Ucrânia | Xi diz a Putin que “maioria dos países apoia alívio das tensões”

A visita de três dias de Xi Jinping a Moscovo prosseguiu ontem com apelos para “encontros regulares” entre os primeiros-ministros dos dois países e um convite a Vladimir Putin para estar presente na terceira cimeira sobre o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. Sobre o conflito na Ucrânia, o Presidente chinês disse a Putin que o “alívio das tensões” é a palavra de ordem para a maioria dos países. Editorial do Global Times fala do caso bem-sucedido das relações sino-russas

 

No primeiro dia de visita oficial de Xi Jinping a Moscovo, a reunião com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, durou quatro horas e dela saíram algumas palavras em prol de uma tentativa de pacificação em relação ao conflito na Ucrânia. Num comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês, surge a informação de que Xi Jinping informou Putin que a “maioria dos países apoia um reduzir das tensões” na Ucrânia.

Além disso, Xi enfatizou que “há cada vez mais vozes racionais e pacíficas” e que a “maioria dos países apoia um aliviar das tensões”. Estes países “querem que a paz e as negociações sejam promovidas e opõem-se a que seja atirada mais lenha para a fogueira”, apontou Xi.

Segundo o líder chinês, “historicamente, os conflitos sempre foram resolvidos com base no diálogo e na negociação”. Xi lembrou que a China emitiu um plano para a paz na qual apelou a “uma solução política” e se opôs a sanções unilaterais.

“Acreditamos que quanto mais difícil é, mais espaço deve ser deixado para a paz. Quanto mais complexo o conflito, mais esforços devem ser feitos para não abandonar o diálogo”, defendeu.

O líder chinês enfatizou também que a China está disposta a “continuar a desempenhar um papel construtivo na promoção de uma solução política para o conflito”. Num artigo escrito por Xi e publicado por um jornal russo, o líder chinês descreveu a sua deslocação à Rússia como uma “visita de amizade, cooperação e paz”. De frisar que, depois de visitar Moscovo, Xi Jinping deverá falar por telefone com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Ontem, Xi Jinping apelou à realização de “encontros regulares” entre os primeiros-ministros de ambos os países, tendo convidado Mikhail Mishustin, primeiro-ministro russo, para uma visita à China, escreveu a Xinhua. Além disso, Vladimir Putin recebeu um convite formal para participar, este ano, na terceira edição do Fórum Uma Faixa, Uma Rota para a Cooperação Internacional, noticiou também a Xinhua. O Presidente russo participou nas duas primeiras edições do evento em 2017 e 2019.

De frisar que o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, resolveu fazer ontem uma visita surpresa à Ucrânia. Segundo o canal televisivo NBC, Kishida reuniu com Volodymyr Zelensky, sendo esta a segunda vez que um líder asiático visita o país, depois de Joko Widodo, Presidente da Indonésia, ter visitado a Ucrânia em Junho do ano passado. A visita do governante japonês foi antecipada antes da reunião do G7, que irá decorrer no Japão em Maio.
Kishida, que viajou para Kiev, capital ucraniana, de comboio a partir da Polónia, deveria ter regressado ontem a Tóquio depois de se ter reunido com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em Nova Deli na segunda-feira.

Em Janeiro, Kishida disse no parlamento japonês que visitaria a Ucrânia “se as condições fossem adequadas”. O primeiro-ministro japonês “expressará o seu respeito a Zelensky pela coragem e perseverança do povo ucraniano”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
“Como membro do G7, o primeiro-ministro transmitirá directamente a nossa solidariedade e apoio inabalável à Ucrânia”, acrescentou a diplomacia japonesa.

A imprensa japonesa referiu que a viagem a Kiev não podia ser programada com grande antecedência ou tornada pública devido a preocupações de segurança. A China manifestou ontem a esperança de que a viagem de Kishida à Ucrânia sirva para “arrefecer a situação” e não o contrário.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse que a comunidade internacional deve “promover conversações que criem as condições necessárias para uma solução política para a ‘crise’ na Ucrânia”.

O Governo de Kishida aprovou uma série de sanções contra a Rússia, incluindo o congelamento dos bens de altos funcionários governamentais, como o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin.

“Rejeitaremos firmemente qualquer mudança unilateral do ‘status quo’ através de agressão e força por parte da Rússia”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês sobre a visita de Kishida a Kiev. “Reafirmaremos a nossa determinação em manter a ordem internacional baseada no Estado de direito”, acrescentou.
Kishida era o único líder do G7 que ainda não se tinha deslocado à Ucrânia, depois das visitas dos líderes dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Itália e França.

O Japão preside actualmente ao grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo, em que também participa a União Europeia. Após a visita à Ucrânia, Fumio Kishida regressará à Polónia para uma visita oficial na quarta-feira, para coordenar com Varsóvia os esforços para prestar ajuda humanitária à Ucrânia, segundo o ministério japonês.

Boas relações

Entretanto, um editorial do Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), apontou, esta segunda-feira, que os laços sino-russos são um “exemplo vivo de sucesso” de um novo tipo de relações internacionais, que “exclui a formação de alianças ou confrontação” com terceiras partes.

O mesmo editorial destacou o “enorme valor” da relação entre Pequim e Moscovo, face à “confrontação entre blocos” e à “nova tempestade de uma Guerra Fria impulsionada pelos Estados Unidos”.

A relação sino-russa “ultrapassa completamente” as “pequenas cliques formadas por divisões ideológicas e grupos de países ocidentais” e “transcende os antigos paradigmas de divisão de poder, troca de interesses e relações entre dominador/submisso”, pode ler-se.

A deslocação de Xi Jinping a Moscovo, numa altura em que o conflito na Ucrânia já dura há cerca de um ano, surge num período de crescente isolamento de Putin no cenário internacional e em que Xi, o líder chinês mais forte das últimas décadas, tenta projectar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” na governação das questões internacionais.

Em particular, o líder chinês avançou com a Iniciativa de Segurança Global, que visa construir uma “arquitectura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”.

A China considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China.

“Uma vez que a China e a Rússia se dão bem, outros países também podem fazer o mesmo”, destacou o Global Times. “Pode-se imaginar que, quanto mais países construírem um novo tipo de relações internacionais, mais pacífico o mundo se tornará”, lê-se no editorial.

O jornal afirmou que, “por outro lado, os preconceitos, a obsessão ideológica e o egoísmo geopolítico que existem [nas relações] entre países constituem obstáculos para alcançar o estado ideal das relações internacionais”.
O jornal acusou ainda “alguma opinião pública” nos EUA e no Ocidente de “pequenez de espírito”, ao “exagerarem maliciosamente” as “trocas normais entre China e Rússia”, tentando “distorcê-las como uma espécie de má conduta”.

A viagem de Xi segue ainda o anúncio surpresa do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, após uma reunião, em Pequim, numa vitória diplomática para a China.

Num plano para a paz, proposto no final de Fevereiro, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apelou também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia. Putin e Xi já se encontraram cerca de 40 vezes desde que o líder chinês assumiu o poder, em 2012.

