Creches | Dez mil vagas para o próximo ano lectivo

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ez mil vagas em creches é o número apontado, para este ano, pelo Instituto de Acção Social (IAS) ao canal chinês da Rádio Macau. De acordo com a mesma fonte, a chefe da Divisão de Serviços para Crianças e Jovens, Lao Kit Im, divulgou que, em 2016, a taxa de presença das crianças nas creches foi de 70 por cento, sendo que o IAS está atento ao que se passa com os 30 por cento dos lugares que parecem ficar vazios e que representam um total de 2400 vagas.

A ideia, afirma a responsável, é que se possa vir a coordenar melhor os serviços para que exista um melhor aproveitamento dos lugares disponíveis.

Lao Kit Im refere ainda que não afasta a possibilidade de ajustar a proporção de vagas entre o serviço referente ao dia inteiro e o regime de meio-dia. O objectivo é aumentar o número de vagas para a faixa etária dos dois anos, visto as previsões apontarem para um aumento da procura de 6800 para sete mil.

De acordo com a coordenadora para os assuntos administrativos da creche da Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM), Wong Kuan Kit, também em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, as creches que pertencem à associação tiveram, no primeiro semestre do ano, uma taxa de ocupação de 75 por cento.

A coordenadora considera que as razões da ausência das crianças estão relacionadas com os feriados e doenças. Para a coordenadora, há pais preocupados com a gripe e que acabam por não deixar as crianças ir à escola.

Wong Kuan Kit disse ainda que a maior necessidade apontada pelos pais tem que ver com a existência de mais vagas para o regime de dia inteiro.

A responsável acrescentou ainda que a maioria das vagas para as creches da AGMM estão cheias e que o serviço de meio-dia apresentou muito poucas inscrições, facto que, considera, influencia na taxa geral de presenças.

16 Ago 2017

Iao Hon | Zona mais habitada de Macau sem solução à vista 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] zona com maior densidade populacional do território e que reúne alguns dos edifícios mais deteriorados vive dias complicados. Lam U Tou defende mais casas para o Iao Hon, caso sejam acompanhadas de mais equipamentos comunitários. Já Chan Tak Seng considera que, sem um planeamento geral, não vale a pena avançar para reconstruções arbitrárias

O director da Associação da Sinergia de Macau, Lam U Tou, pede equilíbrio entre densidade populacional e as instalações comunitárias. A ideia foi deixada ao Jornal do Cidadão, num texto em defende medidas para as zonas de maior densidade populacional do território. Em causa está o Iao Hon, que lidera o número de habitantes por metro quadrado no território.

Apesar de o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, apontar as dificuldades do Iao Hon associadas à quantidade de gente que ali vive, Lam U Tou entende que o Governo não pode deixar de ter iniciativas e de “reforçar os seus trabalhos para desacelerar o envelhecimento dos prédios, em prol da qualidade de vida dos residentes”.

Uma das sugestões deixadas pelo dirigente associativo aponta para o aumento da altura dos prédios onde não se aplicam limites. No entanto, Lam U Tou não deixa de chamar a atenção para a necessidade de uma avaliação das necessidades da comunidade. Em causa estão os equipamentos comunitários necessários para que “o aumento em altura dos edifícios e a construção de mais habitações não venha a piorar as condições de vida”.

Um exemplo a ter em conta é a zona de Lam Mau. “A segunda zona com maior densidade populacional de Macau é também a mais alta do território”, refere Lam U Tou, sendo que, neste caso, não há problema porque “tem instalações comunitárias muito melhores do que a zona do Iao Hon”. Este é um exemplo que mostra que se deve ter em conta o equilíbrio entre a densidade populacional e as instalações comunitárias.

É preciso agir

Ainda no que respeita ao Iao Hon, Lam U Tou afirma que a inércia não é solução. Apesar de ser uma zona que não aguenta ter muitos mais moradores, continua a precisar de atenção, nomeadamente no que respeita a equipamentos comunitários. Neste âmbito, o responsável acha que é necessário construir mais instalações e alerta para a necessidade de um planeamento geral. Outro aspecto de relevo, aponta, é a necessidade de estabelecer indicadores que dêem informação acerca dos tipos de instalações em falta no território.

A reconstrução dos bairros antigos não é uma tarefa fácil, concede Lam U Tou, visto que “o envelhecimento dos prédios antigos decorre a um ritmo mais rápido do que os passos da reconstrução”.

Assim sendo, e para já, o responsável sugere o avanço com obras de reparação e manutenção dos edifícios antigos, apesar das dificuldades que o assunto apresenta, nomeadamente as relacionadas com a concordância dos proprietários.

As obras e fiscalizações dos prédios com mais de 30 anos têm sido um assunto sem solução aparente, tendo dividido os deputados no debate da passada segunda-feira na Assembleia Legislativa.

Privilégios de parte

Já para o vice-presidente da Associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, Chan Tak Seng, antes de se discutir o destino de alguns dos edifícios do Iao Hon, há que avançar para um planeamento geral da zona norte. O também membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte considera ainda que estes edifícios não podem ser considerados prioritários no que respeita ao avanço de obras de reconstrução sem que estas estejam inseridas numa iniciativa mais alargada que, sublinha, deveria estar pronta até 2018.

O responsável apontou ainda, em declarações ao Jornal do Cidadão, que esta é uma área em que construir mais casas não é a decisão mais adequada, dado o elevado número de pessoas na zona.

Em prol do desenvolvimento geral daquela área da cidade, Chan Tak Seng frisa que é mais importante ter um planeamento que defina o papel de toda a zona para atrair investidores. Uma intervenção pontual, refere, apenas iria privilegiar alguns edifícios que, sem um planeamento geral, em breve voltariam a trazer os problemas do costume.

16 Ago 2017

Hong Kong | Membro do Partido Democrata detido por suspeita de mentir

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] membro do Partido Democrata de Hong Kong que na semana passada disse ter sido raptado e torturado na cidade por agentes da China foi ontem detido por suspeita de prestar falsas declarações à polícia.

“A polícia tem motivos para acreditar que a pessoa em questão forneceu informações falsas para enganar os agentes”, disseram ontem as autoridades em comunicado, citadas pela agência France Press.

Howard Lam foi detido durante a madrugada de ontem, por volta das 3:30, e levado algemado da sua casa, em Ma On Shan, para a esquadra de Hung Hom para investigação, informou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Os agentes fizeram buscas ao apartamento de Lam durante mais de uma hora e levaram uma série de objectos, incluindo telemóveis, um computador portátil e uns óculos de sol.

Dúvidas em relação ao relato do alegado sequestro emergiram depois de a agência de notícias FactWire ter noticiado uma versão diferente dos acontecimentos na segunda-feira.

A FactWire informou que múltiplas câmaras de videovigilância em Yau Ma Tei desacreditaram a versão da alegada vítima de que tinha sido sequestrado na tarde de quinta-feira passada quando estava a caminho de uma estação de metro, em Pitt Street.

Howard Lam disse na sexta-feira que foi raptado, drogado e torturado um dia antes no bairro de Mong Kok, em Hong Kong, por ter a intenção de fazer chegar à viúva do dissidente chinês Liu Xiaobo uma foto autografada do jogador argentino Lionel Messi.

Howard Lam disse que quando recuperou os sentidos estava numa praia em Hong Kong. Também mostrou as pernas com vários agrafos metálicos dispostos em forma de cruz, algo que atribuiu ao facto de ser cristão.

O membro do Partido Democrata também atribuiu o alegado ataque de que foi alvo a agentes do interior da China, afirmando que os alegados sequestradores falavam mandarim. A língua comummente falada em Hong Kong é o cantonês.

As autoridades chinesas não podem interferir nos assuntos de Hong Kong, que até 2047 é governada ao abrigo do princípio “Um país, dois sistemas”.

O alegado sequestro em Hong Kong de um bilionário chinês no início deste ano e os desaparecimentos em condições misteriosas de cinco livreiros estabelecidos na antiga colónia britânica aumentaram os receios de que Pequim tenha ultrapassado os limites.

Campanha contra esquemas em pirâmide após morte de quatro jovens

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou uma campanha contra esquemas em pirâmide, uma prática fraudulenta em crescimento no país, que resultou na morte de quatro pessoas desde Julho passado, vítimas de grupos criminosos, foi ontem noticiado.

A Administração Estatal para a Indústria e Comércio da China anunciou, em comunicado, que vai cooperar com quatro Ministérios para combater aquele tipo de esquema fraudulento.

A redução consecutiva das taxas de juro no sistema bancário chinês e a volatilidade no mercado bolsista, aliados à incerteza no sector imobiliário, terão atraído cada vez mais investidores chineses para esquemas de angariação ilegal de fundos.

Só no ano passado, a polícia chinesa investigou 2.826 casos de esquemas fraudulentos, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.

Segundo o jornal oficial China Daily, as vítimas entram no esquema atraídas por falsas ofertas de trabalho, sendo mantidas em dormitórios e forçadas a recrutar amigos e familiares.

Desde o mês passado, as autoridades registaram quatro mortes relacionadas com aquela prática fraudulenta, enquanto 230 pessoas no sul do país foram presas, depois de uma rara manifestação nas ruas de Pequim.

