Hoje Macau EventosEscritor Andrey Kurkov diz que falsas notícias são mais perigosas que mísseis O escritor ucraniano Andrey Kurkov considerou ontem, num festival literário, que a propaganda e a desinformação são tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, através da falsificação de provas que permitem ocupar um país sem usar uma arma. “É possível ocupar um país sem usar uma arma, mostrar quem é o inimigo e as pessoas acreditarão porque é possível falsificar provas”, disse o escritor, referindo-se à “propaganda e desinformação que são provavelmente tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, porque são bem produzidas”. O autor de “A morte e o pinguim” conversou com o colombiano Juan Gabriel Vasquez sobre “Conflitos”, numa mesa do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, em que os dois autores abordaram as diferenças e semelhanças entre as guerras que assolaram os respectivos países. Na Ucrânia, novamente invadida pela Rússia em 2022, “as pessoas não dormem à noite”, refugiando-se nos abrigos ou atentos ao toque das sirenes, mas, de manhã “vão para o trabalho, para os cafés e à noite aos teatros”, alguns dos quais com “bilhetes esgotados com um mês ou dois de antecedência”, contou. Esta é, segundo o escritor, a forma de “resistir à guerra”, mantendo “um estilo de vida normal”, ainda que nas próximas décadas possa “aumentar a violência nas famílias, porque as pessoas tornam-se agressivas, radicalizadas”. E as guerrilhas? Já a Colômbia, onde os conflitos com movimentos de guerrilha se estenderam por mais de 60 anos, é vista por Juan Gabriel Vasquez como “um país em regressão”, onde “a classe política não consegue ultrapassar as suas disputas”. Para ambos, a distorção da realidade através da desinformação está a determinar a forma como as classes políticas e as populações encaram os conflitos num tempo em que os escritores têm o papel de “provocar o debate público e convocar a sociedade civil para debater diferentes temas”, defendeu o autor colombiano, que tem em “A tradução do mundo” o seu mais recente livro editado em Portugal. Andrey Kurkov considera mesmo que “nos tempos difíceis os escritores estão a tornar-se jornalistas”, já que no seu país “a maioria dos escritores ucranianos não escreve ficção” desde 2022, escrevendo, em contrapartida, “livros de história”. Esse é, segundo Juan Gabriel Vasquez, a “forma de contrariar a versão oficial da história”, veiculada pelos poderes interessados em veicular “um certo tipo de verdade sobre quem foi responsável pelo quê, sobre o que de facto aconteceu e deixando algumas perguntas por responder”. “Num mundo onde a maioria das pessoas obtém as suas informações através das redes sociais”, as sociedades precisam de desenvolver “o talento para saber separar as verdades das mentiras”, e aprender a “ler a realidade”. Mas a realidade “é que não o estão a conseguir” e “estão a cair em mentiras”, lamentou, exemplificando com o facto de “mais de metade dos cidadãos dos Estados Unidos acreditarem que Donald Trump ganhou as eleições” ou de “uma grande parte da população de vários países ocidentais, em 2020, acreditar que a Ucrânia tinha um regime nazi”. Para o autor, cabe agora a todos assumir o papel de “verificadores de factos” e filtrar a informação, já que essa será “a única possibilidade de sobrevivermos como sociedade”. O Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos abriu portas no passado dia 10 e terminou ontem depois de mais de 600 iniciativas, distribuídas por várias curadorias, com a presença de vários escritores e ilustradores internacionais premiados.
Hoje Macau EventosClockenflap | Jamie XX, Air e Suede em Central no fim de Novembro Já é conhecido o cartaz completo da edição deste ano do festival Clockenflap, agendado para os dias 29 de Novembro a 1 de Dezembro no Central Harbourfront Event Space, em Hong Kong. O público pode esperar uma mescla de sonoridades, que começa com electrónica representada pelos Air ou por A-Trak, passando a Suede ou Jamie XX como nomes de destaque Está a chegar aquela altura do ano em que os grandes amantes de festivais e música ao ar livre rumam a Hong Kong para três dias de concertos com o melhor da música a nível mundial, com géneros para todos os gostos. E este ano o cartaz do festival Clockenflap promete não desapontar, apresentando, entre os dias 29 de Novembro e 1 de Dezembro, nomes como Central Cee, cabeça de cartaz de sábado, dia 30 de Novembro, ou ainda BANKS, Serrini, The Black Skirts ou Wisp. Mas na sexta-feira, 29, o alinhamento abre com a música electrónica, primeiro com a duplo francesa Air, cujo álbum, “Moon Safari”, acaba de fazer 20 anos. Seguem-se nomes como A-Trak, também outro grande nome da electrónica, Taste of Blue e Biascut, de Hong Kong, ou ainda os Hiperson, da China. Ainda no sábado, será dia para ouvir os Suede, do Reino Unido, Sakurazaka, do Japão, ou ainda Fat Dog. O Clockenflap encerra no domingo com chave de ouro, apresentando os espectáculos de Jamie XX e Jack White. Promete-se, segundo a apresentação do programa, “um alinhamento eclético de artistas internacionais, regionais e locais”, sem esquecer o habitual “ambiente espectacular ao ar livre com vários palcos”. Dá-se destaque ao cabeça de cartaz Central Cee, rapper britânico que “tomou de assalto o mundo do hip-hop nos últimos cinco anos com uma série de singles e álbuns no topo das tabelas e mais de 4 mil milhões de streams só no Spotify”, conhecida plataforma de streaming. Podem, assim, ouvir-se sucessos como “Doja” e “Sprinter”. Destaque também para a estreia em Hong Kong de BANKS, nome artístico da cantora Jilian Rose Banks, que aposta no género Alt-R&B. Outra estreias A organização do festival destaca ainda a estreia na região vizinha de Jack White, que deverá levar ao palco as canções do seu mais recente trabalho de originais, “No Name”, que já é o sexto álbum a solo. O antigo vocalista dos White Stripes, Raconteurs e The Dead Weather actua no domingo à noite, estando pronto para “levar o festival a um fecho triunfante”. É também referida a presença de St.Vicent, tida como “uma das artistas mais intrigantes e consistentemente surpreendentes dos últimos 20 anos”, e que será “a grande atracção de sábado, com um espectáculo que engloba o seu impecável catálogo [de canções]”, incluindo o mais recente álbum, lançado este ano, e intitulado “All Born Screaming”. No caso dos britânicos Glass Animals, promete-se um grande espectáculo de pop-rock psicadélico. A banda lançou o quarto álbum recentemente, intitulado “I Love You So F***ing Much”. De resto, o Clockenflap deverá também apresentar nomes que representam “a amplitude e profundidade da electrizante cena musical do Japão”, com um “alinhamento que apresenta uma colecção eclética dos artistas mais excitantes do país, incluindo o duo de hip-hop Creepy Nuts, o enigmático vocalista de J-Pop yama, os intrincados mestres do post-rock/math rock toe, o hipnotizante grupo feminino Sakurazaka46 e a banda indie-pop Cody・Lee(李)”. Os bilhetes para o festival já estão à venda e custam 1,990 dólares de Hong Kong para os três dias, e 1,280 dólares de Hong Kong para uma entrada diária. Há ainda bilhetes mais baratos para espectadores com menos de 18 anos.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Pequim denuncia passagem de navios dos EUA e do Canadá A China continua em “alerta máximo” após a travessia do Estreito de Taiwan, no domingo, por navios militares dos Estados Unidos e do Canadá, informou ontem o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular. “O contratorpedeiro norte-americano Higgins e a fragata canadiana Vancouver atravessaram o Estreito de Taiwan no dia 20 de Outubro”, afirmou Li Xi, porta-voz do comando, que disse que as forças navais e aéreas do Exército chinês “acompanharam de perto” a travessia e responderam ao incidente de acordo com as leis existentes. Li Xi sublinhou que “o Exército de Libertação Popular mantém-se sempre em alerta máximo e salvaguarda firmemente a soberania e a segurança nacionais, bem como a paz e a estabilidade regionais”. Pequim reafirmou na semana passada, após a conclusão de exercícios militares, que “não renunciará ao uso da força” contra Taiwan, condenando as “forças separatistas” da ilha e a ingerência estrangeira, como a dos Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaLua | Pequim desenvolve “tijolos lunares” Investigadores chineses desenvolveram “tijolos lunares” utilizando materiais que imitam a composição do solo lunar, uma descoberta que visa facilitar a construção de uma base internacional na superfície do satélite natural da Terra. O projecto, liderado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong (HUST) na cidade de Wuhan, província de Hubei, no centro da China, sob a direcção de Ding Lieyun, produziu tijolos que são três vezes mais fortes do que o betão normal. O desenvolvimento baseia-se na tecnologia de fabrico aditivo e em robôs de impressão 3D capazes de utilizar o solo lunar como matéria-prima, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua. Os cientistas testaram várias composições do solo simulado, incluindo basalto do local de aterragem da missão Chang’e 5, bem como processos de sinterização [consolidação a temperaturas elevadas] para optimizar os materiais. Os tijolos serão inicialmente transportados, em Novembro, para a estação espacial chinesa Tiangong a bordo da nave espacial de carga Tianzhou 8, onde serão submetidos a testes térmicos e mecânicos em condições extremas, avaliando o desempenho sob radiação cósmica, actividade sísmica lunar e mudanças bruscas de temperatura. O primeiro tijolo vai regressar à Terra no final do próximo ano para mais análises destinadas a validar o comportamento estrutural e determinar a viabilidade para utilização em futuras missões de construção na Lua. Olhos nos cosmos A China, no âmbito do programa espacial a longo prazo, planeia iniciar a construção de uma estação internacional de investigação lunar entre 2028 e 2035. O país asiático avançou com o programa lunar com a missão Chang’e 8, que vai testar técnicas para utilizar recursos directamente da superfície lunar, como parte da estratégia para desenvolver infraestruturas sustentáveis na Lua. O país apresentou também um fato espacial inovador que combina tradição cultural com funcionalidade avançada, concebido para proteger os astronautas durante futuras actividades na Lua. Os cientistas chineses desenvolveram ainda um método pioneiro para extrair água do rególito lunar, aquecendo-o a mais de 1.000°C, o que facilitará a construção de estações científicas e a sobrevivência de futuras missões tripuladas. Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente no programa espacial, incluindo em várias missões de exploração ou na criação de uma estação espacial, para funcionar durante os próximos dez anos. A plataforma chinesa tornar-se-á a única estação espacial do mundo a partir deste ano, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do programa espacial, for retirada este ano, como previsto.
