Segurança | China recebe Assembleia Geral da Interpol

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China recebe desde ontem a Assembleia Geral da Interpol, numa altura de preocupação sobre a neutralidade da organização face à possibilidade de ser usada por Pequim contra dissidentes e activistas.

No discurso que abriu a 86ª Assembleia Geral da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a China quer trabalhar com outros países e organizações para alcançar a “segurança mundial”.

A organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch advertiu, no entanto, que a China tem usado “alertas vermelhos” da organização visando a detenção e extradição de dissidentes chineses.

A escolha de Meng Hongwei, vice-chefe do aparelho de Segurança chinês, que inclui tribunais, polícia e polícia secreta, para presidente da Interpol, no ano passado, provocou críticas de várias organizações internacionais, que citam os abusos e opacidade do sistema legal chinês.

A organização recordou o caso de Dolkun Isa, activista uigur, a minoria étnica chinesa de origem muçulmana que habita a região do Xinjiang, noroeste do país. A organização aponta que Isa tem tido dificuldades em viajar desde que o alerta foi emitido, há mais de dez anos.

A China frequentemente acusa activistas uigures de apoiar o terrorismo no Xinjiang, região que é palco recorrente de conflitos étnicos.

A HRW também menciona o activista Wang Zaigang, afirmando que se tornou alvo de um “alerta vermelho”, devido ao seu activismo a favor da democracia na China.

Peso e dúvidas

As detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos ocorridos no passado “geram preocupações de que quem é alvo de alertas da Interpol pela China corre o risco de sofrer torturas e maus tratos”, diz a organização.

O especialista em política chinesa Willy Lam afirma que a China tem usado o seu peso económico para influenciar grupos como a Interpol.

Lam apontou casos em que não é claro se se trata de corrupção ou retaliação contra quem acusa membros da liderança chinesa, como o bilionário chinês exilado nos Estados Unidos Guo Wengui.

Em Abril, Pequim anunciou que a Interpol emitiu um alerta vermelho contra Guo, por corrupção. As autoridades chinesas condenaram vários funcionários por fraude, em Junho, e abriram uma investigação a Guo por acusação de violação feita por uma antiga assistente.

Guo Wengui, que vive num apartamento de 68 milhões de dólares em Manhattan, deixou de ser visto em público em 2014, mas voltou recentemente a surgir nas redes sociais, afirmando ter informações comprometedoras para a liderança chinesa.

“A China converteu a Interpol noutro espaço para projectar o seu poder”, afirmou Lam. “Investiram muito na perseguição a fugitivos além-fronteiras, incluindo aqueles que são procurados por razões políticas.

27 Set 2017

Bolinha | Campeonato de Futebol de Sete cancelado

Os vidros arrastados para o Campo D. Bosco pelo Tufão Hato levaram mesmo ao cancelamento da Bolinha, por não haver condições de segurança. Associação de Futebol pondera organizar um torneio alternativo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano do Campeonato de Futebol de Sete foi cancelada, devido aos pedaços de vidro no relvado sintético do Campo D. Bosco, que não permitem garantir a segurança dos atletas. A informação foi avançada, ontem, pelo vice-presidente da Associação de Futebol de Macau (AFM), Daniel Sousa.

“O cancelamento do campeonato vai ser oficializado muito em breve. Este ano não se vai realizar a Bolinha, porque ninguém pode garantir que não há pedaços de vidro no relvado do Campo D. Bosco”, disse Daniel Sousa, ontem, ao HM.

“É uma grande desilusão para todos. Os danos do Tufão Hato foram graves e tiveram grandes consequências. Mas colocamos sempre em primeiro lugar a segurança dos atletas e não havia outra alternativa. É um desfecho que lamentamos”, acrescentou.

Sem Bolinha, a AFM está a equacionar realizar outra competição mais curta para os clubes da 1.ª Divisão que se inscreveram no campeonato. Neste momento, a associação procura recintos que possam receber os jogos.

“Estamos a equacionar a hipótese de realizar um mini-campeonato com as equipas inscritas. Neste momento, estamos a analisar se há campos disponíveis e apropriados para o efeito. Queremos avançar o mais rapidamente possível”, revelou Daniel Sousa.

“Vai ser um campeonato mais curto porque estamos a chegar ao fim do ano e a Bolinha já está suspensa há mais de um mês. Isso faz com que não haja tanto tempo para os jogos, o que exige que o formato tenha de ser alterado”, justificou.

Porém, no que diz respeito à 2.ª Divisão, existe a hipótese de não haver competição de todo, apesar de, nesta altura, ainda não houver qualquer decisão: “ainda estão todas as hipóteses em análise”, apontou Daniel Sousa.

Jogadores afectados

Se por um lado a decisão de cancelar a Bolinha visa preservar a segurança dos jogadores, por outro, estes acabam por estar entre os principais prejudicados. De acordo com a prática normal, os clubes pagam os atletas em função do número de jogos que realizam. Sem jogos, muitos acabam por não receber. Para outros, existem subsídios por cada jogo disputado, que assim não são pagos.

Esta é uma realidade que o presidente do Monte Carlo, Firmino Mendonça, reconheceu, em declarações prestadas ao HM: “Sim, é uma situação que faz a diferença para os jogadores [ao nível dos salários]. Mas paciência… Ninguém queria esta situação. Só que foi uma decisão tomada para garantir a segurança dos atletas e é uma boa decisão”, defendeu.

“Tenho conhecimento que são mesmo muitos os vidros no relvado e que não são fáceis de retirar. Nem as máquinas conseguem removê-los todos. Temos de compreender que a segurança dos jogadores é o mais importante”, complementou.

De acordo com o dirigente, a decisão acaba por não ter grande impacto para o Monte Carlo, uma vez que os jogadores trazidos para o torneio iam abandonar o território em Outubro.

“Esta situação não causa ao Monte Carlo grandes prejuízos, porque os jogadores que tínhamos contratado para a Bolinha já se iam embora em Outubro. Nós fazemos um plano anual da época, e apontamos para a realização da Bolinha entre meados de Julho e o fim Setembro”, explicou Firmino Mendonça.

Investimento em causa

No entanto, a decisão acaba sempre por ter impacto para os clubes, visto que é necessário fazer investimentos como a vinda de jogadores, com viagens pagas, ou a compra de dois tipos de equipamentos para a competição.

Com arranque previsto para Agosto, a Bolinha foi inicialmente adiada para a primeira quinzena de Setembro, para que começasse apenas depois do jogo entre Macau e a Índia, a contar para o apuramento para a Taça Asiática de Futebol.

Todavia, o Tufão Hato veio alterar a situação e de adiamento em adiamento, a competição acabou mesmo por ser cancelada, após o Instituto do Desporto não ter resolvido a questão dos vidros no Campo D. Bosco, em tempo útil.

27 Set 2017

Japoneses mataram 177 baleias este Verão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s japoneses mataram 177 baleias no Oceano Pacífico, ao largo da costa nordeste do arquipélago, durante uma missão de Verão “para fins científicos”, revelou ontem a Agência das Pescas.

