Terreno de volta | Concessão tinha expirado em 2003

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem declarada a concessão de um terreno que estava nas mãos de um particular desde 1953, não tendo sido aproveitado nos termos do contrato celebrado com a Administração. O prazo da concessão tinha terminado já em 2003, mas só agora é que foram desencadeados os procedimentos finais para que a parcela em causa seja recuperada pelo Governo.

No despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas publicado ontem em Boletim Oficial, explica-se que o terreno, com 30,35 metros quadrados, fica nas imediações da Estrada do Repouso e da Rua da Erva. O concessionário tinha uma parcela no mesmo local, pelo que o terreno objecto do contrato de concessão foi anexado a esse prédio.

De acordo com o contrato de concessão, o prazo de arrendamento era de 50 anos, pelo que expirou a 18 de Novembro de 2003. O lote destinava-se à construção urbana. “Todavia, não há qualquer construção no terreno, bem como não existem elementos no processo (…) da Comissão de Terras que comprovem que o mesmo tenha sido aproveitado, e também não se encontra algum processo de licenciamento de obra para o local no Sector do Arquivo Geral da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes”, justifica o despacho de Raimundo do Rosário.

Porque o terreno não foi aproveitado, entende-se que a concessão manteve o carácter provisório, pelo que é declarada a caducidade da concessão.

8 Jun 2017

‘Gaokao’| Milhões de estudantes iniciam teste crucial

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhões de estudantes chineses submetem-se desde ontem ao ‘Gaokao’, o maior exame de acesso à universidade do mundo, considerado “crucial à meritocracia chinesa”, e que exige anos de preparação.

Segundo números do ministério chinês da Educação, de um total de quase dez milhões de adolescentes que fazem esta semana os testes, apenas 3,74 milhões vão conseguir entrar na Universidade.

Entre aqueles, só alguns milhares terão acesso às melhores instituições de ensino superior do país, que garantem maiores probabilidades de um bom futuro profissional ou académico.

“O ‘Gaokao’ é como um grande jogo, em que cada participante segue a mesma lógica e trabalha arduamente para aumentar as hipóteses de ser escolhido”, descreve Liu Jiawei, estudante na Universidade de Pequim.

Para Liu, o ‘Gaokao’ é também uma prova do seu esforço nos primeiros vinte anos da sua vida e marca um ponto de viragem para a vida adulta.

O êxito no ‘Gaokao’ pode proporcionar a saída da pobreza de famílias rurais, permitindo o acesso dos seus filhos a um emprego bem remunerado nas prósperas cidades do litoral.

Mobilização geral

A prova é um acontecimento nacional, com pais e familiares, estudantes ou curiosos, a concentrarem-se em frente aos centros de exame para encorajar os estudantes.

O ‘Gaokao’ demora entre dois e três dias, variando entre províncias, e inclui testes de língua chinesa, matemática, inglês, humanidades e ciências.

Na Mongólia Interior, noroeste da China, um comboio transportou na terça-feira mais de 600 estudantes até ao distrito de Oroqen, para realizarem a prova.

Em Pequim e outros centros urbanos, a frequência de algumas carreiras de autocarro foi reforçada. No metro, os estudantes têm acesso prioritário, evitando filas de espera em hora de ponta.

Dispositivos da polícia são também destacados, para manter a ordem e evitar o uso de cábulas.

Este ano marca o 40.º aniversário desde que os testes foram retomados, após terem sido suspensos durante a Revolução Cultural, entre 1966-76.

8 Jun 2017

Pequim opõe-se a relatório do Pentágono sobre o exército chinês

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim “opõe-se firmemente” a um relatório do Pentágono sobre o exército chinês, que destaca a construção de instalações militares em ilhas artificiais no Mar do Sul da China e sugere que o país construirá mais bases militares além-fronteiras.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying afirmou ontem que o relatório, que é publicado anualmente, contém “comentários irresponsáveis” e ignora os factos.

“A China opõe-se firmemente” ao documento, disse Hua, afirmando que o seu Governo é uma força na salvaguarda da paz e estabilidade na região Ásia-Pacífico e no mundo.

Recusando comentar a possível abertura de bases militares além-fronteiras, Hua afirmou que a China e o Paquistão – um dos países apontado como favorito a receber uma base chinesa – são países amigos que colaboram de forma mutuamente benéfica em diversos domínios.

A China está a construir a sua primeira base militar fora do país em Djibuti, que diz irá facilitar a sua participação em patrulhas anti-pirataria no Golfo de Áden e as operações da ONU de manutenção da paz na região.

Influência crescente

A base ficará situada próximo de uma base norte-americana, mas o exército dos Estados Unidos recusa que se trate de uma ameaça.

“A China muito provavelmente vai tentar estabelecer mais bases militares em países com os quais tem uma longa relação de amizade e interesses estratégicos similares, como com o Paquistão”, afirma o relatório do Pentágono.

“Esta iniciativa, somada à visita regular de navios militares chineses a portos estrangeiros, reflecte e amplifica a crescente influência chinesa, estendendo o alcance das suas forças armadas”, aponta.

O documento refere ainda a construção de instalações militares nas Ilhas Spratly, no Mar do Sul da China, que Pequim reclama quase na totalidade.

E detalha que, no final do ano passado, a China estava a construir hangares com dimensão para combate, instalações para fixar armas, quartéis, edifícios administrativos e infraestruturas de comunicação.

A China afirma que as bases servem para garantir a segurança de navegação e assistir barcos de pesca. Mas aponta também que ajudam a reforçar as reclamações territoriais do país e que Pequim tem o direito de aumentar a capacidade de defesa no território.

“O desenvolvimento da defesa nacional serve para salvaguardar a independência soberana da China e a integridade do seu território. É um direito legítimo de um Estado soberano”, afirmou Hua.

8 Jun 2017

Detido líder do maior grupo da máfia japonesa ‘yakuza’

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades japonesas detiveram, por fraude, o líder do grupo ‘yakuza’ Kobe Yamaguchi-gumi, herdeiro da maior organização criminosa do país, num novo golpe da polícia contra a máfia que vive actualmente uma luta interna pelo poder.

Kunio Inoue, de 68 anos, foi detido na terça-feira pela polícia de Hyogo, no centro do Japão, pela suspeita de ter registado sob o nome de outra pessoa um telemóvel para seu uso pessoal, segundo noticiaram ontem os meios de comunicação social japoneses.

A detenção de líderes mafiosos por delitos menores é uma prática habitual que a polícia utiliza para iniciar processos formais de acusação, dado que assim ganham tempo para recolher provas e construir casos sobre crimes mais graves e mais complexos.

Kunio Inoue lidera o grupo de Kobe, que se separou em 2015 da Yamaguchi-gumi, considerada até então o mais poderoso dos grupos ‘yakuza’ e uma das organizações criminosas que mais receitas gera em todo o mundo por actividades como extorsão, tráfico de droga e fraude fiscal, entre outros negócios ilegais.

O detido admitiu ter usado o telemóvel registado em nome de uma conhecida durante o interrogatório, mas as autoridades podem apresentar novas acusações contra si antes de terminar o prazo legal de detenção, explicaram fontes policiais ao diário Asahi.

Em queda

A Yamaguchi-gumi, fundada em 1915 na cidade portuária de Kobe (sul), sofreu a cisão de 13 dos seus grupos afiliados no verão de 2015 devido a lutas de poder e à pressão crescente da polícia e da sociedade japonesas.