O corpo de uma das vítimas foi encontrado no início deste mês, num rio da província de Hubei, no centro do país. Outras duas vítimas foram registadas pelas autoridades do município de Tianjin (nordeste) e uma outra em Shanxi, no norte da China.

Todos os mortos tinham cerca de 20 anos.

Em Dezembro de 2015, as autoridades chinesas desmontaram um esquema gigante, que ludibriou cerca de 900.000 pessoas em mais de 50 mil milhões de yuans.

Em muitos casos, os esquemas mantêm a aparência de empresa legítima, fornecendo informação falsificada sobre transações financeiras e com escritórios nos distritos financeiros das principais cidades chinesas.

16 Ago 2017

Pequim vai proteger interesses chineses face a investigação dos EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês criticou ontem a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ordenar uma investigação sobre as práticas da China na área da “propriedade intelectual” e garantiu que protegerá os interesses chineses.

Em comunicado, o Ministério do Comércio chinês afirmou que o memorando, assinado na segunda-feira por Trump, viola os acordos de comércio internacionais.

A mesma nota garantiu que Pequim vai agir, caso as empresas chinesas sejam prejudicadas, mas sem avançar como.

Trump pediu aos responsáveis pelas políticas comerciais norte-americanas para averiguar se Pequim exige indevidamente que as empresas estrangeiras transfiram tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.

Organizações comerciais de empresas tecnológicas enalteceram a decisão, mas as autoridades chinesas criticaram o “forte unilateralismo”, que viola o espírito internacional dos acordos comerciais.

“Se o lado norte-americano ignora o facto de que não respeita regras comerciais multilaterais e age para prejudicar as relações económicas e comerciais entre os dois lados, o lado chinês nunca se irá acomodar”, indicou o comunicado.

Pequim “adotará todas as medidas apropriadas para proteger firmemente os interesses e direitos legítimos do lado chinês”, afirmou.

Fala Donald

Em Abril, Trump disse que iria pôr de lado disputas sobre o acesso ao mercado e política cambial, enquanto Washington e Pequim trabalharem juntos para persuadir a Coreia do Norte a desistir do programa nuclear.

Nas últimas semanas, a administração norte-americana voltou a adoptar uma posição mais dura em relação às questões comerciais.

“Acreditamos que o lado norte-americano deve respeitar rigorosamente os compromissos e não ser o destruidor de regras multilaterais”, afirmou o Ministério em comunicado.

Na véspera do anúncio de Trump, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês pediu ao líder norte-americano para evitar uma “guerra comercial”.

Em 2016, Pequim registou um excedente de 347 mil milhões de dólares  no comércio com Washington. Trump culpa frequentemente a China pelo défice comercial norte-americano, apontando práticas de concorrência desleal de Pequim.

Há várias décadas que as empresa estrangeiras acusam empresas chinesas de pirataria e roubo de tecnologia.

Pequim está a lançar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

16 Ago 2017

Ruy Castro escreve biografia sobre autor Nelson Rodrigues

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] vida “mítica” e “trágica” do autor brasileiro Nelson Rodrigues é revelada pela primeira vez numa biografia escrita por Ruy Castro, intitulada “O Anjo Pornográfico”, que chega às livrarias portuguesas no dia 25, pela editora Tinta-da-China. “Como se verá, ninguém o conheceu direito. Até agora”, escreve o biógrafo Ruy Castro, na introdução do livro em que conta a “espantosa vida de um homem que sempre foi arrastado para uma realidade mais dramática do que aquelas sobre as quais escrevia”.

Ruy Castro, considerado o maior biógrafo do Brasil, partiu de uma investigação exaustiva para construir esta biografia, sustentada em entrevistas feitas a mais de 120 pessoas que conheceram o escritor, consulta de arquivos e leitura dos seus livros.

É deste modo que Ruy Castro segue o rasto das obsessões que gravitam em torno de Nelson Rodrigues – sobretudo o sexo e a morte – e tenta responder às “muitas questões que pairam sobre a forte impressão que deixou: Génio ou louco? Tarado ou pudico? Reaccionário ou revolucionário? Raivoso ou apaixonado?”.

O resultado é a “assombrosa história” de um homem que, “além de escritor prolífico, com uma produção a todos os títulos espantosa”, foi também protagonista de uma “vida extraordinária”: com pobreza, fome, a cegueira da filha, sucesso e declínio, doenças fatais e sucessivos golpes à sua vasta família, desde homicídios (como a do irmão Roberto, a que assistiu) a soterramentos.

Ruy Castro explica que a narrativa lembra às vezes um romance, porque “não há outra maneira de contar a história de Nelson Rodrigues e da sua família”, mais trágica e rocambolesca do que qualquer das suas histórias, mas simultaneamente tão fascinante como as que criou. No entanto, não há neste livro qualquer estudo crítico, análise ou interpretações, apenas a explicação de onde, quando, como e por que Nelson Rodrigues escreveu todas as suas peças, romances, contos e crónicas.

Como exemplo, o autor refere que, num capítulo dedicado à peça de teatro “Vestido de Noiva”, não há teorizações de qualquer tipo sobre o significado dessa peça, tendo apenas pretendido saber, e revelar, o que aconteceu antes, durante e depois da montagem, na plateia, no palco, nos bastidores e como isso se reflectiu na vida de Nelson Rodrigues.

A biografia inclui uma compilação de fotografias obtidas em acervos de parentes ou amigos de Nelson Rodrigues e em arquivos de jornais.

A surpresa ambulante

Escritor polémico, Nelson Rodrigues carregou durante muitos anos a fama de “tarado” e nos seus anos finais a de “reaccionário”, tendo sido perseguido durante toda a vida, da direita à esquerda pela censura e pelos críticos, pelos católicos e pelas plateias, e “todos, em alguma época, viram nele o anjo do mal, um câncer a ser extirpado da sociedade brasileira”. Mas, ao mesmo tempo que queriam “caçá-lo a pauladas”, havia muitos para quem parecia impossível admirar Nelson Rodrigues o suficiente, acrescenta o seu biógrafo, lembrando que “para alguns, era um santo; para outros, um canalha; para todos, sempre, uma surpresa ambulante”.

Ruy Castro é também autor das aclamadas biografias de Carmen Miranda e Garrincha, e tem publicado em Portugal “Chega de Saudade: A História e as Histórias da Bossa Nova” e “Carnaval no Fogo”, ambos pela Tinta-da-China.

Editou e prefaciou várias colectâneas de textos de Nelson Rodrigues, cuja obra completa está a ser publicada em Portugal pela mesma editora, que conta já com os livros de crónicas, de memórias, de contos e o único romance escrito em nome próprio.

16 Ago 2017

Japão | Museu de Yayoi Kusama é inaugurado em Outubro

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um dos nomes principais das artes japonesas, uma das artistas mais bem-sucedidas do mundo. A octogenária Yayoi Kusama vai ter um museu dedicado exclusivamente à sua obra. O espaço fica em Tóquio e já tem data para a inauguração

Será um local obrigatório numa visita à capital do Japão. A partir de 1 de Outubro, na zona de Shinjuku, vai ser possível ver várias obras de Yayoi Kusama num espaço só. Pintora, escultura e escritora, Kusama tem um trabalho que fica para a história da arte por ter uma obsessão por pontos. A arte da octogenária é conhecida como “Polka Dot”.

O museu dedicado à artista japonesa com maior projecção ao nível internacional tem cinco andares. Trata-se de um edifício branco, da autoria do arquitecto Kume Sekkei, que ficou concluído em 2014. Nada se sabia sobre o que poderia ser o prédio branco com grandes janelas de vidro e muito se especulou sobre a futura utilização da estrutura. Sabia-se que estava ligado a Yayoi Kusama e a imprensa japonesa admitia a possibilidade de ser um museu, que ainda não teria aberto portas por causa da saúde da artista.

Yayoi Kusama vive num hospital psiquiátrico no Japão, para onde foi de livre vontade em 1977, depois de ter passado quase 20 anos em Nova Iorque. A artista sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, sendo que os pontos que utiliza no que faz são precisamente uma das suas maiores obsessões.

Sem grandes detalhes, o Museu Yayoi Kusama, que conta já com um website, anunciou que o espaço está pronto para ser inaugurado. No rés-do-chão, junto à entrada, haverá uma loja de recordações. Os segundo e terceiro andares são destinados aos trabalhos da artista plástica, com o quarto piso reservado a instalações. No quinto andar há uma sala de leitura onde será possível consultar documentos e outros materiais sobre a Kusama e a sua obra. Há ainda um espaço ao ar livre.

O museu terá duas exposições diferentes por ano. Na inauguração, vai ser exibida uma mostra que, em português, terá o título “A criação é uma busca solitária, o amor é o que nos aproxima da arte”. Estará patente até 25 de Fevereiro do próximo ano. O bilhete de acesso ao museu custará pouco mais de 70 patacas.

De Nagano para o mundo

Nascida na prefeitura de Nagano em 1929, filha de uma família abastada mas disfuncional, Yayoi Kusama começou a pintar pontos e redes por volta dos dez anos. Foi por essa altura que começou a ter alucinações que descreveu como “luzes e campos densos de pontos”. Esses momento envolvia flores que falavam com Kusama, padrões que ganhavam vida e se multiplicavam, um processo que viria a aplicar na carreira artística e ao qual chamou de “auto-obliteração”.