Os três navios especializados que partiram em Junho, como planeado, capturaram 43 baleias Minke e 134 baleias boreais, disse a mesma fonte.

A agência defende que a caça à baleia é “necessária” para estimar o número de capturas potenciais a longo prazo e pretende “começar novamente a pesca comercial”, revelou à agência de notícias France-Presse Kohei Ito, um dos funcionários.

O Japão assinou a moratória da Comissão Baleeira sobre a caça à baleia, mas afirma praticá-la para realizar pesquisas, não só perto das suas costas no Pacífico, mas também na Antártida.

Esta posição é denunciada pelas organizações de defesa de cetáceos e por vários países, que consideram que Tóquio usa desonestamente uma exceção na moratória datada de 1986.

Até 2014, o Tribunal Internacional de Justiça ordenou a Tóquio que parasse a caça nas águas antárticas, pois não atendia aos critérios científicos exigidos.

O Japão cancelou a campanha de Inverno 2014-15 para retomar a caça à baleia no ano seguinte como parte de um programa modificado.

Batalha perdida

A Antártica foi o cenário de confrontos entre baleeiros japoneses e defensores de animais até que a organização ambiental Sea Shepherd anunciou no mês passado que estava a abandonar o assédio dos baleeiros japoneses no Grande Sul, reconhecendo as suas próprias limitações face ao poder marítimo japonês.

A Noruega – que não se considera vinculada pela moratória internacional de 1986, a que se opôs – e a Islândia são os únicos países do mundo publicamente comprometidos com a caça comercial.

O Japão, por sua vez, está a tentar provar que a população de baleias é grande o suficiente para sustentar a retomada da caça comercial.

O consumo de baleias tem uma longa história no Japão, um país de pesca onde os cetáceos são caçados há séculos. A indústria baleeira cresceu após a Segunda Guerra Mundial, levando proteínas animais para a população deste país.

No entanto, a procura dos consumidores japoneses pela carne de baleia diminuiu consideravelmente nos últimos anos, tornando duvidoso o sentido das missões baleeiras.

27 Set 2017

Pyongyang | EUA dizem apostar numa solução diplomática 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, afirmou ontem que o seu país quer uma solução diplomática para a situação de tensão com a Coreia do Norte, agravada nas últimas semanas.

“Nós mantemos a capacidade de dissuadir as mais perigosas ameaças da Coreia do Norte, mas também apoiamos os nossos diplomatas a fim de que esta questão se mantenha, tanto quanto seja possível, na arena diplomática”, declarou Mattis, durante uma conferência de imprensa em Nova Deli.

“Este é o nosso objectivo: resolver isto diplomaticamente e creio que o Presidente (Donald) Trump foi muito claro neste assunto”, acrescentou.

Mattis recordou os resultados dos “esforços diplomáticos” nas Nações Unidas e, particularmente, no Conselho de Segurança, cujas resoluções “aumentaram a pressão” económica e diplomática sobre a Coreia do Norte.

As declarações de Mattis foram proferidas depois do ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Ri Yong-ho, ter acusado na segunda-feira o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ter “declarado guerra” a Coreia do Norte durante o seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, na semana passada. Ri Yong-ho disse que o seu Governo reserva-se “ao direito de derrubar bombardeiros estratégicos norte-americanos, ainda que não estejam dentro do espaço aéreo” da Coreia do Norte.

Pyongyang foi objecto de sanções, tanto dos Estados Unidos, como da ONU por persistir no programa balístico e nuclear que desenvolve há mais de 10 anos, violando as disposições das Nações Unidas.

No domingo passado, a Casa Branca anunciou novas sanções, ao incluir a Coreia do Norte no grupo de oito países com restrições para poder viajar para os Estados Unidos.

27 Set 2017

Fórum Macau | Construtora da família Ma vence concurso polémico

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Construção e Engenharia Omas, ligada à família Ma, venceu o concurso para a concepção e construção do Complexo de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa do Fórum Macau, que vai ficar situado junto à Assembleia Legislativa.

No entanto, de acordo com a Rádio Macau, o concurso esteve envolto em polémica, com vários arquitectos a queixarem-se que a tradução para português de cláusulas técnicas só chegou ao interessados com um mês de atraso. Ainda de acordo com a mesma fonte, foram igualmente feitas várias alterações durante o processo do concurso.

A proposta da Companhia de Construção e Engenharia Omas tem um valor de 692,8 milhões de patacas e foi a quarta mais barata das nove apresentadas. Segundo a Rádio Macau, da equipa do projecto da construtora fazem parte o arquitecto macaense Carlos Marreiros e os engenheiros José Silveirinha e Jorge Lipari Pinto.

O prazo para a execução do projecto é de 600 dias, existindo a hipótese de a obra ser concluída a tempo da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, que deverá acontecer nos últimos meses de 2019.

O novo complexo do Fórum Macau vai ser construído num terreno com uma área de 14 mil metros quadrados, junto à Assembleia Legislativa. Está previsto que o edifício receba todas as plataformas do fórum, como o centro de formação, de serviços e de exposição de produtos dos países de língua portuguesa.

26 Set 2017

Homem condenado por mensagem sobre Estado Islâmico

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal de Pequim condenou um homem a nove meses de prisão, por ter defendido a adesão ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), numa aplicação de mensagens chinesa, noticiou ontem a imprensa local.
“Junta-te comigo ao EI”, foi a mensagem escrita, em tom de brincadeira, no Wechat, o Whatsapp chinês, indicou o jornal Diário do Trabalhador.
Segundo o jornal, o homem, identificado com o pseudónimo Zhang Qiang, respondia a um comentário de um outro membro do grupo sobre a sua foto de perfil: o rosto de Usama bin Laden, fundador e líder da organização terrorista Al-Qaida, morto em 2011.
Zhang, um trabalhador migrante radicado em Pequim, foi detido em Outubro de 2016, por alegadamente promover o terrorismo e o extremismo, segundo um relatório da polícia.
Em tribunal, o homem afirmou “estar muito arrependido do que disse”.
Depois de verificar o seu telemóvel e computador, a polícia não encontrou qualquer comentário semelhante.
As autoridades chinesas estão a reforçar o controlo sobre comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’.
Este mês, a Administração do Ciberespaço da China publicou um regulamento, no qual estabelece que as empresas do sector devem verificar as identidades reais dos membros em grupos de conversação no espaço ‘online’.
O grupo no Wechat, no qual Zhang escreveu o comentário, tinha cerca de 300 membros.

26 Set 2017

USJ | Curso em Direito Lusófono aprovado pelo Governo

A Universidade vai lançar um mestrado a pensar no papel de Macau como plataforma entre a China e os Países Lusófonos, mas o curso não é exclusivo para residentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de São José vai lançar um mestrado em Direito Lusófono e Internacional Público e já conseguiu a aprovação do Governo, que foi ontem publicada em Boletim Oficial. Em declarações ao HM, Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da USJ, afirmou que o mestrado surge para dar resposta a uma procura crescente em Macau.