Recordar o Iraque

O primeiro dia da visita de Xi Jinping a Moscovo aconteceu no vigésimo aniversário da invasão do Iraque pelos EUA, apoiados por outros países ocidentais, em busca de armas nucleares após o 11 de Setembro de 2001. Num comentário publicado ontem pela agência noticiosa Xinhua, é feita uma análise que fala de uma “invasão descarada” por parte dos norte-americanos, cujos “crimes contra o Iraque continuam sem punição”.

“Apesar de terem passado 20 anos desde que os EUA lançaram uma invasão descarada no Estado soberano do Iraque, a justiça ainda não foi feita pelo Iraque e a sua população. Muitas pessoas estão ainda a sofrer da dor criada por uma guerra injusta. Durante uma guerra que durou mais de oito anos mais de 200 mil civis foram mortos e houve mais de nove milhões de refugiados. Muitas das infra-estruturas do país foram também destruídas pelas implacáveis bombas lançadas pela coligação liderada pelos EUA”, pode ler-se.

O comentário da Xinhua aponta ainda que o Iraque, “um país rico antes da invasão, degenerou rapidamente num Estado pobre que é ainda afectado pela pobreza e caos devido à instabilidade política e dificuldades económicas causadas pelo impacto da invasão dos EUA”.

21 Mar 2023

Tailândia | PM dissolve Parlamento e antecipa legislativas

O primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-O-Cha, dissolveu ontem o Parlamento, uma medida que abre caminho para eleições parlamentares antecipadas, em Maio. Esta votação, a segunda desde o golpe de 2014, deve ocorrer entre 45 e 60 dias após a dissolução do Parlamento. Provavelmente será marcada para 7 ou 14 de Maio, de acordo com a imprensa tailandesa. O órgão encarregado de fiscalizar as eleições na Tailândia divulgará a data nos próximos dias.

A votação coloca o impopular Prayut, que chegou ao poder através de um golpe militar, contra a filha do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, um desafecto do Exército que apesar de um exílio de mais de 10 anos continua a animar a vida política tailandesa.

Prayut, de 68 anos, legitimado no poder em 2019 através de eleições legislativas polémicas, tem uma longevidade rara para um líder na Tailândia, cuja história política é repleta de golpes [12 bem-sucedidos desde o fim da monarquia absoluta em 1932].

Sangue novo

A dois meses das eleições, Prayut está atrás do principal partido da oposição, Pheu Thai, que obteve metade das intenções de voto, contra 12 por cento para o partido do primeiro-ministro [United Thai Nation Party], segundo uma sondagem realizada com 2.000 pessoas e publicada no domingo.

A líder do partido de oposição, Paetongtarn Shinawatra, de 36 anos, é o novo rosto da família cuja oposição ao poderoso Exército, autoproclamado defensor da monarquia, estrutura a vida política tailandesa há mais de vinte anos.

O seu pai Thaksin serviu como primeiro-ministro entre 2001 e 2006, antes de ser derrubado, enquanto a sua tia Yingluck liderou o governo de 2011 a 2014 até o golpe de Prayut. O partido Move Forward [17 por cento das intenções de voto], a surpresa nas urnas em 2019 graças ao seu jovem eleitorado, espera capitalizar os eleitores que participaram nas manifestações pró-democracia em 2020.

O primeiro-ministro é indicado tanto pelos deputados quanto pelos 250 senadores, indicados pelo governo, que tendem a favorecer um candidato próximo aos militares.

21 Mar 2023

Pyongyang | Kim Jong-Un dirigiu simulação de contra-ataque nuclear

O líder norte-coreano Kim Jong-Un dirigiu durante dois dias exercícios militares “simulando um contra-ataque nuclear” e envolvendo um lançamento de míssil balístico equipado com uma “ogiva nuclear falsa”.

A informação foi avançada domingo pela agência estatal da Coreia do Norte, KCNA, recebida em Seul.
Kim Jong-Un afirmou-se satisfeito depois dos exercícios do fim de semana, segundo a KCNA.

Foi a quarta demonstração de força de Pyongyang numa semana, ao mesmo tempo que Seul e Washington conduzem os maiores exercícios militares conjuntos em cinco anos.

A Coreia do Norte considera todos os exercícios do género como ensaios para uma invasão do seu território e tem advertido repetidamente que responderá de forma “esmagadora”. “O míssil foi equipado com uma ogiva que simulava uma ogiva nuclear”, disse a KCNA.

Na quinta-feira, Pyongyang disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-17, o mais poderoso do seu arsenal, na presença do líder Kim Jong-Un e da filha, pouco antes de uma visita ao Japão do Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol.

Este foi o segundo teste ICBM de Pyongyang este ano, que a KCNA descreveu na altura como uma resposta aos exercícios militares “frenéticos” da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

21 Mar 2023

República Centro-Africana | Nove cidadãos chineses mortos em ataque

A China confirmou ontem a morte de nove cidadãos chineses, num ataque ocorrido, este domingo, na República Centro-Africana, e pediu “punição severa” para os autores do crime.

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês explicou, em comunicado, que o país “activou imediatamente um mecanismo consular de emergência” e que o Presidente, Xi Jinping, atribui “grande importância” a este incidente.
Xi pediu “punição severa” e disse que a segurança dos cidadãos chineses deve ser garantida, de acordo com o ministério.

O ataque, que também causou ferimentos graves a dois cidadãos chineses, ocorreu numa mina administrada pela firma de capital chinês Gold Coast Group, a 25 quilómetros da cidade de Bambari. Um grupo de homens armados abriu fogo contra as instalações da empresa.

O ministério dos Negócios Estrangeiros alertou para um “risco extremamente alto” na República Centro-Africana, excepto na capital, Bangui, e pediu aos cidadãos chineses para serem “muito cautelosos”.

O ministério anunciou que vai pedir às embaixadas do país asiático em África que “tomem mais medidas para garantir a segurança dos cidadãos e das empresas chinesas”.

A República Centro-Africana sofre violência sistémica desde o final de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana – os Séléka – tomou Bangui e derrubou em Março de 2013 o Presidente, François Bozizé, após dez anos de governo (2003-2013), desencadeando uma guerra civil.

Nos últimos meses, foram registados vários ataques contra cidadãos chineses no exterior, o que levou as embaixadas do país a emitir alertas de segurança e realizar evacuações.

21 Mar 2023

Taiwan | Antigo líder na China na próxima semana

O antigo Presidente de Taiwan Ma Ying-jeou visita a China na próxima semana, foi ontem anunciado, numa iniciativa descrita como uma tentativa para aliviar tensões entre Taipé e Pequim.

Ma liderou Taiwan num período de laços mais amigáveis com Pequim, mas deixou o cargo após uma polémica sobre um acordo comercial com a China, o qual não conseguiu ser aprovado, em resultado dos maiores protestos registados na ilha desde os anos de 1990.

O ex-governante vai visitar Nanjing, Wuhan e Changsha, bem como outras cidades, avançou o director da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, numa conferência de imprensa em Taipé, indicando que Ma não vai a Pequim.
Ma, que é membro do Partido Nacionalista (Kuomingtang, na oposição), vai liderar uma delegação de académicos e estudantes, mas também de antigos responsáveis governamentais, de 27 de Março a 7 de Abril.