As autoridades intensificaram a vigilância deste tipo de organizações por ter receio da ocorrência de ajustes de contas e para aproveitar o momento de debilidade que atravessam, por causa da dissidência, o que se reflecte no número decrescente de membros.

A Yamaguchi-gumi contava em 2014 com aproximadamente 23.400 membros – quase metade dos cerca de 53.300 ‘yakuza’ de todo o Japão –, um número muito inferior aos 180.000 que tinha durante a ‘era dourada’ da máfia japonesa na década de 1960.

No passado mês de Abril, o próprio grupo de Kobe da Yamaguchi-gumi sofreu uma perda massiva de afiliados, que formaram um novo subgrupo independente.

Desde então, as organizações criminosas encontram-se em estado de confrontação, tendo sido registados 47 incidentes que resultaram em mais de 30 detidos, segundo dados da polícia nipónica.

8 Jun 2017

Vasco Fong deixa Gabinete de Protecção de Dados Pessoais

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]asco Fong está de saída do cargo de coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, regressando ao Tribunal de Segunda Instância, noticiou ontem a Rádio Macau. De acordo com a emissora em língua portuguesa, a comissão de serviço de Vasco Fong só deveria terminar a 12 de Março do próximo ano, mas o juiz terá já pedido para regressar ao tribunal, o que deverá acontecer no próximo mês.

Fong foi nomeado para o cargo de coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais a 20 de Dezembro de 2014, uma nomeação com duração de dois anos que acabou por ser renovada por igual período de tempo em 2016.

Antes de assumir o cargo de coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, Vasco Fong desempenhou as funções de comissário contra a Corrupção, entre 2009 e 2014.

Bilingue, com uma licenciatura e mestrado em Direito pela Universidade de Macau, e um doutoramento em Direito Administrativo pela Universidade do Povo de Pequim, Vasco Fong foi nomeado para o cargo de juiz em 1998.

Como magistrado, exerceu funções no antigo Tribunal de Competência Genérica, no Tribunal de Instrução Criminal e no Tribunal Administrativo. Entre 2002 e 2009, foi juiz-presidente do Tribunal Colectivo do Tribunal Judicial de Base. A partir de 2009, desempenhou funções como juiz do Tribunal de Segunda Instância.

Em 2001, 2005 e 2009 foi também presidente da Comissão Eleitoral para a Assembleia Legislativa.

7 Jun 2017

Estudo | Inquérito indica que 72 por cento dos estudantes se sentem chineses

Uma sondagem de duas associações locais permitiu chegar à conclusão de que mais de 70 por cento dos estudantes de Macau se sentem chineses. A percentagem aumentou em relação a um inquérito semelhante feito há três anos. Os autores do estudo justificam o facto com a pujança económica e política da China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] geração mais nova de Macau tem uma forte noção de identidade nacional. A leitura é feita pelo jornal Ou Mun, que dava conta de uma sondagem sobre a matéria feita pela Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e pela Associação de Pesquisa sobre Juventude de Macau. Na edição de ontem, explicava-se que 72 por cento dos estudantes do ensino secundário dizem “eu sou chinês”, o que representa um aumento de 15 por cento no espaço de três anos.

Mais de 60 por cento dos inquiridos entendem que o facto de se sentirem chineses “é muito importante”. Para os autores do estudo, estes dados estão directamente relacionados com o desenvolvimento económico e político da China Continental.

Na comparação com os resultados apurados em 2014, modificou-se o modo como os estudantes compreendem o que é a China Continental. São 60 por cento aqueles que garantem que a aprendizagem é feita na escola e através de livros, o que significa que esta percentagem duplicou e que a chamada educação patriótica está a surtir efeitos.

Os responsáveis pela análise dos resultados destacam que os estudantes demonstram um forte sentido de responsabilidade cívica, o que fará com que sejam, no futuro, cidadãos activos. Em termos gerais, preocupam-se com a leitura de notícias sobre o que acontece do outro lado da fronteira.

Os autores do relatório defendem que, há três anos, a questão da identidade estava a ser afectada pelas “notícias negativas” acerca da situação política de Hong Kong e da corrupção na China Continental. Agora, o cenário é diferente: a projecção que o país tem em termos internacionais faz com que os jovens tenham uma noção de identidade mais forte.

O inquérito foi feito em 15 escolas diferentes, entre Abril e Maio, tendo sido recolhidos 1200 questionários.

7 Jun 2017

Exposição conta história da travessia marítima no território

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exposição “Viagens de Outros Tempos” é uma mostra que faz a retrospectiva das ligações marítimas entre Macau e as Ilhas. Em meados do século XX, a península de Macau e as ilhas da Taipa e Coloane estavam separadas por mar, sendo as lanchas um importante meio de transporte entres estes pontos do território.

De acordo com o Instituto Cultural, “em dias de mau tempo, vários residentes e turistas experimentaram os atrasos e suspensões temporárias do serviço, mas tais inconvenientes não impediam as pessoas de as usar”.

Com o passar do tempo, este tipo de transporte tornou-se desnecessário, tendo o serviço de travessia marítima sido interrompido após a conclusão da Estrada do Istmo e da Ponte Nobre de Carvalho.

“Viagens de Outros Tempos” apresenta pela primeira vez várias colecções ao público, incluindo documentos originais tais como o “Registo de Carga da Companhia de Transporte Marítimo de Passageiros Un Fat que Ligava Macau a Coloane” e o “Contrato de Locação de Lanchas a Motor”. A exposição integra ainda fotografias, bilhetes, jornais e publicações comemorativas relativas às lanchas que faziam a travessia entre Macau e as Ilhas.

Faz também parte desta mostra pioneira a apresentação de “A Evolução da Topografia de Macau”. Feita através de um ecrã, a iniciativa explora as linhas costeiras do território e as rotas das lanchas de diferentes épocas.

Outros horizontes

Paralelamente são exibidos vídeos de entrevistas a residentes que recordam as viagens que fizeram. Porque o tempo não pára e a tecnologia pode ser aliada da história, o espaço de exposição tem reservada a possibilidade de experimentar um passeio de lancha virtual em 3D, baseado no modelo da “Kuong Kong”.

Por outro lado, o evento tem ambições académicas. Tendo uma componente de conhecimento em que são reflectidas as transformações sociais que se deram no território durante o período abordado, a ideia da organização é “disponibilizar material para futuros estudos sobre tráfego marítimo.

“Viagens de Outros Tempos” está patente ao público até 5 de Outubro, na Casa de Nostalgia das Casas da Taipa.

7 Jun 2017

Ambiente | Pequim e Califórnia assinam acordo para o clima

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o governador do Estado norte-americano da Califórnia, Jerry Brown, comprometeram-se ontem a cooperar na luta contra as alterações climáticas, depois de Donald Trump ter renunciado ao acordo de Paris.

Xi e Brown reuniram-se no Grande Palácio do Povo, em Pequim, parte da visita oficial que o governador realiza esta semana à China, após a decisão do Presidente dos Estados Unidos.

Xi Jinping disse estar confiante de que a Califórnia vai continuar a promover a cooperação bilateral, especialmente nos sectores da tecnologia, inovação e desenvolvimento verde, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

A Califórnia e o ministério chinês da Ciência e Tecnologia assinaram um acordo de colaboração no desenvolvimento de tecnologias limpas.

O governador da Califórnia assinou colaborações similares nos últimos dias com os líderes das províncias chinesas de Jiangsu e Sichuan.

Em Pequim, Brown afirmou que a decisão de Trump de sair do acordo de Paris é apenas um “retrocesso temporário” na luta global contra as alterações climáticas.

