Hoje Macau China / ÁsiaO momento histórico em que os indonésios admitiram um referendo em Timor-Leste [dropcap]O[/dropcap] terceiro presidente indonésio, Bacharuddin Jusuf Habibie, reservou para si um lugar na história de Timor-Leste quando, há exactamente 20 anos, admitiu pela primeira vez a possibilidade de um referendo aos timorenses. Declarações depois de uma histórica reunião do Conselho de Ministros indonésio de 27 de Janeiro de 1999 que marcariam o arranque de um ano em que os timorenses puderam, pela primeira vez, escolher o seu destino. José Ramos-Horta, principal rosto da frente diplomática da resistência timorense, recordou à Lusa que nessa altura estava nos escritórios da CNN em Atlanta, onde tinha previsto várias entrevistas sobre a questão de Timor. “Estava a ser entrevistado quando alguém veio a correr dizer que o Habibie estava a dizer que queria ver resolvida a questão de Timor: aquilo só tem pedras, dizia ele”, recordou. Horta recorda que aquele momento ocorreu num contexto muito particular, com a crise financeira dos tigres asiáticos – grupo constituído por Coreia do Sul, Singapura, Taiwan e Hong Kong -, que também fazia mossa na Indonésia. A pressão crescente em torno à situação de Timor-Leste deixava Jacarta, que precisava de apoio financeiro internacional, numa situação complicada, que só se agravou com uma carta do então primeiro-ministro australiano John Howard, que empurrou o terceiro presidente indonésio para uma mudança histórica. E que ocorre depois de anos de pressão, incluindo com a atribuição do Nobel a Ramos-Horta e Ximenes Belo. “Para um país super-orgulhoso como a Indonésia, superativo na comunidade internacional o Nobel foi tremendo”, recordou horta. Em Novembro de 2015, numa entrevista alargada à Lusa, o antigo governador de Timor-Leste nomeado pela ocupante indonésia, Mário Carrascalão, também recordou esse momento, que ampliava a postura anterior de Habibie, já a favor de uma autonomia alargada. Mário Carrascalão, na altura o governador de Timor-Leste nomeado por Jacarta e membro do Conselho Consultivo Nacional da Indonésia, tinha estado reunido com Habibie um dia antes, e a postura da autonomia mantinha-se. Timor-Leste teve “sorte” com a conjuntura do momento mas Habibie, disse, actuou sempre em defesa dos interesses indonésios. “Não nos deu isto pelos nossos lindos olhos”, recordou. Nessa tarde de há 20 anos, com os seus ministros, Habibie estava lívido, irritado com um relatório da sua principal assessora, Dewi Fortuna Anwar, que confirmava o que já suspeitava: as portas a que a Indonésia batia para pedir ajuda financeira não se estavam a abrir. Ou melhor, as portas abriam-se mas, depois de muitos anos em que a comunidade internacional ignorava os abusos cometidos pela Indonésia em Timor-Leste, os pedidos de ajuda indonésios eram recebidos com uma pergunta sem precedentes. Com o garrote financeiro ao pescoço, crescente instabilidade interna e a Indonésia a lidar com o furacão que implicou o fim da era Suharto – que tinha caído em 1998 – Timor-Leste consolidava-se como a tal “pedra no sapato”. Irritado, Habibie mostra aos seus colegas no Governo uma carta que ajudou a verter o copo: John Howard escreveu em Dezembro para Jacarta a defender que, depois de um período de autonomia, deveria haver um acto de auto-determinação em Timor-Leste. Richard Woolcott, embaixador da Austrália na Indonésia entre 1975 e 1978 – quando ocorreu a invasão – recorda os momentos históricos do início de 1999 e a evolução que abriria a porta à consulta de 30 de agosto aos timorenses e a primeira de várias guerras de Habibie com os generais indonésios. Para Habibie, escreveu recentemente Woolcott, seria ilógico para a Indonésia continuar a financiar uma autonomia cara que poderia conduzir à independência mais tarde. “’Porque temos este problema quando temos uma montanha de outros problemas? Recebemos petróleo? Recebemos ouro? Não. Só recebemos pedras. Se os timorenses são ingratos depois do que fizemos por eles, porque temos que manter isto”, escreveu Woolcott, citando Habibie. Por isso anunciou aos ministros que a Indonésia avançaria já para uma consulta entre autonomia e independência e “surpreendentemente só encontrou uma voz dissidente”, a do seu chefe da diplomacia, Ali Alatas, que achava prematuro e perigoso dar independência quando os timorenses não estavam ainda preparados. O anúncio histórico é feito por Ali Alatas finda a reunião do Conselho de Ministros, na tarde de 27 de Janeiro: a Indonésia admite a possibilidade de ser concedida a independência a Timor-Leste, se o povo timorense rejeitar um estatuto de autonomia. Apesar da concessão de independência a Timor-Leste “não constituir política do governo”, será “a última alternativa se o povo de Timor-Leste continuar a rejeitar a (…) oferta de autonomia” do governo indonésio, disse. A irritação e o desespero de Habibie abriram uma janela fechada, à força e com a morte de mais de 200 mil pessoas, durante mais de um quarto de século.
