Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Chefe militar diz que golpe de segunda-feira era “inevitável” O chefe das Forças Armadas do Myanmar (antiga Birmânia), Min Aung Hlaing, que passou a concentrar o essencial dos poderes, considerou ontem que o golpe de Estado militar de segunda-feira era “inevitável”. “Este desfecho era inevitável para o país e foi por isso que o escolhemos”, declarou o general Min Aung Hlaing segundo a página oficial das Forças Armadas na rede social Facebook, um dia após o golpe de estado condenado pelos principais atores internacionais. As declarações do responsável militar coincidiram com um endurecimento da posição dos Estados Unidos, que hoje acusou os militares birmaneses de terem perpetrado um “golpe de estado”, implicando uma redução da ajuda norte-americana, apesar de o chefe militar continuar aparentemente a ignorar as condenações internacionais e os apelos à libertação da líder do Governo civil, Aung San Suu Kyi. “Após uma análise cuidadosa dos factos e circunstâncias, chegamos à conclusão de que Aung San Suu Kyi, a líder do partido governante em Myanmar, e Win Myint, o Presidente do Governo eleito, foram depostos num golpe” na segunda-feira, disse um oficial do Departamento de Estado norte-americano. Os Estados Unidos anunciaram também que irão limitar a ajuda pública ao Governo de Myanmar, que fica “automaticamente interrompida”. O exército prendeu na segunda-feira a chefe do Governo civil de Myanmar, Aung San Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais. Os militares acusaram a comissão eleitoral de não ter sanado as “enormes irregularidades”, que segundo eles ocorreram durante as eleições legislativas de novembro, vencidas por esmagadora maioria pelo partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND, na sigla em inglês), no poder desde 2015. Para além da interrupção da ajuda financeira a Myanmar, o Governo norte-americano fará também cortes na colaboração em diversos programas de ajuda internacional.
Hoje Macau PolíticaHabitação | Afastada revisão da lei sobre mediação imobiliária “Até ao momento, o Governo da RAEM não pondera a alteração da legislação vigente”, indicou o presidente do Instituto de Habitação (IH), Arnaldo Santos. A informação foi dada em resposta a uma interpelação escrita de Si Ka Lon, que defendeu uma revisão da Lei da Actividade de Mediação Imobiliária para “erradicar a concorrência desleal”. No entender do deputado, a falta de regulamentação sobre a cobrança de comissões permite situações de concorrência desleal, dando como exemplos situações de descontos e reembolso de comissões. O IH defendeu que a comissão “é definida livremente entre o mediador imobiliário e o cliente”, devendo os dados desse valor, das despesas acordadas e forma de pagamento constar do contrato. Por outro lado, Arnaldo Santos indicou que desde a entrada em vigor da lei, em 2013, até ao final de 2020, o IH aplicou sanções em 12 casos de exercício de actividades de mediação imobiliária sem licença válida. Também não é colocada a hipótese de alterar o regime para requerer a licença, tendo o responsável afirmado que as formalidades têm vindo a ser simplificadas e que devido ao Governo Electrónico já não é necessário apresentar o documento comprovativo do exame de habilitação técnico-profissional.
Hoje Macau China / ÁsiaAlto diplomata chinês apela a melhoria das relações com os Estados Unidos O mais alto quadro da diplomacia chinesa apelou a melhores relações com os Estados Unidos, ressalvando que Washington deve “respeitar efectivamente a posição e as preocupações da China na questão de Taiwan”. O chefe do gabinete do Partido Comunista para os assuntos externos, Yang Jiechi, disse que os dois países têm diferenças entre si, mas que não devem permitir que isso atrapalhe as relações. Em comentários no influente Comité Nacional dos EUA sobre as relações bilaterais, Yang deu continuidade ao tom positivo que a China está a adotar em relação à nova administração norte-americana, após um deteriorar das relações, durante o mandato do ex-presidente Donald Trump. As relações deterioram-se rapidamente, face a uma prolongada guerra comercial e disputas sobre o estatuto de Hong Kong ou Taiwan, ilha que Pequim considera ser uma província chinesa, apesar de actuar como entidade política soberana. “A China e os Estados Unidos são dois grandes países com histórias, culturas e sistemas diferentes e, portanto, têm diferenças em algumas questões. É crucial geri-las adequadamente e não permitir que interfiram no desenvolvimento geral das relações bilaterais”, disse Yang, numa intervenção via vídeo. Os EUA devem “respeitar o princípio de uma só China e respeitar efetivamente a posição e as preocupações da China sobre a questão de Taiwan”, disse Yang. O tom positivo alimenta a perceção de que os líderes chineses esperam um novo início nas relações e um discurso mais civilizado com Washington, apesar das profundas divisões. Os EUA acusam a China de usurpar propriedade intelectual e condenam as políticas de Pequim para as regiões do Tibete, Xinjiang e Hong Kong. A China ressente-se ainda do apoio dado pelos EUA a Taiwan, juntamente com a presença militar norte-americana no Mar do Sul da China. A nomeada de Biden para embaixadora nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, designou na semana passada a China como “adversário estratégico” que ameaça o mundo, e expressou pesar por um discurso que fez, em 2019, no qual elogiou as iniciativas da China em África sem referir abusos dos Direitos Humanos.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pequim pede à comunidade internacional que não complique a situação A China apelou ontem à comunidade internacional para não “complicar ainda mais a situação” em Myanmar (antiga Birmânia), antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, na sequência do golpe de Estado. Pequim, que tem importantes interesses estratégicos e económicos no seu vizinho do sul, é tradicionalmente hostil à “interferência” nos assuntos internos dos Estados e à imposição de sanções internacionais. Depois de pedir às partes que “resolvam as suas disputas”, de acordo com as leis e a Constituição do país, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu hoje à comunidade internacional “que contribua para a estabilidade política e social” no Myanmar. O Conselho de Segurança da ONU deve realizar uma reunião de emergência sobre a situação no país durante o dia de ontem. O porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin pediu que se evite a escalada do conflito e se complique ainda mais a situação. O presidente dos EUA, Joe Biden, ameaçou na segunda-feira impor sanções contra Myanmar, depois de os militares tomarem o poder e prenderem os principais líderes civis do país, incluindo a Nobel da Paz e líder de facto, Aung San Suu Kyi. Na China, a imprensa oficial recorreu ontem a eufemismos para reportar a situação no país vizinho, evitando cuidadosamente usar o termo “golpe”. A agência noticiosa oficial Xinhua falou de uma “grande remodelação do gabinete”, para se referir à substituição de ministros civis por militares. Citando “especialistas”, o jornal oficial em inglês Global Times referiu-se ao golpe militar como “ajuste à estrutura de poder desequilibrada”. O jornal culpou ainda o ex-presidente dos EUA Donald Trump pelo comportamento dos militares do Myanmar. “Ao se recusar a admitir a sua derrota eleitoral e aparentemente encorajar distúrbios no Capitólio, Trump pode ter servido de exemplo para os militares do Myanmar”, acusou o Global Times.