“É um mestrado que tem em conta os interesses dos residentes de Macau e as necessidades do território, enquanto plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, disse, ontem, Maria Antónia Espadinha.

“Sentimos que há uma procura maior por este tipo de formação, até porque é uma oferta que não existia até aqui. Desta vez, quisemos lançar uma formação mais forte e com uma duração maior, havendo de facto procura para este tipo de curso”, reiterou.

De acordo com o plano aprovado e publicado ontem em Boletim Oficial, o mestrado tem a duração de dois anos e um total de 434 horas de formação. Contudo, 56 horas têm de ser passadas no âmbito do estágio exigido para que os alunos possam concretizar com sucesso o curso. Outra das exigências é a realização de uma dissertação.

“Noutros projectos, os alunos têm oportunidade de aprender o Direito Português e Chinês, mas até agora não havia um curso com esta nomenclatura do Direito Lusófono, por isso acreditamos que tem procura. Aliás, se já houvesse um curso semelhante, nem o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior aprovaria o nosso pedido”, sublinhou.

No decorrer das aulas, os alunos vão comparar os direitos existente na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com o Direito da China. Além disso, vão ter cadeiras que explicam melhor o sistema jurídico de Macau.

“É um curso que pode ser muito apelativo para as pessoas que residem em Macau, mas não é exclusivo para elas. Se houver outras pessoas interessadas em inscreverem-se, podem fazê-lo”, frisou.

Lições em inglês

O curso vai ser leccionado em inglês, mas a vice-reitora da Universidade de São José avisa que é necessário ter algumas bases de português, que permitam conseguir ler os textos legais.

“É necessário ter alguns conhecimentos de português, que permita, pelo menos, ler as legislações existentes. As pessoas que não tiverem esses conhecimentos, terão um apoio extra. Serão dadas aulas, para quem necessitar desse auxílio”, esclareceu.

Os mestrandos vão ter ainda entrar contacto com o Direito da União Europeia, o que Espadinha explicou ser uma consequência natural do enquadramento jurídico de Portugal.

“Sim, houve de facto o cuidado de integrar no curso disciplinas relacionadas com o Direito da União Europeia, devido ao facto de Portugal fazer parte da UE. O Direito Lusófono tem de estar relacionado com o Direito dos Países Lusófonos, e Portugal é o primeiro desses países”, apontou.

26 Set 2017

Juri Vips venceu Campeonato Alemão de Fórmula 4

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ormação financiada por Teddy Yip Jr, filho do ex-parceiro de Stanley Ho, viu Juri Vips sagrar-se campeão de pilotos, naquele que foi mais um título a juntar ao trinfo na classificação por equipas.

Juri Vips, estónio da Prema Theodore Racing, sagrou-se o vencedor máximo do Campeonato Alemão de Fórmula 4, no fim-de-semana, em Hockenheim, depois de levar de vencida o colega de equipa, Marcus Armstrong, e Felipe Drugovich, brasileiro da Van Amersfoort Racing. O triunfo permitiu à Prema Theodore Racing, financiada por Teddy Yip Jr, fechar a época de 2017 com chave de ouro, depois de já ter garantido, há duas semanas, o campeonato por equipas.
Na última das três corridas da época, Vips ainda apanhou um susto, quando o colega de equipa se qualificou no primeiro lugar. Contudo, durante a prova, Artem Petrov (Van Amersfoort) foi mais forte, venceu, e acabou com o sonho de Marcus Armstrong. Assim, as contas ficaram seladas com uma diferença de 4,5 pontos, a favor de Vips, que foi terceiro nesta prova.
“É incrível – que sentimento fantástico. O trabalho dos últimos meses deu bons resultados. Estou tão feliz que até vou dançar no pódio”, disse Vips, depois de se ter sagrado campeão.
Por sua vez, Teddy Yip realçou os esforços do estónio: “O Juri [Vips] provou que merece ser campeão e que é um dos pilotos mais talentosos desta geração. Merece ser acompanhado nos próximos anos”, apontou.

Luta até ao fim

À entrada para a ronda de Hockenheim estava três pilotos na luta pelo título: Marcus Armstrong, com 212 pontos, Juri Vips, com 210,5, ambos da Theodore Racing, e o brasileiro Drugovich, com 190,5 pontos, da Van Amersfoort Racing.
Apesar da vantagem, o fim-de-semana não começou bem para a Theodore. A primeira sessão de qualificação ficou marcada por vários incidentes e Vips e Armstrong viram-se impedidos de fazerem voltas lançadas.
Já o brasileiro conseguiu um tempo que lhe permitiu arrancar do segundo lugar da grelha. Uma posição que Drugovich capitalizou da melhor maneira, ao vencer a primeira corrida do fim-de-semana. Vips e Armstrong recuperaram dos 14.º e 20.º lugares até 8.º e 10.º, respectivamente.
Na segunda corrida, a situação encaminhou-se para uma vitória da Theodore. Apesar de arrancar novamente do 2.º lugar, Drugovich teve problemas técnicos e teve de abortar a partida. O brasileiro foi obrigado a partir de último e acabou mesmo por desistir, dizendo adeus ao sonho.
Vips e Armstrong voltaram a mostrar a superioridade do monolugar da equipa e recuperaram de 14.º e 24.º, em que tinham arrancado, até 6.º e 9.º, respectivamente. O alemão Lirim Zendeli, da ADAC Berlin-Brandenburg, foi o vencedor da segunda das três corridas do fim-de-semana.
Finalmente, no domingo, o campeonato ficou resolvido a favor de Juri Vips, que terminou a corrida no 3.º lugar, posição em que tinha arrancado. Armstrong foi penalizado por não ter conseguido, diante de Petrov, a vitória que lhe teria valido o título, sendo segundo.
“Foi um fim-de-semana duro. Perder um campeonato por uma margem tão pequena nunca é fácil”, desabafou, no final, Armstrong.

26 Set 2017

Au Kam San defende Raymond Tam a prazo nos SMG e luta pelo sufrágio universal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]u Kam San, deputado reeleito nas últimas eleições legislativas, foi ontem ao programa Fórum do canal chinês da Rádio Macau e defendeu uma passagem provisória de Raymond Tam na direcção dos Serviços Metereológicos e Geofísicos. Na nova legislatura, Au Kam San promete continuar a lutar pelo sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo

Raimundo do Rosário confiou e nomeou. Raymond Tam é o novo director dos Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG), em substituição de Fung Soi Kun, mas para Au Kam San, deputado reeleito no passado dia 17, Tam deve ocupar esse cargo de forma provisória.

Um dos rostos do campo pró-democrata participou ontem no programa matinal Fórum do canal chinês da Rádio Macau e referiu que este nome na liderança dos SMG deve ser apenas uma transição.

Apesar das garantias deixadas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Au Kam San referiu que o mais importante neste processo é garantir a confiança da população, sendo que, uma vez que existem dúvidas desde o início, é provável que nos próximos trabalhos se enfrentem dificuldades.