Hoje Macau China / ÁsiaCerca de 5.000 voluntários e funcionários públicos limpam a poluída baía de Manila [dropcap]C[/dropcap]erca de 5.000 pessoas, entre os voluntários e funcionários do Governo, participaram ontem no lançamento oficial dos trabalhos de reabilitação da baía de Manila, uma das águas mais poluídas das Filipinas. Vários membros do gabinete do Presidente, Rodrigo Duterte, agentes das Forças Armadas e da Polícia juntaram-se aos voluntários que vieram limpar a área com vassouras e sacos de lixo. “É uma batalha que não será vencida pela força, mas com a firme vontade de devolver a vida à baía de Manila, com o empenho e determinação de cada filipino de contribuir neste esforço”, afirmou o secretário de Estado do Meio Ambiente das Filipinas, Roy Cimatu. O projecto tem um orçamento de 902 milhões de dólares e inclui ainda a realocação das mais de 220.000 famílias que vivem em casas ao longo da baía, entre lixo e água contaminada. O nível de coliformes, uma bactéria fecal que reflecte a poluição da água, chega a 330 milhões por 100 mililitros na baía, quando os parâmetros apropriados estão entre 100 e 200. A intenção do Governo é reduzir os coliformes a 270 por 100 mililitros até o final do ano e tornar a baía um local adequado para uso recreativo e turístico, embora admitam que a sua reabilitação deve demorar uma década. Novas normas ambientais serão impostas nos hotéis, centros comerciais e nas instalações recreativas e turísticas na baía. Os estabelecimentos que não cumprirem serão encerrados, avisou Roy Cimatu. Onda de limpeza O Governo filipino pretende seguir o exemplo “bem-sucedido” da reabilitação da ilha de Boracay, o principal destino turístico do país, que reabriu aos visitantes em Outubro, após seis meses de encerramento, devido à massificação turística, poluição das águas e crescimento anárquico de hotéis. Boracay, estância turística outrora com águas cristalinas, sofreu com a repercussão do desenvolvimento acelerado e foi apelidada de “fossa séptica”, pelo Presidente filipino, Rodrigo Duterte, que decidiu fechar a ilha a 26 de Abril de 2018. Em 2017, Borocay recebeu mais de 2 milhões de turistas, mas após a reabertura tem menos hotéis e restaurantes, bem como uma quota de visitantes autorizados e novas regulamentações, como a proibição de tabaco e álcool nas praias, para trazer ordem ao litoral. Para evitar uma nova onda maciça de turistas, a capacidade da ilha foi limitada a 19.200 turistas e por dia não podem entrar mais de 6.400. Nas praias é agora proibido colocar redes e guarda-sóis, fazer fogueiras ou castelos de areia, venda ambulante ou serviços de massagem. Além disso, desportos aquáticos só podem ser praticados a mais de 100 metros da costa e as famosas festas nocturnas na praia, que atraíram tantos visitantes, foram banidas. Para monitorizar o cumprimento dos novos regulamentos, a presença policial foi reforçada com mais de 400 agentes na ilha e cinco esquadras de polícia. Dos quase 600 hotéis que havia em Boracay, antes do encerramento, agora existem apenas 157 em funcionamento, totalizando 7.308 quartos.
Hoje Macau DesportoFórmula E | Félix da Costa desiste pela segunda corrida consecutiva [dropcap]O[/dropcap] português António Félix da Costa (BMW) desistiu sábado pela segunda vez consecutiva no campeonato de Fórmula E, após sofrer um toque de um adversário na corrida disputada em Santiago do Chile, vencida pelo britânico Sam Bird (Virgin). O piloto de Cascais partiu apenas da 17.ª posição, depois de ter saído para a pista no primeiro grupo na sessão de qualificação, reservado para os primeiros classificados do campeonato, o que se revelou fatal para as aspirações do piloto luso, pois a pista estava demasiado suja. Na corrida, Félix da Costa conseguiu ganhar uma posição logo no arranque, subindo ao 16.º posto, mas meia dúzia de voltas mais tarde acabaria por ser vítima de um toque do alemão Andre Lotterer (DS), que fez o português embater, também, no francês Jean-Eric Vergne (DS). Félix da Costa foi obrigado a ir às boxes, regressando à pista na 21.ª posição e já com uma volta de atraso face ao líder. Ainda conseguiu estabelecer a volta mais rápida, mas sem possibilidade de lutar pelos pontos, acabou por abandonar e, assim, poupar o carro. “Esta regra da qualificação está a revelar-se demasiado penalizadora e injusta e hoje (sábado) arruinou por completo a corrida dos cinco pilotos que tomaram parte do grupo um”, explicou o piloto português. Em declarações divulgadas pela sua assessoria de imprensa, o piloto da BMW admitiu ter-se sentido “bem nas voltas iniciais e a recuperar posições”. “Mas depois o toque [de Andre Lotterer] deu cabo totalmente da minha corrida. Resta-nos enquanto equipa manter a mesma forma concentrada de trabalhar, com os olhos postos na corrida do México, pois sabemos que temos as armas para lutar”, concluiu António Félix da Costa. Após três corridas, o piloto português soma uma vitória e duas desistências, encontrando-se no terceiro lugar do campeonato de carros eléctricos, com 28 pontos, a 16 do líder, o belga Jérôme D’Ambrosio (Mahindra), oitavo colocado em Santiago do Chile, e a 15 de Bird. A próxima prova decorre em 16 de Fevereiro, na cidade do México.