O gabinete da actual líder, Tsai Ing-wen, disse que Ma tinha informado sobre a iniciativa, e acrescentou esperar que “Ma, no papel de antigo chefe de Estado (…) possa mostrar o valor da democracia e da liberdade de Taiwan e a posição de igualdade e dignidade nos intercâmbios” entre os dois lados. Durante o mandato de Ma, Taiwan e a China reforçaram os contactos. Ma negociou um pacto comercial com Pequim em 2010.

21 Mar 2023

Gravura | Exposição MYPA 2023 abre hoje ao público na FRC

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a partir de hoje, e até ao dia 1 de Abril, a “Exposição Anual da MYPA 2023”, em parceria com a Associação Juvenil de Gravura. Apresenta-se, assim, um conjunto de 31 peças de 15 artistas membros da Associação Juvenil de Gravura de Macau, com destaque para as monogravuras, com “diferentes aparências e expressões criativas”.

Numa nota divulgada pela FRC, pode ler-se que a gravura “tem desempenhado um papel importante nos intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente em Macau”. “Na história moderna, a tipografia, a gravura e a impressão litográfica foram introduzidas na China continental através de Macau. Até hoje, continua a influenciar a melhoria da tecnologia de impressão na China, ao mesmo tempo em que estimula o entusiasmo pela criação de gravuras”, revela o manifesto da exposição.

A Associação Juvenil de Gravura de Macau existe há mais de 20 anos. O objectivo desta associação é promover a arte gráfica junto da geração mais jovem, através da realização de exposições, workshops, promoções na escola, e outras actividades, de forma a fomentar junto da população jovem de Macau uma compreensão mais profunda da gravura e descobrir os talentos do printmaking.

O manifesto da mostra fala ainda da gravura “como um tipo de meio artístico replicável, que é mais propício à comunicação do que a pintura, permitindo que mais pessoas apreciem o trabalho original em diferentes lugares ao mesmo tempo”.

No caso de Macau, a gravura criativa começou a surgir com mais frequência no final dos anos 80. “Passados mais de 30 anos, foi estabelecendo gradualmente um percurso de criação, tendo a gravura como eixo principal. Embora a rotogravura seja muito atraente, ela precisa de equipamentos profissionais para mostrar o seu efeito. No entanto, as impressões em relevo, o stencil e a monotipia não exigem equipamentos sofisticados, e ainda ostentam uma aparência única”, lê-se ainda.

21 Mar 2023

IC | Fábrica de Panchões e Centro de Ciência acolhem artistas de rua

O Instituto Cultural (IC) decidiu criar dois novos locais para artistas de rua na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na vila da Taipa, e no largo em frente ao Centro de Ciência de Macau, com o objectivo “de fortalecer a revitalização dos bairros comunitários, criar uma atmosfera cultural, proporcionar mais espaços de actuação aos profissionais das artes e promover actuações de rua de qualidade”.

Os artistas começam a actuar nestes espaços a partir de sexta-feira, podendo fazê-lo entre as 10h e as 18h de sexta-feira a domingo e também nos dias feriados. Actualmente, existem cinco locais no território onde os artistas de rua podem actuar, no âmbito do “Programa Excursionando pelas Artes” lançado pelo IC em 2016.

Até Fevereiro deste ano, mais de 1.200 artistas locais e não locais requereram o cartão para poder actuar, tendo mais de 170 mil espectadores assistido aos espectáculos do programa.

21 Mar 2023

PCP | “Se há alguém tem procurado soluções para a paz é o governo chinês”

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, manifestou ontem expectativas positivas quanto ao encontro entre os Presidentes chinês e russo, salientando que “se há alguém que tem procurado soluções para a paz” na Ucrânia tem sido o regime de Pequim.

O presidente chinês, Xi Jinping, já desembarcou na Rússia, onde vai reunir hoje e na terça-feira com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países, e nos quais os dois chefes de Estado discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia.

Questionado sobre estes encontros, à margem de uma conferência de imprensa do PCP sobre habitação, Paulo Raimundo considerou que “tudo o que seja abrir caminhos para a paz é positivo”.

“Se há coisa que acho que podemos afirmar com toda a certeza é que se há alguém que tem procurado soluções para a paz e investir em caminhos para a paz, até com propostas concretas, tem sido o governo chinês, em particular o Presidente chinês”, afirmou.

O líder do PCP disse que, apesar de ser incerto o que vai acontecer nesse encontro, “seria positivo que esses planos no caminho da paz” estejam presentes, salientando que os povos já não precisam “de mais guerra, mais gasolina”.

21 Mar 2023

TPI | China pede que se evite padrões duplos

A China pediu ontem ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que evite “dois pesos e duas medidas”, depois de este ter emitido um mandado de prisão contra o Presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra.

“O TPI deve adoptar uma postura objectiva e imparcial, respeitar a imunidade jurídica dos chefes de Estado (…) e evitar a politização e a duplicidade de critérios”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, poucas horas antes do início da visita de Estado do Presidente da China, Xi Jinping, à Rússia.

O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, acusou Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país.

Putin ainda não comentou o anúncio, mas o Kremlin rejeitou a medida e considerou-a “escandalosa e inaceitável”.
Questionado se o mandado de prisão contra Putin ou a sua viagem – relâmpago à cidade de Mariupol vai afectar a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Moscovo, o porta-voz limitou-se a responder que Pequim “sempre defendeu o diálogo e a negociação para resolver a crise ucraniana”.

O líder chinês chega a Moscovo um dia depois de Putin visitar a Ucrânia, pela primeira vez – especificamente o porto de Mariupol (mar de Azov), na região de Donetsk – desde o início da invasão, em Fevereiro de 2022.

21 Mar 2023

Visita | Xi Jinping chega a Moscovo para visita de três dias

A visita do Presidente chinês tem como objectivo reforçar os laços de amizade e cooperação entre as duas nações e promover caminhos para a paz através do diálogo

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, desembarcou ontem na Rússia, onde vai reunir com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países. “A minha visita à Rússia visa fortalecer a amizade, cooperação e paz”, escreveu Xi, num artigo publicado por um jornal russo, antes de desembarcar em Moscovo.

A visita surge num período de crescente isolamento de Putin no cenário internacional desde o início da guerra na Ucrânia. A viagem segue também o anúncio surpresa do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, após uma reunião, em Pequim, numa vitória diplomática para o governo de Xi.

O líder chinês mais forte das últimas décadas tem tentado projectar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” na governação das questões internacionais. “Uma maneira razoável de resolver a crise” pode ser encontrada se “todas as partes abraçarem a visão de uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável”, referiu Xi no artigo publicado no jornal russo Russian Gazette.

Num plano para a paz, proposto no final de Fevereiro, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apelou também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia.

Manual de intenções

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, através do seu porta-voz Wang Wenbin, indica que durante a visita Xi terá uma profunda troca de pontos de vista com Putin sobre as relações bilaterais, bem como sobre as principais questões internacionais e regionais de interesse comum, promoverá a coordenação estratégica bilateral e a cooperação prática e injectará um novo ímpeto no desenvolvimento das relações bilaterais.

A visita será uma jornada de amizade, o que aprofundará ainda mais a confiança e a compreensão mútuas entre a China e a Rússia e consolidará a base política e o apoio público à amizade entre os dois povos por gerações, disse Wang, citado pelo Diário do Povo.