Au Kam San lembrou que as últimas eleições pela via directa atraíram mais de 170 mil eleitores, o que demonstra bem a importância destes lugares. O deputado reeleito espera, por isso, que haja mais deputados eleitos pela via directa na Assembleia Legislativa (AL), sem esquecer a implementação do sufrágio universal para a eleição dos 33 deputados.

Na próxima legislatura, Au Kam San promete continuar a dar prioridade aos assuntos relacionados com a habitação e a renovação urbana, bem como a necessidade de construção de mais habitação pública.

Sobre o projecto de reabertura do terminal de autocarros das Portas do Cerco daqui a dois anos, Au Kam San considerou inaceitável o facto das obras demorarem tanto tempo. Além disso, o deputado defendeu que é também inaceitável toda a confusão que existe junto às Portas do Cerco em termos de organização de transportes e de acessos.

Au Kam San lamentou ainda que o Governo tenha recusado uma proposta técnica que propunha transformar os lugares de estacionamento destinados aos autocarros de turismo em lugares para autocarros públicos. Na visão do deputado eleito, o Campo dos Operários na zona das Portas do Cerco e o Comando da Unidade Táctica de Intervenção da Polícia devem ser recuperados para que, em termos de planeamento, haja uma maior interligação.

Proibições sem justificação

O pró-democrata comentou ainda os recentes casos de proibições de entrada em Macau de jornalistas e deputados de Hong Kong, tendo lembrando que as autoridades locais nunca apresentaram razões justificadas para essas proibições.

O deputado eleito referiu que a referida lei é destinada aos terroristas transnacionais, sendo que o facto do Governo citar esta lei para estes casos deve-se à falta de uma razão justificada. Au Kam San suspeita que o Executivo tem vindo a passar as responsabilidades para os funcionários que trabalham nas fronteiras.

No programa de rádio voltou-se a mencionar a publicação que Au Kam San fez no Facebook sobre a presença do exército chinês nas ruas, aquando da passagem do tufão Hato. O deputado reeleito voltou a explicar-se, dizendo que usou as palavras erradas e que o seu texto não tinha o objectivo de criticar a actuação dos soldados.

26 Set 2017

Pereira Coutinho critica DSAL por “reacção” eleitoral

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho atacou, ontem, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) por focar as atenções na revisão da lei laboral, quando, segundo o legislador, devia estar a trabalhar na liberdade sindical. Em declarações à Rádio Macau, Coutinho diz que a DSAL está apenas a reagir aos resultados das eleições.

“Acho que, em primeiro lugar, a DSAL está a reagir ao resultado das eleições e este comportamento não é saudável para uma RAEM que pretende ser uma cidade internacional, que respeita as convenções internacionais, nomeadamente aquelas que são aplicáveis por via da Lei Básica”, começou por dizer José Pereira Coutinho.

“O Governo devia era fazer um levantamento geral de quais os direitos fundamentais previstos na Lei Básica”, frisou.

Entre as prioridades, Coutinho apontou duas: “Aquilo que está por cumprir, e que, rigorosamente, mais falta faz a Macau é a liberdade sindical e a negociação colectiva”, atirou.

Segundo a proposta do Governo em consulta pública, o trabalho nos feriados obrigatórios passa a poder ser compensado com duas folgas, sem remuneração extra, se houver acordo entre as duas partes.

Porém, Coutinho diz que a proposta vai acabar por prejudicar os empregados, que estão numa “situação de inferioridade”.

“Isto é só deitar poeira para os olhos das pessoas”, disse. “Não vai funcionar na prática porque vai ser sempre imposta a lei do mais forte”, complementou.

26 Set 2017

Estudo | Constrangimentos na independência do Executivo

Académicos defendem que a acção política tem de se basear menos nas conversas informais entre os agentes e passar mais pela aposta na reforma das instituições para responder às crescentes exigências da população

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s relações pessoais são o principal mecanismo político de Macau, mas estão a corroer o sistema, apesar de uma aparente harmonia superficial. Esta é a conclusão de um estudo dos académicos Edmund Li Sheng e Penny Yim King Wan, da Universidade de Macau e Instituto de Formação Turística, respectivamente.

Segundo o documento com o nome Políticas Urbanas em Macau, publicado na revista Asia Pacific Viewpoint, é urgente que Macau faça uma reforma que permita ao sistema político adoptar princípios mais em linha com os padrões internacionais do primado do Direito, transparência e responsabilidade.

“De uma forma geral, é muito improvável que as práticas tradicionais de Macau continuem inalteradas e devem ser substituídas por novos sistemas que estão mais em consonância com as novas realidades [da RAEM enquanto cidade internacional]”, defendem Edmund Li Sheng e Penny Yim King Wan.

O estudo sublinha que os efeitos negativos da comunicação pessoal (conversa entre agentes) como principal forma de interacção política na RAEM tendem a ficar mais à vista, à medida que Macau se internacionaliza. Os autores apontam como as principais desvantagens desta forma de participação política: a perda de legitimidade das instituições ligadas ao governo, assim como a incapacidade do Executivo para tomar decisões de forma independente face os interesses das elites do mundo dos negócios”.

“Macau é um território pequeno, o que fez com que as comunicações pessoais se tenham desenvolvido como a forma mais comum de interacção política, em vez do recurso às instituições formais”, é apontado.

“No entanto, as interacções políticas são baseadas na cooperação entre um grupo de pessoas, que acaba por ser uma faceta da harmonia local, que constrange largamente a liberdade do Governo para tomar decisões com independência”, é sustentado.

Harmonia e dilemas

Perante este cenário, as relações de proximidade são apontadas como geradoras de uma “harmonia social superficial”, ao mesmo tempo que “corrompem as instituições formais e minam a legitimidade do Governo da RAEM”.

Segundo o cenário traçado pelos dois académicos, o território atravessa um dilema social e político, que se traduz no desfasamento entre uma massa política e um sistema político “obsoleto”, herdado da administração portuguesa.

O dilema é explicado com a existência de fraca liderança, cujo efeitos são agravados pelo egoísmo dos políticos focados em servir os seus interesses.

“O dilema político e social é o resultado de uma liderança fraca, existência de instituições conservadoras, impasse institucional, uma sociedade civil fraca e um enorme fosso entre o governo e a sociedade”, é afirmado.

“A situação acaba por ser exacerbada devido ao conservadorismo, egoísmo, reformas políticas inadequadas e cálculos políticos feitos para servir os interesses individuais”, é acrescentado.

26 Set 2017

Filipinas | Rejeitadas recomendações da ONU contra “guerra antidroga”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s Filipinas rejeitaram as recomendações das Nações Unidas para investigar assassinatos extrajudiciais na polémica “guerra antidroga” e para desistir de restaurar a pena de morte, anunciou ontem o Governo chefiado pelo Presidente, Rodrigo Duterte.

Estas propostas figuram entre as 254 directivas recomendadas em Maio passado pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH) das Nações Unidas, das quais Manila só pretende acatar 103, disse, em conferência de imprensa, o porta-voz da presidência, Ernesto Abella.

O executivo filipino decidiu que recomendações aceitar e quais rejeitar “após uma consulta exaustiva com as partes interessadas” e “em linha com a política externa independente” das Filipinas, justificou.