Hoje Macau China / ÁsiaCantão | Disputas comerciais com EUA exasperam província mais exportadora do país Por João Pimenta, da agência Lusa [dropcap]E[/dropcap]mpresários na mais exportadora província chinesa aguardam nervosos por um acordo que ponha fim à guerra comercial entre Pequim e Washington, mas outros desvalorizam o efeito das taxas alfandegárias, apontando o impacto para os consumidores norte-americanos. “As taxas alfandegárias estão a destruir sobretudo pequenos exportadores, que trabalham com margens de lucro curtas, de 2%”, descreve à agência Lusa o empresário indiano Amu, radicado há treze anos em Cantão, a capital da província de Guangdong, sul da China. “Para os Estados Unidos, não existe outro fornecedor tão bom como a China. Por isso, no final de contas, quem vai suportar o aumento das taxas são os consumidores norte-americanos”, ressalva o indiano, que, à semelhança de milhares de outros comerciantes, desembarcou em Guangdong em busca de fortuna, à medida que a província se convertia na fábrica do planeta. “Quando cheguei, tinha pouco mais do que dinheiro para comer; hoje tenho muito dinheiro”, conta, na sua ‘penthouse’, situada no norte de Cantão. Localizada na fronteira com Hong Kong e Macau, Guangdong é a mais exportadora província chinesa e a primeira a beneficiar da política de Reforma e Abertura, adoptada pela China, no final dos anos 1970. Com uma economia assente na iniciativa privada e geradora do maior número de bilionários do país, Guangdong exportou, só em 2017, mais de 670 mil milhões de dólares em bens, e conta com dois dos dez portos mais movimentados do mundo. Mas crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington prometem afectar uma província que concentra milhares de empresas de mão-de-obra intensiva, dependentes de margens de lucro curtas. Relatos de “guerra” Guangdong está na “primeira linha de fogo” na guerra comercial, descreve Jonas Short, director em Pequim do banco de investimento Everbright Sun Hung Kai. He Zhuotao, um informático natural de Cantão, reconhece que o sector exportador está a passar um “mau bocado”, devido ao múltiplo impacto da guerra comercial, subida do custo da mão-de-obra e valorização da moeda chinesa. “Vejo muitos danos à minha volta”, diz. Tong Quanqing, funcionário do Gabinete do Comércio do governo de Foshan, centro industrial adjacente a Cantão, explica à Lusa, no entanto, que a cidade “não está a ser muito afectada pelas disputas comerciais com os EUA”, apontando a diversificação dos destinos de exportação das empresas locais, “nomeadamente para África”. Porém, em Outubro passado, Pequim ordenou às autoridades de Guangdong que parassem de publicar a actividade da indústria manufactureira da província, numa aparente tentativa de controlar informação sensível, à medida que as fricções com Washington se agravaram. Num sinal negativo para a indústria, o valor das encomendas para os EUA, feitas em Novembro passado durante a maior feira comercial de Cantão, caiu 30,3%, em termos homólogos. André Sobral Cordeiro, o cônsul-geral de Portugal em Cantão, lembra que o “volume de negócios que [Guangdong] tem com os EUA dificilmente é substituído por outro país, pelo menos de forma rápida”. “O receio dos empresários chineses é grande, claramente grande, de que as coisas possam correr menos bem”, nota. China e EUA aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um. Exigências mútuas Os Presidentes norte-americano e chinês, Donald Trump e Xi Jinping, respetivamente, concordaram, entretanto, com uma trégua de 90 dias, que termina em 1 de Março, visando encontrar uma solução para as disputas comerciais. Trump exige que a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes actores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas. Washington quer também mais acesso ao mercado, melhor protecção da propriedade intelectual e o fim da ciberespionagem sobre segredos comerciais de firmas norte-americanas. Mas o Partido Comunista Chinês está relutante em abdicar dos seus planos, que considera cruciais para elevar o estatuto global do país.
Hoje Macau China / ÁsiaBing | Motor de busca volta a estar acessível na China [dropcap]O[/dropcap] motor de busca Bing, detido pela Microsoft, voltou sexta-feira a funcionar na China, depois de ter estado bloqueado, na quinta-feira. “Confirmamos que o Bing esteve inacessível na China, mas que o serviço já foi restaurado”, afirmou um porta-voz da Microsoft, citado pela imprensa norte-americana. Na quinta-feira, uma tentativa de abrir o Bing, a partir de um servidor na China continental, dava o resultado “A ligação expirou”, à semelhança do que acontece com outros portais bloqueados pelas autoridades chinesas, como o motor de busca da Google. A interrupção temporária ilustra as dificuldades que as empresas estrangeiras enfrentam ao operar num sector altamente controlado. O país com mais internautas no mundo (cerca de 700 milhões) é também um dos Estados que mais censuram o conteúdo ‘online’. Facebook, Twitter ou WhatsApp estão bloqueados, mas o país tem as suas próprias redes sociais – o Wechat ou o Weibo -, que contam com centenas de milhões de utilizadores. As autoridades chinesas não revelaram qual o motivo que levou a bloquear o Bing, e mais tarde desbloquear, ou se, no futuro, aquele motor de busca continuará acessível no país. O presidente da Microsoft, Brad Smith, que participa no Fórum Económico Mundial, em Davos, admitiu na quinta-feira que há “momentos de divergência” com as autoridades chinesas. “Há momentos em que há negociações difíceis com o Governo chinês; ainda estamos a tentar descobrir o que é que se passou”, disse. Pequim argumenta que a “criação de uma Internet limpa e justa” e a noção de “soberania do ciber-espaço” são essenciais para a estabilidade política e segurança nacional.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | FMI prevê abrandamento de crescimento em 2019 [dropcap]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia da Região Administrativa Especial de Hong Kong deve crescer 3,5% em 2018, mas que deverá desacelerar para os 2,9% em 2019. O resultado projectado para 2018 resulta de “uma forte recuperação cíclica no primeiro semestre do ano, da recuperação global continuada e do otimismo doméstico”. Em 2019, o crescimento deverá diminuir para os 2,9%, segundo o FMI. No médio prazo, espera-se que a economia cresça em torno dos 3%, “próximo ao seu potencial”, sublinha o FMI na sua avaliação mais recente e divulgada na quinta-feira.
