Cupões electrónicos | Au Kam San considera decisão de cancelar manifestação “ridícula”

Depois da “luz verde” do Governo, a manifestação contra os cupões electrónicos de consumo agendada para ontem acabou cancelada horas antes do seu início. O deputado e promotor do evento Au Kam San considera que os argumentos apresentados pelos Serviços de Saúde sobre a impossibilidade de cumprir as orientações de prevenção epidémica são “ridículos” e têm teor político. Ainda assim, 12 pessoas foram levadas à esquadra para investigação após comparecerem no Tap Siac

 

O deputado e promotor da manifestação agendada para ontem contra os cupões electrónicos de consumo, Au Kam San, considerou “ridícula” a decisão anunciada a menos de 24 horas antes do início do evento com início agendado para as 16h00 de ontem na praça do Tap Siac.

Para o deputado, que reuniu no sábado com os responsáveis dos Serviços de Saúde (SS), o facto de o organismo ter considerado que a organização não seria capaz de garantir as orientações de prevenção pandémica é uma “não é razoável” e “tem motivações políticas”.

“É uma decisão ridícula. Os SS exigiram a manutenção de uma distância de um metro entre os participantes e a garantia de que não iria haver concentração de curiosos, mas isso são pedidos impossíveis de concretizar. Além disso basta ir, por exemplo, ao Centro Hospitalar Conde de São Januário, que é um espaço interior, para ver como os pacientes estão sentados entre si com intervalos inferiores a um metro. É incompreensível que nos obriguem a manter essa distância estando no exterior”, começou por dizer Au Kam San ao HM.

“Apesar de ser ridículo, temos de cumprir a decisão dos SS. É uma decisão pouco inteligente, que não é razoável e que deve ter motivações políticas. Mas temos de a cumprir”, acrescentou.

Organizadores cancelaram

Numa nota publicada na rede social Facebook, citada pela agência Lusa, após saber da decisão, o deputado que estava a organizar a manifestação em conjunto com Ng Kuok Cheong e a Associação de Direitos dos Trabalhadores de Jogo de Macau deixaram um apelo à população para não se reunir no local onde estava prevista a manifestação, de forma a evitarem mal-entendidos e que alguém seja acusado pela polícia de reunião ilegal.

De acordo com o comunicado do divulgado pelos SS, o organismo dá conta que devido à “imprevisibilidade e incerteza” do número de pessoas no desfile, o promotor “alterou de 150 pessoas (originais) para 500 pessoas”, não conseguindo “garantir que as actividades cumpram os requisitos de prevenção epidémica previamente emitidos”.

Na mesma nota, pode ainda ler-se que os infractores podem “ser acusados da prática de um crime de desobediência”.

Recorde-se que a principal motivação da manifestação, que acabou cancelada, passava por mostrar ao Governo que a esmagadora maioria da população está contra o “Plano de garantia de emprego, estabilização da economia e asseguramento da qualidade de vida da população 2021”, anunciado no dia 15 de Março e que pretende o regresso dos cartões de consumo. Os promotores do evento entendiam que o plano de apoio ao consumo, que contemplava cupões electrónicos de desconto, não respondia às necessidades dos mais idosos e das pessoas com menos recursos económicos.

Para usufruir do programa de cupões de consumo, os residentes, trabalhadores não-residentes e estudantes do Interior em Macau poderiam acumular um máximo de 4.800 patacas em vales, caso gastem, entre Maio e Dezembro, 14.400 patacas.

Vamos ali à esquadra?

Apesar da suspensão da manifestação, foram várias as pessoas que se reuniram nas redondezas da Praça do Tap Siac. De acordo com um comunicado emitido ontem ao final da tarde pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), 12 pessoas acabaram por ser levadas para a esquadra “para investigação”, após se terem recusado a abandonar o local, de acordo com as explicações dos agentes da polícia.

“A Polícia enviou forças policiais adequadas para o redor da Praça do Tap Siac para controlar o fluxo de pessoas conforme a situação no local. Por volta das 14h45 e 16h00, muitas pessoas reuniram-se naquela zona, e os agentes policiais explicaram imediatamente aos respectivos indivíduos que a manifestação tinha sido cancelada e aconselharam-nas a deixar o local, mas uma parte deles recusou-se a sair e ainda exibiram ‘slogans’”, pode ler-se no comunicado.

Contas feitas, seis homens e seis mulheres foram levadas pela polícia, sendo que até ao momento “não foram feitas acusações contra qualquer pessoa”. Segundo o CPSP, 11 dos 12 indivíduos saíram da esquadra pelo seu próprio pé, por volta das 17h00, sendo que uma mulher acabou por ser levada para o hospital “por má-disposição resultante de emoção violenta”. Pedidas mais explicações sobre o sucedido, o CPSP apontou ao HM que a mulher “estava emotiva e não se estava a sentir bem e que, por isso, precisava de ir para de ir para o hospital”.

Questionado sobre que consequências haveria para aqueles que se recusassem a ir para a esquadra, o CPSP vincou apenas que as pessoas “não foram detidas”, mas sim “levadas para investigação”.

Em busca de lógica

Através de um comunicado, também a Associação Novo Macau (ANM) mostrou a sua preocupação com o facto de os critérios de prevenção da pandemia estarem uma vez mais a ser usados para impedir o livre exercício dos direitos de reunião e manifestação. Sobretudo, quando há eventos de grande envergadura que decorreram sem restrições de maior.

“No passado, o CPSP e os Serviços de Saúde usaram repetidamente a prevenção epidémica como desculpa para obstruir os cidadãos de exercerem legalmente a os seus direitos de reunião e manifestação, já de si precários. No entanto, ao mesmo tempo, alguns eventos de grande escala decorreram como habitualmente, tais como o Grande Prémio, maratonas, feiras de caridade, festival de gastronomia, etc.”, pode ler-se no documento.

Na mesma nota, a ANM diz-se ainda “profundamente insatisfeita com a dualidade de critérios do Governo de Macau sobre a prevenção da pandemia”, sobretudo porque inclui requisitos “que nem o próprio Governo é capaz de garantir”, infringindo “arbitrariamente” e “sem justificação suficiente” os direitos e liberdades dos cidadãos.

Mais que uma miragem

Numa nota divulgada no sábado, o Secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong assegurou que, após a recolha de opiniões sobre o plano de benefícios ao consumo por meios electrónicos, o programa original receberá melhoramentos para ir mais ao encontro do modelo de utilização do cartão de consumo.

“O Governo da RAEM teve conhecimento de que a maioria dos residentes prefere o modelo da utilização do cartão de consumo adoptado no ano anterior, assim sendo, será procedido um melhoramento ao projecto original do plano rumo a este aspecto, facilitando os residentes no usufruto dos respectivos benefícios”, pode ler-se na nota. Segundo o secretário, o projecto de melhoramento será divulgado “o mais breve possível”.