Investigar os assassinatos extrajudiciais da “guerra antidroga” e permitir que a ONU inspeccione este caso, travar o processo de restauração da pena de morte e abandonar a redução da idade de responsabilidade criminal são as propostas mais importantes rejeitadas pelas Filipinas.

O Conselho de Direitos Humanos solicitou ao país estas medidas para combater a impunidade, após a multiplicação de denúncias da participação das forças de segurança em execuções extrajudiciais como parte da sangrenta cruzada contra a droga levada a cabo por Duterte.

No passado dia 11, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, afirmou-se “gravemente preocupado com o apoio do Presidente a uma política de matar os suspeitos” e com a “aparente ausência de investigações credíveis” das execuções.

A política dura de Duterte também prevê a redução da idade penal de 15 para nove anos e a restauração da pena de morte (abolida em 2006), decisões que estão a aguardar uma resolução final do congresso das Filipinas.

26 Set 2017

Macau apadrinha Fórum Económico entre China e países lusófonos

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 80 responsáveis de Portugal, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde vão participar no Fórum Económico sobre Cidades Sustentáveis, em Outubro, em Macau, foi ontem anunciado.
A cooperação económica e monetária entre a China e os países de língua portuguesa (PLP) vai ocupar os debates do fórum, organizado no âmbito da Feira Internacional de Macau (MIF), de 19 a 21 do próximo mês, e onde Angola será o “país de referência”.
O Fórum Económico Cidades Sustentáveis Macau – Guangzhou – Hong Kong realiza-se a 20 de Outubro, com duas conferências: “Como melhorar a capacidade de financiamento de projectos entra a China, Macau e os Países de Língua Portuguesa” e “Cidades sustentáveis e inteligentes, perspectivas para uma cooperação económica global, tendo em conta o desenvolvimento local”.
De acordo com o programa provisório a que a agência Lusa teve acesso, vão intervir na sessão de abertura o secretário de Estado da Internacionalização de Portugal, Eurico Brilhante Dias, o Chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, o governador da província de Guangdong, Ma Xingrui, o presidente da comissão executiva da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e presidente do governo regional do Príncipe, José Cassandra, o presidente do Fórum de Empresários de Língua Portuguesa (FELP), Francisco Viana e o secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho.
Estão ainda por confirmar as presenças do governador da província de Luanda e presidente da assembleia-geral da UCCLA, general Higino Carneiro, segundo o mesmo programa.

Olhos em Angola

A conferência “Como melhorar a capacidade de financiamento de projectos entre a China, Macau e os Países de Língua Portuguesa” vai contar com a participação de responsáveis de várias instituições bancárias e financeiras, como os bancos EuroBic, Sol, Industrial e Comercial da China, BNU, Banco da China, Instituto de Formação Financeira e Fundo China África.
Na segunda conferência de dia 20, “Cidades sustentáveis e inteligentes, perspectivas para uma cooperação económica global, tendo em conta o desenvolvimento local”, a mesa-redonda estará ocupada por autoridades locais e municipais de Cascais, Lisboa, Almada, Maputo e Cabo Verde.
Em Abril decorreu em Luanda a edição anterior do fórum económico sobre cidades sustentáveis, que contou com mais de 200 convidados, entre os quais responsáveis do Centro de Apoio Empresarial de Macau do IPIM.
A escolha de Angola para ser o país de referência na MIF foi tomada em Junho, aquando de uma visita a Macau de uma delegação da UCCLA.
De acordo com o presidente da Confederação Empresarial de Angola (CEA) e da FELP, Francisco Viana, mais de meia centena de empresas angolanas vão estar presentes na 22.ª edição da MIF.
O crescente interesse nos produtos e serviços dos países lusófonos levou à criação de um espaço individualizado na MIF, designado como PLPEX (Exposição dos Países de Língua Portuguesa), anunciou à Lusa, em Julho, Gloria Batalha, administradora do IPIM.
Glória Batalha esclareceu que esta decisão de individualizar e colocar a PLPEX ao lado da MIF é o resultado de um trabalho estratégico de reforçar o papel de Macau como plataforma de cooperação entre a China e o bloco lusófono, como definido por Pequim.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Educação | Centro de Ciência de Macau reabre esta semana

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois dos estragos provocados pela passagem do tufão Hato pelo território, o Centro de Ciência de Macau volta a abrir portas ao público na próxima sexta-feira. Como os trabalhos de reparação ainda estão em curso, nomeadamente na cobertura de alumínio, estará disponível para os visitantes, por questões de segurança, uma entrada temporária. O Centro de Ciência de Macau tem um conjunto de actividades no calendário, como o Festival do Outono e o Dia da Implantação da República Popular da China. Também o Planetário terá três espectáculos adicionais entre 1 e 8 de Outubro.

26 Set 2017

Alexis Tam visitou embaixador da China em Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, realizou uma visita oficial, no passado dia 19, à embaixada da China em Portugal. Segundo um comunicado oficial, a visita serviu para “discutir formas de maximizar o aproveitamento das vantagens de Macau para promover os laços entre os povos chinês e português, bem como reforçar o desenvolvimento dos relacionamentos bilaterais”. Além de Alexis Tam, estiveram ainda presentes no encontro representantes das “áreas da educação, juventude, saúde e cultura”, entre outras.

Cai Run, embaixador da República Popular da China em Lisboa, disse que as relações bilaterais entre Portugal e China “passam pelo melhor período de sempre”, além de se terem vindo a intensificar. Foram “assinados vários protocolos, por forma a dar continuidade ao reforço do intercâmbio económico, comercial e cultural entre os povos dos dois países”, lembrou Cai Run.

Talentos para o futuro

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura lembrou o papel que Macau pode ter na formação de talentos bilingues, tendo dito que “a vantagem linguística e os contactos entre os dois povos que Macau possui poderão contribuir para reforçar os laços bilaterais na concretização das iniciativas nacionais de “Uma Faixa, Uma Rota”.

Cai Run referiu ainda que, em 2019, a RAEM celebra 20 anos de existência e comemoram-se também os 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China. Nesse ano deverá realizar-se “o festival cultural sino-português, de forma a fortalecer o intercâmbio cultural entre os povos dos dois países”.

Alexis Tam aproveitou ainda a sua estadia em Portugal para se encontrar com 110 alunos de Macau que frequentam cursos superiores no país. Citado por um comunicado, o secretário terá dito aos jovens para que “estudem aplicadamente”, para “contribuírem para o desenvolvimento de Macau no futuro”.

25 Set 2017

Eleições | Agnes Lam diz estar entre democratas e campo tradicional

Muitos analistas falaram daquela que foi a grande surpresa das eleições legislativas como estando posicionada ao centro, em termos políticos. Em entrevista à Lusa, Agnes Lam, líder da Observatório Cívico e deputada eleita, afirma isso mesmo, mas refere que não quer ser vista como “anti-governo”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] recém-eleita deputada de Macau Agnes Lam diz não se identificar com nenhuma das alas da Assembleia Legislativa (AL) – democrata ou pró-sistema – e frisa que, ainda que apoie o sufrágio universal, não quer ser vista como “anti-governo”.