Hoje Macau EventosLiteratura | Edição de “Suma Oriental” à venda em Macau e Portugal Edição anotada da obra “Suma Oriental”, do primeiro embaixador português enviado à China no século XVI, colocada à venda em Macau e em Portugal [dropcap]R[/dropcap]ui Manuel Loureiro, um dos maiores especialistas da obra e da vida de Tomé Pires, é o autor de uma edição anotada de “Suma Oriental”, um marco da história da ciência geográfica daquele que foi o primeiro embaixador português enviado à China no século XVI. A obra foi colocada à venda em Macau e em Portugal. A informação foi divulgada, na sexta-feira, em comunicado, pela Fundação Macau (FM), que patrocina o livro, a par com o Centro Científico e Cultural de Macau, subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e com a Fundação Jorge Álvares. “Suma Oriental” relata as experiências e a visão de Tomé Pires, o primeiro embaixador português enviado para a China no século XVI. “O livro fala de um dos tratados geográficos mais importantes daquela época que envolve muitas países e contém elementos muito diversificados, incluindo nomeadamente a descrição do continente asiático aos olhos dos europeus”, realça a FM na mesma nota. O esboço da obra “Suma Oriental” foi feito entre os anos de 1512 e 1515, altura em que o autor dispunha de poucas informações para fazer tais referências, pelo que a maior parte do conteúdo do livro resulta das visitas que realizou e das experiências que teve na Ásia. Embora não seja conhecida a data em que terminou a obra, “os manuscritos serviram para apresentar ao Rei de Portugal os limites das zonas litorais da Ásia para que Portugal pudesse alargar os seus mercados e fazer crescer o comércio nesta área geográfica”. Assim, é descrita esta zona, principalmente, desde o Mar Vermelho até às zonas litorais da Ásia, mencionando os portos marítimos, bens comercializados, preços praticados, moedas e câmbios, peso e outras medidas, as leis marítimas e o transporte marítimo, rotas e respectivo calendário. Também diversas práticas do mundo do comércio, assim como os regimes políticos, as religiões e culturas, a língua falada, o povo e o modo de vida nas suas próprias terras, os exércitos, etc. Raro levantamento “Naquela altura existiam poucos manuscritos deste levantamento geográfico”, sublinha a FM no mesmo comunicado, indicando que um deles se encontra hoje em Paris e que se sabe que “a sua origem remonta ao tempo em que o autor ofereceu um manuscrito ao Rei D. Manuel I antes de partir para a China”. Este livro, escrito por Rui Manuel Loureiro, tem por base a versão do ano 1937 encontrada na Biblioteca Nacional de Paris, em França. Esta versão tem 60 páginas e divide-se em seis partes: do Egipto a Cambaia, de Cambaia a Goa, do Bangladesh à Indochina, da China a Luzón, e de Sumatra a Malaca. O esboço manuscrito é muito antigo e andou perdido. O editor do livro levantou uma série das questões ao livro, mas a resposta surgiu com base nos elementos históricos que permitem compreender o respectivo conteúdo, sustenta a FM. O editor, Rui Manuel Loureiro, é investigador da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores. É autor de diversos livros, tais como “Os portugueses partiram para a China: de Malaca a Macau (1502-1557)” e “O Estreito: Portos do Mar Vermelho e o Golfo de Áden – imagens dos portugueses do séc. XVI e várias teses sobre “Suma Oriental”.
Hoje Macau SociedadeObras | Melhoramento de aterro vai custar até 880 milhões [dropcap]A[/dropcap] obra de melhoramento de solos do aterro para resíduos de materiais de construção vai custar entre 390 milhões e 880 milhões de patacas, segundo as 18 propostas apresentadas a concurso público. Em comunicado, divulgado na sexta-feira, após o acto público de abertura, o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) indicou que os prazos propostos variam entre 420 e 480 dias de trabalho. O início da obra está previsto para o segundo trimestre, complementou o GDI. A empreitada visa o tratamento das fundações do aterro existente de forma a criar mais espaço. A área do aterro destinada à obra é de aproximadamente de 600.000 metros quadrados, sendo que a empreitada será executada por fases, entre as quais se prevê a construção de um dique de 1.200 metros de comprimento.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Situação da gripe deve manter-se grave até Março [dropcap]O[/dropcap] subdirector dos Serviços de Saúde, Cheang Seng Ip, alertou no fim-de-semana que Macau continua no pico da gripe e que, nos últimos dias, não tem havido uma diminuição do número de pessoas que recorrem aos serviços de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). Em declarações ao Jornal do Cidadão, Cheang Seng Ip afirmou mesmo prever que a situação sofra um agravamento durante o Ano Novo Chinês e se prolongue até Março. Desde Setembro, foram administradas 134 mil vacinas contra a gripe, número que traduz um aumento de 25,6 por cento em relação ao período homólogo do ano passado, indicou o mesmo responsável.
Hoje Macau SociedadeEmprego | Número de trabalhadores não residentes bate recordes [dropcap]M[/dropcap]acau fechou 2018 com 188.480 trabalhadores não residentes, o número anual mais elevado desde que há registos, indicam dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), publicados na sexta-feira no portal da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), segundo os quais, Macau ganhou no intervalo de um ano 9.024 trabalhadores não residentes. Já face a Novembro, registou-se uma ligeira descida, dado que foi o mês em que o universo de mão-de-obra importada alcançou um máximo histórico (188.854 pessoas). A maioria dos trabalhadores não residentes é proveniente da China (117.863 ou quase dois terços do total), seguindo-se, a larga distância, as Filipinas (31.545), com o pódio a completar-se com o Vietname (15.119). O ramo dos hotéis, restaurantes e similares (com 53.064 trabalhadores não residentes) absorve grande parte da mão-de-obra contratada ao exterior, seguido da construção (30.129) e dos empregados domésticos (28.692).