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Japão prolonga estado de emergência em Tóquio e outros departamentos O Governo japonês prolongou hoje o estado de emergência em Tóquio e outros departamentos do país devido à covid-19 até 7 de Março, a menos de seis meses dos Jogos Olímpicos, adiados devido à pandemia. A extensão do estado de emergência por um mês vai abranger 10 dos 11 departamentos atualmente afetados pela medida, segundo o primeiro-ministro, Yoshihide Suga, durante uma reunião com o gabinete responsável por orientar a resposta do Governo. Sob o estado de emergência, o Governo emitiu pedidos não vinculativos para que as pessoas evitem aglomerações e refeições em grupos e para que os restaurantes e bares fechem às 20:00. Os novos casos diminuíram em Tóquio e em todo o país desde o início de janeiro, mas os especialistas dizem que os hospitais continuam inundados com casos graves e que as medidas preventivas devem permanecer em vigor. O Japão teve cerca de 400.000 infeções de covid-19, incluindo 5.800 mortes. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.227.605 mortos resultantes de mais de 102,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaChina pede aos EUA que também convidem a OMS para investigar origem do vírus A China instou ontem os Estados Unidos a convidarem também os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estão actualmente na cidade chinesa de Wuhan para investigar a origem do novo coronavírus. Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin disse que especialistas locais “compartilharam uma vasta quantidade de informações e resultados de pesquisas” com cientistas internacionais e fizeram “trocas aprofundadas” com eles. Wang espera que os EUA sigam o exemplo da China e adoptem uma atitude “positiva, científica e cooperativa” na busca da origem do vírus. Defende também que os Estados Unidos devem convidar especialistas da OMS para visitar o país como parte das suas pesquisas. Alguns porta-vozes chineses afirmaram que o vírus poderia ter chegado a Wuhan através dos soldados do Exército dos EUA que participaram dos Jogos Militares na cidade, em outubro de 2019, e até apontaram a possibilidade de que o vírus tenha surgido num laboratório norte-americano. Não há qualquer evidência científica nesse sentido. No seu quarto dia em Wuhan, a missão de especialistas internacionais visitou um centro de prevenção e controle de doenças animais. A possibilidade de o vírus ter chegado aos humanos por meio de um animal, eventualmente de um morcego, é a mais plausível, segundo os cientistas, diretamente ou por meio de um “hospedeiro intermediário”. Na quarta-feira, os especialistas da OMS vão visitar o Instituto de Virologia de Wuhan e o seu laboratório P4 para máxima segurança biológica. O governo anterior dos Estados Unidos garantiu repetidamente que o vírus saiu daquele laboratório, embora não tenha fornecido nenhuma prova. Até à data, a OMS reiterou que todas as hipóteses estão em cima da mesa e reclamou às autoridades chinesas que prestem o “apoio, acesso e dados” que os especialistas precisam. O Governo chinês promoveu ainda teorias de que o surto pode ter começado com a importação de frutos do mar congelados contaminados com o vírus, uma ideia totalmente rejeitada por cientistas e agências internacionais.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasXunzi 荀子 – Elementos de ética, visões do Caminho – O Enriquecimento do Estado, Parte I A miríade de coisas partilha o mesmo cosmos. Todas têm corpos diferentes, mas apesar de serem desprovidas de cabimento intrínseco, são úteis para os humanos. Este é, simplesmente, o arranjo do mundo. Diversos graus de pessoas vivem juntas. Partilham os mesmos objectivos, mas têm métodos diferentes. Partilham os mesmos desejos, mas têm diferentes entendimentos. Esta é, simplesmente, a forma como nasceram. Todos consideram justas certas coisas, sendo nisto iguais o sábio e o néscio. Contudo, aquilo que consideram justo difere, e isso é o que separa o sábio do néscio. Se a autoridade das pessoas for igual, mas o seu entendimento das coisas for diferente, agindo em nome do ganho egoísta sem temer o desastre, deixando seus desejos proliferar selvaticamente sem fim, então os seus corações estarão agitados, sem nunca conhecerem apaziguamento. Se a situação assim for, os sábios não conseguirão obter o poder de controlar. Se os sábios não obtiverem o poder de controlar, então qualquer reconhecimento de mérito será impossível. Se nenhum reconhecimento de mérito for possível, então não haverá distinção entre as massas. Se não houver distinção entre as massas, então as posições de senhor e ministros não serão estabelecidas. Se não houver senhor que regule os ministros, ou nenhum superior que regule os inferiores, então todos sob o Céu sofrerão dano por deixarem os seus desejos proliferar selvaticamente. Todas as pessoas desejam as mesmas coisas e todas detestam as mesmas coisas. Os seus desejos são muitos, mas são poucas as coisas que os satisfaçam e, por serem poucas, é certo que as pessoas pelejarão por elas. Os produtos dos cem ofícios são meios de nutrir a pessoa, mas nem mesmo os mais capazes se conseguem dedicar a todos os ofícios, nem é possível que alguém preencha todos os cargos oficiais. Se viverem separadas e não se entreajudarem as pessoas ficarão empobrecidas. Se viverem juntas, mas não tiverem divisões sociais, lutarão entre si. A pobreza é uma catástrofe, a luta é um desastre. Se quiseres salvá-las da catástrofe e eliminar o desastre, nada melhor do que estabelecer divisões sociais claras e assim dar emprego às massas. Se os fortes ameaçam os fracos, se os sábios aterrorizam os néscios, se quem está em baixo ignora os seus superiores, se os jovens importunam os mais velhos, se não governares pela virtude, então os velhos e os fracos enfrentarão a inquietude de perder os seus meios de sustento e aqueles que estão no seu auge enfrentarão o desastre da luta divisiva. Trabalho e labor são o que as pessoas detestam, mérito e lucro são o que apreciam. Mas se não houver divisão de ocupações, então as pessoas enfrentarão a catástrofe de tentar concluir o seu trabalho sozinhas e a calamidade de terem de lutar por mérito. Se o acordo entre macho e fêmea e a divisão entre marido e mulher não for regido pelos rituais de apresentação, compromisso e casamento, as pessoas enfrentarão a inquietude de perder esse acordo e o desastre de lutar por companheiros. Por isto, o sábio cria divisões para estas coisas. Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE – 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, a par do próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.
Hoje Macau EventosFundação Rui Cunha | Verdi em destaque este fim-de-semana A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe, esta quinta e sexta-feira, dois eventos que pretendem celebrar a música de Giuseppe Verdi. O caminho da imortalidade de Verdi será abordado quinta-feira, às 18h30, numa conversa intitulada “Giuseppe Verdi: Vida e Obra”, que contará com a presença de Raul Pissarra. O orador irá mostrar como Verdi evoluiu na composição musical, ao longo da carreira, assim como as características que o levaram a ser eleito como o seu compositor predilecto. Na sexta-feira, dia 5 de Fevereiro, será a vez de Shee Vá apresentar a palestra “Giuseppe Verdi: O Coral da Unificação”, também pelas 18h30. Nesta conversa, Shee Vá irá abordar os corpos e as óperas que empolgaram os italianos e os uniram durante o período do ressurgimento. Estes dois eventos inserem-se no ciclo “Conversas ilustradas com música”, que pretende celebrar “aqueles que ‘por obras valorosas se foram da lei da morte celebrando’”. Giuseppe Verdi faleceu há 120 anos. “A população de Milão saiu para a rua para acompanhar o cortejo fúnebre que levaria os restos mortais do compositor para a sua derradeira morada”. Nesse dia, “amplificaram em ecos reverberantes a composição coral ‘Va pensiero’ da ópera Nabucco, acompanhando a orquestra do teatro Scala de Milão e o seu coro, composto por mais de 800 moralistas, dirigido por Arturo Toscanini”. A FRC considera que “esta memória gloriosa é digna de ser recordada”, bem como “os feitos do compositor que tanto respeito e entusiasmo mereceu do público na época e na actualidade”.
