Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Macau anuncia datas para regresso às aulas [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau anunciou hoje as datas do regresso às aulas nas escolas de Macau para o ensino não superior, que estavam encerradas devido ao Covid-19 desde o início de Fevereiro. No dia 30 de Março os estudantes do 12.º podem, por iniciativa própria, regressar à escola para se prepararem para os exames de ingresso ao ensino superior, explicou o Governo de Macau, em conferência de imprensa. No dia 13 de Abril recomeçam as aulas do ensino secundário, os alunos do ensino básico começam do dia 20 de Abril, a 27 de Abril é a vez das crianças do ensino primário e por fim, no dia 4 de Maio, recomeça o ensino infantil e ensino especial. As escolas, incluindo infantários, devem reforçar as medidas de prevenção, como a desinfeção das salas, antes do reinício das aulas, e fazer a medição de temperatura, impor a utilização de máscaras e a lavagem das mãos. Ainda não há data prevista para o regresso às aulas no ensino superior. Em Janeiro passado, as autoridades anunciaram o adiamento do reinício das aulas nas escolas do ensino não superior e também nos estabelecimentos de ensino superior, na sequência da epidemia do novo coronavírus. Há 38 dias sem casos novos de infeção, Macau registou dez doentes, tendo todos já recebido alta hospitalar. Dos 2.189 casos suspeitos em Macau, 2.161 foram excluídos pelas autoridades, com 18 à espera de resultados de análises, não existindo neste momento pessoas em isolamento. Nas últimas 24 horas, foram efectuados 211 testes, sublinharam as autoridades de saúde, no dia em que se cumpre o 37.º dia sem novos casos no território. Actualmente, 273 pessoas estão sob quarentena na Pousada Marina Infante, sendo que 279 são trabalhadores não residentes e 27 residentes. No Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane estão 63 pessoas de quarentena, incluindo 57 residentes de Macau retirados, no sábado, da cidade chinesa de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus. Macau registou dez doentes, tendo todos já recebido alta hospitalar. As autoridades acrescentaram ainda que 85 pessoas que estiveram em áreas epidémicas como o Japão, Itália, China, Espanha, Coreia do Sul e Alemanha encontram-se em observação médica. Destes, 64 estão em isolamento nas suas residências e 21 encontram-se num hotel.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Países asiáticos protegem-se agora contra casos oriundos do exterior em inversão de papéis [dropcap]C[/dropcap]hina e outros países asiáticos lutam agora para impedir o ressurgir da epidemia do novo coronavírus, sujeitando a quarentena quem chega da Europa ou Estados Unidos, numa reviravolta desde que a doença surgiu na cidade chinesa de Wuhan. À medida que a epidemia se está a estabilizar em grande parte da Ásia, após ter afectado sobretudo a China e, em menor dimensão, a Coreia do Sul e o Japão, países em outras partes do mundo lidam agora com a rápida propagação da doença. Pequim, Seul, Tóquio ou Hanói reforçaram esta semana restrições idênticas às que foram impostas a viajantes oriundos da China nos primeiros dias da epidemia. O país asiático, que até há algumas semanas não possuía equipamento de protecção suficiente para os seus funcionários de saúde, está agora a fazer donativos e a oferecer assistência a Itália, Irão ou Coreia do Sul. A epidemia está longe de terminar na Ásia, e pode voltar a crescer, assim que forem levantadas as medidas de prevenção, mas o pânico que tomou conta da região alastrou-se agora ao Médio Oriente, Europa e continente americano. A China registou hoje oito novos casos de infecção pelo Covid-19, o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em janeiro, mas três dos casos foram importados de Itália, Estados Unidos e Reino Unido. O número caiu acentuadamente face há um mês, quando o número de novos casos ascendia aos milhares por dia. Nas últimas semanas, Pequim identificou quase 90 casos importados do exterior. O porta-voz da Comissão Nacional de Saúde, Mi Feng, disse quinta-feira que o pico da epidemia já passou na China, mas que “o rápido desenvolvimento da epidemia no exterior trouxe novas incertezas”. Há apenas uma semana, a Coreia do Sul reclamava da reacção global de banir a entrada de visitantes oriundos do país. O ministro sul-coreano dos Negócios Estrangeiros Kang Kyung-wha classificou as medidas como medievais. Agora, à medida que o número de novos casos diminui no país, a Coreia do Sul está a intensificar o controlo fronteiriço para impedir que o vírus seja reintroduzido por viajantes oriundos do exterior. A partir de domingo, o país estenderá medidas especiais de triagem para passageiros oriundos de França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Holanda, bem como para aqueles que estiveram no Dubai e em Moscovo, nas duas semanas anteriores. Além de serem sujeitos a verificação da temperatura e a preencherem questionários de saúde, têm de descarregar uma aplicação móvel para relatar o seu estado de saúde diariamente às autoridades. A triagem é aplicada a visitantes oriundos da China continental, Hong Kong, Macau, Japão, Itália e Irão. A Coreia do Sul também proíbe a entrada a pessoas vindas de Hubei, província chinesa de onde o epidemia é originária, e com o maior número de infeções e mortes. Para a maioria das pessoas, o novo coronavírus causa apenas sintomas leves ou moderados, como febre e tosse. Outros, sobretudo idosos e pessoas com problemas de saúde, desenvolvem doenças mais graves, como a pneumonia. A grande maioria das pessoas recupera do novo coronavírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde, pessoas com doenças leves recuperam em cerca de duas semanas, enquanto aqueles com doenças mais graves podem levar de três a seis semanas para recuperar. Pequim, que identificou 18 casos importados na semana passada, passou a impor um período de quarentena de 14 dias a quem chega do exterior. Anteriormente, apenas quem chegasse de países mais afetados teria de o fazer. Xangai, com oito casos importados confirmados até à data, disse na quinta-feira que pessoas vindas da Itália, França, Alemanha, Espanha, Irão, Coreia do Sul, Japão e EUA terão que cumprir 14 dias de quarentena. A polícia de Pequim diz que está a investigar uma família de oito pessoas que voltou de Itália, entre as quais quatro contraíram o vírus, mas que terão alegadamente tomado remédios para diminuir a febre e falsificaram os seus formulários de declaração de saúde. Trata-se de um de três casos que estão a ser investigados pelas autoridades chinesas. A China começou também a retirar os seus cidadãos do Irão, à semelhança do que vários países fizeram anteriormente com os respetivos cidadãos em Wuhan, capital da província de Hubei, que foi colocada sob quarentena, com entradas e saídas bloqueadas. A epidemia de Covid-19 foi detectada em Dezembro, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos, entre mais de 131 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Países asiáticos protegem-se agora contra casos oriundos do exterior em inversão de papéis [dropcap]C[/dropcap]hina e outros países asiáticos lutam agora para impedir o ressurgir da epidemia do novo coronavírus, sujeitando a quarentena quem chega da Europa ou Estados Unidos, numa reviravolta desde que a doença surgiu na cidade chinesa de Wuhan. À medida que a epidemia se está a estabilizar em grande parte da Ásia, após ter afectado sobretudo a China e, em menor dimensão, a Coreia do Sul e o Japão, países em outras partes do mundo lidam agora com a rápida propagação da doença. Pequim, Seul, Tóquio ou Hanói reforçaram esta semana restrições idênticas às que foram impostas a viajantes oriundos da China nos primeiros dias da epidemia. O país asiático, que até há algumas semanas não possuía equipamento de protecção suficiente para os seus funcionários de saúde, está agora a fazer donativos e a oferecer assistência a Itália, Irão ou Coreia do Sul. A epidemia está longe de terminar na Ásia, e pode voltar a crescer, assim que forem levantadas as medidas de prevenção, mas o pânico que tomou conta da região alastrou-se agora ao Médio Oriente, Europa e continente americano. A China registou hoje oito novos casos de infecção pelo Covid-19, o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em janeiro, mas três dos casos foram importados de Itália, Estados Unidos e Reino Unido. O número caiu acentuadamente face há um mês, quando o número de novos casos ascendia aos milhares por dia. Nas últimas semanas, Pequim identificou quase 90 casos importados do exterior. O porta-voz da Comissão Nacional de Saúde, Mi Feng, disse quinta-feira que o pico da epidemia já passou na China, mas que “o rápido desenvolvimento da epidemia no exterior trouxe novas incertezas”. Há apenas uma semana, a Coreia do Sul reclamava da reacção global de banir a entrada de visitantes oriundos do país. O ministro sul-coreano dos Negócios Estrangeiros Kang Kyung-wha classificou as medidas como medievais. Agora, à medida que o número de novos casos diminui no país, a Coreia do Sul está a intensificar o controlo fronteiriço para impedir que o vírus seja reintroduzido por viajantes oriundos do exterior. A partir de domingo, o país estenderá medidas especiais de triagem para passageiros oriundos de França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Holanda, bem como para aqueles que estiveram no Dubai e em Moscovo, nas duas semanas anteriores. Além de serem sujeitos a verificação da temperatura e a preencherem questionários de saúde, têm de descarregar uma aplicação móvel para relatar o seu estado de saúde diariamente às autoridades. A triagem é aplicada a visitantes oriundos da China continental, Hong Kong, Macau, Japão, Itália e Irão. A Coreia do Sul também proíbe a entrada a pessoas vindas de Hubei, província chinesa de onde o epidemia é originária, e com o maior número de infeções e mortes. Para a maioria das pessoas, o novo coronavírus causa apenas sintomas leves ou moderados, como febre e tosse. Outros, sobretudo idosos e pessoas com problemas de saúde, desenvolvem doenças mais graves, como a pneumonia. A grande maioria das pessoas recupera do novo coronavírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde, pessoas com doenças leves recuperam em cerca de duas semanas, enquanto aqueles com doenças mais graves podem levar de três a seis semanas