“A China, os países europeus e os Estados norte-americanos vão agora preencher o vazio deixado pela decisão de Washington”, disse.

“Ninguém pode ficar à margem. Não podemos permitir qualquer desistência do tremendo desafio humano de fazer a transição para um futuro sustentável”, acrescentou.

Resposta interna

Jerry Brown é um dos líderes da chamada Aliança dos EUA pelo Clima, que reuniu até agora treze Estados e territórios do país, em resposta à decisão de Trump de sair do acordo de Paris.

A Califórnia, a maior economia entre os Estados norte-americanos, é também um dos Estados que exerce controlo mais rigoroso na área ambiental, detendo a liderança no sector no país.

Apesar de a China ter ultrapassado, nos últimos anos, os EUA como líder mundial no desenvolvimento de energias renováveis, tem tido dificuldades em integrar os painéis solares e turbinas eólicas numa rede de distribuição eléctrica dominada por centrais a carvão.

Trump é um acérrimo defensor das indústrias fósseis norte-americanas, em particular da do carvão, que sofreu um forte declínio na produção, durante o mandato do anterior Presidente Barack Obama.

7 Jun 2017

Filipinas suspendem envio de trabalhadores para o Qatar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo do Presidente filipino, Rodrigo Duterte, suspendeu ontem temporariamente as autorizações de deslocação de trabalhadores para o Qatar, na sequência da crise diplomática com vários países árabes.

O ministro do Trabalho filipino, Silvestre Bello, afirmou que a suspensão entrou em vigor ontem, mas ainda não existe qualquer plano para repatriar mais de 200 mil trabalhadores do arquipélago do Sudeste Asiático do Qatar.

A decisão da Arábia Saudita de encerrar a fronteira terrestre com o Qatar, através da qual a pequena nação do Golfo Pérsico importa a maior parte dos alimentos, desencadeou uma corrida aos supermercados.

Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egipto, Iémen e Líbia, além das Maldivas, anunciaram sucessivamente, na segunda-feira, o corte de relações diplomáticas com o Qatar, criando a mais grave crise regional desde a guerra do Golfo de 1991.

Discursos da razão

Riade justificou a decisão com “o acolhimento pelo Qatar de vários grupos terroristas e sectários para desestabilizar a região”, incluindo a Irmandade Muçulmana, a Al-Qaida, o Estado Islâmico e grupos apoiados pelo Irão.

O Cairo acusou Doha de ter uma “abordagem antagonista” e afirmou que “todas as tentativas para o impedir de apoiar grupos terroristas falharam”, dando ao embaixador do Qatar 48 horas para abandonar o Egipto e chamando o seu encarregado de negócios em Doha.

O corte de relações é associado a medidas que implicam o isolamento do Qatar, anfitrião do Mundial de Futebol 2022, com o encerramento de fronteiras terrestres e marítimas, proibições de sobrevoo e restrições à deslocação de pessoas. Sete companhias aéreas anunciaram a suspensão dos voos de e para Doha.

A diplomacia do Qatar considerou-as injustificadas e baseadas em alegações e pressupostos falsos: o Qatar “não interfere nos assuntos alheios” e “luta contra o terrorismo e o extremismo”, afirmou o emir, xeque Tamim Ben Hamad Al-Thani.

7 Jun 2017

Cabo Verde | David Chow assina acordo para abrir banco

O empresário de Macau David Chow assinou um acordo com o governo de Cabo Verde para a abertura de um banco, alargando os investimentos no país africano, onde tem em construção o maior empreendimento turístico do arquipélago.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] memorando de entendimento, assinado pela embaixadora de Cabo Verde em Pequim, Tania Romualdo, e por David Chow, na qualidade de presidente da Legend Globe Investment Company, visa estabelecer, na cidade da Praia, uma instituição de crédito denominada Banco Sino-Atlântico.

Nos termos do acordo, o grupo Legend Globe Investment deve apresentar ao Banco de Cabo Verde um projecto e respectivo requerimento no prazo de seis meses, segundo um comunicado enviado pelo delegado de Cabo Verde junto do Fórum Macau, Mário Vicente.

O memorando de entendimento foi firmado na passada quarta-feira, dia 31, durante a cimeira sobre a construção da plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa, realizada em Macau.

O novo banco tem como objectivo “contribuir para o desenvolvimento do sistema financeiro da República de Cabo Verde, dar apoio às pequenas e médias empresas do país, facilitar os pagamentos locais e internacionais e, de modo geral, apoiar a política monetária definida pelo Governo” de Cabo Verde, refere a mesma nota de imprensa, divulgada na segunda-feira.

Negócios alargados

Esta nova proposta de investimento “num sector considerado importante e prioritário para o processo de desenvolvimento da economia cabo-verdiana” vem alargar os negócios de David Chow no país lusófono, onde o empresário está a construir um complexo turístico, que inclui um ‘hotel-resort’, marina, centros de convenções e casino.

Trata-se do maior empreendimento turístico previsto para o país, resultante de um investimento do grupo Macau Legend, estimado em 250 milhões de euros – cerca de 15% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde.

A primeira pedra do projecto no Ilhéu de Santa Maria/Gamboa, na cidade da Praia, foi lançada em Fevereiro do ano passado, estando a abertura prevista para 2019.

7 Jun 2017

Habitação | Kwan Tsui Hang alerta para situações difíceis em Coloane

Kwan Tsui Hang não compreende por que razão o plano de medidas para os pedidos de concessão de terrenos da Vila de Coloane está parado há já alguns anos. A medida lançada pelo Governo em 2009 não foi alargada conforme prometido, denuncia a deputada, que diz estar preocupada com Ka-Hó

[dropcap style≠’circle’]“U[/dropcap]m Governo que quer servir bem a população deve ajudá-la a resolver o problema da habitação.” O argumento é utilizado por Kwan Tsui Hang numa interpelação escrita ao Executivo, em que diz que, por causa da falta de reparação das casas da vila de Coloane que se encontram em perigo de ruína, “os moradores não conseguem viver com tranquilidade”.

Para a deputada com ligações aos Operários, o Executivo deve tomar “todas as medidas para resolver o problema”, desde logo continuar a executar o plano de medidas para os pedidos de concessão de terrenos da Vila de Coloane, lançado em Outubro de 2009. A execução deste plano tem estado parada, por motivos que desconhece.

Kwan Tsui Hang recorda o que está em causa neste projecto, destinado a “resolver de forma programada os problemas herdados pela história”. Há quase oito anos, as Obras Públicas implementaram medidas para que os moradores que já tinham residência permanente em Coloane antes da transferência de administração, mas que nunca conseguiram o direito de utilização dos terrenos, “pudessem reparar ou reconstruir legalmente as suas casas”.

“Esta é uma solução viável para resolver os problemas herdados da história e merece o nosso reconhecimento. No entanto, tal solução só se aplica aos terrenos da Vila de Coloane”, lamenta a deputada, que recorda que, segundo o Governo, o plano em questão ia ser progressivamente implementado noutros bairros da ilha, incluindo Ka-Hó. “No entanto, o plano está parado há muitos anos. Há muitos moradores cujas casas estão em perigo de ruína, não sendo possível a sua reparação ou reconstrução, e até falta a electricidade e a água, pelo que é impossível habitá-las.”

Não sem referir que os moradores de Ka-Ho já fizeram chegar as suas queixas a vários deputados, Kwan remata perguntando se o Governo vai lançar alguma medida para reparar ou reconstruir, quanto antes, as casas dos moradores da vila de Coloane, para que tenham uma habitação segura.

