Estância de Madeira Lei Seng pede investigação de decisão sobre Tung Sin Tong

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Estância de Madeira Lei Seng pediu ao Conselho Superior de Advocacia que investigasse a decisão do Tribunal de Última Instância (TUI) sobre o caso que opõe a empresa à Tung Sin Ton. Depois de meses de luta em tribunal, a Lei Seng volta a acusar a Associação de ter feito uma assinatura falsa num contrato de venda do terreno onde está a fábrica.
Segundo o Jornal do Cidadão, o pedido foi enviado numa carta escrita ao Conselho. Esta é a quarta vez que a empresa envia uma carta sobre o caso, depois de ter perdido em tribunal no caso que a opõe à Tung Sin Tong. Em causa está a propriedade de dois terrenos, de onde a Lei Seng teve de sair. A família Iong, que assegura ser a proprietária dos lotes, pede ajuda ao Conselho já desde 2013.
“Fizemos a verificação da caligrafia do contrato de venda do terreno e a assinatura é falsa no contrato. A Tung Sin Tong também alterou a finalidade dos terrenos parcialmente no contrato, mas o nosso advogado também não entregou os documentos durante os oito anos em que decorre o processo judicial e isso levou-nos a perder o caso. Queremos, por isso, que o Conselho faça justiça, investigue a falta de documentos durante o processo”, explica a Lei Seng. A família conseguiu, inclusive, autorização do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), para se manifestar com cartazes. Algo que assegura que vai fazer.

Tomás Chio

29 Nov 2015

UM | Ocupação ilegal por mais de uma centena de veículos

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de uma centena de veículos ocuparam ilegalmente lugares públicos dos parques de estacionamento do novo campus da Universidade de Macau (UM). A ocupação acontece há meio ano, mas a UM ainda não sabe quem são os proprietários dos automóveis, ainda que a situação esteja a causar impacto entre estudantes, os funcionários e professores. A denúncia foi feit numa carta que foi publicada pela Associação de Estudos Sintéticos-Social de Macau no Jornal do Cidadão. “A UM não consegue tratar dos carros que ocuparam os espaços ilegalmente por causa da falta de autoridade legal para tal, mas pode discutir com os departamentos governamentais relacionados, enviando os carros para outro local.” Uma parte dos carros pertence a empresas que vendem veículos em
segunda mão, outros são de proprietários que se aproveitam das tarifas mais baixas enquanto “passeiam ou vão trabalhar”. “A UM é quem manda no terreno, por que não tratou deste problema nem pediu a ajuda do Governo?”, questiona a Associação. Tomás Chio

29 Nov 2015

Luta antiterrorista | China vai “fortalecer a cooperação” com África

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China vai “fortalecer a cooperação” com África no “combate ao terrorismo e ao extremismo”, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, depois de três chineses terem morrido num ataque a um hotel no Mali.
Sem detalhar como será reforçada a cooperação, Wang realçou que Pequim “nunca imporá condições políticas” nem “interferirá nos assuntos internos” dos países. “Não seguiremos o estilo dos antigos poderes coloniais”, realçou o ministro, recorrendo a palavras habitualmente utilizadas quando as autoridades chinesas se referem à cooperação com as nações africanas.
Esta semana, o Governo chinês disse que fará “novas propostas” à comunidade internacional na luta contra o terrorismo e pela protecção dos seus cidadãos no exterior, após três executivos chineses terem morrido no ataque no Mali e a organização extremista Estado Islâmico (EI) ter confirmado que executou um consultor natural de Pequim.
A China segue uma política de não-intervenção militar que teve como rara excepção o envio de soldados para o Mali em 2013, para participarem em missões das Nações Unidas.
Wang falava à margem de um encontro diplomático que antecede o fórum de cooperação China-África, que se realizará entre 4 e 5 de Dezembro em Joanesburgo.

29 Nov 2015

Repatriados 91 suspeitos de corrupção

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m total de 91 pessoas procuradas pela China além-fronteiras, por alegados casos de corrupção, foram extraditadas de volta para o país desde Outubro do ano passado, avançou hoje o jornal oficial China Daily. Estas pessoas são suspeitas de envolvimento em casos de corrupção que, no total, ascendem a 776 milhões de yuan, segundo dados da Suprema Procuradoria Popular da China citados pelo jornal.
A “caça ao homem” internacional faz parte da campanha anti-corrupção lançada no país pelo actual Presidente, Xi Jinping, desde que ascendeu ao poder, em 2012, e é directamente tutelada pela comissão de disciplina do Partido Comunista Chinês.
No ano passado, a China publicou uma lista com os cem fugitivos mais procurados, que passaram assim a estar sujeitos aos avisos vermelhos emitidos pela Interpol, um mecanismo internacional de localização e detenção para extradição.
A lista inclui a fotografia, género, antigos cargos, número de identificação pessoal na China e os países ou regiões para onde os fugitivos provavelmente fugiram.
De acordo com a comissão de disciplina do Partido Comunista Chinês, os nomes na lista são apenas uma “fracção” do total de suspeitos de corrupção procurados a nível global.

29 Nov 2015

Erro de contabilidade em corretora estatal

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas abriram uma investigação sobre alegadas irregularidades cometidas pela maior corretora do país, a estatal Citic Securities, por um erro contabilístico calculado em 166.000 milhões de dólares (156.000 milhões de euros).
A Associação de Valores da China revelou na quarta-feira que as contas daquela corretora estatal, entre Abril e Setembro, estão “erradas”, avançou o jornal chinês Diário Nacional de Negócios.
Segundo o organismo, que é subordinado da Comissão Reguladora do Mercado de Valores, o erro inclui uma sobrevalorização de alguns activos financeiros pela Citic Securities.
A empresa financeira estatal tem sido alvo de escrutínio pelas autoridades chinesas desde que entre meados de Junho e o dia 9 de Julho a bolsa de Xangai desvalorizou-se 30%.
Vários executivos da corretora foram detidos em Agosto por “práticas irregulares”, num período de grande volatilidade na principal praça financeira do país, que no dia 24 de Agosto encerrou a perder 8,49%. Na semana passada, o presidente da Citic Securities, Wang Dongming, anunciou a sua demissão.