A visita de Xi à Rússia será uma viagem de cooperação para promover e aprofundar a sinergia entre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e a União Económica Eurasiática e ajudar os dois países a alcançar os respectivos objectivos de desenvolvimento e revitalização.

A visita também será uma viagem para promover a paz, disse Wang, observando que a China e a Rússia, com base no não alinhamento, não confrontação e não ter como alvo terceiros, praticarão o verdadeiro multilateralismo, promoverão um mundo multipolar e uma maior democracia nas relações internacionais, melhorarão a governança global e contribuirão para o desenvolvimento e o progresso mundiais.

“A China continuará a defender sua posição objectiva e justa sobre a crise na Ucrânia e desempenhará um papel construtivo na promoção de negociações de paz”, afirmou o porta-voz, segundo a publicação estatal. “O propósito da política externa da China é manter a paz mundial e promover o desenvolvimento comum”, disse Wang, observando que, na questão da Ucrânia, a China sempre esteve do lado da paz e do diálogo, e do lado certo da história.

“A posição da China resume-se a apoiar as negociações de paz. Sempre acreditamos que o diálogo político é a única maneira de resolver conflitos e disputas, enquanto atiçar as chamas e alimentar a luta, sanções unilaterais e pressão máxima só intensificarão as contradições e aumentarão as tensões, o que não está de acordo com os interesses e expectativas da maioria dos países do mundo”, disse.

Ao responder a uma pergunta sobre se a cimeira China-Rússia envolverá questões como fornecimento de vários tipos de assistência à Rússia pela China, Wang disse que a China sempre realizou uma cooperação económica e comercial normal com outros países, incluindo a Rússia, com base na igualdade e benefício mútuo.

“A cooperação entre a China e a Rússia é franca e sincera, pelo benefício dos dois povos e pelo desenvolvimento do mundo, e está livre de interferência e coerção de terceiros”, afirmou o porta-voz do MNE chinês.

Condenação em Haia

A reunião desta semana ocorre também após o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, ter acusado Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país. China e Rússia partilham uma fronteira com mais de quatro mil quilómetros de distância e Moscovo é um importante fornecedor de petróleo e gás para Pequim.

A China considera ainda a parceria com o país vizinho fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão. A reunião dá a ambos os líderes a oportunidade de mostrarem que têm “parceiros de peso” numa altura de relações tensas com Washington, disse Joseph Torigian, especialista em relações sino-russas na American University, em Washington, citado pela agência Associated Press. “A China pode sinalizar que, se as relações com os Estados Unidos continuarem a deteriorar-se, poderão fazer muito mais para ajudar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia”, apontou Torigian.

Armas negadas

A China voltou ontem a negar que tencione fornecer armamento à Rússia, depois de a imprensa norte-americana ter indicado que Pequim está a considerar enviar artilharia e munições para Moscovo. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, afirmou que “não é a China” que fornece armas, mas sim os Estados Unidos, e aconselhou Washington a “parar de colocar lenha na fogueira e apontar o dedo a outros países e coagi-los”.

“Os Estados Unidos devem desempenhar um papel construtivo para encontrar uma solução política para o conflito na Ucrânia”, disse Wang, acrescentando que a “China sempre manteve uma posição objectiva e imparcial sobre a ‘questão’ ucraniana: exortar à paz e ao diálogo”.

Ucrânia na agenda

Xi Jinping e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, vão discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia durante a visita do líder chinês a Moscovo, anunciou ontem o Kremlin. “Os tópicos abordados no plano [chinês] para a Ucrânia vão fazer parte das negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em conferência de imprensa.

“A Ucrânia certamente estará na agenda” da reunião entre Xi e Putin, apontou. Peskov acrescentou que Putin vai explicar a Xi Jinping “minuciosamente” a posição de Moscovo sobre o conflito, para que o Presidente chinês possa “obter em primeira mão a visão que o lado russo tem do momento actual”.

21 Mar 2023

Golfe | Torneio internacional regressa em Outubro

O torneio de golfe Macau Open, que integra o circuito Asian Tour, vai regressar entre 12 e 15 de Outubro, após cinco anos de interrupção, de acordo com a organização. A 20.ª edição do torneio de golfe tum total de 144 jogadores inscritos que competem por um prémio monetário total de um milhão de dólares norte-americanos, de acordo com um comunicado da Asian Tour e da empresa ligada ao desporto IMG (International Management Group).

A concessionária de jogo SJM Resorts vai ser a patrocinadora principal das próximas três edições, revelou ainda a nota, referindo que o evento volta a realizar-se, este ano, em Coloane, no Macau Golf and Country Club, propriedade da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, empresa mãe da SJM.

“Historicamente tem sido um evento muito popular entre os nossos jogadores e sei que esta será uma notícia muito bem-vinda para todos”, disse, citado no comunicado, o comissário e director-executivo da Asian Tour, Cho Minn Thant.

Também o Instituto do Desporto, através do presidente, Pun Weng Kun, apontou que “trazer de volta a Macau este torneio de golfe de longa duração tem sido uma prioridade importante”. Já Daisy Ho, da SJM, notou que a operadora está “empenhada em trazer Macau para o palco mundial através da realização de eventos desportivos internacionais”.

“Como grande apoiante do ‘desporto + turismo’, pretendemos elevar a marca Macau como centro mundial de turismo e lazer, impulsionar as chegadas internacionais e trazer benefícios económicos para a comunidade”, informou a empresária.

Com uma forte da dependência da economia do sector do jogo, o Governo tem pedido às operadoras de jogo que diversifiquem a actividade, nomeadamente através do desporto.

21 Mar 2023

Morreu empresário Rui Nabeiro aos 91 anos

O empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro – Delta Cafés morreu ontem aos 91 anos, vítima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa. “A data e o programa das exéquias serão oportunamente comunicados”, indicou.

“É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, presidente e fundador do Grupo Nabeiro — Delta Cafés”, pode ler-se num comunicado enviado ontem pelo grupo.

“O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida. Em 1961, criou a Delta Cafés, dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal e hoje em forte expansão nos mercados internacionais. Toda a família Delta está profundamente triste com esta perda e estende as sinceras condolências a todos aqueles que também hoje perderam um grande amigo.

Estamos todos empenhados em continuar o seu legado e honrar a sua visão, continuando a produzir o melhor café do mundo, apoiando as comunidades locais e promovendo a sustentabilidade”.

O Comendador Rui Nabeiro “encontrava-se hospitalizado no Hospital da Luz, devido a problemas respiratórios”, pode ler-se no mesmo comunicado, enviado pelo Grupo Nabeiro.

História de vida

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu a 28 de Março de 1931 na vila alentejana de Campo Maior, no seio de uma família humilde. Começou a trabalhar por volta dos 12 anos. Aos 17 anos, após a morte do pai, assumiu os destinos da empresa da família, uma pequena torrefação. Apostou na venda de café em Espanha e constituiu, mais tarde, uma sociedade com os tios, a Torrefação Camelo, que mais tarde vendeu.

Em 1961, criou a Delta Cafés. “Na vila alentejana de Campo Maior, num pequeno armazém com 50 metros quadrados e sem grandes recursos, inicia a actividade com apenas duas bolas de torra de 30 kg de capacidade”, pode ler-se no site da empresa, hoje com 62 anos de história. “Um Cliente um Amigo” era a filosofia de gestão de Rui Nabeiro, incorporada no que a Delta escreve sobre si própria, “Uma Marca de Rosto Humano”.

