Trabalho | Desemprego mantém-se nos 2 por cento

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre Maio e Julho de 2017 a taxa de desemprego fixou-se nos 2 por cento, enquanto que a taxa de subemprego foi de 0,4 por cento, de acordo com os dados dos Serviços de Estatística e Censos. Ambos os registos mantiveram-se nos mesmos níveis do período passado de Abril a Junho, dentro da taxa que se entende como pleno emprego. Este conceito, apesar de incerto está longe dos dois por cento.

No entanto, o número de desempregados à procura do primeiro emprego subiu, uma realidade explicável pelo maior número de licenciados que tentam entrar no mercado de trabalho. Esta realidade fez com que a taxa de desemprego de residentes tenha subido ligeiramente, 0,1 por cento, para os 2,8 pontos percentuais face ao período transacto.

Entre Maio e Julho, a população activa totalizava 392.100 pessoas, com uma taxa de actividade de 71,4 por cento. Neste domínio importa destacar que a população empregada se fixou nos 384.100 indivíduos, sendo que os residentes empregados chegaram aos 282.600, ou seja, mais 1800 e 1600 pessoas respectivamente.

Individualizando em termos de ramos de actividade económica, os sectores da hotelaria, restauração e similares aumentaram, enquanto o número de empregados na construção decresceu.

O número de desempregados entre Maio e Julho foram 8000, mais 100 face período transacto. Deste universo, 15,2 por cento procuraram o seu primeiro emprego, uma parcela demográfica que aumentou 4,4 por cento.

Em comparação com o período de Maio a Julho de 2016, a taxa de actividade e de subemprego decresceram 1,1 e 0,1 pontos percentuais, respectivamente, enquanto que a taxa de desemprego subiu 0,1 por cento.

29 Ago 2017

Economia | Produto Interno Bruto subiu 11,5 por cento

Os dados mais recentes mostram que o desempenho do sector do jogo levou a uma subida do Produto Interno Bruto no segundo trimestre deste ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] economia de Macau cresceu 11,5 por cento, em termos reais, no segundo trimestre do ano, face a igual período do ano passado, impulsionada pelo desempenho da indústria do jogo.

De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a um ritmo superior ao do primeiro trimestre (10,3 por cento) devido principalmente “às subidas das exportações de serviços e da despesa de consumo privado”.

No primeiro semestre do ano, a economia de Macau registou um crescimento homólogo de 10,9 por cento, em termos reais, com o PIB a alcançar 95.055 milhões de patacas no final de Junho.

A procura externa manteve-se em alta no segundo trimestre do ano, impulsionando o crescimento anual de 18,8 por cento das exportações de serviços, destacando-se os aumentos homólogos de 19 por cento nas do jogo e de 22,1 por cento nas de outros serviços turísticos, além de uma ligeira subida de 0,5 por cento das exportações de bens, informou a DSEC.

A procura interna subiu consistentemente, enquanto a despesa de consumo privado e as importações de bens cresceram respectivamente 3,4 por cento e 2,4 por cento, em termos anuais.

Menos bens e serviços

Em sentido inverso, a despesa de consumo final do Governo e o investimento sofreram descidas, ambos de 2,4 por cento em termos anuais. Tal foi inferior à do primeiro trimestre (mais 4,8 por cento) em consequência da notável descida de 11,0 por cento nas aquisições líquidas de bens e serviços.

O deflector implícito do PIB, que mede a variação global de preços, registou um crescimento anual de 2,2 por cento.

Já a despesa de consumo privado aumentou “à medida da recuperação económica, do abrandamento da inflação e do contínuo comportamento satisfatório do mercado de emprego”, os quais “suportaram o crescimento anual de 3,4 por cento da despesa de consumo privado, que superou o do primeiro trimestre (1,6%)”, acrescentou.

A despesa de consumo final das famílias cresceu 2,5% no mercado local e 5% no exterior.

As remunerações dos empregados aumentaram, por seu turno, 2,7 por cento.

A DSEC indicou ainda que o investimento abrandou, com a formação bruta de capital fixo, que o reflecte, a registar uma contracção homóloga de 2,4 por cento, contrastando com o primeiro trimestre (+7,1 por cento), devido à “contínua conclusão das obras de grande envergadura de construção de instalações do turismo e entretenimento”.

O investimento do sector privado registou um recuo homólogo de 8,8 por cento, salientando-se as quedas de 7,3 por cento no investimento em construção e de 20,2 por cento no investimento em equipamento.

Em contrapartida, o investimento do sector público aumentou significativamente (73,1 por cento) devido ao acréscimo substancial de 84,1 por cento em obras públicas.

Em alta manteve-se também o comércio de mercadorias, com as exportações e importações de bens a registarem crescimentos de 0,5 e 2,4 por cento, respectivamente, em termos anuais homólogos, graças aos aumentos da despesa de consumo privado e da despesa dos visitantes no segundo trimestre.

Também segundo a DSEC, devido ao acréscimo do número de visitantes e da respectiva despesa, o aumento homólogo das exportações de serviços passou para 18,8 por cento no segundo trimestre, realçando-se os aumentos de 19% nas exportações de serviços do jogo e de 22,1 por cento nas de outros serviços turísticos, superiores aos do primeiro trimestre (mais 11,3 e 20,9 por cento).

Quanto às importações de serviços, a subida homóloga foi de 15,1 por cento.

29 Ago 2017

Estatísticas | Receitas públicas aumentam 15,1 por cento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas públicas de Macau subiram 15,1 por cento até Julho, em termos anuais homólogos, em linha com o aumento da verba arrecadada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo, indicam dados oficiais.

De acordo com dados provisórios disponíveis no website da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau fechou os primeiros sete meses do ano com receitas totais de 64.029 milhões de patacas, valor que traduz uma execução de 70,5 por cento.

Os impostos directos sobre o jogo foram de 52.371 milhões de patacas, reflectindo um aumento de 15,6 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado e uma execução de 72,9 por cento face ao orçamento autorizado para 2017.

A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 81,7 por cento nas receitas totais, 82 por cento nas correntes e 94,5 por cento nas derivadas dos impostos directos.

Já as despesas cifraram-se em 39.691 milhões de patacas nos primeiros sete meses do ano – mais 0,6 por cento em termos anuais homólogos –, estando cumpridas em 46,5 por cento.

Nesta rubrica destacaram-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que alcançaram 6.997 milhões de patacas, traduzindo um aumento de 236,3 por cento e uma execução de 45,9 por cento.

Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulava até Julho um saldo positivo de 24.338 milhões de patacas, um aumento de 50,5 por cento face ao apurado nos primeiros sete meses de 2016.

A almofada financeira excede em muito o previsto para todo o ano (5.567 milhões de patacas), com a taxa de execução a corresponder já a 437,1 por cento do orçamentado.

As receitas públicas, que voltaram a crescer em Janeiro após meses de quedas homólogas, acompanharam o desempenho da indústria de jogo.

29 Ago 2017

Tufão Hato | Doações dos casinos chegam a 120 milhões

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos três operadoras de jogo de Macau – MGM, Galaxy e Melco – anunciaram doações equivalentes a cerca de 120 milhões de patacas para ajudar nos trabalhos de recuperação e apoio à população, após o devastador tufão Hato.