6 Jun 2017

Plano de apoio financeiro para o sector dos resíduos ainda este ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Administração do território está empenhada na reconversão e aproveitamento de resíduos. A ideia é deixada em resposta a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, que pretendia saber qual a situação actual da indústria de reciclagem de Macau, tendo ainda deixado reparos sobre as dificuldades com que se deparam as empresas do sector no que diz respeito à contratação de recursos humanos.

Numa resposta assinada por Tam Vai Man, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), explica-se que, até finais de Março deste ano, o território tinha 84 empresas na indústria da reciclagem. “Obtiveram a aprovação para a contratação de trabalhadores não residentes”, lê-se na réplica, que precisa que existem 228 funcionários detentores de “bluecard”.

O responsável pela DSPA refere que o Governo pretende concluir, ainda durante este ano, o regulamento administrativo relativo ao plano de apoio financeiro à aquisição de equipamentos para o sector da reciclagem. Pretende-se com este programa “reduzir os custos e elevar a eficiência operacional”. Até lá, sublinha Tam Vai Man, as empresas podem recorrer a outros apoios lançados pela Administração para as pequenas e médias empresas.

Quanto ao sucesso dos programas de sensibilização, a DSPA dá a entender que tem estado a trabalhar nesse sentido, dando o exemplo de um “novo vídeo de promoção sobre a recolha de resíduos recicláveis separados por três cores, nomeadamente sobre a demonstração dos processos de tratamento após a recolha” dos materiais destinados à reciclagem.

Fazendo referência ao lançamento dos planos de recolha de pilhas e baterias usadas, e aos dos envelopes de “lai si”, a Protecção Ambiental explica que planeia avançar em breve, “em meados do corrente ano”, com um programa que permita aos residentes de Macau terem onde depositar computadores e equipamentos de comunicações que já não utilizam.

6 Jun 2017

Jogo | Ataque de Manila motiva reunião de emergência em Macau

A segurança nos casinos do território vai ser reforçada. As autoridades estiveram reunidas com as operadoras na sequência do ataque da passada sexta-feira na capital das Filipinas. O homem que incendiou um casino tinha dívidas de jogo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Macau vão reforçar a segurança nos casinos do território, uma ideia que surge depois do ataque a um casino em Manila. A informação é avançada pela Polícia Judiciária (PJ), em comunicado enviado ontem às redacções.

A PJ começa por dizer que as polícias e a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) têm prestado elevada atenção à segurança, em especial no que diz respeito aos estabelecimentos de diversões e casinos. Depois do tiroteio e fogo posto ocorrido nas Filipinas, as autoridades decidiram fazer uma reunião com carácter de urgência, para discutir o reforço da segurança nos casinos e estratégias para dar resposta a grandes acidentes. No encontro estiveram presentes representantes de todas as operadoras.

A Judiciária solicitou às empresas que aumentem os recursos humanos na área da segurança, tendo ainda proposto que seja feito um reforço dos equipamentos e uma melhoria das medidas de inspecção. A PJ manifestou também o desejo de que haja um reforço da comunicação com os departamentos de segurança dos casinos, de modo a que, em situações mais complicadas, haja uma acção conjunta das duas partes.

Ainda de acordo com o mesmo comunicado, os representantes das operadoras disseram estar dispostos a colaborar. Vai ser elaborado um estudo acerca de melhorias a introduzir na segurança dos casinos e das medidas em caso de acidentes de grandes dimensões. Uma proposta nesse sentido será apresentada e discutida numa reunião ainda por agendar.

Secretário atento

Ontem, à margem de uma cerimónia pública, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, reiterou as ideias deixadas pela PJ e pela DICJ, garantindo que as alterações que serão feitas ao nível de segurança serão alvo de supervisão da Administração.

“Julgo que é necessário mais equipamentos de segurança nos casinos e desenvolver medidas”, apontou o governante. “Todos consideramos que é preciso reforçar este âmbito para promover e impulsionar o desenvolvimento de Macau. Há equipamentos que vão ser considerados.”

Na passada sexta-feira, um homem armado entrou num casino em Manila na passada sexta-feira e causou um incêndio que fez 38 vítimas mortais. As agências internacionais contam que o atacante era da capital filipina, tinha três filhos e nenhuma ligação a grupos terroristas. A polícia do país diz que na origem do ataque está o facto de o indivíduo ter dívidas de jogo e ser um apostador compulsivo, garantindo que o Estado Islâmico (que chegou a reivindicar o ataque) não tem nada que ver com o que aconteceu.

O atacante estava proibido de entrar nos casinos das Filipinas desde Abril, uma interdição determinada a pedido da família. Depois de ter incendiado uma série de salas do casino Resorts World, o homem ter-se-á imolado. O corpo foi descoberto pela polícia cinco horas depois do ataque, num quarto de hotel do casino.

6 Jun 2017

Energia verde | Desperdício testa aptidão chinesa em liderar acordo de Paris

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China desperdiça cada vez mais energia verde, que não é integrada na ultrapassada rede de distribuição eléctrica do país, travando as ambições de Pequim em liderar a luta contra as alterações climáticas.

O desperdício de energia eólica e solar servirá de obstáculo para a China assumir a liderança no acordo de Paris, após os Estados Unidos terem rescindido deste.

O problema ameaça também dificultar os esforços de Pequim no combate à poluição e na redução da emissão de gases com efeito de estufa, que torna o país no principal responsável pelas alterações climática.

Na véspera de vários ministros da Energia se reunirem em Pequim, as dificuldades chinesas suscitam questões sobre como melhor fazer a transição para fontes de energia limpa.

“Eles instalaram demasiado rápido”, afirma Qiao Liming, o director da China no fórum Global Wind Energy Council. “Um verdadeiro mercado devia permitir o fluxo de electricidade entre duas províncias. E isso não existe neste momento”, disse.

Nos últimos anos, milhares de turbinas eólicas e painéis solares foram instalados nas províncias menos habitadas da China, à medida que os líderes do país procuram reduzir a poluição nas grandes cidades.

A China é hoje o país no mundo com mais capacidade instalada de produção de energia renovável.

Dois problemas, no entanto, têm impedido o sucesso do país na transição do uso de carvão para energia limpa, segundo observadores e representantes da indústria.

A extensa rede eléctrica chinesa tem sido incapaz de integrar a electricidade produzida por fontes eólicas e solares, enquanto alguns funcionários locais continuam a optar por recorrer ao carvão, que contribui para quase dois terços da energia consumida no país.

Na província de Gansu, região oeste da China, 43% da energia produzida por turbinas eólicas, em 2016, não foi utilizada. Na região vizinha do Xinjiang, aquele indicador fixou-se em 38% e, em Jilin, no nordeste do país, em 30%.

No conjunto, a percentagem de energia eólica gerada que não entrou na rede na China fixou-se em 17%, um valor descrito por Qiao como “escandalosamente alto”.

Toca a queimar

A poluição na China agrava-se no Inverno, altura em que a queima do carvão fornece electricidade para o aquecimento central nas casas e fábricas do norte do país.

Isso leva muitos funcionários locais a manter abertas as centrais de carvão e a rejeitar energia eólica, apesar da pressão feita pelo Governo central, afirma Lu Xi, professor da Escola do Meio Ambiente, na Universidade Tsinghua, em Pequim.

“No papel, demonstram querer promover energias renováveis, mas na verdade protegem os interesses da indústria do carvão”, afirma Frank Yu, especialista em renováveis na empresa de consultadoria Wood Mackenzie.

Para ultrapassar o problema, a Administração Nacional de Energia da China tem promovido a instalação de turbinas próximo de Pequim e das cidades costeiras onde o consumo de energia é maior.