para recuperar. Pequim, que identificou 18 casos importados na semana passada, passou a impor um período de quarentena de 14 dias a quem chega do exterior. Anteriormente, apenas quem chegasse de países mais afetados teria de o fazer. Xangai, com oito casos importados confirmados até à data, disse na quinta-feira que pessoas vindas da Itália, França, Alemanha, Espanha, Irão, Coreia do Sul, Japão e EUA terão que cumprir 14 dias de quarentena. A polícia de Pequim diz que está a investigar uma família de oito pessoas que voltou de Itália, entre as quais quatro contraíram o vírus, mas que terão alegadamente tomado remédios para diminuir a febre e falsificaram os seus formulários de declaração de saúde. Trata-se de um de três casos que estão a ser investigados pelas autoridades chinesas. A China começou também a retirar os seus cidadãos do Irão, à semelhança do que vários países fizeram anteriormente com os respetivos cidadãos em Wuhan, capital da província de Hubei, que foi colocada sob quarentena, com entradas e saídas bloqueadas. A epidemia de Covid-19 foi detectada em Dezembro, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos, entre mais de 131 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong regista quarta morte [dropcap]H[/dropcap]ong Kong registou hoje a morte de uma quarta pessoa, vítima do surto de Covid-19, noticiou a emissora pública RTHK, que cita a Autoridade Hospitalar da região administrativa especial chinesa. O homem de 80 anos morava no mesmo prédio que abriga um templo budista associado a um conjunto de mais de uma dúzia de casos de Covid-19. Das três mortes anteriores, duas terão sido infectadas localmente. Até o momento, Hong Kong registou mais de uma centena de casos, sendo que 75 dos pacientes já receberam alta hospitalar. O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia. O número de infectados ultrapassou as 131 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong regista quarta morte [dropcap]H[/dropcap]ong Kong registou hoje a morte de uma quarta pessoa, vítima do surto de Covid-19, noticiou a emissora pública RTHK, que cita a Autoridade Hospitalar da região administrativa especial chinesa. O homem de 80 anos morava no mesmo prédio que abriga um templo budista associado a um conjunto de mais de uma dúzia de casos de Covid-19. Das três mortes anteriores, duas terão sido infectadas localmente. Até o momento, Hong Kong registou mais de uma centena de casos, sendo que 75 dos pacientes já receberam alta hospitalar. O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia. O número de infectados ultrapassou as 131 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios.
Hoje Macau VozesPedro Baptista: Portuense ilustre, sinófilo por descobrir [dropcap]N[/dropcap]ascido a 20 de Abril de 1948 e falecido a 20 de Fevereiro de 2020, Pedro Baptista foi justamente lembrado pela sua autarquia como um grande portuense. Ao Porto devotava um amor tal que o parecia erigir utopicamente a uma espécie de cidade-estado ideal feita daquilo que os sonhos são feitos, mas também da concreta memória, depositária do seu passado liberal e dos seus escritores e pensadores, sintetizada em orgulho tripeiro, responsabilidade cívica e nacional, nas suas palavras evocativas da revolução liberal de 1820, cujas comemorações, em curso, comissariava. O seu percurso biográfico, desde a luta antifascista aos vários comprometimentos políticos e cívicos que foi cultivando, é descrito de forma escorreita e solta, aqui e ali intempestiva e sempre desabrida, nos seus dois volumes de memórias (Da Foz Velha ao Grito do Povo [2014] e Da Revolução Gorada aos Desafios do Presente [2015]), situadamente redigidos no exílio voluntário em Cantão e Macau, República Popular da China, onde por vários anos viveu. A sua inscrição social assegura-lhe lugar histórico já atestado, primeiro na formação de um maoismo português (veja-se a obra historiográfica de Miguel Cardina) e, posteriormente, na pugna regionalista a que dedicou grande parte das suas energias em democracia, sob vários formatos (veja-se a este respeito a biografia divulgada pela Câmara do Porto e o importante amigo do seu correligionário Francisco Assis no Público do passado 22 de fevereiro). No entanto, recordar a sua militância cívica não pode nem deve, sob pena de se cometer uma grande e angelista injustiça, subalternizar o autor Pedro Baptista, o homem de letras e o pensador. Não nos deteremos aqui nem nos romances nem nos ricos materiais pedagógicos que foi como docente liceal compondo, mas destacaremos o volume Ao Encontro do Halley [1987], que de alguma forma assinala a sua redescoberta enamorada da cultura portuguesa. Neste âmbito, homenageamos aqui o historiógrafo e intérprete do pensamento português contemporâneo, em especial da chamada “escola portuense” de Filosofia, da qual sempre validou a pluralidade, contra as leituras monolíticas, e a riqueza do seu labor de ensino e debate, livre e aberto, suscitado pela grande figura de Leonardo Coimbra. Este havia sido o fundador da primeira Faculdade de Letras do Porto, barbaramente extinta pela ditadura militar, a que Baptista dedicou o exaustivo estudo O Milagre da Quinta Amarela [2012], onde compulsa os contributos da plêiade de professores e alunos que no espaço de uma breve década enriqueceram a cultura portuguesa. Assim, a sua opção por autores menos atendidos, como Lúcio Pinheiro dos Santos [2010], cujo pensamento incorpora nítidas marcas indianas (como sublinha) e o grande helenizante Newton de Macedo, de quem também colige as obras completas [2014], que detidamente comenta [2010], vem reforçar o programa teórico de reapresentação da diversidade interna daquele projecto pedagógico. No caminho aberto por Leonardo, Pedro Baptista assumia-se-nos entusiasmado pelo futuro, movido na confiança de que o homem não é uma inutilidade num mundo feito, mas obreiro de um mundo a fazer. A expressão leonardina “Mundo a fazer” deu sugestivamente lema e título a uma das suas colectâneas de ensaios [2013]. Assim, insurgia-se contra as visões enclausurantemente paroquiais que dicotomizam castiços e estrangeirados, afirmando que só na abertura ao outro é que poderemos ser verdadeiramente quem somos: A história da cultura dos nossos dois últimos séculos parece-nos indicar a sina de que quando estamos na Europa e no mundo, tendemos para estar connosco, ao passo que, quando estamos sozinhos, nem connosco estamos. Tal como o seu patriotismo era plural, sublinhando a irredutibilidade dos contributos regionais para a construção da cultura nacional, também a sua visão da história da filosofia não era a de uma reconsagração do já instituído. Era a de uma recuperação do olvidado e do outro, preocupando-se sempre com os nexos, articulações e diálogos que o pensamento vai estabelecendo com a ciência e a acção ético-política no mundo, mas também com as expressões literárias, tão carecentes de uma crítica filosoficamente fundamentada. Neste sentido, o seu genuíno universalismo leva-o a intuir desde muito jovem que só por provincianismo cultural poderíamos estudar filosofia ignorando o contributo asiático, e nomeadamente chinês. Assim, vemo-lo muito jovem, em 1960-1970, na Faculdade de Letras do Porto a impor aos professores e colegas o tratamento de um tema à época inesperado e vanguardista: o taoísmo como tendência materialista na filosofia medieval chinesa: Sigamo-lo: A realidade de chineses pensantes foi adquirida com facilidade, mas teve de ser equacionada… a existência de uma filosofia chinesa foi o diabo… a professora punha as maiores dúvidas, depois oposições, depois confessou que foi apanhada de chofre e que nós devíamos ter avisado porque as coisas não podiam ser assim… avisado de quê? Da existência da China e de chineses? Da existência da cultura chinesa medieval? O debate prosseguiu pelos corredores, alargou-se e continuou na aula seguinte. Com propriedade, o Pacheco Pereira frisou que não podiam aceitar a existência da filosofia chinesa como não podiam aceitar a existência da árabe ou de qualquer outra porque o curso era não de filosofia, mas de filosofia europeia branca! – Talvez pensamento, mas não filosofia – atalhariam as boas almas… Mas quem é o Ocidente para definir a bitola do que é filosofia e do que não é filosofia na Humanidade? E mesmo que se aceitasse esse ponto de vista inaceitável, se considerássemos pensamento e não filosofia, o problema era precisamente o mesmo! Era a conceção colonial e imperialista subjacente ao aparelho ideológico, na versão portuguesa a que aquele curso pertencia, tal como a própria conceção de filosofia, de cultura e de civilização… Mal eu sabia que a Faculdade anterior, dissolvida pelo Salazar em 1927, com efeitos a 1931, para ser substituída por aquele pastiche ruminoso que eu frequentava, estudava e com atenção a filosofia oriental, não por ter uma conceção anticolonial, mas por ter uma conceção universal e aberta, com pretensão civilizada a ser ciência, ou pelo menos a ser saber… Como de resto em toda a Europa! Porque se soubesse, abrir-se-ia aí mais uma frente a introduzir fissuras nas barragens inimigas. Parece-nos poder interpretar a partir deste trecho, inserto na primeira parte das suas memórias [p. 289-290], como o maoismo foi nele uma primeira forma ainda incipiente, de sinofilia, uma abertura a uma sinologia por construir, rumo a um universalismo que teria necessariamente de incluir o contributo chinês. Não podemos deixar de sublinhar a justeza desta sua interrogação: como é que um país que tanto se orgulha retoricamente do seu pioneirismo na procura do Oriente nunca tenha criado, desenvolvido e consolidado uma forte tradição científica e cultural sinológica que tanto o enriqueceria e prepararia para o presente em que estamos e para o futuro a haver? A nossa sinofilia, poética e ideológica, tem de se desdobrar em científica sinologia. Leiamos assim a esta outra luz a evocação que a pretexto de Wenceslau de Moraes redige em 2009, onde se interroga desencantadamente sobre o que fomos histórico-culturalmente procurar ao oriente exótico: Algo estranho, exterior a nós? Ou uma parte de nós? Teremos tido capacidade para uma verdadeira abertura, para nos apresentarmos virgens, ou pelo menos desarmados, desalmados, da nossa ocidentalidade, disponíveis para vermos o Outro na sua realidade – seja lá isso o que for! Ou fomos para mais uma vez nos vermos a nós? [Mundo a fazer, p 29] Neste sentido, o próprio Ocidente, neste século XXI, para ser livre, teria de ser livre de ser ocidental, nesse sentido excludente e imperial que tão longamente se tem imposto. Esperemos que as suas reflexões ainda inéditas sobre a China, de que há vários anos nos falava, ainda que incompletas, possam chegar a ver a luz do dia. Encorajamos os seus próximos a deitarem mãos a esta tarefa. Talvez Pedro Baptista tenha, na sua estadia chinesa, retomado, de forma problematizadora, o taoismo provocatório da juventude. Sabemos que foi reler os sagazes textos de Marx sobre a Ásia, que foi até reler algum Mao, que andava fascinado pela complexa história da filosofia chinesa de que abundantemente se documentou. Acalentava ainda o projecto de estudo da Filosofia contemporânea portuguesa em Macau, tema sobre o qual redigiu uma germinal introdução em 2013 [Livros do Meio], onde chama a atenção para a lacuna que é a ausência de um levantamento sistemático do influxo sinológico que a ligação a Macau inscreveu na cultura literária e filosófica portuguesa.