29 Nov 2015

Não existem imagens inócuas, na floresta do lucro dois seres humanos perdem-se de vista

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]encendo a porta de entrada do Museu de História Natural, vindo da luz rasante e outonal de Lisboa, encontro, ao cimo da escadaria, umas estruturas transparentes de varas de bambu verde formando corredores de um labirinto. No dia em que visitei a exposição, ia acompanhado de uma pessoa. Entrámos em zonas diferentes do pequeno labirinto e, subitamente, uma sucessão exacta de transparências, uma justaposição certeira de varas, criou uma opacidade que nos ocultou um ao outro. Desconcertante. Perdemo-nos completamente de vista por um momento. Na floresta do lucro, dois seres humanos perdem-se de vista.

Observada a partir do mezanino elevado sobre o átrio do Museu, a estrutura revela-se, desenhando o caracter chinês 利 (li), que se pode traduzir por “lucro” ou “ganho”, embora o seu radical aponte para uma clara conexão arbórea e florestal, o que também nos permitiria ler “lucro” enquanto “crescimento”.
Todavia, é logo com estas estruturas que a exposição de Ó manifesta o seu lado crítico e político. Postadas nas varas de bambu, encontram-se resmas de folhas com citações da obra Da Amizade, Cem Máximas Para Um Príncipe Chinês, um tratado composto em 1595 por Matteo Ricci e oferecido ao príncipe Jian’an Wang. Folhas destinadas a serem colhidas pelos passantes, como lembretes.
Por um lado, temos as ideias de lucro e amizade, duas noções tão potencialmente complementares como antagónicas, que nos recordam a noção marxista de “trabalho morto”, isto é, o capital que, por exemplo, está significado ou encerrado numa matéria-prima e que o labor operário vivifica ou liberta (como, neste caso, o fizeram os mestres do bambu trazidos de Macau por João Ó para edificar duas partes desta instalação tripartida).
Por outro lado, um lado ainda mais criticamente político, este trabalho é uma nítida alusão ao nosso tempo, um tempo que se qualifica por uma transição avassaladora da idade da memória para a idade da informação. E o que pode tal coisa significar? Antes de tudo, antes de um juízo moral, significa uma alteração no ambiente interior dos homens: memorizar torna-se uma perda de tempo, pois sei que, algures fora de mim, todo o conhecimento está armazenado, à distância de um clique. O problema é que o modelo da memória enquanto armazém é, como se sabe há muito, falacioso. Armazenar não é conhecer, mas memorizar já é.
Estamos talvez a construir um mundo despossuído de conhecimento, a tal ponto que um momento pode anunciar-se no qual somente haverá lugar para o mais radical capitalismo epistemológico governado por algoritmos, ou seja, tudo o que não tiver valor de uso imediato para fazer funcionar um conjunto de instruções eficazes (é isso um algoritmo) passará progressivamente à escuridão absoluta de um espaço cada vez mais exterior aos indivíduos e às comunidades. Poderemos um dia clicar e não ter resposta à nossa busca. Ou a distância de um clique pode tornar-se infinita. Ou o clique pode mesmo nunca vir a acontecer. Há uma crescente sensação de estarmos como que a desaprender de cor, aceleradamente e por decreto (veja-se, a titulo de curiosidade, o debate em torno da Declaração de Bolonha). E pode muito bem chegar um dia, uma espécie de vindicação heideggeriana, em que não saberemos que não sabemos.
Numa sala lateral ao átrio, encontra-se a peça mais intimista da exposição-instalação Palácio da Memória: um objecto de bambu que gira, suspenso, por acção de um motor, num espiralar perpétuo. Dele emana uma beleza algo terrível, acentuada pelo reverberar acústico que o mecanismo gera na sala e pelo próprio título da peça: Modelo para impossível tulipa negra. O objecto combina leveza estrutural e gravidade simbólica, ilustrando a irrespirabilidade de uma existência, ou de um universo, em circuito fechado, assim como toda a negatividade de uma repetição alucinatória. Sim, há algo de alucinatório no constante retorno das imagens que hoje quase nos cegam; que, como esta tulipa negra ilustrará, nos mesmerizam e desmemoriam, pois um dos efeitos da repetição a longo termo é a impressão de se estar perante algo de novo. Esse é o momento, já pós-alucinatório, em que a capacidade de re-conhecimento se extinguiu por fim e por completo, reduzindo-nos a uma espécie de eterno presente. Por paradoxo, parece ser precisamente o excesso de imagens que conduz à hipotrofia da faculdade de imaginar e a uma hipertrofia da imitação e da cópia, as duas agências da produção repetitiva.
Na terceira parte da instalação, montada no anfiteatro do Museu, uma outra grande estrutura de bambu, reminiscente das construções de suporte cenográfico das óperas de Cantão, segura tubos néon que escrevem a frase “There is no understanding without images”, uma tradução do dictum “Non est intelligere sine phantasmate”, no latim de São Tomás de Aquino. Podíamos, então, argumentar que um mundo com cada vez mais imagens se traduziria em cada vez mais e melhor entendimento. Mas não é assim. O problema, neste caso, é que a proliferação e transmissão de imagens (para além de causar uma real fadiga da imagem, isto é, uma indiferença derivada de hábito e stress/sobrecarga) serve apenas uma concupiscência mercantil assente na exploração do predomínio da visualidade nos seres humanos. Recordemos com algum cinismo: o cocktail de stress/sobrecarga e psicotrópicos foi justamente a primeira ferramenta dos processos de lavagem cerebral experimentados pela intelligence community durante a Primeira Guerra Fria. Non est intelligere sine phantasmate_02
Um cliché já antigo retorna, amargo e hiper-realista: somos alvos, indivíduos e comunidades, de uma espécie de carpet-bombing imagético: as imagens são tão fáceis e baratas de produzir que, para atingir um alvo isolado, se esfacela tudo em volta, só por via das dúvidas. Do ponto de vista do vernáculo capitalista, esta é uma técnica que “sai mais em conta e é garantida”. Mais ainda, quem fornece imagens às indústrias da imagem, onde se agigantam a Internet e as redes sociais, somos todos nós: operários não pagos, trabalhadores a tempo inteiro e aproveitados nos mínimos gestos. O que João Ó e o seu Palácio da Memória talvez nos queiram dizer é, simplesmente, que vivemos, ontem como hoje, um mundo onde não existem gestos ou imagens inócuas.