Isso deverá permitir à energia renovável contornar parte da ultrapassada rede eléctrica chinesa.

As dificuldades não são um exclusivo da China. Os países ocidentais também enfrentaram problemas em integrar fontes eólicas e solares de energia, que dependem das condições climatéricas, em redes de distribuição eléctrica construídas em torno de fábricas de carvão, que apesar de serem mais poluidoras, são também mais estáveis.

Segundo projecções da Administração Internacional de Energia, nas próximas duas décadas, o aumento do consumo de energia virá quase todo dos países em desenvolvimento. Só a China contribuirá para metade desse aumento.

6 Jun 2017

Fórum Macau | Assessor de ministro da Economia de S. Tomé escolhido para delegado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] assessor do ministro são-tomense das Finanças, Comércio e Economia Gualter Vera Cruz foi escolhido para delegado do país no Fórum Macau, anunciou ontem o organismo.

A informação foi avançada ontem pela secretária-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), Xu Yingzhen, à margem da tomada de posse da coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente.

“Já escolheram um delegado e acaba de chegar a Macau, tem muitos contactos com o secretariado permanente e também já manifestou o seu desejo de participar nas próximas actividades. É o assessor do ministro da economia de São Tomé e Príncipe, é o Dr. Vera Cruz”, afirmou Xu.

São Tomé aderiu, no final de Março, ao Fórum Macau, depois de, em Dezembro, ter cortado relações diplomáticas com Taiwan e reconhecido a República Popular da China. Dias depois, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país.

São Tomé e Príncipe encontrava-se excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau.

O Fórum Macau tem um secretariado permanente e reúne-se a nível ministerial de três em três anos.

Xu falava à margem da cerimónia de tomada de posse de Mok Iun Lei, a nova coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente. Mok exerceu vários cargos nos Serviços de Estatística e Censos e também no Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, entre outras funções. Domina o chinês, o português e o inglês.

6 Jun 2017

China acusa EUA de ter “segundas intenções” na Ásia-Pacífico

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo chinês instou domingo os Estados Unidos a abandonarem a sua atitude “irresponsável” quanto aos conflitos territoriais na região Ásia-Pacífico e acusou Washington de ter “segundas intenções”.

Esta posição surgiu depois de no sábado, numa intervenção num fórum sobre segurança na Ásia, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, ter advertido que os Estados Unidos não aceitarão a militarização no disputado mar da China Meridional por parte de Pequim ou que sejam impostas “reivindicações marítimas excessivas e sem apoio da lei internacional”.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, criticou domingo as declarações de Mattis e considerou-as “erróneas”.

Em comunicado, citado pela agência Efe, Hua pede que se respeitem os esforços dos países da região “para manter a paz e a estabilidade” e disse que não devem ser feitas “declarações irresponsáveis”.

A porta-voz disse também que “alguns países de fora da região, movidos por segundas intenções, insistem em fazer comentários erróneos”, numa alusão aos Estados Unidos.

A China considera que a situação no mar da China Meridional, que Pequim reclama praticamente na totalidade face a reivindicações do Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei e Taiwan, acalmou recentemente e acusa os Estados Unidos de ameaçarem a sua soberania com “demonstrações de força” sob o pretexto de liberdade de voo ou de navegação.

Hua disse ainda que a construção pela China de instalações em ilhas artificiais da região – que podem ter uso militar – cumpre com a lei e as obrigações internacionais da China no que considera sua soberania.

“Não tem nada a ver com uma militarização” da zona, assegurou.

6 Jun 2017

Fórum de infra-estruturas | Angola, Moçambique e Brasil entre os países com acordos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fórum sobre investimento em infra-estruturas que se realizou em Macau foi palco de acordo de construção para uma série de países, entre os quais sete projectos em Angola, Moçambique e Brasil.

No final do 8.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF, na sigla em inglês), o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Jackson Chang, explicou que os projectos estão “relacionados com parques industriais multiusos, com serviços, agricultura, desenvolvimento de pontes e também reformulação de sectores de centros históricos de várias cidades”.

“Foram celebrados, ao todo, 24 contratos de negócios, acordos-quadro e memorandos de entendimento”, pelo que “os resultados alcançados foram satisfatórios”, afirmou Jackson Chang, na conferência de imprensa de encerramento do IIICF, que juntou, ao longo de dois dias, mais de 1700 participantes, entre os quais 57 quadros de nível ministerial, de um universo de 63 países e regiões.

Portugal fez-se representar pelos secretários de Estado da Indústria e da Internacionalização, João Vasconcelos e Jorge Oliveira, respectivamente.

Pacotes amplos

“Testemunhamos a assinatura de grandes projectos”, disse, por seu turno, o presidente da Associação dos Construtores Civis Internacionais da China, a outra entidade co-organizadora, destacando que os acordos selados envolvem, no total, um “valor recorde” de 12 mil milhões de dólares norte-americanos.

Neste âmbito, Fang Qiuchen elencou “três projectos essenciais” no Gana, na Jamaica e em Angola, com o último a dizer respeito a um pólo de desenvolvimento turístico. “É um projecto muito grande. É um parque turístico em Cabo Ledo”, afirmou, descrevendo “um pacote muito alargado que inclui infra-estruturas, um parque industrial e todos os aspectos de recreação, como hotéis, etc.”.

Os restantes acordos envolvendo Angola dizem respeito à construção de parques industriais, de agricultura e de pescas e de uma área de restauração.

Já o único projecto em Moçambique versa sobre a manutenção da ponte sobre o rio Save e a construção de uma nova na EN1, a única via que cruza o país de norte a sul; enquanto o memorando de entendimento relativo ao Brasil tem que ver com um projecto de engenharia.

A próxima edição do fórum realiza-se a 7 e 8 de Junho do próximo ano.

5 Jun 2017

Ambiente | Recolha de materiais electrónicos até final do ano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo vai, até ao final do ano, proceder a uma recolha de produtos electrónicos. A ideia foi deixada por Tam Vai Man, responsável pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), em declarações ao Jornal do Cidadão. “No segundo semestre, a DSPA vai avançar com um plano de recolha de computadores, telemóveis e impressoras, a ser feito nas escolas departamentos públicos e instituições sem fins lucrativos”, disse Tam Vai Man. O objectivo é a sua reciclagem que pode ser feita através da transformação ou da reutilização. Para o efeito, o Governo pondera a entrega de alguns destes produtos a instituições de caridade e a pessoas financeiramente carenciadas.

À mesma fonte, o director da DSPA sublinhou a sua satisfação no que respeita ao desenvolvimento do programa de recolha de pilhas que entrou em acção no final do ano passado. “Actualmente existem mais de 400 postos de recolha de pilhas e de baterias e, no segundo semestre deste ano, vamos accionar mais postos, principalmente em empresas, edifícios residenciais, escolas e institutos de ensino superior”, disse.

Questionado acerca do nova central de incineração, Tam Vai Man disse acreditar que a terceira fase, referente à construção do projecto, poderá estar pronta em 2021.

“Estão terminados os trabalhos de design e segue-se a avaliação de impacto ambiental”, explicou o responsável. Por outro lado, o director da DSPA tentou tranquilizar a faixa da população que se mostra preocupada com a proximidade do projecto de habitação social de Wai Long, sendo que o director da DSPA garante que “estão a ser adoptados os padrões da União Europeia”.

5 Jun 2017

Comércio on-line | Macau precisa de avançar no sector

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau deve investir mais no comércio electrónico. A ideia é deixada por Pang Chuan, membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico que considera que os residentes estão a mudar os padrões de consumo.