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Escolas fecham em Portugal até 13 de Abril. PM diz: “Esta é uma luta pela nossa sobrevivência” [dropcap]N[/dropcap]ão há o partido do vírus e do antivírus. Esta é uma luta pela nossa sobrevivência”, disse o primeiro-ministro na comunicação ao país em que anunciou o encerramento das instituições de ensino a partir da próxima segunda-feira. O primeiro-ministro confirmou o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino até à Páscoa, remetendo para essa altura uma avaliação de como será o terceiro período escolar, devendo tal acontecer no dia nove de Abril. António Costa relembrou que esta quarta-feira o Conselho Nacional de Saúde tinha determinado o não encerramento dos estabelecimentos de ensino, a não ser em caso de solicitação expressa das autoridades de saúde, e explicou que a suspensão decretada esta quinta-feira aconteceu depois do Centro Europeu para o Combate às Doenças ter emitido um parecer no sentido inverso, em que pede o encerramento. Sem consenso entre os dois lados, Costa assumiu como atitude prudente suspender todas as actividades lectivas, sublinhando que as decisões serão tomadas com base no conhecimento cientifico, sendo que o consenso técnico ainda não está consolidado em várias matérias sobre o novo coronavírus (Covid-19). Nos últimos dias e perante o anúncio dos primeiros casos confirmados, foram várias as instituições de ensino que encerraram portas ou suspenderam aulas. Além do encerramento dos estabelecimentos de ensino, o primeiro-ministro também decretou “o encerramento das discotecas e estabelecimentos similares”, a redução “a um terço da lotação dos estabelecimentos de restauração” e a limitação “da frequência de centros comerciais e serviços públicos”. As visitas a lares de idosos passam a estar restringidas em todo o país. Sobre os cruzeiros, estes continuarão a aportar para reabastecer, mas não será permitido o desembarque de passageiros – com exceção para os que sejam residentes em Portugal. Na comunicação feita esta quinta-feira à noite ao país, depois da reunião do Conselho de Ministros e da reunião com representantes de todos os partidos, António Costa agradeceu o contributo de todos, sublinhando ter sentido “de todos os partidos sem exceção o empenho de partilharmos em conjunto esta batalha”. “Não há o partido do vírus e do antivírus, esta é uma luta pela nossa própria sobrevivência”, disse. Salientando que actualmente “o mundo enfrenta uma situação excepcional e que coloca desafios imensos”, Costa apelou ao “sentido de comunidade, de partilha de vida em comum”, acrescentando que “cada um de nós tem como primeiro dever protegermo-nos uns aos outros”, pedindo um “esforço colectivo para combater” esta crise. Entre os esforços que são pedidos está o limitar “ao máximo o nível de circulação e de contacto social”. “Temos de assumir e partir do princípio que esta pandemia no continente europeu, e em Portugal, ainda não atingiu o seu pico, está em fase de evolução. É muito provável que nas próximas semanas mais doentes venham a ser contaminados, por ventura com mais consequências para a sua saúde, e que este surto possa ser mais duradouro do que estimámos inicialmente”, diz Costa. Reforçando mais uma vez a responsabilidade colectiva, Costa pediu que sejam levadas a sério as medidas de higiene, explicando que o encerramento das escolas não se deve ao facto de serem um local de contaminação, mas por serem local de elevado contacto social. Neste sentido, solicitou aos jovens que não vão ter aulas que limitem ao máximo as suas deslocações e convívio social. “Nenhum de nós sabe se é portador do vírus, por isso temos de ter uma enorme responsabilidade para enfrentarmos como comunidade esta ameaça nova que estamos a viver. Só juntos a conseguiremos enfrentar”, afirmou António Costa. O primeiro-ministro antecipou ainda que o Conselho de Ministros irá adoptar “um conjunto de medidas que serão desenvolvidas”, entre as quais reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde “para responder a esta situação de crise, o salvaguardar da situação de emprego e garantir o rendimento das famílias, em particular daquelas que, quer por motivo de doença própria ou por familiar ou encerramento do estabelecimento de ensino” estejam afectadas. Entre as medidas anunciadas, Costa salientou os apoios aos familiares que têm alguém de quarentena e explicou que as baixas médicas serão “extensíveis aos trabalhadores independentes, a recibos verdes”. Uma vez que a lei ainda não prevê nenhuma medida para situações como esta de os pais terem de ficar em casa com os filhos devido ao encerramento das atividades letivas, irá ser criado “um mecanismo especial que assegure remuneração parcial em conjunto com as entidades patronais de forma a minorar o impacto negativo no rendimento das famílias”. António Costa garantiu ainda medidas especiais para “profissionais de saúde, forças de segurança, de serviços de emergência, que, também tendo filhos, são indispensáveis ao funcionamento do Serviço Nacional de Saúde e socorro”. Horas antes, e numa conferência de imprensa curta e sem novidades, Graça Freitas, Directora Geral de Saúde, lembrou também outras medidas que implicam mudanças das rotinas, mas que podem ser muito úteis, da lavagem de mãos a medidas de “etiqueta respiratória” (cuidados quando se espirra, por exemplo), ou medidas de distanciamento social, como evitar aglomerados. António Sales, secretário de Estado da Saúde, falou também do primeiro caso de recuperação da doença em Portugal, que é “um sinal de esperança”, e advertiu que as “preocupações coletivas não podem condicionar decisões políticas”. O novo coronavírus responsável pelo Covid-19 foi detectado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia. O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 78 esta quinta-feira, mais 19 do que os contabilizados no dia anterior, anunciou a Direção-Geral da Saúde (DGS). Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS, há ainda 637 casos suspeitos em Portugal, sendo que 133 aguardam resultado laboratorial. Existem também 4923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde. Mantêm-se, até ao momento, as seis cadeias de transmissão activas.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Escolas fecham em Portugal até 13 de Abril. PM diz: "Esta é uma luta pela nossa sobrevivência" [dropcap]N[/dropcap]ão há o partido do vírus e do antivírus. Esta é uma luta pela nossa sobrevivência”, disse o primeiro-ministro na comunicação ao país em que anunciou o encerramento das instituições de ensino a partir da próxima segunda-feira. O primeiro-ministro confirmou o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino até à Páscoa, remetendo para essa altura uma avaliação de como será o terceiro período escolar, devendo tal acontecer no dia nove de Abril. António Costa relembrou que esta quarta-feira o Conselho Nacional de Saúde tinha determinado o não encerramento dos estabelecimentos de ensino, a não ser em caso de solicitação expressa das autoridades de saúde, e explicou que a suspensão decretada esta quinta-feira aconteceu depois do Centro Europeu para o Combate às Doenças ter emitido um parecer no sentido inverso, em que pede o encerramento. Sem consenso entre os dois lados, Costa assumiu como atitude prudente suspender todas as actividades lectivas, sublinhando que as decisões serão tomadas com base no conhecimento cientifico, sendo que o consenso técnico ainda não está consolidado em várias matérias sobre o novo coronavírus (Covid-19). Nos últimos dias e perante o anúncio dos primeiros casos confirmados, foram várias as instituições de ensino que encerraram portas ou suspenderam aulas. Além do encerramento dos estabelecimentos de ensino, o primeiro-ministro também decretou “o encerramento das discotecas e estabelecimentos similares”, a redução “a um terço da lotação dos estabelecimentos de restauração” e a limitação “da frequência de centros comerciais e serviços públicos”. As visitas a lares de idosos passam a estar restringidas em todo o país. Sobre os cruzeiros, estes continuarão a aportar para reabastecer, mas não será permitido o desembarque de passageiros – com exceção para os que sejam residentes em Portugal. Na comunicação feita esta quinta-feira à noite ao país, depois da reunião do Conselho de Ministros e da reunião com representantes de todos os partidos, António Costa agradeceu o contributo de todos, sublinhando ter sentido “de todos os partidos sem exceção o empenho de partilharmos em conjunto esta batalha”. “Não há o partido do vírus e do antivírus, esta é uma luta pela nossa própria sobrevivência”, disse. Salientando que actualmente “o mundo enfrenta uma situação excepcional e que coloca desafios imensos”, Costa apelou ao “sentido de comunidade, de partilha de vida em comum”, acrescentando que “cada um de nós tem como primeiro dever protegermo-nos uns aos outros”, pedindo um “esforço colectivo para combater” esta crise. Entre os esforços que são pedidos está o limitar “ao máximo o nível de circulação e de contacto social”. “Temos de assumir e partir do princípio que esta pandemia no continente europeu, e em Portugal, ainda não atingiu o seu pico, está em fase de evolução. É muito provável que nas próximas semanas mais doentes venham a ser contaminados, por ventura com mais consequências para a sua saúde, e que este surto