Em 2007 inaugurou o Centro Educativo Alice Nabeiro para dar resposta às necessidades extra-escolares das crianças de Campo Maior. Com o patrocínio da Delta a Universidade de Évora criou, em 2009, a Cátedra Rui Nabeiro, destinada à promoção da investigação, do ensino e da divulgação científica na área da biodiversidade.

Recordação de Timor

O Presidente da República timorense lamentou a morte de Rui Nabeiro, um “homem bom e generoso”, recordando os esforços do empresário português para promover o café timorense no exterior.

“Uma vida longa de grandes iniciativas empresariais, de criar emprego, riqueza para Portugal, para as comunidades onde a Delta estava instalada”, disse José Ramos-Horta, em declarações à Lusa em Díli.

“Fez algumas tentativas de comprar café de Timor no início, mas o mercado na altura já era bastante orientado para outros países como os Estados Unidos. Ainda assim a sua passagem por Timor foi sentida”, recordou.

O chefe de Estado timorense disse que Nabeiro acabou por não poder voltar a Timor-Leste, apesar de a Delta continuar a promover café de Timor-Leste, e recorda uma viagem que fez com o empresário a um evento internacional em Nova Iorque.

“Falámos muito, falámos muito da Delta e do café de Timor. Tenho grata recordação dele. Uma pessoa boa, generosa para os trabalhadores e as suas famílias”, lembrou Ramos-Horta, que falava à margem da inauguração de um novo espaço multiúsos do grupo de media GMN, em Díli.

O lote “Timor” é hoje um dos que integra a coleção da Delta, descrito com “um blend harmonioso, exótico e de deliciosa plenitude”, com café da região de Ermera, a sul de Díli, e que se distingue segundo a empresa pelo seu “sabor cheio, acidez suave e traços doces de chocolate”, segundo a empresa.

No inicio de 2000 as autoridades transitórias timorenses chegaram a anunciar que Rui Nabeiro e a Delta Cafés pretendiam comprar todo o café do país então armazenado, com um programa de pretendia colaborar com o desenvolvimento do setor que emprega cerca de 70 mil famílias.

O apoio da Delta era essencial para travar o que era, na opinião das autoridades timorenses, o monopólio norte-americano que até então controlava quase toda a exportação de café de Timor-Leste. O empresário português visitou Timor-Leste em março de 2000.

20 Mar 2023

Análise | Influência chinesa no Médio Oriente fruto das limitações diplomáticas dos EUA

O crescimento da influência chinesa no Médio Oriente, impulsionado pela recente mediação no restabelecimento das relações diplomáticas entre Irão e Arábia Saudita, resulta das cada vez maiores limitações diplomáticas norte-americanas na região, segundo analistas.

Para Nic Robertson, editor diplomático internacional da CNN, a influência dos Estados Unidos no Médio oriente está “em declínio”, com a Arábia Saudita – e em particular o seu príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman – a ficarem frustrados “com a diplomacia cambaleante” dos Estados Unidos, nomeadamente em casos como o do alegado envolvimento do príncipe no assassínio do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi, ou quando a Casa Branca pediu que o país cortasse a produção de petróleo rapidamente, para em seguida pedir para aumentá-la.

A China garantiu no sábado passado que o seu papel na retoma das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita não tem uma agenda escondida e que não pretende preencher um vazio no Médio Oriente.

“A China não persegue qualquer interesse egoísta” e vai continuar a apoiar os países do Médio Oriente “a resolver as suas diferenças através do diálogo e em consultas para promover a paz e estabilidade duradouras em conjunto”, segundo uma declaração colocada no ‘site’ do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A intervenção de Pequim no reatamento das relações diplomáticas entre os dois países, incluindo a reabertura de embaixadas depois de sete anos, foi vista como uma grande vitória diplomática da China, com os países do Golfo a considerarem que os Estados Unidos reduziam a sua intervenção na região.

“Acho que este acordo demonstra que a influência e a credibilidade dos EUA naquela região diminuíram e que há um novo tipo de alinhamento regional internacional a ocorrer, que fortaleceu e deu à Rússia e à China uma nova influência e estatuto”, defendeu Aaron David Miller, membro do ‘Carnegie Endowment for International Peace’ e ex-assessor de política do Médio Oriente para o Departamento de Estado.

20 Mar 2023

China/Rússia | Xi e Putin almoçam hoje e reúnem formalmente amanhã

Os Presidentes chinês e russo vão ter um almoço informal hoje e reunir-se-ão amanhã, quando darão também uma conferência de imprensa conjunta, anunciou o Kremlin, na passada sexta-feira.

“A comunicação entre o Presidente [Vladimir Putin] e o líder da China [Xi Jinping] arranca no dia 20 de Março. Vai ser uma conversa cara a cara, um almoço informal”, disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, em conferência de imprensa.

Peskov acrescentou que terça-feira vai ser o “dia das negociações” e que os dois líderes vão dar uma conferência de imprensa conjunta no final da reunião. Xi Jinping vai visitar a Rússia entre os dias hoje e quarta-feira.

Os dois líderes reuniram-se pela última vez em Setembro passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão. Xi expressou então a Putin “questões e preocupações” sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o Presidente russo.

Ambos os líderes expressaram, no entanto, o desejo de fortalecerem os seus laços, num período de tensões mútuas com o Ocidente. O país asiático considera a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se também rapidamente, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

Numa proposta para a paz com 12 pontos, divulgada no mês passado, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, e apelou ao fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO.

20 Mar 2023

Estudo | Pequim vai liderar crescimento da capacidade renovável

A China vai liderar o crescimento da capacidade renovável nos próximos anos, à frente dos Estados Unidos e da União Europeia, por apoiar as tecnologias limpas para alcançar emissões poluentes zero em 2060, segundo um estudo divulgado na passada sexta-feira.

Dados divulgados pela seguradora Crédito y Caución revelam que, “em termos absolutos, a China continuará a liderar o crescimento da capacidade renovável nos próximos anos”, nomeadamente no que toca à energia eólica e solar, mercados em que já representa, respectivamente, 40 por cento e 36 por cento, da produção ao nível mundial.

Estas percentagens comparam com quotas de mercado de 16 por cento para os Estados Unidos, 7,7 por cento para a Alemanha e 3,3 por cento para Espanha no que toca à capacidade eólica instalada no mundo e de 11 por cento para os Estados Unidos, 8,8 por cento para o Japão e 6, por cento para a Alemanha relativamente ao solar.

A empresa justifica o crescimento chinês nas renováveis com “o seu apoio às tecnologias energéticas limpas, [que] não só obedece à sua ambição ambiental de alcançar emissões ‘net’ zero em 2060, como à sua estratégia de redução da dependência de importações de combustíveis”.

Aposta independente

Devido à crise energética acentuada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, os países têm vindo a apostar nas renováveis, nomeadamente na produção eólica e solar. A UE, que estipulou a meta de alcançar 45 por cento da quota das energias renováveis no consumo final de energia europeia até 2030, quer tornar-se na “casa das tecnologias limpas” e representar, também até esse ano, 40 por cento da produção sustentável ao nível mundial, segundo uma proposta apresentada na quinta-feira pela Comissão Europeia para responder aos subsídios ‘verdes’ dos Estados Unidos.

