Hoje Macau PolíticaPCC | Ho Iat Seng felicita sucesso da terceira sessão plenária “O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, em representação do Governo da RAEM, saúda, calorosamente, o encerramento bem-sucedido da terceira sessão plenária, e sublinha que o Governo da RAEM irá liderar os diversos sectores na aprendizagem do espírito consagrado na terceira sessão plenária e implementar plenamente a decisão deliberada e aprovada na ocasião, de modo a contribuir com a força de Macau para promover a modernização com características chinesas.” Foi desta forma que o Governo de Macau reagiu no final da semana passada ao encerramento oficial da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC). Ho Iat Seng reiterou “o enorme significado da realização da terceira sessão plenária do Comité Central do PCC, na qual o Secretário-Geral Xi Jinping proferiu discursos importantes”, e salientou “que o presente e o futuro são cruciais para a promoção plena da construção de um país forte e a revitalização da nação chinesa, mediante a modernização de estilo chinês, e que sem um aprofundamento integral da reforma na nova era, não haverá grande êxito”. O Chefe do Executivo prometeu ainda que o Governo “irá unir e liderar todos os sectores da sociedade na aprendizagem e na implementação do espírito da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do PCC”.
Hoje Macau China / ÁsiaPacífico | Japão e ilhas contra alterações forçadas na região O Japão e as ilhas do Pacífico manifestaram ontem numa cimeira conjunta firme oposição a “qualquer tentativa unilateral de alterar o ‘status quo’ através da ameaça ou do uso da força ou coerção”, numa referência velada a Pequim. Os termos utilizados na declaração conjunta são regularmente empregues pelos Estados Unidos e pelos seus aliados para se referirem à crescente influência e capacidade militar da China na Ásia – Pacífico. Tóquio e os representantes dos 18 membros do Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF), que conta com Timor-Leste como membro associado, não mencionaram explicitamente Pequim após a reunião de três dias na capital japonesa. No entanto, os termos utilizados na declaração final desta 10.ª cimeira trienal dos líderes das ilhas do Pacífico (PALM) são mais fortes do que os utilizados na reunião anterior, realizada em 2021. “Os dirigentes comprometeram-se a assegurar uma região da Ásia – Pacífico estável e próspera, registaram com preocupação a rápida acumulação militar que não é conducente a este objectivo e apelaram a um envolvimento proactivo, responsável e transparente para manter a paz e a segurança regionais”, referiu o comunicado. “O ambiente à nossa volta mudou muito desde a primeira cimeira PALM e estamos perante desafios complexos”, afirmou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
Hoje Macau China / ÁsiaPCC | Comité Central adopta resolução sobre o aprofundamento global da reforma As resoluções da terceira sessão plenária do Partido Comunista da China, que ontem terminou em Pequim, seguem as orientações do Presidente Xi Jinping sobre as reformas a adoptar e a modernização do país O 20.º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) adoptou uma resolução sobre o aprofundamento da reforma de forma abrangente para avançar a modernização chinesa na sua terceira sessão plenária realizada em Pequim entre segunda-feira e ontem. A reunião foi presidida pelo Bureau Político do Comité Central do PCC. O Secretário-Geral do Comité Central do PCC, Xi Jinping, proferiu importantes discursos, de acordo com um comunicado ontem divulgado. Durante a sessão, o Comité Central ouviu e discutiu um relatório sobre o trabalho do Bureau Político, apresentado por Xi, e considerou e adoptou a Resolução do Comité Central do Partido Comunista da China sobre o aprofundamento global da reforma para fazer avançar a modernização chinesa. Xi apresentou observações explicativas sobre a versão preliminar da resolução. De acordo com o Presidente, os objectivos gerais do aprofundamento global da reforma são continuar a melhorar e a desenvolver o sistema do socialismo com características chinesas e modernizar o sistema e a capacidade de governação da China. “Até 2035, teremos terminado a construção de uma economia de mercado socialista de alto nível em todos os aspectos, melhorado ainda mais o sistema do socialismo com características chinesas, modernizado de forma geral o nosso sistema e a nossa capacidade de governação, e basicamente realizado a modernização socialista”, afirmou. “Tudo isto irá criar uma base sólida para transformar a China num grande país socialista moderno em todos os aspectos até meados deste século”, sublinhou. Melhor aproveitamento As tarefas de reforma definidas na resolução deverão estar concluídas quando a República Popular da China celebrar o seu 80.º aniversário de fundação, em 2029, refere o comunicado. O Comité Central elaborou planos sistemáticos para aprofundar ainda mais a reforma de forma abrangente, acrescenta. “Na construção de uma economia de mercado socialista de alto nível, o papel do mercado deve ser melhor aproveitado, com a promoção de um ambiente de mercado mais justo e dinâmico e a afectação de recursos tão eficiente e produtiva quanto possível. As restrições ao mercado serão suprimidas e será assegurada uma regulamentação eficaz para melhor manter a ordem no mercado e colmatar as suas deficiências”, refere o comunicado. No que se refere à promoção de um desenvolvimento de elevada qualidade, o comunicado insta ao “aprofundamento da reforma estrutural do lado da oferta, à melhoria dos mecanismos de incentivo e de restrição para promover um desenvolvimento de elevada qualidade e à criação de novos motores e forças para a realização do crescimento”. “Melhoraremos as instituições e os mecanismos para fomentar novas forças produtivas de qualidade, em conformidade com as condições locais, para promover a plena integração entre a economia real e a economia digital, para desenvolver o sector dos serviços, para modernizar as infra-estruturas e para reforçar a resiliência e a segurança das cadeias industriais e de abastecimento”, afirmou Xi. Para apoiar a inovação global, o Partido aprofundará a reforma global da educação, a reforma estrutural científica e tecnológica e as reformas institucionais para o desenvolvimento de talentos. No que diz respeito à melhoria da governação macroeconómica, o comunicado insta à prossecução de reformas coordenadas nos sectores fiscal, tributário, financeiro e noutros sectores importantes e ao reforço da coerência da orientação da política macroeconómica, devendo o sistema nacional de planeamento estratégico e os mecanismos de coordenação das políticas ser melhorados. Quanto ao desenvolvimento urbano e rural integrado, o Partido deve promover trocas equitativas e fluxos bidireccionais de factores de produção entre as cidades e o campo, de modo a reduzir as disparidades entre ambos e promover a sua prosperidade e desenvolvimento comuns, de acordo com o comunicado. A reforma do sistema fundiário será aprofundada, acrescentou. Pilares políticos Descrevendo a abertura como uma “característica definidora da modernização chinesa”, o comunicado afirma que o Partido “expandirá firmemente a abertura institucional, aprofundará a reforma estrutural do comércio exterior, reformará ainda mais os sistemas de gestão do investimento interno e externo, melhorará o planeamento da abertura regional e aperfeiçoará os mecanismos de cooperação de alta qualidade no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota”. Relativamente