Questionado sobre a promessa feita pelo Governo, Au Kam San admitiu, caso a terceira ronda do cartão de consumo venha a ser uma realidade “os objetivos da manifestação de ontem foram cumpridos”. No entanto, caso o Governo não cumpra o que foi dito não exclui a possibilidade de organizar uma nova manifestação.

Reacções

Pang Chuan quer pragmatismo

Ouvido pelo jornal Ou Mun, o deputado Pang Chuan, nomeado, disse esperar que o Governo divulgue mais detalhes sobre o novo programa de apoios à população, alargando a consulta a mais residentes, tal como idosos, portadores de deficiência e empresários de pequenas e médias empresas, para que esta medida possa ser conhecida por todos. Pang Chuan disse respeitar a vontade de alguns residentes em se manifestar mas deseja que as pessoas escolham formas mais pragmáticas de levar o Governo a servir melhor os residentes.


Kaifong valorizam prevenção

Ng Sio Lai, presidente da direcção da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), defendeu, segundo o canal chinês da Rádio Macau, que devem ser valorizados os trabalhos de prevenção da pandemia, uma vez que continua a registar uma volatilidade nas regiões vizinhas ou no exterior.


FAOM concorda com SSM

Lee Chong Cheng, ex-deputado e presidente da direcção da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), disse que as medidas a adoptar relativamente à manifestação foram tidas em conta pelos SSM, pelo que os promotores da manifestação devem cumprir as orientações de prevenção da pandemia. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Lee Chong Cheng espera que a população possa acompanhar os esforços da recuperação da economia de Macau.

Mulheres destacam prudência

Chong Leng Leng, secretária-geral da Associação Geral das Mulheres de Macau, disse que o Governo fez uma avaliação prudente e completa da situação, tendo também ouvido as opiniões da população para esta decisão. A responsável adiantou que os pedidos feitos pelas várias partes são diversos e que houve razões técnicas analisadas pelo Executivo, além de ter sido considerada a situação financeira e a sustentabilidade do Governo.

29 Mar 2021

Zeng Zhonglu, professor do Instituto Politécnico de Macau: “Macau está a ficar para trás”

O professor do Centro Pedagógico e Científico nas Áreas do Jogo e do Turismo do Instituto Politécnico de Macau, Zeng Zhonglu defendeu que as autoridades locais deveriam apostar na legalização do jogo online sob pena de atrasar-se face a outros mercadores. O académico sugere a aposta na área da inteligência artificial e afirma que adiar o concurso público para as novas licenças de jogo pode afectar o investimento

 

O especialista em turismo e jogo Zeng Zhonglu disse, em entrevista à agência Lusa, que Macau deve pensar em legalizar o jogo ‘online’ e apostar na importação de talentos que desenvolvem Inteligência Artificial (IA) na China. O professor do Centro Pedagógico e Científico nas Áreas do Jogo e do Turismo do Instituto Politécnico de Macau (IPM) defendeu que “a única forma de Macau desenvolver a tecnologia de IA na indústria do jogo é de recrutar talentos da China continental”.

“A IA é muito importante para o jogo ‘online’. Até ao momento, Macau não tem uma indústria de jogo ‘online’. No futuro, Macau devia considerar legalizar o jogo ‘online’, caso contrário vai atrasar-se, porque outros territórios, outros países, estão a desenvolver esta área muito rapidamente”, avisou, para concluir que, nesta área, “Macau está a ficar para trás”.

Ainda que Macau consiga oferecer casinos e hotéis de luxo, os melhores da Ásia, frisou o académico, hoje o jogo ‘online’ é “uma ameaça potencial para o negócio” para a capital mundial do jogo.

“A competição entre destinos, tornou-se cada vez mais feroz, cada vez mais intensa” e, por isso, “Macau deve distinguir-se (…), deve encontrar um novo caminho”, advertiu o académico, uma vez que os casinos reais de Macau podem começar a ser preteridos.

O docente do IPM sublinhou que um pouco por todo o mundo os jogos ‘online’ “estão a desenvolver-se muito rapidamente, especialmente durante a covid-19”, e que em muitos países, as receitas dos jogos de azar na Internet duplicaram.

Por outro lado, sustentou, o território “deve convidar algumas empresas de tecnologia de ponta, especialmente no sector dos jogos, empresas de ‘software’”, em especial dos Estados Unidos e Austrália, para virem a Macau e utilizarem o conhecimento [sobre o consumidor] de Macau (…) para fazerem produtos únicos”.

Em Macau “as empresas de jogo têm um contacto próximo com os clientes para que possam conhecer os comportamentos ou preferências dos clientes muito melhor do que outros locais”, explicou. Por isso, o território “deve utilizar estes conhecimentos para desenvolver jogos, ‘slot machines’ ou alguns outros produtos de jogo” para o mercado asiático, que conhece bem, afirmou.

Finalmente, Zeng Zhonglu assinalou que Macau tem ainda de encontrar novas formas de atrair turistas, uma vez que as promotoras de jogo já não podem ir à China angariar grandes apostadores, devido a uma mudança legislativa imposta por Pequim.

A questão do concurso

Na mesma entrevista, Zeng Zhonglu disse que o Governo deve manter o concurso de concessão de licenças para casinos em 2022 porque um adiamento pode trazer incerteza e afastar o investimento. Contudo, “se a pandemia continuar este ano e no próximo, o Governo deve ponderar adiar o concurso para as novas licenças”, defendeu o professor.

Ainda assim, sublinhou, “se a pandemia acabar rapidamente, talvez no fim deste ano, acho que o Governo deve seguir o plano inicial” e manter o calendário de 2022 para realizar o concurso para as licenças de jogo.

A razão é simples, justificou: “O adiamento, de uma forma geral, não é bom para a indústria [do jogo] por causa da incerteza”, que “não é boa para fazer investimentos e para se tomarem decisões”. Isto porque “Macau é um mercado muito importante que [as operadoras de casinos] não querem perder”, acrescentou.

O sector do jogo tem enfrentado uma crise devido às restrições nas fronteiras e à falta de turistas. Em 2019, os casinos obtiveram receitas de 292,4 mil milhões de patacas, mas, no ano passado, devido ao impacto causado pela pandemia, a indústria terminou 2020 com receitas de 60,4 mil milhões de patacas, uma quebra de 79,3 por cento em relação ao ano anterior. No ano anterior à pandemia, o território atraiu quase 40 milhões de visitantes.

Legado português já não chega

O especialista em turismo frisou também que o legado português não chega para ‘vender’ Macau aos turistas e que o território tem de descobrir outras narrativas históricas para promover produtos turísticos e reforçar a sua singularidade.

“Macau tem mais de 400 anos de cultura mista de portugueses e chineses. Esta cultura é única. É diferente”, começou por afirmar o académico. “Macau tem, naturalmente, muitos edifícios de arquitectura em estilo português, mas isto não é suficiente”, sublinhou.