Hoje Macau SociedadeTaipa | Governo recupera terreno do Hotel Palácio Imperial A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) vai avançar para a recuperação do terreno onde se situa o Hotel Palácio Imperial de Pequim, já encerrado ao público. A notícia foi divulgada ontem pelo portal Macau News Agency (MNA) que cita documentação oficial sobre o processo, descrevendo-se que a RAEM já rescindiu o contrato de arrendamento do terreno com a Empresa Hoteleira de Macau, Limitada. O terreno em questão fica perto da rotunda dr. Carlos D’Assumpção e tem 15 mil metros quadrados, aproximadamente. Inicialmente inaugurado em 1992 com o nome de Hotel New Century e com capacidade para 500 quartos, com a categoria cinco estrelas, ganhou depois o nome de Beijing Imperial Palace Hotel em 2013. Anteriormente tinha uma área de jogo, no casino Greek Mythology, encerrado em 2015. No ano seguinte, a Direção dos Serviços de Turismo ordenou o encerramento temporário do empreendimento devido a “graves irregularidades administrativas” e “reconstruções ilegais”. A licença para manter o estabelecimento aberto foi revogada em Janeiro de 2017, não tendo o hotel e casino voltado a abrir portas. Depois da empresa ter reclamado a continuação da exploração do empreendimento pela via judicial, a DSOP viria a informar que os proprietários do Beijing Imperial Palace Hotel tinham cancelado o seu pedido de renovação da propriedade sem qualquer justificação, escreve o MNA. Foto Aries Un / MNA
Hoje Macau PolíticaEnsino | Escola Tong Sin Tong vai mudar-se para a Zona A O presidente da direcção da Associação de Beneficência Tong Sin Tong, Chui Sai Peng, prevê que a escola da associação se mude para as novas instalações entre 2027 e 2028, de acordo com as declarações citadas pelo jornal Ou Mun. A escola ligada à associação foi uma das oito escolhidas pelo Governo para ocupar o futuro campus criado na Zona A. Segundo Chui Sai Peng, que é igualmente deputado, a Zona A vai ter cerca de 100 mil habitantes e a esperança é que o estabelecimento de ensino receba alunos dessa zona, mas também de outras áreas do território. O presidente da direcção da associação reconheceu também que a principal preocupação partilhada com o Governo passa pela necessidade de assegurar que os acessos, principalmente ao nível das estradas, são bem desenhados e que se evitam grandes congestionamentos na circulação. Chui defendeu ainda a necessidade de haver bons passeios e passagens aéreas entre a escolas e os edifícios residenciais daquela zona, além de zonas de paragem para os autocarros. Chui Sai Peng destacou também que nos últimos anos a Associação de Beneficência Tong Sin Tong reforçou a aposta na Medicina Tradicional Chinesa, seja a partir da disponibilização de consultas nas clínicas que controla, seja com cursos de formação nesta área nas instalações de ensino.
Hoje Macau Manchete SociedadePortugal | Municípios assinam acordos com Zhuhai As parcerias entre Zhuhai e os municípios de Penafiel, Lousada, Baião, Felgueiras, Cinfães, e Marco de Canaveses abrangem áreas como comércio, tecnologia, educação e economia marinha e foram formalizadas no fim-de-semana Seis municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa assinaram acordos de cooperação com a cidade de Zhuhai, situada no sul da China, junto a Macau. De acordo com o portal de notícias estatal Guangdong Today (GDToday), cada um destes seis municípios do Tâmega e Sousa (Penafiel, Lousada, Baião, Felgueiras, Cinfães, e Marco de Canaveses) assinou um acordo com uma zona de Zhuhai. As cartas de intenções, que abrangem áreas como comércio, tecnologia, educação e economia marinha, foram assinados na sexta-feira, durante a visita a Zhuhai de uma delegação da CIM do Tâmega e Sousa. Esta é a segunda vez que zonas de Zhuhai estabelecem relações com municípios do estrangeiro, indicou o GDToday. “Esperamos ver Zhuhai e Portugal a expandirem ainda mais intercâmbios de pessoas, aprofundarem a compreensão mútua e continuarem a promover intercâmbios e cooperação”, disse o vice-presidente da autarquia de Zhuhai, Li Chong. A cidade estabeleceu um acordo de geminação com o município de Castelo Branco em 1994. Mais investimento Na quinta-feira, em Macau, o primeiro-secretário executivo da CIM do Tâmega e Sousa disse à Lusa que a delegação ia visitar o ‘campus’ do Instituto de Tecnologia de Pequim na vizinha Hengqin e avaliar “a oportunidade de um centro de investigação ligado ao conhecimento, inovação e desenvolvimento de novas tecnologias” naquela zona portuguesa. “Há uma capacidade técnica instalada, logo há recursos humanos qualificados”, sublinhou o dirigente, lembrando a proximidade das universidades do Porto, do Minho e de Trás-os-Montes. Também o director executivo da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP) disse que a região do Tâmega e Sousa quer acolher um parque tecnológico para transferência de tecnologia da China. Paulo Dinis disse à Lusa que “está a ser preparado um acordo geral que permita envolver” os municípios do Tâmega e Sousa no projecto. O primeiro passo, em colaboração com a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas, foi dado através da criação de um centro, cuja sede está para já no Porto, referiu Dinis. “Estamos a equacionar o lançamento de um parque tecnológico, a ser uma colaboração entre empresas, ‘startups’ acima de tudo, que permita ter uma colaboração partilhada em termos de conhecimento de tecnologia entre Portugal, Macau, e China” continental, indicou. A delegação da CIM do Tâmega e Sousa esteve no território para participar na 29.ª edição da Feira Internacional de Macau, que terminou no sábado.