Numa altura em que a UE tenta acabar com a dependência energética russa e atingir as suas metas ambientais – como a neutralidade carbónica em 2050 e a redução de pelo menos 55 por cento das emissões poluentes até 2030, estipuladas no Pacto Ecológico Europeu -, Bruxelas propôs uma nova lei comunitária com vista a desenvolver tecnologia ‘limpa’ em solo europeu, aumentando o fabrico e garantindo que a União alcança a transição climática.

Em causa, está o apoio europeu a tecnologias solares fotovoltaicas e solares térmicas, projectos de energia eólica terrestre e energia renovável ‘offshore’, baterias e armazenamento, bombas de calor e energia geotérmica, electrolisadores e células de combustível, biogás/biometano, captura e armazenamento de carbono e tecnologias de rede.

A proposta surge depois de, nos últimos meses, as relações transatlânticas terem sido marcadas pelo descontentamento europeu face ao plano dos Estados Unidos de subsidiar a produção local de tecnologias ‘limpas’ com 370 mil milhões de dólares, o que é considerado discriminatório e que ameaça levar as empresas europeias a abandonar o continente.

Entretanto, a UE decidiu trabalhar no seu próprio plano para fornecer incentivos às tecnologias limpas europeias.
Estima-se que o mercado global da tecnologia ‘limpa’ valha cerca de 600 mil milhões de euros até 2030, o triplo do seu valor actual.

20 Mar 2023

Economia | Restaurantes em recuperação

Em Janeiro deste ano, o volume de negócios dos restaurantes de Macau registou um aumento de 45,8 por cento face a Janeiro de 2022. Os dados fazem parte do “Inquérito de conjuntura à restauração e ao comércio a retalho referente a Janeiro de 2023”, elaborado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) com base em entrevistas com alguns dos proprietários.

Em comunicado, a DSEC explica o crescimento do volume de negócios com o “alívio das medidas antiepidémicas para a entrada em Macau” e os “feriados do Ano Novo Lunar”.

Os volumes de negócios dos restaurantes ocidentais e dos restaurantes chineses subiram assim 75,7 por cento e 64,4 por cento, respectivamente. Uma vez que a divisão é feita entre restaurantes chineses e ocidentais, o comunicado não permite saber as tendências para os restaurantes com comida japonesa, coreana ou tailandesa.

Quanto ao comércio a retalho, o volume do negócio cresceu 35,3 por cento, em termos anuais. O aumento foi mais significativo nos negócios dos relógios e joalharia com o crescimento a atingir 65,8 por cento. Na área produtos cosméticos e de higiene e nos artigos de couro os aumentos foram de 46,6 por cento e 43 por cento, respectivamente Já o sector automóvel registou uma tendência contrária, com uma redução de 6,3 por cento.

20 Mar 2023

Mortalidade | Desde 1991 que não se morria tanto em Macau

Não só a taxa de mortalidade subiu para níveis históricos, como também o registo de nascimentos diminuiu para valores apenas verificados em 1985. As causas de morte mais frequentes foram tumores malignos, doenças hipertensivas e pneumonia

 

A taxa de mortalidade, em 2022, foi a maior desde 1991 e a taxa de natalidade a menor desde 1985, de acordo com estatísticas divulgadas na sexta-feira pelo Governo.

No ano passado, registaram-se 3.004 mortes, uma subida de 684 face a 2021. A taxa de mortalidade passou de 3,4 por mil habitantes, em 2021, para 4,4, em 2022, “sendo a mais alta desde 1991”, referiu, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), notando que “o número de óbitos mais elevado se deveu a ‘tumores malignos’ (970)”, seguindo-se “doenças hipertensivas” (332) e de “pneumonia (281)”.

Por outro lado, avançou a DSEC, o número de nascimentos totalizou no ano passado 4.344, ou seja, menos 682 em termos anuais. “A taxa de natalidade situou-se em 6,4 [por mil habitantes], sendo a mais baixa desde 1985. A mediana da idade das mães que deram à luz o primeiro bebé foi de 31 anos, mais 0,9 anos, face a 2021”, acrescentou.

As estatísticas demográficas referentes ao quatro trimestre de 2022 avançam que a população total era composta por 672.800 pessoas no final de Dezembro, ou seja, menos 1,5 por cento (10.400 pessoas) em termos anuais. A quebra deveu-se “principalmente à diminuição do número de trabalhadores não-residentes domiciliados em Macau”, de acordo com o departamento de estatística.

Elas dominam

No que diz respeito aos trabalhadores não-residentes, grupo fortemente afectado pela imposição de restrições antipandémicas no território, estes totalizaram 154.912 no final do ano passado, uma descida de 16.186 em termos anuais.

De realçar ainda que a população feminina representava, em Dezembro de 2022, 53,2 por cento da população total, e a população idosa, com idade igual ou superior a 65 anos, correspondia a 13,3 por cento da população total, mais 1,1 pontos percentuais em termos anuais.

O índice de envelhecimento, a relação entre a população idosa e a população jovem, situou-se, por seu turno, em 94,4 por cento, “tendo aumentado significativamente 10,7 pontos percentuais, em termos anuais” e “reflectindo que a quantidade da população idosa se aproximava cada vez mais da quantidade da população jovem”.

O ano passado viu cair ainda o número de matrimónios, com 2.727 casamentos registados, menos 550 em relação a 2021. Também os divórcios registaram uma redução, com um total de 1.106 separações, menos 209 do que no ano transacto.

20 Mar 2023

Cultura | Fundação Oriente assinalou 35 anos na Casa Garden

Fado e música popular brasileira animaram o concerto que assinalou os 35 anos da Fundação Oriente. A delegada cessante Ana Paula Cleto sublinhou a importância das actividades desenvolvidas ao longo dos anos

 

Fado e música popular brasileira preencheram na sexta-feira, no jardim da Casa Garden, o concerto que assinalou os 35 anos da Fundação Oriente, nascida no território no dia 17 de Março 1988. Trinta e cinco anos que “foram importantíssimos para o espaço cultural, educativo, filantrópico e social” no território, sublinhou a delegada cessante Ana Paula Cleto.

“A presença da Fundação, porque nasce aqui e sempre esteve aqui, é importante desde esse momento e continuou a ser”, disse a responsável, lembrando que a instituição é sócio fundador do Instituto Português do Oriente (IPOR), criado em 1989, para promover a língua e cultura portuguesas, e onde mantém “uma presença muito forte”.

“Esteve também no início da Escola Portuguesa de Macau e foi importantíssima para o lançamento da escola”, acrescentou.

O trabalho dos delegados da Fundação é “de continuidade”, disse a responsável, considerando que deixa “projectos por fazer”, uma vez que definiu o plano de actividades para 2023, mas não o “vai concretizar”.

Ao fim de 13 anos, a saída foi “de livre vontade”, numa “decisão que começou a tomar forma há um ano e meio”, para se dedicar a projectos pessoais e familiares: “saio feliz por isso e por aquilo que fiz”, afirmou.