O universo da Galaxy Entertainment anunciou uma doação de 60 milhões de dólares de Hong Kong, “incluindo 30 milhões [de dólares de Hong Kong] da Fundação do Galaxy Entertainment Group, mais uma equivalente contribuição de 30 milhões da família Lui, para apoiar os trabalhos de auxílio às pessoas de Macau”, de acordo com um comunicado enviado pelo presidente da Galaxy, Lui Che Woo.

“Na quarta-feira (…) o tufão Hato, o mais poderoso e destrutivo tufão em mais de meio século, desceu rapidamente sobre Macau e causou amplos danos e significativas dificuldades aos seus cidadãos”, indica o comunicado, que refere que as instalações da Galaxy ficaram danificadas, mas “apenas ferimentos menores foram relatados”.

“Quero expressar as minhas sinceras condolências às famílias e amigos das pessoas que morreram e aos cidadãos que sofreram ferimentos em resultado da devastadora destruição trazida por dois tufões”, diz ainda Lui.

Por seu lado, a Melco Entertainment anunciou que criou um fundo de 30 milhões de patacas para apoiar “os funcionários, a comunidade e os trabalhos de recuperação no rescaldo do tufão Hato em Macau”.

A empresa suspendeu a construção do seu novo hotel Morpheus, de modo a poder desviar dois mil trabalhadores para as tarefas de recuperação da cidade durante este fim de semana.

Uma equipa de 2.500 voluntários da Melco e trabalhadores da construção foi também formada para ajudar a limpar destroços, distribuir garrafas de água e apoiar com necessidades urgentes da população, segundo a empresa.

“Este é o pior tufão que Macau viu em mais de meio século. A Melco e eu, pessoalmente, estamos cem por cento comprometidos em partilhar os nossos recursos colectivos para ajudar a cidade e as suas gentes a conseguir uma rápida e total recuperação da ordem”, indicou o presidente executivo da Melco, Lawrence Ho.

A MGM anunciou valor semelhante, 30 milhões de patacas. A forma como o dinheiro será distribuído “será decidida nos próximos dias e meses, com a orientação do Governo de Macau”, com as necessidades dos funcionários da operadora e das suas famílias a serem “consideradas e incluídas na alocação de fundos”.

29 Ago 2017

Violeta Parra | Centenário do nascimento celebrado com concerto em Lisboa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] centenário do nascimento da cantautora Violeta Parra é assinalado em Setembro, em Lisboa, com um concerto pela filha Isabel e pela neta Tita, que além dos seus repertórios, interpretam canções da criadora de “Gracias a la Vida”

Em Lisboa, “vamos cantar canções de Violeta, poemas de Violeta musicados por nós, e canções dos nossos repertórios”, adiantou à agência Lusa Isabel Parra.

O espetáculo celebrativo acontece no dia 12 de setembro às no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no âmbito da programação “Passado e Presente” de Lisboa, Capital Ibero-Americana de Cultura 2017 e das comemorações do centenário do nascimento de Violeta Parra, organizadas pela secretaria de Estado da Cultura do Chile.

Ao palco além de Isabel, que toca o quatro (um pequeno cordofone venezuelano), e de Tita, que toca quatro, guitarra e outros instrumentos, sobem também os multi-instrumentistas Greco Acuña, Juan António Sanchez.

Violeta Parra (1917-1967) “pode ser considerada a mãe da canção comprometida com a luta dos oprimidos e explorados, tendo sido autora de páginas inapagáveis como a canção ‘Volver a los 17’”, assinala a organização em comunicado enviado à Lusa.

“Foi graças a Violeta Parra que, nos anos 1950, a música tradicional chilena viveu um período áureo de resgate e valorização. Viajando pelo país, mapeou ritmos, danças e canções, reunindo um espólio de cerca de três mil canções tradicionais. Depois, na década de 1960, a sua defesa do património colocou-a na frente do movimento da ‘nueva canción’, que não foi mais que a música de intervenção do Chile de Salvador Allende”, refere a mesma fonte.

Na continuidade

Em declarações à Lusa, Isabel reivindicou o legado da mãe: “Nós vimos de uma raiz que nasceu da história social do Chile, o nosso compromisso vem da nossa mãe, crescemos com ela, trabalhámos com, formámo-nos com ela. Para nós é natural seguir esse caminho, que é o caminho de tanta gente. Na realidade é um processo que se desenvolve em cada um de nós, de uma forma espontânea, simples, e a partir das raízes de Violeta Parra, cada um de nós vai criando o seu próprio pensamento, a sua história, e a nossa relação com o nosso país [Chile] e com o continente sul-americano”.

“Temos, porém, uma linguagem e pensamento próprios”, sublinhou.

A organização realça “o lirismo dos versos de canções como ‘Gracias a la Vida’ que embalou o ânimo de gerações de revolucionários latino-americanos em momentos em que a vida era questionada nos seus limites mais básicos”.

Referindo-se ao alinhamento que vão apresentar no palco belenense, este “mescla o repertório das três mulheres”.

A ideia, explicou Isabel Parra, é mostrar não apenas as canções de Violeta Parra, como “¿Qué dirá el Santo Padre?”, mas também aquilo que as duas compõem e o que as inquieta.

“Queremos mostrar como Tita compõe as suas canções, quais são as suas temáticas, o que é que eu quero e tenho para dizer, e, claro, interpretamos as coisas de Violeta, que é algo natural para nós”, afirmou Isabel Parra, tendo adiantado que estão “a preparar algo especial para apresentar em Portugal”, nomeadamente o legado folclórico.

Para Isabel Parra, de 78 anos, é uma estreia em Portugal, o que considera “magnífico”, até pelo convívio que teve em França com comunidades portugueses. Tita Parra, de 61 anos, atuou em 1991.

Isabel Parra qualificou de “interminável” o trabalho que tem feito em torno da obra de Violeta Parra.

“O legado e o compromisso político de Violeta Parra continuam actuais, e nós somos mulheres políticas e temo-la como referente, não só para nós, para músicos de todo o mundo”, disse.

Como mãe “era super-original, não era uma mamã tradicional, levava os filhos para todo o lado, envolvia-os no seu trabalho, convidou-os para esse seu mundo musical”.

Depois de Lisboa, Isabel e Tita Parra actuam em Barcelona, antes de regressar ao Chile, onde está previsto, no dia 4 de Outubro, “um grande evento com a presença da Presidente da República, Michelle Bachelet”.

29 Ago 2017

Pequim mantém tropas em território disputado com a Índia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China disse ontem que as suas tropas continuam a patrulhar o planalto de Doklam, território disputado nos Himalaias, apesar de a Índia ter afirmado que acordou com Pequim a retirada dos soldados dos dois países.

“A Índia retirou da delimitação todo o seu pessoal”, disse em conferência de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.

As tropas fronteiriças chinesas “continuam a patrulhar a área” e a China “continuará a exercer a sua soberania e a defender a sua integridade territorial”, acrescentou.

A porta-voz não confirmou que tenha havido um acordo com Nova Deli, que prevê a retirada dos soldados dos dois países, como garantiu, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano.