Hoje Macau EventosExposição sobre pátios e becos antigos inaugurada este sábado A exposição “Memórias do Pátio – Exposição sobre a Vida de Outrora nos Pátios e Becos” será inaugurada no próximo sábado, dia 6. Com esta mostra, o Instituto Cultural pretende recriar “os costumes culturais de Macau do passado”, nomeadamente nos tradicionais pátios e becos O Instituto Cultural (IC) promove, a partir deste sábado, no número 10 do Pátio da Eterna Felicidade, a exposição intitulada “Memórias do Pátio – Exposição sobre a Vida de Outrora nos Pátios e Becos”. O objectivo da mostra é apresentar ao público os resultados da recuperação, valorização e revitalização de edifícios patrimoniais, bem como “dar a conhecer ao público a vida de antigamente dos seus habitantes e aprofundar os conhecimentos do público sobre as características arquitectónicas e a disposição espacial dos edifícios”. O IC já concluiu a reabilitação da fachada exterior dos edifícios número 8 e 10 no Pátio da Eterna Felicidade, enquanto o espaço exterior do pátio, no número 14, foi aberto para que os visitantes possam apreciar os aspectos arquitectónicos do Pátio da Eterna Felicidade. O IC denota que, das cerca de 200 ruas que existem em Macau com denominação de “pátio” ou “beco”, o Pátio da Eterna Felicidade “é um dos maiores, encontrando-se em bom estado de conservação”. A exposição contém ilustrações, vídeos e fotografias, focando-se em temáticas como a “alimentação”, “estilo de vida” e “recreação”, dando a conhecer ao público “o quotidiano das pessoas que viviam outrora em pátios e becos e revivendo a vida de antigamente dos habitantes locais”. Para esta mostra, o IC pediu a colaboração do ilustrador de Macau Un Chi Wai, pelo que o público poderá ver “diversas cenas e personagens inspirados na vida dos pátios e becos”. Teatro interactivo Além da exposição, será também realizada a actividade “Narrativa de Histórias”, em parceria com a Cooperativa Sem Distância Zero. A ideia é levar as famílias a conhecer a história dos becos e pátios através do teatro interactivo. As primeiras duas sessões serão conduzidas em cantonense no dia 7 de Fevereiro, pelas 15h30 horas e 16h30 horas, respectivamente, no Pátio da Eterna Felicidade, com uma lotação para dez pais e filhos. A entrada é livre. As inscrições já estão abertas e disponíveis até às 18h desta quinta-feira. Além destas actividades, o IC pretende, no futuro, “aproveitar os espaços abertos junto ao Pátio da Eterna Felicidade para organizar periodicamente actividades temáticas relacionadas com a cultura dos pátios e becos”. É também objectivo do Executivo “continuar a desenvolver trabalhos de reforço e restauro, a fim de concluir o mais rápido possível o plano de revitalização da área e de a transformar numa futura área cultural e de lazer”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China prende mais de 80 suspeitos de vender vacinas falsas A China prendeu mais de 80 pessoas suspeitas de envolvimento num esquema de venda de vacinas falsas contra a covid-19, que funcionava desde setembro do ano passado, informou hoje a imprensa oficial. O jornal estatal Global Times noticiou que as autoridades chinesas também apreenderam 3.000 doses do falso antígeno durante a operação. Segundo a mesma fonte, a rede criminosa estava presente em várias cidades e a operação foi realizada em conjunto pelas forças de segurança de Pequim e das províncias de Jiangsu e Shandong, no litoral norte da China. Citado pelo jornal, o especialista em vacinas Tao Lina garantiu que “as ‘vacinas’, cheias de soro fisiológico, não surtem efeito, mas também não causam problemas de saúde, por isso é claro que os suspeitos queriam dinheiro”. Outras fontes citadas pelo Global Times argumentaram que a rede poderia estar envolvida na comercialização dessas vacinas falsas no exterior. Em 28 de janeiro, a farmacêutica chinesa Sinovac, que desenvolveu uma das vacinas no país asiático, publicou um comunicado no qual alertava que algumas “empresas e indivíduos” falsificaram e utilizaram documentos de autorização da empresa para tentarem atuar como “distribuidores da vacina CoronaVac contra a covid-19 e outros produtos de vacinação em mercados fora da China”. A China iniciou no ano passado uma série de campanhas de vacinação para casos especiais, como militares ou diplomatas colocados no exterior. As autoridades sanitárias iniciaram também em dezembro passado uma campanha que visa imunizar até 50 milhões de chineses, antes da chegada do Ano do Boi, em 12 de fevereiro, quando milhões de trabalhadores chineses regressam às respetivas terras natais. A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que diagnosticou 12 casos por contágio local na segunda-feira, em duas províncias do nordeste do país. O número total de infetados ativos na China continental é de 1.582, entre os quais 72 se encontram em estado grave, segundo as estatísticas oficiais.
Hoje Macau China / ÁsiaChina disposta a partilhar tecnologia nuclear A China promoverá a cooperação internacional no uso pacífico da energia nuclear, partilhando a tecnologia de seu novo reactor de terceira geração, que acaba de entrar em uso comercial, informou um especialista no domingo. A unidade nº 5 do reactor começou a gerar electricidade para venda no sábado na cidade de Fuqing, na Província de Fujian, leste da China, a primeira unidade de energia nuclear do país que usa a tecnologia Hualong One, um reactor de terceira geração desenvolvido pelo próprio país. “Estamos dispostos a fornecer a outros países do mundo a tecnologia Hualong, incluindo componentes principais, treino de pessoal, bem como as nossas experiências em cooperação global”, disse Xing Ji, designer-chefe da Hualong One, em entrevista à Xinhua. “Também esperamos uma cooperação mais ampla com outros países no desenvolvimento de novas tecnologias de energia nuclear”, afirmou Xing, também engenheiro-chefe da China Nuclear Power Engineering Corporation. A China tem participado activamente de organizações internacionais no campo da energia nuclear, como a Agência Internacional de Energia Atómica, para promover intercâmbios tecnológicos internacionais. O país também desempenha um papel significativo no ITER, a maior experiência de fusão nuclear do mundo, e trabalha com outros países para enfrentar desafios a este respeito. Com 716 patentes nacionais e 65 internacionais, mais de 200 marcas registadas no exterior e 125 direitos autorais de software, o Hualong One é o modelo nacional da China para o reactor de terceira geração mais seguro e eficiente. A segurança é geralmente uma grande preocupação para as centrais nucleares, algo ainda mais sublinhado desde o desastre de Fukushima, no Japão, em 2011. O Hualong One tem uma vida útil de 60 anos e cumpre os mais rigorosos padrões de segurança do mundo. De acordo com Xing, o núcleo do reactor do Hualong One contém 177 conjuntos de combustível. O projecto pode aumentar a potência da unidade e torná-la mais segura. O reactor vem completo com uma combinação de sistemas de segurança activa e passiva. O sistema de segurança passiva, que depende de forças naturais como a gravidade, fornece uma rede de segurança extra para o reactor quando todos os abastecimentos energéticos são desligados em emergências, observou Xing. O Hualong One foi projectado para resistir a danos equivalentes a um terramoto de magnitude 9 ou ao impacto de uma aeronave, acrescentou. O reactor pode evitar vazamentos nucleares e reiniciar rapidamente as operações, mesmo em circunstâncias extremas como as de Fukushima, onde um terramoto foi associado a um tsunami. A energia nuclear é considerada uma fonte de energia limpa, promovida para o desenvolvimento global de baixo carbono. O passo à frente do Hualong One nas operações comerciais demonstra “o compromisso da China com o desenvolvimento verde como um país responsável”, destacou Xing. A China prometeu atingir o pico das suas emissões de dióxido de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Xing acredita que essas metas exigem muito mais confiança em alternativas de baixo carbono, como a energia nuclear. A unidade nº 5 provavelmente gerará quase 10 biliões de kWh de eletricidade por ano, reduzindo potencialmente as emissões de dióxido de carbono em 8,16 milhões de toneladas em termos anuais, mostraram os dados da China National Nuclear Corporation. O Hualong One também estendeu o intervalo de reabastecimento para 18 meses, tornando-o mais económico, segundo Xing. O engenheiro também mencionou que a China obteve resultados frutíferos na pesquisa de tecnologia de energia nuclear de quarta geração para uso comercial. O país fez avanços nas tecnologias de reactores de neutrões rápidos e reactores de alta temperatura refrigerados a gás.
