Cliente agredido por não pagar a prostituta

[dropcap]U[/dropcap]m homem de 40 anos foi agredido nas costas com um cutelo, após ter recusado pagar pelos serviços sexuais de que tinha usufruído.

O caso foi revelado, ontem, pela Polícia Judiciária, segundo o canal chinês da Rádio Macau, depois do cliente ter recusado pagar cerca de 2 mil patacas, valor acordado com a prostituta. Perante este cenário, a mulher de 24 anos chamou ao quarto de hotel um amigo, com cerca de 30 anos de idade, que a ajudou a agredir o cliente.

Depois da confusão, a polícia foi alertada para o incidente e capturou os dois agressores, quando estes tentavam regressar ao Interior da China. Confrontados com o crime, os dois acabaram por confessar as agressões que justificaram com a falta de pagamento do serviço. O caso foi entregue ao Ministério Público.

12 Fev 2019

Comida ambulante | Governo prepara lei para o sector

[dropcap]O[/dropcap] Governo está a preparar uma lei para regular a venda de comida em barracas de rua e um outro documento para definir regras de gestão de mercados públicos.

A informação foi confirmada, ontem, pelo presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), José Tavares, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau. Segundo o governante, os dois diplomas vão ser entregues ao Conselho Executivo na primeira metade deste ano.

Ao mesmo tempo, José Tavares considerou que o funcionamento do IAM, que substitui no início do ano o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municiais, está a decorrer sem problemas e revelou que a transição ocorreu sem sobressaltos.

12 Fev 2019

Branqueamento de capitais | Macau vai trocar informações com Índia e Brasil

[dropcap]M[/dropcap]acau vai assinar memorandos de entendimento para a troca de informação relativa ao combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo com a Índia e com o Brasil.

A informação consta de duas ordens executivas, publicadas ontem em Boletim Oficial, que dá ao secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, todos os poderes necessários para celebrar os memorandos em nome da RAEM.

Poderes que podem ser subdelegados na coordenadora do Gabinete de Informação Financeira, entidade que, em Outubro último, passou da tutela da Economia e Finanças para a Segurança.

12 Fev 2019

Portugal/China | Jorge Sampaio: “A questão de Macau já está arrumada”

O reforço da Parceria Estratégica Global entre Portugal e China, adoptada em Dezembro, ”abre vias de aprofundamento da cooperação em inúmeras áreas que são de grande relevância”, como no caso do porto de Sines, declarou o antigo Presidente Jorge Sampaio

[dropcap]A[/dropcap] declaração conjunta sobre o reforço da Parceria Estratégica Global, adoptada em Dezembro último por ambos os países, bem como os instrumentos bilaterais que foram assinados, abrem vias de aprofundamento da cooperação em inúmeras áreas que são de grande relevância”, afirmou o antigo Presidente.

“Por exemplo, na iniciativa conhecida como ‘Uma Faixa, Uma Rota’, Portugal pode desempenhar um papel próprio, podendo afirmar-se como ponto de encontro entre a rede ferroviária e a rede marítima no contexto da nova Rota da Seda”.

“Como foi várias vezes sublinhado pelo Governo português, em Dezembro passado, o nosso porto de Sines pode muito bem ser o ponto em que a Rota da Seda e a Faixa se encontram, sendo o porto mais próximo do Canal do Panamá, ou seja, mais próximo do ponto de ligação marítima entre o Atlântico e o Pacífico”, disse. “Isto é um exemplo de uma cooperação promissora, com ganhos para todos os lados”, avaliou.

Após a transferência de Macau para a China, a “normalização das relações não deveria significar nunca um nível político menos elevado das relações bilaterais”, referiu Sampaio, lembrando importância que Macau teve no contexto de reunificação nacional da China (juntamente com Hong Kong).

Segundo o antigo Presidente português, as duas partes conseguiram entender, ao longo do processo de transição de Macau, que deviam reconhecer este facto – a importância da transferência de Macau no contexto da reunificação – “preservando a qualidade das suas relações políticas”.

“Isto explica porque, em 2005, seis anos depois da transferência de soberania em Macau, Portugal e a China tenham assinado uma Parceria Estratégica Global, um passo inédito, uma vez que o nosso país foi o primeiro pequeno país europeu com o qual a China estabelecia a tal Parceria Estratégica”. “Os anos seguintes consolidaram esta relação especial”, disse, referindo ainda as visitas oficiais dos mais altos cargos políticos dos dois países.

“Nos últimos anos, quer a expansão das relações económicas – não esquecer que a China é hoje o sexto fornecedor de bens a Portugal e o décimo cliente de bens de Portugal e que, por outro lado, Portugal é actualmente o quatro país onde a China mais investiu na década e o sétimo país europeu com mais investimento chinês – quer o desenvolvimento das relações no âmbito científico, cultural e turístico, provou nestas vertentes a qualidade excepcional das relações políticas construídas durante os anos de transição”, avaliou.

Macau arrumada

Para Jorge Sampaio, Portugal “só terá a ganhar se souber articular os seus interesses estratégicos com o relacionamento especial que tem sabido manter com a China”, considerando o futuro, “em termos de turbulência e de enorme incerteza no plano internacional”. “Assim, creio também que para além dos elementos da cooperação concreta, no plano bilateral e multilateral, o maior e mais relevante desafio será o da preservação e o desejável aprofundamento da qualidade das relações políticas luso-chinesas marcadas pela excepcionalidade”, declarou.

“No plano do relacionamento da China com um pequeno país europeu, como é Portugal, temos a afirmação da nossa capacidade de interlocução com a China, quer no plano bilateral quer no quadro dos nossos relacionamentos vários e na defesa de interesses de geometria variável, que ao meu ver, nunca deverão deixar de ser pautados pelos princípios subjacentes a nossa política externa, orientados para a salvaguarda da paz e da segurança internacionais, estabilidade do desenvolvimento sustentável, a prosperidade da proteção dos direitos humanos”, argumentou.

Para Sampaio, encontrar um equilíbrio certo entre as variáveis numa paisagem internacional marcada pela instabilidade, talvez não seja tarefa fácil, mas deverá “permanecer o objectivo de um relacionamento luso-chinês forte”. “A questão de Macau já está arrumada”, referiu.

Macau, segundo o antigo Presidente português, serviu também ao Governo chinês para provar que a política de ‘um país, dois sistemas’ estava certa.

11 Fev 2019

Filme “Roma” grande vencedor dos prémios Bafta de 2019

“Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, foi ontem o grande vencedor da 72.ª edição dos prémios Bafta do cinema britânico, triunfando em quatro categorias, entre elas a de melhor filme e de melhor realização.

O filme “A Favorita”, do grego Yorgos Lanthimos, foi o que arrecadou maior número de prémios, sete, entre eles o de melhor atriz principal.

A cerimónia dos British Academy of Film and Television Arts realizou-se no Royal Albert Hall, de Londres.

“Roma”, além de melhor filme e melhor realização, venceu ainda na categoria de melhor filme de língua não inglesa e melhor fotografia.

Entre os prémios para “A favorita” Olívia Colman foi distinguida como melhor atriz e Rachel Weisz recebeu o prémio de melhor atriz secundária. O filme levou ainda prémios como o de melhor guião original e melhor filme britânico.

O prémio de melhor ator foi para Rami Malek, no filme “Bohemian Rhapsody”, e Mahershala Ali foi considerado o melhor ator secundário, pelo papel no filme “Green Book”.