ao desenvolvimento da democracia popular em todo o processo, afirmou: “Devemos manter-nos firmemente no caminho do avanço político socialista com características chinesas e defender e melhorar os sistemas políticos fundamentais, básicos e importantes do nosso país”. No que se refere ao Estado de direito, foram exigidos esforços para garantir a plena aplicação da Constituição e defender a sua autoridade, coordenar as reformas para promover uma legislação sólida, a aplicação da lei, a administração da justiça e o cumprimento da lei, e melhorar os mecanismos para garantir que todos são iguais perante a lei. O comunicado instava a que se reforçasse a confiança cultural e se trabalhasse para desenvolver uma cultura socialista avançada, promover a cultura revolucionária e levar por diante a cultura tradicional chinesa. Para garantir e melhorar o bem-estar do povo, o Partido melhorará o sistema de distribuição dos rendimentos, a política de emprego em primeiro lugar e o sistema de segurança social, prosseguirá a reforma dos sistemas médico e de saúde e melhorará os sistemas destinados a facilitar o desenvolvimento da população e a prestar serviços conexos. Ecologia e segurança Relativamente à conservação ecológica, o comunicado refere que “Temos de melhorar os sistemas de conservação ecológica, adpotar uma abordagem coordenada em matéria de redução das emissões de carbono, redução da poluição, desenvolvimento ecológico e crescimento económico, responder activamente às alterações climáticas e acelerar a melhoria dos sistemas e mecanismos de aplicação do princípio de que as águas cristalinas e as montanhas verdejantes são bens inestimáveis”. No que se refere à segurança nacional, o comunicado salienta que o Partido deve aplicar plenamente uma abordagem holística da segurança nacional, melhorar as instituições e os mecanismos de salvaguarda da segurança nacional e assegurar que um desenvolvimento de elevada qualidade e uma maior segurança se reforcem mutuamente, de modo a salvaguardar eficazmente a estabilidade e a segurança do país a longo prazo. No que diz respeito à defesa nacional, o comunicado exortou à manutenção da liderança absoluta do Partido sobre as forças armadas do povo e à plena implementação da estratégia de reforço das forças armadas através da reforma, a fim de proporcionar uma forte garantia para a realização dos objectivos do centenário do Exército Popular de Libertação em 2027 e para a modernização básica da defesa nacional e das forças armadas. No que diz respeito à melhoria da liderança do Partido, afirmou: “Devemos adquirir uma compreensão profunda do significado decisivo de estabelecer a posição central do camarada Xi Jinping no Comité Central do Partido e no Partido como um todo e estabelecer o papel orientador do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era”. O comunicado sublinha que a modernização chinesa é a modernização do desenvolvimento pacífico. “Nas relações externas, a China continua firmemente empenhada em prosseguir uma política externa independente de paz e dedica-se a promover uma comunidade humana com um futuro partilhado”, salientou. Riscos e saídas De acordo com o comunicado, o estudo e a implementação dos princípios orientadores da sessão representam uma tarefa política importante para todo o Partido e para a nação, tanto no presente como no futuro. A sessão procedeu a uma análise da situação actual e das tarefas que o Partido enfrenta, apelando a um firme empenho na realização dos objectivos de desenvolvimento económico e social para este ano. É necessário garantir tanto o desenvolvimento como a segurança, devendo ser implementadas várias medidas para prevenir e neutralizar os riscos no sector imobiliário, na dívida das autarquias locais, nas pequenas e médias instituições financeiras e noutros domínios fundamentais, refere o comunicado. De acordo com o comunicado, a sessão decidiu aceitar a demissão do camarada Qin Gang do Comité Central e confirmou a decisão anterior do Bureau Político de expulsar Li Shangfu, Li Yuchao e Sun Jinming do Partido. A sessão contou com a presença de 199 membros efectivos e 165 membros suplentes do Comité Central.
Hoje Macau Via do MeioNotas poéticas de uma visita ao Templo de A-Má Por Cheong Kin Man Chio Tong I (falecido antes de 1777) foi um homem de letras confucianista natural de Macau, descendente de Zhao Yanfang (Chio In Fong), que tomou posse como Mandarim de Hèong-Sán (hoje Zhongshan) em 1386. Argumenta-se que o imperador Taizong (939-997) da dinastia Song (960-1279) é um seu antepassado. Passou uma vida modesta e deixou vários poemas em chinês clássico. Apelidado respeitosamente como “Senhor do Rio do Espelho”, o poeta só foi reconhecido quase um meio século depois da sua morte. No fim de 1828, o seu neto Chio Wan Sin, que exerceu funções na administração provincial, mandou gravar numa pedra do Templo de A-Má um dos poemas deixados pelo seu avô. Eis mais uma tentativa de transpor um poema clássico chinês, desta vez com versos heptassilábicos, num texto dodecassílabo em português: A terra vê a água, fim do sudeste À procura do Zen, vi gemas no portal Portas-Tigre, mil velas, um branco veste, Em Pescoço-de-Galo, jamais é o sol mortal Nas vias sinuosas, sapatos tiveste. Colina esculpida, nome imortal. Flores de ameixeiras, sob rochedo, A primavera r’vem, sem saber mais cedo. O título do poema é “Ascender ao Templo da Percepção do Mar no Mês do Sacrifício às Divindades” (臘月登海覺寺). Pondo-o numa tradução menos literal, aqui falamos de uma “Visita ao Templo de A-Má no Último Mês do Ano (Lunar)”. “Ascender”, porque não se trata de uma visita desierarquizada. É uma ida com respeito, provavelmente também com a intenção de homenagear as divindades. É, sobretudo, uma caminhada à Colina da Barra. Neste artigo estudamos este relato poético cantonense com traduções literais de cada verso, a fim de mais aprofundadamente apreciar uma pitoresca paisagem de Macau do século XVIII. Revelamos algumas curiosidades, da toponímia cantonense analógica sobre os animais, ao uso metafórico da língua clássica chinesa, e daremos um salto a um género de sapatos antigos “flexíveis” feitos para as caminhadas. Percepção do “mar” Os dois grandes caracteres vermelhos “海覺” (Hoi-K’ok), que o Monsenhor Manuel Teixeira se referia como “Percepção do Mar” em português, estão gravados numa grande rocha dentro do templo. O Templo de A-Má não é o único que tem a referência a “Hoi-K’ok” ou “Percepção do Mar”. Um templo com o mesmo nome, mas fundado quase um milénio mais cedo do que o ex-líbris de Macau, na capital histórica da China, Chang’an, onde o mar não se vê, desperta em mim um outro significado ao ler estes dois ideogramas: “o estado de ficar infinitamente iluminado”. Por sua vez, nos primeiros versos do poema que aqui lemos, está destacado um mar de Macau que o templo contempla: 地盡東南水一灣 嵌寶奇石向禪關 A terra vê a água, fim no sudeste À procura do Zen, vi gemas no portal [As terras terminam com uma baía de águas do sudeste O tesouro inserido (no Templo), as (suas) extraordinárias pedras indicam a casa de guarda que acede à iluminação budista (Zen)] O primeiro verso refere-se à localidade do templo. “Sudeste” é uma referência geográfica face a Hèong-Sán, sede do governo imperial (e provincial) chinês que tutelou Macau: a península é sita na direcção sudeste desta cidade chinesa. O segundo verso tem referências mais metafóricas. Compreendemos, aqui neste verso, que os dois caracteres 禪關 (sim kuan em cantonense ou chán guān em mandarim) são uma referência metafórica ao “acesso” ou “passagem fortificada” à “iluminação” religiosa ou espiritual. Nada tem isto a ver com uma fortificação, mas com o facto que a essência do Zen não é algo fácil de aceder. Os mesmos ideogramas, parece-me que, podem indicar igualmente a entrada do templo. Enquanto a magnificência do Templo de A-Má é constatável nos desenhos do quase contemporâneo do poeta em questão, George Chinnery (1774-1852), as rochas, muitíssimo referidas nos documentos sínicos e que ainda hoje vemos, verificam a autenticidade do segundo verso como uma descrição poética da vista e da arquitectura desse templo. Topónimos e animais 虎門雪送千帆白 Portas-Tigre, mil velas, um branco veste (Fu-Mun despede o tão branco de mil velas como neve) Luís Gonzaga Gomes traduz, na primeira versão portuguesa da “Monografia de Macau” de 1950, que o topónimo Fu-Mun (ou Humen em mandarim, a 70 km de Macau) significa “Porta do Tigre” ou, como se constata ao ler os documentos históricos, é também conhecido em português “Boca do Tigre”. “門” (pronunciado “mun” em cantonense) significa não apenas porta(s), mas também, como vemos na toponímia clássica chinesa, uma hidrovia estratégica. O nome “Porta do Tigre” é algo abreviado de “Passagem da Cabeça do Tigre” (traduzida igualmente pelo grande sinólogo macaense). Ainda segundo a mencionada “Monografia de Macau”, as duas Montanhas do Pequeno Tigre (Xiǎohǔ Shān) e do Grande Tigre (Dàhǔ Shān), “parecem-se com duas pérolas incrustadas no seio do mar”. A tradição cantonense diz que estas duas elevações foram imaginadas como um tigre sentado, daí os nomes. Ambas as montanhas, que são igualmente os cúmulos de duas ilhas, testemunham, na observação poética do natural de Macau, a muita circulação de transporte fluvial do século XVIII. Roda veicular: alusão ao sol e à lua 雞頸輪升萬壑殷 Em Pescoço-de-Galo, jamais é o sol mortal [Em Pescoço-de-Galo, a roda (o sol) leve (e faz com que) vermelha uma miríade de vales] No quarto verso, destacamos o caracter 輪 (lon em cantonense ou lún em mandarim), que significa efectivamente roda(s) de um veículo. Para além de ter o significado de sol no chinês clássico, este ideograma designa igualmente a lua (cheia). Isso tem a ver, justamente, com a forma de uma roda “desenhada” na escrita mais antiga chinesa e vê-se mesmo no componente à esquerda do caracter: o radical 車 representa uma tal roda, embora esta, na escrita impressa moderna, tenha a forma de um quadrado. É de notar que, quanto este ideograma visualizador foi inventado, o mais tardar no século XI a.C., a palavra tinha pelo menos duas rodas (redondas) nas suas diversas variantes, 䡛. Não foi até no Século VIII a.C., o mais tardar, que o caracter se foi simplificando, de com duas rodas a uma só roda. O chinês moderno tem, apenas com algumas excepções, símbolos redondos. Entretanto, como a escrita chinesa evoluiu para uma escritura quadrilátera, o caracter 車, representando originalmente uma roda, naturalmente redonda, foi ganhando a forma de quadrângulo igualmente o mais tarde no Século VIII a.C. Onde fica o Pescoço de Galo? Continuamos o tema de nomes de animais na toponímia clássica cantonense. Aqui na tradução do poema, “Pescoço-de-Galo” é um antigo nome cantonense menos conhecido na língua portuguesa. Gonzaga Gomes explica literalmente o termo “雞頸”, Kài-Kèang como “Pescoço da Galinha” ou Kâi-Kêang como “Pescoço do Galo, ou da Taipa” – Sabemos que o ideograma 雞 (kai) não manifesta o género gramatical. “Pescoço-de-Galo” é mais um exemplo de como os cantonenses denominam as localidades ao comparar as suas formas com as imagens de animais. É, segundo a tradição de Macau, uma elevação da ilha da Taipa que se localiza a este, ou melhor a desaparecida ilha que se integrou na Grande Taipa. Originalmente uma ilha à parte, “Pescoço-de-Galo” está ainda hoje nos nomes cantonenses de vários locais na Taipa. A cena das “velas (vistas) de Pescoço-de-Galo” era conhecida, entre a comunidade cantonense, como uma das “dez paisagens” nomeadas pelo co-autor da “Monografia de Macau”, Iân-Kuông-Iâm (1691-1758). Aqui, nos terceiro e quarto versos do poema em causa, o autor Chio Tong I evoca o hoje desaparecido cenário de muitíssimos juncos que passavam pelas águas de Macau, num vermelho do amanhecer. Numa Macau do século XVIII 迴磴人拖單齒屐, 摩崖徑勒有名山。 此來不覺春歸早, 笑指梅花試一攀。 Nas vias sinuosas, sapatos tiveste. Colina esculpida, nome imortal. Flores de ameixeiras, sob rochedo, A primavera r’vem, sem saber mais cedo. [Sinuosos caminhos de pedra! O homem usa sapatos de um só dente Penhascos com (textos de) estudos gravados, vias com inscrições, a famosa colina tem Assim, sem se reparar que a primeira cedo volta Rindo, aponto às flores de ameixeiras, prova-se uma caminhada] Cheong Mei I, vice-presidente da Associação da Literatura Moderna de Macau, e Tang Chon Chit, especialista local de mérito em matéria de poesia clássica cantonense, publicaram em 2020 um livreto em mandarim, “Inscrições em Pedra no Templo de A-Má de Macau” (título português constante na capa). A estudiosa, juntamente com o professor da Universidade de Macau, interpreta que Chio Tong I expressa uma certa identificação com a terra ao relatar o templo e os seus arredores com precisão. No quinto verso, parece que o poeta sobe à colina com um tipo de calçado em madeira, possivelmente tamancos, com dois “dentes” – isto é – dois pedaços de madeira para manter os pés acima do solo. Referidos como chinelos de um só dente no poema, julgo que se trata de antigos calçados com estes dois “dentes” de colocar e retirar: ao subir, sem o pedaço de suporte de frente; ao descer, com a peça de atrás retirada. Explicando-o à minha companheira polaca Marta, ela diz, “eine tragbare Treppe (que uma escada portátil)!” Relativamente ao sexto verso, sabe-se que o mero ideograma 山 (san em cantonense ou shān em mandarim) não diferencia entre colina(s) e montanha(s). Assim, este verso evoca em mim uma vastíssima paisagem. O poema, que parece até agora inédito na língua lusa, é concluído pelos últimos dois versos cuja ordem inverti na tradução poetizada. Ao imaginar o muito apreciado passeio numa primavera simbolizada pelas flores de ameixeiras, fico perdido entre mil vales e num reino de signos, gravados nas pedras da deusa A-Má. * Artista de desconstrução linguística, têxtil e vídeo em colaboração com Marta Stanisława Sala
Hoje Macau SociedadeViolência doméstica | Suspeito pode ser condenado a 15 anos de prisão O Ministério Público (MP) revelou ontem que um homem suspeito de violência doméstica, por agressões à esposa, foi presente a Juiz de Instrução Criminal que lhe aplicou as medidas de coacção de apresentação periódica, de proibição de contactos com a ofendida e de retirada do domicílio. As medidas foram justificadas com a tentativa de evitar “a perturbação da ordem processual e a continuação da prática de actividade criminosa da mesma natureza”. O MP indica que o arguido foi indiciado pela prática do crime de violência doméstica, que implica penas de prisão entre 1 e 5 anos, mas caso se verifiquem circunstâncias agravantes, a pena aplicável poderá ser elevada até 15 anos de prisão. O caso veio a lume no mês passado, porém, as autoridades referem que desde 2022, o arguido terá agredido a ofendida por várias vezes. Em Junho, a violência escalou e o homem empurrou a cabeça da esposa contra uma cadeira, infligindo-lhe múltiplas lesões no corpo. “Durante o incidente, o arguido terá despido à força a roupa da ofendida amarrando-a, com a filmagem de todos estes actos de violência. Posteriormente, a ofendida pediu socorro à polícia”, revelou o MP em comunicado.
