos relacionados com a arte e eventos, com o objectivo de se tornar num excitante evento anual que represente Macau”.

20 Nov 2015

Salvo pela estrutura

(Como seguir a estrutura na hora de escrever um guião é importante)

Thomas Lim

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á uma piada no meio da indústria do cinema sobre guionismo que diz que muita gente assume que, só porque tem alguma experiência de vida e sabe escrever num computador, pode ser um escritor. Bem, ponhamos isto desta maneira: se tiver uma dor de dentes vai arrancar o seu próprio dente? Não. Vai a um dentista que considera bem treinado e experiente e, logo, qualificado para tirar o seu dente. Então, porque é que muitos de nós não pensamos que guionismo pode ser tão complicado quanto tirar o nosso próprio dente? Ambos precisam mais ou menos do mesmo número de anos de estudo na universidade para serem aperfeiçoados.
Nos muitos anos em que trabalho na indústria do cinema descobrir duas formas como as pessoas escrevem um guião para uma primeira longa-metragem. Uma delas é estudar e aprender sobre a estrutura normal de um guião e a segunda é ignorar precisamente essa estrutura e escrever com base na “inspiração”, apenas para criar histórias sem qualquer direcção e com personagens que vagueiam sem objectivo, fazendo coisas sem razão.
Depois de dois anos a escrever em círculos, as pessoas que escolhem a segunda opção normalmente voltam à estaca zero e optam, então, por estudar sobre as estruturas do guionismo. Ou então desistem de vez. O pior é que talvez nunca começaram a escrever porque a sua “inspiração” não foi sequer o suficiente para passarem da inútil acção de falar para realmente porem as palavras no papel.
Há muitos anos eu próprio optei pela segunda forma. Honestamente, preferia ter sido menos rebelde. Quem me dera ter percebido que, só porque me sentia uma “artista”, isso não me dava o direito de escrever apenas com base na “inspiração”. Se soubesse isso, tinha-me armado com mais alguns guiões completos, pronto a mergulhar em reuniões com os produtores e investidores de Hollywood.
Posto isto, vamos concentrar-nos no conceito de fazer as coisas com base numa “estrutura”. Atrevo-me a dizer que pouca gente (se calhar ninguém) à minha volta leva uma vida com menos estrutura do que eu. Nunca tive um rendimento estável na minha vida – desde o início da carreira como actor de teatro quando tinha 21 anos até me tornar realizador. Não só não ganhei dinheiro, como fui mudando de país nos últimos 14 anos.
Comecei a representação em teatro em Singapura em 1999, antes de mudar para Londres em 2002 para frequentar as aulas de representação na universidade. Depois disso, fiquei algum tempo em Pequim (em 2004) para me tornar um actor de televisão e filmes na China. Depois, mudei-me de novo, para Macau, onde em 2008 fiz a minha primeira longa-metragem, “Roulette City”. Como o “Roulette City” teve o seu primeiro lançamento commercial no Japão, comecei a viver em Tóquio em 2012, antes de me mudar para Los Angeles este ano. Um círculo completo, já que isto me faz aperceber que consegui realizar o meu sonho de me mudar para Hollywood antes de ter completado 40 anos.

Nos últimos 14 anos, recusei-me a viver a minha vida com base em qualquer estrutura particular. Mas, no que toca a escrever um guião, a minha attitude é precisamente a contrária: obedeço à estrutura e vou-vos dar exemplos pessoais para perceberem por quê…
A estrutura salvou-me de perder oportunidades.

Exemplo 1: Há uns meses, conheci uma produtora chinesa em Los Angeles. Tínhamos backgrounds semelhantes e queríamos trabalhar juntos numa longa-metragem que ela iria produzir, comigo como o realizador/roteirista. No entanto, esta produtora passou apenas algumas semanas em Los Angeles e ambos sabíamos que ia ser difícil manter o interesse se estivéssemos geograficamente separados, sem uma história ou um guião que nos fizesse sentir parte dele. Mas, como é que iríamos escrever um guião em tão pouco tempo? Aqui está a forma como a estrutura nos salvou.
Todos os cineastas no mundo sabem a estrutura geral do guionismo (que está dada como funcional quase em cem anos de excelência em Hollywood). Então, imediatamente depois de decidirmos sobre o tema e a história geral, eu e a produtora passámos imediatamente a preencher os “espaços em branco” do guião. Rapidamente conseguimos imaginar as acções que todos o ‘turning point’ ou acções precisavam – todas com base no conhecimento comum de como são construídos bons guiões.
Em três semanas, conseguimos fazer um outline completo de cada “ritmo” do filme – onde conseguimos ver, claramente, o que acontece entre os minutos 1 a 3, depois dos 4 aos 6, etc. Conseguir isto em tão pouco tempo fez-nos sentir muito bem com a nossa colaboração um com o outro e, sentir isso quando estamos na fase inicial de tranalhar com alguém que mal conhecíamos antes é uma das melhores sensações que podemos ter.
Depois deste acontecimento, olhei para trás e pensei: se um de nós não confiasse ou conhecesse na estrutura do guionismo, provavelmente estaríamos presos na fase da tal “inspiração” até ao dia em que a produtora fosse embora de Los Angeles. E seria difícil de imaginar que o nosso projecto continuasse a andar para a frente connosco a viver em continentes diferentes. Então: graças a Deus que existe uma estrutura para escrever um guião.