possa ser mais duradouro do que estimámos inicialmente”, diz Costa. Reforçando mais uma vez a responsabilidade colectiva, Costa pediu que sejam levadas a sério as medidas de higiene, explicando que o encerramento das escolas não se deve ao facto de serem um local de contaminação, mas por serem local de elevado contacto social. Neste sentido, solicitou aos jovens que não vão ter aulas que limitem ao máximo as suas deslocações e convívio social. “Nenhum de nós sabe se é portador do vírus, por isso temos de ter uma enorme responsabilidade para enfrentarmos como comunidade esta ameaça nova que estamos a viver. Só juntos a conseguiremos enfrentar”, afirmou António Costa. O primeiro-ministro antecipou ainda que o Conselho de Ministros irá adoptar “um conjunto de medidas que serão desenvolvidas”, entre as quais reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde “para responder a esta situação de crise, o salvaguardar da situação de emprego e garantir o rendimento das famílias, em particular daquelas que, quer por motivo de doença própria ou por familiar ou encerramento do estabelecimento de ensino” estejam afectadas. Entre as medidas anunciadas, Costa salientou os apoios aos familiares que têm alguém de quarentena e explicou que as baixas médicas serão “extensíveis aos trabalhadores independentes, a recibos verdes”. Uma vez que a lei ainda não prevê nenhuma medida para situações como esta de os pais terem de ficar em casa com os filhos devido ao encerramento das atividades letivas, irá ser criado “um mecanismo especial que assegure remuneração parcial em conjunto com as entidades patronais de forma a minorar o impacto negativo no rendimento das famílias”. António Costa garantiu ainda medidas especiais para “profissionais de saúde, forças de segurança, de serviços de emergência, que, também tendo filhos, são indispensáveis ao funcionamento do Serviço Nacional de Saúde e socorro”. Horas antes, e numa conferência de imprensa curta e sem novidades, Graça Freitas, Directora Geral de Saúde, lembrou também outras medidas que implicam mudanças das rotinas, mas que podem ser muito úteis, da lavagem de mãos a medidas de “etiqueta respiratória” (cuidados quando se espirra, por exemplo), ou medidas de distanciamento social, como evitar aglomerados. António Sales, secretário de Estado da Saúde, falou também do primeiro caso de recuperação da doença em Portugal, que é “um sinal de esperança”, e advertiu que as “preocupações coletivas não podem condicionar decisões políticas”. O novo coronavírus responsável pelo Covid-19 foi detectado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia. O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 78 esta quinta-feira, mais 19 do que os contabilizados no dia anterior, anunciou a Direção-Geral da Saúde (DGS). Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS, há ainda 637 casos suspeitos em Portugal, sendo que 133 aguardam resultado laboratorial. Existem também 4923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde. Mantêm-se, até ao momento, as seis cadeias de transmissão activas.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Sindicatos de docentes em Portugal criticam DGS por manter escolas abertas [dropcap]O[/dropcap] Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) criticou hoje as decisões da Direcção-Geral de Saúde (DGS) que defende o adiamento de eventos em espaços fechados com mais de mil pessoas, mas mantém as escolas abertas. “É incompreensível que haja uma orientação da DGS para adiamento ou cancelamento de todos os eventos que possam implicar a concentração em espaços fechados de mais de 1.000 pessoas, quando temos escolas que registam diariamente este número entre entrada e saída de alunos e funcionários docentes e não docentes e continuam abertas”, afirma o SIPE em comunicado enviado para a Lusa. O SIPE junta-se assim aos pais, professores e diretores escolares que têm criticado a decisão da Direcção-Geral da Saúde (DGS) de avaliar caso a caso as escolas que devem ser encerradas. Depois de conhecidos os primeiros casos positivos de novo coronavírus entre alunos e funcionários, começaram a fechar estabelecimentos de ensino e os diretores sugeriram a antecipação das férias da Páscoa. Para o SIPE, ter as escolas abertas pode “contribuir para o alastramento” da doença, que em Portugal já provocou 78 doentes, refere o sindicato em comunicado. O sindicado alerta que as questões financeiras e económicas “não se devem sobrepor à segurança dos cidadãos portugueses” e que o país deve seguir o exemplo de “quem conseguiu controlar o vírus quando tomou uma decisão que simultaneamente abrangeu toda a sociedade”: “Devemos olhar para o exemplo de Macau”, concluiu. O sindicato alerta ainda para o facto de o problema se poder prolongar no tempo e a pandemia se manter durante as férias da Páscoa. Nessa altura, “o problema do sítio onde colocar as crianças mantém-se, pois as atividades extracurriculares vão continuar fechadas”, lembra. No entanto, o SIPE termina dizendo que “sendo a DGS a autoridade máxima no que refere a questões de saúde no nosso país, o SIPE considera que o Governo deverá ter em consideração as suas recomendações e decisões”. Também o Sindicato Todos os Professores (STOP) defende o encerramento de todas as escolas e que o Estado “deve pagar na integra a todos os trabalhadores que ficam em casa para acompanhar os seus filhos”. No comunicado hoje divulgado, o STOP questiona também as razões para cancelar reuniões, formações e iniciativas culturais, mas manter as escolas abertas. “O Governo, supostamente, apoia-se nos peritos do Conselho Nacional de Saúde Pública para, como tudo indica, anunciar brevemente a manutenção do funcionamento da esmagadora maioria das escolas. Mas é importante esclarecer que estes ditos ‘peritos’ não são especialistas em epidemias e muito menos em pandemias e, neste Conselho Nacional, até temos membros com ligações à indústria farmacêutica e uma composição essencialmente institucional e não técnica”, acusa o STOP.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Sindicatos de docentes em Portugal criticam DGS por manter escolas abertas [dropcap]O[/dropcap] Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) criticou hoje as decisões da Direcção-Geral de Saúde (DGS) que defende o adiamento de eventos em espaços fechados com mais de mil pessoas, mas mantém as escolas abertas. “É incompreensível que haja uma orientação da DGS para adiamento ou cancelamento de todos os eventos que possam implicar a concentração em espaços fechados de mais de 1.000 pessoas, quando temos escolas que registam diariamente este número entre entrada e saída de alunos e funcionários docentes e não docentes e continuam abertas”, afirma o SIPE em comunicado enviado para a Lusa. O SIPE junta-se assim aos pais, professores e diretores escolares que têm criticado a decisão da Direcção-Geral da Saúde (DGS) de avaliar caso a caso as escolas que devem ser encerradas. Depois de conhecidos os primeiros casos positivos de novo coronavírus entre alunos e funcionários, começaram a fechar estabelecimentos de ensino e os diretores sugeriram a antecipação das férias da Páscoa. Para o SIPE, ter as escolas abertas pode “contribuir para o alastramento” da doença, que em Portugal já provocou 78 doentes, refere o sindicato em comunicado. O sindicado alerta que as questões financeiras e económicas “não se devem sobrepor à segurança dos cidadãos portugueses” e que o país deve seguir o exemplo de “quem conseguiu controlar o vírus quando tomou uma decisão que simultaneamente abrangeu toda a sociedade”: “Devemos olhar para o exemplo de Macau”, concluiu. O sindicato alerta ainda para o facto de o problema se poder prolongar no tempo e a pandemia se manter durante as férias da Páscoa. Nessa altura, “o problema do sítio onde colocar as crianças mantém-se, pois as atividades extracurriculares vão continuar fechadas”, lembra. No entanto, o SIPE termina dizendo que “sendo a DGS a autoridade máxima no que refere a questões de saúde no nosso país, o SIPE considera que o Governo deverá ter em consideração as suas recomendações e decisões”. Também o Sindicato Todos os Professores (STOP) defende o encerramento de todas as escolas e que o Estado “deve pagar na integra a todos os trabalhadores que ficam em casa para acompanhar os seus filhos”. No comunicado hoje divulgado, o STOP questiona também as razões para cancelar reuniões, formações e iniciativas culturais, mas manter as escolas abertas. “O Governo, supostamente, apoia-se nos peritos do Conselho Nacional de Saúde Pública para, como tudo indica, anunciar brevemente a manutenção do funcionamento da esmagadora maioria das escolas. Mas é importante esclarecer que estes ditos ‘peritos’ não são especialistas em epidemias e muito menos em pandemias e, neste Conselho Nacional, até temos membros com ligações à indústria farmacêutica e uma composição essencialmente institucional e não técnica”, acusa o STOP.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Número de infectados em Portugal sobe para 78 O número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu para 78 em Portugal, mais 19 do que os contabilizados na quarta-feira, anunciou hoje a Direcção-Geral da Saúde (DGS). Dos 78 casos confirmados, apenas 69 estão internados, segundo o boletim sobre a situação epidemiológica divulgado pela DGS. Em Portugal há um total de 637 casos suspeitos, dos quais 133 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há ainda 4.923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, mais 1.857 do que na quarta-feira. O boletim de hoje indica que há seis cadeias de transmissão activas, número idêntico ao de quarta-feira. Entre os doentes internados estão os casos de um menino com menos de dez anos e de 12 jovens entre os dez e os 19 anos. Existem dois casos de doentes infectados internados acima dos 80 anos e cinco entre os 70 e os 79. É entre a população com idades entre os 40 e os 49 anos que se registam mais casos (21) de doentes internados, segundo o boletim da DGS, que indica a existência de 14 casos entre os 30 e 39 anos e e nove casos entre os 50 e os 59 anos. Há ainda registo de sete casos entre os 20 e 29 anos, nove entre os 50 e 59 anos e sete entre os 60 e 69 anos. A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença. Há um caso confirmado no estrangeiro, segundo o boletim epidemiológico diário. Segundo o mapa disponibilizado pela DGS, continua a não haver casos registados no Alentejo e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Os dados da DGS adiantam que 10 casos resultam da importação do vírus de Itália, cinco de Espanha, três da Suíça e um continua em investigação relativamente à origem da importação(Alemanha/Áustria). A doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, foi classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na quarta-feira. Em todo o mundo já foram infectadas mais de 124.000 pessoas e morreram mais de 4.500.