A RAEM “deve estudar os 400 anos de história e encontrar mais histórias (…) para que possa desenvolver mais produtos” turísticos, explicou. E Zeng Zhonglu dá um exemplo: “Durante 400 anos, para muitos chineses Macau foi a única saída para países estrangeiros em toda a China. Naquela época, durante os 400 anos, muitos chineses famosos partiram de Macau para outros países. (…) Macau tem de desenterrar histórias”.

A ideia é criar valor acrescentado aos produtos turísticos: “Se o produto turístico tem uma história por detrás, o valor é bastante diferente na mente dos visitantes, por isso Macau deve encontrar os significados destes produtos e descobrir as formas eficazes de comunicar esses significados aos visitantes, para que Macau possa atrair os turistas da cultura a partir dos produtos artísticos, em vez de apenas comida, bebida e compras”.

29 Mar 2021

Pesca | Governo deu 79 milhões de patacas em apoios desde 2007

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok, que foram atribuídos apoios no valor de 79 milhões de patacas ao sector da pesca desde 2007, ano em que foi criado o Fundo de Desenvolvimento de Apoio à Pesca. Estes apoios incluem “verbas destinadas à reparação das embarcações de pesca danificadas no incêndio”. Além destes apoios, a DSAMA alerta para a necessidade de as “associações do sector deverem incentivar e apoiar os proprietários das embarcações de pesca para garantir o estado das suas embarcações”.

Relativamente a um incêndio ocorrido em Fevereiro, na zona do Porto Interior, a DSAMA garantiu que tem vindo a acompanhar o caso. “Relativamente ao incêndio ocorrido nas embarcações de pesca do fundeadouro do Porto Interior, em princípio de Fevereiro, verificou-se que ninguém estava a bordo naquela altura.”

A DSAMA chama a atenção para a importância de os próprios pescadores prestarem atenção à segurança das suas embarcações, garantindo que na zona do Porto Interior há “duas faixas corta-fogo no fundeadouro do Porto Interior que são capazes não só de dificultar a propagação do fogo em caso de incêndio nas embarcações de pesca mas também facilitar o salvamento das embarcações das autoridades de Zhuhai e Macau”.

28 Mar 2021

Myanmar | ONG fala em mais de 400 mortos desde golpe militar de Fevereiro

Uma organização não-governamental birmanesa indicou hoje que o número de mortos em Myanmar (antiga Birmânia) aumentou para 423, devido à violência militar e policial contra manifestantes em protesto contra o golpe de 1 de Fevereiro.

O balanço anterior da Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) era de 328 mortos, mas o número de vítimas mortais subiu no sábado, na sequência da repressão de manifestações em pelo menos 40 localidades nas regiões de Rangum, Bago, Magway, Sagaing, Tanintharyi e Ayeryawady, bem como nos estados de Mon, Kachin e Shan.

Em relatório, a ONG disse ter verificado a morte de pelo menos 90 pessoas, incluindo seis crianças de entre 10 e 16 anos, mas reconheceu que o número de mortos “é provavelmente muito mais elevado”.

De acordo com um órgão de comunicação social local, Myanmar Now, pelo menos 116 pessoas foram mortas no sábado, enquanto na capital, Naypyidaw, o exército birmanês assinalava o dia das forças armadas com um desfile militar. Num balanço anterior, o Myanmar Now tinha referido que pelo menos 91 pessoas foram mortas no sábado.

Os militares tomaram o poder em 01 de fevereiro por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi. A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida juntamente com grande parte do Governo civil. Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoas.

28 Mar 2021

Macau com apenas um restaurante entre os 50 melhores da Ásia

Macau tem apenas um restaurante na lista dos 50 melhores asiáticos de 2021, numa lista liderada pelo “The Chairman”, de Hong Kong, de acordo com a classificação “Os 50 Melhores Restaurantes da Ásia”, divulgada ontem. O restaurante “Wing Lei Palace”, situado no casino Wynn Palace, na capital mundial do jogo, obteve o 50.º lugar, depois de ter figurado em 22.º no ano passado.

Em 2020, Macau contava com mais um restaurante na lista dos 50 melhores da Ásia, o “Sichuan Moon” (23.º), também naquele casino da operadora Wynn, tendo descido este ano para o 95.º lugar. Na lista alargada aos cem melhores restaurantes asiáticos entram ainda mais três estabelecimentos de Macau: “The Eight” (68.º) e “Robuchon au Dôme” (88.º), ambos no hotel-casino Grand Lisboa, além do “Jade Dragon” (100.º), no Hotel Parisian.

Hong Kong é a cidade asiática com mais restaurantes entre os 50 melhores, 11 no total, incluindo o primeiro lugar. Seguem-se Singapura e Tóquio, com sete cada, e Banguecoque, com seis.

26 Mar 2021

H&M deixa de aparecer em plataformas de comércio electrónico na China

Várias plataformas de comércio eletrónico na China deixaram ontem de mostrar a loja digital da marca de vestuário sueca H&M, meses depois de a empresa ter anunciado a suspensão da utilização do algodão de Xinjiang. A decisão da marca deveu-se à alegada utilização de trabalho forçado no sector naquela província autónoma do noroeste da China.

De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, as pesquisas da marca sueca nas plataformas JD.com, Taobao, Tmall e Pinduoduo não produziram quaisquer resultados. Na quarta-feira, o Comité Central da Liga Comunista da Juventude chinesa publicou uma mensagem, na rede social Weibo na qual perguntava: “Querias ganhar dinheiro na China enquanto espalhas boatos para boicotar o algodão de Xinjiang? Querias!”.

O texto estava acompanhado pelo comunicado da H&M, na qual a marca afirmava proibir “qualquer tipo de trabalho forçado” na sua cadeia de produção “independentemente do país ou região”. A empresa indicou também que ia pôr fim à relação de trabalho com um fornecedor chinês até que fossem esclarecidas as alegações contidas um relatório, segundo o qual 82 firmas chinesas e estrangeiras tinham beneficiado da deslocalização forçada de membros da minoria uigure.

Até às 11:30, a mensagem da Liga Comunista da Juventude tinha já mais de 40 mil partilhas e mais de 411 mil “gostos” e 16 mil comentários, muitos deles a favor da expulsão da marca do país.

Outras empresas, como a norte-americana Nike, que no ano passado emitiu uma declaração semelhante à da H&M, também foram afectadas por apelos ao boicote de alguns utilizadores chineses da internet, o que levou o actor Wang Yibo a rescindir o contrato publicitário com a Nike.

Algodão de Xinjiang não chega para o país

Como maior consumidor mundial e segundo maior produtor de algodão, a China, com uma produção de cerca de 5,95 milhões de toneladas em 2020/2021, teve de responder à procura total de 7,8 milhões de toneladas.
A produção de algodão de Xinjiang correspondeu a 5,2 milhões de toneladas, representando cerca de 87% da produção nacional e cerca de 67% do consumo interno.