Exemplo 2:
Nesse mesmo período de tempo, submeti uma sinopse de um filme de terror à competição de guionismo Asian American Fellowship, do muito estimado Sundance Film Festival nos EUA. Sundance é tão conhecido que uma pessoa tem de esperar que a competição vá ser muito dura. Rumores dizem que há apenas 1% de chance para que se alguém se consiga qualificar para qualquer das competições no Sundance. Então, não pensei muito na entrega que tinha feito depois de a enviar, para evitar qualquer desapontamento que poderia surgir. Para minha surpresa, recebi um email do Sundance que me dizia que consegui entrar para a segunda ronda do festival (que é também a última!). Para isso, foi-me pedido que fizesse o upload do guião inteiro do meu filme em dez dias, que era o limite para a entrega.
Nesse momento, não soube se deveria sentir-me feliz porque entrei ou deprimido porque não tinha um guião completo! Então, aqui esteve, novamente, a estrutura para me salvar o dia. Nos dez dias seguintes, cheguei a Macau e escrevi, escrevi, escrevi furiosamente no quarto de hotel onde estava, quase nunca deixando o quarto para comer e dormindo muito pouco.
Consegui novamente ter um alinhamento completo de cada “ritmo” em dois dias e acabei um guião de 1010 páginas nos oito dias seguintes. Fiz o upload escassas horas antes do limite. Ufa!
Claro que sei que um guião escrito em cima do joelho em tão pouco tempo está longe de ser espectacular, mas ao menos consegui manter as minhas esperanças. Se o meu roteiro for seleccionado de novo, o Sundance produz o filme para mim e comigo.
Resumindo, os dois últimos meses mostraram que, se eu não soubesse da estrutura de guionismo como a palma da minha mão, teria perdido duas grandes oportunidades que surgiram do nada e que me apanharam de surpresa. E, de acordo com veteranos realizadores de Hollywood, as melhores oportunidades que podem levar a nossa carreira ao próximo nível são aquelas pelas quais não estávamos à espera.

20 Nov 2015

Wynn adia data de abertura para Junho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Wynn anunciou ontem o adiamento para Junho de 2016 da abertura do novo hotel-casino no Cotai, que devia abrir portas em Março. Em comunicado, a Wynn Resorts indica que foi notificada pelo construtor Leighton Holdings Limited de que o projecto Wynn Palace não vai estar pronto a tempo de abrir na data prevista, 25 de Março, pelo que a inauguração será agora a 25 de Junho. O Wynn Palace, orçado em 4,1 mil milhões de dólares, é o primeiro projecto com a assinatura da empresa norte-americana no Cotai.

20 Nov 2015

Wushu | Macau traz cinco medalhas do campeonato do mundo. Portugal faz “melhor registo de sempre”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] selecção de Macau conquistou duas medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze no 13.º Campeonato Mundial de Wushu, que terminou ontem em Jacarta. Já Portugal conseguiu o “melhor registo” de sempre num Mundial de Wushu, ao conquistar três lugares entre os dez primeiros no torneio, segundo o seleccionador José Machado.
De Macau, o atleta Jun Hua Huang conseguiu uma medalha de ouro na categoria de Nangun (bastão) e outra de prata em Nanquan (punhos do sul). O outro primeiro prémio que foi para Macau deve-se a Wai Keong Chio, que foi o melhor também em punhos do sul. Todas estas pertencem à categoria de Taolu, coreografias de luta.
Em alabarda, Nok In Wu leva para casa uma medalha de prata, enquanto o atleta Ka Seng Chong completa a lista dos vencedores de Macau ao conquistar o terceiro lugar na categoria de Tai Chi.
A competição de cinco dias contou com 904 atletas de 73 países e regiões, entre os quais Portugal. Francisco Ferreira, Filipe Ramos, Rodolfo Torres, Armindo Moreira, Pedro Santos e André Costa deslocaram-se à Indonésia.
“Conseguimos chegar aos quartos de final com dois atletas, contra superpotências que têm orçamentos completamente astronómicos em relação ao nosso, mas acho que foi muito positivo em todos os aspectos”, referiu à agência Lusa José Machado.
O técnico destacou que a equipa tem “muitos elementos novos” e está a ser renovada, logo, “existe alguma inexperiência” entre os atletas.
Em Wushu Sanda – o sistema de combate das artes marciais chinesas conhecido como Kung Fu – Portugal conquistou dois oitavos lugares, por intermédio de Francisco Ferreira (-60 kg), campeão europeu, e Armindo Moreira (-85 kg).
“Foi uma experiência óptima, aprendi muita coisa”, referiu Francisco Ferreira, mostrando-se motivado para trabalhar ainda mais e preparar-se para o Europeu.
Armindo Moreira concorda que a participação num Mundial trouxe “uma grande experiência”, porque “ver atletas com outro nível” ajuda a “treinar ainda mais para cada vez melhorar mais a n técnica”.
Na categoria de Dadao (alabarda) Filipe Ramos ficou em oitavo lugar, sendo esta a primeira vez que Portugal ocupa um dos dez primeiros lugares em Taolu, segundo o presidente da Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas (FPAMC), Paulo Araújo.
“Foi um feito conseguir três atletas nos dez primeiros do mundo”, destacou, usando um provérbio chinês para dizer que a equipa lusa tem vindo a “crescer como o bambu, devagar, flexível, mas sempre a direito”.
O responsável admitiu que havia também algum nervosismo entre os atletas, porque para a maioria deles esta foi “a primeira vez que vieram a um Campeonato do Mundo”.