Desde que Agnes Lam foi eleita para a AL no passado dia 17, que comentadores, politólogos e meios de comunicação diferem na forma de a categorizar: uns acham que vem alargar o campo democrata, outros rotulam-na como pró-sistema. Em entrevista à agência Lusa, Lam diz estar a tentar seguir “um caminho novo”.

“Sou diferente do campo pró-sistema tradicional e do campo democrático tradicional. Porque é que estou a concorrer? Porque não gosto da maneira como lidam com as coisas. Sou independente, quero ser profissional. Percebo porque é difícil para os media categorizarem-me, têm usado diferentes rótulos”, comentou.

Agnes Lam, professora universitária, diz ser a favor da implementação do sufrágio universal em Macau, mas não é por isso que se coloca firmemente com os democratas, já que “eles são mais, como os chineses lhes chamam, anti-governo”.

No entanto, Lam, de 45 anos, também não se vê como uma clássica candidata do ‘sistema’, apesar de nas eleições ter sido apoiada pela tradicional Associação da Nova Juventude Chinesa e de ser membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

“Não me importo que [Pequim] me apoie, mas ao mesmo tempo quero manter o meu estatuto de independente. Fui nomeada para essa posição antes de começar a pensar que podia concorrer às eleições e não vejo grande vantagem em demitir-me apenas por causa dos rótulos das pessoas”, justificou.

Para Lam, ao contrário de países como os Estados Unidos, em Macau “não há assim tantas diferenças ideológicas” e “não faz sentido passar o tempo todo a discutir essas coisas”.

“Passamos muito tempo a acusar pessoas ‘Estás com Pequim, não vais fazer nada de bom’, ‘És contra o Governo por isso o que propões não é bom’. Passamos muito tempo a acusar os outros e não nos focamos nos assuntos em si (…) Não quero sentar-me ali e gritar com este e aquele”, afirmou.

Unir para legislar

A nova deputada considera formar parcerias para propor projectos de lei, mas não elege os quatro deputados do campo pró-democrata como aliados naturais. “Considero formar alianças com toda a gente. [Esses quatro] não chegam, se não tiver o outro lado não consigo fazer nada”, explicou.

A estratégia, disse, vai depender da natureza dos assuntos. Um dos seus objectivos é legislar contra a discriminação da amamentação em público, sendo esse um projecto em que planeia tentar juntar-se às outras cinco deputadas.

Já para “leis que envolvam interesses” será necessária “uma estratégia diferente”. Pode ser o caso da revisão da lei do erro médico, uma das suas prioridades para a nova legislatura, para a qual contará com o apoio dos dois médicos que integraram a sua lista.

25 Set 2017

Zheng Xiaosong novo director do Gabinete de Ligação

[dropcap style≠’circle’]Z[/dropcap]heng Xiaosong é o novo director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, substituindo Wang Zhimin. A informação foi avançada, na sexta-feira, pelo jornal The Standard, sediado em Hong Kong.

O novo director, que é vice-ministro do Departamento Internacional do Comité Central do Partido Comunista, assumiu as funções na passada quarta-feira. Anteriormente Zheng Xiaosong desempenhou o cargo de vice-governador da Província de Fujian, de acordo com o portal China Vitae. Esta foi uma posição que Zheng, de 58 anos, ocupou até ao ano passado. O governante chinês é licenciado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Por sua vez, Wang Zhimin vai ocupar a posição de director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong. Wang tinha assumido o cargo de director do Gabinete de Ligação em Macau há pouco mais de um ano.

Esta troca acontece depois de no início do mês ter sido noticiado que Li Gang, antecessor em Macau de Wang,  tinha sido expulso da Assembleia Popular Nacional, estando sob suspeita de “violar gravemente a disciplina”. Este é um termo usado normalmente para apontar casos de corrupção dentro do Partido Comunista.

Em Hong Kong, Wang Zhimin vai substituir Zhang Xiaoming, que foi promovido a director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau em Pequim. Esta é uma posição deixada em aberto  por Wang Guangya, que atingiu a idade de reforma.

25 Set 2017

Eleições | Tribunal nega pedido de recontagem de votos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Tribunal de Última Instância de Macau negou “liminarmente” o pedido de recontagem dos votos apresentado pelo mandatário e primeiro candidato da lista Nova Ideais de Macau, Carl Ching Lok Suen. O pedido, entregue na quarta-feira, alegava que deveria haver uma recontagem devido a semelhanças entre o símbolo da lista número 1 e da lista número 2. Contudo o TUI decidiu que  pedido de recurso não se justificava.

“Visto que o recorrente nunca apresentou reclamação, protesto ou contraprotesto no decurso do apuramento, nem interpôs recurso gracioso perante a assembleia de apuramento geral, não estão preenchidos os pressupostos legais de interposição do recurso contencioso”, escreveu a titular do processo, a juíza Song Man Lei, de acordo com uma nota do Gabinete do Presidente do TUI, emitida na sexta-feira.

“O recorrente não pode interpor recurso contencioso relativamente a questões que poderão ter ocorrido no decurso do apuramento”, sublinhou a mesma fonte.

A lista de Ching obteve 199 votos nas eleições, abaixo dos 300 necessários para que a caução de 25 mil patacas seja devolvida. Também na sexta-feira, de acordo com a Lusa, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) tomou uma posição sobre o assunto, defendendo que “para pedir uma reapreciação, o mandatário teria de ter apresentado uma reclamação durante o acto de apuramento”.

Na altura em que entregou o pedido de recurso, Carl Ching admitiu que se tinha endividado para que pudesse pagar a caução, e que agora precisava do dinheiro para o devolver aos amigos.

25 Set 2017

Turismo | Número de visitantes diminui em Agosto devido ao Hato

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s efeitos do desastre natural de 23 de Agosto fizeram-se sentir também no sector turístico. Durante o mês de Agosto, o número de visitantes que Macau recebeu diminuiu 0,6 por cento em termos anuais e 1,8 por cento na contabilidade mensal. A razão apontado pelos Serviços de Estatística e Censos para a diminuição foi a passagem do tufão Hato pela região.

Durante o mês de Agosto Macau recebeu um total de 2.866.400 visitantes, deste número 1.318.619 foram excursionistas, enquanto o número de turistas foi 1.547.781. O número de pessoas que chegaram através de excursões sofreu uma diminuição de 6,2 por cento em comparação com igual período homólogo do ano anterior, enquanto que o número de turistas aumentou 4,8 por cento.

O período médio de permanência em Macau aumentou ligeiramente para 1,3 dias por turista, o que representa uma subida de 0,1 dias em relação ao ano transacto.

Do total de visitantes, a larga maioria foi oriunda do Interior da China, chegando ao total de 2.016.846, o que representou um crescimento de 1,9 por cento em relação a Agosto do ano passado. Os turistas originários de Hong Kong foram 529.676, uma proveniência que sofreu um decréscimo de 10,5 por cento, enquanto que de Taiwan chegaram 92.580 visitantes, ou seja, menos 1,9 por cento.