O algodão de fibra longa de Xinjiang, um dos que apresenta melhor qualidade no mundo, não satisfaz a procura há vários anos. A fim de atender à procura doméstica, a China precisa de importar cerca de 2 milhões de toneladas de algodão por ano.

Nos últimos anos, a China expandiu activamente os seus canais de importação para garantir a estabilidade da cadeia de abastecimento. Foi também estabelecido um sistema de reserva de algodão para defender os interesses dos cotonicultores nacionais.

26 Mar 2021

Embaixador chinês em Roma convida deputados a visitarem Xinjiang

O embaixador chinês em Roma convidou ontem os deputados italianos a visitarem pessoalmente a região de Xinjiang, na China, para verificar se a minoria muçulmana de uigures é realmente vítima de “genocídio”. “Convido-vos pessoalmente a irem a Xinjiang (…) para verem a realidade e averiguarem se realmente existe um genocídio, se os uigures realmente sofreram um genocídio nos últimos 20 anos”, disse o embaixador Li Junhua, dirigindo-se ao comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento italiano.

“Se quiserem ir, avisem-me. Digam à embaixada, para que possamos organizar (a viagem)”, acrescentou Li.
Desde 2019, a China insiste em que convida diplomatas estrangeiros para visitar Xinjiang, mas uma delegação da UE disse, nesse mesmo ano, que as pessoas com quem tinham contactado estavam controladas e liam a partir de textos que tinham sido preparados pelas autoridades chinesas. Uma outra viagem, destinada a embaixadores de países da UE, foi este mês cancelada. Perante o comité de deputados italianos, o embaixador Li Junhua defendeu que a China foi “compelida a reagir” a uma acção hostil.

“Será que é apenas a UE que pode impor sanções à China? A China não pode fazer o mesmo? Teremos, assim, uma relação justa e igual?”, questionou o embaixador chinês em Roma.

26 Mar 2021

Angola | Empresários chineses preocupados com “mudanças na política e economia”

A Câmara de Comércio de Taizhou em Angola contratou um escritório chinês de advogados para “melhor proteger os direitos e interesses dos seus membros” devido às “mudanças na política e economia locais”.

Segundo o Departamento de Justiça da Província de Jiangsu, adjacente a Xangai, a Jiangsu Guanqian Law Firm vai ajudar a “proteger melhor os direitos legais e interesses” dos membros da Câmara de Comércio.

A associação tem um papel “fulcral” na economia angolana e tem servido de “ponte de amizade” entre a China e Angola, mas enfrenta actualmente “uma situação mais complexa”, sublinhou um comunicado.
Zhu Xingya, diretor executivo da Jiangsu Guanqian, prometeu ultrapassar as dificuldades culturais e linguísticas para ajudar a associação a lidar com “disputas legais no estrangeiro”. O escritório de advogados quer usar Angola como trampolim para mais tarde alargar a cobertura legal a outros países, acrescentou Zhu Xingya.

Em Dezembro, o embaixador da China em Angola, Gong Tao, tinha aconselhado os empresários chineses a reforçar o investimento em segurança devido à “recente deterioração do ambiente de segurança pública”. A Câmara de Comércio de Taizhou em Angola reúne empresários com ligações à cidade de Taizhou, na província de Jiangsu.

A empresa Jiangsu Jiangzhou Agricultural Science and Technology Development Co., Ltd investiu 12 milhões de dólares no projecto agrícola Jiangzhou Agriculture, na província do Huambo. O projecto gerou 180 postos de trabalho no cultivo de vegetais, fruta e cereais e na criação de gado bovino numa área de 2.544 hectares no município da Chicala-Cholohanga.

Uma delegação das autoridades de Taizhou visitou o Huambo em Dezembro de 2019, tendo ficado marcada para maio de 2020 a visita de um grupo de empresários da província angolana à China. A iniciativa foi cancelada devido à pandemia de covid-19.

26 Mar 2021

Covid-19 | Nova regra permite a expatriados de Xangai acederem à vacina

Xangai, a metrópole com a maior comunidade de expatriados na China, anunciou que em breve incluirá residentes estrangeiros no seu programa de vacinação contra a Covid-19. A partir de 29 de Março, expatriados com idade adequada poderão candidatar-se às vacinas, segundo as autoridades municipais.

A medida, anunciada na noite de terça-feira, fez de Xangai a segunda cidade da China a divulgar os planos de vacinação de Covid-19 para estrangeiros devido aos esforços do país para popularizar as vacinas entre os seus residentes. Residentes expatriados com idades entre 18 e 59 anos em Wuhan, na província de Hubei, também se podem inscrever para vacinação a partir deste mês.

Trabalhadores de algumas comunidades residenciais de Xangai com uma grande proporção de residentes estrangeiros disseram na quarta-feira que receberam perguntas de residentes expatriados sobre como reservar as vacinas. “Em resposta às suas preocupações, traduziremos o comunicado oficial do governo municipal com etapas detalhadas sobre como marcar a vacinação e quais materiais fornecer. Pretendemos publicar um artigo bilingue sobre o assunto em breve na conta WeChat do bairro”, disse Tang Jia, funcionário do bairro no Yanlord Garden, na área financeira de Lujiazui, distrito de Pudong. “Também partilharemos o artigo no nosso grupo de WeChat de 270 membros que são expatriados ou têm familiares expatriados”, disse.

Outro funcionário do bairro, de sobrenome Zhao, disse que o distrito está a considerar abrir o seu quarto centro de inoculação de vacinas de Covid-19 em Lujiazui por motivos de conveniência para os residentes locais e estrangeiros.

Os expatriados abrangidos pelo seguro médico do país terão direito ao mesmo tratamento que os cidadãos chineses segurados, enquanto os que não têm pagarão 100 yuans por dose.

Giuseppe Bigatti, um médico da Itália e actualmente diretor do centro de histeroscopia do Hospital Renji em Xangai, disse que completou a vacinação de duas doses em fevereiro, quando os funcionários do hospital foram vacinados voluntariamente, e que gostaria que a sua esposa, uma professora italiana, se vacinasse em breve. “Acredito que essa é a única solução para voltar a viajar quando for retomado o trânsito internacional”, afirmou.

Abdurasulov Safar, do Uzbequistão, estudante de graduação na Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, saudou a decisão de incluir expatriados no programa de vacinação e disse que marcaria uma consulta em breve. Safar disse que se sentiria muito mais seguro para voltar ao seu país natal, onde a epidemia ainda persiste, neste verão, se fosse vacinado. “A notícia chegou na hora certa para mim e dormi muito bem depois de ver as informações”, disse.

26 Mar 2021

ICBC cria centro de estudos focado na lusofonia

O Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla inglesa) anunciou a criação em Macau do Centro de Estudos Sino-Luso, dedicado aos países de língua portuguesa. Num comunicado, a subsidiária em Macau do ICBC refere que o centro irá analisar a situação macroeconómica dos mercados lusófonos, contando com o apoio de instituições locais para identificar oportunidades de investimento.