20 Nov 2015

Gás Butano | Ho Ion Sang preocupado com preços praticados em Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang quis que o Governo explicasse porque é que a compra de gás butano é feita à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos quando estes são, diz, mais caros. Numa interpelação escrita, o deputado quer perceber qual a estratégia de compra levada a cabo pelo Governo.
Dados da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) indicam que o Governo importou gás butano de Singapura, Indonésia, China continental, Arábia Saudita e EAU, sendo que estes três últimos ocupam uma percentagem de 91% no fornecimento. Desde Junho deste ano, indicam os dados, a Arábia Saudita e os EAU, de forma gradual, tornaram-se os principais fornecedores da mercadoria para Macau.
O deputado aponta, contudo, que o preço do gás butano no mercado internacional registou um grande declínio, de cerca de 61%, mas o preço de venda a retalho em Macau só caiu cerca de 18,2%, algo que, diz, não é aceitável.
“O gás butano de Hong Kong é importado, por transporte marítimo, do interior da China com um preço mais barato”, exemplificou. Assim, o deputado quer saber porque é que Macau não opta pelo gás mais barato e prefere comprar mais caro e mais longe. “Os dados para o preço importado de gás butano da DSE e da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) não são iguais e tenho dúvidas das contas que o Governo fez. Como é que estes dados foram verificados?”, indaga ainda Ho Ion Sang.
Como último ponto, o deputado considera que as companhias do sector estão aliadas e manipulam o preço de venda a retalho do gás. A falta de competitividade permitiu isso, diz, e são os cidadãos que perdem.
“O Governo deve formar um regime para fiscalizar o preço de gás butano, planear uma estratégia para reduzir a influência dos preços para os residentes, ” terminou.

19 Nov 2015

O que fomos

POR AURELIO PORFIRI

[dropcap styyle=’circle’]N[/dropcap]este momento, aqui em Roma, onde vivo, não me é possível deixar de pensar no que aconteceu em Paris. Estamos todos em perigo e a nossa civilização também está. Tudo aquilo por que os nossos antepassados lutaram, está a ser atacado em muitas frentes. É evidente que o choque civilizacional é cada vez mais violento e, como o Papa Francisco afirmou ontem, estamos perante a Terceira Guerra Mundial, mas em tranches. Estou seriamente convencido que um dos principais problemas terá sido confundir a nossa identidade greco-romana e, judaico-cristã, com o poder de sermos detentores da verdade. Já não vivemos orientados pelos valores que antes partilhávamos, não podemos disfrutar dos nossos símbolos, com a plena consciência de que eles são e, permanecerão, símbolos. Perdemos a capacidade de sentir o poder renovador do perdão, porque, onde tudo é permitido, não é necessário pedir desculpa, faça-se o que se fizer. Deixámos de ser o que éramos.
Um dos muitos alicerces da nossa civilização é a arte, a música, que contribuíram para a nossa grandeza. Durante o período que vivi em Macau, tentei partilhar este tesouro, que herdei dos meus ilustres antepassados. Nunca me tentei impor aos meus alunos, fui movido apenas pelo desejo de partilhar e, pela amizade que sentia por eles. Com isto tentei enriquecer os seus horizontes culturais, sem, no entanto, afirmar “este património é vosso”. Tratava-se do “meu património” e dos meus antepassados. Pelo meu lado, sempre desejei que alguém me desse igual oportunidade de conhecimento da cultura chinesa e da sua sabedoria ancestral. Não que esse conhecimento me tornasse igual a eles, mas iria, certamente, enriquecer a minha visão do mundo. No entanto isto nunca se verificou, ou, apenas, muito raramente. Como já referi noutras ocasiões, lidamos constantemente com pessoas que só desejam o que não lhes pertence, e não desenvolvem nem aprofundam o que é verdadeiramente seu, a sua cultura. Costumo alertar as pessoas para os benefícios do desenvolvimento, mas, também, alertá-las sobre os perigos de nos sobrepormos à nossa herança cultural.
Certo dia, em conversa com um músico macaense, pelo qual nutro respeito, falámos sobre o baixo nível da vivência musical na cidade. O meu interlocutor queixava-se da falta de bons professores. É evidente que é aqui que reside o problema e toda a gente sabe disso. Quem está no poder, acredita que basta desperdiçar uns dinheiros em eventos culturais, que acabam por se revelar inúteis, para fazer subir a fasquia. Mas estão enganados, porque existe um conceito errado de base em Macau, e que nunca é combatido: que os “locais” são culturalmente auto-suficientes e capazes de organizar programas culturais capazes de elevar o nível de, por exemplo, coros e ensembles musicais. Quando compreenderem que não faz sentido investir nos “locais”, só porque são locais, e for implementada uma política pedagógica séria, capaz de atrair professores estrangeiros, que sabem o que estão a fazer, penso que Macau também poderá vir a ser um dia competitivo nesta área. Mas depois de sete anos em Macau e de contacto próximo com o meio musical local, duvido muito que isto algum dia venha a acontecer. Devemos estar preparados para ouvir vezes sem conta: você sabe, estamos em Macau….