Do outro lado

A nota do ministério indiano aponta que os dois lados mantiveram contactos sobre a situação em Doklam e conseguiram expressar as suas visões e transmitir as suas preocupações e interesses, tendo ambos iniciado o processo de retirada das tropas daquele território.

Tropas indianas entraram no planalto depois de o Butão, aliado da Índia, ter reclamado que uma equipa do exército chinês estava a construir uma estrada dentro do seu território.

Hua Chunying não teceu comentários sobre a construção dessa infraestrutura.

O anúncio surge a uma semana de o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, viajar para a China, para participar na cimeira do BRICS, o grupo de economias emergentes, que inclui ainda África do Sul, Brasil e Rússia.

Durantes os últimos meses, a Índia insistiu que o problema fosse resolvido através do diálogo, enquanto a China exigiu que a Índia retirasse as suas tropas de Doklam, como condição para o diálogo.

Aquela área é conhecida na Índia como “corredor siliguri” (ou “pescoço da galinha”), um corredor estreito, que liga os estados do nordeste da Índia ao resto do país.

Caso a China conseguisse bloquear aquele corredor, o nordeste da Índia passaria a estar isolado do resto do país.

Já o Butão teme que a construção de uma estrada afecte as negociações sobre a sua fronteira.

China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.

29 Ago 2017

Rumores “maliciosos” levam à queda de acções do grupo Wanda

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s ações do Wanda Hotel Development, subsidiária do conglomerado chinês Wanda Group, caíram ontem 10 por cento, na abertura da bolsa de Hong Kong, devido a rumores sobre o presidente do grupo, Wang Jianlin.

O portal de notícia Boxun, escrito em chinês, mas sediado nos Estados Unidos, assegurou que Wang foi temporariamente detido na semana passada e impedido de sair da China.

Segundo o mesmo portal, que cita fontes não identificadas, Wang tentou transferir todos os seus familiares para o Reino Unido, num voo privado, mas as autoridades chinesas proibiram-lhes também a saída do país.

O grupo Wanda emitiu, entretanto, um comunicado a criticar os “rumores maliciosos” e “completamente infundados”, e assegurou que adoptará ações legais contra o portal.

As ações do Wanda Hotel Development caíram até 10 por cento, nas primeiras transações do dia na bolsa de Hong Kong.

O grupo Wanda está sobre apertada vigilância das autoridades chinesas, devido ao aumento da sua dívida, susceptível de gerar riscos para o sistema financeiro do país. O Governo chinês pediu recentemente aos bancos estatais que limitem os empréstimos para projectos e aquisições além-fronteiras do grupo.

Ricas contas

No mês passado, o Wanda anunciou que saldou a maior parte das suas dívidas, que ascendiam a 200.000 milhões de yuan, após a venda de hotéis e parques de diversão.

Fundado no final da década de 1980 em Dalian, no nordeste da China, o Wanda Group começou por se impor no sector imobiliário, mas nos últimos anos passou a investir também no cinema e no turismo.

Em 2012, mediatizou-se ao adquirir a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA.

No ano passado, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares.

O grupo detém ainda a cadeia de cinemas Odeon & UCI, presente em Portugal.

Wang Jianlin é considerado o homem mais rico da China.

29 Ago 2017

O naufrágio em Camilo Pessanha (continuação)

Ângela Carvalho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] esta ideia já fez também referência Barbara Spaggiari em O Simbolismo na Obra de Camilo Pessanha, quando aludiu à forma como o autor olhava o mundo:

[analisava] os aspectos fenoménicos da realidade e [sondava] as relações íntimas implícitas nas coisas, tendo sempre a consciência da intervenção racional e emotiva do eu na percepção do mundo. (…) [Para Pessanha] a tarefa da poesia é evocar a realidade, não só reproduzindo-lhe a beleza exterior mas também captando a trama densa de relações que liga cada parte do universo ao todo. (1982: 44)

o podemos contudo dissociar o olhar de Camilo Pessanha sobre a realidade do que isso trouxe de relevante à sua escrita, notando, como Barbara Spaggiari o fez, que “As categorias perceptivas fundem-se e subvertem-se na sinestesia” (ibidem: 49), oferecendo a realidade “os seus fragmentos cortantes para construir correlações e analogias, símbolos e metáforas, em que as coordenadas espaciais se anulam, as referências historico-biográficas se tornam fugazes, contornos, tons e cores adquirem uma fluidez que se transmite ao ritmo do verso” (ibidem:  48-9).

Retomando ainda os vestígios humanos, note-se que estes aparecem como fruto de “naufrágios”, “perdições”, “destroços”, como ruínas de ruínas, do mesmo modo que no poema “Chorai arcadas” surgem os “– : Lemes e mastros…/ E os alabastros/ Dos balaústres!” (vv. 18-20) ou as “Urnas quebradas!/ Blocos de gelo…” (vv. 21-2), não respeitando estas turbações sequer o repouso além-vida. No “So- neto de Gelo” encontra-se ainda um “resto de batel” à deriva no mar. Penso que será útil indagar o que são realmente estas ruínas, uma vez que, ao contrário do que se podia pensar, não representam o fim de nada, não são o momento de anulação da matéria, mas antes a “mineralidade a que a vida, por decomposição (…) regressa” (Lopes, 1970: 131) e a reorganização pela referida ars inveniendi. Sobre este assunto refere Paula Morão que:

se pensarmos na Lei de Lavoisier, segundo a qual na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, perceberemos que se perde um corpo olímpico para que a água ganhe maior densidade ao integrar a matéria em decomposição (2004: 248).

Contrastando com a violência patente em verbos como “partir”, desengastar”, despedaçar”, quebrar”, derruir”, afundir” e arrebatar

  • Ð que dão conta de processos conducentes à ruína –, temos a calmaria o temida na carta anteriormente citada e de novo invocada no poema “Singra o navio. Sob a água clara”: “Na fria transparência luminosa/ Repousam, fundos, sob a água plana.” (vv. 7-8). A ideia de morte está sempre presente, tanto pela acção violenta como pela ausência de acção, o que conduz à constatação enunciada já por Eróstrato:

As inclinações do ânimo fazem e destroem tudo. Se a razão dominasse o mundo nada aconteceria nele. Costuma-se dizer que os nautas têm um receio extremo da calmaria e que desejam vento, embora se exponham ao perigo de uma tempestade. Os movimentos do ânimo são, no caso dos homens, os ventos que são necessários para pôr tudo em movimento, apesar deles por vezes provocarem tempestades e outras intempéries. (cit. in Blumenberg, 1979: 49)

Chegamos assim à ideia de inevitabilidade a que já me referi anteriormente. Uma inevitabilidade qudo mesmo modo que o sujeito poético é espectador de naufrágios – pode vir a servir de espectáculo a outro “eu” ou a si mesmo (cf. “Soneto de Gelo”), utilizando a mesma configuração de Schopenhauer, referida por Hans Blumenberg, “[da] identidade do sujeito humano [que se decifra] perfeitamente nas duas posições, na do náufrago e na do que contempla.(Blumenberg, 1979: 81). Do meu ponto de vista, o sujeito poético da Clepsydra enquadrase bem “no sentimento do sublime” (ibidem: 82) em que “O espectador [se] ultrapassa na reflexão e passa a espectador transcendental(ibid.), sentindo-se ao mesmo tempo indivíduo “abandonado ao acaso [e] sujeito eterno e tranquilo do conhecimento” (ibid.). Neste ponto impõe-se invocar Goethe, que, ultrapassando a metáfora do naufrágio, chega à “metáfora da ausência de vestígios das rotas traçadas no mar” (ibid.: 77), preconizando que:

do mesmo modo como a água, que é afastada à passagem de um barco, conflui novamente atrás dele, também o erro, que foi banido por espíritos superiores para se afirmarem, se impõe muito rápida e naturalmente depois da sua passagem. (…) A fórmula mais curta para esta experiência é que na realidade, o absurdo preenche o mundo (ibid.: 78).