O prémio revelação distinguiu a atriz Letitia Wright, pelo papel no filme “Black Panther”, e “Free Solo” ganhou na categoria de documentário.

11 Fev 2019

Milhares de pessoas protestam depois de assassínio de político na Índia

[dropcap]V[/dropcap]ários milhares de manifestantes marcharam ontem em Bengala Ocidental, no leste da Índia, carregando o corpo de um político local cujo assassínio foi o primeiro ato de violência antes das eleições parlamentares marcadas para a primavera.

Satyajit Biswas, de 38 anos, membro do partido Congresso Trinamool (TMC, sigla em inglês), formação regional no poder no estado, foi morto na noite de sábado por um atirador não identificado.

O TMC culpou o seu principal rival, o Partido Bharatiya Janata (BJP, sigla em inglês), do primeiro-ministro Narendra Modi, que negou qualquer envolvimento no caso, referindo ainda uma divergência interna no seio do TMC.

“Suspeitamos de motivação política para este assassínio”, disse Anuj Sharma, vice-chefe de polícia de Bengala Ocidental. Segundo o vice-chefe de polícia, duas pessoas já foram presas, mas não especificou a qual partido pertenciam.

No distrito de Nadia (cerca de 120 quilómetros de Calcutá), os manifestantes levaram o corpo do deputado assassinado do hospital até à sua aldeia de origem. O TMC e BJP disputaram cargos políticos em Nadia, situada na fronteira com o Bangladesh, durante as eleições locais no ano passado, resultando em dezenas de mortes durante a campanha eleitoral.

No poder desde 2014, o primeiro-ministro Narendra Modi deve anunciar a convocação de eleições legislativas nacionais para, provavelmente, Abril. Em Bengala Ocidental, os assassínios políticos têm sido comuns nas últimas campanhas eleitorais.

Assassínios políticos são generalizados em todo o país. As estatísticas oficiais contaram mais de 100 em 2016, um número muito inferior à realidade, segundo alguns analistas políticos.

Kerala (sul), Uttar Pradesh (norte) e Bihar (nordeste) são os estados mais afectados por esse fenómeno, segundo as estatísticas do Governo.

11 Fev 2019

AL | Jornalistas querem ser informados de reuniões da Comissão de Regimento e Mandatos

[dropcap]A[/dropcap] direcção da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) enviou uma carta ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, em que solicita que a existência de reuniões da Comissão de Regimento e Mandatos “seja dada a conhecer aos jornalistas, nos mesmos termos dos encontros respeitantes a outras comissões da AL”.

A missiva, divulgada ontem, surge depois de ter havido reuniões da Comissão de Regimento e Mandatos, cuja realização não foi comunicada à imprensa. “Esse passo seria importante para que os jornalistas possam, à luz dos princípios da transparência, interesse público e direito à informação, desempenhar da melhor forma o seu trabalho”, acrescenta a carta.

11 Fev 2019

Táxis | Entre 500 e 600 patacas por corrida

[dropcap]U[/dropcap]ma reportagem do canal chinês da TDM mostrou vários turistas a queixarem-se do comportamento dos taxistas. De acordo com os depoimentos ouvidos, o preço por uma viagem entre um casino no Cotai e as Ruínas de São Paulo ficava entre as 500 e 600 patacas.

A Assembleia Legislativa está neste momento a discutir a alteração à lei dos táxis. Uma das mudanças passa pela captação de imagens e sons dentro dos veículos, para evitar este tipo de casos. Também haverá uma aplicação de multas mais pesadas.

11 Fev 2019

Tóquio 2020 | Sugerido que atletas portugueses estagiem em Macau

Alexis Tam encontrou-se com o ministro da Educação português, em Lisboa. Além do desenvolvimento da iniciativa que junta escolas portuguesas e de Macau em projectos de intercâmbio, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura propôs a Tiago Brandão que os atletas nacionais estagiassem em Macau antes da sua participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020

 

[dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau sugeriu ao ministro da Educação português que os atletas lusos estagiem no território antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020.

Alexis Tam esteve reunido na sexta-feira com Tiago Brandão, em Lisboa, e afirmou que “a presença portuguesa nos Jogos Olímpicos de Tóquio pode beneficiar das instalações desportivas de qualidade para um período de adaptação importante em Macau devido ao fuso horário”, de acordo com um comunicado das autoridades do território.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura acrescentou ainda que os dois governantes “concordaram que o Ministério da Educação poderia ajudar a fazer a ponte entre os comités olímpico e paraolímpico portugueses e da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM)”.

Em relação à ciência e tecnologia, de acordo com a mesma nota, Portugal e Macau reiteraram para a “necessidade de promoção de projectos de investigação conjunta em áreas específicas de interesse mútuo”.

No papel

Na sexta-feira, ao abrigo de protocolos de geminação assinados, em Lisboa, ficou estipulado que dez escolas de Portugal e Macau, onde se ensina português e mandarim, vão passar a realizar projectos conjuntos, intercâmbios e partilha de experiências entre alunos e docentes.

A iniciativa envolve cinco duplas de escolas – uma de Portugal e outra de Macau -, incluindo, da parte portuguesa, escolas de Almada, Marinha Grande, Loulé, Coimbra e Braga.

A assinatura dos acordos, em que participaram representantes de todas as escolas, foi presidida por Alexis Tam, e pela secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão.

O protocolo pretende que as escolas possam estabelecer entre si “atividades de cooperação” baseadas na partilha entre alunos, docentes e órgãos de gestão “através de contactos regulares” que permitam “aumentar a compreensão e a amizade mútuas”.

O documento estipula como prioritários os domínios das Artes, Humanidades, Ciência, Tecnologia e Desporto, nos projectos e actividades de cooperação, bem como a utilização do português, mandarim e inglês.

Os protocolos de geminação foram assinados entre as escolas no âmbito do Acordo de Cooperação na área da Educação e Cultura rubricado entre Portugal e Macau e elevam para sete o número total de acordos desta natureza.

11 Fev 2019

Portugal quer aumentar parcerias com a China, diz Secretário de Estado

O alargamento das relações entre os dois países, para além das parcerias nos sectores financeiro, energético e segurador, é uma das ambições nacionais assumidas pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias

 

[dropcap]P[/dropcap]ortugal pretende alargar a cooperação com a China “além dos sectores já explorados e também para outros territórios”, salientou sexta-feira em Lisboa o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

“Portugal tem a ambição de alargar esta cooperação para outros sectores e outros territórios”, disse o governante português, acrescentando que “as relações (entre Portugal e a China) não se esgotam no mercado financeiro, energético e segurador. Começam a estar nos serviços, indústria e mobilidade eléctrica”.
O secretário de Estado considerou ser importante proporcionar um “investimento de tração”, com o envolvimento das pequenas e médias empresas.

Eurico Brilhante Dias, que falava na conferência “Quarenta Anos de Relações Diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China”, na Fundação Oriente, em Lisboa, disse ainda que é preciso, dentro do quadro dos acordos e parcerias, um “reforço no âmbito fitossanitário” e ainda “na exploração em conjunto de ligações por mar e aéreas”.

“É preciso um reforço nos instrumentos de operacionalização”, dos tratados e parcerias entre os dois países, referiu.

A parceria económica e empresarial entre Portugal e China, com os acordos assinados – nomeadamente a Parceria Estratégica Global Portugal-China, assinada em 2005 – “tem tido uma importância no desenvolvimento da internacionalização da economia portuguesa”, acrescentou.