18 Nov 2015

Atentados de Paris levam Putin e Obama a acertar posições sobre a Síria

Os presidentes da Rússia e dos EUA parecem ter chegado a um acordo sobre os meios de combater o Estado Islâmico na Síria

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, acertaram neste domingo as suas posições sobre a guerra na Síria e, com outros países na cimeira do G20 na Turquia, prometeram actuar contra os “terroristas estrangeiros”.
Dois dias depois dos atentados de Paris, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), terem tornado mais urgente avançar para uma solução do conflito sírio, Obama e Putin mantiveram uma inesperada reunião bilateral informal, a primeira desde o início, há um mês, da intervenção russa para apoiar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad.
Os dois líderes pediram na cimeira de Antalya (sudoeste da Turquia) uma “transição política dirigida por sírios, precedida de negociações sob mediação das Nações Unidas”, assim como a negociação de um cessar-fogo.
A reunião internacional realizada no sábado, em Viena, permitiu que os chefes da diplomacia de 17 países, liderados pelos Estados Unidos e Rússia, fixassem um calendário concreto para a transição política na Síria, mas sem chegar a um acordo sobre a saída de Assad do poder, como exigem os países ocidentais e árabes.
Obama e Putin conversaram por cerca de 35 minutos sentados frente a frente, segundo imagens da televisão.
O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, no entanto, afirmou que algumas divergências sobre a táctica para combater o EI na Síria persistem entre a Rússia e os Estados Unidos.
“Moscovo e Washington têm objectivos estratégicos muito próximos na luta contra o EI, mas persistem divergências sobre a táctica”, declarou Ushakov, sem dar maiores detalhes.
Por seu lado, um representante da Casa Branca disse que “o presidente Obama e o presidente Putin concordaram com a necessidade de uma transição política na Síria, que será realizada por meio de negociações mediadas pela ONU entre a oposição e o regime do país, assim como de um cessar-fogo”.
Obama elogiou os esforços de todos os países para combater o EI, notando a importância dos esforços militares russos na Síria focados no combate desse grupo, acrescentou.

Tudo muito bonito mas…

Mas, além das declarações de boas intenções, a França, representada pelo ministro das Relações Exteriores Laurent Fabius e das Finanças Michel Sapin, espera acções concretas na luta contra o terrorismo.
“Além da solidariedade e da comoção, a França quer decisões concretas em matéria de luta contra o financiamento do terrorismo”, declarou à AFP Sapin.
As declarações de intenção escondem, de facto, as divergências sobre a guerra na Síria, onde mais de 250 mil pessoas já morreram.
Numa cimeira marcada pelos atentados de Paris, que deixaram 129 mortos, os líderes fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas e mostraram-se determinados a fazer uma frente comum perante o jihadismo. O anfitrião do encontro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, prometeu que a cimeira enviará uma mensagem dura contra o terrorismo.
Neste contexto, e duas semanas após a vitória nas eleições legislativas, o homem forte da Turquia quer aproveitar a oportunidade para reafirmar o seu papel na crise. Para lembrar a urgência da ameaça terrorista, um membro do EI cometeu um ataque suicida sábado à noite durante uma acção da polícia na cidade turca de Gaziantep, localizada a 500 km a leste de Antalaya.

Rascunho e refugiados

Os líderes do G20 devem tomar medidas contra a crescente circulação de terroristas estrangeiros, segundo um rascunho da declaração final da cimeira obtida pela AFP.
As principais economias do planeta concordaram em “compartilhar informações operacionais, fazer uma gestão de fronteiras para detectar deslocamentos, tomar medidas preventivas, dar uma resposta judicial adequada e fazer um reforço da segurança aérea internacional”, segundo o texto.
O projecto de declaração também condena os “odiosos ataques de Paris e de Ancara” em 10 de Outubro, mas não cita qualquer grupo ou organização terrorista.
A cimeira dos países mais ricos do planeta deveria tratar de assuntos económicos, mas a guerra na Síria, a crise migratória na Europa e os atentados de Paris modificaram a agenda deste ano.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu contra qualquer tentativa de transformar a política europeia de refugiados em função dos atentados em Paris. “Quem cometeu os atentados são exactamente as pessoas de quem fogem os migrantes e, por isso, não é preciso rever o conjunto da política europeia em termos de refugiados”, declarou.
A questão veio à tona quando as autoridades gregas indicaram que um passaporte sírio achado pela polícia francesa num dos locais dos ataques em Paris pertencia a um solicitante de asilo que se registou em Outubro passado numa ilha grega, onde chegam milhares de migrantes.

França retalia com bombardeamentos na Síria

Dez caças franceses lançaram domingo à noite 20 bombas sobre Raqqa, no Norte da Síria, que o Estado Islâmico tornou a sua capital, anunciou o Ministério da Defesa de Paris. O acto está a ser visto como uma resposta aos atentados de sexta-feira na capital francesa, que o Presidente François Hollande tinha classificado como “um acto de guerra, cometido por um exército terrorista.” Durante o dia, o Presidente recebeu os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento, em busca de uma união nacional, tentando reproduzir o clima em França após os atentados de Janeiro contra o semanário satírico Charlie Hebdo e um supermercado judaico, que fizeram 17 mortos.
Desde sexta-feira à noite que o Presidente apela à “unidade indispensável” para defender “a pátria e os valores da humanidade”. Este domingo, o primeiro-ministro, Manuel Valls, exortou os partidos a formarem “a união sagrada”, antes da sessão conjunta das duas câmaras que se realizará em Versalhes na segunda-feira. É muito raro que o Senado e a Assembleia Nacional se reúnam ao mesmo tempo – a convocatória excepcional justifica-se, afirmou Hollande, devido à necessidade de “unidade” da nação face ao desafio do terrorismo.
Mas Nicolas Sarkozy, o líder do partido de centro-direita, em vez de consensos, exigiu “alterações drásticas” na política de segurança – indiciando que Hollande não conseguiria a desejada união. “Disse ao Presidente que me parecia que devíamos construir respostas adequadas, o que quer dizer fazer uma inflexão da nossa política externa, das decisões no plano europeu e efectuar modificações drásticas na nossa política de segurança”, declarou o ex-Presidente, batido nas eleições de 2012 por Hollande.
Apesar de bombardeamentos continuados, inicialmente no Iraque e depois de Setembro na Síria, a coligação internacional não está a conseguir enfraquecer o grupo jihadista Estado Islâmico. Por isso a oposição francesa está a reclamar uma acção mais ampla. Alguns, como Sarkozy, dizem que o Ocidente se devia coordenar com a Rússia e até com o Presidente sírio, Bashar al-Assad – contra o qual os sírios se levantaram inicialmente, dando origem à guerra civil.
“Temos de tirar as consequências da situação na Síria. Precisamos de toda a gente para acabar com o Daesh [a sigla em árabe do Estado Islâmico], incluindo os russos. Não pode haver duas coligações internacionais na guerra da Síria”, declarou Sarkozy.