Hoje Macau China / ÁsiaNavalny | Analistas dizem que russos perderam o medo de Vladimir Putin A população russa está a perder o medo de Vladimir Putin, mas o Presidente russo dificilmente negociará com os opositores ao regime, para não mostrar sinais de fraqueza, dizem analistas consultados pela Lusa. Este fim de semana, a polícia russa deteve mais de 4.700 pessoas e bloqueou os centros de várias cidades, incluindo a capital, durante novas manifestações no país pela libertação do opositor Alexei Navalny. Os apoiantes de Navalny apelam à realização de novos protestos em Moscovo, na terça-feira, quando este for presente a tribunal numa audição que poderá levá-lo à prisão por vários anos, prometendo a continuação das manifestações que têm realizado em várias cidades russas. “Os manifestantes que pedem a libertação de Navalny não são necessariamente apoiantes seus. São, sobretudo, pessoas que admiram a coragem que ele tem demonstrado ao enfrentar o Presidente Putin”, explicou Judy Dempsey, analista da organização Carnegie Europe e diretora executiva da revista Strategic Europe, em declarações à Lusa. Pavel Slunkin, especialista em política russa do Conselho Europeu para Relações Internacionais, acrescentou que Putin dificilmente aceitará negociar com os manifestantes, com receio de passar uma imagem de fraqueza. “Para os regimes autoritários, o diálogo com a sociedade e com os opositores políticos é visto como uma manifestação de fraqueza inaceitável. Logo, o Governo russo quer demonstrar a sua força e a sua vontade de ser muito duro”, disse Slunkin, em declarações à Lusa. Slunkin recordou que um documentário recentemente divulgado na Rússia por Alexei Navalny foi visto por mais de 100 milhões de pessoas. O vídeo revela uma ligação direta entre Putin e os seus colaboradores e negócios corruptos, com evidentes danos para o prestígio do regime. Contudo, Judy Dempsey acredita que não será esse dano reputacional que fará Putin mudar de rumo, embora o Presidente se encontre perante um dilema sem solução. “Se ele libertar Navalny vai mostrar fraqueza e perder popularidade; mas, se não libertar Navalny, vai ter de usar de muita violência, e vai perder popularidade”, disse Dempsey, admitindo que não sabe que atitude tomará o Presidente russo. “Os russos estão fartos de corrupção. E querem tornar isso muito visível. Mas não subestimemos o poder da violência policial das forças de segurança russas”, acrescentou Judy Dempsey, para realçar a determinação do regime em continuar a conter os movimentos oposicionistas. Pavel Slunkin chamou a atenção, contudo, para o impacto que esta repressão pode ter no prestígio, interno e externo, de Putin, em particular junto daqueles que olhavam para ele como um líder honesto e equilibrado. Os protestos podem provocar a atitude do Governo, na véspera das eleições gerais para o Parlamento russo, da Duma, em setembro próximo, que, na perspetiva de Slunkin, podem ser “um teste para a autoridade do regime” de Putin. “Eu espero uma reação previsível das autoridades autoritárias russas: mais repressão ativa sobre os dissidentes e mais esquemas para controlo da campanha eleitoral”, concluiu Slunkin, acrescentando que considera improvável que os resultados eleitorais tragam grandes surpresas, numa Duma onde o partido que apoia Putin tem 75% dos lugares. Também Judy Dempsey considera que as eleições para o Parlamento estão muito longe e que Putin está, porventura, mais preocupado com as eleições presidenciais, que apenas acontecerão em 2024. Por outro lado, Putin não parece preocupado com a eventualidade de sanções internacionais motivadas pelo agravamento da repressão policial, não sendo de esperar um aumento de ameaças por parte da União Europeia, explicou Dempsey. “A União Europeia não tem vontade de colocar mais sanções. E não tem sequer uma estratégia para enfrentar a Rússia”, disse Judy Dempsey. “Com os Estados Unidos, a situação pode ser diferente. Há uma nova atmosfera em Washington, que parece querer experimentar uma dualidade nas relações com Moscovo”, acrescentou a especialista em política russa, referindo-se à forma como a Casa Branca está a negociar acordos de armas nucleares com o Kremlin, ao mesmo tempo que procura mostrar mais dureza na reação às ameaças russas. Pavel Slunkin recorda que as sanções não têm tido grande efeito sobre a Rússia, referindo-se ao impacto das medidas tomadas pela comunidade internacional sobre os eventos da Crimeia, pelo que suspeita que novas ações retaliatórias seriam infrutíferas. “O que não quer dizer que não tenham significado. Apenas não devemos colocar grande esperança nas sanções”, disse Slunkin. “Mas os protestos estão em todo o lado, na Rússia. E devem subir de tom, apesar da repressão. E internacionalmente vai também aumentar a vigilância às atitudes do Kremlin. E tudo isso representa, para já, uma enorme incógnita sobre o futuro político da Rússia”, concluiu Judy Dempsey.
Hoje Macau EventosIPOR e Universidade do Porto reforçam cooperação O Instituto Português do Oriente (IPOR) anunciou ontem a assinatura de um memorando de entendimento com o Centro de Linguística da Universidade do Porto, motivado pelo “aumento da procura [pelo ensino de português] que se tem verificado na região Ásia-Oceania”. Entre os pontos principais do memorando, consta a “realização de cursos de formação complementar e de atualização de professores”, o “desenvolvimento de projetos de investigação científica conjuntos”, a “produção de materiais didáticos”, o “acolhimento de formandos em regimes de estágio para desenvolvimento científico ou pedagógico” e ainda o “acesso facilitado a bibliotecas e centros de documentação tutelados pelas partes”. O memorando de entendimento agora assinado, frisou o IPOR em comunicado, insere-se “numa linha de trabalho colaborativo (…) que já integra também colaboração com prestigiadas instituições do ensino superior de Macau”. Desta forma, com o memorando assinado com o Centro de Linguística da Universidade do Porto, a instituição sediada em Macau e que tem como vocação prioritária promover o ensino da língua portuguesa, “pretende reforçar a qualidade da sua oferta”. Fundado em 1989 pela Fundação Oriente e pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, o IPOR exerce a sua atividade, além de Macau, em países como o Vietname, Tailândia e Austrália, e mais recentemente em Pequim (China), estando para breve a criação de um centro de línguas na cidade chinesa de Chengdu, somando-se ainda outra aposta num outro projeto de formação complementar em Nova Deli.