Eurico Brilhante Dias também destacou a cooperação luso-chinesa “em relação aos países de língua portuguesa”, que considerou ter um potencial de aprofundamento nas relações económicas, comerciais, culturais e de criação de conhecimento.

Datas redondas

Há quarenta anos, a 8 de Fevereiro de 1979, Portugal e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas oficiais.

Ao longo de 2019, para além dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China, assinalam-se também os 70 anos da proclamação da República Popular da China e os 20 anos do retorno de Macau à China.

As comemorações em Portugal destas datas só “fortalecem e aprofundam” as relações sino-portuguesas, de acordo com o secretário de Estado.

A China “avançou” com investimentos em Portugal quando o país passava por uma grave crise económica em 2008, com restrições nos mercados financeiras e com a intervenção da ‘troika’.

“Quando vivemos uma situação difícil, com a crise económica em 2008, com restrições no mercado financeiro e com o acordo realizado com a ‘troika’, foi o investimento chinês que avançou” na economia portuguesa, recordou Eurico Brilhante Dias, sublinhando a importância desta acção na economia portuguesa.

“Temos uma relação de confiança mútua”, disse Brilhante Dias, referindo que Portugal tem tentado “aproveitar esta boa relação”.

Segundo o secretário de Estado, a boa relação entre os dois países pode ser demonstrada por dois momentos importantes, nomeadamente o apoio da China para a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU e de António Vitorino para responsável da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

“Foi um momento muito importante, um momento de confiança” por parte dos responsáveis chineses em Portugal, referiu Brilhante Dias.

“A China é um parceiro único, um país amigo e estratégico, sem prejuízo ao enquadramento de Portugal no âmbito da União Europeia e da NATO”, disse o secretário de Estado.

Bons parceiros

Segundo o responsável português, “a rede diplomática portuguesa estende-se a Pequim, Macau, Xangai e Cantão e ainda há três centros da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] em território chinês. Em 2019, um quarto centro da AICEP será aberto, em Cantão”.

Brilhante Dias destacou o carácter único e distintivo que Macau trouxe para as relações sino-portuguesas.
Igualmente presente na conferência, o embaixador da China em Portugal, Cai Run, destacou “a confiança mútua” e um relacionamento saudável com Portugal.

Com a assinatura do acordo de Parceria Estratégica Global, em 2005, as relações entre os dois países, segundo o embaixador, entraram “numa via expressa”.

Cai Run destacou o aprofundamento das relações económicas e comerciais com Portugal, com uma “cooperação pragmática” que deve ser aprofundada neste sector e noutros, como o ensino de línguas, cultura, entre outras áreas.

“Actualmente, há 30 universidades chinesas que ensinam português e 21 centros portugueses que ensinam chinês”, sublinhou o embaixador.

O diplomata recordou ainda que em Dezembro de 2018, durante a visita do Presidente chinês Xi Jinping a Portugal, os dois países assinaram 17 acordos, nomeadamente um memorando de entendimento sobre a cooperação no quadro da chamada “Rota da Seda”.

Lançada em 2013, por Xi Jinping, o projecto de infra-estruturas internacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’ ou ‘nova rota da seda’, inclui a construção de portos, aeroportos, auto-estradas, centrais elétricas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste asiático.

A iniciativa é vista como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, e que permitiram a Washington criar a fundação de alianças diplomáticas e militares que perduram até hoje.

11 Fev 2019

Cristãos chineses assumem clandestinamente a fé

Segundo a organização Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, apesar dos recentes sinais de aproximação entre o Vaticano e as autoridades chinesas, a repressão sobre as actividades cristãs continua sem dar sinais de abrandamento

 

[dropcap]A[/dropcap] Fundação AIS alertou sexta-feira que a repressão das autoridades na China está a levar os cristãos a assumir de forma clandestina a sua fé, apesar do acordo provisório assinado entre a Santa Sé e Pequim.

Em comunicado de imprensa, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) indica que, apesar do acordo provisório para a nomeação dos bispos católicos para a República Popular da China, são vários os sinais de que as autoridades “não têm abrandado em algumas províncias a repressão contra a comunidade cristã”.
A Fundação AIS, cita o portal da Internet Bitter Winter que publicou inúmeros casos concretos de repressão por parte das autoridades contra comunidades cristãs.

Este portal, que monitoriza as questões relacionadas com a liberdade religiosa na China, mencionou o caso na cidade de Tieling, na província de Liaoning, onde os cristãos estão “a viver a sua fé de forma cada vez mais clandestina”, face ao encerramento de locais de culto.

Também a agência católica de notícias, Asia News, verificou esta situação referindo que vários sacerdotes desistiram mesmo da sua missão “por uma questão de consciência”.

A Fundação AIS alertou igualmente para a onda de repressão das autoridades contra a comunidade cristã dando como exemplo o caso na província de Henan, onde várias igrejas foram encerradas e transformadas em teatros, salas de jogos e outros locais de entretenimento.

Entre as igrejas ocupadas pelas autoridades estão, entre outras, as de Caowu, Nanyang e Youzhai.
Nestas três localidades, “as igrejas deixaram de ser locais de culto para se transformarem, por vezes, em locais de propaganda comunista”, explicou a Fundação AIS.

De acordo com o Bitter Winter, a igreja localizada na vila de Caowu ostenta há cerca de dois meses um cartaz em que enaltece os “valores fundamentais socialistas” e onde se lia “Igreja Cristã” encontra-se agora a frase “grande amor à China”.

Questão sensível

Em entrevista publicada no L’Osservatore Romano e citada pela Fundação AIS, o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Fernando Filoni, reconheceu que existe uma situação delicada e complexa no relacionamento entre a comunidade cristã clandestina, fiel ao papa Francisco e ao Vaticano, e os responsáveis chineses que tutelam a intitulada igreja patriótica que responde perante Pequim.

“Não podem ser ignorados os anos de conflitos e de incompreensão”, realçou Filoni ao jornal do Vaticano.
“Acima de tudo, é necessário reconstruir a confiança, talvez o aspecto mais difícil, pelas autoridades civis e religiosas encarregadas dos assuntos religiosos e entre as chamadas correntes eclesiais, oficiais e não oficiais”, acrescentou.

Sobre o futuro do cristianismo na China, o cardeal Fernando Filoni mostrou-se confiante afirmando acreditar que “somente a falta da verdadeira liberdade e as tentações de bem-estar podem sufocar uma boa parte das sementes lançadas já há muitos séculos atrás”.

11 Fev 2019

Escolas portuguesas e macaenses geminam-se para reforçar troca de experiências

[dropcap]D[/dropcap]ez escolas de Portugal e Macau, onde se ensina português e mandarim, vão passar a realizar projectos conjuntos, intercâmbios e partilha de experiências entre alunos e docentes ao abrigo de protocolos de geminação assinados na passada sexta-feira, em Lisboa.

A assinatura dos acordos, em que participaram representantes de todas as escolas, foi presidida pelo secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e pela secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão.

A iniciativa envolve cinco duplas de escolas – uma de Portugal e outra de Macau -, incluindo, da parte portuguesa, escolas de Almada, Marinha Grande, Loulé, Coimbra e Braga.

O protocolo pretende que as escolas possam estabelecer entre si “actividades de cooperação” baseadas na partilha entre alunos, docentes e órgãos de gestão “através de contactos regulares” que permitam “aumentar a compreensão e a amizade mútuas”.