De Rui Parada Cascais

29 Nov 2015

Fotografia | IC lança concurso sobre melhores momentos do “Desfile por Macau”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) volta a lançar este ano um concurso de fotografia aberto a todos os residentes. A ideia é captar os melhores momentos do “Desfile por Macau, Cidade Latina”, que acontece em comemoração do 16.º aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China e do 10.º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial. O evento acontece a 6 de Dezembro e pede trabalhos que reflictam “cenas alegres, diversas actuações, close-ups de participantes e destaques do evento”, entre outros. O concurso compreende as categorias Juvenil (dos 13 aos 24 anos) e Geral (idade superior a 25 anos) e os trabalhos devem ser carregados através da página electrónica photoblog.ecpz.net/latincity, permitindo-se a cada participante a apresentação de um máximo de dez fotografias. As candidaturas serão aceites até dia 26 de Dezembro e, em cada categoria, serão atribuídos prémios primeiros três lugares, havendo ainda uma dezena de prémios de Mérito.

29 Nov 2015

Ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai com atraso de um ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ponte que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai vai falhar o prazo de conclusão de 2016 por um ano, diz o jornal South China Morning Post, citando o Governo da antiga colónia britânica.
As instalações do posto fronteiriço e correspondente ligação viária não vão estar terminadas no final de 2016, de acordo com o actual progresso da construção, confirmou o departamento responsável pelas auto-estradas e ferrovias de Hong Kong na noite de quarta-feira.
Referindo-se ao projecto como “enorme e complicado”, o departamento do Governo de Hong Kong apontou para a existência de vários desafios técnicos, tanto no desenho como nas diferentes fases da construção.
Segundo este departamento, a conclusão da ponte foi adiada para o final de 2017 devido à instabilidade no fornecimento de materiais e falta de mão-de-obra, bem como dificuldades em relação aos limites de altura impostos pelas autoridades de aviação, critérios de protecção ambiental e atrasos na construção de aterros.
A construção da ponte principal começou em Dezembro de 2009. Após atrasos devido ao impacto ambiental da ponte, a obra do lado de Hong Kong começou em Dezembro de 2011. A ligação de 50 quilómetros vai consistir em três pontes atirantadas, duas ilhas artificiais e um túnel de 6,7 quilómetros, situado na ilha de Lantau.
O custo da ponte será dividido entre Hong Kong, Macau e as autoridades da China continental. Espera-se que esta ponte, uma das maiores do mundo, reduza o tempo de viagem entre Hong Kong e Zhuhai de mais de três horas para meia hora.

29 Nov 2015

Papa fala de ecologia

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] necessário apostar numa educação que combata a cultura do descarte, disse o Papa, durante a sua visita à sede do Programa Ambiental da ONU, em Nairobi. O Papa considera que seria “catastrófico” que os países não consigam chegar a um acordo para travar a grave crise ambiental que afecta o mundo. “Dentro de poucos dias, começará em Paris uma reunião importante sobre as alterações climáticas, onde a comunidade internacional como tal se confrontará mais uma vez sobre esta problemática. Seria triste e – atrevo-me a dizer – até catastrófico se os interesses particulares prevalecessem sobre o bem comum e chegassem a manipular as informações para proteger os seus projectos.” O Papa, que este ano se tornou o primeiro da história a escrever uma encíclica dedicada exclusivamente ao tema da ecologia, disse que o encontro será um “passo importante no processo de desenvolvimento de um novo sistema energético que dependa o mínimo possível dos combustíveis fósseis, busque a eficiência energética e se estruture sobre o uso de energia com baixo ou nulo conteúdo de carbono.” “Estamos perante o grande compromisso político e económico de reconsiderar e corrigir as falhas e distorções no modelo actual de desenvolvimento.” “Por isso, espero que a COP21 leve à conclusão de um acordo global e ‘transformador’, baseado nos princípios de solidariedade, justiça, equidade e participação, e vise a consecução de três objectivos complexos e, ao mesmo tempo, interdependentes: a redução do impacto das alterações climáticas, a luta contra a pobreza e o respeito pela dignidade humana”, concluiu Francisco. Uma chave essencial para esta mudança de rumo é, segundo o Papa, a aposta na educação, numa pedagogia que sirva para combater a “cultura do descarte” a que Francisco tantas vezes se refere. “A mudança de rumo que precisamos não é possível realizá-la sem um compromisso substancial para com a educação e a formação. Nada será possível, se as soluções políticas e técnicas não forem acompanhadas por um processo educativo que promova novos estilos de vida. Um novo estilo cultural.” “Isto requer uma formação destinada a fazer crescer em meninos e meninas, mulheres e homens, jovens e adultos a adopção duma cultura do cuidado (cuidado de si próprio, cuidado do outro, cuidado do meio ambiente) em vez da cultura da degradação e do descarte (descarte de si mesmo, do outro, do meio ambiente)”, disse.

29 Nov 2015

Bruxelas | Pó branco encerra mesquita

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] mesquita central de Bruxelas, Bélgica, foi esta quinta-feira evacuada por ter recebido vários envelopes com “pó suspeito”, que a polícia suspeita que pode ser antraz. As 11 pessoas que estiveram em contado com esses envelopes foram levadas para o hospital e estão a ser alvo de uma descontaminação. Nesse grupo estão nove fiéis, que se encontravam dentro do templo, e dois policias que foram os primeiros a chegar ao local, depois de ter sido dado o alerta. Os envelopes contendo o pó branco foram encontrados dentro de uma encomenda deixada à entrada da mesquita e, segundo um porta-voz dos bombeiros, foram tomadas medidas preventivas “no caso de se tratar de antraz, mas apenas por medida de precaução”.

29 Nov 2015

China Three Gorges chega ao Brasil

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China Three Gorges (CTG), maior acionista da EDP (Energias de Portugal), arrematou na quarta-feira em leilão os direitos para operar duas importantes centrais hidroeléctricas no Brasil, anunciou a Agência Nacional de Energia Eléctrica brasileira. O negócio prevê o pagamento de 3,4 mil milhões de euros ao Estado brasileiro pelos direitos de concessão por 30 anos das centrais da Ilha Solteira e da Jupia. Localizadas nos estados São Paulo e Mato Grosso do Sul, respectivamente, aquelas instalações são as duas maiores entre as 29 centrais hidroeléctricas cujos direitos de operação foram leiloados na quarta-feira, num negócio que rendeu 4,2 mil milhões de euros ao Brasil. A CTG deverá pagar 65% do investimento antes do final deste ano, num período em que o governo brasileiro se esforça por reduzir a dívida pública.