Aos 13 anos, em plena Segunda Guerra Mundial, foi enviada para uma fábrica de materiais militares, onde cosia para-quedas para o exército japonês. Recorda a adolescência como um período de escuridão, mas diz também que foi durante esta fase que descobriu a liberdade criativa.

Em 1948, foi estudar pintura para Quioto. Descontente com o que se fazia, na época, no panorama artístico do Japão, começou a interessar-se pelo movimento avant-garde europeu e americano. Durante a década de 1950, teve algumas exposições individuais em Matsumoto e Tóquio.

Em 1957, a artista nipónica mudou-se para os Estados Unidos. A arte que fazia passou a ser em grande escala: quadros e esculturas de dimensões consideráveis, com recurso a espelhos e a luzes. No final da década de 1960, participou em várias manifestações ligadas ao movimento contra a guerra.

Com o seu trabalho reconhecido também na Europa, Yayoi Kusama regressou ao Japão em 1973. Continuou a pintar, mas também se dedicou à escrita, tendo vários romances publicados. Os seus trabalhos já passaram pelos principais museus e galerias do mundo, do Georges Pompidou, em Paris, ao MoMA, de Nova Iorque, passando pela Tate Modern, em Londres.

Tem uma longa lista de prémios e foi objecto de teses, livros e documentários. Em 2014, foi considerada a artista mais popular do mundo. No ano em que a arte extravagante de Kusama atravessou a América do Sul, as suas obras foram vistas por mais de dois milhões de pessoas.

16 Ago 2017

Benfica vence em Chaves e junta-se ao grupo de líderes

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m golo de Haris Seferovic, aos 90+2, deu a vitória ao Benfica em casa do Desportivo de Chaves, no encerramento da segunda jornada da I Liga de futebol, colocando as ‘águias’ no grupo de líderes da prova.

O resultado manteve os ‘encarnados’ junto de FC Porto, Sporting e Rio Ave, com seis pontos, enquanto o Chaves somou a segunda derrota em outros tantos jogos e está na base da tabela, sem pontos, em conjunto com o Boavista.

O golo tardio do avançado suíço manteve os tetracampeões em igualdade com os rivais, depois de o Sporting ter vencido em casa o Desportivo das Aves (1-0), na abertura da jornada, e o FC Porto ter triunfado em Tondela (1-0), no domingo, com o Rio Ave a acompanhar os ‘três grandes’, depois de ter vencido em casa do Boavista (2-1).

Rui Vitória manteve o ‘onze’ que venceu o Sporting de Braga (3-1) na jornada inaugural, com Cervi, Jonas e Salvio em destaque na primeira parte, como os mais diligentes a criar oportunidades de perigo.

As ‘águias’ estiveram melhor no encontro, com maior posse de bola e mais oportunidades de golo, mas ‘esbarraram’ durante quase todo o encontro numa formação flaviense bem organizada na defesa e à procura de tomar partido de contra-ataques rápidos por Jorginho, Matheus Pereira e William.

No final do encontro, com os pupilos de Luís Castro a darem sinais de desgaste, o Benfica ‘cercou’ a área dos flavienses e foi fazendo cruzamentos e passes para a área, com Seferovic a empurrar para o fundo das redes o cruzamento do ‘substituto’ Rafa e a ‘salvar’ os campeões em título de se atrasarem à segunda jornada.

Canarinhos em alta

Antes, o Estoril Praia apagou a má imagem da estreia no campeonato, em que foi goleado em casa do FC Porto (4-0), com uma vitória categórica sobre o Vitória de Guimarães (3-0), que cometeu muitos erros num encontro com três expulsões.

Os anfitriões marcaram primeiro, aos 19 minutos, por Pedro Monteiro, mas perderam Wesley, expulso por acumulação de cartões amarelos, aos 38 minutos.

Na segunda parte, a expulsão de João Vigário, aos 49 minutos, deixou os vitorianos mais frágeis, situação agravada aos 63 minutos, quando Josué foi expulso por cometer penálti, convertido por Kléber.

Um erro de Sacko, em exibição desastrada na equipa de Pedro Martins, permitiu a Kléber bisar na partida, aos 80 minutos, com o Estoril a juntar-se ao Vitória, que na ronda inaugural tinha vencido o Chaves (3-2) no grupo de equipas com três pontos, onde também estão o Sporting de Braga, que domingo venceu o ‘promovido’ Portimonense (2-1), também com três pontos, o Marítimo e o Belenenses, que venceu em casa os madeirenses (1-0).

Liga Europa | Braga e Marítimo com primeiro teste decisivo

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]porting de Braga e Marítimo têm amanhã o primeiro de dois testes decisivos na qualificação para a fase de grupos da Liga Europa de futebol, quando defrontarem o os islandeses do FH e os ucranianos do Dínamo Kiev, respectivamente.

Neste ‘play-off’, que terá a segunda mão em 24 de agosto, minhotos e insulares procuram juntar-se ao Vitória de Guimarães, que já tem ‘lugar cativo’ na próxima etapa competitiva.

Depois da derrota na estreia na Liga, 3-1 em casa do Benfica, o Sporting de Braga deu a volta e venceu o Portimonense, por 2-1, conquistando um capital de confiança importante na visita ao terceiro classificado do campeonato islandês, que tem outro ritmo competitivo, uma vez que já disputou 14 jornadas.

A equipa de Abel Ferreira tem a vantagem de decidir em casa e, sobretudo, de ter uma bem mais sólida experiência europeia, incluindo uma presença na final da Liga Europa, em 2011, perdida para o FC Porto.

O Marítimo, que tropeçou este fim de semana em casa do Belenenses, está em situação inversa aos seus compatriotas e tem missão bem mais espinhosa, pois recebe o líder do campeonato ucraniano, que em cinco jornadas apenas empatou um jogo.

O conjunto de Daniel Ramos não tem o mesmo andamento europeu do Dínamo de Kiev, nem a mesma responsabilidade, pelo que tem tudo a ganhar.

16 Ago 2017

Seul | Detectados ovos contaminados com pesticida

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Coreia do Sul anunciaram ontem que detectaram ovos contaminados com o pesticida ‘fipronil’ numa quinta e proibiram temporariamente a produção nas explorações agrícolas com mais de três mil aves.

O Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais sul-coreano informou que alguns ovos testaram positivo à presença de ‘fipronil’ numa quinta em Namyangju, a leste de Seul.

Desconhece-se que proporção do produto estava contaminado, sabendo-se apenas que a quinta, que conta com cerca de 80 mil galinhas poedeiras, produz cerca de 25 mil ovos por dia.

O Ministério decretou a proibição de produção para quintas com mais de três mil aves, até que seja finalizada uma inspeção de fundo, informou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

A Coreia do Sul teve de restringir a venda de ovos produzidos no seu território, devido ao surto de gripe aviária detectado desde 2016, que obrigou à importação de países como a Austrália, Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Tailândia e Espanha.

Até agora não há informação de que o ‘fipronil’ tenha sido detectado em ovos importados.

Após o anúncio de ontem, três dos principais retalhistas sul-coreanos ((Homeplus, E-Mart e Lotte Mart) anunciaram a suspensão da venda de ovos até que se conheçam os resultados da inspecção.

O pesticida ‘fipronil’, de uso proibido em galinhas, gerou alarme na Europa, após ter sido divulgado que foi usado na Bélgica e na Holanda, e depois de terem sido detectados produtos contaminados em 17 países.

Segundo especialistas, o ‘fipronil’ representa um risco de intoxicação “muito improvável” para humanos. Tendo em conta os níveis máximos detectados na Bélgica e Holanda, uma pessoa teria de consumir milhares de ovos contaminados ao longo da vida para sofrer efeitos adversos.

16 Ago 2017

China e Uruguai contra eventual intervenção dos EUA na Venezuela 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e o Uruguai pronunciaram-se esta segunda-feira contra uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela para solucionar a crise no país, reagindo a ameaças proferidas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês defendeu a necessidade de respeitar o princípio de não-ingerência em assuntos internos de outro país, e o mesmo fez o Presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, rejeitando “enfática e taxativamente” as declarações de Trump sobre a Venezuela.

“Todos os países devem conduzir as suas relações bilaterais com base na igualdade, no respeito mútuo e na não-ingerência nos assuntos internos do outro”, afirmou o porta-voz do MNE chinês, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

A China “segue sempre o princípio de não interferir nos assuntos de outro país”, acrescentou, três dias depois de o Presidente norte-americano ter equacionado adoptar a opção militar contra a Venezuela.

O Governo chinês tem evitado nas últimas semanas emitir opiniões sobre a situação no país latino-americano, embora tenha dito, a propósito das polémicas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que decorreram “de forma estável”.

Também manifestou, na altura, o desejo de que Governo e oposição na Venezuela iniciassem um diálogo pacífico para manter a estabilidade no país.

Bons negócios

A China é, desde a década passada, um dos mais importantes parceiros comerciais da Venezuela, país que chegou a ser o principal destino dos investimentos chineses na América Latina, dado o especial interesse do regime comunista no crude venezuelano.

O chefe de Estado do Uruguai, que falava à imprensa antes de presidir a uma reunião do Conselho de Ministros, sublinhou haver “uma rejeição absolutamente total da parte do Governo uruguaio” de uma possibilidade de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela.