O documento estipula como prioritários os domínios das Artes, Humanidades, Ciência, Tecnologia e Desporto, nos projectos e actividades de cooperação, bem como a utilização do português, mandarim e inglês.

“A assinatura dos protocolos, que hoje testemunhamos, pode servir como uma importante plataforma para a promoção de mais intercâmbio educativo entre as escolas”, disse Alexis Tam na sua intervenção na cerimónia.

Vistas largas

O governante apontou igualmente “as oportunidades únicas de intercâmbio” que a geminação oferece aos estudantes, sublinhando o contributo para o “alargar da visão dos alunos durante as visitas e actividades de cooperação, enriquecendo as suas experiências de estudo”.

“O facto desta geminação ocorrer entre escolas de Portugal, onde é ensinado o mandarim, com escolas de Macau, onde é ensinado o português, torna ainda mais aliciante todo este projecto”, acrescentou.
Por seu lado, a governante portuguesa reafirmou o apoio do Ministério da Educação “às actividades que promovam o desejável intercâmbio” entre escolas, docentes e alunos “ancorados em protocolos já celebrados ou a celebrar”.

Para Alexandra Leitão, estes acordos revelam-se da “maior relevância e significado” porque se traduzem em “intercâmbios cultural e de língua”.

A responsável sugeriu, por outro lado, o aproveitamento das novas tecnologias para fomentar ainda mais esta partilha e permitir “que os 11 mil quilómetros [de distância entre Portugal e Macau] sejam encurtados para um mero ‘click'”.

Os protocolos de geminação foram assinados entre as escolas no âmbito do Acordo de Cooperação na área da Educação e Cultura rubricado entre Portugal e Macau e elevam para sete o número total de acordos desta natureza.

11 Fev 2019

Marcas portuguesas levam a feira de Milão nova tendência de calçado ‘vegan’

[dropcap]A[/dropcap] produção de calçado ‘vegan’ é uma das novas tendências em que algumas marcas portuguesas de calçado presentes na maior feira internacional do sector, em Milão, Itália, começaram a apostar, aproveitando um nicho de mercado em crescente expansão.

“Ser diferente num mercado cada vez mais global pode ser a chave do sucesso para muitas empresas”, nota a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes e Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), sustentando que, “em alguns casos para empresas que acabam de nascer, noutros casos para empresas que procuram distinguir-se num cenário de cada vez maior competitividade, os nichos de mercado começam a ser cada vez mais procurados na hora de lançar um negócio”.

E se a produção de calçado em Portugal é, maioritariamente, em couro, a associação diz haver “um número crescente de empresas interessadas em diversificar o tipo de produtos que comercializam”, surgindo o veganismo e a sustentabilidade ambiental como duas tendências de eleição.

A Rutz – Walk in Cork nasceu em 2012 pela mão de um jovem casal lisboeta que quis apostar num produto “tradicionalmente português”, feito à base de cortiça, explicou à Lusa a sócia Raquel Castro no primeiro dia da feira de calçado Micam, que decorre até quarta-feira e onde Portugal é a segunda maior delegação estrangeira, com cerca de 90 empresas de calçado.

Com o início da internacionalização e seguindo “as tendências da moda” e de crescente preocupação ambiental, a Rutz decidiu “abrir espaço para combinar a cortiça com outros materiais”, desde o algodão orgânico às solas de borracha naturais feitas com cereais ou pneus reciclados e às denominadas peles ‘vegan’, fabricadas com tecidos alternativos à pele animal.

“Ligamos o eco da cortiça ao ‘vegan’ e hoje 95% dos modelos da nossa coleção não têm pele nem quaisquer produtos derivados de animais”, afirmou Raquel Castro, que diz sentir “muita procura” por este tipo de produtos, que “provavelmente nunca vão deixar de ser um nicho de mercado”, mas têm cada vez mais adeptos.

Com um preço médio em torno dos 120 euros, os modelos da Rutz são fabricados integralmente em Portugal, em fábricas no Norte do país, e a empresa propõe-se triplicar a atual faturação de 500 mil euros nos próximos cinco anos, impulsionada pela aposta nas vendas ‘online’.

Actualmente cerca de 20 a 30% do volume de negócios é obtido em Portugal, nas duas lojas próprias da empresa em Lisboa e numa loja multimarca no Porto, mas cuja clientela são sobretudo turistas. Os EUA correspondem a outros 20 a 30% das vendas, surgindo depois países como a Alemanha e, embora ainda no início, o Japão.

‘Vegan’ há 20 anos, Catarina Pedroso, formada em Belas Artes, está a estrear-se nesta edição da Micam com a sua marca própria de calçado ‘vegan’ Balluta, que lançou há nove meses em parceria com o marido e que está certificada pela organização defensora dos direitos dos animais PETA (‘People for the Ethical Treatment of Animals’ ou Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, em português).

“Há três anos e meio começámos a pensar em lançar uma marca de calçado. Na altura não sabia nada sobre qual seria a identidade da marca, só sabia que ia ser ‘vegan’, porque não havia oferta nesta área para a mulher que gosta de moda urbana e que se preocupa com a sustentabilidade do planeta”, disse à Lusa.

Seleccionada para participar na Micam num concurso internacional para ‘designers’ emergentes promovido por aquela feira, Catarina Pedroso fabrica os modelos que desenha em duas fábricas de São João da Madeira e vende exclusivamente ‘online’ para países como a Áustria, Alemanha, Holanda, EUA e Reino Unido.

Os preços dos sapatos Balluta variam entre os 230 e os 485 euros, sendo o objetivo atingir o milhão de euros de facturação num prazo de cinco anos.

“A Ásia é uma região que gostávamos de explorar”, disse à Lusa a responsável da marca, apontando ainda o Médio Oriente como um mercado “muito forte na vertente sustentável e ‘vegan’” e identificando também potencial de crescimento nos EUA, Norte da Europa, Tóquio e Hong Kong.

Já implantada no mercado está a Lemon Jelly, uma marca de calçado injectado detida pela empresa Procalçado, de Vila Nova de Gaia, e cujas coleções vão, a partir do inverno de 2019, “ser oficialmente 100% ‘vegan’, também com o selo da PETA.

Em declarações à Lusa, o responsável da marca, José Pinto, disse que “a grande tendência é falar sobre sustentabilidade”, o que levou também a Lemon Jelly a executar o programa ‘Wasteless’, no âmbito do qual está a produzir três modelos “feitos exclusivamente com desperdícios da produção”.

Conforme explicou, com este programa a marca produz cada par de sapatos com menos 90% de emissões de dióxido de carbono, zero desperdícios e 100% de plástico reciclado, apenas com recurso a energias renováveis.

11 Fev 2019

Deputado Sulu Sou defende revisão de lei dos docentes

[dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou quer saber se o Governo vai rever a lei que regula o quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não superior.

A questão foi enviada numa interpelação escrita, em que o deputado questiona se as receitas das escolas estão a ser canalizadas para os ordenados do pessoal docente, como definido por este diploma. A lei em causa estabelece que 70 por cento das receitas destas instituições de ensino tem de ser canalizada para o salário de directores, quadros médios e superiores de gestão da escola e os docentes.

Contudo, o deputado teme que os docentes estejam a ser prejudicados face aos directores e quadros médios.