29 Nov 2015

Coreias | Preparado encontro de alto nível

Representantes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul reuniram-se ontem para organizar um próximo encontro bilateral de alto nível que permita impulsionar as relações entre os dois países em linha com o acordo alcançado em Agosto. Três delegados de Seul e outros três de Pyongyang iniciaram o encontro na aldeia fronteiriça de Panmunjom – no lado norte-coreano –, do qual se espera que saiam detalhes relativos à próxima reunião de alto nível, como a data ou os temas de interesse mútuo a debater. O Governo sul-coreano prometeu “fazer esforços para chegar a um acordo” e considerou a reunião de hoje como “o primeiro passo para levar a cabo o pacto de Agosto”, indicou um porta-voz do Ministério da Unificação, em conferência de imprensa, em Seul, antes da reunião. A Coreia do Norte, por seu lado, mostrou-se menos optimista, ao criticar, através dos meios de comunicação estatais, que a “atitude da Coreia do Sul não mudou”, já que “fala de diálogo e de cooperação, mas conspira nas costas com potências estrangeiras [em referência aos Estados Unidos] para prejudicar os seus irmãos”, como assinala o editorial de quarta-feira do diário Rodong.

29 Nov 2015

Prana – “Raiva”

“Raiva”

Raiva é amor mal canalizado
É uma prenda enfim
Que ofereço só a mim
E aceito com agrado

Raiva é saudade de tudo o que nunca foi teu
É um tesouro achado
Que estimo e que guardo
Como se fosse meu

E não tens de a esconder
Quando ela vem
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também

E a raiva não dá murros
Não dá turras nem pontapés
Quem a tem sempre a experimenta
Dos 8 aos 80 e de lés a lés

Porque a raiva não é feia
Não é crime nem é pecado
É uma fogueira ao frio
Uma santa com feitio um bocadinho ao lado

E não tens de a temer
Quando nada corre bem
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também

Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!

E se caso com a alma
Não distingo o mal do bem
Guarda longe essa raiva
Antes que mates alguém
Guarda longe essa raiva
Antes que mates alguém

Prana

MIGUEL LESTRE / JOÃO FERREIRA / DIOGO LEITE

26 Nov 2015

Itzhak Perlman dá recital em Hong Kong

*Por Michel Reis

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]tzhak Perlman, um dos mais conceituados e virtuosos violinistas dos séculos XX e XXI, deu um raro recital em Hong Kong no passado dia 8 de Novembro, no Concert Hall do Centro Cultural de Hong Kong, no âmbito do Ciclo Encore do Leisure and Cultural Services Department do Governo da R.A.E. de Hong Kong. Perlman foi acompanhado pelo pianista cingalês Rohan de Silva, seu parceiro habitual. Este recital está inserido numa digressão asiática dos artistas que os leva ainda durante todo o mês de Novembro a Pequim, Xangai, Daejeon, Seul, Tóquio, Osaka e Nagoya.
Neste extraordinário concerto, Perlman, que celebrou o seu 70º aniversário no passado dia 31 de Agosto, e de Silva, executaram obras de Jean-Marie Leclair, Johannes Brahms, César Franck e Igor Stravinsky, e vários encores, entre os quais o Tema da Lista de Schindler, de John Williams, Sevilla de Isaac Albéniz e a Dança Húngara No 1 em Sol menor de Johannes Brahms, entre outras peças.
Inegavelmente o virtuoso reinante do violino, Itzhak Perlman goza de um estatuto de super-estrela raramente concedido a um músico clássico. Amado pelo seu charme e humanismo, bem como pelo seu talento, é estimado pelo público em todo o mundo, que responde não só ao seu notável talento artístico, mas também à sua alegria irreprimível de fazer música.
Nascido em Tel Aviv em 1945, Perlman teve poliomielite aos quatro anos de idade, com graves sequelas, razão pela qual utiliza muletas ou uma scooter eléctrica para se deslocar e toca sempre sentado. Os seus pais, Chaim e Shoshana Perlman, oriundos da Polónia, haviam emigrado independentemente para o Mandato Britânico da Palestina (actualmente Israel) em meados dos anos 30 antes de se conhecerem e casarem. Ao ouvir na rádio um trecho de música clássica, o pequeno Itzhak interessou-se pelo violino mas a sua entrada no Conservatório Shulamit, em Tel Aviv, aos 3 anos de idade, foi recusada por ser pequeno demais para segurar um violino. Assim, aprendeu a tocar sozinho usando um violino de brinquedo até ter idade suficiente para entrar no Conservatório, onde estudou com Rivka Goldgart, e na Academia de Música de Tel Aviv, onde deu o seu primeiro recital aos 10 anos de idade, antes de partir para os Estados Unidos para estudar na The Juilliard School, em Nova Iorque, com os célebres professores do instrumento Ivan Galamian e Dorothy Delay. Aos 13 anos de idade ficou famoso pela sua interpretação do Concerto para Violino de Beethoven com a Orquestra Filarmónica de Berlim.
Perlman foi apresentado ao grande público americano quando apareceu no “The Ed Sullivan Show” duas vezes em 1958. Pouco depois, iniciou digressões por todo o mundo. Fez a sua estreia no Carnegie Hall em 1963 e ganhou o altamente prestigiado Concurso Internacional Leventritt (hoje extinto) em 1964. Também em 1964, volta a participar no The Ed Sullivan Show, no mesmo programa em que participam os Rolling Stones. Além de inúmeras gravações começa a aparecer em emissões televisivas tais como “The Tonight Show” e “Sesame Street” e actua muitas vezes na Casa Branca.
Em 1986, tocou no centésimo tributo da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque à Estátua da Liberdade, no Central Park, dirigido pelo maestro Zubin Mehta e emitido ao vivo pela estação de televisão ABC. Em 1987 colaborou com a Orquestra Filarmónica de Israel (IPO) em concertos em Varsóvia e Budapeste, assim como noutros países de leste. Participou na “tournée” da IPO na Primavera de 1990, a sua primeira actuação na União Soviética, com concertos em Moscovo e Leningrado. Ainda com a IPO, actuou na China e na Índia em 1994.
Sendo sobretudo um violinista solista, Perlman, para além da sua actividade como maestro e professor, tem actuado com muitos outros músicos notáveis, entre os quais Yo-Yo Ma, Jessye Norman, Isaac Stern e Yuri Temirkanov. Também actuou e gravou com o seu amigo violinista israelita Pinchas Zukerman em inúmeras ocasiões ao longo dos anos. Além de música clássica, Perlman também toca jazz, sendo de mencionar um álbum com o pianista de jazz Oscar Peterson. Perlman tem actuado como solista em muitos filmes, com destaque para “A Lista de Schindler” em 1993, com música de John Williams, premiado pela Academia de Cinema Americana. Mais recentemente foi o violinista solista do filme “Memórias de uma Gueisha” em 2005, juntamente com Yo-Yo Ma. Em 2009 interpretou Air and Simple Gifts, de John Williams, na cerimónia de inauguração presidencial de Barack Obama, juntamente com o violoncelista Yo-Yo Ma, a pianista Gabriela Montero e o clainetista Anthony McGill.
No princípio da sua carreira usou um violino Carlo Bergonzi. Posteriormente comprou o Stradivarius “General Kid” de 1714, que vendeu em meados de 1980, tendo adquirido o violino de Yehudi Menuhin, o famoso Stradivarius “Soil” de 1714, considerado um dos melhores Stradivarius. Passado algum tempo também adquiriu o “Sauret” Guarneri ‘del Gesù’ de 1740-1744.
Desde 2003 Perlman ocupa o lugar que pertenceu à sua professora Dorothy DeLay (já falecida), na Escola de Música Juilliard, como detentor da cátedra de Estudos de Volino da Fundação Dorothy Richard Starling. Dá aulas privadas no Perlman Music Program (Programa de Música Perlman), em Long Island, Nova Iorque. Também deu aulas no Centro Comunitário de Be’er Sheba, em Israel, partilhando generosamente o seu saber com o público fora das aulas formais. O Programa de Música Perlman foi fundado pela sua mulher, Toby Perlman, também violinista e por Suki Sandler, em 1995. Este programa permite aos estudantes serem treinados por Itzhak Perlman antes de se apresentarem em audições em locais como o Sutton Place Synagogue e escolas públicas. Também permite que os estudantes se encontrem e desenvolvam uma rede de amigos e colegas de profissão.
Itzahk Perlman recebeu vários prémios e distinções, entre os quais 16 Prémios Grammy e 4 Prémios Emmy e ainda a Medalha da Liberdade atribuída pelo Presidente Reagan em 1986; a National Medal of Arts atribuída pelo Presidente Clinton em 2000, Kennedy Center Honors em 2003 e títulos honoríficos pelas Universidades de Harvard, Yale, Brandeis, Roosevelt, the Cleveland Institute of Music, Yeshiva e Hebrew.
Itzhak Perlman deu um recital em Macau no âmbito do XXV Festival Internacional de Música de Macau, em 2011.