O banco estatal chinês acrescentou que a nova instituição irá também dar sugestões ao executivo de Macau para reforçar o papel da cidade nas relações entre a China e os países de língua portuguesa. O centro irá ainda procurar promover a expansão da iniciativa chinesa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ aos mercados lusófonos e o desenvolvimento da área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

O comunicado sublinha que esta é a primeira instituição criada pela banca chinesa para analisar os países de língua portuguesa, assim como o primeiro centro de investigação criado pelo ICBC fora da China continental. A inauguração do centro, na terça-feira, decorreu de forma simultânea em Macau e na capital chinesa, Pequim, durante a conferência anual da China Modern Financial Society, um ‘think-tank’ ligado ao ICBC.

A criação do Centro de Estudos Sino-Luso foi mencionada pelo ICBC em Novembro, quando o banco ajudou as autoridades de Macau a emitir títulos de dívida no valor de 2,1 mil milhões de yuan para financiar o desenvolvimento urbano da região. Na altura o ICBC disse que a emissão fazia parte de um plano para apoiar a construção de uma indústria financeira em Macau, voltada para os serviços financeiros entre a China e os mercados lusófonos.

Em Abril, o ICBC e o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que faz parte do grupo financeiro português Caixa Geral de Depósitos, anunciaram uma parceria para promover os negócios entre a China e os países de língua portuguesa. O ICBC foi o primeiro banco chinês a abrir uma representação em Portugal, em 2012. No ano seguinte, criou uma subsidiária no Brasil.

26 Mar 2021

Filipinas enviam navios de guerra para zona marítima disputada

A armada filipina ordenou ontem o envio de navios para o mar da China Meridional, em plena escalada de conflito diplomático sobre uma frota chinesa estacionada perto de um recife disputado.

A China reivindica a quase totalidade deste mar rico em recursos naturais e esta semana foi acusada pelos Estados Unidos de tentar “intimidar, coagir e ameaçar outras nações” com a presença dos seus navios perto do recife de Whitsun.

Manila pediu a Pequim para recolher 183 embarcações que estão estacionadas perto deste recife, localizado no arquipélago Spratley, cerca de 320 quilómetros a oeste da ilha filipina de Palawan, considerando a sua presença como uma “incursão”. Cerca de 220 barcos foram detectados pela Guarda Costeira filipina em 7 de março, mas a sua presença não foi divulgada até ao fim de semana passado.

Uma patrulha aérea militar realizada na segunda-feira sobre o recife descobriu que 183 embarcações ainda se encontravam na zona e a China alega que os barcos de pesca estão apenas a proteger-se do mau tempo. Um porta-voz das Forças Armadas das Filipinas disse que os navios da marinha que serão enviados conduzirão “patrulhas de soberania” na área.

Vários países, incluindo Canadá, Austrália e Japão, expressaram preocupação com o recrudescimento das tensões na região.

O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, reuniu-se esta semana com o embaixador da China nas Filipinas e mostrou a sua preocupação com a presença das embarcações, disse o porta-voz da presidência Harry Roque, garantindo que não houve “nenhuma polémica, desde que eles (os chineses) não insistam em ficar permanentemente”.

A China afirma ter sido o primeiro país a descobrir e a nomear as ilhas do mar da China Meridional e, portanto, reivindica o controlo sobre a maioria delas. Um tribunal sediado em Haia (Holanda), o Tribunal Permanente de Arbitragem, já se pronunciou sobre esta disputa, concluindo que Pequim não tem qualquer
“direito histórico” sobre esta zona estratégica.

Apesar destes casos, as relações entre a China e as Filipinas melhoraram sob o mandato de Duterte, que está a tentar tirar o seu país do controlo dos Estados Unidos, em detrimento de uma maior cooperação económica com seu vizinho chinês.

26 Mar 2021

DSPA | Recolhidos mais de dois milhões de envelopes de lai si usados

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) recolheu 2,2 milhões de envelopes de lai si usados por ocasião do Ano Novo Lunar deste ano. Destes, após feita a triagem, 410 mil envelopes (cerca de 1,2 toneladas) estão em condições de ser reutilizados no próximo ano.

Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSPA, a iniciativa intitulada “É muito fácil recolher envelopes de lai si”, que decorreu até 6 de Março, irá evitar o corte de 86 árvores e contou, apesar da pandemia, “com um maior apoio e participação por parte dos cidadãos e dos diferentes sectores da sociedade”. Para materializar a actividade, foram colocados mais de 840 pontos de recolha em diversas zonas de Macau.

A DSPA aponta ainda que os envelopes de lai si disponíveis para reutilização serão distribuídos pelo público antes do Ano Novo Lunar do próximo ano, com a colaboração das associações e instituições. Alguns envelopes de lai si serão ainda usados em actividades ou workshops ambientais. Quanto aos envelopes que não podem ser reciclados, serão reencaminhados para a reciclagem.

26 Mar 2021

Licença sem vencimento | DSAL defende negociação entre empregadores e trabalhadores

Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) defende que a licença sem vencimento deve ser gerida por concordo entre as partes laboral e patronal.

Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou sobre supervisão na licença sem vencimento, indicou que os funcionários que considerem que os seus direitos laborais são prejudicados podem denunciar o caso à DSAL.

A urgência em colmatar a falha de um sistema de protecção legal para licença sem vencimento no contexto da epidemia era a preocupação central de Sulu Sou, que explicou que “um elevado número de residentes não tem alternativa senão aceitar licenças sem vencimento de longo prazo para assegurar os seus empregos”. O deputado queria saber porque não há necessidade de as empresas notificarem as autoridades destas licenças, questionando também se a Lei das relações laborais será revista para se impor um limite mensal ou anual para o número de férias sem vencimento.

Na resposta, Wong Chi Hong aponta que se os empregadores despedirem os funcionários por não concordarem com a licença sem vencimento, isso consiste em despedimento sem justa causa, pelo que os empregadores têm que pagar uma remuneração.

Além disso, o director da DSAL garante que se situações em que a importação de trabalhadores não residentes possa resultar no despedimento de residentes que ocupam o mesmo cargo sem justa causa ou em que os seus direitos são prejudicados, devem ser tratadas “seriamente, segundo as leis”. Wong Chi Hong apelou também às partes laborais e patronais para se “compreenderem e respeitarem mutuamente” durante o período de dificuldades.

26 Mar 2021

TDM | Inês Chan defende que há independência editorial

Inês Chan, directora do Gabinete de Comunicação Social (GCS), declarou ontem que há independência editorial dos meios de comunicação locais, quando questionada sobre a demissão de jornalistas do departamento português da TDM – Teledifusão de Macau.