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Número de infectados em Portugal sobe para 78 O número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu para 78 em Portugal, mais 19 do que os contabilizados na quarta-feira, anunciou hoje a Direcção-Geral da Saúde (DGS). Dos 78 casos confirmados, apenas 69 estão internados, segundo o boletim sobre a situação epidemiológica divulgado pela DGS. Em Portugal há um total de 637 casos suspeitos, dos quais 133 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há ainda 4.923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, mais 1.857 do que na quarta-feira. O boletim de hoje indica que há seis cadeias de transmissão activas, número idêntico ao de quarta-feira. Entre os doentes internados estão os casos de um menino com menos de dez anos e de 12 jovens entre os dez e os 19 anos. Existem dois casos de doentes infectados internados acima dos 80 anos e cinco entre os 70 e os 79. É entre a população com idades entre os 40 e os 49 anos que se registam mais casos (21) de doentes internados, segundo o boletim da DGS, que indica a existência de 14 casos entre os 30 e 39 anos e e nove casos entre os 50 e os 59 anos. Há ainda registo de sete casos entre os 20 e 29 anos, nove entre os 50 e 59 anos e sete entre os 60 e 69 anos. A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença. Há um caso confirmado no estrangeiro, segundo o boletim epidemiológico diário. Segundo o mapa disponibilizado pela DGS, continua a não haver casos registados no Alentejo e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Os dados da DGS adiantam que 10 casos resultam da importação do vírus de Itália, cinco de Espanha, três da Suíça e um continua em investigação relativamente à origem da importação(Alemanha/Áustria). A doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, foi classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na quarta-feira. Em todo o mundo já foram infectadas mais de 124.000 pessoas e morreram mais de 4.500.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Médicos chineses expõem novas informações sobre encobrimento pelas autoridades [dropcap]O[/dropcap] hospital chinês onde trabalhava Li Wenliang, o primeiro médico que alertou para os perigos do novo coronavírus, foi o mais atingido pelo surto devido ao ocultar de informações essenciais, revela uma investigação da revista chinesa Caixin. Entre os 4.000 funcionários que trabalhavam no Hospital Central de Wuhan, 230 morreram devido a infeção pelo Covid-19, a maior taxa de mortalidade entre funcionários de saúde em Wuhan, cidade chinesa que é epicentro do surto. O chefe de um dos departamentos do Hospital citado pela Caixin, uma das raras publicações independentes na China, culpou as autoridades por colocarem vidas em risco. “As informações falsas divulgadas por departamentos relevantes [de que a doença era controlável e não era infecciosa entre seres humanos] deixaram centenas de médicos e enfermeiros no escuro, que fizeram tudo ao seu alcance para tratarem pacientes sem conhecerem a doença”, apontou o responsável, cujo nome não é identificado pela Caixin. “E mesmo aqueles que adoeceram não puderam denunciar. Não puderam alertar os seus colegas e o público a tempo, apesar do sacrifício. Essa é a perda e a lição mais dolorosas”, disse. Segundo apurou a revista, o hospital estava sobrecarregado por pacientes com febre desde o início de Janeiro. Vários ficaram ao cuidado de médicos não especializados em doenças contagiosas. Os médicos citados pela Caixin culparam a administração de “incompetência”. O chefe do Partido Comunista no hospital não tinha conhecimentos sobre doenças infecciosas e proibiu os médicos de divulgarem informações críticas para a saúde pública, apurou a revista. Um documento interno do Hospital Central obtido pela Caixin revelou ainda interferência direta das autoridades municipais de saúde de Wuhan, que tornou difícil para o hospital divulgar casos, sobretudo entre os dias 12 e 17 de Janeiro passado, quando os quadros locais do Partido Comunista participaram nas reuniões do órgão legislativo local. Segundo apurou a Caixin, um funcionário do ministério de Segurança Pública visitou o hospital no dia 12 de janeiro, e ordenou que os formulários sobre doenças infecciosas só pudessem ser preenchidos e relatados após consultas com especialistas a nível municipal e provincial, atrasando o processo. Em 13 de janeiro, Wang Wenyong, chefe do gabinete de controlo de doenças infecciosas do distrito de Jianghan, em Wuhan, ligou para o hospital e pediu que fossem alterados relatórios suspeitos de infeção pelo novo coronavírus, arquivados em 10 de Janeiro, para que constassem outras doenças nos ficheiros. Em resposta, o hospital pediu às autoridades de saúde do distrito que colectassem amostras, mas foram informados que deviam aguardar. A espera durou três dias. Em 16 de Janeiro, após terminarem as reuniões do órgão legislativo local, o centro de controlo de doenças da cidade de Wuhan finalmente foi colectar amostras. Na altura, o hospital tinha 48 casos suspeitos. As novas revelações ilustram como as autoridades de Wuhan agiram para suprimir informações sobre a doença, que já causou 4.500 mortos e infectou mais de 124 mil pessoas numa centena de países e territórios. Reportagens anteriormente publicadas pela Caixin apuraram como, em 30 de dezembro passado, Ai Fen, chefe do departamento de emergência do Hospital Central, compartilhou as primeiras análises a pacientes infectados com uma nova “doença misteriosa”, através do aplicativo de mensagens instantâneas WeChat, com amigos da faculdade e equipas médicas do hospital, alertando-os para que tivessem cuidado. Na mesma noite, vários médicos em Wuhan, replicaram o aviso. As mensagens circularam amplamente ‘online’, mas várias pessoas, incluindo Li e outros dois médicos do hospital, foram posteriormente punidos pelas autoridades por “espalharem rumores”. Ai Fen foi convocado pelos supervisores do hospital, em 2 de Janeiro passado, e punido por instigar o pânico e “afectar o desenvolvimento geral” de Wuhan, segundo a revista. No dia seguinte, o Hospital Central pediu a todos os departamentos que vigiassem a equipa de Ai e exigiu que não divulgassem “informações confidenciais” ao público, segundo uma gravação que vazou para o público. O surto provocou forte descontentamento popular na China, com as redes sociais do país a encherem-se críticas diretas ao regime e apelos por liberdade de expressão, num fenómeno inédito no país asiático, onde ativistas ou dissidentes são frequentemente condenados por “perturbação da ordem pública” ou “subversão do poder do Estado”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Médicos chineses expõem novas informações sobre encobrimento pelas autoridades [dropcap]O[/dropcap] hospital chinês onde trabalhava Li Wenliang, o primeiro médico que alertou para os perigos do novo coronavírus, foi o mais atingido pelo surto devido ao ocultar de informações essenciais, revela uma investigação da revista chinesa Caixin. Entre os 4.000 funcionários que trabalhavam no Hospital Central de Wuhan, 230 morreram devido a infeção pelo Covid-19, a maior taxa de mortalidade entre funcionários de saúde em Wuhan, cidade chinesa que é epicentro do surto. O chefe de um dos departamentos do Hospital citado pela Caixin, uma das raras publicações independentes na China, culpou as autoridades por colocarem vidas em risco. “As informações falsas divulgadas por departamentos relevantes [de que a doença era controlável e não era infecciosa entre seres humanos] deixaram centenas de médicos e enfermeiros no escuro, que fizeram tudo ao seu alcance para tratarem pacientes sem conhecerem a doença”, apontou o responsável, cujo nome não é identificado pela Caixin. “E mesmo aqueles que adoeceram não puderam denunciar. Não puderam alertar os seus colegas e o público a tempo, apesar do sacrifício. Essa é a perda e a lição mais dolorosas”, disse. Segundo apurou a revista, o hospital estava sobrecarregado por pacientes com febre desde o início de Janeiro. Vários ficaram ao cuidado de médicos não especializados em doenças contagiosas. Os médicos citados pela Caixin culparam a administração de “incompetência”. O chefe do Partido Comunista no hospital não tinha conhecimentos sobre doenças infecciosas e proibiu os médicos de divulgarem informações críticas para a saúde pública, apurou a revista. Um documento interno do Hospital Central obtido pela Caixin revelou ainda interferência direta das autoridades municipais de saúde de Wuhan, que tornou difícil para o hospital divulgar casos, sobretudo entre os dias 12 e 17 de Janeiro passado, quando os quadros locais do Partido Comunista participaram nas reuniões do órgão legislativo local. Segundo apurou a Caixin, um funcionário do ministério de Segurança Pública visitou o hospital no dia 12 de janeiro, e ordenou que os formulários sobre doenças infecciosas só pudessem ser preenchidos e relatados após consultas com especialistas a nível municipal e provincial, atrasando o processo. Em 13 de janeiro, Wang Wenyong, chefe do gabinete de controlo de doenças infecciosas do distrito de Jianghan, em Wuhan, ligou para o hospital e pediu que fossem alterados relatórios suspeitos de infeção pelo novo coronavírus, arquivados em 10 de Janeiro, para que constassem outras doenças nos ficheiros. Em resposta, o hospital pediu às autoridades de saúde do distrito que colectassem amostras, mas foram informados que deviam aguardar. A espera durou três dias. Em 16 de Janeiro, após terminarem as reuniões do órgão legislativo local, o centro de controlo de doenças da cidade de Wuhan finalmente foi colectar amostras. Na altura, o hospital tinha 48 casos suspeitos. As novas revelações ilustram como as autoridades de Wuhan agiram para suprimir informações sobre a doença, que já causou 4.500 mortos e infectou mais de 124 mil pessoas numa centena de países