Hoje Macau SociedadeCaso BCM | Julgamento foi adiado para Outubro O julgamento do caso do Banco Chinês de Macau (BCM), que tem como principais arguidos a antiga presidente Yau Wai Chu e Liu Wai Gui, foi adiado para Outubro. De acordo com a TDM – Rádio Macau, apesar da sessão ter sido agendada para a manhã de ontem, o colectivo de juízes considerou haver necessidade de adiar o julgamento, dado que o processo cível ainda está a decorrer. O BCM pretende ser compensado por perda de 500 milhões de patacas, devido a esquemas que surgiram na instituição. Segundo o Ministério Público, Liu e Yau criaram empresas fictícias para pedir empréstimos ao banco, assim como o tipo de empréstimos e as quantias. O grupo teria apenas como objectivo cometer fraudes, através da criação de empresas fictícias com recurso a familiares e amigos, que depois pediam o dinheiro emprestado. Aprovados os empréstimos, os fundos eram divididos pelos envolvidos na associação criminosa, uma vez que as obras não eram realizadas. Entre a lista de obras que terão servido como pretexto para requisitar os empréstimos bancários, encontram-se projectos como a expansão do Metro Ligeiro para a Ilha da Montanha, trabalhos nos hotéis The Londoner, The Venetian, Grande Lisboa, MGM e no Wynn. Além de Yau Wai Chu e Liu Wai Gui, a acusação de fraude bancária também envolve a empresária Bobo Ng, directora do jornal Hou Kou, que está em prisão preventiva. Bobo é acusada de ser parceira de longa data e também madrinha de outro alegado líder da associação, Liu Wai Gui.
Hoje Macau Manchete PolíticaMacau nega notícia sobre proibição de entrada de delegação de Palau O Governo rejeitou ontem as declarações do Presidente do Palau a um jornal japonês a denunciar a proibição de entrada de uma delegação do país oceânico na região chinesa por manter relações com Taiwan. “A notícia veiculada é inverídica”, disse o gabinete do secretário para a Segurança à agência Lusa, referindo-se às declarações feitas ao jornal japonês Nikkei. A assessoria de Wong Sio Chak não clarificou à Agência Lusa se considera a notícia inverídica por não ter havido recusa de vistos de entrada no território ou se considera a notícia inverídica porque a recusa foi explicada com outra razão que não as relações de Palau com Taiwan. O gabinete do secretário para a Segurança acrescentou que “os serviços competentes não têm informações a transmitir nesse âmbito”. Na entrevista, publicada na terça-feira, o Presidente da República de Palau, Surangel Whipps, citou a proibição de entrada de uma delegação do país em Macau como exemplo da crescente pressão da China sobre uma das poucas nações do Pacífico que mantém relações com Taiwan. Surangel Whipps disse que em Maio uma delegação de Palau viu recusados os vistos de entrada em Macau para participar numa conferência internacional de agentes de viagens. Novo nível As autoridades justificaram a decisão devido às relações de Palau com Taiwan, referiu o dirigente ao jornal nipónico. “Nunca vimos isto antes”, afirmou. “No que diz respeito aos laços económicos e a tudo isso, nunca houve qualquer problema no passado, mas isto é uma espécie de novo nível quando se trata de turismo ou de tentar impedir oportunidades”, relatou. Macau tem três voos semanais para Koror, no arquipélago de Palau, uma ligação realizada pela Cambodia Airways, de acordo com a página oficial do Aeroporto de Macau. Surangel Whipps fez declarações ao jornal japonês à margem da participação na Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico (PALM10), que arrancou na terça-feira em Tóquio e na qual participam 18 líderes de nações desta região.
Hoje Macau PolíticaCódigo QR | Recurso permite passagem para Hong Kong A partir de hoje, os residentes de Macau pode atravessar a fronteira para Hong Kong com recurso à utilização de um código QR, em vez de terem de apresentar o bilhete de identidade de residente em formato físico. A medida foi apresentada ontem numa conferência realizada pelas autoridades de Macau e Hong Kong e também se aplica aos residentes da RAEHK. Antes de utilizarem o Código QR, os residentes têm de realizar um registo para atravessarem as portas automáticas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o director da Direcção dos Serviços de Identificação, Chao Wai Ieng, destacou que a nova medida pode aumentar a conveniência para os residentes de ambas as partes e promover um maior intercâmbio a nível das pessoas, actividades económicas e fomentar o desenvolvimento do turismo e das convenções e exposições. Por seu turno, Benson Kwok Joon Fung, director do Departamento de Imigração de Hong Kong, revelou que cerca de 2,5 milhões de residentes de Hong Kong fizeram o registo para utilizarem a passagem automática em Macau. O Código QR é feito através da Conta Única e é um mecanismo que actualmente já se usa para as deslocações para o Interior.
Hoje Macau China / ÁsiaBanguecoque | Seis estrangeiros encontrados mortos num hotel Seis estrangeiros foram encontrados mortos num quarto de um hotel de luxo no centro de Banguecoque, com as análises ao sangue a mostrarem vestígios de cianeto, disseram ontem as autoridades policiais tailandesas. “Gostaríamos de confirmar que um dos seis mortos está por trás deste incidente, usando cianeto”, declarou o vice-comandante da polícia de Banguecoque, responsável pelas investigações, em conferência de imprensa. “Estamos convencidos de que uma das seis pessoas encontradas mortas cometeu este crime”, sublinhou Noppasil Poonsawas. Já o chefe da divisão forense da polícia tailandesa, Trairong Piwpan, disse que havia vestígios de cianeto nos copos e garrafas térmicas encontrados no quarto. O motivo do crime estará relacionado com dívidas, ainda de acordo com Noppasil Poonsawas. Os corpos dos seis estrangeiros, todos oriundos do Vietname e dois dos quais com nacionalidade norte-americana, foram encontrados na terça-feira numa suíte de um hotel no centro turístico de Banguecoque. As circunstâncias das mortes alimentaram vários rumores e meios de comunicação social sugeriram inicialmente um tiroteio. Sobre o sucedido, o primeiro-ministro tailandês, Srettha Thavisin, falou de “um assunto privado” não relacionado com “um roubo” ou uma questão de “segurança nacional”. O líder tailandês garantiu que a tragédia não vai afetar o turismo, sector vital para a economia do país asiático, com um crescimento fraco após a pandemia da covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaEmpresário que já foi o homem mais rico da China condenado por fraude nos EUA Guo Wengui, um empresário chinês auto-exilado nos EUA e que já foi considerado o homem mais rico da China, foi condenado na terça-feira por fraude massiva, que se prolongou por anos e afectou muitos dos seus apoiantes. As suas críticas ao Partido Comunista Chinês granjearam-lhe legiões de seguidores nas redes sociais e amigos poderosos no movimento conservador norte-americano. Detido em Nova Iorque, em Março de 2023, Guo foi acusado de promover uma série de negócios fraudulentos, desde 2018. Ao longo de sete semanas de julgamento, foi acusado de enganar milhares de pessoas que investiram em projetos fictícios, usando o dinheiro para manter um estilo de vida luxuoso. Guo deixou a China em 2014, durante uma campanha anti-corrupção que envolveu pessoas das suas relações, incluindo um dirigente dos serviços de informações. As autoridades chinesas acusaram-no de violação, rapto, corrupção e outros crimes, mas Guo disse que as acusações eram falsas. Adiantou que estas acusações eram feitas para o punir por revelar publicamente a corrupção na China, através das suas críticas a dirigentes do Partido Comunista. Golfe e Trump Depois, solicitou asilo político nos EUA; mudou-se para um luxuoso apartamento, com vista para o Central Park, e entrou para o clube de golfe de Donald Trump, em Mar-a-Lago, no Estado da Florida. A viver em Nova Iorque, Guo desenvolveu uma relação de proximidade com o ex-estratega político de Trump, Steve Bannon. Em 2020, Guo e Bannon anunciaram uma iniciativa conjunta para derrubar o governo chinês. Os procuradores avançaram que centenas de milhares de investidores foram convencidos a aplicar mais de mil milhões de dólares em entidades controladas por Guo.