O que é o Estado Islâmico?

A tentação agora será a de seguir uma política mais dura – os bombardeamentos serão prova disso. O caminho de França inicia agora poderá levá-la para o mesmo percurso que os Estados Unidos começaram a percorrer após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com um difícil equilíbrio entre as liberdades cívicas, uma sociedade aberta e a segurança, sublinha o New York Times.
“Hollande está a ser empurrado para endurecer a sua retórica”, sublinha a editorialista Françoise Fressoz no Le Monde. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, solicitou a realização de conselho dos ministros do Interior da União Europeia extraordinário na próxima sexta-feira, 20 de Novembro.
Por outro lado, é a primeira vez que uma alta figura do Estado europeu é ameaçada directamente num atentado jihadista – Hollande estava no Estádio de França a assistir ao jogo amigável entre as selecções francesa e alemã, no qual os terroristas tentaram entrar. Houve uma linha vermelha que foi atravessada, que obrigará as autoridades de Paris a agir de forma diferente.
Além disso, neste momento está a decorrer uma campanha eleitoral em França – as regionais disputam-se em duas voltas, a 6 e 13 de Dezembro, com uma derrota quase certa para os socialistas no poder. E as presidenciais de 2017, cujo contra-relógio começou a contar logo em 2012, após a eleição de François Hollande, estão a aproximar-se. Pode haver “um efeito de repetição talvez muito doloroso”, diz SainteMarie.
“A repetição dos acontecimentos pode provocar uma reflexão sobre as escolhas do Governo e do Presidente. De uma parte sobre a eficácia das medidas de prevenção, sobre o aspecto securitário, mas também sobre o aspecto diplomático.” Tudo isso pode significar que a França entrou de facto em guerra com o Estado Islâmico.

Os números

150
rusgas foram levadas a cabo em locais islamitas em França desde os atentados perpetrados na sexta-feira, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Em Lyon, no centro-leste do país, foram apreendidas armas, um lança-foguetes, coletes à prova de bala, várias pistolas e uma arma automática de tipo ‘kalachnikov’

23
pessoas foram detidas para interrogatório e foi decidida a prisão domiciliária para 104 pessoas. O primeiro-ministro francês disse que as autoridades acreditam que novos ataques terroristas estão a ser planeados em França e noutros países europeus após os atentados realizados na noite de sexta-feira em Paris. Anteriormente, Valls tinha estimado que os ataques poderiam ocorrer nos “próximos dias, próximas semanas”

31
armas foram apreendidas

3
meses poderá durar o estado de emergência em França. Hollande terá comunicado esta intenção ao parlamento. “Ele disse-nos que quer o estado de emergência durante três meses, no mínimo”, disse uma das fontes. Em França, o prolongamento do estado de emergência para mais de 12 dias exige uma lei que tem de ser votada no parlamento, fixando a duração definitiva da medida.

2
luso-descendentes ainda não apareceram. A associação de jovens luso-descendentes Cap Magellan e o vereador da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo procuram dois jovens alegadamente de origem portuguesa que aparecem como desaparecidos na conta do Twitter criada na sequência dos atentados de Paris. Hermano Sanches Ruivo, fundador da associação Cap Magellan, disse que estão à procura dos jovens Julien Ribeiro e Cédric Santos. “Pela fotografia eu diria que eles têm menos de 30 anos, provavelmente menos de 25 também. Eles não constam da lista dos feridos, daqueles que ainda estão a ser vistos nos hospitais, o que não deixa de ser uma má notícia, a menos que estejam completamente fora do esquema e nesse caso podemos estar numa falsa pesquisa. É um risco também, não podemos descartar que seja uma piada de mau gosto”, descreveu

1
dos terroristas abatidos era filho de uma portuguesa. Ismael Omar Mostefai, um dos terroristas identificados como autor do ataque à sala de especáculos Le Bataclan, que fez 89 dos 129 mortos dos atentados de Paris desta sexta-feira, era filho de uma portuguesa e de um argelino, escreve o “New York Times”. Ismael Omar Mostefai tem 29 anos e nasceu em Courcouronnes (arredores de Paris). Era o terceiro de cinco irmãos, contou ao jornal um vizinho da família que o jornal norte-americano ouviu em Chartres, onde vivia a família, a cerca de 100 quilómetros da capital francesa. Mostefai, adiantou ainda a mesma fonte, chegou a trabalhar numa padaria nos subúrbios de Chartres. “Era uma família normal, como todas. [Mostefai] brincava com os meus filhos. Nunca falou de religião. Era normal. Tinha alegria de viver. Ria-se muito”, contou o vizinho. Isto até há cinco anos, depois algo mudou: “Foi em 2010, foi aí que ele começou a radicalizar-se. Não percebemos o que aconteceu.” O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse que não consegue confirmar a informação avançada pelo “New York Times”. Afirmou apenas que Mostafa “não é português”