Hoje Macau PolíticaMacau perto de Barcelona e Veneza em “número insuportável de visitantes”, defendeu Coutinho [dropcap]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho lamentou ontem o “insuportável número de visitantes” do território, que considera estar a ficar superlotado como Barcelona, Veneza ou Amesterdão, e exigiu do Governo “medidas baseadas num turismo responsável”. “Ninguém está contra o turismo, mas os governantes têm de adoptar soluções de equilíbrio e não esperar para ver quando a cidade vai ‘romper pelas costuras’”, advertiu José Pereira Coutinho, numa intervenção no início da reunião plenária da Assembleia Legislativa. Na sua opinião, “não falta muito” para Macau entrar na lista de cidades classificadas como ‘over-tourism’, da qual fazem parte Barcelona, Mumbai, Amesterdão, Veneza e Hanói. Pereira Coutinho considerou provável que Macau ganhe “a mesma fama”, uma vez que o “insuportável número de visitantes” tem contribuído para a “perda de qualidade de vida dos residentes”. “A RAEM já é pequena em termos de dimensão geográfica e tem elevada densidade populacional, com a particularidade de faltarem espaços para tudo e todos”, frisou. “A RAEM precisa de seguir outro rumo, implementando medidas equilibradas baseados no princípio de ‘turismo responsável’, em que os interesses e direitos básicos dos cidadãos sejam devidamente salvaguardados, nomeadamente a preservação da qualidade de vida dos residentes”, concluiu o deputado.
Hoje Macau China / ÁsiaAnunciado novo smartphone da Huawei com tecnologia própria [dropcap]A[/dropcap] gigante chinesa de telecomunicações Huawei anunciou ontem que lançará um smartphone de próxima geração baseado em tecnologia própria, ao invés de usar componentes norte-americanos, ilustrando os esforços para reduzir a dependência de fornecedores dos Estados Unidos. A Huawei Technologies Ltd., o maior fabricante global de equipamentos de rede, está a investir milhares de milhões de dólares no desenvolvimento da sua própria tecnologia de chips, área em que os fornecedores norte-americanos são líderes globais. A empresa reduz assim os riscos de estar dependente da importação de componentes dos EUA, numa altura de crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington, suscitadas pela ambição chinesa para o sector tecnológico. O aparelho, anunciado pela Huawei como o primeiro smartphone dobrável de quinta geração, vai ser exibido, no próximo mês, durante o maior evento anual do sector, o Mobile World Congress, em Barcelona, disse ontem Richard Yu, CEO da unidade de consumo da empresa. O telefone usa o chipset Kirin 980, da Huawei, e o modem Balong 5000, em vez dos componentes de fornecedores tradicionais, como a Qualcomm, com sede nos EUA. As vendas de produtos da Huawei não foram afectadas pelos alertas de segurança, em alguns países ocidentais, e aumentaram mais de 50 por cento, no ano passado, afirmou Yu aos jornalistas. O CEO afirmou que as vendas da sua unidade superaram os 52 mil milhões de dólares, ou mais de metade dos 100 mil milhões de receita anual, prevista para 2018. A Huawei ainda não divulgou os resultados financeiros de 2018. “Neste complicado ambiente político, mantivemos um crescimento forte”, disse Yu. Encurtar distâncias Como primeiro actor global chinês no sector tecnológico, a Huawei é politicamente importante, e tem sido alvo de crescente escrutínio, em vários países. A Austrália e a Nova Zelândia baniram as redes de Quinta Geração (5G) da Huawei por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adoptado a mesma medida. Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de “alto risco”, baniu as compras à Huawei por departamentos governamentais. Mas durante a recente visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a Huawei um acordo para o desenvolvimento da tecnologia 5G em Portugal, apesar de, também a União Europeia ter assumido “estar preocupada” com a empresa e com outras tecnológicas chinesas, devido aos riscos que estas colocam em termos de segurança. As redes sem fio de Quinta Geração (5G) destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais elétricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como activos estratégicos para a segurança nacional. A empresa emprega 180 mil pessoas e as vendas superaram os 100 mil milhões de dólares, em 2018.
Hoje Macau China / ÁsiaAustraliano detido na China por “ameaçar a segurança nacional” [dropcap]U[/dropcap]m australiano de origem chinesa que foi detido esta semana na China é suspeito de “actividades criminosas” que “ameaçam a segurança nacional”, revelou ontem o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. O escritor e comentador Yang Hengjun, que serviu como diplomata da China, antes de se naturalizar cidadão australiano, e que é crítico do Partido Comunista Chinês, foi preso por agentes da Segurança do Estado, confirmou a porta-voz do ministério, Hua Chunying. A acusação de “ameaça à segurança nacional” é frequentemente usada na China contra críticos do PCC, e suportada com poucas evidências. O ministro da Defesa da Austrália, Christopher Pyne, afirmou ontem que vai pressionar as autoridades chinesas para que tratem de Yang de forma “justa e transparente”, e forneçam toda a informação sobre o caso. Pyne revelou aos jornalistas, no início de uma visita oficial a Pequim, que o escritor está numa espécie de detenção domiciliária, em Pequim. A detenção ocorre um mês depois de as autoridades chinesas terem detido Michael Kovrig, antigo diplomata do Canadá, e Michael Spavor, empresário que organiza viagens turísticas e eventos desportivos na Coreia do Norte, numa aparente retaliação pela detenção da executiva da Huawei Meng Wanzhou, no Canadá. Ambos foram também acusados de “ameaçarem a segurança nacional da China”. Yang estava actualmente a residir nos Estados Unidos, com a mulher e a filha, de 14 anos, mas visitou a China, na semana passada.