Hoje Macau EventosCinema | Salvador Sobral junta-se como actor ao novo filme de João Nicolau O realizador João Nicolau inicia este mês a rodagem do filme “A Providência e a Guitarra”, apresentado como “um mergulho nas agruras e deleites da vida artística”, revelou a produtora “O Som e a Fúria”. A longa-metragem inspira-se num conto do escritor britânico Robert Louis Stevenson e é protagonizada por Pedro Inês, Clara Riedenstein e pelo músico Salvador Sobral, aos quais se juntam, entre outros, Américo Silva e José Raposo. A ficção “conta a odisseia de um casal de artistas ambulantes que chega a uma pequena vila para apresentar o seu espectáculo de variedades. Em paralelo, na actualidade, uma promissora banda de rock entra em declínio motivado pelas divergências pessoais e artísticas do grupo”, refere a produtora em informação enviada à Lusa. Na sinopse, o realizador João Nicolau explica que o filme tem como ponto de partida um conto de Stevenson, publicado no final do século XIX, e é “um mergulho nas agruras e deleites da vida artística e uma exploração das suas consequências nas relações conjugais e sociais”. “A providência e a guitarra” é uma produção de “O Som e a Fúria”, com apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual e da RTP. Músico, montador e realizador, João Nicolau fez em 2006 a curta-metragem “Rapace”, seguindo-se o premiado “Canção de amor e saúde” (2009). Presença regular em festivais internacionais, nomeadamente Cannes, Locarno e Veneza, João Nicolau fez a primeira longa-metragem, “A espada e a rosa”, em 2010, seguindo-se “John From” (2015) e “Technoboss” (2019), que esteve em competição em Locarno.
Hoje Macau EventosCreative Macau | “Verso-Único” é a nova exposição de Aya Lei É inaugurada este sábado mais uma exposição na galeria da Creative Macau. “Unique-Verse” [Verso-Único], da autoria da artista local Aya Lei, trata-se de uma colecção de desenhos e ilustrações em que o universo familiar da própria autora se mistura com a criatividade Aya Lei, artista local, está de regresso às exposições com “Unique-Verse” [Verso-Único], uma mostra de ilustração que será inaugurada este sábado às 17h e que pode ser vista pelo público na galeria da Creative Macau até 17 de Agosto. Segundo um comunicado da organização, “Unique-Verse” retrata um universo muito próprio da artista cujo trabalho se centra no género ilustração. “Universo, que significa tempo e espaço no conceito chinês, é um mundo. Se a minha vida é limitada, espero poder torná-la mais alegre com a minha família, que me pode trazer ideias únicas com diversão e prazer”, começa por explicar a artista, citada pela mesma nota. Muitos dos trabalhos apresentados por Aya Lei reflectem “o desenho das filhas” que mostram à artista “possibilidades interessantes”. “É uma verdadeira inspiração para as minhas criações e também um grande prazer para mim”, frisou. Aya Lei é uma artista de banda desenhada e ilustradora residente em Macau. É autodidacta e há muitos anos que desenvolveu uma grande paixão pelo desenho. Tem-se dedicado ao design gráfico e à pintura. Os seus trabalhos publicados incluem as bandas desenhadas “Ever Eternal”, lançado em 2013, “A Book of DREAMS”, de 2015 e “A Song of Roaring Lion”, publicado em 2019. A artista lançou ainda, em 2014, o livro de imagens “Grillia’s Cage” e a ilustração Ever Green, em 2018. Ilustrar por aí Sendo membro da Creative Macau, Aya Lei tem participado numa série de exposições colectivas da entidade. Em 2021, o seu nome fez parte de “Sentimental Attachment – Drawings & Illustrations”, uma exposição conjunta com Heidi Ng, Lan Chiang, Lo Yuen Yi, Madalena Fonseca e Ioklin Ng. Aqui, o desafio lançado aos seis artistas participantes consistiu em “trazerem para a exposição a sua experiência no desenho e na ilustração, inspirados pelo tema e pela familiaridade conseguida em ambas as áreas”. Aya Lei tem uma carreira que passa também pela China, Hong Kong e Taiwan, tendo feito recentemente algumas exposições individuais, nomeadamente “ITO”, “Tóquio Japão”, em 2017, “Illusion of Dream”, em que a autora se debruçou sobre o universo de Manga nos seus trabalhos artísticos, e apresentada em 2019. Finalmente, “Roude e Terra – Colecção de Ilustração de Aya Lei”, foi apresentada ao público em 2020.