11 Fev 2019

Portugal-China, 40 anos | As peripécias que levaram Ramalho Eanes a Pequim em 1985

O estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China, há 40 anos, e a preparação das negociações sobre o futuro de Macau estiveram envoltas em peripécias e obrigaram o então Presidente da República a deslocar-se a Pequim

 

[dropcap]E[/dropcap]m 8 de Fevereiro de 1979, o embaixador de Portugal em Paris, António Coimbra Martins, e o homólogo chinês, Han Kehua, assinaram na capital francesa o acordo sobre o estabelecimento das relações diplomáticas. O acordo diplomático previa também que Portugal reconhecia a soberania chinesa sobre Macau e que o futuro do território seria alvo de negociações entre os dois países num momento considerado oportuno.

O antigo chefe de Estado António Ramalho Eanes (1976-1986) recordou, em entrevista à Agência Lusa, o processo de aproximação entre os dois países.

“Houve algumas peripécias que demonstram bem quanto os chineses são prudentes (…). Depois de concluídas as negociações, depois de aprovado o texto final, que era do meu conhecimento, obviamente do conhecimento [do Ministério] dos Negócios Estrangeiros e do primeiro-ministro, Mota Pinto, na véspera da assinatura do tratado, o Governo, o professor Mota Pinto, propôs quatro alterações, o que naturalmente muito me surpreendeu e surpreenderia certamente os chineses e eu fiquei convencido que os chineses diriam pura e simplesmente, não”, contou.

Sem especificar que alterações eram, Eanes lembrou que os chineses disseram que sim a três e não a uma, mas depois “estranhamente, o Governo português resolveu dizer que não, nenhuma das alterações propostas deviam ser consideradas, mas tinham uma outra… e os chineses aceitaram tudo isto pacificamente”.

A negociação decorreu “de uma maneira que eu não esperava e acabámos por estabelecer o acordo que restabelecia as relações diplomáticas entre Portugal e a China”, recordou.

Passo em falso

Ramalho Eanes, 84 anos, o primeiro Presidente eleito em democracia, disse estar convencido de que os chineses “terão chegado à conclusão que aquilo eram pequenos pormenores que teriam mais a ver com a política interna do que propriamente com as relações entre Portugal e a China”.

Em 1983, o então vice-primeiro-ministro, Mota Pinto, deslocou-se à China e foi abordado no sentido de que Portugal considerasse a hipótese de se abrirem negociações para a devolução de Macau, tendo-se comprometido que respeitariam os interesses de Portugal em Macau. Segundo Ramalho Eanes, o vice-primeiro-ministro “concordou e aceitou” estes princípios. No entanto, disse Ramalho Eanes, no ano seguinte, em 1984, o primeiro-ministro, Mário Soares, foi ao Japão e declarou à agência noticiosa France Presse: “bom, Macau há de ser devolvido à China, mas a gente há de estabelecer a data lá para dois mil e tal”.

“De imediato, o embaixador da China pediu para ser recebido por mim e perguntou-me o que é que aquilo significava, se aquilo representava uma alteração significativa da posição assumida por Portugal, se Portugal não respeitava ou não respeitaria aquilo que estava acordado em conjunto e eu, que já tinha falado com o primeiro-ministro, disse-lhes que não estivessem preocupados porque aquilo era um erro de interpretação”, recordou.

Estas declarações de Soares não deixaram o chefe de Estado tranquilo e Ramalho Eanes foi à China em 1985, sabendo que seria “uma visita politicamente muito complicada”. Eanes pretendia transmitir às autoridades asiáticas que desde a “história das alterações sem significado no dia antes à assinatura oficial do acordo”, em 1979, até às afirmações de Mário Soares, em 1984, não se tinha modificado “em nada a posição portuguesa”.

“Portugal tinha assumido compromissos, Portugal era responsável, Portugal ia assumir os compromissos, foi esse objectivo de dizer à China que estivesse descansada, que Portugal era um país sério, enfim diplomaticamente sério”.

Conversa com Deng

O antigo Presidente da República contou que quando se encontrou com o líder chinês em Maio de 1985, em Pequim, lhe falou na importância de a sociedade civil justificar que a população se pronunciasse em eleições.
“Ele sorriu como quem diz ‘eu estou a perceber’ e disse-me: ‘sabe que nas pequenas comunidades e em várias áreas da China há eleições, o partido apresenta o seu candidato, mas os cidadãos podem apresentar outros candidatos”, contou Ramalho Eanes, que era Chefe de Estado quando os dois países estabeleceram relações diplomáticas.

O general Eanes referiu que no Ocidente não se conhece esta situação e que Deng lhe explicou que “o Presidente [norte-americano Jimmy] Carter mandou para [a China] observadores e ninguém referiu isso”. Por isso, “a China não é como nós julgamos, um regime totalitário ‘tout court’”, concluiu Ramalho Eanes.

11 Fev 2019

40 anos de relações diplomáticas | O 8 que juntou Portugal e China sob o signo da prosperidade…e da paciência

[dropcap]D[/dropcap]epois de quatro décadas de costas voltadas para a República Popular da China, Portugal estabeleceu relações diplomáticas com o regime comunista que Salazar nunca quis reconhecer num auspicioso dia 8 de Fevereiro de 1979. Na China, o 8 representa mais do que um algarismo: foneticamente, a pronúncia aproxima-se da palavra “prosperidade” e é considerado um dos números mais afortunados na numerologia chinesa.

E essa boa fortuna era certamente desejada por portugueses e chineses para ultrapassar as vicissitudes que marcaram a época em que se estabeleceram estes laços diplomáticos. Foi em Paris que, a 8 de Fevereiro de 1979, os embaixadores português, António Coimbra Martins, e chinês, Han Kenhua, assinaram o comunicado conjunto sobre o estabelecimento de relações diplomáticas e a “acta das conversações sobre a questão de Macau”.

António Coimbra Martins, que tinha sido nomeado embaixador de Portugal em Paris em 1974, evocou o momento numa “sinopse parisiense” de Fevereiro de 2010, integrada numa publicação do Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros que assinalou os trinta anos de relações diplomáticas entre os dois países e os dez anos sobre a transferência da administração de Macau para a China.

É o diplomata chinês que primeiro aborda o português, em janeiro de 1978, propondo que os dois “fossem habilitados a convir nos termos do protocolo oficial que precederia e determinaria a troca de embaixadores, sendo aplanadas as divergências que pudessem surgir.” Lisboa responde positivamente, mas, entretanto, cai o primeiro governo constitucional.

Em junho de 1978, o Conselho de Ministros define Macau como território chinês sob administração portuguesa e a 10 de Junho Han Kenhua aparece, pela primeira vez, na receção organizada pela embaixada de Portugal para assinalar a festa nacional.

Só então “começam as negociações”, conta António Coimbra Martins, destacando que Macau era “uma questão prévia”. Segundo o embaixador, este “problema legado pela História (…) deveria ter uma solução apropriada” que passaria por um acordo entre ambas as partes quanto ao princípio da retrocessão ao estabelecerem-se as relações diplomáticas.

“Com estes princípios elaborou-se um apontamento que, em redação definitiva, devia ser assinado pelos dois negociadores… documento que veio a ser denominado “acta secreta”, ou acta das conversações havidas em Paris”, relata o antigo diplomata.

Os protocolos iam avançando a ritmo lento, dificultados pela política interna (Portugal teve quatro governos entre 23 de Julho de 1976 e 7 de Julho de 1979) e outros obstáculos, como a fuga do texto secreto “que estava a ser examinado” para um jornal e outros mal entendidos que nem sempre caíam bem junto dos chineses.