Trata-se daquilo a que Pessanha chama “um destino invencível e absurdo.” (cit. in Lencastre, 1984: 110). O absurdo que desencadeia muito do desespero do poeta é a mortalidade da condição humana, como já foi notado por Óscar Lopes no artigo “Pessanha, o Quebrar dos Espelhos”. Na confusão entre as noções de espaço e de tempo podemos sentir uma tentativa de evasão da contingência de finitude da vida humana, juntamente com uma referência implícita à mineralidade, podendo servir de exemplo a distância-tempo e a distância-lonjura da “figura peregrina” do poema “Singra o navio. Sob água clara”. A tentativa de Pessanha de se evadir à contingência da finitude da vida humana passa também pelo ensaio de anulação do tempo “presente”, aspecto já notado por Ester de Lemos em A “Clépsidra” de Camilo Pessanha, onde chamou a atenção para o facto de o sujeito poético da obra não entender o tempo da mesma forma que Bergson o entendeu, como “une succession d’états dont chacun annonce ce qui suit et contient ce qui précède” (cit. in Lemos, 1956: 46).

Também Maria José de Lencastre o apontou em nota à missiva de 30 de Abril de 1894, que o poeta dirigiu a Alberto Osório de Castro, referindo que uma das suas mais evidentes preocupações era a corrente temporal, revelando um grande desejo de abandono ao instante a que Ester de Lemos chamaria de “deslizar contínuo” e a que Pessanha já se tinha referido nestes termos em carta anteriormente citada: “Sabe o que eu agora desejaria? Não chegar ao meu sítio nunca… Ir assim, a bordo de um navio, sem destino.”.

José Bento observou algo de semelhante no artigo “Outra vez o tema da água na poesia de Camilo Pessanha”: “A ânsia de aniquilamento, que é um dos temas mais insistentes da poesia de Pessanha, poderá ser satisfeita pelo mar” (1984: 16).

Em conclusão, este naufrágio a que fui fazendo menção, o abismar-se, é uma das diversas vias de atingir a morte. Morte esta que em certo momento surge como uma tentativa de evasão de Camilo Pessanha do absurdo da finitude da condição humana através do naufrágio e da ruína como pontos de partida para uma outra existência (cf. “Singra o navio. Sob água clara”). Contudo, no poema “Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas”, como já referi anteriormente, temos uma postura do sujeito poético que não deixa qualquer margem à esperança, desejando unicamente o aniquilamento. O desejo de morte nesse mesmo sentido pode ser complementado pelo contributo de João Camilo, que se referiu à existência e à morte na obra poética de Camilo Pessanha da seguinte forma:

a existência, dado que tudo está destinado a desaparecer, acaba por impor-se definitivamente como uma viagem ou caminho sem sentido porque sem meta definida (…). A partir destas constata ções, o poeta é levado a desejar a morte, que põe fim às ilusões e às desilusões, que elimina todas as tensões, que restabelece um estado de equilíbrio absoluto semelhante àquele que precede a existência (1985: 68).

Não nos podemos contudo esquecer do contexto histórico-tem- poral e literário em que Camilo Pessanha se insere, dado que a sua obra a eles não é alheia, mesmo se o seu “conceito de poesia [está] desvinculado dos ditames da moda do tempo. A poesia é para ele o reflexo de um modo de ser e de viver, antes de ser a aplicação voluntária de teorias literárias ou filosóficas” (Spaggiari, 1982: 40). Todavia, e apesar de as reacções perante o momento de crise sentido no fim do século XIX terem sido diversas, houve uma resposta comum dos intelectuais da época: a fuga. É pois nesse contexto que nos surge a Clepsydra, por um lado como um testemunho da sua época, por outro como um monumento estético autónomo e de grande beleza.

Bibliografia

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29 Ago 2017

Tufão Hato | CCAC abre inquérito sobre procedimentos dos SMG

O Comissariado Contra a Corrupção de Macau (CCAC) anunciou ontem a abertura de um inquérito aos procedimentos dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), após a passagem do tufão Hato, que fez dez mortos.

[dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap] CCAC determinou, por despacho, que tivesse lugar um inquérito sobre os procedimentos de previsão de tufões e sobre a gestão interna dos SMG”, nomeadamente “procurando determinar responsabilidades a assumir, no âmbito dos procedimentos de previsão de tufões e da gestão interna por parte do ex-director do SMG Fong Soi Kun”, referiu o CCAC em comunicado.

O resultado do inquérito, a realizar pela Direcção dos Serviços de Provedoria de Justiça, vai ser entregue ao Chefe do Executivo.

O curto intervalo de tempo entre o içar de sinais de tempestade tropical após a passagem do Hato, em particular atendendo à velocidade a que se movia o tufão, fez gerar dúvidas sobre a capacidade de previsão dos SMG.

Macau içou o sinal 3 de tempestade tropical às 03:00 de quarta-feira, elevando-o a 8 seis horas depois. Passada uma hora e meia foi hasteado o sinal 9 e, volvidos somente 45 minutos, içado o sinal máximo (10), o que não sucedia desde 1999.

Queixas antigas

Fong Soi Kun – que apresentou a demissão um dia depois do tufão Hato – tinha estado debaixo de fogo devido ao hastear dos sinais de tempestade tropical há um ano, por ocasião da passagem do tufão Nida, altura em que os SMG içaram apenas o 3, tendo sido criticados por não terem elevado o alerta para 8.

No comunicado, o CCAC lembrou ter realizado no passado uma investigação aos SMG, após ter recebido “muitas queixas apresentadas pelos cidadãos, pondo em causa a decisão de não içar o sinal 8 de tufão” aquando da passagem do Nida, em Agosto de 2016.

“Após investigação, apesar de não ter sido detectada uma violação grosseira das disposições legais, o CCAC verificou a existência de alguns problemas nos procedimentos relativos à previsão de tufões e nos respectivos critérios adoptados pelos SMG, bem como relativamente à gestão interna do mesmo serviço”, indicou o CCAC, numa referência ao que sucedeu no ano passado.

Esses problemas “já foram comunicados à direcção dos SMG”, à qual foram também submetidas “as respectivas sugestões de melhoramento”, acrescentou.

29 Ago 2017

SCMP | Casinos terão influenciado decisão dos SMG

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo o jornal South China Morning Post, os casinos terão influenciado o trabalho dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) no que diz respeito à previsão do sinal do tufão Hato.