“Os problemas que a Venezuela tem devem ser resolvidos pelo povo venezuelano sem ingerência estrangeira e, portanto, rejeitamos enfática e taxativamente as apreciações do Presidente dos Estados Unidos”, sustentou Tabaré Vásquez.

Na passada sexta-feira, Trump declarou que o seu Governo não descarta “a opção militar” para resolver a “confusão muito perigosa” que a Venezuela atravessa e recordou que o seu país tem tropas em todo o mundo e que “a Venezuela não fica muito longe e as pessoas estão a sofrer e a morrer”.

Fundação chinesa anuncia primeira criogenização de corpo humano

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma fundação chinesa anunciou ter produzido com êxito a primeira criogenização de um corpo completo na China, com a esperança de o trazer de volta à vida, assim que o desenvolvimento da medicina o permita.

Segundo o jornal oficial China Daily, o primeiro procedimento de criogenia na China foi realizado na província de Shandong, leste do país, pela Fundação Yinfeng.

O procedimento começou em 8 de maio, menos de cinco minutos depois de o coração de uma mulher chamada Zhan Wenlian ter deixado de bater e os médicos declararem que estava morta.

Aaron Drake, especialista da norte-americana Alcor Life Extension Foundation, e médicos do Hospital Qilu, da Universidade de Shandong, colocaram de imediato Zhan num sistema de apoio vital.

O corpo da mulher foi transportado para um laboratório de um instituto afiliado à Fundação Yinfeng, onde lhe foram injectados produtos químicos, visando proteger as suas células de danos durante o processo de congelação.

O corpo foi então colocado num recipiente com 2.000 litros de nitrogénio líquido, a uma temperatura de 190 graus abaixo de zero.

Zhan, que tinha 49 anos e trabalhava num banco estatal em Jinan, sofria de cancro no pulmão, e o seu esposo pediu à Yinfeng para que realizasse a criogenização do seu corpo.

16 Ago 2017

Alibaba | Governo anuncia investimento para os próximos dois anos

Primeiro, um anúncio sem números. Depois, a contestação de alguns sectores. Agora, chegam os detalhes: o Governo vai gastar, nos próximos dois anos, 400 milhões de patacas no projecto para uma cidade inteligente. E garante que os dados estão protegidos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Executivo definiu um orçamento anual de 200 milhões de patacas nos próximos dois anos para o projecto de construção de uma cidade inteligente, foi ontem anunciado. Em comunicado, o porta-voz do Governo afirmou que o projecto de construção de uma cidade inteligente, na sequência da assinatura do acordo com o grupo chinês Alibaba, prevê um orçamento anual preliminar “nos próximos dois anos de 200 milhões de patacas”.

No corrente ano, o orçamento “para o âmbito da tecnologia informática é aproximadamente de 500 milhões de patacas”, acrescentou no mesmo comunicado.

O acordo-quadro assinado no passado dia 4, entre o Governo e o grupo Alibaba, prevê o estabelecimento de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados para a criação de uma cidade inteligente, em duas fases, ao longo de quatro anos.

A primeira – até Junho de 2019 – prevê a criação de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados e o início gradual de projectos de utilização dos mesmos em seis domínios: promoção do turismo, formação de talentos, gestão do trânsito, serviços de assistência médica, gestão integrada urbana e prestação de serviços urbanos integrados e tecnologia financeira.

A segunda etapa – de Julho de 2019 a Junho de 2021 – compreende o aperfeiçoamento do centro de computação em nuvem (conjunto de servidores remotos alojados na Internet para armazenar, gerir e processar dados em vez dos servidores locais ou de computadores pessoais) e da plataforma de megadados, abrangendo outras áreas como protecção ambiental, passagem fronteiriça e previsões económicas.

Com os dados tudo bem

No comunicado ontem divulgado, o Governo sublinha que “tem prestado grande atenção à protecção dos dados da RAEM e aos dados pessoais”. A lei de proteção de dados pessoais, actualmente em vigor no território “corresponde aos altos padrões” da UE, “consagra uma plena proteção dos dados pessoais e da privacidade, regulando de forma pormenorizada a recolha, o tratamento, a utilização, o armazenamento e a interconexão dos dados”, destacou.

O anúncio do acordo-quadro com a Alibaba tem gerado alguma polémica, com várias associações a mostrarem-se preocupadas não só em relação à protecção dos dados pessoais, como no que toca ao orçamento, uma vez que, aquando da apresentação do projecto, não tinha sido divulgado qualquer valor em relação ao investimento do Executivo.

15 Ago 2017

PJ recebeu queixas sobre 47 casos de burla por telefone

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) de Macau já recebeu queixas relativas a 47 casos de burla telefónica que resultaram em prejuízo para as vítimas. Em dados citados pelo canal chinês da Rádio Macau, as autoridades policiais dão conta de perdas no total de 6,23 milhões de yuan, 2,08 milhões de dólares de Hong Kong e 245 mil patacas.

Só num dos casos de que a PJ teve conhecimento, estiveram envolvidos 3,4 milhões de yuan. A vítima, um homem natural de Hong Kong, trabalha em Macau e recebeu um telefonema em que o autor da chamada se identificou como sendo agente das forças de segurança da província de Fujian.

O burlão disse à vítima que esta era suspeita do crime de branqueamento de capitais e solicitou-lhe dados relativos à sua identidade. Mais tarde, o homem de Hong Kong recebeu, via Internet, uma alegada prova do mandado de detenção. Foi então que depositou 3,4 milhões de yuan na sua conta bancária, tendo dado ao autor do crime a palavra-passe de acesso à conta, tal como lhe fora exigido. O dinheiro desapareceu imediatamente da conta da vítima.

15 Ago 2017

Coreia do Norte  | Pequim suspende importações de minério e produtos do mar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, principal parceiro e apoiante da economia norte-coreana, anunciou ontem a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte, aplicando as sanções decididas pela ONU.

A partir de terça-feira “todas as importações de carvão, ferro, minérios de ferro e de chumbo, animais aquáticos e produtos do mar serão interditas”, anunciou o Ministério do Comércio chinês em comunicado.

A medida visa aplicar na prática a resolução 2371, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, precisa o comunicado.

A China, que foi em 2016 o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas, é o principal suporte económico e financeiro do regime de Pyongyang.

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China juntou o seu voto, no passado dia 6 de agosto, à aprovação do sétimo pacote de sanções contra a Coreia do Norte, em resposta aos ensaios de mísseis balísticos levados a cabo por Pyongyang.

Teorias e práticas

Este pacote de sanções económicas representa um corte de mil milhões de dólares, privando o regime norte-coreano de uma fonte crucial de divisas.

A aprovação da resolução foi duramente criticada pela Coreia do Norte, que assegurou em comunicado que Pequim “pagaria caro por isso”.

O Presidente americano Donald Trump disse na ocasião que as sanções teriam um “efeito limitado” e, na quinta-feira passada, defendeu que a China deveria “fazer um pouco mais” para pressionar a Coreia do Norte.

Na sequência da recente escalada de retórica violenta entre Washington e Pyongang, Pequim exortou “à retenção”, e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, assegurou que o seu país aplicaria “a 100%” o novo pacote de sanções.

As importações chinesas provenientes da Coreia do Norte recuaram mais de 7% nos cinco primeiros meses de 2017, de acordo com números das alfândegas chinesas.

15 Ago 2017

China adverte para possível guerra comercial com EUA 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China advertiu ontem para a possibilidade de uma “guerra comercial” com os Estados Unidos caso a administração do Presidente Donald Trump avance com investigações sobre alegadas infracções de Pequim ao nível do comércio bilateral.

“A China e os Estados Unidos têm interesses interligados e uma guerra comercial não tem futuro, o único resultado seria um prejuízo para todos”, declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

No sábado, fontes da administração norte-americana indicaram que Trump iria ordenar ao representante especial do comércio externo norte-americano, Robert Lighthizer, para iniciar uma investigação, e a eventual aplicação de sanções, sobre alegadas violações por parte da China, nomeadamente ao nível da usurpação de patentes ou da transferência forçada de propriedade intelectual.

Esta iniciativa de Trump surge num período de tensão entre Washington e Pequim por causa da crise com a Coreia do Norte, mas os mesmos responsáveis da administração americana, que falaram no sábado sob anonimato, afirmaram que estes dois dossiês não estão ligados.

Em Pequim, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ontem aos Estados Unidos para continuarem a trabalhar com a China no sentido dos dois países alcançarem relações económicas estáveis, bem como exortou Washington a não usar a crise na Coreia do Norte como uma arma para pressionar as questões comerciais.

“São questões totalmente diferentes, e não é apropriado usar [a crise norte-coreana] como uma ferramenta para pressionar”, disse Hua Chunying.

Conversas de risco

Especialistas chineses, citados ontem pelo diário oficial Global Times, alertaram para os perigos deste eventual inquérito norte-americano.

“Pode piorar a fricção comercial entre os dois países e colocar em perigo os resultados do primeiro diálogo económico global”, apontou o vice-presidente da Sociedade chinesa para os Estudos da Organização Mundial do Comércio, Huo Jianguo.

“Não é nenhuma surpresa que Trump está a tomar medidas contra a China ao nível do comércio. O desequilíbrio comercial sino-americano significa que a China vai enfrentar uma grande fricção comercial com os Estados Unidos durante a Presidência de Donald Trump”, considerou, por sua vez, Jin Canrong, especialista em matérias de diplomacia.