Num destes episódios, Han Kenhua tossiu. “Aliás, ele tossia muito. Várias vezes suspeitei de que houvesse doença no caso”, descreve o embaixador português, que não deixa de atribuir ao seu homólogo um grande “empenho nesta causa”, elogiando Kenhua pelo “seu caráter determinado e paciente”, a sua “cordialidade” e “a sua simpática sensibilidade ao ponto de vista português” que, no entender de Coimbra Martins, contribuíram decisivamente para o êxito das negociações.

“Apesar das sombras” que iam surgindo entre o Palácio das Necessidades e a embaixada da China em Paris, António Coimbra Martins conseguiu finalmente fixar uma data para a assinatura dos protocolos elaborados. Seria a 9 de Janeiro de 1979.

Ultimavam-se os detalhes – a sala, a mesa, a decoração, as bandeiras, o fotógrafo, tudo foi pensado ao pormenor – quando, na véspera, o motorista da embaixada de Portugal chega com “um recado da maior urgência”.

Abria-se um incidente que levou a novo adiamento: “A parte portuguesa pedia um certo número de alterações aos textos. Pequim concedeu algumas. Mas depois, reviravolta: renunciávamos às que tinham obtido concordância, para requerer outras, em diversos pontos dos articulados”.

Pequim “estranha” as reservas portuguesas e “passa ao ceticismo”, o que faz com que Coimbra Martins receie um novo impasse. Para o superar, faz então deslocar-se a Paris o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros (Freitas Cruz), que dá a garantia de que o primeiro-ministro de Portugal (Mota Pinto) “era então o mais pró-chinês que tínhamos tido”.

Os enunciados dos protocolos voltam ao texto inicial e a tão desejada assinatura acontece finalmente a 8 de Fevereiro de 1979. Ficam as memórias de Coimbra Martins: “No teor do comunicado publicado em Portugal, figurava o nome do embaixador Han Kehua, mas não o meu. A acta, que se dizia dever ser secreta, fora publicada mais ou menos. Tornara-se a ‘acta de Polichinelo’. Em compensação transferia-se o secretismo para o nome de um dos signatários”.

O embaixador viu os seus serviços dispensados poucos meses depois, mantendo-se no cargo apenas até Julho daquele ano.

10 Fev 2019

Mais de 45 voos cancelados devido a greve de pilotos em companhia de Taiwan

[dropcap]M[/dropcap]ais de 45 voos foram cancelados na sequência do terceiro dia consecutivo de greve dos pilotos da China Airlines, operadora com bandeira de Taiwan. Até ao momento não existe qualquer acordo entre o sindicato dos pilotos e a operadora.

A greve que acontece no período de comemorações do Ano Novo Chinês, já fez com que 47 voos fossem cancelados, de acordo com fontes oficiais. Os pilotos exigem um sistema de promoção mais transparente, bónus de final de ano, um piloto adicional quando os voos têm a duração de mais de oito horas, entre outras.

Cerca de 70% dos 1.300 pilotos da empresa pertencem ao sindicato, que acusa a administração de falta de sinceridade e de pagar salários mais baixos comparativamente com outras companhias.

10 Fev 2019

Maioria dos países que reconheceu a China abandonou Taiwan

[dropcap]O[/dropcap] professor de ciência política da Universidade Nacional de Taiwan, Syshyan Chen, diz que a ilha de Taiwan foi abandonada pela maioria dos países que reconheceu a República Popular da China, país com o qual Portugal estabeleceu relações diplomáticas há 40 anos, em 8 de Fevereiro de 1979.

“A maioria dos países do mundo estabeleceu relações diplomáticas com a China e abandonou Taiwan, (…) pelas realidades económicas e políticas, e submeteu-se à política única da China, que é a pré-condição para receber ganhos económicos” de Pequim, afirmou Syshyan Chen, docente especializado em Pensamento Político Ocidental e em Filosofia Política.

Por outro lado, defendeu que Portugal, como membro da União Europeia (UE), devia reconhecer o estatuto da Ilha Formosa, território para o qual os nacionalistas do Kuomintang se refugiaram durante a guerra civil chinesa, depois de terem sido derrotados pelo Partido Comunista Chinês em 1949.

No momento em que os portugueses assinalam 40 anos de relações diplomáticas com a República Popular da China, Syshyan Chen considera que este é um dos desafios que se colocam a Portugal perante Taiwan, “uma democracia que preza a liberdade e os Direitos Humanos”, e um território a que os “antepassados [portugueses] chamaram com alegria de Ilha Formosa há mais de 400 anos, quando a avistaram pela primeira vez”.

O professor recorda que Portugal é membro da União Europeia e questiona-se sobre “como vai responder ao anúncio da UE para se apoiar Taiwan junto da comunidade internacional”.

O especialista refere-se à resolução do Parlamento Europeu de 12 de Setembro de 2018, na qual se instam os Estados membros a “envidarem todos os esforços para exortar a República Popular da China a abster-se de mais provocações militares” e na qual se “reitera o firme apoio à participação significativa de Taiwan em organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde e a Organização da Aviação Civil Internacional”, já que “a exclusão permanente” daquele território “não se coaduna com os interesses” europeus.

Num momento de crescente pressão chinesa sobre a ilha que Pequim reclama, reforçada desde a ascensão do Presidente Xi Jinping, o especialista traça os dois cenários que devem merecer reflexão das autoridades portuguesas: por um lado, os “actos incivilizados e brutais no âmbito nacional e internacional”, com a China a ser “condenada pela sociedade internacional em várias ocasiões” e, por outro, Taiwan, uma “democracia que preza a liberdade e os Direitos Humanos”.

A República Popular da China foi proclamada em 1949, mas Portugal precisou de um interregno de 30 anos para reconhecer e estabelecer relações diplomáticas com o país comunista, o que só veio a acontecer depois do 25 de Abril, em 8 de Fevereiro de 1979.

10 Fev 2019

Propaganda de Pequim alastra-se além-fronteiras face à crise na imprensa livre

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]D[/dropcap]urante meio ano, o jornalista brasileiro Thiago Copetti viveu num condomínio de luxo, em Pequim, e viajou pela China, cortesia do Partido Comunista (PCC), que está a investir milhões para alterar narrativas sobre o país.

“Eles precisam que alguém fale por eles, e somos nós, que estamos aqui, a fazê-lo”, explica à agência Lusa o repórter do Jornal do Comércio, com sede no Estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

Outros sessenta jornalistas, oriundos da América Latina, Ásia e África, participaram, em 2018, no mesmo programa, organizado pela agência noticiosa chinesa Xinhua, cujo presidente, Cai Mingzhao, é membro do Comité Central do PCC.

Também os jornais oficiais Diário do Povo e China Daily ou a Rádio Internacional da China (CRI, na sigla em inglês), têm promovido visitas do género, que, nos últimos anos, trouxeram ao país asiático milhares de jornalistas estrangeiros.

Trata-se de parte de uma estratégia mais ampla, cujo presidente da CRI, Wang Gengnian, compara a “sair para o oceano com um barco emprestado”.

Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, tem investido milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.

A Xinhua ou a televisão estatal CGTN contam já com centenas de delegações além-fronteiras e têm agressivamente procurado parcerias no exterior, visando publicar conteúdo aprovado pela Propaganda do PCC, sob o selo de órgãos de comunicação independentes.