O número de turistas oriundos dos Estados Unidos da América, Canadá, Austrália e Reino Unido continuaram a diminuir. Em contrapartida, os visitantes que chegaram da da Coreia do Sul aumentaram neste mês de Agosto 30,8 por cento.

Neste aspecto importa salientar que a 25 de Agosto os Serviços de Turismo de Macau suspenderam as viagens turísticas à cidade até ao passado dia 2 de Setembro, uma medida que afectou o número de visitantes.

25 Set 2017

PME | Paulo Macedo diz que BNU vai reforçar apoios

O presidente-executivo da Caixa Geral de Depósitos garantiu, no âmbito de um encontro com Chui Sai On, que o BNU vai proporcionar mais apoios financeiros para as empresas de pequena dimensão, sem esquecer o sector do retalho. Paulo Macedo está em Macau no contexto da celebração dos 115 anos do banco local

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]aulo Macedo chegou a ser ministro da saúde em Portugal, mas é na qualidade de presidente-executivo do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) que tem estado em Macau para uma visita que marca a celebração do 115º aniversário do Banco Nacional Ultramarino (BNU).

À margem das festividades, Paulo Macedo tem reunido com governantes locais. Após um encontro com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, foi anunciado que o BNU vai aumentar o apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME) e ao desenvolvimento do sector do retalho no território.

De acordo com um comunicado oficial distribuído no final da audiência, Paulo Macedo lembrou que o BNU “explora actividades em todos os países de língua portuguesa” e, por isso, acredita que o banco vai “certamente contribuir com o seu papel e potencialidades para que Macau se torne na plataforma de serviços comerciais entre a China e o mundo lusófono”.

O Chefe do Executivo recordou que o BNU está estabelecido em Macau “há muitos anos, é uma importante instituição financeira e um dos bancos emissores de moeda e que tem desempenhado um papel muito importante no desenvolvimento económico e na manutenção da segurança e estabilidade do sistema financeiro” do território.

O governante assegurou ainda que, “no futuro, o Governo da RAEM irá, tal como sempre, apoiar o desenvolvimento do BNU e das actividades financeiras de Macau, bem como, em conjunto com esta instituição financeira, envidar os maiores esforços em prol do progresso económico” local.

Chui Sai On lembrou que o Governo da RAEM, “com o forte apoio do Governo Central”, dedica-se, designadamente “à participação activa no projecto nacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’, na estruturação da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e no fortalecimento do papel de plataforma de serviços de cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”.

Por isso, de acordo com o documento distribuído aos jornalistas, o Chefe do Governo disse acreditar que “o sector financeiro de Macau, que inclui o BNU, irá aproveitar estas oportunidades para explorar mais espaço de desenvolvimento”, esperando também que o banco “possa aproveitar as potencialidades existentes na rede de actividades dos países de língua portuguesa para, em conjunto com o Governo da RAEM, alcançar a meta da implementação de uma plataforma entre a China e a lusofonia e promover a diversificação económica adequada”.

Promessas feitas

No encontro participaram, entre outros, o presidente executivo do BNU, Pedro Cardoso, e a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, O Lam.

Na quinta-feira, à margem da cerimónia comemorativa dos 115 anos do banco, Paulo Macedo tinha afirmado que o BNU vai desempenhar um papel ainda mais activo na promoção de negócios entre o território, a China e os países lusófonos.

Para a CGD, Macau e o BNU são uma porta da China para os países lusófonos, em termos de negócio e trocas comerciais, afirmou o responsável

A CGD está presente em sete países lusófonos e é líder em cinco: Portugal, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Em 2003, a China estabeleceu a RAEM como a plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa.

25 Set 2017

SSM e associação de médicos lamentam morte de Larguito Claro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde e a Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau manifestaram sexta-feira pesar pela morte na quinta-feira do médico João Maria Larguito Claro, que chefiou aqueles serviços entre 1993 e 1999.

Os Serviços de Saúde destacaram o “contributo e a valorização da classe médica” do especialista em dermatologia que desenvolveu “um trabalho digno e marcante no território”, de acordo com um comunicado.

Por seu lado, a Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM) lamentou a morte de Larguito Claro e destacou a “dinâmica imposta pelos centros de saúde e a criação de áreas de especialização”, reconhecidamente “fundamentais e estruturantes” na actividade no território, indicou em comunicado.

“Larguito Claro foi um homem com visão, com sentido de entrega à missão e com espírito empreendedor na área da Saúde em Macau”, sublinhou, na nota, o presidente da AMPLM, Jorge de Sales Marques.

Os Serviços de Saúde de Macau e a AMLP enviaram condolências à família de Larguito Claro.

A 7 de Abril passado, o Ministério da Saúde português distinguiu Larguito Claro, director do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar do Algarve, com a Medalha de Mérito da Saúde, Grau Ouro, em reconhecimento do profissionalismo e dedicação ao longo da sua carreira em prol da melhoria da acessibilidade de todos os cidadãos aos cuidados de saúde.

25 Set 2017

Areia Preta | Polícias à civil impedem suicídio de mulher

Dois polícias salvaram uma residente de 37 anos, que tinha saltado para o rio para se suicidar. O caso aconteceu na Areia Preta, à frente do hotel Crowne Plaza, e os agentes não estavam identificados como polícias

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois polícias da Unidade Táctica de Intervenção da Polícia de Segurança Pública impediram que uma mulher se suicidasse no sábado, pelas 16h30, à frente do hotel Crowne Plaza. O caso aconteceu quando os dois homens que realizavam corrida, vestidos com equipamento desportivo, mas sem nada que os identificasse como membros da polícia, viram a mulher a atirar-se ao rio.

Assim que viram a residente na água, os dois homens, que corriam em direcção às Portas do Cerco, saltaram para o rio para impedirem que a mulher entrasse numa zona onde não tivesse pé e fosse arrastada pela corrente.

Agarrada pelos dois corredores, a mulher de 37 anos, lutou afincadamente para se soltar, ao mesmo tempo que gritava e chorava, desesperada, para que a deixassem morrer.

A dificultar a tarefa dos dois homem esteve o lodo no fundo rochoso do rio, que por ser muito escorregadio dificultou as tarefas de salvamento. Este facto fez com que apesar das várias tentativas, os dois polícias sozinhos não conseguissem tirar a mulher da água.

Por sua vez, a senhora, de joelhos e com a água a chegar-lhe ao peito, pedia que a largassem para se afogar. A situação durou cerca de dez minutos até à chegada da PSP e dos bombeiros.

Enquanto aguardavam pela chegada dos colegas, os polícias contaram com a ajuda de duas pessoas, sem que fosse possível tirar a mulher da água. Contudo, a frustração de um dos agentes ficou bem patente a certa altura, quando começou a pedir auxílio às pessoas que se juntaram para assistir à cena. Ao mesmo tempo, pedia-lhes que não ficassem apenas a filmar com os telemóveis.