26 Nov 2015

Zheng Anting fala em esquecimento de Regime de Protecção Ambiental

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Zheng Anting quer saber quando será tornado público o calendário para a implementação do Regime de Avaliação do Impacto Ambiental. Numa interpelação escrita, o deputado questionou a eficácia da Lista Classificativa dos Projectos de Construção que precisam de se sujeitar à avaliação do impacto ambiental, assim como as instruções de elaboração do relatório de avaliação, medidas sugeridas pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) para os anos de 2013 e 2014.
Zheng Anting relembra que o Chefe de Executivo, Chui Sai On, afirmou, durante as Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2015, que o Governo iria realizar uma consulta pública sobre a definição de um regime de avaliação sobre o impacto ambiental, algo que até ao momento não aconteceu.
“Os cidadãos ainda não receberam nenhuma notícia sobre a tal consulta pública”, argumentou. “Em que ponto está o trabalho de estabelecimento do regime e quando é que o Governo vai realizar a consulta pública sobre o regime de avaliação?”, perguntou, querendo ainda saber se a DSPA já recebeu as avaliações ao impacto ambiental das medidas que avançou para os dois últimos anos. “A direcção fez muitas exigências ao projecto de Pearl Horizon, a sua avaliação do impacto ambiental foi emendada muitas vezes nos últimos três anos e isto influenciou o processo de projecto”, exemplificou, adiantando que é preciso que o Governo se explique.
Apesar da falta de leis e diplomas para a avaliação do impacto ambienta, rematou o deputado, a DSPA tem exigido muito aos projectos, por isso, é de direito dos cidadãos saber que medidas é que o Governo tem para garantir que os projectos não vão ser afectados e, ao mesmo tempo, o território conseguirá tornar-se ambientalmente eficiente.

25 Nov 2015

Eleições Conselhos Distritais | Grupos pró-Pequim mantêm larga maioria. Geração Occupy consegue oito assentos

Pouco mudou no panorama político de Hong Kong. As forças pró-Pequim conseguiram 70% dos lugares. Os representantes do Occupy Central ficaram-se por oito lugares

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram as primeiras eleições distritais pós-Umbrella Movement/Occupy no território vizinho e os resultados quase que não surpreendiam: os candidatos pró-Pequim, tradicionalmente os grandes vitoriosos das eleições da RAEHK, mantêm-se a maior força nos Conselhos Distritais com mais de metade do total dos lugares conseguidos. Mas uma reviravolta apelidada de “surpreendente” pela imprensa vizinha mostra pequenas mudanças – os “Umbrella Soldiers” conseguiram oito lugares e dois democratas veteranos saíram do posto que ocupavam há dezenas de anos.