Vários jornalistas da TDM apresentaram demissão na sequência de uma directiva que exigia uma linha editorial patriótica. De acordo com o departamento chinês da TDM Rádio Macau, Inês Chan disse que é o conselho de administração da TDM que define a direcção de desenvolvimento da empresa e que todos os meios de comunicação são independentes a nível editorial, acrescentando que as operações diárias e decisões de recursos humanos são da responsabilidade da Comissão Executiva.

26 Mar 2021

Mais de mil manifestantes pró-democracia pedem reformas na Tailândia

Mais de mil manifestantes pró-democracia ocuparam ontem um dos principais cruzamentos de Banguecoque, desafiando as autoridades, no primeiro grande protesto desde que a polícia dispersou os manifestantes com balas de borracha no último fim de semana.

Os manifestantes reuniram-se no principal bairro comercial da capital tailandesa, gritando “libertem os nossos amigos” e “abulam (o artigo) 112.º” do Código Penal, referente ao crime de lesa-majestade, que protege a monarquia de todas as críticas.

Num estrado foi colocada uma enorme faixa a defender uma “reforma da monarquia”, enquanto um grande número de manifestantes brandia retratos de ativistas presos ou colavam-nos aos sinais de trânsito. “Não interessa quantos dos nossos amigos estão presos, sejam 10 ou 100, não vamos parar de nos manifestarmos”, afirmou à multidão uma das figuras do protesto, Benja Apan, que enfrenta várias acusações.

A Tailândia tem sido alvo, desde o verão passado, de uma série de manifestações, que, no auge dos protestos – entre julho e dezembro de 2020 -, reuniram dezenas de milhares de pessoas na capital. Os manifestantes exigem a renúncia do primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, e a abolição da Constituição de inspiração militar.

Além disso, é também exigida a abolição da lei sobre difamação do rei, crime punível com uma pena de até 15 anos de prisão, e a reforma da monarquia.

Os protestos ganharam novo fôlego após a acusação, em fevereiro, de quatro líderes do movimento por crimes de lesa-majestade, o que impede que sejam libertados sob fiança. Até agora, mais de 70 manifestantes e líderes estudantis foram acusados de insultar a monarquia e 12 continuam na prisão.

No início da noite de terça-feira, quando a manifestação começou a formar-se, a polícia enviou reforços para a zona, incluindo forças antimotim. Antes do protesto, a vice-porta-voz da polícia nacional, Kissana Phathanacharoen, visou que a reunião era ilegal devido às restrições impostas para combater a covid-19 e disse que a polícia estava determinada a “fazer cumprir a lei”.

No sábado, uma manifestação pró-democracia em frente ao Grande Palácio de Banguecoque foi dispersa pela polícia com a ajuda de balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água, tendo ficado feridos 20 manifestantes e 13 polícias e sido detidas outras 20 pessoas.

25 Mar 2021

MNE | Augusto Santos Silva confunde Lei Básica com Declaração Conjunta

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal confundiu a Lei Básica com a Declaração Conjunta emitindo uma consideração, no mínimo, estranha. Referindo que “Macau está num processo de transição desde a transferência da administração portuguesa para a administração chinesa” em 1999, Augusto Santos Silva frisou que essa transição é regulada “por uma lei, que resulta do acordo entre a China e Portugal, que se chama Lei Básica e que, por um período de 50 anos – portanto, de 1999 até 2049 – (…) define os termos da transição em Macau”.

“Essa Lei Básica é muito clara na garantia da liberdade de imprensa e, portanto, da mesma forma que Portugal respeita escrupulosamente a Lei Básica em Macau, Portugal espera que a República Popular da China também respeite escrupulosamente a Lei Básica em Macau, designadamente, entre muitas outras áreas (…) em matéria de liberdade de imprensa”, sublinhou.

O que se estranha é a frase ” Portugal respeita escrupulosamente a Lei Básica”, um documento produzido pela Assembleia Nacional Popular e não um tratado internacional como a Declaração Conjunta que, esse sim, deve ser respeitado e cumprido pela China e por Portugal. “O Governo português espera e conta que ambas as partes cumpram a Lei Básica em todas as suas determinações”, disse Augusto Santos Silva à Lusa.

Ora não se compreende como podem “ambas as partes” cumprir a Lei Básica, se uma dessas partes é um país estrangeiro. Seria muito estranho, para não dizer bizarro, que Portugal cumprisse uma lei que gere uma região de outro país, ainda que essa lei possa ter, parcialmente, resultado de certas cláusulas de um tratado internacional.

Por exemplo, quando refere “muitas outras áreas” da Lei Básica, perguntar-se-ia ao ministro se também pensa interferir no facto de não ter sido implementada em Macau uma Lei Sindical ou uma Lei da Greve, ambas previstas no articulado da Lei Básica. Segundo juristas consultados pelo HM, Portugal pode e deve interpelar a China em relação ao conteúdo da Declaração Conjunta mas não da miniconstituição da RAEM, cuja capacidade para ser interpretada depende exclusivamente da Assembleia Nacional Popular.

Augusto Santos Silva falava após pelo menos cinco jornalistas portugueses da TDM – Teledifusão de Macau terem apresentado a sua demissão em resposta a uma directiva que os proibia de divulgar informações contrárias às políticas da China, instando-os a aderir ao “princípio do patriotismo” e do “amor a Macau”.

A polémica levou a administração da TDM a anunciar que o manual editorial da empresa vai continuar a ser cumprido, reiterando, no entanto, a adesão ao “princípio do patriotismo” e do “amor a Macau”. Já o chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, negou que o território esteja a impor restrições à liberdade de imprensa e que acredita que os ‘media’ são patrióticos e amam a região administrativa especial chinesa.

25 Mar 2021

Hong Kong: Membro do grupo que inclui luso-chinês acusado de conluio com Jimmy Lai

O activista Andy Li, detido em 2020 num grupo de 12 fugitivos que incluía um jovem luso-chinês, foi ontem acusado de conluio com o magnata dos ‘media’ Jimmy Lai, após regressar a Hong Kong, anunciou a polícia.

Andy Li, de 30 anos, faz parte dos oito activistas pró-democracia entregues na segunda-feira às autoridades da antiga colónia britânica, após terem cumprido uma pena de sete meses em Shenzhen, na China continental, por travessia ilegal.

A polícia do território anunciou que Andy Li foi acusado de conluio com forças estrangeiras, um dos crimes previstos na lei da segurança nacional. De acordo com a agência France-Presse (AFP), que cita um documento do tribunal, Andy Li é acusado de conspirar com Jimmy Lai, o magnata dos meios de comunicação social detido no ano passado, para que fossem impostas sanções do estrangeiro aos líderes de Hong Kong.

Andy Li é também acusado de conspirar com Jimmy Lai para auxiliar a fuga do grupo para Taiwan, segundo o documento. Jimmy Lai, de 72 anos, já tinha sido acusado em Fevereiro de ajudar os 12 ativistas capturados em Shenzhen quando tentavam fugir do território.