Hoje Macau China / ÁsiaVenezuela | Pequim apoia Maduro e condena “intromissão” americana A China expressou ontem apoio ao Governo venezuelano liderado por Nicolas Maduro e lamentou a “intromissão nos assuntos internos” do país pelos Estados Unidos, depois de Washington ter reconhecido o líder provisório auto-proclamado, Juan Guaidó [dropcap]”A[/dropcap] China apoia os esforços do Governo da Venezuela para manter a sua soberania, independência e estabilidade”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying. Questionada sobre se Pequim continua a apoiar Maduro, Hua lembrou que, “em 10 de Janeiro, a China, e muitos outros países e organizações internacionais, enviaram representantes à cerimónia de posse do Presidente”. A porta-voz lembrou ainda que Pequim “se opõe à interferência nos assuntos internos da Venezuela” e espera que a comunidade internacional faça “esforços nesse sentido”. Hua expressou o desejo de Pequim de que “as partes na Venezuela procedam de acordo com os interesses fundamentais da nação e do povo, sob a premissa do respeito pela Constituição, para resolver as diferenças políticas, através do diálogo e da consulta”. Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas. “Levantemos a mão: Hoje, 23 de Janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres”, declarou, num dia marcado por protestos contra Nicolás Maduro por todo o país que fizeram pelo menos sete mortos. O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de Janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país. Tempo que foge Nicolás Maduro iniciou a 10 de Janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional. Em 15 de Janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objectivo de organizar eleições livres e justas”. Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina, à excepção de México, Bolívia e Cuba, e da Rússia – que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela. Por seu lado, a União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”. Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela “vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou para a realização de “eleições livres”. A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Hoje Macau EventosAno Novo Lunar celebrado com música, workshops e exposições [dropcap]O[/dropcap] Ano Novo Chinês está à porta e o Instituto Cultural (IC) tem vasto um leque de actividades programadas para celebrar a ocasião, a começar com os concertos marcados para este fim-de-semana. A Orquestra de Macau apresenta “Música na Biblioteca” e o concerto “O Fascínio da Música Austro-Alemã”, na Biblioteca da Taipa e no Teatro Dom Pedro V, respectivamente, no próximo sábado e domingo. Ainda na categoria das ofertas musicais, no dia 1 de Fevereiro, a Orquestra de Chinesa de Macau apresenta o “Envolvimento da Comunidade com a Música – Concerto de Primavera 2019”, no Centro de Actividades Pak Wai. As festividades prosseguem na Casa do Mandarim nos dias 2 e 3 de Fevereiro com o “Workshop de Criação de Dísticos”, que tem como objectivo permitir aos calígrafos escrever votos de feliz Ano Novo Lunar. Na mesma toada, de 2 a 10 de Fevereiro, está agendado o “Workshop de Coloração de Cartões do Zodíaco Chinês” na Academia Jao Tsung-I. O Ano Novo Chinês vai ser também celebrado de forma ritmada, em especial com a “Actuação de Gongos e Tambores do Ano Novo” apresentada em vários locais de Macau. As performances vão estar a cargo da Associação da Arte do Tambor da Província de Shanxi e do Grupo de Arte da Etnia de Hunan, entre os dias 5 e 7 de Fevereiro. No capítulo das exposições, destaque para “Oração e Bênção – Exposição do Ano Novo Chinês Impressões de blocos de madeira das Províncias de Shanxi e Hunan” que será exibido no Pavilhão Chun Chou Tong do Jardim Lou Lim Ioc a partir de 1 de Fevereiro. Além disso, vai estar patentes no Museu de Arte de Macau (MAM) a mostra “Escola de Pintura de Xangai – Colecções do Museu do Palácio”, patente até dia 10 de Março.
Hoje Macau EventosLivros | IC publica obra sobre artes em Macau entre 1557 e 1911 [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) acaba de publicar a obra “A Escultura, a Pintura e as Artes Decorativas em Macau no Tempo da Administração Portuguesa, 1557 – 1911”, da autoria de Pedro Dias, professor jubilado da Universidade de Coimbra. O IC considera que a “obra tem como objectivo o estudo da escultura, pintura, ourivesaria e de outras disciplinas, habitualmente denominadas artes decorativas e iconográficas, de origem europeia, sejam de cariz religioso ou pagão, existentes em Macau e que chegaram ao território ou foram aqui executadas, entre 1557 e 1911”. Para o IC, o livro é “como uma continuação e complemento de outros trabalhos que tiveram como objecto a cidade de Macau, sobretudo do livro A Urbanização e a Arquitectura dos Portugueses em Macau, 1557-1911, editado, em Lisboa, em 2005”. “Não será um inventário completo, mas o autor tentou elencar as obras mais significativas de cada disciplina, e suas diversas origens, para ilustrar o panorama artístico macaense durante o período em estudo”, acrescenta o mesmo comunicado.