Hoje Macau SociedadeQuase um terço dos alunos dorme menos de seis horas Cerca de 30 por cento dos alunos do ensino secundário dormem menos de seis horas por dia, de acordo com um estudo da Associação Geral de Estudantes de Chong Wa de Macau. Ao mesmo tempo, 35 por cento dos estudantes reconheceu adiar a hora a que dorme por ficarem a utilizar aparelhos electrónicos com ecrãs, como telemóveis, tablets ou televisões. Os resultados foram revelados ontem, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau, e tiveram por base 1.055 inquéritos realizados em 12 instituições do ensino secundário. Por outro lado, 35 por cento dos alunos consideraram as horas de educação física “inadequadas” ou “muito inadequadas” e houve 30 por cento que admitiu não fazer qualquer tipo de exercício fora da escola. Em termos de hábitos alimentares, 40 por cento afirmou beber pelo menos um refrigerante por semana, ou chá com alto teor de açúcar.
Hoje Macau SociedadeJogo | Janeiro foi mês com melhores resultados desde pandemia Os casinos tiveram receitas brutas do jogo de 8.024 milhões de patacas em Janeiro, o que representa uma descida de 63,7 por cento comparativamente ao mesmo período do ano passado, revelam dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Os resultados ainda ficam aquém dos 22.126 milhões de patacas arrecadados pelos casinos em Janeiro do ano passado, o mês menos afectado pela crise de saúde pública, mas foram as receitas mais altas do sector do jogo desde então. Recorde-se que o primeiro caso do novo coronavírus identificado em Macau foi anunciado a 22 de Janeiro de 2019, antes das celebrações do Ano Novo Lunar. Os casinos de Macau terminaram o ano passado com receitas de 60,44 mil milhões de patacas, uma quebra de 79,3 por cento em relação ao ano anterior. É o segundo mês consecutivo em que as receitas de jogo subiram. Antes dos novos dados, tinha sido Dezembro de 2020 a registar o melhor resultado desde o início da pandemia, com as concessionárias a conseguirem receitas de 7.818 milhões de patacas. Por outro lado, dados da DICJ mostram que no ano passado houve 254 pessoas a pedirem para a entrada em casinos lhes ser vedada. Além disso, registaram-se outros 29 pedidos de exclusão de acesso a pedido de terceiros. No total, representa uma quebra de quase metade nos pedidos para limitações de passagem para os espaços de jogo.
Hoje Macau PolíticaEdifícios | Fiscais devem assumir responsabilidades O presidente da 2ª Comissão Permanente, Chan Chak Mo sublinhou que, de acordo com a proposta de regime jurídico da construção urbana, os promotores ficam responsáveis por reparar as falhas sem qualquer custos, caso os prédios ainda estejam dentro do período de garantia. No entanto, alguns deputados defendem que como as obras são fiscalizadas por empresas independentes e aprovadas pelo Governo, que estas duas partes, além dos técnicos envolvidos, também devem assumir parte das responsabilizadas pelas falhas. A proposta define que as fundações e a estrutura principal do edifício têm um prazo de garantia de 10 anos. Já a impermeabilidade dos edifícios, instalações higiénicas, sistema de água, de electricidade, de descarga das águas têm um prazo de manutenção mínimo de 5 anos.
Hoje Macau PolíticaElla Lei apela a revisão da lei das relações laborais A deputada Ella Lei apelou ao Conselho Permanente de Concertação Social para que discuta já este ano a revisão da lei das relações laborais. Em declarações ao jornal Cidadão, a legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau voltou a insistir num aspecto que já tinha sido recusado pelo Executivo na última reunião. No entanto, Ella Lei defende uma nova discussão e sustenta que a pandemia provou que a lei das relações laborais está limitada em aspectos como a reivindicação do pagamento de salários em atraso ou na protecção do trabalho dos empregados. Ainda de acordo com a mesma publicação, a deputada da FAOM afirmou que o Governo deve fazer mais para promover a conciliação entre empregadores e empregados em relação a conflitos laborais. Ella entende que a conciliação é benéfica para ambas as partes e que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deve insistir junto do patronato e explicar que a conciliação evita sanções, mesmo nos casos em que os patrões agiram com dolo. Em ano de eleições, Ella Lei afirmou igualmente que o Executivo deve proceder a uma revisão da duração da licença de maternidade, que actualmente está nos 70 dias.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Refugiados Rohingya no Bangladesh satisfeitos com detenção de Aung San Suu Kyi Os refugiados Rohingya no Bangladesh manifestaram-se hoje satisfeitos com a detenção da chefe do governo de Myanamar, Aung San Suu Kyi, tal como o Presidente do país, Win Myint, e outros líderes governamentais. “Sinto uma sensação de alegria, porque Suu Kyi é em grande parte responsável pelo genocídio contra nós”, disse Mohammad Jubair, líder da Sociedade Arakan Rohingya pela Paz e Direitos Humanos, de Kutupalong, o principal campo de refugiados em Cox’s Bazar, no sudeste do Bangladesh. Cerca de 738.000 Rohingya fugiram para esses campos após o início, em agosto de 2017, de uma campanha de perseguição e violência do exército birmanês no país vizinho, que a ONU descreveu como um exemplo de limpeza étnica e possível genocídio, algo que os tribunais internacionais estão a investigar. “Violaram as nossas mães e irmãs, mataram o nosso povo, tiraram as nossas terras e obrigaram-nos a morar aqui neste pequeno abrigo, mas ela (Suu Kyi) não fez nada. Bem-vindo (a prisão e o golpe militar). Vou comemorar”, disse Jubair. No entanto, o líder Rohingya disse não acreditar que o golpe militar vá afetar o processo de repatriação dos refugiados para a Birmânia, já que considera que depende sobretudo da comunidade internacional. “A Birmânia não aceitará o nosso regresso sem a pressão da comunidade internacional. Está a decorrer um processo judicial. Assim que estiver concluído, esperamos poder regressar”, disse. Por seu turno, Abdur Rahman, que lecionava na Birmânia antes de fugir para o Bangladesh, reconheceu em declarações à agência de notícia espanhola Efe que “nenhum golpe é bom”. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh, AK Abdul Momen, também se mostrou preocupado com o que se passa na Birmânia, pois acredita no “princípio da democracia” e também, como país vizinho, espera “paz e estabilidade”. “O processo constitucional deve ser respeitado na Birmânia. Iniciamos seriamente as negociações para a devolução dos Rohingya e esse processo deve continuar em qualquer circunstância”, garantiu o ministro. Duas tentativas de iniciar a repatriação falharam até agora, já que membros dessa minoria de maioria muçulmana se recusaram a regressar até que a Birmânia lhes garantisse a cidadania e a segurança na sua terra natal. Militares prometem eleições A chefe de facto do governo civil de Myanamar, Aung San Suu Kyi, foi detida ao amanhecer, tal como o Presidente do país, Win Myint, e outros líderes governamentais. O Exército de Myanmar declarou o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, informou um canal televisivo controlado por militares. O Exército de Myanmar prometeu entretanto organizar novas eleições quando terminar o estado de emergência de um ano, decretado após o golpe de Estado levado a cabo pelos militares. “Estabeleceremos uma verdadeira democracia multipartidária”, anunciaram os militares num comunicado publicado na rede social Facebook, acrescentando que o poder será transferido após a realização de “eleições gerais livres e justas”.