Li é ainda acusado de posse não autorizada de munições, uma acusação relacionada com o facto de a polícia ter encontrado latas de gás lacrimogéneo vazias disparadas pelas forças de segurança durante os protestos de 2019, segundo a AFP. Os restantes sete activistas entregues pela China às autoridades de Hong Kong deverão enfrentar acusações no território pela participação nos protestos de 2019.

O luso-chinês Tsz Lun Kok, também entregue às autoridades de Hong Kong na segunda-feira, tinha sido detido na antiga colónia britânica em 18 de novembro de 2019, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, e mais tarde libertado. Kok, que é acusado de motim, deveria ter sido ouvido no tribunal de Tuen Mun, em Hong Kong, em 25 de Setembro de 2020, altura em que estava detido na China continental, segundo o seu advogado disse então à Lusa, não sendo ainda conhecida nova data para o julgamento.

25 Mar 2021

Guangzhou cria escola para estudantes das RAEs

A primeira escola para estudantes de Hong Kong e Macau em Guangzhou, capital da província de Guangdong, deverá matricular o seu primeiro grupo de estudantes em Setembro, com o objectivo de proporcionar uma educação internacional de alta qualidade às crianças das regiões administrativas especiais.

“A escola tentará criar uma atmosfera diversificada no campus e ajudar os seus estudantes a alcançar um crescimento global”, disse Lucas Deng, director executivo da Escola Afiliada da Universidade de Jinan para estudantes de Hong Kong e Macau.

“O estabelecimento de ensino tornar-se-á numa escola internacional com características chinesas que representará a tendência de desenvolvimento da área de da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau nos próximos anos”, disse Deng.

Cobrindo cerca de quatro hectares no distrito de Tianhe, a escola internacional sem fins lucrativos terá capacidade para acomodar mais de 1.200 estudantes na pré-escola, escola primária, e ensino secundário e sénior, revelou o director. A escola inscreverá 300 alunos para o seu primeiro semestre, com início em Setembro. Para além dos estudantes de Hong Kong e Macau, a escola matriculará alguns estudantes de Taiwan e de países estrangeiros.

A escola está a ser fundada conjuntamente pela Universidade Jinan de Guangzhou, pela Hong Kong Victoria Harbour Education Group, Aoyuan Group e Eton House Dongguan. É a primeira escola para estudantes de Hong Kong e Macau sob a orientação directa de uma universidade de topo do continente chinês.

25 Mar 2021

Relatório chinês acusa EUA em matéria de violações de direitos humanos

A China publicou ontem um relatório sobre as violações dos direitos humanos nos Estados Unidos em 2020, no qual exorta Washington a abandonar a “hipocrisia e os dois pesos e duas medidas” sobre a questão. Segundo o documento, emitido pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China, descontrolo da epidemia de COVID-19, desordem política, conflitos inter-étnicos e divisão social, são alguns dos pontos de violações dos direitos humanos nos EUA.

O relatório afirma que devido “à resposta imprudente do seu governo, a epidemia matou mais de 500.000 americanos”. Por outro lado, “a política monetária está a transformar as eleições americanas num ‘espectáculo de um homem só’ da classe rica e a confiança do povo no sistema democrático americano atingiu um mínimo de 20 anos”. Os grupos étnicos minoritários sofreram discriminação racial sistemática nos Estados Unidos, onde “um em cada quatro jovens asiáticos-americanos tem sido alvo de bullying racial”. O relatório cita a morte do afro-americano George Floyd e a repressão dos protestos que se seguiram, que levou “à prisão de mais de 10.000 pessoas”.

“O governo dos EUA, em vez de introspecção no seu próprio terrível registo de direitos humanos, continuou a fazer comentários irresponsáveis sobre a situação dos direitos humanos noutros países, expondo a sua duplicidade de critérios e hipocrisia em matéria de direitos humanos”, disse o relatório.

A agitação social contínua ameaça a segurança pública nos Estados Unidos. “O governo não conseguiu manter uma lei e ordem adequadas, e os tiroteios e crimes violentos, que já eram de elevada incidência, registaram novos máximos durante a pandemia, causando pânico entre o público”, refere o relatório. “Mais de 41.500 americanos morreram devido à violência armada em 2020, uma média de mais de 110 por dia, o que é um recorde. Houve 592 tiroteios em massa em todo o país, uma média de mais de 1,6 por dia. O uso desenfreado da violência pela polícia desencadeou ondas de protestos que varreram todo o país”, lê-se no documento. Os confinamentos, os protestos anti-racistas e as lutas eleitorais levaram a um recorde de vendas de armas de cerca de 23 milhões em 2020, um aumento de 64 por cento em relação às vendas de 2019.

Por outro lado, dá-se conta de uma crescente polarização entre ricos e pobres. “O 1% mais rico dos americanos tem um património líquido combinado que é 16,4 vezes superior ao dos 50% mais pobres”. O relatório chama ainda a atenção para o desemprego em massa e a crise alimentar resultante da epidemia, na sequência da resposta imprudente do seu governo. “Em Abril de 2020, a taxa de desemprego subiu para 21,2 por cento para pessoas com menos de um diploma do ensino secundário, ultrapassando o recorde anterior, estabelecido na sequência da Grande Recessão”. Mais de 50 milhões de pessoas – uma em cada seis norte-americanos, incluindo uma em cada quatro crianças – poderiam experimentar insegurança alimentar em 2020, lê-se, citando um relatório da Feeding America.

Ao impor sanções contra o pessoal do Tribunal Penal Internacional e intimidar outros países, os Estados Unidos escaparam das investigações internacionais para possíveis crimes de guerra. As sanções unilaterais impostas pelos EUA a países como o Irão, Cuba, Venezuela, e Síria, dificultaram a obtenção atempada dos fornecimentos médicos anti-pandémicos necessários. O perdão do então Presidente dos EUA a contratantes da Blackwater condenados por crimes de guerra no Iraque violou as obrigações dos EUA ao abrigo do direito internacional e teve o efeito de incentivar outros a cometerem tais crimes no futuro, acrescentou o relatório.

Os requerentes de asilo foram tratados com crueldade, refere o relatório, observando que um grande número de crianças migrantes ficou retido sob custódia durante um longo período e dezenas de mulheres afirmaram que foram submetidas a cirurgias ginecológicas desnecessárias sem o seu consentimento, incluindo a remoção do útero em alguns casos. O relatório também afirma que o governo dos EUA expulsou pelo menos 8.800 crianças imigrantes desacompanhadas, apesar dos sérios riscos de protecção durante o surto da COVID-19.

As minorias étnicas nos Estados Unidos são devastadas pela discriminação racial, e o racismo existe de forma abrangente, sistemática e contínua, de acordo com o Relatório sobre as Violações dos Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2020. Grupos como os índios americanos, asiáticos-americanos e afro-americanos viram os seus direitos violados, e o elevado nível de crimes de ódio. A desigualdade entre as raças piorou nos Estados Unidos, diz o relatório, citando estatísticas que mostram que a família branca média tem 41 vezes mais riqueza do que a família negra média e 22 vezes mais do que a família latina média.