Já o economista-chefe do grupo financeiro Citigroup para o mercado chinês, Liu Ligang, advertiu que esta medida de Washington pode afectar outros países que integram a rede de exportações da China, como é o caso do Japão e da Coreia do Sul.

No seguimento da recente resolução aprovada, por unanimidade, no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise norte-coreana e o seu controverso programa nuclear e balístico, a China, principal parceiro e apoiante da economia do regime de Pyongyang, anunciou ontem a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte (ver página 9).

A China foi em 2016 o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas.

15 Ago 2017

Hong Kong | Aumenta controlo de saúde após descoberta de contaminação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong aumentaram os controlos de saúde dos ovos que importam da Europa, após a descoberta, no início deste mês, de níveis elevados do pesticida tóxico fipronil em dois lotes procedentes da Holanda, noticiou ontem a imprensa local.

O Departamento de Segurança Alimentar de Hong Kong reconheceu estar “muito preocupado” com a situação e, apesar de ter garantido que não foram encontrados novos casos de ovos contaminados desde dia 4, lançou medidas de controlo mais apertadas para estes produtos procedentes do velho continente.

A secretária para Alimentação e Saúde da antiga colónia britânica, Sophia Chan, citou concretamente os controlos aos ovos procedentes da Holanda e da Bélgica, embora tenha assegurado que as medidas se estendem a todo o território europeu.

A Europa é origem de aproximadamente 20% dos ovos que se vendem na Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong.

Em Macau, as autoridades informaram que não foram importados ovos provenientes da Holanda durante o corrente ano. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais garantiu, no entanto, que vai continuar a acompanhar de perto os desenvolvimentos do caso, a manter contacto com os departamentos e importadores relevantes e a reforçar os trabalhos de controlo e inspeção de ovos e produtos avícolas.

Alerta geral

A Comissão Europeia confirmou que foram detectados ovos contaminados com fipronil em 15 países da União Europeia, na Suíça e em Hong Kong.

Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Reino Unido, Roménia e Suécia são os países da União Europeia onde foram detectados ovos contaminados, detalhou, este sábado, um porta-voz da Comissão Europeia.

A Comissão Europeia vai reunir-se com representantes destes países em 26 de setembro.

A “crise” dos ovos contaminados iniciou-se em 20 de julho, quando a Bélgica alertou as autoridades comunitárias de que tinha detectado ovos contaminados.

Oito dias depois, a Holanda lançou um alerta alimentar por suspeita de contaminação, mas só em 3 de agosto é que as autoridades holandesas advertiram de que, em alguns lotes, a quantidade do pesticida era superior aos limites e poderia representar um perigo para a saúde dos consumidores.

14 Ago 2017

Hong Kong | Membro do Partido Democrata diz que foi raptado e torturado

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m membro do Partido Democrata de Hong Kong denunciou sexta-feira que foi raptado e torturado por agentes chineses, para aparentemente evitar um contacto com a viúva do ativista Liu Xiaobo.

Acompanhado por deputados do Partido Democrata – o maior partido da oposição em Hong Kong – e outras figuras do campo pró-democracia, Howard Lam descreveu, em conferência de imprensa, o ataque e mostrou as pernas ainda com agrafos, informou a imprensa local.

Lam afirmou que os raptores lhe perguntaram se conhecia Liu Xia, a viúva do prémio Nobel da Paz 2010 Liu Xiaobo, e avisaram-no para desistir do plano de lhe enviar um postal autografado do jogador do Barcelona Lionel Messi, o qual tinha recebido no mês passado.

O activista disse acreditar que o ataque foi uma retaliação contra a intenção de enviar o postal à viúva do dissidente chinês que morreu em Julho, vítima de cancro. Antes, o pró-democrata tinha tido a ideia de enviar o postal a Liu Xiaobo, por saber que ele era um grande fã da estrela argentina.

Liu Xia, de 56 anos, foi colocada em prisão domiciliária no apartamento de Pequim, logo após o marido ter sido galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2010. A distinção do Comité Nobel Norueguês aconteceu depois de Liu ter sido condenado a 11 anos de prisão por subversão por ter exigido reformas democráticas na China.

A viúva de Liu Xiaobo nunca foi alvo de qualquer condenação ou processo.

Apanhado em Mong Kok

Howard Lam afirmou que foi raptado em Portland Street, no bairro de Mong Kok, na quinta-feira por quatro ou cinco homens que falavam mandarim. A língua comummente falada em Hong Kong é o cantonês.

O activista contou que foi metido numa carrinha e que lhe deram um químico que o fez ficar inconsciente, segundo a Rádio e Televisão de Hong Kong (RTHK).

Lam disse ter recuperado os sentidos durante alguns minutos já numa sala onde alegadamente foi torturado e os atacantes o avisaram para não reportar o ataque à polícia porque “era um assunto nacional”.

Lam afirmou que depois de agredido voltou a ficar inconsciente e que acordou numa praia em Sai Kung. Demasiado assustado para ligar à polícia, afirmou ter caminhado até à estrada e apanhado um táxi.

O membro do Partido Democrata comentou que o ataque era um aviso para todas as pessoas de Hong Kong.

O deputado do Partido Democrata Lam Cheuk-ting classificou o incidente como “ultrajante”.

“É uma violação da Lei Básica, do princípio ‘Um país, dois sistemas’. Raptar, ameaçar e torturar pessoas de Hong Kong é um crime muito grave em Hong Kong, não importa as suas identidades, se são autoridades da China ou não”, disse o deputado.

“Insto o governo de Hong Kong a abrir uma investigação”, acrescentou.

Howard Lam disse que planeava ir ao hospital para tratamento e que iria reportar o caso à polícia.

Um porta-voz do gabinete da chefe do Executivo, Carrie Lam, disse que o Departamento de Segurança da cidade e a polícia iriam responder às questões da imprensa sobre o caso, informou o South China Morning Post.

Uma fonte da polícia, citada pelo mesmo jornal, afirmou que iam questionar a vítima e verificar imagens das câmaras de segurança para reunir provas sobre o caso.

14 Ago 2017

Xi Jinping pede a Trump que evite aumentar tensão com Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, pressionou sábado o homólogo norte-americano, Donald Trump, a evitar “palavras e ações” que possam “exacerbar” a situação já tensa na península coreana.

“Neste momento, as partes envolvidas devem exercer contenção e evitar palavras e actos que possam agravar a tensão na península coreana”, afirmou Xi Jinping, durante a conversa mantida ao telefone com Donald Trump.

Xi defendeu que as partes devem exercer “contenção” e “continuar na direção do diálogo, das negociações e de uma solução política”, informou a CCTV.

Segundo a televisão estatal, o líder chinês sublinhou ainda que Pequim e Washington partilham o “interesse comum da desnuclearização da península coreana e da manutenção da paz e da estabilidade”.

Xi Jinping transmitiu ainda que a China “está disposta a trabalhar com a Administração norte-americana para resolver a questão de forma adequada”, refere a agência noticiosa oficial Xinhua.

A Casa Branca destacou, por seu turno, em comunicado, que os dois líderes concordaram que a Coreia do Norte tem de parar com o seu comportamento “provocador” que leva a uma crescente escalada da tensão, e “reiteraram o compromisso mútuo com vista à desnuclearização da península coreana”.

Segundo refere a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP), Trump instou Pequim a exercer mais pressão sobre a Coreia do Norte para que suspenda o seu programa de armas nucleares.

Os dois líderes congratularam-se ainda com a resolução, adoptada recentemente pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que impõe novas sanções a Pyongyang, descrevendo-as como “um passo importante e necessário” para a estabilidade na península coreana.

Trump e Xi têm “uma relação muito próxima” que poderá contribuir para “uma resolução pacífica do problema da Coreia do Norte”, enfatizou a Casa Branca.

Outras conversas

Num outro diálogo ao telefone, desta feita, com o governador de Guam, Eddie Calvo, Donald Trump declarou que as forças norte-americanas estão “prontas” para proteger a ilha, depois de a Coreia do Norte ter ameaçado lançar um ataque com mísseis para as proximidades daquele território no Pacífico, que acolhe importantes bases norte-americanas.

A Coreia do Norte ameaçou, na quinta-feira, bombardear as águas territoriais de Guam, ilha com uma população estimada em 160 mil habitantes, em cujas bases norte-americanas se encontram estacionados bombardeiros estratégicos que o Pentágono envia com regularidade para as proximidades da península coreana.

O plano, que Pyongyang prometeu finalizar dentro de dias, detalhava o lançamento de quatro mísseis Hwasong-12 de médio-longo alcance que sobrevoariam “as prefeituras japonesas de Shimane, Hiroshima e Kochi (oeste) e percorreriam 3.356,7 quilómetros durante 1.065 segundos [quase 18 minutos] antes de caírem na água, a cerca de 30 ou 40 quilómetros de Guam”.