e territórios. Reportagens anteriormente publicadas pela Caixin apuraram como, em 30 de dezembro passado, Ai Fen, chefe do departamento de emergência do Hospital Central, compartilhou as primeiras análises a pacientes infectados com uma nova “doença misteriosa”, através do aplicativo de mensagens instantâneas WeChat, com amigos da faculdade e equipas médicas do hospital, alertando-os para que tivessem cuidado. Na mesma noite, vários médicos em Wuhan, replicaram o aviso. As mensagens circularam amplamente ‘online’, mas várias pessoas, incluindo Li e outros dois médicos do hospital, foram posteriormente punidos pelas autoridades por “espalharem rumores”. Ai Fen foi convocado pelos supervisores do hospital, em 2 de Janeiro passado, e punido por instigar o pânico e “afectar o desenvolvimento geral” de Wuhan, segundo a revista. No dia seguinte, o Hospital Central pediu a todos os departamentos que vigiassem a equipa de Ai e exigiu que não divulgassem “informações confidenciais” ao público, segundo uma gravação que vazou para o público. O surto provocou forte descontentamento popular na China, com as redes sociais do país a encherem-se críticas diretas ao regime e apelos por liberdade de expressão, num fenómeno inédito no país asiático, onde ativistas ou dissidentes são frequentemente condenados por “perturbação da ordem pública” ou “subversão do poder do Estado”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Coreia do Sul anuncia 114 novos casos, menor número em quase três semanas [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje ter registado o menor número de novos casos diários de coronavírus em quase três semanas, 114, somando um total de 7.869 pessoas infectadas. Do total das infecções, 7.470 são casos activos, depois de 333 terem recebido alta hospitalar. Nas últimas 24 horas há a registar mais seis mortes, o que elevou para 66 o número de vítimas fatais desde o início do surto. Das 114 novas transmissões, a maioria, 81, foi registada novamente no foco principal do país, localizado na cidade de Daegu (cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul) e na província de Gyeongsang do Norte. Este foco representa 89% dos casos. No entanto, os últimos números na região sugerem uma estabilização do foco, já que Daegu, com 73 novos casos na quarta-feira, contabilizou menos de 100 infecções pela segunda vez esta semana. Já em Gyeongsang do Norte, há a registar oito infecções nas últimas 24 horas, o menor número de testes positivos desde 20 de fevereiro. O surto no sudeste está sobretudo associado à seita religiosa Shinchonji, com 60% das transmissões localizadas em Daegu, onde está sediada, sendo que mais de 200 mil membros já fizeram análises ao coronavírus. A Coreia do Sul testou mais de 227.000 pessoas até o momento. Por sua vez, Seul registou 19 novos casos na quarta-feira e já identificou um total de 212 pessoas infectadas, tornando-se no terceiro local no país com mais infeções. O primeiro-ministro sul-coreano, Chung Sye-kyun, alertou hoje numa reunião do Governo para o perigo de uma “super-transmissão” do patógeno em Seul e arredores, onde residem 26 milhões de pessoas, mais de metade da população do país. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença Covid-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os “níveis alarmantes de propagação e de inacção”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Coreia do Sul anuncia 114 novos casos, menor número em quase três semanas [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje ter registado o menor número de novos casos diários de coronavírus em quase três semanas, 114, somando um total de 7.869 pessoas infectadas. Do total das infecções, 7.470 são casos activos, depois de 333 terem recebido alta hospitalar. Nas últimas 24 horas há a registar mais seis mortes, o que elevou para 66 o número de vítimas fatais desde o início do surto. Das 114 novas transmissões, a maioria, 81, foi registada novamente no foco principal do país, localizado na cidade de Daegu (cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul) e na província de Gyeongsang do Norte. Este foco representa 89% dos casos. No entanto, os últimos números na região sugerem uma estabilização do foco, já que Daegu, com 73 novos casos na quarta-feira, contabilizou menos de 100 infecções pela segunda vez esta semana. Já em Gyeongsang do Norte, há a registar oito infecções nas últimas 24 horas, o menor número de testes positivos desde 20 de fevereiro. O surto no sudeste está sobretudo associado à seita religiosa Shinchonji, com 60% das transmissões localizadas em Daegu, onde está sediada, sendo que mais de 200 mil membros já fizeram análises ao coronavírus. A Coreia do Sul testou mais de 227.000 pessoas até o momento. Por sua vez, Seul registou 19 novos casos na quarta-feira e já identificou um total de 212 pessoas infectadas, tornando-se no terceiro local no país com mais infeções. O primeiro-ministro sul-coreano, Chung Sye-kyun, alertou hoje numa reunião do Governo para o perigo de uma “super-transmissão” do patógeno em Seul e arredores, onde residem 26 milhões de pessoas, mais de metade da população do país. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença Covid-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os “níveis alarmantes de propagação e de inacção”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista número mais baixo de novos casos desde que há registo [dropcap]A[/dropcap] China registou hoje 15 novos casos de infecção pelo Covid-19, o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em Janeiro, numa altura em que outros países lidam com novos focos do surto. Até à meia-noite de quarta-feira, o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infectados. A Comissão Nacional de Saúde informou que 62.793 pessoas receberam alta após terem superado a doença, até à data, restando 14.831 em tratamento. Dez das onze mortes ocorreram na província de Hubei, epicentro da epidemia, onde surgiram também 8 dos 15 novos casos detectados a nível nacional. Esses oito casos foram detetados na capital de Hubei, a cidade de Wuhan, de onde o vírus é originário, e sob quarentena desde 23 de Janeiro passado. No total, Hubei soma 3.056 mortes e 67.781 casos de infecção, a maioria a nível mundial. Nas últimas 24 horas, foram detectados seis casos “importados” de fora do país, incluindo três na província de Guangdong, adjacente a Macau. Segundo dados oficiais, 677.243 pessoas que tiveram contacto próximo com os infectados foram monitorizadas clinicamente desde o início do surto, entre as quais 13.701 ainda estão sob observação. Uma das prioridades das autoridades chinesas é agora “protegerem-se contra a importação” de infeções de outros países, à medida que Itália, Irão ou Coreia do Sul lidam com um rápido aumento no número de infectados. O surto de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos, entre mais de 124 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista número mais baixo de novos casos desde que há registo [dropcap]A[/dropcap] China registou hoje 15 novos casos de infecção pelo Covid-19, o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em Janeiro, numa altura em que outros países lidam com novos focos do surto. Até à meia-noite de quarta-feira, o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infectados. A Comissão Nacional de Saúde informou que 62.793 pessoas receberam alta após terem superado a doença, até à data, restando 14.831 em tratamento. Dez das onze mortes ocorreram na província de Hubei, epicentro da epidemia, onde surgiram também 8 dos 15 novos casos detectados a nível nacional. Esses oito casos foram detetados na capital de Hubei, a cidade de Wuhan, de onde o vírus é originário, e sob quarentena desde 23 de Janeiro passado. No total, Hubei soma 3.056 mortes e 67.781 casos de infecção, a maioria a nível mundial. Nas últimas 24 horas, foram detectados seis casos “importados” de fora do país, incluindo três na província de Guangdong, adjacente a Macau. Segundo dados oficiais, 677.243 pessoas que tiveram contacto próximo com os infectados foram monitorizadas clinicamente desde o início do surto, entre as quais 13.701 ainda estão sob observação. Uma das prioridades das autoridades chinesas é agora “protegerem-se contra a importação” de infeções de outros países, à medida que Itália, Irão ou Coreia do Sul lidam com um rápido aumento no número de infectados. O surto de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos, entre mais de 124 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Portugal decide hoje se encerra escolas [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, remeteu para esta quinta-feira uma eventual decisão sobre o encerramento de escolas em Portugal, devido à pandemia de Covid-19. “Haverá a decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública, amanhã [quinta-feira] de manhã temos uma reunião do Conselho de Ministros e nessa altura serão adoptadas as orientações que tivermos de adotar”, declarou António Costa. O chefe do Governo português falou aos jornalistas depois de um jantar com Angela Merkel na Chancelaria Federal, em Berlim, em que se abordou, também, a situação do novo coronavírus. António Costa defendeu a importância de o sistema político “ter a humildade de ouvir os técnicos e agir em função daquilo que é o aconselhamento técnico.” Ainda sobre o eventual fecho dos estabelecimentos de ensino, o chefe do executivo assegurou que “esta noite não vai ser seguramente decretado nada”, destacando que a decisão de encerrar ou não escolas não se prende com o impacto que essas medidas possam ter na economia. “Não podemos condicionar, por razões orçamentais ou por razões económicas, qualquer decisão que tenha a ver com a saúde das pessoas. A máxima prioridade é responder às necessidades de prevenção e à cura das pessoas infectadas”, adiantou. Sobre a doença Covid-19, Costa reconheceu que “é um tema que concentra a atenção de todos”. “É uma ameaça global e todos temos de dar o nosso melhor para a controlar”, adiantou.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Portugal decide hoje se encerra escolas [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, remeteu para esta quinta-feira uma eventual decisão sobre o encerramento de escolas em Portugal, devido à pandemia de Covid-19. “Haverá a decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública, amanhã [quinta-feira] de manhã temos uma reunião do Conselho de Ministros e nessa altura serão adoptadas as orientações que tivermos de adotar”, declarou António Costa. O chefe do Governo português falou aos jornalistas depois de um jantar com Angela Merkel na Chancelaria Federal, em Berlim, em que se abordou, também, a situação do novo coronavírus. António Costa defendeu a importância de o sistema político “ter a humildade de ouvir os técnicos e agir em função daquilo que é o aconselhamento técnico.” Ainda sobre o eventual fecho dos estabelecimentos de ensino, o chefe do executivo assegurou que “esta noite não vai ser seguramente decretado nada”, destacando que a decisão de encerrar ou não escolas não se prende com o impacto que essas medidas possam ter na economia. “Não podemos condicionar, por razões orçamentais ou por razões económicas, qualquer decisão que tenha a ver com a saúde das pessoas. A máxima prioridade é responder às necessidades de prevenção e à cura das pessoas infectadas”, adiantou. Sobre a doença Covid-19, Costa reconheceu que “é um tema que concentra a atenção de todos”. “É uma ameaça global e todos temos de dar o nosso melhor para a controlar”, adiantou.