Hoje Macau China / Ásia20 autocarros de condução autónoma em Shenzhen A cidade de Shenzhen, no sudeste da China, vai colocar em operação 20 autocarros de condução autónoma, durante este ano, informou ontem a imprensa local, ilustrando os avanços da China nesta tecnologia emergente. O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, disse terem sido já aprovadas quatro rotas de autocarros autónomos, que deverão ser lançadas oficialmente até ao final do mês, com um custo de 1 yuan por viagem. As rotas vão abranger estações de metro, zonas comerciais e residenciais, distritos empresariais, parques industriais e locais de interesse paisagístico, detalhou a mesma fonte. Os autocarros, sem condutor, estão equipados com câmaras de alta definição a bordo, radar de ondas milimétricas e tecnologia de sensoriamento remoto LiDAR, para uma percepção precisa de 360 graus dos veículos circundantes, peões, veículos não motorizados e alterações nas condições da estrada. Durante a operação, os veículos podem reconhecer com precisão as marcações da faixa de rodagem e os semáforos, efectuar manobras de ultrapassagem e lidar eficazmente com vários cenários de condução urbana difíceis, incluindo executar com segurança viragens à esquerda desprotegidas em cruzamentos sem semáforos, navegar em cruzamentos com tráfego misto de peões e veículos, identificar e ceder a passagem a veículos que estejam a invadir a faixa de rodagem e áreas de construção ou dar passagem a peões e parar com precisão nas estações. Em Jinan, a capital da província de Shandong, no leste da China, o primeiro lote de autocarros sem condutor começou já a funcionar em regime experimental para recolher dados cartográficos, de acordo com a imprensa local. Jinan introduziu um total de quatro autocarros sem condutor, devendo o primeiro veículo realizar 240 horas ou mil quilómetros de teste em estrada e outros trabalhos preliminares depois de completar a recolha de mapas e antes de entrar em operação. IA devagar A 3 de Julho, os reguladores chineses divulgaram uma lista de áreas-piloto para aplicação da rede que integra veículos inteligentes, estradas inteligentes e tecnologias em nuvem em tempo real, tendo sido seleccionadas 20 cidades, incluindo Jinan e Shenzhen. Xangai, a “capital” financeira da China, também deve começar a testar veículos autónomos já na próxima semana, oferecendo viagens gratuitas aos residentes durante o período experimental. A entrada em operação dos autocarros ocorre duas semanas depois de um carro de condução autónoma do grupo chinês de tecnologia Baidu ter atropelado um peão em Wuhan, no centro da China, que estava alegadamente a atravessar a rua com sinal vermelho. Em comunicado, o Baidu afirmou que o carro começou a andar quando o semáforo ficou verde e teve um pequeno contacto com o peão. A pessoa foi levada para um hospital onde um exame não detectou ferimentos, acrescentou a empresa. O Baidu, sediado em Pequim, é líder no desenvolvimento da condução autónoma na China. A maior operação de “robotáxi”, com uma frota de 300 carros, está em Wuhan. O Apollo Go, como é chamado o serviço de transporte de passageiros, também opera em partes mais limitadas de três outras cidades chinesas, Pequim, Shenzhen e Chongqing. Em Maio, a empresa lançou a sexta geração do táxi sem condutor, afirmando ter reduzido o custo unitário em mais de metade, para menos de 30.000 dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping pede ao PCC “fé inabalável” na sua estratégia económica O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ao Partido Comunista que demonstre “fé e empenho inabaláveis” na sua estratégia, à medida que tenta reorientar o país para a inovação e produção de “alta qualidade” em setores emergentes. As afirmações de Xi foram publicadas pelo principal jornal teórico do Partido Comunista (PCC) numa altura em que decorre em Pequim o terceiro plenário do 20.º Comité Central, o órgão máximo dirigente do país, composto por líderes do governo, exército e de nível provincial. No artigo difundido pelo jornal Qiushi, sob o título “Manter a autoconfiança e a autossuficiência”, Xi apelou aos membros do PCC que demonstrem uma “fé inabalável e um empenhamento na via de desenvolvimento que a China traçou para si própria”. O líder chinês advertiu que não existe uma “solução pronta” ou um “manual de instruções estrangeiro” que possa ser seguido. “As perspectivas de desenvolvimento da China são brilhantes, e nós acreditamos e temos confiança”, vincou. Para os analistas chineses, o actual abrandamento da segunda maior economia mundial é consequência da determinação de Xi de abandonar um modelo de crescimento assente no endividamento. Na última década, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, cerca de cem aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média em centenas de milhões de pessoas. Mas este modelo gerou um excesso de investimento em todo o tipo de projectos de construção sem capacidade de gerarem retorno. Na visão do líder chinês mais forte das últimas décadas, a China deve agora alcançar um crescimento “genuíno” e converter-se numa potência industrial e tecnológica de nível mundial, com uma economia assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos. Xi pediu que o país se concentre em objectivos de longo prazo, “em vez de visar apenas riqueza material a curto prazo”. Um artigo difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua descreveu Xi como “outro reformador extraordinário do país, depois de Deng Xiaoping”, referindo que os dois líderes “enfrentaram circunstâncias históricas surpreendentemente diferentes”. Alguns dos planos do líder chinês estão a ser cumpridos: a China ultrapassou, em 2023, o Japão como o maior exportador de automóveis do mundo e a transição energética a nível global depende dos painéis solares, turbinas eólicas e baterias produzidas no país.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | Hamas e outras milícias palestinianas reúnem-se em Pequim A reunião patrocinada pelo Governo chinês, e que tenta unir os diversos movimentos palestinianos através do diálogo, terá lugar na capital do país nos próximos dias 21 e 22 deste mês O grupo islamita Hamas, que controla de facto a Faixa de Gaza, disse ontem que aceitou um convite do Governo chinês para se reunir em Pequim com outras facções palestinianas para discutir o futuro do enclave no pós-guerra. “O Hamas e as facções palestinianas receberam um amável convite da República Popular da China para realizar uma reunião entre facções nos dias 21 e 22 deste mês”, declarou, em comunicado, Husam Badran, membro do gabinete político do Hamas e chefe do seu gabinete de relações internacionais. O grupo islamista “respondeu com espírito positivo e responsabilidade nacional a este convite, a fim de alcançar uma unidade nacional que corresponda ao povo palestiniano e aos seus sacrifícios e heroísmo”, especialmente no actual contexto de guerra, acrescentou. De acordo com Badran, está prevista apenas uma reunião de grupo e não reuniões bilaterais. Na terça-feira, o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês sublinhou a sua disponibilidade para “fornecer uma plataforma e criar oportunidades para as facções palestinianas se reconciliarem e dialogarem”, mas não confirmou a reunião. O Hamas e o partido secular Fatah, que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada através da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), reuniram-se na capital chinesa em Abril, altura em que os dois movimentos sublinharam a necessidade de avançar para a “unidade nacional” e acabar com a divisão entre as facções palestinianas. O Hamas e a Fatah estão em conflito desde 2007, altura em que o Hamas expulsou as forças da Fatah da Faixa de Gaza, dissolveu o executivo conjunto e tomou o poder pela força, depois de ter vencido as eleições legislativas um ano antes. Vários mediadores, incluindo o Egipto, a Arábia Saudita, o Qatar e a Rússia, tentaram intervir para pôr fim à divisão que se mantém desde então. Controlo entregue Em Fevereiro, o governo da ANP demitiu-se, invocando a necessidade urgente de “um consenso palestiniano” capaz de substituir o Hamas na Faixa de Gaza. Embora Israel se oponha tanto ao regresso da ANP a Gaza após o fim da guerra como à criação de um Estado palestiniano, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou, num projecto de plano pós-guerra, que o controlo civil de Gaza caberia a responsáveis locais afastados de “países ou entidades que apoiam o terrorismo”. Os Estados Unidos – mediadores da guerra, juntamente com o Qatar e o Egipto – afirmam ser favoráveis a uma entidade reformada apoiada pelos palestinianos. A guerra eclodiu a 7 de Outubro de 2023, na sequência de um ataque do Hamas a Israel que causou cerca de 1.200 mortos e 251 sequestrados. Desde então, as forças israelitas têm atacado incessantemente a Faixa de Gaza, onde mais de 38.700 pessoas foram mortas e mais de 88.000 ficaram feridas. Não é a primeira vez que a China intervém como mediador num conflito na região: no ano passado, mediou um acordo entre o Irão e a Arábia Saudita para o restabelecimento das relações diplomáticas.