Hoje Macau PolíticaTrânsito | Conselheiro quer melhores ligações para a Zona A Kou Ngon Fong, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, defende que o Governo deve aumentar o mais depressa possível o número de ligações para a Zona A dos Novos Aterros. A ideia foi partilhada em declarações ao Jornal do Cidadão, e o objectivo passa por utilizar melhor a nova Ponte Macau. O conselheiro considera que com mais e melhores ligações seria possível aumentar o número de veículos desviados da Ponte da Amizade para a Ponte Macau, uma das principais metas do novo projecto. Para Kou Ngon Fong, um dos projectos que pode fazer a diferença é o viaduto A2 entre a Avenida 1.º de Maio, junto da Estação de Tratamento de Águas Residuais, e o lado oeste da Zona A dos Novos Aterros Urbanos, porque vai desviar muito mais trânsito para a Ponte Macau. No entanto, enquanto as ligações não estão disponíveis, Kou Ngon Fong pediu ao Governo para promover melhor as novas vias disponíveis na Zona A, para aumentar a confiança e uso pela população. Segundo o conselheiro, actualmente existe a ideia que as estradas da Zona A tendem a estar muito congestionadas, pelo que grande parte dos condutores continua a preferir circular pela Ponte da Amizade, em deslocações da Taipa para a península de Macau. O conselheiro pediu também que o Executivo divulgue atempadamente o calendário das obras, para que os cidadãos saibam quando novas estradas vão estar abertas ao público.
Hoje Macau EventosAndrey Kurkov diz que falsas notícias são mais perigosas que mísseis O escritor ucraniano Andrey Kurkov considerou ontem, num festival literário, que a propaganda e a desinformação são tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, através da falsificação de provas que permitem ocupar um país sem usar uma arma. “É possível ocupar um país sem usar uma arma, mostrar quem é o inimigo e as pessoas acreditarão porque é possível falsificar provas”, disse o escritor, referindo-se à “propaganda e desinformação que são provavelmente tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, porque são bem produzidas”. O autor de “A morte e o pinguim” conversou com o colombiano Juan Gabriel Vasquez sobre “Conflitos”, numa mesa do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, em que os dois autores abordaram as diferenças e semelhanças entre as guerras que assolaram os respetivos países. Na Ucrânia, novamente invadida pela Rússia em 2022, “as pessoas não dormem à noite”, refugiando-se nos abrigos ou atentos ao toque das sirenes, mas, de manhã “vão para o trabalho, para os cafés e à noite aos teatros”, alguns dos quais com “bilhetes esgotados com um mês ou dois de antecedência”, contou. Esta é, segundo o escritor, a forma de “resistir à guerra”, mantendo “um estilo de vida normal”, ainda que nas próximas décadas possa “aumentar a violência nas famílias, porque as pessoas tornam-se agressivas, radicalizadas”. E as guerrilhas? Já a Colômbia, onde os conflitos com movimentos de guerrilha se estenderam por mais de 60 anos, é vista por Juan Gabriel Vasquez como “um país em regressão”, onde “a classe política não consegue ultrapassar as suas disputas”. Para ambos, a distorção da realidade através da desinformação está a determinar a forma como as classes políticas e as populações encaram os conflitos num tempo em que os escritores têm o papel de “provocar o debate público e convocar a sociedade civil para debater diferentes temas”, defendeu o autor colombiano, que tem em “A tradução do mundo” o seu mais recente livro editado em Portugal. Andrey Kurkov considera mesmo que “nos tempos difíceis os escritores estão a tornar-se jornalistas”, já que no seu país “a maioria dos escritores ucranianos não escreve ficção” desde 2022, escrevendo, em contrapartida, “livros de história”. Esse é, segundo Juan Gabriel Vasquez, a “forma de contrariar a versão oficial da história”, veiculada pelos poderes interessados em veicular “um certo tipo de verdade sobre quem foi responsável pelo quê, sobre o que de facto aconteceu e deixando algumas perguntas por responder”. “Num mundo onde a maioria das pessoas obtém as suas informações através das redes sociais”, as sociedades precisam de desenvolver “o talento para saber separar as verdades das mentiras”, e aprender a “ler a realidade”. Mas a realidade “é que não o estão a conseguir” e “estão a cair em mentiras”, lamentou, exemplificando com o facto de “mais de metade dos cidadãos dos Estados Unidos acreditarem que Donald Trump ganhou as eleições” ou de “uma grande parte da população de vários países ocidentais, em 2020, acreditar que a Ucrânia tinha um regime nazi”. Para o autor, cabe agora a todos assumir o papel de “verificadores de factos” e filtrar a informação, já que essa será “a única possibilidade de sobrevivermos como sociedade”. O Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos abriu portas no passado dia 10 e terminou ontem depois de mais de 600 iniciativas, distribuídas por várias curadorias, com a presença de vários escritores e ilustradores internacionais premiados.