Teste ao Occupy

As eleições para os Conselhos Distritais têm origem na governação britânica e têm como missão melhorar a vida dos residentes, incluindo transportes, infra-estruturas e ambiente. São eles o elo entre os moradores e o governo da RAEHK, funcionando sob a supervisão dos Assuntos Internos de Hong Kong.
No domingo, a população saiu à rua para votar numas eleições que, tradicionalmente, têm influência nas eleições para o LegCo. Estas, em especial, eram vistas como um teste à opinião pública, depois de ter acontecido o movimento pró-democracia em Hong Kong e de ter sido chumbada a reforma política.
Os resultados mostram uma variação inferior a 5% relativamente ao escrutínio de 2011, no qual os partidos da ala pró-Pequim conquistaram três quartos dos assentos em disputa. Desta vez, conseguiram quase 70% dos 431 lugares nos 18 distritos em jogo nas eleições – a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa), o maior partido político da antiga colónia britânica, manteve o seu estatuto da força com maior peso, ao garantir 119 assentos após as eleições de domingo. albert ho
Os grupos do campo pan-democrático – como se autoproclamam as forças opositores ao regime comunista chinês – obtiveram cerca de 30% dos assentos restantes, contra os 25% que ostentavam há quatro anos. O Partido Democrata continua como a maior representação entre as forças liberais, com 43 lugares frente aos 47 conquistados nas eleições de 2011.
Dos cinco assentos perdidos, três foram parar às forças emergentes derivadas dos protestos democráticos, compostas maioritariamente por jovens que defendem posturas mais radicais a favor de uma maior independência política de Hong Kong relativamente a Pequim.
Estas novas forças, que se apresentaram na corrida com um total de 50 candidatos, granjearam oito assentos, segundo dados preliminares.
Candidatos da Liga Social Democrata e do Poder do Povo, dois dos grupos liberais estabelecidos mais radicais, reduziram a sua presença em nove lugares.

Recorde de participação

As eleições de domingo registaram um recorde em termos de participação, com perto de um milhão e meio de votos, mais de 47%, contra 44% nas eleições municipais de 2003 que, tal como este ano, foram precedidas de meses de protestos nas ruas a favor de uma maior autonomia para a RAEHK.
Além disso, a lista de candidatos aos distritos superou o recorde de participação, já que no total 867 candidatos disputaram 363 dos 431 assentos em jogo, dado que os 68 restantes foram automaticamente eleitos, por terem sido os únicos a apresentar-se no seu círculo, acabando por não se sujeitar a qualquer votação.
Pela primeira vez na história destas eleições deixou de haver conselheiros distritais nomeados e todos os candidatos passam a ser eleitos pelo voto de eleitores recenseados com mais de 18 anos.
À luz dos resultados eleitorais divulgados esta madrugada, os candidatos dos grupos democratas já estabelecidos em Hong Kong foram os que mais foram penalizados, em favor das novas forças políticas liberais mais radicais surgidas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”.
O advogado Albert Ho foi um dos históricos democratas que perdeu o seu posto como conselheiro distrital, ao fim de 16 anos.

Os resultado

Pró-Pequim
DAB: 170 candidatos, 118 lugares conseguidos
New People’s Party: 42 candidatos, 26 lugares conseguidos
Federation of Trade Unions: 49 candidatos, 28 lugares conseguidos
Liberal Party: 20 candidatas, 9 lugares conseguidos
The Business and Professionals Alliance for Hong Kong: 14 candidatos, 9 lugares conseguidos

Pan-democratas
Democratic Party: 95 candidatos, 43 lugares conseguidos
Civic Party: 25 candidatos, 10 lugares conseguidos
Association for Democracy and People’s Livelihood: 26 candidatos, 18 lugares conseguidos
Neo Democrats: 16 candidates, 15 lugares conseguidos
Labour Party: 12 candidatos, 3 lugares conseguidos
People Power: 10 candidatos, 1 lugar conseguido
The Neighbourhood and Worker’s Service Centre: 6 candidatos, 5 lugares conseguidos
League of Social Democrats: 5 candidatos, sem lugares conseguidos

Quem saiu?
Albert Ho, pan-democrata, perde o lugar passados 16 anos
Frederick Fung, pan-democrata, perde o lugar do distrito de Sham Shui Po, que representava
Chung Shu-kun, do Democratic Alliance for the Betterment of Hong Kong e pró-Pequim, perde o lugar após 21 anos

47%
de três milhões de eleitores registados votaram. Um recorde

50
foi o número de candidatos que participaram no Umbrella Movement. Oito deles conseguiram lugares e são conhecidos agora como “Umbrella Soldiers”

2429
queixas foram recebidas pelas autoridades responsáveis pelas eleições de domingo, sobretudo referentes ao transporte de idosos para incentivar ao voto

24 Nov 2015

Proibido fumar | Um ano depois, quais as consequências?

Nas salas VIP, ainda se fumega. E no mercado de massas, que efeito teve a proibição?

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um ano depois da interdição de fumar nas zonas comuns dos casinos de Macau, as operadoras de jogo tentam travar uma proibição total, que abranja as salas VIP, com receio de diminuição das receitas. A interdição parcial de fumo de outubro de 2014 deixou de fora as salas VIP dos casinos, dos grandes apostadores, e abrangeu apenas as áreas comuns do denominado mercado de massas.
O receio é que a proibição de fumar nas salas VIP agrave ainda mais a tendência de queda das receitas dos casinos, que caem ininterruptamente desde Junho de 2014. E o mercado de massas?
“É virtualmente impossível quantificar com precisão o impacto negativo da interdição de fumar no mercado de massas”, em vigor há pouco mais de um ano, observou Grant Govertsen, analista da Union Gaming, recordando que as receitas dos casinos já estavam em queda quando a legislação começou a ser aplicada, influenciadas pela convergência de uma série de fatores, como a campanha anticorrupção lançada por Pequim ou o abrandamento da economia chinesa.
“Dito isto, e baseado em conversas com membros da indústria, parece que houve provavelmente um impacto negativo de três ou quatro pontos percentuais nas receitas do mercado de massas”, afirmou.
Ricardo Siu, professor da Universidade de Macau, com artigos publicados sobre a indústria do jogo, afina pelo mesmo diapasão, quando estima um impacto directo de idêntica ordem e também com a ressalva de que, “de facto, muitos factores misturados e em conjunto contribuíram para a queda das receitas de jogo”.
“O impacto da proibição parcial de fumar nas receitas de jogo do mercado de massas pode não ser significativo em comparação com outras medidas restritivas tomadas pelo governo chinês”, realçou.
A queda das receitas dos casinos de Macau deve-se, por outro lado, aparentemente, a um maior declínio no segmento VIP. “Se forem permitidas salas para fumadores para o segmento VIP, o efeito negativo nas receitas brutas do jogo poderia ser menor”. Mas “só vai ser possível avaliar os efeitos reais quando os detalhes dos regulamentos relacionados forem confirmados”, observou Ricardo Siu.
O Governo de Macau estima que a proibição total do fumo nos casinos em geral tenha um impacto nas receitas de jogo de entre 2,76 e 4,6 por cento, segundo uma avaliação preliminar dos Serviços de Saúde e da Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos.
As operadoras de jogo têm alertado para o impacto negativo na economia de tal medida, tendo, com base num estudo conjunto encomendado à consultora internacional KPMG, avançado a possibilidade de fazer cair o Produto Interno Bruto (PIB) em 16%, defendendo, portanto, a manutenção de salas de fumo.