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Equipa da OMS visita organismo que lidou com primeiros casos do vírus A equipa da Organização Mundial da Saúde (OMS) encarregada de investigar as origens da pandemia de covid-19 visitou hoje o Centro de Controlo de Doenças que lidou com os primeiros casos de covid-19 na China. Os investigadores chegaram à cidade chinesa de Wuhan no mês passado, para procurar pistas e visitar os hospitais que, em dezembro de 2019, trataram os primeiros pacientes, e o mercado de frutos do mar que foi o elo comum dos casos iniciais. A visita ao Centro de Controlo de Doenças de Hubei, província da qual Wuhan é capital, ocorre numa altura em que a China tenta redefinir a narrativa sobre a doença. O Governo chinês promoveu teorias, com poucas evidências, de que o surto pode ter começado com a importação de frutos do mar congelados contaminados com o vírus, uma ideia totalmente rejeitada por cientistas e agências internacionais. Os dados que a equipa da OMS recolher em Wuhan serão o ponto de partida para o que se espera ser um trabalho de investigação que pode demorar anos. Determinar a origem de um surto requer uma grande quantidade de pesquisas, incluindo amostras de animais, análises genéticas e estudos epidemiológicos. A China restringiu amplamente a transmissão doméstica por meio de testes rigorosos e rastreio das cadeias de transmissão. O uso de máscaras em público é cumprido com rigor quase absoluto e bloqueios imediatos são impostos sempre que são detetados casos num determinado distrito ou cidade. A China detetou 33 casos por contágio local no domingo, a maioria na província de Heilongjiang, perto da Sibéria, onde o inverno é rigoroso. As viagens foram drasticamente reduzidas durante o feriado do Ano Novo Lunar deste mês, com o Governo a oferecer incentivos para que os trabalhadores não regressem às respetivas terras natais durante a festa mais importante para as famílias chinesas.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China soma 42 novos casos, 33 por contágio local A Comissão de Saúde da China informou hoje que foram diagnosticados 42 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, incluindo 33 por contágio local. As infecções locais foram detectadas nas províncias de Heilongjiang (22), Jilin (dez) e Hebei (um). As autoridades chinesas redobraram, nas últimas semanas, os esforços para conter os surtos que atingiram diferentes regiões do norte da China: várias áreas foram isoladas e realizaram-se testes em massa da população, na tentativa de desacelerar a curva de casos. A China quer evitar um aumento dos casos durante o período de férias do Ano Novo Lunar, que este ano decorre entre 11 e 17 de fevereiro, quando centenas de milhões de trabalhadores regressam às suas terras natais. Os restantes nove casos registados pelas autoridades foram diagnosticados em viajantes oriundos do exterior, nas cidades de Xangai (quatro), Pequim (dois) e Tianjin (um) e nas províncias de Guangdong (um) e Hunan (um). A Comissão de Saúde chinesa indicou que, até à meia-noite local, o número total de infectados activos na China continental se fixou em 1.614, entre os quais 68 em estado grave. Desde o início da pandemia, 89.564 pessoas ficaram infectadas na China, tendo morrido 4.636 doentes. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.219.793 mortos resultantes de mais de 102,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaExército de Myanmar declara estado de emergência e assume controlo do país durante um ano O Exército de Myanmar (antiga Birmânia) declarou hoje o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, após deter a chefe do Governo, Aung San Suu Kyi, informou um canal televisivo controlado por militares. Numa declaração divulgada na cadeia de televisão do exército Myawaddy TV, os militares acusaram a comissão eleitoral do país de não ter posto cobro às “enormes irregularidades” que dizem ter existido nas legislativas de Novembro, que o partido de Aung San Suu Kyi venceu por larga maioria. Os militares evocaram ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional. O vice-presidente Myint Swe, nomeado para o cargo pelos militares, graças à reserva prevista na Constituição, assume agora a presidência, enquanto o chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing, será responsável por fiscalizar as autoridades, indicou o canal Myawaddy News. O anúncio segue-se à detenção, horas antes, da chefe de facto do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi, pelas Forças armadas birmanesas, segundo indicou o porta-voz do seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND). “Fomos informados que ela está detida em Naypyidaw [a capital do país], supomos que o Exército está em vias de organizar um golpe de Estado”, indicou nessa altura Myo Nyunt. A mesma fonte admitiu que outros responsáveis do partido também foram detidos. Desde há várias semanas que os militares denunciam irregularidades nas legislativas de 8 de Novembro, que a LND venceu por larga vantagem. Estas detenções surgem num momento em que o parlamento eleito nas anteriores eleições se preparava para iniciar dentro de algumas horas a sua primeira sessão. Partido de Aung San Suu Kyi apela a reacção O partido de Aung San Suu Kyi apelou à população para que se oponha ao golpe de Estado e ao regresso a uma “ditadura militar”. A Liga Nacional para a Democracia publicou um comunicado na rede social Facebook, em nome de Aung San Suu Kyi, afirmando que as acções dos militares são injustificadas e violam a Constituição e a vontade popular. De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), terá sido a própria Aung San Suu Kyi quem “deixou esta mensagem à população”, segundo explicou no Facebook o presidente do seu partido, Win Htein. EUA exigem libertação Os Estados Unidos exigiram já a libertação dos vários líderes detidos e ameaçaram reagir em caso de recusa. “Os Estados Unidos opõem-se a qualquer tentativa de alterar os resultados das recentes eleições ou de impedir a transição democrática da Birmânia e agirão contra os responsáveis se estas medidas [detenções] não forem abandonadas”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em comunicado. Os militares garantem ter recenseado milhões de casos de fraude, incluindo milhares de eleitores centenários ou menores. No entanto, o Exército birmanês tinha afastado no sábado os rumores de um golpe militar que circulavam nos últimos dias, num comunicado em que afirmou a necessidade de “obedecer à Constituição”, e garantindo defendê-la. “Visto que o Tatmadaw [nome do Exército birmanês] é uma associação armada, deve obedecer à Constituição. Os nossos