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | HRW pede reforma da polícia após execuções extrajudiciais A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) apelou às autoridades filipinas que promovam uma reforma profunda da polícia após recentes revelações sobre execuções extrajudiciais de milhares de suspeitos, no contexto da guerra às drogas. “A administração do [Presidente Ferdinand] Marcos [Jr.] deveria lançar rapidamente uma reforma das forças de segurança em resposta às recentes audiências parlamentares sobre a corrupção policial e os abusos da guerra às drogas”, apontou a HRW, em comunicado. Em causa, estão depoimentos recentes em quatro comissões da Câmara dos Deputados que mencionam execuções extrajudiciais cometidas desde 2016 com altos funcionários directamente ligados ao então Presidente, Rodrigo Duterte. “O Ministério do Interior deveria investigar estas alegações de má conduta policial e trabalhar com o Ministério da Justiça para apresentar as acusações adequadas contra os agentes envolvidos”, defendeu a HRW. A organização apela ao novo ministro do Interior, Juanito Victor Remulla, para rescindir as comunicações internas relacionadas com a guerra às drogas e, em particular, aquela conhecida como Double Cannon Oplan, a campanha antidrogas lançada durante o mandato de Duterte. Pede também ao Ministério da Justiça que “reaja” aos depoimentos perante o Parlamento e abra uma investigação própria. Entre os testemunhos, destaca-se o da ex-chefe da Polícia da cidade de Cebu, Royina Garma, que indicou no dia 5 de Outubro que foram pagos entre 20.000 e um milhão de pesos (entre 300 e 17.000 euros) aos agentes que mataram um traficante de droga, dependendo da sua posição.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE britânico apela a “mais diplomacia” com a China O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lamy, apelou sábado ao relançamento do diálogo entre Londres e Pequim, instando ambos os países a mostrarem “mais diplomacia”. O chefe da diplomacia britânica assumiu esta posição no final de uma visita de dois dias à China que visou melhorar os laços com Pequim, depois de as relações se terem deteriorado nos últimos anos devido a alegações de espionagem, à aproximação da China à Rússia, à alegada repressão das liberdades civis em Hong Kong e a preocupações com direitos humanos. O novo governo trabalhista está sob pressão para levantar a questão da violação dos direitos humanos com a China, mas também para manter os laços com um importante parceiro comercial. Na sexta-feira, Lamy encontrou-se com o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang, antes de viajar para Xangai. “Entendo que precisamos de mais diplomacia, não de menos. É por isso que é tão importante estar aqui na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros britânico e é por isso que temos de continuar a regressar”, afirmou o governante, citado pela AFP. “No passado, a política do Reino Unido, sob o anterior governo, não foi consistente e o que entendo é que precisamos de uma abordagem que o seja”, disse Lamy em declarações aos jornalistas. Com valores O chefe da diplomacia britânica disse ainda ter pressionado os seus anfitriões chineses sobre questões como Hong Kong e Xinjiang, onde vive uma minoria muçulmana que Pequim é acusada de perseguir, e Taiwan. O Reino Unido, disse, “está preocupado” com algumas tensões a que assiste no estreito de Taiwan “porque não são do interesse da comunidade global”. “Há valores, há áreas em que o governo do Reino Unido e a nossa abordagem cultural será diferente da da China e há áreas relevantes, relacionadas com a segurança nacional em que colocaremos sempre os interesses nacionais do Reino Unido em primeiro lugar”, afirmou Peter Lamy. No entanto, acrescentou que existem também domínios “em que podemos cooperar e colaborar com os chineses”.
Hoje Macau China / ÁsiaConsumo | Fim do ‘Made in China’ teria “altos custos” para Europa O fim do ‘Made in China’ acarretaria “altos custos” para os consumidores europeus, alertaram à agência Lusa empresários, destacando as vantagens “únicas” do país a nível de infraestruturas, tecnologia e capacidade de produzir em volume. “Já existe alguma deslocalização da produção, mas é parcial. Se for total, ou em 80 por cento, os consumidores vão sofrer imenso”, admitiu Tiago Mateus, responsável pelas aquisições na China da Joinco, fornecedora do grupo retalhista Jerónimo Martins. Tiago Mateus é um de dezenas de milhares de importadores estrangeiros que acorreram esta semana à Feira de Cantão, onde duas vezes por ano fabricantes chineses de produtos não-alimentares expõem milhões de produtos, desde bicicletas a utensílios de cozinha, na capital de Guangdong, a próspera província do sul da China, conhecida como “fábrica do mundo”. A primeira edição remonta a 1957, mas foi só nas últimas décadas que a Feira de Cantão se converteu num dos maiores eventos comerciais do mundo, à medida que a China assumiu um papel central nas cadeias de distribuição globais. As perturbações causadas pela covid-19 e pela invasão russa da Ucrânia suscitaram, porém, um debate nos Estados Unidos e na Europa sobre a necessidade de diversificar relações comerciais. “Vários países perceberam que existe uma forte dependência e que, acontecendo alguma coisa na China, todos sofrem”, descreveu Tiago Mateus. “Mas a finalidade de uma empresa privada é o lucro”, ressalvou o português, destacando as vantagens competitivas que colocam o país “a milhas” da concorrência. Steve Hoffman, presidente