Fora de perigo

Só com a chegada da PSP e dos bombeiros foi possível colocar a vítima a salvo. Contudo, pelo facto de o piso ser demasiado escorregadio, foram precisos mais de seis agentes para resolver a situação.

Num primeiro momento, a mulher foi levantada e levada para as rochas. Nessa altura, os bombeiros e a polícia colocaram-lhe uma corda à volta do corpo. Porém, a mulher gritava para que a deixassem morrer, e quando percebeu que estava dominada, tentou dar cabeçadas nas rochas, mordendo igualmente o joelho de um agente que a tentava salvar.

Depois de imobilizada, a senhora de 37 anos foi mantida quente com vários cobertores, que os agentes trouxeram consigo. Só depois foi colocada numa maca e levada, numa ambulância, para o hospital Conde São Januário, onde se encontra livre de perigo.

De acordo com as informações prestadas pela PSP ao HM, a mulher está a receber tratamento, pelo que só vai ser possível apurar os motivos que a levaram a tentar suicidar-se mais tarde, quando tiver alta.

Antes de se atirar ao rio, a mulher deixou nas rochas um papel com uma mensagem, três maços de cigarros, um telemóvel – que nunca parou de tocar – e um par de chinelos brancos e cor-de-rosa.

25 Set 2017

Língua | IPOR promove programa de leitura em português

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente começa hoje uma série de sessões de leitura com a contadora de histórias Cristina Taquelim em várias escolas de Macau, abarcando um universo de cerca de 500 crianças. O programa pretende dinamizar a leitura em língua portuguesa durante a semana que agora começa.

As sessões realizam-se na Escola Luso-Chinesa da Flora, Escola Zheng Guanying, infantário D. José́ da Costa Nunes, Escola Portuguesa de Macau, Oficinas de Língua Portuguesa para Crianças e Jovens do IPOR e o Curso Geral do próprio instituto.

Na quinta-feira, pelas 19h, no Café Oriente do IPOR a escritora conduz uma sessão aberta de narração de histórias dirigida ao público em geral.

Cristina Taquelim é coordenadora de vários programas de promoção e mediação de leitura, integra a equipa de especialistas do Projecto Casa da Leitura da Fundação Gulbenkian e é fundadora da Associação de Contadores de Histórias.

Além disso, é autora de vários livros de literatura infanto-juvenil, como “Na minha casa somos sete”, editado em Portugal e “Malaquias”, “Uma casa na Lua” e “Corrupio” editados no Brasil.

25 Set 2017

Instituto Cultural | Revelado inventário do património cultural intangível de Macau

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m misto de crenças espirituais e manifestações culturais preenchem o inventário do património cultural intangível que o Instituto Cultural (IC) pretende identificar, reconhecer e salvaguardar, cumprindo o estabelecido na Lei de Salvaguarda do Património Cultural.

A lista de expressões culturais intimamente ligadas ao território inclui 15 manifestações. São elas a Ópera Yueju (Ópera Cantonense), a preparação do chá de ervas, a escultura de imagens sagradas em madeira, o Naamyam Cantonense (Canções narrativas), a música de ritual taoista, o Festival do Dragão Embriagado e a crença e os costumes ligados à adoração a A-Ma.

A estes manifestações culturais, este ano o IC decidiu juntar a crença e os costumes de Na Tcha, o teatro em patuá, a gastronomia macaense, a crença e os costumes de Tou Tei, a crença e os costumes de Chu Tai Sin, a arte dos andaimes de bambu, a procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e a procissão de Nossa Senhora de Fátima.

O objectivo da actualização do inventário, anunciado na sexta-feira pelo IC, tem em vista a continuidade do levantamento do património de forma a ser inscrito na Lista do Património Cultural Intangível.

25 Set 2017

China | Pagar com dinheiro vivo é “coisa de antigamente”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma sociedade em que moedas e notas são obsoletas e tudo é pago via ‘carteiras digitais’ está a materializar-se rapidamente na China, impulsionando novos modelos de negócios e uma geração de consumidores mais autónomos.

Zhao Gang, um jovem chinês radicado em Pequim, não tem dúvidas: “No que toca a pagamentos móveis, a China está à frente do resto do mundo”.

À semelhança de milhões de compatriotas, Zhao há muito deixou de levar carteira quando sai de casa. O telemóvel basta-lhe.

Segundo a consultora iResearch, os pagamentos feitos via carteiras digitais na China atingiram, no ano passado, 5,5 biliões de dólares.

O fenómeno está a inspirar novos modelos de negócio, com impacto na rotina dos consumidores.

Para se deslocar para o trabalho, Zhao aluga uma das centenas de milhares de bicicletas hoje distribuídas pelas ruas de Pequim, fazendo a leitura do código QR com o seu telemóvel.

À hora do almoço, volta a alugar uma bicicleta e desloca-se até ao restaurante Renrenxiang, onde os pedidos e pagamentos são feitos via aplicativo Wechat e a refeição sai da cozinha num tapete rolante.

Lançado em Janeiro de 2011, pelo gigante chinês da Internet Tencent, o Wechat tem hoje quase mil milhões de utilizadores, segundo dados da empresa.

Liu Zheng, fundador do Renrenxiang, diz à agência Lusa que o seu modelo de negócio é a “tendência do futuro”.

“Noto que o perfil da mão-de-obra chinesa está a mudar muito”, diz Liu, que trabalhou vários anos no departamento de Recursos Humanos de uma das maiores empresas de telecomunicações da China.

“Nas grandes cidades, há cada vez menos pessoas dispostas a fazer trabalho manual e por salários baixos”, afirma.

Em 2015, a população em idade activa na China registou a maior contração de sempre – 4,87 milhões de pessoas -, enquanto o país relega gradualmente o papel de “fábrica do mundo” para outras nações asiáticas.

Quan Bin, cofundador de uma rede de lojas de conveniência sem atendimento, diz que uma das maiores vantagens dos pagamentos móveis é o ‘Big Data’, a análise dos dados dos consumidores, que permite moldar a oferta à procura.

“Logo a partir do momento em que o cliente faz o registo, temos acesso aos seus dados pessoais. Sempre que ele faz compras, o nosso sistema armazena e analisa o seu historial de consumo”, explica.

Nas lojas da Xiaomai, o cliente faz a leitura do código de barras e o pagamento com o telemóvel. A porta abre-se automaticamente, através de um sistema de reconhecimento facial.

Das contradições

Pequim apoia o fenómeno, que considera vital na transição para um modelo económico mais baseado no consumo e nos serviços, mas esforça-se para sufocar a liberdade criada pela internet através do “Grande Firewall da China”.

Aquele mecanismo censura sites como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer.

As versões electrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão bloqueadas no país, enquanto comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’ são sujeitos a controlo das autoridades.

Em 65 países analisados pelo grupo de pesquisa Freedom House, a China tem a Internet mais fechada, abaixo do Irão e da Síria.

Para Liu Zheng, no entanto, a internet chinesa oferece um potencial único.

“Em mais nenhum outro país o meu negócio seria tão bem-sucedido”, atira. “Os serviços ‘online’ atingiram um nível de difusão ímpar na China”.

25 Set 2017