Para Pang Chuan são cada vez mais os consumidores do território que optam pelas compras on-line e de modo a manter competitividade, Macau deve investir no sector.

O membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico, em declarações ao jornal Ou Mun, afirma ainda que com o desenvolvimento do turismo, são várias as empresas  de fora interessadas em investir na região. Para Pang Chuan o desenvolvimento local vai continuar a ter cada vez mais interacções  com as regiões vizinhas e, como tal, é fundamental que se mobilize dentro do sector do comércio electrónico de modo a manter essas relações.

Por outro lado, o representante do Conselho considera que o desenvolvimento do comércio on-line pode ainda fortalecer o território enquanto plataforma entre o Continente e os países da língua portuguesa.

De acordo com a mesma fonte, Pang Chuan não deixa de lamentar o progresso lento que tem sido feito neste sentido. Para resolver a situação, sugere que o Governo considere uma acção integrada que envolva os vários departamentos.

5 Jun 2017

Habitação | Sugerida limitação de compra de fracções

A China Continental já o fez. Para controlar a especulação imobiliária limitou a compra de fracções. Cheong Sok Leng, subdirectora do Centro da Política da Sabedoria Colectiva acha que Macau deve seguir o exemplo. Em causa está a dificuldade da classe média em ter uma habitação e a opção de muitos em congelar a carreira para poder concorrer às casas do Governo

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando se trata de habitação, Macau deve seguir o exemplo do Continente. A ideia foi deixada por Cheong Sok Leng, subdirectora do Centro da Política da Sabedoria Colectiva que considera que a solução para a especulação imobiliária no território passa por limitar a aquisição de fracções.

Em declarações ao Jornal Ou Mun, Cheong Sok Leng, lamenta a inércia do Governo no que respeita a medidas efectivas capazes de controlar a especulação do mercado imobiliário. “São medidas leves demais e não contribuíram em nada para ajudar os jovens locais ou os residentes da classe média”, disse a responsável.

A questão da habitação é, considera Cheong Sok Leng, fulcral para o desenvolvimento de qualquer sociedade, sendo que as dificuldades em adquirir casa que se sentem no território têm impactos em várias frentes. Como exemplo, a responsável alerta: a situação interfere directamente quando se fala de ascensão profissional dos residentes.

Carreira estagnada

De acordo com a subdirectora do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, há mesmo quem opte por não querer subir na carreira para conseguir ter acesso a uma casa. Desta forma, afirma, “as pessoas podem ter a possibilidade de se candidatar à habitação pública na medida em que apresentam menos rendimentos. “Há pessoas que optam por se manter no mesmo escalão profissional ou por trabalhar a tempo parcial só para satisfazer os requisitos do Governo”, afirmou Cheong Sok Leng.

A responsável considera ainda que a tomada de medidas efectivas é urgente e o exemplo dado pelo Continente pode ser um caminho a seguir pelo Governo do território. Na China Continental, e face ao aumento excessivo do preço da habitação, a aquisição de imobiliário passou a ser limitada. Paralelamente, Cheong Sok Leng sugere que o Executivo avance com estratégias de desenvolvimento de habitação pública e privada. Para o efeito, o Governo deve proceder ao planeamento dos terrenos de modo a ter em conta as diferentes classes sociais e as suas possibilidades para que o mercado imobiliário possa, diz, “voltar à normalidade”.

5 Jun 2017

Tiananmen | Censura e educação causam “amnésia” sobre massacre

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chinês Jiahao nasceu em 1989, o ano em que a sangrenta repressão do movimento de Tiananmen abalou a China, mas foi só quase três décadas depois, quando estudava nos EUA, que descobriu o que se passou.

“Só então entendi porque punham as pessoas uma expressão que era um misto de curiosidade e cautela, quando me perguntavam o que eu achava do 4 de Junho”, lembra Jiahao à agência Lusa.

Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen foi esmagado pelo exército na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos.

O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200.

Natural de Pequim e fluente em inglês, Jiahao teve que pesquisar no Google – motor de busca bloqueado na China-, para saber do que se tratava, ilustrando o sucesso do Governo chinês em censurar qualquer informação relativa ao episódio.

“A China tem sido notavelmente bem-sucedida em eliminar a memória” da repressão de há 28 anos, diz Louisa Lim, investigadora que escreveu um livro sobre o movimento.

A autora do “The People’s Republic of Amnesia: Tiananmen Revisited”, publicado em 2014, diz mesmo ter ficado “chocada com o nível de ignorância sobre as mortes dos estudantes chineses em 1989”.

Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, passaram a existir “movimentações no sentido de prevenir actos de homenagem privados”, como a “detenção de pessoas que se reúnem à porta fechada”, em memória das vítimas, conta a académica ligada à Universidade de Michigan.

Nem o ‘boom’ do número de cibernautas no país – são já cerca de 730 milhões – parece abalar a censura, que tem conseguido controlar a informação difundida na rede.

Por outro lado, a educação patriótica promovida após o massacre desviou também a atenção das novas gerações chinesas para as preocupações económicas, em detrimento das políticas.

Muitos jovens chineses têm hoje outras prioridades, “mais tangíveis”, como “encontrar emprego ou comprar uma casa”, conta Lim.

Outros valores

Desde 1989, a economia chinesa cresceu, em média, quase 10% ao ano, o triplo da média global.

A China é hoje a segunda maior economia do mundo e principal potência comercial do planeta, tendo-se convertido numa potência capaz de disputar a liderança global com os EUA.

Chen Xi, 28 anos e gestor de compras num hospital de Pequim, diz que Tiananmen “pertence à geração dos seus pais.”

“A política não me interessa muito”, aponta. “Aquilo que sei é através de conversas entre os meus pais, que de vez em quando comentam o que se passou”.

As autoridades defendem que a acção do Governo, em 1989, foi necessária para abrir caminho ao crescimento económico, e que se o exército não interviesse, “a China mergulharia no caos”, como aconteceu em outros países socialistas.

Louisa diz que se trata de “uma justificação retrospectiva da repressão”, que se tornou numa “corrente dominante na China”, até porque “as pessoas podem ver que as suas vidas são melhores do que a que os seus pais e avôs tiveram”.

O uso da força, contudo, foi “claramente uma movimentação política, com o intuito de enviar a mensagem de que movimentos coordenados não seriam tolerados”, defende.

E a julgar pelas declarações de Cheng Yunhui, jovem natural de Pequim, o massacre parece ter surtido o efeito desejado.

“Se apelares aos estudantes de hoje para se unirem em torno de uma causa, duvido que tenham o mesmo voluntarismo”, diz. “As pessoas tornaram-se apáticas”.

Em Macau, os acontecimentos de Tiananmen foram lembrados com uma vigília na praça do Leal Senado.

5 Jun 2017

Arquivo das Confissões. Bernardo Vasques e a Inveja: Recensão e Estudo breve

Fernanda Gil Costa

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é propriamente uma novidade ver o romance contemporâneo português envolvido de novo com a História em torno de alguns dos seus mais conhecidos agentes e motivos, assim celebrando a ‘controlada’ ficção de que falava Agustina na conhecida e oportuna definição de História. O retorno a Camões (à figura histórica, no caso que nos interessa) parece merecer particular destaque, já que surge inesperadamente em dois romances publicados entre o final de 2016 e o princípio de 2017. Na verdade, é o autor de Os Lusíadas, acompanhado dos mistérios que a sua lenda continuamente projecta, ainda mais adensada pelos raros esclarecimentos documentais, que vem ao encontro do obscuro mundo do início do século XXI sem aparentemente estranhar o deslocado terreno ou sentir qualquer constrangimento. É o caso de Arquivo das Confissões. Bernardo Vasques e a Inveja, de Carlos Morais José (lançado em Lisboa em Outubro de 2016), publicado em Macau no mesmo ano, e de Os Naufrágios de Camões, de Mário Cláudio (lançado em Fevereiro de 2017).