Hoje Macau SociedadeCâmbio ilegal | Mulher roubada e sequestrada Uma mulher que fazia trocas ilegais de dinheiro foi sequestrada e roubada por dois homens oriundos do Interior da China que gastaram o dinheiro no jogo. Segundo o jornal Ou Mun, o caso ocorreu esta terça-feira, quando os dois suspeitos contactaram a mulher com o pretexto de trocarem um milhão de dólares de Hong Kong. A vítima levou o dinheiro para um quarto de hotel num empreendimento de jogo, conforme combinado. Porém, ao entrar no quarto, foi ameaçada com uma faca, tendo um dos suspeitos levado as fichas de jogo que a mulher tinha consigo no valor de 590 mil dólares de Hong Kong. Um dos agressores foi jogar no casino enquanto o outro mantinha a vítima presa no quarto. Meia hora depois do roubo, o suspeito já tinha perdido todo o dinheiro no jogo e voltou ao quarto, tendo tirado mais 1,12 milhões de dólares de Hong Kong que a mulher tinha consigo, dinheiro que também acabou por perder. Quando um dos homens levou a mulher para o casino em busca do companheiro, esta aproveitou para tentar fugir e resistir ao sequestro, Agentes policiais, que se encontravam fora do casino, aperceberam-se da situação e actuaram detendo os suspeitos. O caso já se encontra no Ministério Público para posterior investigação, podendo estar em causa os crimes de roubo, sequestro e posse de arma proibida.
Hoje Macau SociedadeIPIM | Investimentos criaram 817 postos de trabalho Nos primeiros seis meses do corrente ano, o “Serviço One–Stop para Investidores” do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) acompanhou projectos responsáveis pela criação de 817 postos de trabalho e um investimento de 1,32 mil milhões de patacas. A informação foi divulgada através de uma nota de imprensa do IPIM, que destaca que o investimento nos primeiros seis meses foi “maior do que o montante efectivamente investido em todo o ano de 2023”. O montante do ano passado não foi referido no comunicado. Ainda de acordo com a mesma fonte, na primeira metade do ano, o IPIM recebeu 199 novos projectos de investimento, mas apenas 153 foram acompanhados durante a implementação. No comunicado, o IPIM considera que a situação actual “demonstra que os investidores têm confiança no ambiente de negócios e nas perspectivas do desenvolvimento de Macau”. Em relação à segunda metade do ano, o IPIM promete estar “empenhado em potenciar as suas funções” através das actividades de “promoção de investimento, convenções e exposições, bem como serviços comerciais entre a China e os países de língua portuguesa”. A instituição apontou também que no segundo semestre deste ano, os trabalhos prioritários consistem em “captar negócios e investimentos com medidas proactivas, realização de exposições e em parcerias”. O IPIM promete assim “realizar visitas a empresas das nove cidades da Grande Baía, atrair para Macau mais actividades de convenções e exposições de alta qualidade, bem como coordenar delegações para visitas aos países lusófonos”.
Hoje Macau PolíticaSaúde | Tratados 157 idosos com próteses dentárias Desde o lançamento do projecto de próteses dentárias para idosos, em 2019, 157 pessoas concluíram o tratamento. O número foi adiantado por Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SS), na resposta a uma interpelação escrita do deputado Nick Lei. Em relação à saúde oral, Lo começou por explicar que o programa deu “prioridade aos idosos com idade igual ou superior a 80 anos, ou com dificuldades económicas”, sendo concretizado com o pagamento de um subsídio. Todavia, ao longo deste ano espera-se que seja alargado até às pessoas com 65 anos, o que vai garantir “a cobertura total da população idosa”. O director dos SS afirmou igualmente que os “idosos demoram cerca de cinco meses, em média, desde a transferência até à conclusão da implantação da prótese dentária”. Sobre a rede de saúde oral para idosos, os SS destacaram que os “cuidados de saúde públicos, dispõem de sete centros de saúde que prestam serviços gratuitos de consulta externa de saúde oral aos residentes” e “serviços de consulta dentária gratuitos aos idosos”, através do financiamento às instituições médicas sem fins lucrativos. Como parte dos cuidados de saúde disponibilizados, Alvis Lo também indicou os vales de saúde, que financiam os residentes com 600 patacas para cuidados médicos em clínicas privadas ao longo de dois anos. O director dos SS sublinhou igualmente que desde este ano os vales podem ser utilizados à Zona de Cooperação Aprofundada na Ilha da Montanha.
Hoje Macau PolíticaCAECE | UPM e Fórum Macau entre locais das assembleias de voto A Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE) publicou ontem os locais das assembleias de voto para a eleição dos membros do colégio eleitoral que irá escolher o Chefe do Executivo. Assim sendo, as assembleias de voto para os sectores industrial, comercial e financeiro e o subsector educacional vão ficar no pavilhão polidesportivo da Universidade Politécnica de Macau, enquanto o local das assembleias de voto dos subsectores cultural e do trabalho será na Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional. Já as assembleias de voto dos subsectores profissional, desportivo e dos serviços sociais vão ficar localizadas no Fórum de Macau. Para além dos locais referidos, a CAECE escolheu ainda a Escola Cham Son de Macau como local alternativo de votação. As assembleias de voto funcionarão entre as 09h e as 18h de 11 de Agosto. Os eleitores são pessoas colectivas inscritas, nos termos da Lei do Recenseamento Eleitoral, para os sectores e subsectores a que pertencem. Cada pessoa colectiva tem direito a um máximo de 22 votos, exercidos por outros tantos votantes (no máximo 22) escolhidos de entre os membros dos órgãos de direcção ou de administração.
Hoje Macau Manchete PolíticaPalau | Presidente diz que delegação foi barrada em Macau O Presidente de Palau, Surangel Whipps, citou a proibição de entrada de uma delegação do país em Macau como exemplo da crescente pressão da China sobre uma das poucas nações do Pacífico que mantém relações com Taiwan Em entrevista ao jornal japonês Nikkei, Surangel Whipps citou um caso ocorrido em Maio, quando uma delegação de Palau viu recusados os vistos de entrada em Macau para participar numa conferência internacional de agentes de viagens. As autoridades justificaram a decisão devido às relações de Palau com Taiwan. “Nunca vimos isto antes”, afirmou. “No que diz respeito aos laços económicos e a tudo isso, nunca houve qualquer problema no passado, mas isto é uma espécie de novo nível quando se trata de turismo ou de tentar impedir oportunidades”, relatou. O Presidente de Palau referiu também um ciberataque realizado este mês contra os serviços fronteiriços e aduaneiros do seu país, que se suspeita ter tido origem em Pequim, como outro exemplo de retaliação chinesa. Surangel Whipps fez declarações ao jornal japonês à margem da sua participação na Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico (PALM10), que arrancou na terça-feira, e termina hoje, em Tóquio e na qual participam 18 líderes de nações desta região. Para além das relações com Taiwan, Palau tem um acordo de parceria de segurança com os Estados Unidos, que fornece assistência económica e de defesa em troca do acesso das suas tropas ao território do país insular. Intromissão online No mês passado, o governo de Palau alegou ter sido alvo de um ciberataque em grande escala que resultou no roubo de milhares de documentos oficiais, um incidente que, segundo Whipps, foi atribuído por especialistas à China. Outro ciberataque recente, este mês, contra o sistema nacional de alfândegas tinha como objectivo impedir a chegada de turistas estrangeiros a Palau, acrescentou. Este ataque foi repelido porque Palau reforçou recentemente a sua segurança cibernética com a ajuda de vários países, incluindo a Austrália e o Japão, explicou. Whipps disse que, embora não pudesse “confirmar totalmente” que o ataque informático estava ligado à China, “tudo indica que sim”. A cimeira dos líderes do Pacífico abordará desafios comuns, incluindo a libertação no mar de água tratada da central nuclear de Fukushima, propensa a acidentes, e a crescente influência da China na região.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Segurança e clima no Fórum das Ilhas do Pacífico O Japão recebeu ontem os líderes das ilhas do Pacífico para uma cimeira de três dias dedicada a questões que vão desde a subida do nível do mar até à segurança. Tóquio deverá prometer assistência às ilhas numa série de domínios, desde a segurança marítima e os cuidados de saúde à educação e à adaptação aos riscos climáticos, mas também está a tentar tranquilizar os vizinhos do Pacífico sobre a descarga de águas residuais tratadas da central de Fukushima, indicou o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, sobre uma questão que preocupa os países-membros do Fórum das Ilhas do Pacífico. Com o apoio dos Estados Unidos, o Japão intensificou a cooperação em matéria de defesa nesta região do Pacífico muito disputada, onde a China também oferece assistência em matéria de segurança e de infraestruturas. Em 2022, Pequim assinou um pacto de segurança, mantido em segredo durante algum tempo, com as Ilhas Salomão. No final da 10.ª Cimeira Trienal de Líderes das Ilhas do Pacífico, na quinta-feira, Tóquio e dos 18 membros do Fórum das Ilhas do Pacífico, incluindo a Nova Caledónia e a Polinésia Francesa deverão apresentar uma declaração conjunta.