soldados devem obedecer e respeitar a Constituição mais do que outras leis existentes”, afirmou a força militar. No dia seguinte às eleições legislativas, o chefe do Exército birmanês, Min Aung Hlaing, afirmou, numa intervenção perante as Forças Armadas, que se deveria abolir a Constituição se a Carta Magna não for cumprida, o que foi interpretado como uma ameaça ao país, que esteve submetido a uma ditadura militar entre 1962 e 2011. A Comissão Eleitoral de Myanmar negou que tenha existido qualquer fraude eleitoral nas eleições de novembro, ganhas pela LND, liderada por Aung San Suu Kyi, que obteve 83% dos 476 assentos parlamentares. A delegação da União Europeia (UE) e várias embaixadas, incluindo a britânica, norte-americana, australiana e de vários países europeus, avisaram que reprovam “qualquer tentativa” para alterar os resultados eleitorais ou “impedir” a transição democrática. As supostas irregularidades foram denunciadas em primeiro lugar pelo Partido da Solidariedade e de Desenvolvimento da União (USPD, na sigla em inglês), a antiga força política no poder, criada pela então Junta Militar antes de esta se dissolver. O USDP foi o grande derrotado das eleições, ao obter apenas 33 lugares no parlamento, tendo recusado aceitar os resultados, chegando mesmo a pedir a realização de nova votação, desta vez organizada pelo Exército. Os militares, responsáveis pela redacção da actual Constituição, detêm um grande poder no país, tendo, à partida, garantidos 25% dos lugares no parlamento, bem como os influentes ministérios do Interior, das Fronteiras e da Defesa. Em Novembro de 2020, o Centro Carter — organização criada pelo antigo Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que enviou observadores às eleições –, emitiu um comunicado em que considerou as eleições livres e justas. A vitória eleitoral de Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz 1991, demonstrou a sua grande popularidade em Myanmar, apesar da má reputação internacional pelas políticas contra a minoria rohingya, a quem é negada a cidadania e o voto, entre outros direitos. Estas foram as segundas eleições legislativas desde 2011, o ano da dissolução da Junta Militar que se manteve no poder durante meio século no país. ONU condena detenção O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou “firmemente” a detenção pelo Exército da chefe de facto do Governo de Myanmar, Aung San Suu Kyi, considerando as acções dos militares um “rude golpe” contra as reformas democráticas. Em comunicado, o responsável da ONU afirmou que a detenção de Aung San Suu Kyi com outros líderes políticos, incluindo o Presidente, Win Myint, e “a declaração da transferência de todos os poderes legislativos, executivos e judiciais para os militares”, constituem “um rude golpe contra as reformas democráticas em Myanmar”. António Guterres recordou que “as eleições gerais de 8 de Novembro de 2020 conferem um mandato forte à Liga Nacional para a Democracia (LND), refletindo a vontade clara” da população “em continuar na via da democracia, adquirida duramente”. Por essa razão, “todos os líderes devem agir no interesse das reformas democráticas de Myanmar”, defendeu, apelando ao “diálogo” e “ao respeito integral dos direitos humanos e liberdades fundamentais”. O Conselho de Segurança da ONU tinha já prevista uma reunião sobre a situação em Myanmar, agendada para quinta-feira, com a emissária das Nações Unidas Christine Schraner Burgener, mas a sessão pode ser vir a ser antecipada, devido aos desenvolvimentos no país, indicaram fontes diplomáticas à agência de notícias France-Presse (AFP). China pede resolução de diferenças A China apelou aos militares e políticos do Myanmar para que “resolvam as suas diferenças, de acordo com a Constituição e as leis”, após um golpe de Estado perpetrado pelo exército do país. “A China é um país vizinho amigo do Myanmar”, reagiu em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin. “Esperamos que todas as partes interessadas resolvam as suas diferenças, de acordo com a Constituição e as leis, a fim de manter a estabilidade política e social”, disse Wang. O porta-voz disse que a China “está a tentar entender melhor a situação actual”, após o golpe. O Myanmar é um país chave no projeto de desenvolvimento comercial “uma faixa, uma rota”, lançado pela China, que investiu milhares de milhões de dólares em minas, infra-estruturas e gasodutos no país do Sudeste asiático. O Presidente chinês, Xi Jinping, visitou a capital do Myanmar, Naypyidaw, em Janeiro de 2020, onde assinou cerca de trinta acordos, a maioria para o desenvolvimento de infra-estruturas. O Partido Comunista Chinês tem uma história turbulenta com os militares do Myanmar, devido a campanhas contra grupos étnicos minoritários chineses ou tráfico de drogas ao longo da vasta e montanhosa fronteira entre os dois países. Grupos de direitos humanos exigem libertação de Aung San Suu Kyi Grupos de defesa de direitos humanos exigiram a libertação imediata da até agora líder de Myanmar (antiga Birmânia), Aung San Suu Kyi, e outros membros do gabinete detidos pelo exército que assumiu poder político após golpe de Estado. “O Exército de Myanmar deve libertar imediata e incondicionalmente Aung San Suu Kyi, funcionários do Governo e todos os detidos ilegalmente. As ações do Exército mostram total desdém pelas eleições democráticas”, afirmou Brad Adams, director da Human Rights Watch (HRW) Ásia. A vice-directora regional da Amnistia Internacional, Ming yu Hah, descreveu as detenções como “extremamente alarmantes” e exigiu que fossem libertados “imediatamente” se não pudessem ser acusados de qualquer crime reconhecido pelo direito internacional. “É um momento sinistro para o povo da Birmânia e ameaça agravar a repressão militar e a impunidade”, frisou, usando a antiga designação de Myanmar. Por sua vez, Matthew Smith, director da organização Fortify Rights, disse que o Exército deve parar as detenções e dar garantias da segurança e do bem-estar dos detidos. O golpe militar em Myanmar gerou protestos na vizinha Tailândia, em cuja capital, Banguecoque, dezenas de activistas se manifestaram em frente à embaixada birmanesa para exigir a libertação dos detidos.
Hoje Macau SociedadeCovid-19 | Regency para quarentenas por escolha própria a partir de hoje O Hotel Regency passa a receber quarentenas a partir de hoje, dentro do grupo de unidades hoteleiras destacadas para a observação médica por escolha própria. Significa isto que o hotel pode ser escolhido por residentes e não residentes, que irão pagar os custos do alojamento. Os preços são fixados de acordo com as categorias dos quartos. A partir de hoje os hotéis para observação médica por escolha própria incluem ainda o Lisboeta Macau e o Grand Sheraton Macau (durante o período de 6 a 19 de Fevereiro, este estabelecimento hoteleiro não será utilizado como hotel para observação médica, voltando a ser utilizado para tal a partir de 20 de Fevereiro). Os hotéis para observação médica designados, onde podem ficar alojados residentes e seus familiares, são a Pousada Marina Infante, o Hotel China Golden Crown e o Resort Grand Coloane.