Ocupamo-nos aqui do primeiro caso por ser o autor pessoa pública em Macau – o jornalista Carlos Morais José igualmente reconhecido como autor de extensa obra própria, sobretudo lírica, com firmado nome literário não só em Macau, onde normalmente exerce a sua multifacetada actividade e vive há mais de 26 anos. Merece ressalva o facto de justamente esta sua última obra ser um romance sobre a história de Macau e ter sido motivo de um convite para o festival “Correntes d’ Escrita” (edição de 2017), que deixou o autor surpreendido (como o próprio confessa), embora nos pareça mais do que justo e natural. Na verdade, Macau e a sua população, as suas letras em várias línguas e os seus autores multifacetados (infelizmente bastante ignorados) não parecem chamar habitualmente a atenção de Lisboa. Ao falar da sua obra, Morais José remete precisamente para o que chama com oportunidade uma “escrita de exílio”, sublinhando o centralismo da literatura portuguesa tantas vezes alheada da diáspora que por todos os cantos do mundo continua a imprimir-se em saudável variedade de tons e nuances linguísticas, embora se considere satisfeito com o chamamento à Póvoa de Varzim: “Mais por Macau do que por mim”, afirma. E acrescenta a seguir: “Esta cidade é, em si mesma e na sua mitologia literária, praticamente inesgotável e há ainda muito por descobrir e explorar.” (Hoje Macau, 15/12/2016)

A ideia de ter existido em Macau – a Cidade do Nome de Deus, um arquivo de confissões, compilado e guardado pelos jesuítas para efeitos de estudo e reflexão dos membros da ordem sobre a sua especial comunidade de pecadores, no auge do período de evangelização do Oriente, parece ao mesmo tempo apelativamente herética e incautamente remota. Logo, perfeita como argumento de ficção e motivo de envolvimento com a História. Assim, na “Advertência ao leitor” esclarece-se a propósito: “A história que se segue não pretende rigor histórico ou justeza, na descrição de factos, hábitos ou comportamentos de antanho. As datas referidas e os intervenientes querem-se, obviamente, tão ficcionais quanto a realidade”.

Sendo, pois, o ponto de partida do romance um assumido desafio a todo o propósito ‘sensatamente’ realista, a sua organização retoma as melhores tradições do género da narrativa enquadrada – gavetas de histórias que se abrem e esvaziam a partir de outras, articuladas em móveis geometrias de eventos misteriosos, de segredos e tesouros perdidos, dando origem à variedade das vozes e ‘fantasmas’ que lenta e intencionalmente desenrolam um imbricado novelo que só uma arquitectura onírica sustenta: um padre inglês protestante recebe por mero acaso um secreto legado, perdido e de origem desconhecida, cedendo a voz, na recepção do inesperado tesouro, a um padre católico irlandês em trânsito entre mundos que, por sua vez, lê (ou cita) um jesuíta português, que ouve e regista em confissão um estranho, patético bandido e navegante português de neo-pícaro recorte, o qual durante uma viagem teve e gulosamente aproveitou a oportunidade de se apropriar pelo roubo de nem mais nem menos do que uma obra desconhecida e auto-biográfica de Luís de Camões.

As Mil e uma Noites e os Canterbury Tales, para deixar dois exemplos conhecidos e replicados em imensas variantes, são na sua estrutura longínquos modelos do género da narrativa que desafia o tempo (a morte) – uma luta travestida na busca de segredo intangível, que ainda recentemente orientou também obras tão notáveis como O Nome da Rosa, de Umberto Eco. Note-se ainda que o tema igualmente dominante do roubo de autoria, ligado à inveja, norteou há poucos decénios uma obra tão famosa como Amadeus de Peter Shaffer (1979), na origem do filme de Milos Forman (1984) com o mesmo título. E que a mesma ideia, embora disfarçada de roubo de identidade (não será a mesma coisa, tratando-se de Camões?) surja igualmente na já referida obra de Mário Cláudio só revela que uma coincidência pode ser auspiciosa.

Signo também de pós-modernismo e dos diálogos e cruzamentos acrónicos que o mesmo promove, a mais ou menos velada exibição do parentesco literário da obra não é um propósito em Carlos Morais José, cujo romance sobre a inveja (pela via pérfida de Bernardo Vasques) vai muito além da recepção parodística dos clássicos e da propagação criativa da lenda romântico /nacionalista de Camões.

Dois registos são fundamentais nesta obra: primeiro, o da literatura de viagem que colhe na tradição vastíssima do género (pícaro, aventura, viagem iniciática); segundo, o da reflexão filosófica que invade a perspectiva através da voz do narrador principal.

O romance sobre a história de Bernardo Vasques é por isso em primeiro lugar um romance de viagens, tradição bem vincada na literatura portuguesa por textos maiores como Peregrinação e História Trágico-Marítima, com a qual a obra de Morais José intermitentemente dialoga. A viagem é o espaço da narrativa dentro e fora do relato do herói. Todas as personagens estão em viagem (viagem por mar, deambulação por impérios) o que explica o afastamento ou ausência de figuras femininas. Além disso, só a viagem que decorre no presente, a do padre inglês, está escorada por eventos com substância narrativa; as outras, a do padre irlandês e a de Bernardo Vasques são relatos escritos/lidos e pertencem ao tempo passado da história, embora a viagem também seja nelas um elemento agregador, tendo ainda em comum o facto de os narradores/ contadores desaparecerem logo depois do relato, acentuando o ambiente rarefeito e a atmosfera onírica da história enquadrada

Para além da viagem e das múltiplas portas por ela abertas à tradição do género, o romance é igualmente uma reflexão filosófica, sempre que a voz principal da narrativa, a do padre inglês que encontra nas docas de Singapura o padre irlandês que abandonou a vida sóbria, conduz o relato; sobre ele avisa o estalajadeiro: “o vinho, por vezes, cai-lhe mal; a aguardente, pior; não ligueis ao que ele vos disse”…159 – o que acontece no início e no fim – já que a história central é a confissão de fim de vida de Bernardo Vasques, com os seus muitos episódios entre o pícaro e o deslumbrado delírio. Essa voz, que se adensa no entendimento do humano e da sua pequenez, origem da Inveja, raiz do pecado e do mal em sentido bíblico, e que no grafismo do texto é assinalada pelo cursivo, constitui a interpelação ao leitor que se aproxima do livro para ler além da paródia e da referência, a caminho de um simbolismo iluminador.

A única viagem verdadeira no tempo presente da história é afinal a que se faz entre Singapura e Macau, entre o império inglês e o império português, em vésperas do incêndio do Colégio de S. Paulo, a primeira universidade católica da Ásia. Essa viagem está por isso cheia de sentido iniciático já que o protestante encontra em Macau os jesuítas acossados pelos ventos de fim de ciclo que o iminente desaparecimento do colégio sublinha de forma inevitável. Ficará apenas a ruína assombrada de um destino por cumprir e que a neurótica aventura de BV só vem acentuar e questionar. O seu relato é afinal a voz do poeta maldito que transporta em si, já que Bernardo – o ventríloquo, sintomaticamente desaparece antes da bênção e do perdão final, coada no poema decorado (por amor, não por inveja – uma vez que a inveja é esse sentimento dúplice próximo por vezes da ‘ironia romântica’ (a tal que define a definitiva imperfeição e corresponde ao desejo de absoluto) sobre a qual afirma o impotente (embora convencido) narrador: “talvez só Deus saiba como julgar a inveja”…, 157).