executivo da Founders Space, uma das principais incubadoras e aceleradoras de ‘startups’ do mundo, com sede em São Francisco, na Califórnia, concordou: “Em termos económicos uma fragmentação nos laços comerciais com a China não faz sentido nenhum”. Em entrevista à Lusa, Hoffman admitiu que o executivo norte-americano “está sob pressão das suas empresas – Microsoft, Apple ou Intel -, que não querem reduzir a sua exposição à China”. Em causa, estão condições “muito difíceis de replicar” em outras partes do mundo, apontou. A China possui a rede ferroviária de alta velocidade mais extensa do mundo, sete dos 10 maiores portos do planeta, abundante mão-de-obra especializada, um controlo vertical sobre as cadeias de fornecimento, desde o acesso facilitado a matérias-primas, ao fabrico de componentes e à montagem final, e capacidade para produzir em grande escala. Tem também termos de pagamento “muito atraentes” para clientes estrangeiros e centros de arbitragem “eficazes” em caso de disputa são outras das vantagens apontadas. “Seriam precisas várias décadas para replicar este modelo em outro lugar”, admitiu Mateus. Outra escala Com cerca de 100 milhões de habitantes e uma localização costeira, o Vietname posicionou-se como favorito para absorver indústria de mão-de-obra intensiva, incluindo vestuário, móveis ou produtos eletrónicos. Denis Almeida, importador brasileiro de calçado que deixou Cantão em 2019 para se instalar na cidade de Ho Chi Minh, no sul do Vietname, explicou à Lusa, no entanto, que a escala e recursos laborais do país do sudeste asiático ficam “muito aquém” dos da China. Em causa, estão cadeias de fornecimento menos maduras e o aumento repentino da procura por mão-de-obra, explicou. “A força de trabalho no Vietname é, embora grande, ainda limitada, e uma empresa que possa oferecer um salário mais elevado absorve os trabalhadores”, frisou. A China detém ainda um mercado consumidor composto por 1,4 mil milhões de pessoas: o país é, assim, em simultâneo, o maior produtor e principal mercado para os iPhones da norte-americana Apple, por exemplo. Várias outras marcas internacionais enfrentam igual dependência. No átrio do Hilton Beijing Capital Airport, um amplo espaço coberto em mármore, com colunas e painéis de madeira ornamentados em estilo chinês, Steve Hoffman, que começou a visitar a China em 2015, alertou ainda para os riscos políticos de um ‘divórcio’ com a China. “Quando a interdependência é total, ninguém quer agitar as águas”, descreveu. “As tensões geopolíticas vão sempre existir”, notou. “Mas, se a tua economia depende dos outros, vai existir sempre muita pressão para não exacerbares essas tensões”. João Pimenta / Lusa
Hoje Macau SociedadeTSI | Recusada compensação a Asian American O Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu que a empresa Asian American não tem direito a ser compensada pela Las Vegas Sands, devido à atribuição de uma licença do jogo em Macau, em 2002. A decisão foi divulgada na quinta-feira no portal dos tribunais da RAEM, sem que sejam conhecidos os fundamentos. A empresa detida por Marshall Hao Shi-sheng considera que deve ser compensada em pelo menos 7,5 mil milhões de dólares americanos, por ter contribuído para a entrada da Las Vegas Sands no mercado de Macau, sem que tivesse sido compensada de forma adequada. A decisão do TSI confirma uma decisão anterior Tribunal Judicial de Base (TJB), tomada em 2022. A Asian American tem agora a opção de recorrer para o Tribunal de Última Instância.
Hoje Macau SociedadeCartão de crédito | Roubo de dados leva a perda de 2.600 patacas Uma mulher queixou-se à Polícia Judiciária de ter sido roubada em 2.600 patacas, depois do seu cartão de crédito ter sido utilizado para fazer compras. O caso foi revelado no sábado pela polícia, apesar de ter acontecido na segunda-feira. De acordo a informação disponibilizada, a mulher estava em casa quando recebeu três mensagens no telemóvel a indicar que o seu cartão tinha sido utilizado para fazer compras no valor de 2.600 patacas. Assustada com as mensagens, ligou para o banco, que indicou que as transacções tinham sido feitas na moeda japonesa. Dado que a mulher não tinha utilizado o cartão, acabou por apresentar queixa às autoridades. A PJ suspeita que os dados do cartão da mulher foram copiados pelas pessoas que utilizaram este meio de pagamento para realizar as compras.
Hoje Macau SociedadeCrime | Perde 150 mil yuan após conversar nu Um residente foi chantageado em 150 mil yuan, depois de ter aceitado conversar nu num telefonema com uma “amiga” virtual, durante cerca de um minuto. O caso foi divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ) e citado pelo jornal Ou Mun. Após ter aceitado participar na conversação sem roupas, a “amiga” desligou a chamada e enviou uma mensagem à vítima a pedir 10 mil yuan para não divulgar online as imagens. O homem aceitou pagar. Após ter feito o primeiro pagamento, recebeu mais três chamadas de outras três pessoas, a pedir mais dinheiro. Com receio de ver as imagens divulgadas, o homem fez uma nova transferência de 140 mil yuan, através de um código QR. Com receio de receber novos pedidos de transferências, o homem acabou por contactar as autoridades e relatar o crime. O dinheiro ainda não foi recuperado, nem houve detidos.