Fontes citadas pelo jornal, “com conhecimento dos planos do serviço de protecção civil” afirmam que os SMG só içaram o sinal 8 de tufão na passada quarta-feira para evitar que as concessionárias pagassem horas extra aos seus funcionários.

“A partir do momento em que o sinal 8 é içado, os casinos são obrigados a pagar a todos os funcionários as horas extras. Enquanto que esta é uma questão com a qual as grandes operadoras de jogo conseguem lidar, o mesmo não acontece com os casinos de menor dimensão, ligados às sub-concessionárias”, lê-se na notícia do jornal de Hong Kong.

A mesma fonte adiantou que “não é necessária uma pressão directa e feita abertamente, mas não há dúvida de que o ‘factor casino’ tem um papel importante naqueles que tomam as decisões relacionadas com os sinais de tempestade que são içados”.

Ao mesmo jornal, o politólogo Larry So considerou que o “Governo não consegue dar resposta às expectativas das pessoas numa cidade que se auto-proclama de primeira classe”.

Bens alimentares e medicinais reaproveitados são um risco

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois da passagem do tufão Hato e com os danos nas várias lojas de alimentos e produtos de medicina tradicional chinesa, muitos são os comerciantes que estão a tentar reutilizar bens alimentares e medicinais que podem estar seriamente estragados. José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) admite a situação.

Visitei algumas zonas afectadas e reparei que algumas lojas de medicina tradicional chinesa estão a secar os seus produtos na rua”, disse o responsável ontem em conferência de imprensa. José Tavares considera que “não é correcto” e afirma que o procedimento não é permitido, sendo que a situação pode estar a repetir-se depois dos danos causados ontem pela passagem do tufão Pakhar no território. No entanto, o responsável refere que se tratam de “produtos muito caros e que a sua perda implica muitos custos”, deixando um apelo aos comerciantes para que não façam o seu reaproveitamento.

No que respeita a produtos alimentares o responsável do IACM aponta que “muitos deles não são recuperáveis e já foram mesmo para o lixo porque não é possível o seu reaproveitamento”.

“Há sacos de arroz e peixe que estão visivelmente estragados e que não podem ser consumidos”, referiu. Quanto a medidas a tomar, José Tavares afirma que há muito para fazer e que serão feitas inspecções.

Já o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, reitera que serão feitas mais inspecções, especialmente na zona do Porto Interior e apela à sensatez, até porque alimentos estragados “é algo muito sério e têm de ter um tratamento correcto não sendo possível consumir os estragados”, sublinhou. S.M.M.

28 Ago 2017

Gabinete de Ligação destaca trabalho do exército nas ruas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] presença do Exército de Libertação do Povo Chinês, que desde 1999 não pisava as ruas de Macau, levou o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM a emitir um comunicado onde destaca a parceria entre Pequim e Macau aquando da passagem do tufão Hato pelo território.

O documento lembra que a tempestade causou grandes estragos ao território, uma “grande quantidade de vítimas” e perdas de bens. Os representantes do Gabinete de Ligação afirmam estar tristes pelas perdas registadas, enviando as suas condolências aos familiares dos que partiram, aos feridos e a toda a população.

O organismo mostra ainda o seu respeito para com os cidadãos que ajudaram nos trabalhos de limpeza das ruas.

O porta-voz do Gabinete de Ligação destaca também que foi autorizado o apoio concedido pelo exército chinês aos cidadãos, uma acção que mostra a “ligação entre Macau e o Governo Central”. “A pátria tem sido o apoio ao território”, lê-se ainda no comunicado.

O organismo espera que o território possa voltar à normalidade o mais depressa possível, lembrando a relação próxima que se verificou entre os cidadãos e os militares. Na visão de Pequim, o Exército de Libertação do Povo Chinês é, por isso, “uma tropa excelente em que a população pode confiar”.

“A sociedade de Macau sempre se auxiliou mutuamente. Com o apoio do Governo Central e a liderança da RAEM, caso a população continue a caminhar num sentido de solidariedade, irá ultrapassar de certeza as dificuldades que se registarem após a catástrofe”, remata o comunicado.

28 Ago 2017

Documentário de Miguel Gonçalves Mendes na recta final

[dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]igantones, um coro, a banda filarmónica e algumas dezenas de figurantes participaram no sábado em Viana do Castelo na rodagem final do documentário “O Sentido da Vida”, que Miguel Gonçalves Mendes conclui ao fim de quatro anos.

Neste período, o cineasta viajou até Macau para filmar algumas cenas do documentário.

Na movimentada Praça da República, com as esplanadas cheias de turistas, Miguel Gonçalves Mendes gravou a cena que encerra o documentário, um projecto que o levou a percorrer vários países com uma demanda quase filosófica sobre a ligação das pessoas ao mundo e que só deverá chegar aos cinemas em Janeiro de 2019.

“O Sentido da Vida” conta a história real de Giovane Brisotto, um jovem brasileiro portador de paramiloidose familiar, uma doença degenerativa, de origem portuguesa, conhecida como “doença dos pezinhos”.

Giovane Brisotto, que fez um transplante de fígado em 2015, decide fazer uma viagem pelo mundo, cruzando-se com várias personalidades que o ajudarão a entender o significado da vida. E é essa viagem de Miguel Gonçalves Mendes filma.

Volta ao mundo

Juntos, fizeram mais de 50 mil quilómetros pelo mundo, passaram por países onde existem ainda casos da “doença dos pezinhos”, como o Japão e o Brasil, gravaram imagens no espaço e concluem agora o périplo em Portugal.

“Pessoalmente, é mais importante a sua procura [o sentido da vida] e o questionamento do que a resposta. Eu, como descrente e muito pouco optimista em relação a este mundo, acho que nós somos fruto do acaso. O sentido da vida é vivermos e sermos felizes com a máxima dignidade que nos é permitida”, disse o realizador à agência Lusa momentos antes da rodagem final.

Entre as personalidades que Giovane Brisotto e o realizador encontraram no caminho estão a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o astronauta Andreas Mogensen, o escritor Valter Hugo Mãe, o juiz espanhol Baltasar Garzón e o músico islandês Hilmar Örn Hilmarsson, todos eles retratados agora em gigantones para a cena final do documentário e que tanta curiosidade causaram em Viana do Castelo.

“Ao acompanharmos a vida de sete figuras públicas de diferentes culturas, países profissões – justiça, política, ciência, musica, literatura – qualquer pessoa se pode espelhar nas dinâmicas distintas do mundo na forma como lidamos com os problemas”, opinou.

A última cena filmada em Viana do Castelo é, no entender de Miguel Gonçalves Mendes, “uma espécie de mensagem para que as pessoas tomem as rédeas das suas vidas e que sejam felizes”.

“Era o meu maior desejo: que as pessoas saíssem do filme com necessidade de mudar as suas vidas e mudar o mundo. E terem consciência real de que infelizmente o tempo está a contar. Ou somos felizes agora e lutamos por aquilo em que acreditamos ou não”, disse.

“O Sentido da Vida” conta com co-produção do Brasil e de Espanha, e apoio das produtoras dos realizadores Fernando Meirelles e Pedro Almodóvar, e seguirá nos próximos meses para montagem e pós-produção.