17 Nov 2015

Receitas do Governo caem 31,2%

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau encerrou Outubro com receitas públicas totais de 90.993,9 milhões de patacas, uma queda de 31,2% face ao mesmo período de 2014 e a traduzir uma execução de 85,3%. A grande fonte das receitas públicas de Macau são os impostos sobre as receitas dos casinos, que estão em queda desde Junho de 2014 e em Setembro desceram até níveis de há cinco anos.
De acordo com os dados provisórios da execução orçamental até Outubro disponibilizadas ontem na página electrónica dos Serviços de Finanças, as receitas correntes da administração totalizaram 90.050,7 milhões de patacas, uma queda de 31,6% face aos primeiros dez meses de 2014 e a representarem uma execução de 84,8%.
Os impostos directos continuam a ter um forte peso na composição da receita de Macau traduzindo numa receita de 77.624,5 milhões de patacas, menos 32,6% face aos primeiros dez meses do ano passado, com 83,7% da previsão anual já cumprida.
Dos impostos directos, as receitas oriundas dos impostos sobre o sector do jogo, no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos, representaram 71.378,3 milhões de patacas, mas estavam em queda de 35,3% em relação ao ano passado.
Já no capítulo da despesa, entre Janeiro e Outubro foram gastos 56.410,8 milhões de patacas, mais 21,5% do que no mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, a despesa no final de Outubro cumpria apenas 64,2% do previsto para os 12 meses do ano.
Entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 34.583,1 milhões de patacas, menos 59,7% quando comparado com os primeiros dez meses do ano passado.

17 Nov 2015

Jogo | Académicos pedem prudência em apertar fiscalização aos junkets

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]crise que afecta os promotores de jogo em Macau pode ser uma oportunidade para reformas, maior transparência e maior regulação, mas fontes do sector ouvidas pela Lusa recomendam “pinças” na hora de abordar “tão importante” dossiê. “Os junkets atingiram um patamar em que precisam de algum tipo de reforma, mas são demasiado importantes para que a maneira de o fazer seja decidida num período muito curto de tempo”, afirmou Carlos Siu, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, autor de vários artigos sobre os promotores de jogo.
Apesar da diminuição do peso do segmento VIP nas receitas dos casinos de Macau, os junkets, que angariam grandes apostadores, ainda contribuem para cerca de 60% daquelas receitas. Estes têm-se visto afectados por golpes de confiança infligidos por desfalques em salas VIP dos casinos, crescentes restrições aos movimentos de capital da China e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que afastou grandes apostadores do território.
“Não devemos tomar acções drásticas para regular os junkets. Existem há décadas [e o sistema] não pode ser mudado do dia para a noite. Não é bom. As regulamentações não foram efectivamente implementadas há anos e se, de repente, são muito restritas, imaginem quantos podem transitar de um estádio para outro”, questionou o académico, recomendando prudência.
Chan Chak Mo, deputado à Assembleia Legislativa de Macau e antigo promotor de jogo, também constata que a reputação das salas VIP tem sido beliscada, apontando que os recentes casos de desfalques deixaram “mais alerta” Governo e particulares que investiam sem estarem familiarizados com os riscos.
O Executivo, em especial, “precisa de se sentar e olhar para tudo para ver o que deve fazer em termos de regulação”, sublinhou. “Há diferentes formas de melhorar a situação e a mais importante prende-se com a transparência e a informação prestada pelo junket”, defendeu Hoffman Ma, vice-presidente do grupo Success Universe, com interesse no sector VIP e para quem o novo paradigma “é algo a que [os promotores de jogo] se têm de adaptar”.
“A ideia dos junkets é a de que ser mais transparente implica fazer menos dinheiro (…), mas fazer menos negócio não significa não fazer um negócio lucrativo. Pode haver outras políticas do Governo para reforçar o controlo da supervisão, mas também para subsidiar o potencial risco”, argumentou.

Vida difícil

Após o caso de desvio de fundos da Dore, em Setembro, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau revelou que vai rever a legislação e as condições de acesso e de exercício de actividade de promoção de jogo.
No mês seguinte, emitiu uma instrução que visa apertar a fiscalização das contas dos promotores de jogo a partir de 2016.
O promotor de jogo não foi inventado em Macau. No Nevada (EUA), o primeiro junket data do início da década de 1960, quando um accionista do Flamingo Casino Hotel tratou de fazer chegar a Las Vegas um ‘charter’ carregado de amigos abastados.
Hoje, a ideia do promotor de jogo existe noutras jurisdições, dos EUA à Ásia, mas não nos contornos de Macau, onde a imagem que existe é a de que se não operam à margem da lei, operam na zona cinzenta.
O terreno em que se movimentam é, aliás, frequentemente apontado como potencialmente fértil à lavagem de dinheiro, nomeadamente pelo Departamento de Estado norte-americano.
Têm três principais funções: arranjar clientes, facilitar-lhes crédito e, por fim, cumprir a tarefa de o cobrar, na China. Ao seu serviço têm uma vasta rede de colaboradores que vão directamente à fonte, do outro lado da fronteira, em busca de endinheirados predispostos a tentar a sorte em Macau.
Como o promotor de jogo precisa de enormes volumes de liquidez, e obter um empréstimo do banco não é fácil, oferece diferentes modalidades de investimento a terceiros, até sem qualquer interesse relacionado com o jogo, como uma participação no capital da empresa ou simplesmente um elevado retorno sobre o “depósito”, podendo a taxa de juro chegar aos 30% ao ano, segundo fontes ouvidas pela Lusa.
A origem dos junkets em Macau remonta à década de 1980, quando a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau tinha o monopólio do sector no território e Stanley Ho decidiu entregar salas VIP a terceiros, que tentavam identificar potenciais clientes através de vastas redes de contactos.
Esta terá sido a forma encontrada pelo magnata para lidar com “determinados interesses ligados ao submundo, que tentam associar-se ao jogo”, pois “ao atribuir a diferentes grupos um papel na angariação de clientes e ao remunerá-los manteve todos satisfeitos”, de acordo com fontes da indústria.
Os angariadores de grandes apostadores elevaram Macau a capital mundial do jogo, ao fazer rolar milhões nas salas VIP dos casinos. Continuam a ser “ases”, mas – em face da actual conjuntura – arriscam deixar de ser de trunfo.
Carlos Siu não tem dúvidas: “Apenas os mais fortes podem sobreviver”.
E alguns estão já a desaparecer: da lista de “promotores de jogo” em Macau, publicada pelo regulador, constam este ano 183 (empresas ou particulares), que servem salas VIP de 35 casinos. Em 2014, eram 235 e em 2013 totalizavam 216.
Tony Tong, consultor na Pacific Financial Services que, no passado, participou na actividade como investidor, nota que o actual cenário também se agudizou porque “houve agressivas aprovações” de crédito aos jogadores VIP, “muitas empresas cresceram rapidamente e agora têm vindo a sofrer”.
“O negócio tinha de encolher”, realçou Hoffman Ma. LUSA/HM