Hoje Macau PolíticaEncontro | Ho Iat Seng recebeu Erwin Neher, Nobel da Medicina de 1991 Ho Iat Seng teve um encontro com Erwin Neher, prémio Nobel da Medicina em 1991, que colabora desde 2016 com a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, em inglês), como dirigente do Laboratório de Biofísica e Medicamentos Inovadores. Segundo o Gabinete de Comunicação Social, durante a reunião, o alemão Neher prometeu “empenhar todos os esforços em promover a cooperação académica internacional” em Macau, “liderar a equipa de investigação científica” do laboratório na acumulação de mais experiência e comprometeu-se a “promover o desenvolvimento de alta qualidade de medicamentos inovadores” no território. Neher terá ainda dito que vai promover “o equilíbrio do desenvolvimento entre a formação de quadros qualificados e a popularização das ciências”. Por sua vez, Ho Iat Seng terá começado por dar os parabéns ao investigador, por ter sido “agraciado com o Prémio de Amizade do Governo Chinês”. Este foi o primeiro prémio do género atribuído a um académico estrangeiro a viver em Macau ou Hong Kong. Ho terá também agradecido ao alemão por apoiar o desenvolvimento nacional e contribuir para a construção de uma universidade de alto nível na RAEM. “A educação é muito importante e Macau reúne condições em atrair mais quadros qualificados locais e do exterior, fornecendo um forte suporte para o desenvolvimento socioeconómico de Macau”, complementou o Chefe do Executivo. Erwin Neher foi distinguido em 1991 com Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina, devido à investigação no âmbito das funções dos canais iónicos nas células do corpo humano.
Hoje Macau SociedadeMIF | Feira registou aumento de 14% de participantes Terminou no sábado a 29.ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF) e a Exposição de Franquia de Macau (MFE), que durante quatro dias atraíram um total de 66 mil visitantes, dos quais 9.600 eram visitantes profissionais, representando um aumento de 14 por cento em relação ao ano passado. O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) salientou os “mais de mil encontros comerciais” e a assinatura de 103 acordos de cooperação (quase metade dos acordos envolveram as quatro indústrias prioritárias para a diversificação económica). Ainda antes das feiras, 18 empresas afirmaram a intenção de estabelecer-se em Macau, sete das quais concluíram as formalidades relevantes durante a MIF e a MFE. Além disso, mais 22 empresas indicaram ter um plano de estabelecimento em Macau durante os contactos realizados no período das exposições. As duas exposições deste ano contaram com quatro pavilhões e dez zonas de exposição, numa área total de exposição de 38.000 metros quadrados, atraindo mais de 1.300 expositores provenientes de 18 países e regiões.
Hoje Macau Manchete PolíticaEconomia | Agência portuguesa procura tecnológica chinesa A agência de promoção de investimento de Oeiras veio a Macau atrair tecnológicas chinesas para um parque empresarial cuja construção deverá começar este ano. Na deslocação à RAEM, a agência foi representada pelo seu presidente António Martins da Cruz, ex-ministro do Governo de Durão Barroso O presidente da Oeiras Valley Investment Agency (OVIA), António Martins da Cruz, disse que o concelho do distrito de Lisboa “está interessado em captar mais investimento, sobretudo da área tecnológica e da área da construção”. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo liderado por Durão Barroso recordou que Oeiras já tem “o maior investimento chinês para 2025” em Portugal, um parque empresarial e habitacional, com 18 edifícios, cuja construção das infra-estruturas deverá arrancar “provavelmente já este ano”. Este projecto é uma parceria entre a subsidiária em Macau da maior construtora do mundo, a estatal China State Construction Engineering Corporation (CSCEC) e o grupo português Teixeira Duarte. “Mas há oportunidade de mais investimentos aproveitando a capacidade que têm as empresas chinesas desta área da Grande Baía”, defendeu Martins da Cruz. Uma cidade rotunda No sábado, a delegação de Oeiras teve a agenda preenchida com reuniões com várias empresas na vizinha Hengqin (ilha de Montanha), que “estão interessadas em ir para Portugal, quer investir, quer encontrar parcerias”, disse o presidente da OVIA. “Macau é obviamente a plataforma obrigatória para os portugueses, é uma janela de oportunidade que nós queremos aproveitar”, sublinhou Martins da Cruz. Recorde-se que a China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau. Este mecanismo multilateral integra, além da China, nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Martins da Cruz disse que, quando o parque empresarial em Oeiras estiver terminado, o que deverá demorar até três anos, deverá sobretudo acolher empresas chinesas, mas sublinhou que o projecto “está obviamente aberto a todas as empresas”. “A nossa mensagem é clara: Querem investir na União Europeia? Venham para Portugal e venham para Oeiras”, disse o presidente da OVIA. Martins da Cruz falou aos jornalistas à margem de um workshop sobre a OVIA realizado na Universidade Cidade de Macau. A delegação de Oeiras visitou também, na semana passada, a Feira Internacional de Macau, cuja 29.ª edição terminou no sábado.