“A China está a tentar transformar o ambiente da informação global com injecções maciças de dinheiro: financiar publicações, coberturas jornalísticas e mensagens positivas”, descreve Louisa Lim, pesquisadora e professora na Universidade de Melbourne, à Lusa.

Esta investida foi oficialmente lançada em 2009, após protestos pró-independência do Tibete e em defesa dos Direitos Humanos terem acompanhado a passagem da Tocha Olímpica, em várias cidades do mundo, nas vésperas dos Jogos Olímpicos em Pequim.

Numa era em que a internet destruiu o modelo de negócio da imprensa tradicional, o regime chinês anunciou um investimento equivalente a 5,8 mil milhões de euros, visando reforçar a presença global dos seus órgãos de comunicação.

“Os grupos de comunicação estrangeiros dão as boas-vindas ao dinheiro chinês”, nota Lim, acrescentando que, “enquanto na China a imprensa é cada vez mais controlada, Pequim procura explorar as vulnerabilidades da imprensa livre além-fronteiras”.

Desde 2017, o China Daily gastou quase 16 milhões de dólares para publicar suplementos em jornais norte-americanos, segundo dados reportados ao abrigo da Lei de Registo de Agentes Estrangeiros, que exige que entidades que representam os interesses de outros países divulguem as suas finanças.

New York Times ou Wall Street Journal são alguns dos órgãos que publicam suplementos do China Daily, mas cujas versões electrónicas estão bloqueadas no país asiático. Em Portugal, a CRI assegura uma emissão diária através da Rádio Iris FM, sediada nos arredores de Lisboa.

Já em África, a mensagem chinesa chega também via filmes ou telenovelas, difundidos pela StarTimes, empresa de telecomunicações chinesa que apoiou dezenas de países africanos na transição de televisão analógica para digital, garantido o acesso das casas do continente a conteúdo audiovisual chinês.

Em Moçambique, o grupo estabeleceu a StarTimes Media, uma ‘joint-venture’ com a Focus 21, empresa controlada pela família do ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza.

Lily Meng, vice-diretora-geral do departamento de média do grupo, que faz a dobragem de conteúdos audiovisuais para português, inglês, francês, ou línguas regionais como suaíli ou iorubá, explica à Lusa que os objetivos da StarTimes passam por “divulgar a cultura chinesa” enquanto assegura um modelo de negócio sustentável.

Mas Dani Madrid-Morales, um pós-doutorado pela City University, de Hong Kong, que fez pesquisa sobre o grupo, considera que este “tem uma enorme componente ideológica”. “Os conteúdos seleccionados mostram uma China urbana, próspera, não controversa”, diz.

No programa em que Thiago Copetti participa, a selecção dos jornais e repórteres passa pela Xinhua e pela embaixada chinesa. “A Xinhua seleciona os veículos, o veículo escolhe o repórter, que depois tem que ser aprovado pela embaixada”, conta.

Copetti considera que os esforços chineses estão a produzir resultados. “Dentro da imprensa brasileira está a começar a tendência de se pegar na matéria das agências dos EUA ou Europa e fazer o contraponto com o que a Xinhua escreve”, nota. “Há pessoas da Xinhua que visitam os jornais para divulgar o trabalho da agência”, diz. “A Xinhua está a penetrar nos nossos jornais”.

10 Fev 2019

Países europeus são hoje mais prudentes em relação à China, diz Carlos Gaspar

O investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), Carlos Gaspar, considera que os países europeus estão a reavaliar a estratégia e investimentos chineses, adotando uma “posição mais prudente” do que no passado.

“Há uma reavaliação da estratégia chinesa”, por parte de Portugal e dos seus parceiros europeus, destacou o analista, em entrevista à agência Lusa por ocasião dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Pequim e Lisboa, que se celebrou a 8 de Fevereiro de 1979. Segundo o investigador, a União Europeia identificou “padrões” nos investimentos chineses que “mereceram resposta por parte das autoridades”.

Carlos Gaspar, antigo assessor de dois Presidentes portugueses para o Extremo Oriente, dá como exemplo o caso da Alemanha, que, no ano passado, impediu as empresas chinesas de tomarem conta da rede eléctrica nacional, para demonstrar que “está em curso uma posição mais prudente em relação à estratégia de investimentos chinesa do que existia no passado”.

O investigador sublinhou que “esta mudança radical” ainda não é claramente visível, mas existe e está a condicionar as relações entre a Europa e a China. “Portugal e os seus parceiros [europeus] vão ter de garantir um certo número de condições de segurança estratégicas, designadamente, autonomia nos domínios de tecnologia, que vão marcar uma separação em relação à República Popular da China”, como está a acontecer com o 5G, reforçou.

Outro sinal deste “reenquadramento das relações” é a Comissão Europeia ter decidido que devem ser criados mecanismos de avaliação dos investimentos externos em função da segurança nacional europeia e de cada país.

África é palco de competição

Salientando que Portugal, “como os outros países, tem de defender os seus interesses”, o especialista do IPRI notou que a China “é um competidor” em África e que Portugal deve procurar aliados. “Na África austral, Portugal tem relações especiais com Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, tem uma grande comunidade na África do Sul, tem de procurar aliados para sustentar as suas posições e tem de ter uma posição realista”, aconselhou.

Por outro lado, considerou que os países africanos “têm uma visão muito aguda do que é a sua soberania e a sua independência” e que estas são mais importantes do que o dinheiro.

Para o investigador, “a China está a projectar um modelo alternativo de organização da política internacional que é a negação da ordem liberal que Portugal e os seus aliados europeus defendem”, o que leva a uma nova perspetiva.

Se inicialmente havia um grande empenho em garantir a integração da China como um parceiro responsável na política internacional, agora o objetivo é garantir que o país respeita e se submete às regras internacionais, nomeadamente, em termos comerciais e económicos.

A partir da instalação do Presidente Xi Jinping no poder (2013), “há uma nova estratégia da China, é uma estratégia de uma grande potência reconhecida como tal e a única que pode pôr em causa a preponderância dos EUA”, referiu Carlos Gaspar, notando que a elite chinesa tem uma “enorme confiança” e instrumentos políticos, económicos e militares para projetar o seu poder e o seu modelo económico e social internacionalmente.

10 Fev 2019

Partido retira candidatura a primeira-ministra da irmã do rei da Tailândia

[dropcap]O[/dropcap] partido da oposição Raksa Chart anunciou ontem que a princesa Ubolratana, irmã mais velha do rei Vajiralongkorn da Tailândia, não será candidata a primeira-ministra nas eleições de 24 de Março. Esta decisão surge na sequência do rei Vajiralongkorn ter decretado na sexta-feira que nenhum membro da família real se deve envolver na política, invalidando a candidatura da sua irmã mais velha.

O decreto real, lido na televisão nacional, refere que a candidatura da princesa é “inapropriada” e “contra o sistema constitucional”. “O partido Raksa Chart submete-se à ordem real”, declarou o partido em comunicado.

O partido tinha anunciado na sexta-feira de manhã a princesa Ubolratana como candidata a primeira-ministra nas eleições, ameaçando a tradição de décadas da casa real de evitar o envolvimento político. Nenhum membro da família real foi candidato a chefe de governo desde o estabelecimento da monarquia constitucional em 1932. Desde então, a Tailândia foi palco de 19 tentativas de golpe de Estado, 12 das quais bem-sucedidas.