23 Nov 2015

Fórum Macau | Colóquio sobre inspecção comercial junta 21 participantes

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ortugal trouxe a Macau quatro profissionais da área de inspecção comercial e económica para participarem no 5º colóquio organizado pelo Centro de Formação do Fórum Macau. De acordo com uma das representantes da Autoridade de Segurança Alimentar (ASAE) portuguesa, o país veio aqui trocar impressões sobre o modelo utilizado para inspeccionar este tipo de negócios. “Há uma diversidade de aplicação e articulação aqui na RAEM distinta da que temos em Portugal. Mas também não nos podemos esquecer que temos realidades completamente diversas. Portugal tem (…) regras muito bem definidas para países que fazem parte da UE”, disse à TDM uma das participantes do colóquio, Cristina Caldeira. “O que tiramos daqui é essa partilha e forma de estar que também nos ensina, de alguma forma, a melhorar o nosso desempenho em Portugal”, continuou.
O colóquio, que aconteceu entre os dias 8 e 22 de Novembro, juntou 22 representantes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. O brasileiro Felipe Carvalho foi outro dos participantes. A representar o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, assegura ter vindo ao território para ter Macau “como exemplo”. As delegações vieram à RAEM para ver como se fazer os serviços de inspecção por estes lados. “O Brasil é um país muito grande, muito diverso e temos diversas entidades de níveis políticos diferentes e por isso a inspecção das actividades económicas e comerciais é muito mais dispersa”, acrescentou.
Os visitantes visitaram vários serviços públicos e instituições de ensino como a Universidade de São José, entidade co-organizadora do colóquio. De acordo com declarações da Coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado do Fórum Macau, Cristina Morais, estão pensados mais três colóquios para breve. “Prevemos organizar cerca de três colóquios. Actualmente os temas ainda estão a ser considerados no seio do Secretariado Permanente porque vamos dar prioridade à organização da 5ª Conferência Ministerial do próximo ano”, disse a responsável à TDM.

23 Nov 2015

Salários | Relatório prevê subida da Administração e marasmo no sector privado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m relatório internacional mostra que Macau está em penúltimo lugar, de entre uma lista de 20 países e regiões asiáticos, quando se fala do aumento do salário médio no próximo ano. O mesmo documento prevê que o ordenado oferecido pelas empresas privadas locais não vai aumentar de forma significativa. Segundo do jornal Ou Mun, o órgão consultivo internacional para a gestão de recursos humanos, ECA, publicou um relatório sobre tendências de salário, onde se afirma que o ordenado médio mundial deverá aumentar 5,1%, sendo a percentagem mais baixa dos últimos anos. No ranking asiático, Macau encontra-se no fim da linha, abaixo de si ficando somente o Myanmar.
Um especialista de Economia – cujo nome não foi identificado – citado pelo jornal chinês considera que “o aumento da taxa salarial se baseia na informação e nos dados do ambiente económico, inflação e salário das várias profissões”, mas está pouco confiante de que a tendência se alastre para o sector laboral privado. “Havia um crescimento económico negativo, e é louvável que o salário dos funcionários públicos seja alvo de um aumento no próximo ano, mas o mercado privado não deve seguir a tendência do Governo”, disse o mesmo especialista. “Como Macau é uma região desenvolvida, o salário médio fixa-se num nível mais alto. As empresas privadas não contrariam a inflação de acordo com o crescimento de salário”, finalizou.
São factores como a campanha anti-corrupção do Governo Central, o declínio no negócio dos casinos, a diminuição do imposto sobre o Jogo e a queda das receitas dos sectores aliados ao dos casinos que justificam a manutenção do mesmo salário médio do sector privado. Também os sectores adjacentes ao Jogo verão, diz o economista, uma diminuição da força laboral. Há ainda a hipótese da percentagem de desemprego vir a crescer. Ultimamente, as operadores de Jogo têm apostado mais na formação dos profissionais já empregados para responder às necessidades dos consumidores sem recorrer a contratações extras. Estes funcionários podem assim ser transferidos de uma área de especialização para outra sem necessidade de mais mão-de-obra, explica o Ou Mun.

23 Nov 2015

Gastos dos visitantes diminuem quase 20%

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s gastos à margem do jogo dos visitantes de Macau diminuíram 19,5% no terceiro trimestre do ano, face ao mesmo período de 2014, segundo dados oficiais ontem divulgados. As despesas dos visitantes do território (excluindo no jogo) entre Julho e Setembro ascenderam a 15,49 mil milhões de patacas, menos 19,5% do que nos mesmos meses de 2014, mas mais 1,8% do que em relação ao trimestre anterior. A maioria dos turistas de Macau é oriundo da China continental e gastou no território 1776 patacas per capita no terceiro trimestre do ano, menos 20% do que em 2014. Dentro destas despesas à margem do jogo, os visitantes de Macau gastaram, sobretudo, em compras (43,6% das verbas), alojamento (25,7%) e alimentação (21,9%). Segundo o mesmo inquérito divulgado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau, 88,8% dos visitantes do território no terceiro trimestre disseram-se satisfeitos com os serviços e as instalações dos hotéis e similares, mas menos de metade (45,1%) consideraram “que os lugares turísticos eram suficientes”.