Detida mãe que tentou enviar bebé pelo correio

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa deteve na cidade de Fuzhou uma mãe de 24 anos que tentou enviar pelo correio a sua filha recém-nascida para um orfanato, dentro de um pacote com sacos de plástico, noticiou sexta-feira a imprensa local. A mãe contactou um serviço de mensageiros para entregar a invulgar encomenda no orfanato. O estafeta, estranhando que a mulher o tivesse impedido de revistar o conteúdo do pacote, observou mais tarde que este se movia e que do interior se ouviam ruídos, pelo que decidiu abri-lo e descobriu, com espanto, que ali estava um bebé recém-nascido. A criança encontra-se bem, segundo fontes do hospital para onde foi transportado, e a mulher está sob custódia policial. A mãe prometeu tomar conta da menina e não voltar a abandoná-la, o que desencadeou um grande debate nas redes sociais do país.

Sobe para 24 número de mortos no sismo em Sichuan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de mortos na sequência do forte sismo que sacudiu, na noite de terça-feira, a província de Sichuan, no sudoeste da China, subiu sábado para 24, com a descoberta de quatro corpos, informou a agência oficial Xinhua. O sismo fez ainda 493 feridos, dos quais 45 continuam em estado grave, segundo as autoridades locais que informaram ainda de pelo menos cinco desaparecidos. O terramoto de magnitude 6,5 – segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos – ocorreu na terça-feira às 21:30, numa zona de elevada altitude e difícil acesso do planalto tibetano, onde se encontra a reserva de Jiuzhaigou, um dos parques naturais mais reputados do país e classificado pela Unesco. Mais de 85 mil pessoas, incluindo 126 turistas estrangeiros, foram retiradas daquela localidade, onde existem inúmeros hotéis junto ao parque. O abalo de terça-feira foi sentido numa vasta região, desde a capital da província de Chengdu a 284 quilómetros do epicentro, até à cidade de Xian, a mais de 400.

14 Ago 2017

Angola | Venda de petróleo à China subiu 22% até Junho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] venda de petróleo de Angola à China aumentou 22% no primeiro semestre deste ano, para 27,1 mil toneladas métricas, sendo o segundo maior fornecedor chinês, a seguir à Rússia, com 29,2 mil.

De acordo com os dados compilados pela agência de informação financeira Bloomberg, com base nos números da alfândega chinesa, Angola foi o segundo maior vendedor de petróleo à China no primeiro semestre, tendo mesmo começado o ano a vender mais petróleo que a Rússia, tradicionalmente o maior fornecedor chinês.

Em Janeiro deste ano, Angola vendeu ao gigante asiático 4,9 mil toneladas métricas, sendo aliás o único mês em que suplantou as vendas oriundas da Rússia para a China – juntamente com a Arábia Saudita, estes países valem cerca de metade das importações chinesas de petróleo.

No mês passado, a produção petrolífera angolana registou um aumento equivalente a 66.000 barris diários, mas continua atrás da Nigéria, que está na liderança entre os produtores africanos, segundo a OPEP.

De acordo com o último relatório mensal da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Angola atingiu em Junho uma produção diária média de 1,668 milhões de barris de crude, face aos 1,602 milhões de barris do mês anterior, com dados baseados em fontes secundárias.

Com este registo, em volume produzido, Angola continua, pelo segundo mês consecutivo, atrás da Nigéria.

14 Ago 2017

Governo | Jason Chao pede suspensão acordo com Alibaba

Não tem nada contra cidades inteligentes e novas tecnologias, até porque é a sua área de formação. Mas está de pé atrás em relação ao acordo-quadro que o Executivo firmou com a Alibaba. Jason Chao acusa o Governo de falta de transparência

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]ason Chao pediu ontem transparência ao Governo e a suspensão do acordo anunciado na semana passada com o grupo chinês Alibaba, até os pormenores do plano “cidade inteligente” ficarem disponíveis para escrutínio público.

“Não é inteiramente sobre privacidade. A privacidade é apenas uma das questões. É sobre o que se pode obter dos dados”, disse em conferência de imprensa o antigo presidente da Associação Novo Macau.

“O serviço de ‘cloud’ é bastante complexo e não podemos dizer que ‘este é bom e aquele é mau’: há muitas soluções e produtos. O problema do Governo de Macau é a falta de transparência. Por isso, antes de termos mais informações sobre o designado plano de ‘cidade inteligente’, não podemos fazer uma análise aprofundada”, acrescentou.

O acordo-quadro assinado no passado dia 4, entre o Executivo e o grupo Alibaba, prevê o estabelecimento de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados para a criação de uma “cidade inteligente”, em duas fases, ao longo de quatro anos.

A primeira – até Junho de 2019 – prevê a criação de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados e o início gradual de projectos de utilização dos mesmos em seis domínios: promoção do turismo, formação de talentos, gestão do trânsito, serviços de assistência médica, gestão integrada urbana e prestação de serviços urbanos integrados e tecnologia financeira.

A segunda etapa – de Julho de 2019 a Junho de 2021 – compreende o aperfeiçoamento do centro de computação em nuvem (conjunto de servidores remotos alojados na Internet para armazenar, gerir e processar dados em vez dos servidores locais ou de computadores pessoais) e da plataforma de megadados, abrangendo outras áreas como protecção ambiental, passagem fronteiriça e previsões económicas.

Dados para quê?

Jason Chao, com formação nas áreas da informática e análise de dados, quer “pressionar o Executivo a disponibilizar a informação”. “O que me preocupa é que nós não sabemos como é que o Governo de Macau ou o Governo chinês vão usar os dados. Ao dizer usar, não estou a dizer que eles vão verificar os dados para descobrir onde é que a pessoa foi hoje ou com quem é que se encontrou; é sobre as tendências ou modelos que podem inferir a partir dos dados”, disse.

O activista garantiu não ser contra a ‘big data’ ou as ‘cidades inteligentes’. “Eu próprio vou fazer um mestrado em ‘big data’, mas tenho conhecimento para, pelo menos, fazer uma avaliação sobre os riscos de ser explorada por governos não transparentes ou maus como o de Macau”, afirmou. “Precisamos de transparência, precisamos de saber o que vão fazer com os dados”, disse.

Jason Chao defendeu ainda ter chegado a altura de “advogar a ‘open data’ [dados abertos]” por considerar que isso representa “um novo desenvolvimento na democracia” das nações.

“A União Europeia tem um portal com ‘open data’ [dados abertos] que permite às comunidades tecnológicas usarem os dados que estão na posse dos governos”, argumentou.

Jason Chao citou ainda o quadro legal da União Europeia sobre o acesso a documentos administrativos, referindo que os países do bloco dão aos cidadãos a possibilidade de acederem aos dados dos governos.

“Com a participação das sociedades civis, beneficiamos do uso destes dados. Por isso, os dados na posse do Governo [de Macau] devem pertencer ao público, excepto os que estão classificados como informação pessoal”, defendeu.

13 Ago 2017

Primeiro satélite de telecomunicação quântica envia dados para a Terra

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro satélite de telecomunicação quântica do mundo, lançado pela China há um ano, enviou com êxito dados para a Terra, cimentando as bases para uma rede global de comunicação quântica, informou ontem a imprensa estatal.

A agência noticiosa oficial Xinhua avançou que o QUESS (sigla em inglês para Experiência Quântica à Escala Espacial) operou com êxito e os resultados foram publicados pela revista académica Nature.

Os cientistas chineses converteram-se nos primeiros a realizar a transmissão de comunicação quântica a partir de um satélite para a Terra, depois de, em Agosto de 2016, terem lançado o satélite do centro de Jiuquan, no deserto de Gobi (noroeste do país).

A comunicação quântica baseia-se nas alterações do estado das partículas subatómicas, como os fotões, e pode ter dois grandes usos: um sistema de transmissão de dados mais rápido do que os actuais e impossível de interceptar e, mais complicado, o teletransporte.

Estados Unidos, Europa ou Japão já experimentaram a comunicação quântica à superfície, mas a China, que também iniciou o desenvolvimento de uma rede de transmissão deste tipo, entre Pequim e Xangai, é o primeiro país a fazê-lo a partir do espaço.

O satélite enviou comunicação quântica para as estações terrestres em Xinglong e Nanshan, no norte e noroeste da China, respectivamente, explicou o físico chinês Pan Jianwei, que dirige o projecto, citado pela Xinhua.

Múltiplas aplicações

A distância da comunicação entre o satélite e a estação terrestre varia entre 645 e 1.200 quilómetros e a velocidade da transmissão é até vinte vezes superior à velocidade máxima atingida com fibra óptica.

A comunicação quântica “pode, por exemplo, permitir uma chamada telefónica absolutamente segura ou transmitir uma grande quantidade de dados bancários”, afirmou Pan.

“A distribuição de chaves quânticas, baseada nos satélites, pode vincular-se a redes quânticas metropolitanas” e servir para “conectar numerosos utilizadores dentro de uma cidade com mais de 100 quilómetros”, acrescentou o cientista.

Os cientistas esperam aplicar este novo tipo de comunicação em áreas como a Defesa ou Finanças.

13 Ago 2017

Grande Mekong | ONU pede criação de órgão para combater tráfico humano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) pediu ontem aos países da região do Grande Mekong – Tailândia, Birmânia, Laos e Camboja – para criarem um organismo conjunto para lutar contra o tráfico de seres humanos.

“A Tailândia e os seus vizinhos têm de trabalhar de modo mais próximo. Recomendamos a criação de um grupo de trabalho que combata e partilhe informação contra o tráfico de seres humanos”, declarou à imprensa Jeremy Douglas, representante do UNODC para o Sudeste Asiático e o Pacífico.