Hoje Macau PolíticaHengqin | Proposta de lei pronta para aprovação [dropcap]E[/dropcap]stá pronto o parecer da proposta de lei sobre as normas para a aplicação do direito da RAEM sobre o posto fronteiriço de Hengqin, após ter ter sido ontem assinado pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Chan Chak Mo, que preside à comissão, admitiu mesmo que, por ser “uma proposta de lei com urgência”, é possível que a reabertura do posto fronteiriço possa acontecer até ao final do primeiro trimestre do ano, mas lembrou que sem legislação não é possível fazer nada. “Não sabemos quando vai ser a reabertura posto fronteiriço, mas sem esta proposta de lei não podemos fazer nada, nem exercer a jurisdição naquela parte de Macau na ilha de Hangqin. Talvez a proposta de lei esteja pronta ainda no primeiro trimestre mas, seja como for, temos de avançar com a proposta de lei primeiro”, explicou. Na reunião de ontem, Chan Chak Mo apontou ainda que as opiniões dos deputados foram acatadas pelo Governo, sendo que a proposta de lei inclui agora alguns mapas e a redacção do texto melhorada.
Hoje Macau PolíticaHengqin | Proposta de lei pronta para aprovação [dropcap]E[/dropcap]stá pronto o parecer da proposta de lei sobre as normas para a aplicação do direito da RAEM sobre o posto fronteiriço de Hengqin, após ter ter sido ontem assinado pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Chan Chak Mo, que preside à comissão, admitiu mesmo que, por ser “uma proposta de lei com urgência”, é possível que a reabertura do posto fronteiriço possa acontecer até ao final do primeiro trimestre do ano, mas lembrou que sem legislação não é possível fazer nada. “Não sabemos quando vai ser a reabertura posto fronteiriço, mas sem esta proposta de lei não podemos fazer nada, nem exercer a jurisdição naquela parte de Macau na ilha de Hangqin. Talvez a proposta de lei esteja pronta ainda no primeiro trimestre mas, seja como for, temos de avançar com a proposta de lei primeiro”, explicou. Na reunião de ontem, Chan Chak Mo apontou ainda que as opiniões dos deputados foram acatadas pelo Governo, sendo que a proposta de lei inclui agora alguns mapas e a redacção do texto melhorada.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasWilliam S. Burroughs à conversa com Tennessee Williams “Conversaram pela primeira vez numa festa, no início deste ano. Confraternizaram e falaram como velhos amigos.” em THE VILLAGE VOICE ARCHIVES [dropcap]E[/dropcap]mbora ambos tenham nascido em St. Louis, com uma diferença de apenas três anos, só se cruzaram por breves momentos em 1960 quando foram apresentados em Tânger, no Café de Paris, por Paul e Jane Bowles. Burroughs admirava os contos de Williams e, no final dos anos 60, Tennessee costuma citar na integra excertos de Naked Lunch de Burroughs. Mas, apesar dos amigos comum, (incluindo os Bowles e o pintor Brion Gysin), só se conheceram verdadeiramente em1975, num evento na American Academy of Arts and Letters. A primeira conversa entre os dois aconteceu no início deste ano, durante uma festa que se seguiu à sessão de leituras realizada por Burroughs na Universidade de Nôtre Dame. Confraternizaram e conversaram como velhos amigos. A nova peça de Tennessee, Vieux Carré, estreia esta noite na Broadway. Assisti com Burroughs a uma ante-estreia há duas semanas. No dia seguinte, fomos visitá-lo ao Hotel Elysée, onde vivia há algum tempo numa espaçosa suite no 12º andar. A tarde estava a chegar ao fim e quando cheguei, uns minutos depois de Burroughs, já estavam sentados, cada um no seu canto do sofá. Tennessee parecia animado; levantou-se para nos mostrar uma aguarela em que tinha estado a trabalhar de manhã, no terraço. Trouxeram duas garrafas de vinho e Burroughs e Williams começaram a conversar. — James Grauerholz Burroughs: Quando me perguntam até que ponto a minha obra é autobiográfica, respondo, “Cada palavra é autobiográfica e cada palavra é ficção.” E tu? O que responderias a essa pergunta?” Williams: Respondia que tudo é autobiográfico e que nada é autobiográfico. Não podemos fazer um trabalho criativo e ficar ao mesmo tempo presos aos factos. Por exemplo, na minha nova peça existe uma personagem, um rapaz que vive numa casa onde eu vivi, e que passa por experiências pelas quais eu passei, como jovem escritor. Mas tem uma personalidade completamente diferente da minha. Fala de uma forma totalmente diferente da forma como eu falava, por isso digo que a peça não é autobiográfica. E, no entanto, os acontecimentos descritos naquela casa são reais. Todos eles? Existem duas personagens, um rapaz e uma rapariga, que eu conheci mais tarde noutra casa e não naquela. Mas todos os outros estavam lá em 1939, no nº 722 da Toulouse Street. O que é que aconteceu a esse prédio? Ainda lá está, actualmente está desocupado. Tal como o rapaz diz no final da peça: “Agora a casa está vazia… desapareceram todos— foram-se embora…” É uma estranha bolsa do tempo, o French Quarter. Sim. Fui lá pela primeira vez em 1939. Passei por muitas daquelas experiências, mas não vivia com um “protector” rico. (Como o Jovem Escritor em Vieux Carré] Não sei porque é que o pus lá, enfim, ilusões… Vivia com um clarinetista, tão teso como eu. Tinha de apanhar borrachos na Costa Ocidental para sobreviver — mas isso é outra peça. E a dona da pensão, como é que ela era? Era como a personagem da peça. Não se chamava Mrs. Wire, mas no resto era muito parecida. Deitava água a ferver pelos buracos do tecto, para o quarto do fotógrafo que morava por baixo. Acho que ele era um fotógrafo famoso, chamado Clarence Laughlin. Dava umas festas muito barulhentas, que a deixavam possessa— possivelmente porque não era convidada. Bem, na peça ela é magnífica — a Sylvia Sidney. Ela é magnífica. Eu penso que ela é uma das nossas maiores actrizes. É uma grande actriz. Um assunto que eu gostava de salientar na peça é a recriação do passado, — a nostalgia, se quiseres. É mais evidente no teatro do que no cinema, com todas as maquinarias disponíveis em Hollywood. Claro que o cenário é espectacular, mas o que mais me impressionou foi poder, por vezes, sentir de facto aquela época. Mas depois eles tentam algo do género de The Great Gatsby e deixa de haver uma pitada de anos 20 que seja. Lembras-te dos anos 20? Oh meu Deus, claro que sim. Só pergunto porque já há poucas pessoas que se lembrem… é o lado triste de envelhecermos, não é? — somos confrontados com a solidão… Um dos muitos lados tristes. Sim, um dos muitos— e isso, sim, é o pior. Apesar de tudo, se não houvesse velhice, não teria havido juventude, não te esqueças. No entanto, não gosto de olhar para trás, para o tempo em que era jovem… não que tenha tido assim tanta juventude. Por regra os escritores não a têm… Dirias que esta peça é uma expansão do conto, “The Angel in the Alcove”? Sem dúvida. Ao princípio pensei que era um enorme erro transferir uma história sobre estados de espírito — sabes, sobretudo sobre estados de espírito e nostalgia — para o palco; iria parecer que não tinha substância. Mas sabias que agora estamos a apresentar as duas peças ao mesmo tempo? Então tem o quê, duas horas e meia? Não me pareceu que tivesse tanto tempo. Tenho algumas peças em palco que parecem nunca mais acabar… Tu sabes, os actores nem sempre são bem tratados, a menos que sejam vedetas. Têm uma vida difícil. O Hitchcock tinha pouca consideração por eles. Eu considero-os o mais possível— à sua inteligência, se me faço entender. Penso que são muito mais inteligentes do que as pessoas acham. Capote dizia que são tontos — mas eu penso que são mais espertos do que ele… oh, ele vai processar-me! [risos] sabias que ele me moveu um processo de $5 milhões? [risos] Nunca me senti tão lisonjeado. Eu só exprimi o meu espanto por ele descer tão baixo, com a sempre adiada publicação de Answered Prayers. Acho estas coisas tão idiotas… porque quem é que vai querer passar o tempo todo em tribunais a pagar as custas dos processos? Os advogados é que ganham com isso, não é o queixoso não o réu. Mas digo-te, o Truman sabe autopromover-se. Tem uma personalidade muito teatral, lá isso tem. Pois tem. Onde é que escreveste esta peça? Escrevi Vieux Carré num barco chamado Oronza. O meu agente marcou-me a viagem, depois da apresentação da peça Out Cry (Clamor)— algumas pessoas chamaram-lhe Out Rage (Ultraje); em última análise era um ultraje, de tédio. Acontece que queria ir à Califórnia ver a Faye Dunaway no papel de Blanche DuBois, a contracenar com o o Jon Voight, e então disse, “Quero fugir. Quero fugir para bem longe”. O meu agente inscreveu-me no Cherry Blossom Cruise — que acabou por se revelar um cruzeiro geriátrico. Toda a gente tinha 80 anos ou mais, e o barco tinha enormes estabilizadores para o impedir de balançar. Sabias? O grande prazer de uma viagem por mar é balançar, o barco era desesperantemente quieto e mesmo assim aqueles velhotes partiam as ancas a torto e a direito. O consultório do médico estava sempre cheio deles. E três morreram antes de chegarmos a Yokohama. Houve funerais no mar? Sim, disseram-me que tinha havido um em segredo à meia-noite. E quando chegámos a Yokohama, o agente japonês da alfândega perguntou a sorrir: “Quantos foram desta vez?” Querendo dizer, quantos tinham sido colhidos pela Ceifeira. E