Dore continua a ser investigada

As autoridades continuam a investigar há dois meses o caso Dore, de desvio de fundos num operador de salas VIP, com o montante envolvido nas queixas a ascender, até 3 de Novembro, a 540 milhões de dólares de Hong Kong, segundo dados facultados à Lusa pela Polícia Judiciária (PJ), que indicou que o valor global inclui ainda o reportado pela própria Dore, mas sem o especificar. A maioria das queixas foi apresentada por residentes de Macau, estando a PJ a “tomar diligências no âmbito dos crimes de burla, abuso de confiança e de cheque sem provisão”.

17 Nov 2015

Menores | Abuso sexual a crime público, defendem deputados

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]han Hong voltou ontem a pedir o abuso sexual de menores passe a ser crime público, depois de ter sido dado a conhecer o caso dos jovens que terão sido alegadamente abusados por um instrutor do campo de treino onde se encontravam. Durante a sessão plenária de ontem, também os deputados Ma Chi Seng e Gabriel Tong mostraram, durante as suas intervenções, a sua preocupação relativamente ao problema. Chan Hong considera que o caso mostra a falta de orientação e supervisão suficientes por parte do Governo quanto às actividades co-organizadas pelas escolas e associações populares e fala em falta de medidas de segurança para os estudantes. A deputada termina a intervenção pedindo que, depois de tanta gente pedir que o abuso de menores seja crime público, o Governo avance com a “revisão da legislação relacionada, de modo a aumentar os efeitos dissuasores”.

13 Nov 2015

Taiwan quer cooperação judiciária com Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] chefe do Gabinete de Delegação Económica e Cultural de Taipei em Macau, Lu Chang Shui, espera que o Governo de Macau possa assinar um acordo de cooperação judiciária com Taiwan, com o objectivo de combater o crime. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, numa exposição de pintura de comemoração de nascimento de Sun Yat Sen, Lu disse considerar que os dois governos têm a responsabilidade de proteger a segurança da população. Por isso mesmo espera que o Governo de Macau possa assinar um acordo de cooperação judiciária com a Ilha Formosa. No entanto, lamenta que até ao momento não tenha havia qualquer progressão nesta matéria. Recorde-se que o Governo ainda não assinou acordos de cooperação judiciária com o interior da China ou Hong Kong, estando em fase negociações.  

13 Nov 2015

Dengue | SS confirmam novo caso importado

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á mais um caso de dengue importado, de acordo com os Serviços de Saúde (SS). Num comunicado, avançam que se trata de uma mulher de 29 anos, TNR de Taiwan que reside na zona do Pérola Oriental e viajou até à sua terra-natal entre os dias 23 e 29 do mês passado. Suspeita-se que a doença tenha sido contraída primeiramente pelo seu namorado, cuja infecção foi confirmada ainda na Ilha Formosa. Foi no dia 1 de Novembro que a jovem começou a revelar sintomas como erupções cutâneas, dores de olhos, febre e dores musculares. Depois de uma consulta numa clínica privada do território, chegaram os resultados de análises laboratoriais que confirmaram a presença do anticorpo. Este é o terceiro caso importado de febre de dengue.

13 Nov 2015

Negócio das ourivesarias caiu quase 90%

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] jornal Ou Mun avança na sua edição de ontem que o volume de negócios das ourivesarias caiu cerca de 80% a 90% este ano. A Associação das Ourivesarias começou a fazer uma inspecção de qualidade do ouro vendido em 121 lojas desde o passado dia 11 de Novembro, uma iniciativa na qual participaram representantes da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) e que durou três dias. “Os negócios pioraram muito e registaram uma grande quebra, especialmente no sector das ourivesarias. Espero que o volume de negócios no nosso sector possa manter o mesmo nível do ano passado. Os residentes têm capacidade de consumo, mas a confiança dos consumidores foi afectada pelo facto da economia estar em declínio”, referiu Li Chi Fong, presidente da Associação.