O departamento da ONU, juntamente com o governamental Instituto para a Justiça na Tailândia (TIJ), apresentou ontem um relatório sobre a situação da imigração clandestina para o país proveniente da Birmânia, Camboja e Laos.

O relatório indica que existem cerca de quatro milhões de imigrantes em território tailandês, 90% dos quais dos referidos países vizinhos, incluindo centenas de milhares que entraram no país clandestinamente.

O relatório, que aponta a falta de dados como um dos grandes problemas, inclui perfis de vítimas e de traficantes, as rotas mais utilizadas, métodos e comportamentos das máfias e preços das viagens pagos pelos migrantes.

“Agora compreendemos melhor a situação e temos identificados alguns desafios e oportunidades para as autoridades dos países. O estudo proporciona uma plataforma para alargar a cooperação e a assistência”, disse Douglas.

Presas fáceis

Os imigrantes ilegais encontram-se numa situação vulnerável e muitos são apanhados por organizações criminosas que os obrigam a realizar trabalhos de risco e os exploram em sectores como a construção, pesca e agricultura, entre outros, quando não são forçados à prostituição ou revendidos.

O grande número de potenciais vítimas contrasta com o de traficantes processados, que o TIJ quantifica em 242 em 2015.

“É difícil identificar e perseguir os delinquentes. As vítimas também têm medo de os denunciar ou desconhecem tratar-se de crimes”, assinalou Kittipong Kittayarak, diretor do TIJ, na apresentação do relatório na sede da ONU em Banguecoque.

13 Ago 2017

Crise | Pyongyang e Estados Unidos trocam novas ameaças. Trump muda de retórica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte está a pensar num ataque às bases norte-americanas em Guam. Kim Jong-un irritou-se com Donald Trump que, em declarações feitas a partir do seu campo de golfe, disse que Pyongyang terá de enfrentar uma “fúria e fogo jamais vistos no mundo” se não deixar de ameaçar os Estados Unidos. O mundo já teve mais razões para estar sossegado

O Departamento de Segurança Nacional de Guam descartou ontem um hipotético ataque com mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte, depois de Pyongyang ter ameaçado bombardear as bases militares dos Estados Unidos naquela ilha do Pacífico.

“Quero tranquilizar o povo de Guam de que actualmente não há ameaças à nossa ilha ou à das Marianas”, afirmou Eddie Calvo, governador de Guam, ao diário Pacific Daily News.

Não obstante, Eddie Calvo assinalou ter falado sobre o desafio bélico com responsáveis da Casa Branca e militares. “Um ataque ou ameaça contra Guam é um ataque ou uma ameaça contra os Estados Unidos”, frisou o governador. Guam, um dos territórios “não incorporados” dos Estados Unidos, localiza-se a 3430 quilómetros a sudeste da Coreia do Norte.

Um porta-voz do Exército Popular da Coreia do Norte afirmou ontem que Pyongyang “analisa meticulosamente um plano operacional” para um ataque em torno de Guam com mísseis de médio/longo alcance Hwasong-12 para “conter as principais bases estratégicas dos Estados Unidos na ilha, incluindo a de Andersen”, segundo um despacho da agência oficial norte-coreana KCNA.

A base aérea de Andersen, situada no nordeste da ilha, acolhe bombardeiros B-1B com capacidade nuclear que, na terça-feira, chegaram a ser enviados pelos Estados Unidos para a península coreana, de acordo com fontes militares sul-coreanas citadas pela agência de notícias da Coreia do Sul, a Yonhap.

O conselheiro de Segurança Nacional de Guam, George Charfauros, afirmou que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos está a “monitorizar de perto a situação”, garantindo que confia no sistema de defesa destacado para este tipo de ameaças, em declarações proferidas ao jornal Pacific Daily News.

A ameaça da Coreia do Norte teve lugar horas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter advertido o regime de Kim Jong-un que “é melhor não fazer mais ameaças aos Estados Unidos”, dado que terão como resposta “fogo e fúria jamais vistos no mundo”.

Retórica de fim do mundo

O apocalíptico aviso deixado por Donald Trump – feito a partir do seu campo de golfe em Nova Jérsia – também foi uma reacção, horas depois de a imprensa norte-americana ter noticiado que Pyongyang conseguiu fazer, com sucesso, uma ogiva nuclear em miniatura.

O Washington Post citou um analista dos serviços de inteligência que diz que as autoridades acreditam que a Coreia do Norte tem armas nucleares para serem usadas através de mísseis – incluindo os intercontinentais –, o que representa que a ameaça aos vizinhos e aos Estados Unidos se encontra agora num novo patamar.

O Pentágono não teceu qualquer comentário sobre esta matéria, mas o Washington Post garantiu que duas fontes oficiais conhecedoras da análise feita ao armamento norte-coreano confirmam as conclusões. Também a CNN confirmou a existência de um relatório nesse sentido.

Até ao mês passado, os peritos na matéria pensavam que o regime de Kim Jong-un ainda precisaria de mais dois ou três anos para desenvolver um míssil intercontinental. Estas contas tiveram de ser revistas depois de, em Julho, Pyongyang ter testado dois mísseis do género, numa demonstração das novas capacidades bélicas do regime. O primeiro teste – que Kim Jong-un descreveu como sendo um presente para os Estados Unidos – permitiu perceber que o míssil poderá chegar ao Alasca. O segundo tem ainda um maior alcance, com alguns peritos a não afastarem a hipótese de Nova Iorque estar também vulnerável.

Nas declarações feitas a partir do campo de golfe, Donald Trump defendeu que Kim Jong-un “tem estado muito mais ameaçador do que é no seu estado normal”, vincando que não estará com meias medidas perante novas ameaças.

Apesar do estilo que tem vindo a ser adoptado pelo Presidente norte-americano em relação à Coreia do Norte, estas declarações marcam uma mudança de discurso, uma vez que Washington tem, nas últimas semanas, optado por defender uma solução que não passe pelo recurso ao armamento.

Um para o outro

A ameaçada deixada pelo Presidente dos Estados Unidos não foi bem recebida interinamente. Ontem, em editorial, o Washington Post classificou o aviso como sendo “desnecessário e imprudente”, comparando a linguagem usada por Donald Trump ao tipo de discurso que Kim Jong-un costuma ter. “Porque é que o Presidente do país mais poderoso do mundo quer descer a esse nível?”, lança o jornal.

Num texto em que recorda as consequências da utilização das bombas atómicas e em que defende que a força militar norte-americana deverá ter um efeito dissuasor, o jornal sublinha que a questão norte-coreana só poderá ser resolvida com diplomacia e com elevadas capacidades diplomáticas, “talvez durante anos”. “Em vez disso, Trump pavoneou-se na arena com uma surpreendente granada retórica”, remata o Washington Post.

Já congressista democrata Eliot Engel afirmou que o comentário do líder norte-americano “soa a loucura”, condenando-o por estar a traçar uma “absurda” linha vermelha que Kim Jong-un inevitavelmente pisará.

“Não há ilusões: a Coreia do Norte é uma ameaça real, mas a reacção louca do Presidente sugere que está a ponderar a utilização do armamento nuclear americano em resposta a um comentário abominável de um déspota norte-coreano”, escreveu Engel num comunicado.

Já o porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Chris Logan, tentou pôr água na fervura, ao vincar que os Estados Unidos procuram uma solução pacífica para a desnuclearização da Península Coreana. Acrescentou, porém, que a possibilidade de uma acção militar não pode ser deixada de lado.

“Continuamos preparados para nos defendermos e protegermos os nossos aliados, e para usar todas as capacidades que temos ao nosso dispor face a crescente ameaça que representa a Coreia do Norte”, disse Logan.

Já o vice-secretário de Estado John Sullivan garantiu que Washington está a trabalhar para garantir que a China e outros países aplicam as novas sanções determinadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A Coreia do Norte considera que os Estados Unidos têm uma grande responsabilidade no novo pacote de sanções da ONU, que procuram reduzir as receitas das exportações do regime em mil milhões de dólares por ano e figuram como as mais duras até à data. Foram aplicadas em resposta ao lançamento, em Julho, de dois mísseis balísticos intercontinentais por Pyongyang, com capacidade para alcançar solo norte-americano.

Coreia do Sul quer reformar forças armadas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, instou ontem a uma “reforma completa” das forças armadas do país, considerando o reforço da defesa sul-coreana uma “tarefa urgente” perante os avanços da Coreia do Norte. “Creio que poderemos necessitar de uma reforma completa, em vez de realizar apenas melhorias ou alterações”, afirmou o chefe de Estado sul-coreano durante uma reunião com novos comandantes da Marinha, Força Aérea e Exército, disse um porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano. “Um acto pendente para nós é a tarefa urgente de reforçar as nossas capacidades defensivas para travar as provocações realizadas pela Coreia do Norte com mísseis e armas nucleares”, sublinhou Moon.

As palavras do Presidente da Coreia do Sul foram deixadas já depois de a Coreia do Norte ter ameaçado atacar com mísseis as bases norte-americanas de Guam, no Pacífico, como resposta ao envio de dois bombardeiros estratégicos para a península coreana e às advertências lançadas por Donald Trump.