28 Ago 2017

Quadros do PCC gerem centro de estudos de budismo tibetano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China nomeou quadros do Partido Comunista Chinês (PCC) para gerir um dos maiores centros de estudo de budismo tibetano do mundo, suscitando preocupações sobre um aumento do controlo ideológico da religião no país.

Os nomes escolhidos para dirigir Larung Gar, no sudoeste da China, são o sinal mais recente da desconfiança de Pequim para com os membros do clero do budismo tibetano, que incorporam as crenças e culturas tradicionais locais.

Os nomes apontados pelo PCC para cargos de administração no centro incluem o antigo vice-chefe da polícia da Prefeitura Autónoma Tibetana de Garze.

“Estas escolhas vão ajudar a escola a operar de acordo com as leis e não vão interferir no ensino, vistos que os funcionários farão parte da administração”, disse o vice-director do instituto de estudos contemporâneos da Academia Tibetana de Ciências Sociais, citado pelo jornal oficial Global Times.

Mas a presença de funcionários do partido em templos, mosteiros e conventos acarreta novas exigências, sobretudo com os monges e freiras a serem sujeitos a aulas de “educação patriota”.

Fundado em 1980 pelo proeminente monge Jigme Puntsok, Larung Gar atraiu a atenção do governo nos últimos anos, com as autoridades a tentarem reduzir o número de residentes para cinco mil – metade dos actuais, sobretudo através de demolições e despejos.

As autoridades dizem estar apenas a abrir vias para veículos de combate a incêndios.

Grupos de tibetanos exilados no estrangeiro dizem que as autoridades querem travar a difusão do budismo tibetano, que se tem tornado popular entre os chineses para além do Tibete.

Pequim adverte Tóquio por sanções a empresas chinesas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China criticou sexta-feira o Japão por impor sanções económicas a empresas chinesas que mantêm vínculos com a Coreia do Norte e ameaçou com consequências, caso Tóquio não reverta aquela decisão. O Governo japonês anunciou a congelação de activos de quatro empresas chinesas e duas da Namíbia, e um cidadão chinês e outro norte-coreano. “Apelamos ao Japão para que reverta a decisão”, afirmou em conferência de imprensa Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, advertindo que Tóquio vai sofrer consequências, caso persista com as sanções. Hua disse que Pequim mostrou ao Governo japonês o seu “descontentamento e firme oposição a estas medidas”, já que a China “sempre cumpriu na totalidade com as sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte”.

28 Ago 2017

Instituições forçadas a escolher entre dinheiro e censura

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m caso de censura na China envolvendo a editora da universidade britânica de Cambridge despertou o alarme para o risco da extensão do totalitarismo político de Pequim além-fronteiras, face ao seu crescente peso económico.

Na semana passada, a editora Cambridge University Press (CUP) cumpriu com um pedido da Administração Estatal da Rádio, Cinema e Televisão da China e bloqueou 300 artigos da versão electrónica da publicação The China Quarterly no país.

Os artigos censurados abordam assuntos sensíveis para o regime chinês, como o massacre na praça Tiananmen, em 1989, a Revolução Cultural (1966-76) e a questão do Tibete.

Para justificar a decisão, a CUP citou o receio partilhado por muitas empresas: ver o seu acesso ao vasto mercado chinês ser fechado, a menos que cumprisse com as exigências do regime.

Não seria uma novidade. O motor de busca Google, por exemplo, está bloqueado na China desde 2010, quando acusou Pequim de espiar o correio electrónico no Gmail de dissidentes e rejeitou compactuar com a censura do regime.

Um dos casos mais badalados dos últimos anos envolvendo a censura chinesa além-fronteiras ocorreu em Portugal, durante uma conferência que reuniu centenas de sinólogos na Universidade do Minho.

Páginas do programa contendo informação sobre a Fundação Chiang Ching-kuo, uma organização académica de Taiwan que promove o estudo do chinês, foram arrancadas, a mando da diretora-geral do Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua chinesa.

O episódio passou-se em Braga, mas as autoridades chinesas justificaram a sua atitude com a necessidade de cumprir com as “regulações chinesas”.

O acto foi publicamente condenado pela Associação Europeia de Estudos Chineses, como uma “interferência totalmente inaceitável”. O Wall Street Journal descreveu-o como “violência contra a liberdade académica”.

Sinal de alerta

No caso que envolveu o China Quarterly, a publicação voltou a colocar os artigos ‘online’ esta semana, face aos protestos de vários académicos.

Mas Jonathan Sullivan, um dos membros do comité executivo da publicação e autor de um dos artigos censurados, afirmou que o incidente deve servir de alerta.

“Temos prestado pouca atenção à forma como devemos lidar com esta nova tentativa [da China] de importar as normas da cultura política chinesa para salas de aulas ocidentais cheias de alunos chineses, ou como manter os valores académicos face a tentativas de censurar o nosso trabalho”, escreveu Sullivan.

Na Feira Internacional do Livro de Pequim, cuja edição deste ano decorre esta semana, a autocensura há muito que é prática corrente.

Citado pela agência France-Presse, o director da Mosaic8, uma editora de livros para ensino, lembra que cabe ao Governo autorizar a venda dos livros na China.

“Por isso, é do interesse das editoras não publicar nada que irrite as autoridades”, afirmou Lowe.

Em editorial, um jornal do PCC colocou a questão da seguinte forma: “Se as instituições ocidentais pensam que o mercado da Internet chinesa é tão importante que não o podem perder, têm de respeitar a lei chinesa e adaptar-se aos costumes locais”.

No caso da CUP, “não é verdade que ‘qualquer pessoa pode ter a sua opinião’, lembrou o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. “Trata-se de um jogo de poder. Só o tempo dirá quem está certo”, acrescentou.

28 Ago 2017

Tufão Hato | Pedidos de apoio isentos de apresentação do registo predial

[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]u Zilliang, presidente do conselho de administração da Fundação Macau (FM), esteve ontem reunido com associações e organismos públicos para melhor decidir a concessão de apoios a quem sofreu estragos causados pela passagem do tufão Hato.

Segundo um comunicado, quem quiser pedir subsídio para a reparação de estragos em edifícios residenciais “fica dispensado de apresentar as informações escritas do registo predial, pois a FM vai obtê-las directamente junto dos serviços públicos competentes”. Esta medida foi tomada em parceria com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça.

Wu Zilliang esteve ainda reunido com o presidente da Associação dos Engenheiros Electrotécnicos e Mecânicos de Macau, Wu Chou Kit. Ficou decidido que “as obras de consolidação provisória respeitantes às portas e janelas danificadas serão abrangidas pelo Projecto de Ajuda Especial aos prejuízos causados pela passagem do tufão”.

É ainda sugerido que “os residentes que pretendam solicitar subsídio para estas obras devem guardar os recibos de pagamento acompanhados das fotografias justificativas dos danos sofridos e das obras realizadas”.

Além disso, a FM anuncia que vai criar um “grupo de trabalho específico” e promover a participação de representantes da referida associação neste grupo, “de modo a analisar e avaliar os processos recebidos e proceder à fiscalização e para acompanhar e verificar as obras subsidiadas”.

A própria associação vai criar um “grupo de voluntários qualificados para prestar apoio aos trabalhos da FM neste âmbito”.