20 Nov 2015

“Macau passo-a-passo” revisto no próximo mês

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, confirmou num evento público que a revisão do programa “Macau passo-a-passo” vai começar a acontecer já em Dezembro e que depois será tomada uma decisão final sobre a continuação da política. Citada pelo jornal Ou Mun, a responsável garantiu que o contrato entre o Governo e a empresa que faz as excursões termina no final do ano e diz que, nos primeiros dias de Dezembro, a DST vai reunir-se com o operador para uma avaliação, estando aberta a possibilidade de criar um programa alternativo.
A imprensa já publicou notícias sobre o fracasso da política, com pouca adesão dos turistas, preços elevados e maus horários das excursões. Helena de Senna Fernandes garantiu que o operador “já melhorou os serviços e o número de utilização pelos turistas aumentou mas, infelizmente, não foi um grande aumento”.
A DST também pediu a uma terceira entidade para investigar a eficácia dos roteiros turísticos a pé, estando prevista a publicação de um relatório.
“O turismo é um importante elemento para a economia de Macau e recebemos muitas opiniões sobre o programa. Vamos fazer uma avaliação e obteremos melhores decisões”, disse a directora.

Tomás Chio

20 Nov 2015

ONU | Governo nega identidade independente para Direitos Humanos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Comité da Convenção Contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) sugeriu ao Governo a criação de um órgão independente para a análise do cumprimento dos direitos humanos no território, mas o Governo afastou essa possibilidade, por considerar que já existem entidades e leis que regulam a matéria. Segundo um comunicado, o Governo explicou em Genebra, Suíça, que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) foi alvo de uma revisão em 2012, além de que foi revisto o Regime Jurídico de Apoio Judiciário, sendo que ambas as medidas “visam reforçar o acesso ao Direito, a promulgação de novas legislações e assinatura de novos acordos bilaterais destinados para o reforço do combate ao tráfico humano”, lê-se no comunicado. Em relação à Lei de Violência Doméstica, Chu Lam Lam, directora dos Serviços de Reforma Jurídica e de Direito Internacional, garantiu que o Governo se tem debruçado sobre o assunto, apesar da ONU ter alertado para a inclusão dos casais do mesmo sexo no diploma.

20 Nov 2015

Clima: Pequim quer acordo vinculativo na cimeira de Paris

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China insistiu: espera que durante a próxima cimeira sobre alterações climáticas (COP21), em Paris, se alcance um acordo “juridicamente vinculativo”, que tenha em conta as “diferentes capacidades” dos países participantes. “Deveríamos alcançar um consenso na fase final” das negociações, disse em conferência de imprensa Xie Zhenhua, representante especial da China para as negociações em Paris.
Xie, que esteve recentemente na capital francesa, onde se reuniu com outras delegações para definir as bases de um possível acordo, expressou a sua confiança num pacto global durante a cimeira, que arranca no dia 30 de Novembro. Ao todo, 200 países participarão da COP21, incluindo o Presidente chinês, Xi Jinping.
“A minha impressão é que todas as partes são positivas quanto aos resultados, mas ainda assim existem muitas diferenças”, disse Xie, insistindo que as “responsabilidades devem ser comuns”, mas tendo em conta as discrepâncias entre os países.
O acordo deverá ter em conta “as responsabilidades históricas” dos participantes, frisou, referindo-se em particular ao compromisso dos países desenvolvidos de oferecer financiamento e tecnologia aos países em desenvolvimento.
No início deste mês, o Presidente da França, François Hollande, assinou uma declaração conjunta com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que prevê o estabelecimento de uma meta para o aquecimento global de dois graus centígrados.
A declaração, que defende um acordo juridicamente vinculativo, estabelece ainda que os compromissos nacionais sejam revistos a cada cinco anos.
Xie defendeu que a China se mantém comprometida com os objectivos definidos, apesar dos dados oficiais publicados recentemente darem conta que, desde 2000, o país consumiu 17% mais carvão anualmente – quase mil milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano – do que tinha calculado anteriormente.
“É justo dizer que se trata de um gesto importante para aumentar a transparência das nossas estatísticas económicas, que se tornaram assim mais fidedignas”, afirmou o representante chinês.
A China comprometeu-se em Novembro de 2014, durante a visita do Presidente dos Estados Unidos ao país, que os seus níveis de emissões atingirão um pico em 2030, sem apontar valores específicos.
Segundo Xie, as emissões de dióxido de carbono por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) caíram 6,1%, em termos homólogos, em 2014, um valor 15,8% abaixo do registado há cinco anos.
A electricidade gerada na China a partir de energias não-fosséis representou 11,2% do total em 2014, e o objectivo da segunda maior economia mundial é alcançar os 20% em 2030, revelou o responsável.
A China, o maior emissor de gases poluentes do mundo, comprometeu-se ainda este ano a avançar com um sistema nacional de comércio de direitos de emissão de CO2 em 2017.

20 Nov 2015

Lançado livro “Amores do Céu e da Terra, Contos de Macau”

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já na próxima terça-feira, 24 de Novembro, que a Casa de Portugal em Macau, com o apoio do Instituto Cultural (IC), lança o livro “Amores do Céu e da Terra, Contos de Macau”, na Livraria Portuguesa. O livro é da autoria de Ling Ling, escritora de Macau, e Fernanda Dias, tendo tido tradução de Stella Lee. Integrado na “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa” do IC, o livro é composto por treze contos de Ling Ling, os quais “descrevem as condições sociais dos macaenses das camadas sociais inferiores, de meados dos anos 40 ao início dos anos 50 do séc. XX, prestando homenagem a professores e amigos da autora”.
As personagens do livro, criadas pela autora, viviam em Macau nessa época, constituindo vestígios da história da cidade. Através da edição de uma série de livros originais sobre literatura de Macau ou relacionados com o tema, de escritores chineses e portugueses, a “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa pretende que autores e leitores ultrapassem barreiras linguísticas, reconhecendo outro mundo literário nas obras traduzidas para a língua chinesa ou para línguas estrangeiras (principalmente a portuguesa)”, aponta o IC em comunicado.
Lei Lei, pseudónimo de Lei Im Fong, também deu aulas, foi jornalista e editora do suplemento do jornal chinês Va Kio. Já assinou os livros “Amores do Céu e da Terra”, “Sete Estrelas”, “O Interior e o Exterior da Janela Norte”, “Amor no Pó Vermelho” e “Amor Mundial”.
Fernanda Dias vive em Macau desde 1986 e é autora de várias obras de poesia e ficção, incluindo “Horas de papel”, “Dias da Prosperidade e Contos da Água e do Vento”. Já Stella Lee, doutorada em Literatura, já colaborou com Fernanda Dias na tradução de alguns poemas.

20 Nov 2015