Tempo de mudanças

Com a nomeação de Catarina Cottinelli, que assume o cargo no próximo mês, a Fundação Oriente quer dar, em Macau, “continuidade ao plano de actividades culturais, educativas e sociais e da promoção da língua e da cultura portuguesas, tanto através de iniciativas próprias, como por via de parcerias com entidades locais ou da concessão de subsídios”, de acordo com um comunicado da instituição.

A Fundação Oriente tem sede em Lisboa e, além de Macau, delegações em Goa e em Timor-Leste. Desenvolve acções culturais, educativas, artísticas, científicas, sociais e filantrópicas, com vista à valorização e à continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente.

Em Macau, está instalada na Casa Garden, um edifício classificado adquirido à administração portuguesa no final dos anos de 1980, de acordo com o ‘site’ da Fundação.

A Casa Garden é um dos mais notáveis exemplares do património arquitectónico macaense de raiz europeia. A edificação remonta à segunda metade do século XVIII, tendo sido inicialmente propriedade de uma família da aristocracia portuguesa.

20 Mar 2023

Portugal | Monjardino pede garantias a Ho Iat Seng

Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente (FO), disse à TDM Rádio Macau esperar que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, assegure a continuação das garantias que a comunidade portuguesa sempre teve em Macau.

Por ocasião da visita de Ho Iat Seng ao país, que se realiza em meados de Abril, Monjardino defendeu que continuem a ser asseguradas “algumas garantias em relação aos portugueses que ainda aí estão para que não percam as condições que foram sempre as deles em Macau” e para que seja garantida “a protecção dos interesses dos portugueses em Macau”.

20 Mar 2023

Visita | Último Governador português regressa a Macau

Vasco Rocha Vieira, último Governador português de Macau, estará de visita ao território no próximo fim-de-semana. Segundo a TDM – Rádio Macau, a visita acontece devido à atribuição do doutoramento honoris causa pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Estão, assim, programados encontros entre Rocha Vieira e as autoridades locais, com Alexandre Leitão, novo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, e os representantes da comunidade portuguesa.

Espera-se ainda que Rocha Vieira visite a Zona de Cooperação de Macau e Guangdong em Hengqin. O doutoramento honoris causa, na área da Ciência e Tecnologia, foi atribuído pela instituição de ensino superior a Rocha Vieira em Abril do ano passado numa cerimónia online, que serviu também para celebrar os 22 anos da universidade privada, no dia 25 de Março.

20 Mar 2023

ONU | Macau destaca redução de crimes ligados a droga

A redução do número de crimes relacionados com droga, foi um dos principais aspectos destacados pela comitiva de Macau que participou na 66.ª sessão da Comissão de Estupefacientes da Organização das Nações Unidas (ONU). O encontro decorreu entre 13 e 17 de Março, na sede da ONU, em Viena. A RAEM esteve integrada na comitiva da República Popular da China.

De acordo com o comunicado do Instituto de Acção Social (IAS), os representantes do território focaram ainda os trabalhos de prevenção e tratamento da toxicodependência, redução dos danos causados pela droga e promoção dos reabilitados na participação dos cursos de formação profissional, entre outros.

Também o número do pedido de ajuda dos toxicodependentes, assim como a ausência de toxicodependentes infectados com SIDA, foram outros dos assuntos abordados.

Em comunicado, o IAS assinalou que devido “aos trabalhos do combate à droga de alta eficiência do país” o Governo da RAEM consegue preencher “os critérios internacionais e das zonas vizinhas” e cumprir “as obrigações das convenções internacionais”.

Na deslocação à Europa, a RAEM fez-se representar por Hoi Va Pou, vice-presidente, e Ao Wang Tim, chefe de divisão, ambos do Instituto de Acção Social (IAS). Por sua vez, a Polícia Judiciária esteve representada por Sou Sio Keong, subdirector, e Lei Hon Nei, chefia funcional.

20 Mar 2023

PCC | Ho Iat Seng apoia reforma do Gabinete para os Assuntos das RAEs

O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau vai deixar de estar sobre alçada do Conselho de Estado para passar para a supervisão do Comité Central do Partido Comunista da China. Ho Iat Seng relevou prontamente “a sua protecção e apoio firme” ao novo órgão central, aprovação que se estendeu às forças tradicionais do território e ao Chefe do Executivo de Hong Kong

 

“O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, em nome do Governo da RAEM, manifesta a sua protecção e apoio firme” à “proposta de reforma do partido e dos órgãos nacionais, recentemente divulgada pelo Comité Central e Conselho do Estado.” Foi desta forma que o Executivo de Macau reagiu à criação do gabinete para os assuntos de Hong Kong e Macau sob a alçada directa do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), saindo do âmbito de competências do Conselho de Estado.

O Gabinete de Comunicação Social salienta o papel do novo órgão que “desempenha funções de implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, de concretização do poder pleno da governação das autoridades centrais, da governação de Hong Kong e Macau de acordo com a lei, da protecção da segurança nacional, da salvaguarda do bem-estar da população”.

O Executivo de Ho Iat Seng acrescenta ainda as competências do órgão para “investigar, estudar e coordenar o apoio a Hong Kong e Macau na integração da conjuntura do desenvolvimento nacional, assim como supervisionar o exercício das suas atribuições”.

Além disso, Ho Iat Seng agradeceu a atenção que as autoridades centrais têm prestado na implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas” em Hong Kong e Macau e sublinhou o relevo do discurso de Xi Jinping na última sessão da Assembleia Popular Nacional, em que o Presidente chinês referiu que “o impulso para o fortalecimento do país conta com a prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macau”.

O Chefe do Executivo salienta que a “presente reforma visa reforçar mais a liderança uniformizada das autoridades centrais em relação aos trabalhos de Hong Kong e Macau, demonstrando a firme e plena implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, a qual salvaguardará a estabilidade e durabilidade do referido princípio.

Ho Iat Seng sublinha ainda que a reformulação institucional aperfeiçoa o sistema de liderança dos assuntos de Hong Kong e Macau pelas autoridades centrais, assim como a “concretização do poder pleno da governação das autoridades centrais e a salvaguarda do alto grau de autonomia na governação da RAEM e concretização firme do princípio ‘Macau governada por compatriotas’.

A persistência na governação de Macau de acordo com a lei, a potencialização das vantagens e características próprias de Macau, o apoio a Macau na resolução dos conflitos e problemas profundos que surjam no desenvolvimento socioeconómico são também factores enaltecidos por Ho Iat Seng sobre a supervisão das autoridades centrais.

Reforma nacional

A mudança do gabinete, ou escritório, para os assuntos das RAEs faz parte de uma ampla reforma, que visa reforçar o papel do PCC na gestão das finanças, tecnologia ou assuntos sociais, como parte dos esforços do líder chinês, Xi Jinping, de consolidar um estilo de liderança centralizado.

A longa directriz delineou a criação de novos órgãos partidários e a reestruturação de alguns órgãos existentes, visando reforçar o domínio do PCC sobre a burocracia do Governo Central na formulação de políticas.
Esta reformulação visa melhorar a capacidade do PCC de governar e exercer uma “liderança centralizada e unificada”, de acordo com a directriz.

Entre as medidas, consta o estabelecimento de dois novos órgãos partidários que vão administrar o sistema financeiro da China. O PCC vai também criar novas agências encarregadas de orientar as políticas da China para o sector tecnológico ou interagir com grupos cívicos e o público em geral.