A princesa iria disputar o cargo com Prayut Chan-o-Cha, o actual primeiro-ministro e chefe da junta militar, escolhido pelo partido Phalang Pracharat, amplamente considerado como representante dos militares.

As eleições parlamentares de 24 de Março são as primeiras desde o golpe de Estado militar em 2014 liderado pelo actual chefe de governo. Na votação serão eleitos 500 membros do futuro parlamento da Tailândia, que por sua vez vão eleger o próximo primeiro-ministro.

10 Fev 2019

Mais de duas mil pessoas participaram na comemoração do Ano Novo chinês em Lisboa

[dropcap]M[/dropcap]ais de duas mil pessoas assistiram ontem, em Lisboa, ao desfile que está integrado nas festividades de comemoração do Ano Novo chinês e ainda visitaram uma feira tradicional chinesa. O Ano Novo chinês teve início no dia 5 de Fevereiro.

“É a primeira vez que venho ao desfile. Sei que há todos os anos e estou a gostar muito, mesmo porque sou natural de Macau”, disse Manuela Machado, sublinhando que estes eventos são importantes para os portugueses conhecerem a cultura chinesa, que “é muito interessante”.

Para Manuela Machado, que está em Portugal há mais de 40 anos, “estas iniciativas ajudam também a matar a saudade da terra”. Já a portuguesa de origem chinesa Esperança Wang afirmou que este tipo de iniciativa “ajuda na integração dos chineses em Portugal” e também “aos portugueses a conhecerem um pouco mais da cultura chinesa”.

Tiago e Luís, dois rapazes de oito anos, que acompanhavam com os pais o desfile, estavam muito divertidos. “Estamos a gostar muito”, disse Tiago, acrescentando que “é muito diferente e colorido”. O desfile ocorreu na avenida Almirante Reis, que estava enfeitada com as tradicionais lâmpadas vermelhas chinesas.

Desfilaram pela avenida associações culturais e comerciais chinesas, escolas, entidades variadas e bandas, assim como houve demonstrações de artes marciais, danças, roupas tradicionais e músicas típicas de várias regiões da China. O tradicional dragão também não ficou de fora e foi uma presença marcante durante o desfile.

A feira tradicional chinesa, localizada na alameda D. Afonso Henriques, junto à fonte luminosa, é composta por expositores de associações, escolas de idiomas, turismo, artesanato, roupas e comidas de variadas regiões chineses. À noite, o programa incluiu um espectáculo tradicional chinês.

Além de Lisboa, Vila do Conde e Lagoa juntaram-se às celebrações do Ano Novo Chinês, de 5 a 7 de Fevereiro, que decorrem em 2019 sob os auspícios do Porco, com eventos e manifestações culturais chinesas, da ópera à gastronomia. Segundo a tradição chinesa, o Porco representa o final do ciclo de rotação dos doze signos do calendário lunar entrando-se, assim, num momento de reflexão e análise sobre o passado para projetar um novo ciclo.

O Ano Novo Chinês, ou Festa da Primavera, é a data mais importante para todos os chineses e ganha cada vez mais relevância “à medida que a influência da China se espalha pelo mundo e o intercâmbio cultural aumenta”, segundo a embaixada da China em Portugal, que organiza várias iniciativas em parceria com autarquias e outras entidades.

A festa já se tornou “uma marca cultural chinesa em território português”, onde as celebrações são uma das “mais elaboradas da Europa”, acrescenta a missão diplomática, adiantando que desde 2014 já se realizaram cinco grandes eventos em Portugal.

Outros eventos comemorativos estão a decorrer em Portugal. A deslocação da Companhia Nacional de Ópera de Pequim a Portugal é um dos momentos altos das celebrações, que acontecem no mesmo ano em que se assinala o 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal e 20º aniversário da transferência de poder em Macau.

Em 2018, as celebrações do Ano Novo Chinês no mundo, conhecidas como Feliz Ano Novo Chinês realizaram-se em mais de 140 países e 500 cidades. De acordo com o relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo de 2017 do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, os chineses já eram a quinta comunidade estrangeira residente em Portugal mais representativa com 23.197 pessoas (+3,1% do que em 2016), correspondentes a 5,5% do total de imigrantes.

Os chineses são também os principais beneficiários do regime especial de autorização de residência para atividade de investimento (mais conhecido como vistos ‘gold,’) com 4.013 vistos atribuídos desde o início do programa, em outubro de 2012, até novembro de 2018.

10 Fev 2019

Turquia considera “vergonha para a humanidade” tratamento dos Uigures muçulmanos pela China

[dropcap]A[/dropcap] Turquia qualificou ontem como “vergonha para a humanidade” o tratamento dado pela China aos Uigures, a minoria muçulmana turcófona que diversas ONG, ao contrário dos grandes países muçulmanos, consideram alvo de repressão.

“A política de assimilação sistemática das autoridades chinesas face aos turcos Uigures é uma vergonha para a humanidade”, declarou em comunicado Hami Aksoy, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia.

A região autónoma chinesa de Xinjiang, onde os Uigures constituem a principal etnia, tem registado violentas tensões interétnicas e atentados mortíferos, e está sujeita a elevada vigilância policial. Segundo acusações de especialistas e ONG, ate um milhão de muçulmanos estarão detidos em centros de reeducação política.

As acusações são desmentidas por Pequim, que se refere a “centros de formação profissional” contra a “radicalização” islamita. Pequim assegura que as medidas de segurança em Xinjiang são necessárias para combater o extremismo, mas não são dirigidas a qualquer grupo étnico em particular.

“Os Uigures que não estão detidos nos campos também estão sob forte pressão”, acrescentou Aksoy, apelando à comunidade internacional e ao secretário-geral da ONU para “pôr termo a uma tragédia humana que se desenrola em Xinjiang”.

Até ao momento, os principais países muçulmanos não se manifestaram sobre esta questão devido aos receios de comprometerem as suas relações com a China, um importante parceiro comercial.

Aksoy afirmou ter sido informado da morte sob detenção de Abdurehim Heyit, um poeta Uigur. “Este incidente trágico reforçou ainda mais a reação da opinião pública turca sobre as graves violações dos direitos humanos em Xinjiang”, segundo o comunicado.

10 Fev 2019

Terrenos | Governo ganha seis causas no TUI

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Última Instância (TUI) deu razão ao Governo quanto à declaração de caducidade de seis terrenos. A revelação foi feita pelo TUI, na passada sexta-feira, e todas as concessionárias contestaram a recuperação das parcelas de terra. Entre os terrenos, cuja concessão foi considerada caducada, dois ficam na Taipa, um na Estrada de Lou Lim Iok e outro no Pac On.

As terras estavam concessionadas à Empresa Fountain (Macau), e à Sinca – Sociedade de Indústrias Cerâmicas, respectivamente. Outro terreno que o Governo vai recuperar situa-se no NAPE e estava concessionado à Companhia de Investimento Imobiliário On Tai. Há também um terreno em Seac Pai Van, que estava concessionado à Companhia de Desenvolvimento e Fomento Predial Hua Quan, Limitada.

As últimas duas companhias envolvidas são a Companhia de Desenvolvimento e Fomento Predial Hua Quan e a Companhia de Investimento e Artesanato de Porcelana Novo Macau que estavam na posse de dois terrenos em Seac Pai Van e Ká-Hó, respectivamente. Em todos os casos, o despacho do Chefe do Executivo considera que a falta de aproveitamento se deveu às concessionárias.

10 Fev 2019