Hoje Macau China / ÁsiaCuba | Diplomata norte-coreano deserta para a Coreia do Sul Um diplomata norte-coreano colocado em Cuba desertou para a Coreia do Sul em Novembro, poucos meses antes de Seul e Havana estabelecerem relações diplomáticas, noticiou ontem o jornal sul-coreano Chosun Daily. Ri Il-kyu estava encarregado dos assuntos políticos na embaixada de Pyongyang em Cuba desde 2019 e tinha como missão “obstruir o estabelecimento de relações diplomáticas entre a Coreia do Sul e Cuba”, de acordo com o diário. Ri desertou para a Coreia do Sul com a mulher e os filhos no início de Novembro, sendo o diplomata norte-coreano de mais alto nível conhecido a desertar para o Sul desde que Thae Yong-ho, vice-embaixador de Pyongyang em Londres, fugiu em 2016, acrescentou. Os Ministérios da Unificação e dos Negócios Estrangeiros sul-coreanos disseram não poder confirmar a deserção. Em entrevista ao Chosun Daily, Ri disse ter decidiu desertar depois de Pyongyang ter rejeitado o pedido para tratamento médico no México devido a um ferimento, embora não tenha podido receber o tratamento necessário em Cuba devido à falta de equipamento especializado. O jovem também alegou ter sido objecto de relatórios de avaliação injustos, depois de ter rejeitado um pedido de suborno de um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano. “Todos os norte-coreanos pensam, pelo menos uma vez, em viver na Coreia do Sul”, afirmou ao Chosun Daily. “A desilusão com o regime norte-coreano e um futuro sombrio levaram-me a considerar a possibilidade de desertar”, considerou.
Hoje Macau China / ÁsiaEmpresas chinesas processadas por fazerem testes de gravidez ilegais a candidatas a empregos O Ministério Público de uma cidade do leste da China processou 16 empresas que pediam às mulheres que se submetessem a testes de gravidez antes de serem contratadas, informou ontem a imprensa local. A procuradoria do distrito de Tongzhou, na cidade de Nantong, na província de Jiangsu, começou a investigar o caso após ter sido informada no início deste ano. O artigo não refere se foram aplicadas multas, mas as empresas podem ser sancionadas até 50.000 yuan por discriminação sexual se se recusarem a corrigir o seu comportamento, de acordo com a lei chinesa. Dois hospitais e um centro de exames físicos também foram apanhados na investigação, que descobriu que 168 testes de gravidez tinham sido efectuados a candidatas a emprego em nome de 16 empresas. Os hospitais afirmaram que as mulheres afectadas não tinham sido avisadas por escrito da realização dos testes, tendo-lhes sido dados avisos orais deliberadamente vagos. No entanto, os procuradores afirmaram que os registos de recrutamento e de seguro do pessoal das empresas sugeriam que as mulheres tinham sido testadas para verificar se estavam grávidas, acrescentando que, pelo menos num caso, uma mulher que se descobriu estar à espera de bebé não foi contratada. A mulher acabou por ser contratada mais tarde e recebeu uma indemnização depois de a empresa ter sido advertida. “Podemos especular, a partir destas provas, que os testes de gravidez eram exigidos por estas empresas e que violavam o direito das mulheres à igualdade de oportunidades de trabalho”, afirmaram os procuradores. A lei chinesa proíbe explicitamente as empresas de fazerem testes de gravidez como parte dos exames físicos prévios à contratação, mas muitos empregadores estão preocupados com o custo dos subsídios de maternidade. A lei varia de província para província, mas as novas mães na China têm direito a uma licença de maternidade até seis meses. País envelhecido O caso surge numa altura em que o país asiático enfrenta uma queda acelerada no número de nascimentos. Segundo dados oficiais, em 2023, a população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas, a segunda queda anual consecutiva, face à descida dos nascimentos e aumento das mortes, após o fim da estratégia ‘zero casos’ de covid-19. O número marca o segundo ano consecutivo de contração, depois de a população ter caído 850.000 em 2022, quando se deu o primeiro declínio desde 1961. A queda e o envelhecimento da população estão a preocupar Pequim, à medida que privam o país de pessoas em idade activa necessárias para manter o ímpeto económico. A crise demográfica, que chegou mais cedo do que o esperado, está já a afectar o sistema de saúde e de pensões, destacaram observadores. O número de nascimentos no país asiático caiu de 17,86 milhões, em 2016, para 9,02 milhões, em 2023, uma queda superior a 50 por cento.
Hoje Macau EventosLivros | Mia Couto vence Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca O escritor moçambicano Mia Couto foi distinguido por unanimidade com o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca da Associação Portuguesa de Escritores (APE) pelo livro “Compêndio para desenterrar nuvens”, anunciou ontem a organização. A obra, editada pela Caminho, é constituída por vinte e duas histórias que abordam o calvário de pessoas, com especial atenção às vozes femininas, às “suas vidas fragmentadas” pela guerra, fome, secas e “tóxicas relações de poder”, segundo comunicado da APE. O júri, constituído por Fernando Batista, Mário Avelar e Paula Mendes Coelho, destacou, sobre a obra, a forma como Mia Couto, “misturando sabiamente o código realista e o código imaginário sem nunca esquecer o registo lírico, continua a denunciar as injustiças de onde quer que elas venham, sem deixar de nos alertar, ainda que em tom geralmente irónico, para novas submissões, novas ameaças bem perniciosas”. O Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, instituído em 2023 pela Associação Portuguesa de Escritores, e patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais e Fundação D. Luís I, destina-se a galardoar anualmente uma obra de contos em português.