Hoje Macau EventosFotografia | Xyza Cruz Bacani apresenta “We Are Like Air” este fim-de-semana Ex-empregada doméstica, natural das Filipinas, e com um enorme talento para a fotografia, Xyza Cruz Bacani regressa a Hong Kong para apresentar, na galeria Blue Lotus, o seu novo livro de fotografia. A obra é também um retrato sobre os migrantes que mudam de país em busca de uma vida melhor, como se fossem vento [dropcap]D[/dropcap]epois da exposição, no Centro de Artes de Hong Kong, que aconteceu em Dezembro, agora surge o livro de fotografia. “We Are Like Air” (Somos como o ar), o mais recente projecto fotográfico de Xyza Cruz Bacani, lançado oficialmente este sábado em Hong Kong, na galeria Blue Lotus. Os mentores do evento consideram o livro “uma abordagem excepcional às histórias de migração, separação e amor”, uma visão e ténica que valeram à fotógrafa uma bolsa de estudos da Fundação Magnum para os Direitos Humanos em 2015. À época, Xyza Cruz Bacani vivia em Hong Kong com a mãe e trabalhava como empregada doméstica, fotografando com uma pequena câmara nas horas vagas. A distinção permitiu-lhe fazer um curso de fotografia de seis semanas na Universidade de Nova Iorque. Ao retratar os meandros da vida dos migrantes, Xyza Cruz Bacani acaba por contar também a sua própria história. “A migração é inevitável. A Organização das Nações Unidas estima que cerca de 100 milhões de mulheres deixaram as suas casas nos seus países de origem devido à violência, pobreza e falta de oportunidades.” Desta forma, “Xyza Cruz Bacani vivenciou, ela própria, a dor da separação ao crescer sem mãe, que era uma trabalhadora migrante em Hong Kong”, descrevem os mentores do evento. Nascida em 1987, a fotógrafa só se juntaria à sua mãe já na idade adulta. O trabalho de Xyza Cruz Bacani é sobretudo documental, focando-se nas vivências de várias cidades, com destaque para Hong Kong. Antes de ganhar a bolsa de estudos da Magnum, a fotógrafa captou os protestos pró-democracia de 2014, além de ter feito um trabalho sobre as migrantes que vivem na casa Bethune, destinada às mulheres migrantes refugiadas, localizada no distrito de Jordan, também na região vizinha. O ar que se move A obra chama-se “We Are Like Air” porque Xyza Cruz Bacani considera os migrantes como pessoas que se movem de acordo com as necessidades ou o destino, sem que ninguém olhe para elas. Além disso, é impossível viver sem ar. “Os trabalhadores migrantes são muitas vezes tratados como ar, porque são importantes, mas invisíveis. Com este livro quero chamar a atenção para as nossas vidas privadas e, ao fazer isso, quero também ajudar o leitor a ver as empregadas domésticas como seres individuais”, escreveu a fotógrafa no livro. Xyza Cruz Bacani lembrou ainda que as trabalhadoras migrantes, oriundas, na sua maioria, de países como o Vietname, Indonésia ou Filipinas, “merecem compreensão e respeito, e não são apenas pessoas contratadas para desempenharem tarefas rotineiras”. “Quero contar a nossa história como campeãs e não apenas como vítimas, que são os dois lados em que a migração nos divide”, lê-se ainda.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Quatro queixas devido a guias ilegais desde a Ponte do Delta [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) indicou ontem ter recebido quatro queixas relacionadas com guias turísticos ilegais desde a abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Todas as queixas denunciavam a existência de muitas excursões nas paragens dos autocarros públicos e dos casinos, nomeadamente nas Portas do Cerco. Em comunicado, a DST corrigiu ainda dados relativos ao orçamento anual para 2019 que é de 343,6 milhões de patacas. Já o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) corresponde a 736,9 milhões de patacas, com o Fundo de Turismo a contar com 1,17 mil milhões de patacas.
Hoje Macau SociedadeLucros da Sands China subiram 19 por cento em 2018 [dropcap]A[/dropcap] Sands China fechou 2018 com lucros líquidos de 1,9 mil milhões de dólares norte-americanos, traduzindo um aumento de 18,7 por cento comparativamente a 2017. Em comunicado, divulgado ontem, a empresa deu conta de receitas líquidas de 8,67 mil milhões de dólares norte-americanos, ou seja, mais 14 por cento em termos anuais. “Olhando para o futuro, acreditamos que não há melhor mercado no mundo do que Macau no que toca ao contínuo investimento de capital”, afirmou Robert Glen Goldenstein, presidente e chefe das operações da empresa mãe, a norte-americana Las Vegas Sands. “Esperamos fazer investimentos adicionais em Macau à medida que contribuímos para a diversificação [económica] de Macau e para sua evolução como principal destino de turismo de lazer e de negócios na Ásia”, complementou.
Hoje Macau SociedadeRuínas de São Paulo | Incidente com drone não provocou danos [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) emitiu ontem um comunicado onde garante que o incidente com um drone ocorrido esta quarta-feira não causou qualquer dano às Ruínas de São Paulo. Ontem foram enviados funcionários do IC para fazer uma “inspecção detalhada” ao local, onde se incluíram “uma vistoria, a comparação de fotografias e análise de dados através da digitalização 3D”. Após a ocorrência do incidente, o IC “informou a Autoridade de Aviação Civil e irá comunicar com as autoridades relevantes no sentido de conduzir discussões adicionais, especialmente sobre o uso de drones junto de relíquias culturais importantes, a fim de decidir se é necessário formular medidas correspondentes”.
Hoje Macau SociedadeGripe | Centros de saúde de Seac Pai Van e Coloane abertos no fim-de-semana [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) anunciaram ontem que os centros de saúde de Seac Pai Van e Coloane vão estar abertos este sábado e domingo, entre as 9h00 e 13h00, devido “ao elevado número de doentes que estão a aceder ao Centro Hospitalar Conde de São Januário com gripe, e de modo a minimizar o tempo de espera, além de evitar eventuais infecções cruzadas de Influenza”. De acordo com um comunicado, já foram diagnosticados 46 casos de gripe desde Setembro, sendo que já se registou a morte de um homem com 86 anos de idade. “Em 80 por cento dos casos graves de gripe as pessoas não foram vacinadas. Actualmente, ainda se encontram hospitalizados 14 pacientes”, explicam os SSM. Um dos doentes é uma mulher que “necessita de tratamento artificial assistido pulmonar para reduzir a carga nos pulmões e para facilitar a recuperação”. A sua condição ainda é critica, enquanto que “os outros pacientes internados estão em condição clínica considerada estável”. Os SSM alertam para a necessidade de consultar as aplicações móveis para verificar o número de doentes em lista de espera, uma vez que “a proporção de doentes com gripe está a assumir números elevados”.