25 Mar 2021

FRC | Sessão de conversa em celebração do aniversário de Béla Bartók

“Béla Bartók: O Castelo do Barba Azul”, é o tema da quarta sessão do ciclo de Conversas Ilustradas com Música da Fundação Rui Cunha (FRC). A iniciativa que comemora o 140.º aniversário do nascimento do compositor húngaro decorre hoje, pelas 18h30. Para o recordar, a galeria da FRC vai acolher uma conversa entre José Carlos Pereira e Shee Va.

“Ouviremos na íntegra a sua única ópera, “O Castelo do Barba Azul”, com libretto do seu amigo escritor, poeta, intelectual e crítico de cinema, Béla Bálazs, escrita em 1911 e revista posteriormente”, comunicou a fundação. A entrada é livre. Na nota, a FRC descreve como Béla Bartók passou de uma criança débil a um adulto pouco sociável, mas que ainda assim participou em eventos políticos revolucionários e nacionalistas da Hungria.

25 Mar 2021

Fronteira | Homem que atou mulher e roubou 300 mil HKD detido

A Polícia Judiciária (PJ) divulgou ontem a detenção de um homem de 24 anos, oriundo do Interior da China, suspeito de manietar uma mulher, que supostamente trocava dinheiro, e de lhe roubar 300 mil dólares de Hong Kong.

O indivíduo, detido ontem de manhã quando tentava sair de Macau pela fronteira com Hengqin, terá acordado com a alegada vítima, também na casa dos 20 anos e do Interior da China, trocar dinheiro num quarto de hotel do Cotai.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o suspeito terá atado a mulher com cintos de roupões e subtraído 300 mil HKD à alegada vítima. De seguida, a PJ afirma que o homem terá transferido parte da verba apurada para uma conta bancária chinesa, através de uma casa de penhores no NAPE. Entretanto, a mulher conseguiu libertar-se e pediu ajuda aos seguranças do hotel. A PJ afirma que o homem terá confessado o crime, que justificou com dívidas de jogo, e que parte do dinheiro foi recuperado.

25 Mar 2021

AL | Lei Chan U apela a regulação do voluntariado

Lei Chan U defende que o Governo deve criar “uma plataforma de inscrição e registo” de voluntários. Numa interpelação oral, o deputado defendeu que “o trabalho voluntário, além de estar virado para a sociedade, foca-se no desenvolvimento da região no seu todo, necessitando, portanto, de orientação e apoio do Governo”.

Em causa estão também iniciativas nacionais. Lei Chan U recordou as normas sobre inscrição de voluntários na China e a sua revisão em 2013 para regulamentar elementos como direitos, obrigações e premiação. “A tendência internacional é legislar sobre o voluntariado, que é o que a China tem feito nos últimos anos”, escreveu.

Os últimos anos deixaram a descoberto “as fraquezas do sistema de gestão, a falta de regulação das actividades e a carência de um mecanismo de incentivo e garantia”, descreveu o legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, que acrescentou ser “urgente” resolver a situação. Lei Chan U considera que o voluntariado está “numa fase importante de desenvolvimento”, a necessitar de políticas legislativas para clarificar as atribuições dos serviços públicos e dar “garantias legais para o seu desenvolvimento ordenado”.

O deputado também quer saber se será criado um mecanismo para coordenar diferentes organizações de voluntariado, frisando que não existem “políticas uniformizadas” de coordenação. Além disso, questionou o Governo sobre quando vai legislar a questão.

25 Mar 2021

Estudo de Políticas | Desmentido estudo sobre sistema de crédito social

A Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional negaram ontem que estejam a estudar a criação de um sistema de crédito social, à semelhança do que existe no Interior da China, ou que estejam actualmente a ponderar essa hipótese.

Os serviços liderados desde a semana passada por Cheong Chok Man emitiu ontem um comunicado a garantir que “não realizou qualquer estudo sobre a possibilidade de implementação de um sistema de avaliação de crédito social em Macau”, de acordo com um comunicado. A mesma entidade acrescentou que “actualmente, (…) não tem planos de realizar um estudo sobre o ‘sistema de avaliação de crédito social’”.

O desmentido surge depois de na cerimónia da tomada de posse Cheong ter afirmado: “É muito importante uma pessoa ser sincera e ter crédito. Vamos estudar se Macau já tem todas as condições e, de acordo com a realidade local, estudar a possibilidade de implementar uma coisa semelhante”.

25 Mar 2021

Morre judoca Toshihiko Kuga aos 53 anos, japonês foi ouro nos Jogos Olímpicos de 1992

O judoca japonês Toshihiko Koga, que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona de 1992 na categoria de menos 71 quilos, morreu hoje aos 53 anos, noticiaram meios de comunicação japoneses. Koga tinha sido submetido no ano passado a uma cirurgia e estava a receber tratamento médico oncológico, informou a emissora pública japonesa NHK.

Nascido em 1967 na província de Fukuoka (sudoeste), Koga começou a frequentar a prestigiada escola de judo Kodogakusha, em Tóquio, logo após a escola primária. Ganhou títulos nacionais consecutivos na juventude e levou o bronze no campeonato mundial de Essen, no ano anterior à estreia olímpica em Seul 1988, onde foi eliminado na terceira volta.

Depois de conquistar o ouro nos campeonatos do mundo de 1989 e 1991, foi capitão da equipa masculina japonesa nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992, onde ganhou a medalha de ouro, na categoria de menos 71 quilos (kg), apesar de uma lesão no joelho.

Depois de se reformar brevemente, regressou para competir na categoria de menos 78kg e ganhou a medalha de ouro no campeonato mundial de 1995 em Chiba (Japão) e nos Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996.

A reforma definitiva aconteceu em 2000 e tornou-se treinador feminino antes de fundar a própria escola de judo, onde treinou a judoca Ayumi Tanimoto, medalha de ouro na categoria de -63kg nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e de Pequim 2008.

Koga foi uma celebridade no Japão, onde o seu estilo de competição foi sempre muito apreciado. Para muitos observadores, foi o judoca que melhor executou o “ippon seoi nage”, técnica na qual atira o adversário por cima do ombro.

Devido à plasticidade e competitividade, Koga foi apelidado no Japão como o “Sanshiro da era Heisei (1989-2019)” em homenagem ao protagonista judoca do famoso romance “Sugata Sanshiro”, cuja adaptação cinematográfica (que em inglês se intitulava “The Legend of the Great Judo”) foi a estreia do célebre realizador Akira Kurosawa em 1943.

Em conferência de imprensa, esta manhã, o porta-voz do Governo japonês, Katsunobu Kato, lamentou a morte de Koga e destacou as conquistas do atleta, tal como o ouro em Barcelona e “a contribuição para a formação de jovens gerações no judo”.

24 Mar 2021