10 Ago 2017

Crime | Marido mata mulher à facada

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma mulher de 71 anos morreu ontem depois de ter sido esfaqueada pelo marido. A vítima chegou ao hospital ainda com vida, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com a polícia, citada pelo canal chinês da Rádio Macau, o alegado autor do crime tem 66 anos. Foi ele que avisou as autoridades do sucedido. O caso aconteceu nas Portas do Cerco, onde o casal vivia. O esfaqueamento terá ocorrido na sequência de uma discussão motivada por problemas financeiros. Trata-se do segundo caso de ataques com facas em menos de quatro dias, depois da tragédia de domingo passado no One Oasis. Sobre o homicídio e suicídio no condomínio em Coloane, a Polícia Judiciária (PJ) explicou ontem que o casal de namorados discutiu por causa de questões financeiras, tendo a mulher decidido terminar a relação. De acordo com a vítima, que se encontra ainda hospitalizada, foi então que o namorado a atacou. O homem suicidou-se, matando a filha de ambos. A análise ao sistema de videovigilância permitiu à PJ perceber que o homem saltou com a bebé ao colo.

Sin Fong Garden | Governo diz-se atento à segurança

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá para breve a instalação de andaimes e de uma rede de vedação na parede exterior do Sin Fong Garden. A garantia foi dada ontem pela Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego, na sequência de avisos deixados por cidadãos. As Obras Públicas já enviaram funcionários ao local para averiguar a situação e estão em contacto com a representante nomeada pelos proprietários do Sin Fong Garden, a Macau Empresa Social. Esta empresa instalará em breve os equipamentos necessários para garantir a segurança e vai demolir as partes da parede exterior que estão em situação de risco, para evitar a queda de objectos na via pública. A Administração promete dar à empresa o apoio que for necessário.

Táxis | Tarifas em excesso na maioria das infracções

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ó no mês de Julho, foram registados no território 416 casos de infracções cometidas por taxistas. Citada pelo canal chinês da Rádio Macau, a Polícia de Segurança Pública explicou que 58 por cento das ocorrências estão relacionadas com a cobrança abusiva de tarifas. Ou seja, há 244 casos clientes a quem os taxistas pediram mais dinheiro do que era suposto. Depois, há ainda 118 casos em que os motoristas recusaram prestar o serviço aos passageiros. A PSP promete continuar a combater as infracções.

10 Ago 2017

Disco | Álbum de Joel Xavier com Ron Carter editado mundialmente

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] trabalho discográfico do guitarrista português Joel Xavier, com o contrabaixista norte-americano Ron Carter, foi editado mundialmente pela discográfica germânica Galileo, divulgou a promotora do músico.

O álbum intitula-se “Joel Xavier & Ron Carter in New York”, foi gravado em Setembro de 2004 e editado em Novembro desse mesmo ano, numa edição de autor, sendo constituído por nove temas, entre os quais “Maria”, “Destiny” e “Memories”.

Joel Xavier, de 43 anos, tem colaborado regularmente com outros músicos do jazz, designadamente Chucho Valdés e Richard Galliano.

Natural da Ericeira, Xavier toca há 24 anos, tendo actuado em vários palcos internacionais e vencido, aos 19 anos, o concurso norte-americano “Namm-Show”, ao qual concorreram 70 músicos.

O músico foi considerado pelos críticos norte-americanos como um dos cinco melhores guitarristas do ano, em 1993.

Em 1992 estreou-se discograficamente com o álbum “18”. Ao longo da carreira editou cerca de dez álbuns, entre os quais um, em 1999, com Paquito D’Rivera, Michel Camilo, Larry Coryell e Arturo Sandoval.

“Silence”, “Happiness”, “Dream”, “Simple Things” e “Life” são outros temas que compõem o álbum “Joel Xavier & Ron Carter in New York”, agora editado internacionalmente pela Galileo.

Ron Carter iniciou-se musicalmente aos dez anos, tocando violoncelo, passando depois para o contrabaixo, no qual se tornou como mestre em performance, em 1961, na Manhattan School of Music, em Nova Iorque.

O músico de 80 anos tem uma vasta carreira no jazz, e uma extensa colaboração em gravações de música clássica.

Na área do jazz conta centenas de discos gravados, com nomes como Milt Hinton, George Duvier, Jacki Byard, Chico Hamilton, Randy Weston, Thelonious Monk, Wes Montgomery, Bobby Timmons, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Tony Williams e Miles Davis, com quem formou um quinteto. O contrabaixista, natural do Michigan, colaborou também em álbuns das cantoras Roberta Flack e Rosa Passos, entre outros.

Música | Estrela australiana vai estar em Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] lenda do rock australiano Jimmy Barnes vai estar pela primeira vez em Macau. O concerto tem lugar no Teatro Parisien, numa apresentação única a 9 de Dezembro.

Tido como “o coração e a alma do rock and roll australiano”, Barnes conta já com 40 anos de carreira. Um ídolo no seu país de origem, o cantor bate recordes de vendas na Austrália e é, até hoje, o artista que se dedica ao rock com mais discos vendidos.

Depois do sucesso inicial em que se fazia acompanhar pela também lendária banda “Cold Chisel”, Barnes optou por fazer carreira a solo a partir de 1984. O álbum de estreia, “Bodyswerve”, atingiu imediatamente os tops de vendas. Mas foi com “For the Working Class Man” que Barnes conseguiu o reconhecimento enquanto músico, “com um som único que lhe valeu um reconhecimento até aos dias de hoje”, lê-se no comunicado que apresenta o concerto. A canção homónima é ainda considerada o tema de referência do artista entre os admiradores australianos.

De acordo com o mesmo comunicado, “os concertos de Barnes são, pela sua intensidade, uma referência”.

Os bilhetes para a estreia no território já se encontram à venda e os valores vão das 380 às 780 patacas.

10 Ago 2017

HRW | Apelo para evitar deportação de desertores norte-coreanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou ontem  à China para que não deporte um grupo de 15 desertores norte-coreanos, entre os quais três crianças, face ao perigo de serem presos, torturados e até executados.

A organização de defesa dos Direitos Humanos, que soube da situação do grupo através do pai de um dos desertores, pede a Pequim que os acolha como refugiados.

O filho deste homem e outros quatro norte-coreanos foram detidos no início de Julho, próximo da fronteira da China com o Laos.

Os cinco permaneceram detidos em Xishuangbanna, na província de Yunnan, extremo sudoeste da China, junto a outros dez norte-coreanos que já estavam detidos, entre os quais três crianças.

No início de Agosto, o grupo foi transferido para o centro de detenção para imigrantes, em Tumen, próximo da fronteira com a Coreia do Norte, e considerada a última paragem antes da repatriação.

Campos de terror

Em comunicado, a HRW refere que os “repatriados pela China enfrentam prisão em campos de trabalhos forçados (designados “kyohwaso”), campos de prisioneiros políticos (“kwanliso”) ou até a execução.

A organização sublinha que nos “kwanliso” as condições de vida são sub-humanas, com “maus tratos contínuos, inclusive abusos sexuais, torturas por guardas e execuções sumárias”.

“A taxa de mortalidade nestes campos é extremamente alta, segundo relataram ex-prisioneiros e guardas”, detalha.

A maioria dos desertores norte-coreanos atravessa os rios Amnok ou Tumen para chegar à China, de onde tentam alcançar um terceiro país, principalmente a Tailândia e a Mongólia, para pedir asilo através das embaixadas e consulados sul-coreanos.

A China, que quer evitar migrações em massa de norte-coreanos, não os considera refugiados, mas “migrantes económicos”, forçando assim a sua repatriação se forem apanhados pelas autoridades.

Um relatório de 2014 da Comissão de Investigação da ONU sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte indicou que “quase todos os repatriados são objecto de actos inumanos”, por serem considerados “uma ameaça para o sistema político e a cúpula” do regime, que quer evitar que o país “tenha contacto com o mundo exterior”.

Inflação subiu 1,4 por cento em Julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, a segunda economia mundial, registou um aumento de 1,4 por cento em Julho, face ao mesmo mês do ano passado, revelam dados oficiais do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês. Os preços dos alimentos caíram 1,1 por cento, no mês passado, enquanto os produtos não alimentares subiram dois por cento, afastando o receio de uma entrada em deflação. Destaca-se a queda do preço da carne de porco, de 15,5 por cento, em Julho, face ao período homólogo de 2016, e dos vegetais, de 9,1 por cento, enquanto na categoria não alimentar destaca-se a subida de 5,5 por cento nos gastos com a saúde. Segundo a consultora Capital Economics, os números reflectem as políticas económicas mais restritivas adoptadas por Pequim, que estão a abrandar a actividade económica. O índice de preços na produção, que indica a inflação no sector grossista, registou uma subida homóloga de 5,5 por cento no mês passado, a mesma percentagem que nos dois meses anteriores. À semelhança de anos anteriores, o Governo chinês fixou como meta que a inflação não supere os três por cento.

Pelo menos 25 mortos em deslizamento de terras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas de resgate encontraram ontem sem vida o último dos desaparecidos num deslizamento de terras, ocorrido na terça-feira no sudoeste da China, elevando para 25 o número de mortos, informou a imprensa local. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, na província de Sichuan, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Outras cinco pessoas ficaram feridas na sequência do deslizamento. Um terramoto ocorrido no mesmo dia em Sichuan fez pelo menos 19 mortos e 247 feridos. O deslizamento ocorreu devido às fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias.

Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.

10 Ago 2017