nós respondemos, “Que se saiba ao certo, só três.” Ao que ele retorquiu, “Normalmente é o dobro disso, mesmo antes de chegarem a Yokohama.” Ah ah ah. Mudámos de barco em Yokohama, embora tivéssemos reservado a viagem à volta do mundo. Duvido que houvesse muitos passageiros vivos no final do percurso. Não havia nada para fazer a bordo do Oronza para além de jogar bridge ou escrever. Adoro jogar bridge, mas sou sempre corrido de todas as mesas de jogo. Sou muito incompetente. Aprendi a jogar bridge numa ala psiquiátrica. O meu irmão tentou ensinar-me a jogar xadrez, mas não consegui aprender. Reparei que não tomas bebidas fortes? Permito-me tomar uma bebida forte por dia. Enquanto estou a trabalhar. De outra forma, só bebo vinho. Porque realmente prefiro vinho, não faço grande sacrifício. A história de “The Angel in the Alcove” foi escrita já há algum tempo, não foi? Oh sim, Deus meu. Deve ter sido nos anos 50… Paul Bowles tinha uma primeira edição desse livro de contos. Lembro-me de lha ter pedido emprestada para ler. Na altura andava na heroína e derramei uma quantidade de sangue em cima do livro, o Paul ficou furioso. [risos]. Era uma peça de coleccionador — primeira edição e o meu sangue por todo o lado. Ainda tomas algum tipo de drogas? Não, desse género já não. Não, não tenho nenhum vício nem nada disso. Sempre quis experimentar ópio. E experimentei em Banguecoque. Fiz a viagem com um professor meu amigo. Ele tinha o hábito de, de vez em quando, dissolver um bocadinho — tu sabes, aquilo são uns pauzinhos pretos compridos — dissolvê-los no chá e bebê-lo. E ficava zangado comigo, ou mentalmente confuso, não sei dizer — por isso chamei-o uma manhã, e ele levou-me aquele pauzinho comprido de ópio e eu perguntei-lhe, “Paul, o que é que faço com isto?” E ele respondeu, “Põe-no dentro do chá.” Então eu pus o pauzinho inteiro dentro do chá. Ia morrendo de overdose, claro está. Fiquei verde como o teu casaco, estás a ver? E mais doente do que um cão raivoso. Chamei um médico tailandês, que me disse “Você deveria estar morto.” Eu respondi, “Sinto-me como se estivesse a andar e a cambalear.” Sabes, sempre disse que gostaria de escrever sob o efeito de drogas, como o Cocteau — e de repente, a minha cabeça parecia um balão, a subir até ao tecto… Já alguma vez tomaste barbitúricos? Ummm, já, com certeza que sim. Mas não sou fã. Sabes, De Quincey contou que Coleridge tinha de contratar pessoas para o impedir de entrar nas farmácias e depois no dia seguinte despedia-os por tentarem obedecer às suas ordens. Dizia, “Sabes que há pessoas que caem mortas por causa do desejo de ópio?” Muito engraçado, realmente. Grande sentido de humor. Talvez humor negro, mas fantástico. Se me dissessem que a minha peça saía hoje de cena, eu respondia “Ah ahhhh” Tennessee, já escreveste argumentos para cinema? Sim, escrevi um chamado One Arm, que deve andar por aí em algum lado, mas não sei onde. Escrevi-o durante um Verão, numa altura em que o Dr. Max Jacobson me andava a dar injecções. Escrevi os meus melhores textos quando andava a tomar aquelas injecções. Davam-me uma enorme vitalidade. Sabes? Ultrapassei-me como escritor. Entrei noutra dimensão. Nunca gostei tanto de escrever como nessa altura. Nunca escreveste sob o efeito de speed, Bill? Bem, não. Não sou de maneira nenhuma um tipo do speed. Eu sou um homem do calmante. Não gosto muito de nenhum dos dois. O speed é maravilhoso, mas precisas de ser jovem para o tomares; Mas, agora não gostas de nenhum dos dois? Não precisas de nenhum tipo de estimulantes artificiais? Ummm, bem, tu sabes… claro, a cannabis é mais ou menos isso— Comigo, a cannabis tem o efeito contrário. Mas acho que o Paul a considera uma grande ajuda — Paul Bowles. Eu experimentei; mas nada. Só fiquei bloqueado. Trabalhaste no argumento de Suddenly Last Summer? Felizmente não. De facto, quando o li pela primeira vez, afastei-me logo e apresentei as minhas desculpas ao Gore Vidal. Mas, ele fez um trabalho maravilhoso, fez sim… A pessoa que fodeu aquilo tudo, se me permites a linguagem, foi o Joe Mankiewicz. Eu escrevi a peça, mas, como sabes, — a peça é uma alegoria e consiste principalmente em dois monólogos. O que é que achaste do filme? Saí da sala. Sam Speigel, o produtor, fez uma mostra privada durante uma festa e eu levantei-me e saí. Quando começámos a ver Mrs. Venable, e aquilo é tudo tão realista, com os rapazes a subirem a colina — pensei que estava a ver um travesti. A peça é sobre como as pessoas se devoram umas às outras, num sentido alegórico. E como diz uma das personagens das minhas histórias: “Toda a arte é uma indiscrição, a vida é toda um escândalo.” [risos] É possível tornar isto verdade. Pelo menos o Taylor Mead conseguiu… Eu fiquei perto. [risos] Eu odeio a compostura. E tu, Bill, não a odeias também? Não gosto de pessoas que jogam pelo seguro — especialmente quando já há pouco a que nos podemos segurar. Tenciono desfrutar do pouco que há. Estamos a ter uma discussão muito literária, não estamos? [gargalhada] Eu evito falar sobre a escrita. E tu, Bill, não fazes o mesmo? Sim, até certo ponto. Mas não vou tão longe como os ingleses. Sabes aquele tipo de conversa tipicamente britânico, sobre coisas que não fazem qualquer sentido para ninguém … Lembro-me do Graham Greene dizer, “Claro, Evelyn Waugh era um grande amigo meu, mas nunca falámos sobre escrita! “ Existe qualquer coisa de muito privado na escrita, não achas? De alguma forma é melhor falar sobre as nossas práticas sexuais mais íntimas — estás a ver — do que falar sobre escrita. E, no entanto, é para isso que nós, os escritores vivemos: para escrever. É para isso que vivemos e, apesar disso, não conseguimos discutir o assunto livremente. É muito triste… seja como for, vou sair da América, mais ou menos de vez. Primeiro vou a Inglaterra. Para o bem ou para o mal.… Bom, quando fui a Banguecoque deve ter sido para o mal, não sei — [risos] E depois de apresentar esta peça em Londres, devo ir a Viena. Adoro Viena no Verão. Adoro sentar-me nos jardins onde se bebe vinho. Estive lá em 1936. Lembras-te dos Romanische Baden? Os Banhos Romanos, também lá fui… são maravilhosos. Mesmo ao lado do sítio onde fica o Prater. Andei na Grande Roda, no Parque Eu também. Aquela que foi usada de forma tão bela em The Third Man. Fui pela primeira vez a Viena em… deve ter sido em 1949 ou em 50. Fui sozinho… oh, mas é impossível ficar sozinho em Viena, como sabes. Sobretudo no Verão. [pausa] Estou prestes a lançar um novo livro de poemas, Androgyne, Mon Amour. Não são naturalmente tão bons com o os primeiros. Mas, há um, ou dois ou três… Esta tarde fiz alguma poesia com o I Ching. O que é o I Ching? Bem, é como o Livro das Mudanças. Abres o livro ao acaso, escolhes uma frase, escreves num papel, depois dás umas voltas ao papel e prende-lo em qualquer lado… Oh, eu ia adorar! Talvez dessa forma me surgisse algo melhor. Sim, é interessante. Queres ouvir um poema sobre uma drogada? Sim. Está bem. Escrevi isto quando estava deprimido. [começa a ler]: Cruzei-me com uma aparição, e ela também. Estava mais encantadora do que nunca, mais frágil do que nunca Olhava-me e não me via. Percebi que podia pensar e falar um pouco. “O que é que tens feito?” Indiferente, respondeu: “Quando te encharcas em comprimidos, tudo o que podes fazer é arranjar dinheiro para pagar ao farmacêutico…” Esta mulher era amante de um homem famoso que se viu livre dela; morreu depois de ter misturado álcool com comprimidos. Combinação fatal. Porque, como sabes, o álcool potencia a toxicidade. Sabes? Penso que é notável que tenhas evitado as drogas. Excepto a cannabis. E que tenhas sido suficientemente forte para te controlares. Eu sou suficientemente forte para controlar tudo o que tomo… O velho Aleister Crowley, plagiando Hassan i Sabbah, disse: ‘Faz o que quiseres fazer, eis a mãe de todas as leis.” Em relação às drogas, queres tu dizer. Em relação a tudo… E as últimas palavras de Hassan i Sabbah foram estas: “Nada é verdadeiro; tudo é permitido.” Por outras palavras, tudo é permitido porque nada é verdadeiro. Se encarares tudo como uma ilusão, tudo é permitido. As últimas palavras de Hassan i Sabbah, o Velho da Montanha, o Mestre dos Assassinos. Com uma pequena variante, acaba por ser o mesmo que diz Aleister Crowley, quando afirma “Faz o que quiseres fazer, eis a mãe de todas as leis.” Desde que queiras fazer as coisas certas, sim. Ah, mas se as quiseres mesmo fazer, então são certas. Essa é a questão. Não é um ponto de vista amoral? Completamente… completamente. Não acredito que sejas amoral. Sou, sim. Acreditas mesmo nisso? Bem. Faço o que posso… Não acho que seja verdade. Fomos os dois criados com a grilheta da Bíblia; mas é óbvio que aquilo que queres fazer é aquilo que, de uma maneira ou de outra, acabarás por fazer. Mais cedo ou mais tarde. Penso que todos vamos morrer, mais cedo ou mais tarde. Eu prefiro adiar o acontecimento. Sim, temos de considerar esse facto. Não tenho pressa. Mas não temos escolha. Sempre tive horror da morte. Bem… e porquê? Não tenho a certeza. Digo isto e, no entanto, não tenho a certeza. E tu? Bom, como já disse, não sei. Uma vez perguntaram-me qualquer coisa sobre a morte e eu respondi. “Como é que sabes se não estás já morto”
Hoje Macau PolíticaCovid-19 | Pedidos incentivos para “linha da frente” [dropcap]N[/dropcap]uma interpelação escrita enviada ao Governo, o deputado Mak Soi Kun sugere que os trabalhadores da linha da frente de combate ao novo tipo de coronavírus sejam homenageados através de um plano de incentivos, que deve inclui prémios. Fazendo referência aos profissionais de saúde, da segurança e aos voluntários que “não têm poupado esforços para a combater a guerra epidémica”, o deputado dá o exemplo da bem sucedida operação de resgate de 57 residentes de Macau em Hubei, para pedir ao Governo que atribuia prémios a estas pessoas, com o objectivo de servir de incentivo e como demonstração de uma “atitude louvável e digna de louvor”. “Na operação de resgate dos residentes de Macau em Hubei, e tendo em conta que a situação epidémica no interior da China ainda é severa (…) o Governo foi capaz de ultrapassar todas as dificuldades para realizar a tarefa. O que é ainda mais encorajador é que esta equipa era constituída por voluntários (…) com uma atitude de trabalho positiva e merecedora de louvor. Qual vai ser a resposta da Administração perante isto?”, questionou Mak Soi Kun.