Estes planos de reestruturação indicam que Xi permanece fiel à sua visão de uma liderança forte e centralizada, sob alçada do Partido Comunista.

De acordo com a directriz citada pela imprensa estatal, estas mudanças são necessárias para actualizar as instituições de governação da China, que não eram “adequadas” às necessidades de modernização do país.

O Partido Comunista da China pretende concluir as mudanças a nível do Governo Central, até ao final do ano, e concluir a reestruturação a nível local, até ao final de 2024. O PCC vai criar uma nova Comissão Financeira Central, que absorve um conselho governamental existente, e assumir a responsabilidade de definir as principais políticas relacionadas com o sistema financeiro da China.

A organização política vai também recuperar a Comissão Central de Trabalho Financeiro, órgão criado após a crise financeira asiática e que existiu entre 1998 e 2003.

As directrizes incluem ainda um novo Escritório Central para a Assistência Social, que supervisionará as interações partidárias com grupos cívicos, câmaras de comércio e grupos industriais, bem como o tratamento de petições e queixas públicas.

Por outro lado, uma nova Comissão Central para a Tecnologia vai assumir a responsabilidade de orientar os esforços da China para desenvolver novas capacidades e conhecimento em sectores estratégicos.

Visto de Hong Kong

Também o Chefe do Executivo da RAEHK, John Lee, reagiu na sexta-feira à reforma anunciada por Pequim, afirmando que permite maior eficácia na supervisão dos assuntos relativos a Hong Kong e Macau e na implementação correcta de políticas “graças à forte liderança das autoridades centrais”.

“O Governo Central presta sempre atenção ao bem-estar da população de Hong Kong”, afirmou John Lee ainda em Pequim, citado pela agência estatal Xinhua.

Salientando a forma como a remodelação institucional irá beneficiar a implementação correcta dos princípios “Um País, Dois Sistemas” e “Hong Kong governada por patriotas”, John Lee acrescentou que será igualmente benéfica para melhor salvaguardar a segurança nacional, “além de potenciar a estabilidade e prosperidade da região”.

O Chefe do Executivo da RAEHK mencionou também que Pequim tem vincado a importância de garantir um elevado grau de autonomia de Hong Kong, algo que está conceptualmente ligado à forma como o Governo Central exerce a sua jurisdição sobre a região, ligação que será reforçada pela criação do novo gabinete.

Questionado pela imprensa se acha que Xia Baolong, que ocupava o cargo de director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, continuará para o novo órgão, John Lee não respondeu e apenas referiu que a chefia do organismo “será anunciada pelo Governo Central”.

Uma só voz

Como normalmente acontece nestas circunstâncias, representantes de associações tradicionais não demoraram a demonstrar o apoio inequívoco às decisões políticas de Pequim.

O chefe da delegação dos membros de Macau na Assembleia Popular Nacional, Lao Ngai Leong, afirmou ao jornal Ou Mun o “absoluto apoio à criação do Gabinete para os assuntos de Hong Kong e Macau do Comité Central do PCC”. O também presidente do Conselho Regional de Macau para a Promoção da Reunificação Pacífica da China indicou que o novo organismo irá ajudar o PCC na “concretização firme o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, incluindo a prosperidade e estabilidade de Hong Kong e Macau e no processo de modernidade chinesa”.

A ex-deputada Chan Hong também comentou a reforma, indicando que oferece garantias básicas de prosperidade e estabilidade na persecução do desenvolvimento sustentável das regiões administrativas especiais. A dirigente da Associação de Educação de Macau considera que o Governo da RAEM irá coordenar eficazmente com o novo organismo de forma a promover os trabalhos educativos de amor à pátria e a Macau, incentivando os jovens a integrar no desenvolvimento nacional.

Por seu turno, o deputado Si Ka Lon considera que a iniciativa significa que o Governo Central continua a dar grande importância ao desenvolvimento e aos assuntos de Hong Kong e Macau, atentando à posição que o desenvolvimento das duas regiões desempenha na conjuntura dos trabalhos nacionais.

20 Mar 2023

Rússia | Navalny “terrivelmente satisfeito” com Óscar a documentário sobre o seu activismo

O líder oposicionista russo, Alexei Navalny, que está detido, afirmou quarta-feira que está “terrivelmente satisfeito” que um filme sobre o seu envenenamento e ativismo político tenha ganho o Óscar para o melhor documentário.

Em várias mensagens na sua conta da rede social Twitter, o político congratulou o realizador Daniel Roher e os outros envolvidos na produção de ‘Navalny’, bem como a sua esposa Yulia e os seus aliados na Fundação Anticorrupção.

“Claro que estou terrivelmente contente, mas enquanto me alegro, procuro não esquecer que não fui eu quem ganhou o Óscar, afinal de contas”, disse.

O documentário descreve a carreira de Navalny no combate à corrupção dos dirigentes, o seu envenenamento quase fatal em 2020, que atribuiu ao Kremlin a sua recuperação ao longo de cinco meses na Alemanha e o seu regresso a Moscovo, em 2021, quando foi imediatamente colocado sob custódia, no aeroporto. Condenado depois a dois anos e meio de prisão, Navalny viria a ter outra condenação de mais nove anos.

Navalny tem sofrido uma pressão constante dos dirigentes russos. Passou várias semanas em regime de isolamento, dentro de uma designada “cela de punição” e no mês passado foi colocado em uma unidade residencial restrita durante seis meses. Em termos concretos, tem sido privado de telefonemas ou visitas de familiares, apesar de aparentemente ser autorizado a escrever cartas e a receber advogados.

Nas mensagens na Twitter, Navalny confirmou que tinha sabido sobre o Óscar enquanto estava à espera de uma audiência em tribunal, através de uma ligação vídeo a partir da sua prisão. Adiantou que o seu advogado procurou dar-lhe a notícia colocando uma folha de papel frente à câmara, mas que não conseguiu ver o que tinha escrito, pelo que o advogado teve de gritar “O teu filme ganhou um Óscar”.

16 Mar 2023

CCCM | “Sons do Oriente Lírico” este sábado

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe este sábado, em Lisboa, a partir das 14h30, o evento “Sons do Oriente Lírico”, que integra uma série de palestras e momentos musicais que exploram “as artes da Lira no Oriente”.

O público poderá, assim, ter contacto “com os sons da poesia e da música numa paisagem auditiva e visual expressa nos sons da voz e da música, num encontro entre o Ocidente e o Oriente”. Destaque para as palestras “Música e Instrumentos Musicais Chineses”, com o investigador Enio Souza, e “Apontamentos para a Poesia Chinesa”, com a académica Wang Suoying.

Ao longo da tarde acontecem ainda as iniciativas “Poema da Dinastia Tang, Chun Xiao, ‘Madrugada da Primavera'”, lido por Luciana Lu, e o “Momento Musical com contrabaixo e Guzheng”, com o duo Miguel Leiria e Xin Su.
António Graça de Abreu, tradutor de poesia chinesa, vai falar da “Poesia de poetas chineses”, enquanto Joaquim Pereira e os “Amigos do Patuá” vão falar da “Poesia do Adé”, um dos grandes nomes da poesia macaense em patuá. O evento encerra com um recital de poemas com Maria Maya e convidados.

16 Mar 2023