Hoje Macau DesportoFutebol | Queiroz confia que Irão vencerá a China na Taça Asiática se mantiver o ADN [dropcap]O[/dropcap] português Carlos Queiroz, seleccionador do Irão, acredita que a equipa pode chegar às meias-finais da Taça Asiática em futebol, caso seja fiel aos seus princípios no jogo dos quartos de final, com a China, hoje. “Estamos orgulhosos do que temos feito. Devemos ter disciplina e carácter. Controlar as emoções. Jogar simples, pois o futebol é assim. Quero ver isso na minha equipa. Saborear o jogo, lutar pela bola e tentar marcar. É a nossa tarefa. Divertir-nos. Se jogarmos bem, temos boas chances de vencer”, disse, na antevisão do encontro nos Emirados Árabes Unidos. Depois de ter afastado Omã, com triunfo 2-0, o antigo selecionador português vai encontrar nos quartos de final a China, orientada pelo italiano Marcello Lippi, que eliminou a Tailândia com 2-1. “Todos estes jogos são finais. Não têm passado. O histórico não conta”, avisou Queiroz, rejeitando qualquer favoritismo ao Irão, 29.º e mais bem classificada equipa asiática no ‘ranking’ FIFA, contra o 76.º do mundo. Queiroz espera “dificuldades perante uma grande equipa, sólida, bem preparada e com um grande treinador”, mas que espera vencer no desafio no Estádio Mohammed Bin Zayed. “Sabemos que temos uma missão difícil pela frente, mas estamos entusiasmados, preparados e muito confiantes de que temos boas hipóteses de praticar bom futebol. Temos ambições, os nossos sonhos. Tudo pode acontecer. Vamos lutar pelas nossas hipóteses”, vincou. O técnico luso quer, acima de tudo, que os seus pupilos “apliquem o melhor possível em campo todas as lições aprendidas nos últimos anos”, recordando que este tipo de jogos a eliminar costumam “decidir-se nos detalhes”. “Isto não é um jogo para pontos, mas a eliminar. E quando assim é, não há favoritos. Temos de ser humildes e respeitosos. Temos de dar o máximo. Ser mentalmente fortes, controlar as emoções e ter a liberdade de tomar decisões, correr riscos. Gosto de jogadores criativos, com personalidade forte e com vontade de ganhar”, concluiu. A edição deste ano da Taça Asiática, que se disputa a cada quatro anos, passou de 16 para um recorde de 24 finalistas.
Hoje Macau EventosMúsico e produtor português Branko edita segundo álbum [dropcap]O[/dropcap] músico e produtor português Branko edita em Março o segundo álbum, “Nosso”, que apresentará numa série de actuações a partir de Fevereiro em Portugal e em vários palcos da Europa. “Nosso”, que sucede a “Atlas”, de 2015, tem edição marcada para 1 de Março, tendo sido divulgado ontem o tema “Hear from you”, que conta com a participação do produtor Sango e da cantora Cosima. De acordo com informação na página oficial, Branko apresentará o novo álbum a 28 de Fevereiro no B.Leza, em Lisboa, seguindo-se uma série de actuações ao longo das próximas semanas entre salas e clubes portugueses e estrangeiros. A 1 de Março, o músico estará no Razzmatazz, em Barcelona, no dia 2 nos Maus Hábitos, no Porto, no dia 8 no The Jazz Café, em Londres, e no dia seguinte no The Sugar Club, em Irlanda. Estão previstas ainda actuações em Berlim, Estocolmo, Lund, Berna, Viena, Castelo Branco, Aveiro e Braga. Sobre “Nosso”, Branko contou à revista norte-americana Rolling Stone que utilizou a cena musical de Lisboa como “ponto de partida para todas as canções do álbum. Seja pelos instrumentais e pelas batidas, tudo nasceu de um género no universo da língua portuguesa”. Branko, ou João Barbosa, é músico, produtor, DJ, editor, tendo o nome ligado à mais recente cena de música electrónica e de dança em Lisboa, com pontos de ligação com a música lusófona e numa escala global. Duas das pontes desse trabalho foram a criação dos Buraka Som Sistema e da editora Enchufada, à qual estão associados nomes como Rastronaut, Riot, Dengue Dengue Dengue, Dotorado Pro e PEDRO. Em 2015 editou o primeiro álbum, “Atlas”, que resultou de uma viagem por várias cidades em busca de uma nova sonoridade na música eletrónica. Na altura, João Barbosa esteve em Amesterdão, São Paulo, Nova Iorque, Cidade do Cabo e Lisboa, em gravações com mais de vinte artistas, para compor uma espécie de mapa musical com a mais recente música nascida em ambiente urbano.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum Davos | China e Estados Unidos “indispensáveis um ao outro”, disse Wang Qishan [dropcap]O[/dropcap] vice-presidente chinês, Wang Qishan, assegurou hoje, em Davos, que a China e os Estados Unidos são “indispensáveis um ao outro”, num momento em que as duas maiores potências económicas do mundo prosseguem negociações comerciais de elevado risco. Wang Qishan, que este ano lidera a delegação chinesa ao Fórum Económico Mundial, declarou que as duas primeiras economias mundiais “são indispensáveis uma à outra” e apelou a estabelecimento de uma relação “ganhador-ganhador”. “Qualquer confrontação é nefasta para os interesses das duas partes”, considerou ainda. Os mercados registaram na terça-feira uma actividade febril e relacionada com as discussões destinadas a pôr termo à guerra comercial. Em causa informações dos media, segundo as quais a administração norte-americana recusou promover esta semana, em Washington, reuniões com enviados chineses. A Casa Branca desmentiu. E ontem, a agência Bloomberg publicava pelo contrário uma informação mais encorajante, ao anunciar que a China poderá adquirir até sete milhões de toneladas de trigo norte-americano. O chefe da delegação de Pequim a Davos também considerou que o crescimento chinês, que em 2018 caiu para o nível mais baixo em quase 30 anos, não permanece menos “significativo”, com 6,6%. E considerou que o número “não é de todo baixo”. Os sinais contraditórios em torno da conjuntura chinesa têm dominado parte considerável das discussões em Davos e onde até ao fim de semana, à semelhança do que sucede anualmente, se reúne a elite da economia e da finança mundial.