O Mal infecta-me como os versos do poeta infectavam Bernardo Vasques” (164) – é nesta frase que se pode encontrar, em nosso entender, a palavra passe da obra, a sua trave mestra. O mal é a outra face do bem, produto da negação (a inveja benigna é afinal negação produtiva da insatisfação em tudo, da aceitação da miséria moral e da insuficiência do esforço), sonho obscuro e polémico que encontramos na arte desde que Goethe criou um inesquecível Mefistófeles mundano, que com Deus, através de singular aposta (e por intermédio do homem – Fausto), no humano plasmou o desejo de mais-querer, a porfia e o esforço de conhecimento e acção (streben, diz-se em alemão), que é afinal a medida transcendente em que a verdadeira, exigente dimensão humana modernamente se reconhece, pelo menos desde o Renascimento.

Arquivo das Confissões. Bernardo Vasques ou a Inveja é um livro feliz, que se lê em duas noites pelo tom jocoso e pela frescura do assunto e que além disso traz aquele sabor a vinho antigo que torna a leitura deliciosa e faz regressar em busca dos ecos e das alusões, um frutuoso exercício de pós-modernismo literário.

5 Jun 2017

Programa nuclear de Pyongyang é “uma ameaça para todos”, diz Jim Mattis

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, alertou sábado para o acelerado desenvolvimento do programa de armamento da Coreia do Norte, que representa “uma ameaça para todos” e que é encarado pelos Estados Unidos como “um claro perigo”.

Em declarações numa conferência sobre segurança internacional em Singapura, Mattis disse que a administração Trump se sente encorajada pelo compromisso renovado da China em trabalhar com os Estados Unidos para impedir o desenvolvimento de armas nucleares pela Coreia do Norte.

A China bloqueou as novas e mais severas sanções contra Pyongyang que os Estados Unido propuseram ao Conselho de Segurança da ONU. Ainda assim, o Conselho de segurança votou unanimemente para adicionar 15 indivíduos e quatro entidades ligadas ao programa nuclear e de mísseis norte-coreano à ‘lista negra’ de sanções da ONU.

“O contínuo desenvolvimento, pela Coreia do Norte, de armas nucleares e meios para as lançar não é novo, mas o regime acelerou o ritmo e alargou âmbito dos seus esforços”, disse, aludindo aos vários testes de dispositivos nucleares e mísseis que o regime de Kimg Jong-un tem levado a cabo.

“Apesar de o regime da Coreia do Norte ter um longo historial de homicídio de diplomatas, sequestros, morte de marinheiros, e actividade criminosa, o seu programa de armas nucleares é uma ameaça para todos. Em termos de segurança nacional, os Estados Unidos consideram que a ameaça da Coreia do Norte é um perigo claro e presente”, afirmou Mattis.

No seu discurso, Mattis equilibrou os elogios à China com críticas ao que chamou de desrespeito de Pequim pela lei internacional devido à sua “indiscutível militarização” de ilhas artificiais em zonas disputadas no Mar do Sul da China.

“Não podemos e não vamos aceitar mudanças unilaterais e coercivas ao ‘status quo’” no Mar do Sul da China, disse.

5 Jun 2017

Fórum Macau | Fundo está a analisar mais de 20 projectos

Foi lançado em 2013 mas, até agora, serviu apenas para ajudar em três projectos lusófonos. Os mil milhões de Pequim poderão agora começar a ter outra utilidade. Espera-se que, com a transferência do fundo para Macau, sejam construídas mais redes

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fundo chinês de mil milhões de dólares destinado a investimentos de e para o universo lusófono, cuja sede foi ontem oficialmente transferida para Macau, continua a analisar mais de 20 projetos, incluindo de Portugal e Timor-Leste.

A informação foi facultada numa conferência de imprensa conjunta do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e da Direcção dos Serviços de Economia (DSE), à margem da cerimónia de descerramento da placa da sede do fundo, que marca a sua transferência de Pequim para Macau, inserida no 8.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF), que arrancou ontem.

Activado em Junho de 2013, o denominado Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, anunciado em 2010 pelo então primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, aprovou, até ao momento, o financiamento de apenas três projectos em Moçambique, Angola e Brasil, concedendo um montante total de cerca de 35 milhões de dólares norte-americanos.

Trata-se de um projecto agrícola em Moçambique da empresa chinesa Wanbao, um relacionado com o fornecimento de equipamentos para transmissão e distribuição de electricidade em Angola e um projecto solar no Brasil que, no seu conjunto, representam investimentos na ordem de 600 milhões de dólares.

Actualmente, o fundo encontra-se a acompanhar mais de 20 projectos, incluindo de Portugal, Timor-Leste, Brasil e Cabo Verde envolvendo investimentos de 800 milhões de dólares, ou seja, um número de candidaturas idêntico ao que tinha em mãos há mais de um ano.

No caso de Portugal, está sob análise um projecto relacionado com o terminal do porto de Sines. “Estamos a olhar para esse projecto, temos de acompanhar, de avaliar, penso que ainda está numa fase inicial”, disse à Agência Lusa o presidente do fundo, Chi Jianxin, à margem do IIICF, indicando que foi recentemente discutido em Pequim com um representante português dos Negócios Estrangeiros.

Já no caso de Cabo Verde o pedido de financiamento diz respeito ao projecto hoteleiro do empresário de Macau David Chow, que prevê a construção de uma estância turística no ilhéu de Santa Maria, situado defronte da capital, Cidade da Praia. Não foram divulgados detalhes sobre as outras candidaturas.

Casa nova em três anos

O fundo vai funcionar provisoriamente no Centro de Apoio Empresarial adstrito ao IPIM, prevendo-se que se mude, dentro de três anos, para o Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Aquando da V Conferência Ministerial do Fórum Macau, em Outubro último, realizou-se uma cerimónia de descerramento da placa desse complexo – que está ainda por construir –, aproveitando a presença do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Chi Jianxin entende que a mudança da sede do fundo de Pequim para Macau apresenta vantagens, desde logo porque o território tem uma maior relação de proximidade com os países de língua portuguesa, o que irá permitir uma maior divulgação relativa à operacionalidade do fundo, que segue as regras do mercado, e potenciar candidaturas, “permitindo criar uma rede mais ampla de cooperação”.

O Governo de Macau destacou, por seu turno, que a mudança da sede tem “um sentido significativo”, nomeadamente por possibilitar um maior apoio às empresas locais na exploração de oportunidades nos mercados dos países de língua portuguesa.

Em paralelo, o fundo, ao tornar-se numa empresa registada e explorada em Macau, vai formar profissionais na área, “criando um precedente de desenvolvimento do sistema financeiro com características próprias de Macau”.

Tal surge na senda do novo desígnio de transformar Macau numa “plataforma de serviços financeiros entre a China e os países de língua portuguesa” – plasmado nas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, para o período 2017-19, no âmbito da V Conferência Ministerial do Fórum Macau.

Ontem foram ainda celebrados dois protocolos referentes à cooperação estratégia no desenvolvimento e investimento em Macau e nos países de língua portuguesa entre o fundo e empresas da China e entre o fundo e empresas de Macau.

2 Jun 2017