13 Nov 2015

Governo | Tortura é proibida e punida por lei

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China garantiu ontem que as confissões forçadas são proibidas e punidas por lei, em resposta a um relatório da Amnistia Internacional (AI) que denuncia a persistência da prática de tortura em detidos e advogados.
“A China é um país regido pela lei que proíbe a tortura e que pune claramente a prática de coerções forçadas nos interrogatórios”, declarou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hong Lei, horas depois de a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos AI ter divulgado o relatório “No End in Sight” (Sem fim à vista).
Hong acrescentou que “quando se encontram casos de confissões obtidas sob coerção, os responsáveis são tratados em conformidade com a lei”.
O regime comunista vai continuar a tentar melhorar a situação dos direitos humanos, afirmou.
“Vamos continuar a melhor o nosso sistema de protecção oficial para que todos sejam tratados com justiça”, destacou.
O relatório da AI defende que a tortura e as confissões forçadas continuam no sistema judicial chinês, acrescentando que os advogados são as mais recentes vítimas das autoridades.
A ONG constatou que, apesar de a obtenção de confissões forçadas ser proibida, o Governo “fracassou na aplicação” da lei e os órgãos competentes não investigam as denúncias de tortura, ao mesmo tempo que os tribunais continuam a aceitar estas confissões como provas para permitir uma condenação.

13 Nov 2015

Hong Kong | Magnata compra diamante para a filha por 45 ME

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m milionário de Hong Kong gastou o valor recorde de 48,4 milhões de dólares para oferecer à filha um diamante de 12,3 quilates, leiloado na noite de quarta-feira pela Sotheby’s, em Genebra.
O misterioso comprador do “Blue Moon” foi o magnata do imobiliário de Hong Kong Joseph Lau – condenado em 2014 por corrupção em Macau – que o rebaptizou, de imediato, de “Blue Moon of Josephine”, em homenagem à sua filha de sete anos. joseph-lau-blue-moon-diamond
Na véspera, o milionário da antiga colónia britânica havia desembolsado 28,5 milhões de dólares por um raro diamante cor-de-rosa, de 16,08 quilates – o maior do seu tipo a ir a leilão – da casa rival Christie’s, que nomeou de “Sweet Josephine”.
Uma porta-voz de Joseph Lau, em Hong Kong, confirmou ambas as aquisições à agência AFP.
A jóia, apresentada em anel, em formato rectangular, foi vendida por 48,6 milhões de francos suíços, incluindo taxas, depois de uma licitação inicial de 43,2 milhões de francos suíços, foi arrematada ao fim de uma “guerra” ao telefone de oito minutos.

Recordista absoluto

Segundo o director da divisão internacional de joalharia da Sotheby’s, David Bennett, a venda do “Blue Moon” bateu vários recordes, tornando a pedra preciosa no “mais caro diamante independentemente da cor, e a jóia mais cara alguma vez vendida em leilão”.
De acordo com David Bennett, trata-se também do preço mais elevado por quilate.
O anterior recorde mundial para uma jóia vendida em leilão pertencia ao diamante de 24,78 quilates denominado de “Graff Pink” que, em Novembro de 2010, foi arrematado por 46,2 milhões de dólares num leilão na Sotheby’s, também realizado em Genebra.
Esta não é a primeira vez que Joseph Lau, de 64 anos, adquire pedras preciosas raras para a sua filha. Alegadamente, em 2009, terá gasto 9,5 milhões de dólares num outro diamante azul, ao qual chamou de “Star of Josephine”.
Joseph Lau foi condenado, em Março de 2014, por corrupção e branqueamento de capitais a um cúmulo jurídico de cinco anos e três meses de prisão por um tribunal de Macau, num processo conexo ao do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long.
Contudo, é improvável que cumpra a pena, dado que as duas Regiões Administrativas Especiais chinesas não têm um acordo de extradição.

13 Nov 2015

Taiwan | Milhares inundam Facebook da líder da oposição

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de milhares de internautas chineses inundaram ontem a página do Facebook da líder da oposição e candidata presidencial em Taiwan, Tsai Ing-wen, criticando-a por se opor a um encontro entre os líderes dos dois lados.
Em Taiwan “existe democracia, a liberdade de expressão é uma garantia e todos se podem expressar”, reagiu Tsai, face aos mais de 50.000 comentários feitos por internautas da China continental, onde aquela rede social está censurada.
“Prefiro ver este incidente pelo lado positivo e espero que os internautas chineses possam ver perfis de diferentes pessoas no Facebook. Convido todos a visitar a minha página”, disse ontem Tsai à imprensa local.
Os presidentes da China e de Taiwan, Xi Jinping e Ma Ying-Jeou, respectivamente, reuniram-se no sábado passado, em Singapura, num encontro inédito e histórico. 20140831_TsaiIng-wen_AFP
A líder do Partido Democrático Progressista, mais céptico em relação a Pequim, atacou Ma Ying-Jeou por não ter defendido a democracia e liberdade em Taiwan, durante o encontro, e por não se ter referido à ilha como República da China.
Esta semana, um jornal estatal da China acusou Tsai de ser “tacanha e egoísta”.

Cuidado com a raiva

Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), disse que a líder da oposição em Taiwan “cometeu um erro”, descrevendo-a como “raivosa”.
Ela “expôs o seu apoio à independência”, criticou o jornal, aludindo a uma postura que Pequim ameaça retaliar “usando a força”, caso se concretize.
Depois da guerra civil chinesa ter acabado, com a vitória do PCC, o antigo governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“Um país, dois sistemas”).
Do ponto de vista da diplomacia internacional, existe a República Popular da China, governada pelo PCC, e a República da China, na ilha de Taiwan, mas ambos os lados rejeitam uma divisão definitiva.
Taiwan tem previsto para Janeiro a realização de eleições legislativas, e Tsai é a favorita a ganhar o exercício, numa altura em que a opinião pública taiwanesa olha com desconfiança para as relações cada vez mais estreitas com a China comunista.

13 Nov 2015