A associação considera que “devido ao elevado número de residências que sofreram danos é bastante difícil levar a cabo, em tempo recorde, todas as obras de recuperação integral das habitações”.

27 Ago 2017

Tufão Pakhar | Sinal 3 içado às 13h00 deverá manter-se “durante algum tempo”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) de Macau baixaram hoje o alerta de tempestade tropical para sinal 3 depois de o tufão Pakhar, o segundo em menos de uma semana, ter ‘tocado’ terra na província de Guangdong.

O sinal 8 de tempestade tropical foi substituído pelo sinal 3 pelas 13:00, quando o Pakhar se localizava a cerca de 150 quilómetros de Macau, movendo-se a uma velocidade de 25 km/h em direção a noroeste.

O sinal 3 significa que o centro da tempestade tropical movimenta-se de forma a que se façam sentir em Macau ventos entre 41 km/h e 62 km/h com rajadas de cerca de 110 km/h.

O sinal 3 vai continuar içado “por mais algum tempo”, segundo os SMG, sendo que os serviços sugerem ainda à população que evite andar na rua, pois poderão ocorrer ventos e chuvas fortes. 

O tufão Pakhar ‘tocou’ terra na cidade de Taishan em Guangdong, província adjacente a Macau, uma hora antes do previsto.

O aviso de grau amarelo de ‘Storm Surge’, o mais baixo de uma escala de 3, continua em vigor, mas os Serviços Meteorológicos e Geofísicos não descartam a possibilidade de o substituir por um grau mais elevado devido ao nível da água.

O aviso ‘Storm Surge’ de nível amarelo indica a possibilidade de que “o nível de água atinja valores inferiores a 0,5 metros acima do nível do pavimento”.

Segundo o Centro de Operações de Proteção Civil (COPC), até às 12:30 foram registados 95 incidentes na sequência da aproximação a Macau do Pakhar, incluindo 16 devido a inundações.

Em comunicado, o COPC reportou ainda quatro casos de incêndio em caixas elétricas e dois casos de corte de energia, a somar a dez ocorrências de queda de árvores e cabos elétricos e a uma de deslizamento de terras.

Um total de 140 voos cancelados

Pelo menos 140 voos foram hoje cancelados até às 06:00 em Hong Kong devido à passagem do tufão Pakhar, informou a autoridade aeroportuária da antiga colónia britânica.

Ventos fortes continuam a afetar as partidas e chegadas nas pistas do aeroporto e as condições vão continuar instáveis durante a tarde, disse a autoridade aeroportuária, citada pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

A tempestade tropical provocou quedas de árvores, de andaimes e inundações, causando o bloqueio de algumas estradas, incluindo na ilha de Hong Kong e nos Novos Territórios.

Os serviços de autocarros e de metro também foram afetados.

Tanto em Hong Kong como em Macau, os serviços meteorológicos disseram que o tufão Pakhar já tocou terra em Taishan, na província chinesa de Guangdong, e que ponderam substituir o sinal de alerta pelo número 3 ao início da tarde de hoje, quando os ventos fortes já não afetarem os dois territórios.

27 Ago 2017

Inundações voltam a Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tufão Pakhar volta a inundar algumas zonas da cidade. De acordo com um comunicado da Polícia de Segurança Pública (PSP), as inundações são de diferentes níveis. Os locais afectados são o Terminal de autocarros das Portas do Cerco, a Rua da Missão de Fátima, a entrada da Ponte de Sai Van junto ao Bairro da Barra, o túnel da Praça do Lago Sai Van. Os estaleiros da estação do metro ligeiro na Barra também foram afectados por inundação junto da porta principal e no Silo Jai Alai.
Nas Ilhas, as águas subiram na Rotunda do Aeroporto, Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança, Rotunda do Istmo, no troço entre a Rotunda da Central Térmica de Coloane e Avenida do Aeroporto.
Segundo o comunicado da PSP, as inundações ligeiras que se verificaram no tabuleiro inferior da Ponte Sai Van, no sentido Taipa-Macau e junto à Avenida Panorâmica do Lago Nam Vam já diminuíram. A polícia aconselha prudência e atenção aos condutores.

27 Ago 2017

Pakhar | Tufão já atingiu terra. Sinal 3 antes das 13h.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tufão Pakhar, que hoje levou os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau a hastear o sinal 8, já tocou terra na província chinesa de Guangdong, devendo baixar para sinal 3 antes das 13:00

“A pior parte do tufão já passou. Atingiu terra. O sinal 8 continua içado um pouco mais por medida de precaução e para deixar que o conjunto do sistema do sistema do tufão se dissipe ou entre em terra”, disse à agência Lusa a porta-voz dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, Vera Varela.

Este é o segundo tufão a atingir Macau em menos de uma semana, depois de a tempestade tropical Hato ter causado dez mortos.

A passagem, na quarta-feira, do tufão Hato, o mais forte em 50 anos a atingir a cidade, levou as autoridades a hastear o sinal máximo (10), o que não sucedia desde 1999.

A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10. Os sinais são hasteados tendo em conta a proximidade da tempestade e a intensidade dos ventos.

“Devido à rápida movimentação durante o seu trajecto o tufão Pakhar já atingiu terra em Taishan, na província de Guangdong. Na passada hora atingiram-se ventos médios [nas pontes] na ordem dos 85 quilómetros horários e rajadas de vento de 110 quilómetros por hora”, afirmou Vera Varela.

Apesar de o tufão já ter tocado terra, “é possível que os ventos se façam sentir em Macau, por esse motivo vai-se manter o sinal número 8 içado por mais algumas horas”, adiantou.

“Agora parece tudo mais sereno. Aliás, consegue ser visível na rua que a chuva e o vento passaram”, afirmou.

27 Ago 2017

Jornalistas de Hong Kong impedidos de entrar em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] jornal South China Morning Post noticiou hoje que quatro jornalistas de Hong Kong foram impedidos de entrar em Macau, com as autoridades locais a confirmarem a proibição de entrada, mas sem esclarecer se eram os repórteres.

De acordo com o ‘site’ do diário da antiga colónia britânica, as autoridades de Macau justificaram a proibição de entrada por os jornalistas representarem uma ameaça à segurança interna.

Questionado esta tarde, o coordenador do Centro de Operações da Proteção Civil (COPC) de Macau afirmou: “Até este momento, não sei se essas pessoas são ou não jornalistas”.

Ma Io Kun sustentou que as autoridades “respeitam a liberdade de imprensa” e que apenas é proibida a entrada de quem pode representar uma ameaça. “O Governo e o pessoal militarizado respeitam imenso a liberdade de imprensa. Temos quase todos os dias conferências de imprensa”, disse.

“Em princípio, proibimos a entrada de pessoas que possam causar perigo à ordem pública e à ordem da sociedade. É de acordo com a lei que proibimos a entrada dessas pessoas”, afirmou o mesmo responsável.

De acordo com o ‘site’ do jornal, um fotógrafo do South China Morning Post (SCMP), dois do Apple Daily e outro do portal HK01 pretendiam fazer a cobertura das operações de limpeza que decorrem um pouco por todo o lado em Macau.