Hoje Macau China / ÁsiaChina erradica pobreza extrema nas vésperas do centenário do Partido Comunista Por João Pimenta, da agência Lusa No interior da região de Guangxi, sudoeste da China, blocos de apartamentos, auto-estradas, fábricas ou cooperativas agrícolas erguem-se onde outrora o isolamento e êxodo dos mais jovens ditavam a pobreza extrema de milhões de camponeses. “Agora, tenho uma fábrica perto de minha casa”, diz Wang Xiaoyuan, operária fabril, de 32 anos, residente na prefeitura de Fangchenggang, no extremo sul da província. O emprego na fábrica de têxteis, onde o som acompassado das máquinas atesta a monotonia do trabalho de tecelagem, paga o equivalente a 380 euros por mês, mas Wang, que passou a maior parte da juventude a cerca de 2.000 quilómetros de casa, está “satisfeita”. “Depois do trabalho, posso voltar a casa e cuidar dos meus filhos”, descreve à agência Lusa. Longe do espectacular desenvolvimento económico que se formou no litoral da China, com mega metrópoles e uma classe média composta por mais de 500 milhões de pessoas, o interior do país asiático permaneceu sobretudo pobre. Porém, com o aproximar do seu centésimo aniversário, em Julho de 2021, o Partido Comunista Chinês (PCC) acorreu a cumprir com um dos principais desígnios da sua fundação: garantir prosperidade para todos, num país historicamente de grandes desigualdades sociais. Residentes rurais idosos receberam doações em dinheiro e o Governo lançou esquemas para fomentar a criação de emprego para quem dependia da agricultura de subsistência, incluindo através da formação de cooperativas agrícolas ou da abertura de fábricas. “Certamente não falharemos, apenas o sucesso é possível”, assegura Zhang Zhenguo, vice-secretário do PCC em Fangchenggang, à Lusa. “Os funcionários do Partido Comunista têm de concluir a política delineada pelo Comité Central”, aponta. Na vila de Xingren, no norte de Guangxi, bancos agrícolas detidos pelo Estado concederam às famílias locais empréstimos isentos de juros, até ao equivalente a sete mil euros, para impulsionar a abertura de negócios. “Uma das medidas consiste em disponibilizar empréstimos a famílias pobres, para que desenvolvam as suas indústrias”, explica à Lusa Li Xiang, secretário local do PCC e um de milhares de quadros do Partido enviados para áreas remotas do país. “Algumas [famílias] investem na criação de porcos, gado ou bicho-da-seda, ou no cultivo da amora silvestre”, descreve. Ao fim da tarde, no inverno ameno de Guangxi, as ruas dos bairros, recentemente construídos entre as formações cársticas típicas da região, enchem-se de crianças. Os mais velhos jogam cartas nos espaços comuns. Segundo dados oficiais, Pequim gastou o equivalente a mais de 77 mil milhões de euros, entre 2016 e 2020, para eliminar a pobreza extrema. Críticos dizem que os programas de redução da pobreza na China dependem fortemente de financiamento público, levantando questões sobre a sua sustentabilidade a longo prazo. Mas Liu Yuanju, investigador no Instituto de Direito e Finanças de Xangai, argumenta que a campanha adotou uma “abordagem orientada para o mercado”, recorrendo ao comércio eletrónico para escoar a produção das áreas rurais. “Os empréstimos servem para apoiar a produção, não são apenas uma oferta, mas antes um incentivo ao desenvolvimento das indústrias e empresas locais”, diz à Lusa. “Através das plataformas de comércio eletrónico é possível conectar a produção de áreas remotas com os consumidores das grandes cidades de forma muito eficiente”, sintetiza. O país asiático continua a registar grandes desigualdades sociais, que foram agravadas pela pandemia da covid-19. Em 2020, o consumo na China caiu 5%, mas as compras de produtos de luxo subiram quase 50%, face ao ano anterior. A China tem também mais bilionários do que os Estados Unidos e a Índia juntos. No entanto, cerca de 600 milhões de pessoas ganham o equivalente a 120 euros ou menos, segundo dados do Governo chinês.
Hoje Macau Ai Portugal VozesQuarenta ambulâncias em seca As novidades sobre Portugal são catastróficas. Fazemos um esforço enorme em enviar-vos acontecimentos alegres, de grande satisfação, de uma inauguração de um novo complexo social que albergue os idosos não lhe chamando lar, mas um local de convívio com moradias pequenas concedendo autonomia aos utentes; um aumento das reformas que fosse digno de um país europeu; um partido político novo que emergisse com o intuito principal de ocupar um verdadeiro centrão entre o PS e o PSD de modo a combater a corrupção profundamente e anunciando uma política de favorecimento e melhoria da vida dos portugueses. Mas não se encontra nada que nos anime. Ainda recentemente fiquei incrédulo e revoltado quando conversei com um amigo que viveu em Macau e que está em Lisboa desde 2005 como cuidador informal sem nunca ter recebido qualquer apoio estatal. O país está angustiado. Em algumas autarquias toda a vereação e a população estão desorientados e impotentes no combate à covid-19. Os hospitais regionais já passaram do limite e enviam os pacientes infectados para outros hospitais. As novidades que vos posso enviar só vos entristecem e isso deixa-me desolado por não vos proporcionar algo de bom. Mas é a realidade deste Portugal que na semana passada deixou-nos com três acontecimentos particularmente chocantes. Custa a acreditar, muitas vezes, que exista governo, presidente da República, deputados, gestores de hospitais e aquela coisa que inventaram para dar uns tachos a amigos e a que deram o nome de Protecção Civil, a qual nem apoio soube dar às dezenas de bombeiros que têm estado dias à porta das urgências dos hospitais. O país ficou incrédulo quando soube que a vacinação contra a covid-19 tinha sido interrompida porque deixaram estragar milhares de unidades. Como é possível tanta incompetência? E ainda sobre as vacinas assistimos a uma guerra suja e incompreensível de quem é que devia ser vacinado primeiramente, se os profissionais de saúde e os idosos ou os políticos? Chegámos ao ponto de ouvir no parlamento um deputado a dizer: “Mas porque razão é que eu tenho de ser vacinado quando tenho em casa os meus pais com 90 anos e não fazem parte do lote de cidadãos a vacinar?”. Custa a acreditar como é que Portugal passou para o primeiro lugar mundial no número de infectados por cada milhão de habitantes. A segunda faceta a que assistimos, vá lá, foi uma bofetada sem mão à GNR e a outras autoridades que passaram o verão a perseguir e a multar os autocaravanistas. Não os deixavam estacionar em lado nenhum e em locais junto às praias. Pois, os autocaravanistas deram uma lição de humanismo e solidariedade. Decidiram levar as viaturas para os hospitais, a fim de proporcionar aos profissionais de saúde umas horas de sono e não terem de se deslocar a suas casas, muitas vezes a residirem do outro lado do Tejo e esta atitude nobe dos caravanistas veio provar que os hospitais não têm estruturas para o seu pessoal. A terceira vergonha que tenho para lamentar diz respeito a algo nunca visto. O Hospital de Santa Maria tinha fama de eficiente e de uma organização louvável. Inclusivamente tem um piso somente dedicado a doentes de cardiologia e cujos profissionais têm fama em todos os continentes. De um dia para o outro, tudo foi por água abaixo. Ou porque os profissionais de saúde estão exaustos ou não há local para receber os doentes, imaginem as ambulâncias a chegar às urgências e a ficarem em fila horas e horas. Quando falamos em horas, dizer-vos que houve ambulâncias em que os seus doentes esperaram 18 horas no interior da ambulância sem assistência, sem oxigénio e sem qualquer alimento. Uma bombeira heroína mandou vir uma pizza e distribuiu-a por dez colegas que ali estavam sem comer há mais de 12 horas. E o absurdo aconteceu: 40 ambulâncias em fila a aguardar assistência. Escrevi quarenta, é surreal ou inacreditável. Os doentes no interior das 40 ambulâncias desesperaram e pioraram. Só no dia seguinte foram contemplados com uma triagem móvel. Não tinham nada para comer. A dada altura, lá apareceu a solidariedade de muita gente que foi levar alimentos aos doentes e aos bombeiros. O caos instalou-se à porta do hospital de Santa Maria e as 40 ambulâncias em fila já decoraram várias páginas de jornais internacionais. É assim que estamos em Portugal: confinados, doentes, amedrontados, com os miúdos endiabrados em casa, com os bares clandestinamente a servir bebidas até a polícia aparecer e até proibidos de regressar ao local de trabalho em Inglaterra ou no Brasil, após o governo ter decretado a suspensão de voos para esses países a contas com variantes da covid-19.