O fotógrafo do SCMP foi ‘barrado’ à entrada pelas autoridades por volta das 14h, indicou o jornal de Hong Kong, dando conta de que Felix Wong recebeu uma declaração escrita dos Serviços de Migração de Macau, referindo que “representa um risco para a estabilidade da segurança interna” da RAEM.

Tammy Tam, chefe de redação do SCMP, manifestou “profunda preocupação” por o fotógrafo ter sido detido pelas autoridades de Macau.

“Opomo-nos firmemente à detenção dos nossos jornalistas, que levam a cabo o seu dever de informar o público. Eles não representam nenhuma ameaça à segurança, a ninguém nem a nada”, afirmou.

O chefe de redação do Apple Daily, Ryan Law Wai-kwong, também lamentou o sucedido, apontando que a justificação dada pelas autoridades de Macau é “completamente ridícula” e que não vê de que forma pode a cobertura por parte dos ‘media’ constituir uma ameaça à segurança interna de Macau.

A interdição de entrada em Macau de políticos, ativistas ou jornalistas da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong acontece com alguma regularidade em momentos considerados potencialmente sensíveis, com a grande maioria dos casos a serem tornados públicos pelos próprios visados.

26 Ago 2017

Governo recebeu mais de 700 pedidos de apoio financeiro para PME

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau recebeu, até sexta-feira, mais de 700 pedidos de apoio para Pequenas e Médias Empresas (PME), depois de ter lançado dois planos para ajudar os negócios a recuperar dos estragos provocados pelo tufão Hato.

Até às 18h de sexta-feira, a Direção dos Serviços de Economia distribuiu dois mil boletins de candidatura aos apoios – um na forma de empréstimo, outro de abono – e recebeu “mais de 732 pedidos”, segundo um comunicado enviado na noite de sexta-feira.

Após a passagem do Hato, o mais forte tufão a atingir Macau em 50 anos, o Governo de Macau lançou uma linha de crédito, sem juros, para as PME afetadas até ao montante máximo de 600 mil patacas. Anunciou ainda um pacote de “Medidas de abono” paras as empresas “responderem às situações emergentes”, “de natureza pós-calamidade” com um limite máximo de 30 mil patacas.

26 Ago 2017

Bombeiros continuam trabalhos de drenagem e buscas em três auto-silos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s bombeiros de Macau continuam hoje a fazer trabalhos de drenagem e buscas em três parques de estacionamento, depois de quatro cadáveres terem sido encontrados em auto-silos, na sequência da passagem do tufão Hato.
As buscas dos bombeiros foram motivadas por cidadãos que alertaram para a possibilidade de terem ficado presas pessoas em parques de estacionamento na sequência da passagem da pior tempestade tropical dos últimos 50 anos, que causou pelo menos dez mortos e mais de duas centenas de feridos.
Numa conferência de imprensa esta tarde, o comandante do Corpo de Bombeiros, Leong Iok Sam, explicou que dos quatro parques de estacionamento onde foram efectuadas buscas, um, na avenida Almirante Lacerda, foi drenado e ninguém foi encontrado.
Há três auto-silos ainda com água, para onde as autoridades já enviaram mergulhadores, não encontrando qualquer nova vítima até ao momento. Num deles, na rua de João de Araújo, os bombeiros foram alertados para a possibilidade de mais de dez pessoas estarem presas.
“Não conseguimos encontrar qualquer pessoa. Já fomos ao piso mais inferior e não vimos ninguém”, disse Leong, explicando que, neste momento ainda há 1,5 metros de água acumulada no local. “Já fomos ver e não há ninguém lá dentro”, frisou.
Já num parque de estacionamento na zona do Fai Chi Kei há “ainda água estagnada com dois metros”. “A drenagem é incessante, os trabalhos continuam”, disse.
Por fim, no auto-silo do mercado de São Lourenço, “os mergulhadores fizeram uma primeira busca, a água já baixou mas ainda faltam dois andares de água”, indicou o comandante, acrescentando que, até ao momento, não foram encontrados quaisquer corpos no local.
Na mesma conferência de imprensa, um representante da PSP deu conta dos trabalhos de limpeza das vias, dizendo que “90 por cento das faixas de rodagem têm condições de circulação”.
“Apelamos à população para que não faça deslocações desnecessárias”, avisou, informando que cerca de 80 semáforos continuam ainda avariados.
Quanto ao lixo, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais recolheu, desde sexta-feira, 2600 toneladas, acima das 1200 consideradas normais.
“O lixo tem de ser recolhido o mais rapidamente possível por causa do novo tufão”, disse o representante presente na conferência, referindo-se à tempestade Pakhar, que deverá sentir-se com mais intensidade em Macau no domingo.
Já o chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Cheong, disse que “até ao momento” não foi verificada “qualquer situação de propagação de doenças”, indicando que para evitar a proliferação de casos de febre de dengue foram realizadas acções de eliminação de mosquitos nalgumas zonas.

26 Ago 2017

Tufão Hato: Mais de 100 residentes afectados por cancelamento de voos já regressaram

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau recebeu 19 pedidos de assistência devido ao cancelamento dos voos de regresso por causa do tufão Hato, envolvendo 130 residentes, dos quais 106 já voltaram a ‘casa’.

Os restantes 24 residentes vão regressar hoje e na segunda-feira, indicou o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau (GGCT) em comunicado, dando conta do ponto de situação relativo aos 19 pedidos de assistência recebidos até às 12:00 (05:00 em Lisboa).

Segundo o GGCT, 29 dos 38 residentes de Macau que estavam em Banguecoque (Tailândia) já regressaram, enquanto em Danang (Vietname), onde estavam 50 pessoas em excursão, 35 voltaram durante a manhã e as restantes 15 têm regresso previsto para esta noite.

Em Fukuoka (Japão) estava um grupo com 36 residentes que regressou na sexta-feira a Macau via Coreia do Sul. No mesmo dia, regressaram também seis residentes procedentes de Kaohsiung (Taiwan).

“O GGCT continuará a seguir de perto a situação dos residentes de Macau que se encontram impossibilitados de regressar do exterior”, sublinhou.

No mesmo comunicado, o GGCT informou ainda ter contactado a família do turista do interior da China que morreu num acidente de viação durante o tufão em Macau e que “irá prestar assistência adequada, tomando em consideração o desejo dos familiares”.

26 Ago 2017

Tufão Hato: Autoridades não encontraram novos corpos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] pessoal do Corpo de Bombeiros e Serviços de Alfândega anunciaram que não foram encontrados corpos no parque de estacionamento do edifício Classic Bay. Os trabalhos de drenagem e buscas foram concluídos esta tarde, por volta das 14h10.
Foram também feitas buscas no parque de estacionamento do mercado de São Lourenço, depois do Corpo de Bombeiros ter recebido “informações a relatar suspeitas de pessoas encurraladas” no local.
“Foi dada resposta imediata com pessoal e viaturas de socorro. Contactado o porteiro de serviço no dia do tufão referiu não haver pessoas encurraladas no mesmo auto-silo”, lê-se em comunicado. As acções de busca, no entanto, continuam, sendo que as autoridades prometem divulgar novos dados “o mais breve possível”.

26 Ago 2017