Hoje Macau EventosHong Kong quer replicar projecto português de teatro para jovens Hong Kong está interessada em replicar um projecto da maior rede de teatros com financiamento público da Europa que tem os jovens como público-alvo e parte da criação, disse à Lusa a portuguesa Cláudia Belchior. “Já há vários parceiros aqui em Hong Kong que estão muito interessados em trabalhar com os nossos membros europeus e fazer peças em conjunto”, disse a presidente da European Theatre Convention (ETC), fundada em 1988. A líder da ETC, que reúne 63 teatros de 31 países, incluindo quatro de Portugal, esteve na região para participar na Hong Kong Performing Arts Expo, uma conferência de profissionais das artes de palco, que terminou na sexta-feira. Na quarta-feira, Belchior foi à Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKICC, na sigla em inglês) explicar o projecto Young Europe (Europa Jovem), que convida dramaturgos a ir às salas de aulas e envolver os jovens na criação de peças. O director da Escola de Criatividade Lee Shau Kee da HKICC, Yan Pat-to, “ficou muito entusiasmado”. “Tivemos uma reação fantástica”, disse a também assessora artística da Fundação Centro Cultural de Belém. Possibilidades asiáticas Embora a 4.ª edição (2011-2014) da Young Europe não tenha contado com a participação de teatros portugueses, Belchior defendeu que o projecto “pode ser feito na Ásia, pode ser feito em Portugal, pode ser feito num outro país europeu”. O último tema foi “Vozes não dominantes” (‘Non-dominant voices’) e levou à criação de peças sobre assuntos como ‘fat-shaming’ (a discriminação contra pessoas com excesso de peso), suicídio, saúde mental, imigração e religião, sublinhou a presidente da ETC. “É interessante para os próprios escritores, que percebem que há muito material que é necessário escrever, com outra linguagem, com outros temas, portanto, tem sido uma descoberta incrível”, referiu Belchior. “As peças são trabalhadas com os jovens (…) e depois são mostradas nas escolas, porque consideramos também que a sala de aula é um espaço mais seguro para eles se manifestarem. E depois trabalhamos com pedagogos”, explicou a dirigente. O tema do Young Europe para os próximos quatro anos é “Cuidar” (‘Care’), porque, ao olhar “para a Europa toda, há uma grande diferença nos miúdos de 14, 15 anos”, sendo esta “uma geração que cresceu num mundo em conflito”, lamentou a presidente da ETC. “São jovens que falam com muito mais abertura da importância da saúde mental” e dos problemas de isolamento e solidão, sublinhou Belchior, depois de terem também vivido “os anos brutais, fechados” da pandemia de covid-19.
Hoje Macau EventosAndré Luiz Reis fala hoje sobre política externa do Brasil na FRC A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h30, a primeira sessão do ciclo de palestras intitulado “Roda de Ideias”, sendo que o debate de hoje tem como nome “Política Externa Brasileira: Qual é o lugar do Brasil no mundo?”, que terá como orador convidado André Luiz Reis da Silva, professor associado da Faculdade de Ciências Económicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil. A conversa será moderada por Francisco Leandro, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM). O tema em reflexão será o lugar do Brasil no mundo, que se encontra em permanente redefinição. No comunicado, que explicita o tema do debate de hoje, lê-se que o Brasil, “quer seja designado como potência emergente ou como potência média ou regional, o tamanho do país não lhe permite desempenhar um papel menor, que não passe de uma simples boleia das grandes potências ou que permaneça acomodado”. Ao mesmo tempo, “exige-se uma constante avaliação das suas capacidades e limitações conjunturais e estruturais, na procura de uma leitura adequada dos seus interesses e condições de actuação no sistema internacional”, refere a proposta de intenções. Uma história no estrangeiro Em termos históricos, “na primeira década do século XXI o país fortaleceu os seus activos diplomáticos nas várias esferas; no entanto, estes foram sendo lentamente consumidos ao longo da segunda década”. Desta forma, a palestra que hoje se apresenta “aborda a política externa brasileira do início do século XXI até os dias de hoje, tendo como eixos de análise as matrizes de inserção internacional, formuladas nos âmbitos regional, multilateral e bilateral, procurando analisar as principais características, os dilemas e as opções da actuação externa do Brasil do novo Governo Lula, iniciado em Janeiro de 2023, tais como Integração regional, Brasil-China, BRICS, Sul Global e actuação multilateral”, pode ler-se. A passagem por Macau do professor André Reis insere-se no projecto que estuda a geopolítica do Brasil, como parte do esforço que a Universidade de Macau está a fazer no contexto da promoção do estudo das relações internacionais dos Países de Língua Portuguesa.
Hoje Macau EventosBienal de Veneza | O sucesso de Maria Madeira e o impacto na arte timorense Maria Madeira foi a primeira artista timorense a ver o seu nome escolhido para representar o país numa exposição internacional tão importante como é a Bienal de Veneza, que termina a 24 de Novembro. A artista confessou que esta presença constitui “um ponto de viragem” no que se faz de artístico e cultural em Timor. Alguns trabalhos da artista podem ser vistos na mostra local “Policromias Lusófonas” Maria Madeira, a primeira artista a representar Timor-Leste na Bienal de Veneza, disse à agência Lusa que o sucesso da participação timorense vai ser “um ponto de viragem” para a arte contemporânea no país. A 60.ª edição da principal mostra internacional de arte contemporânea, sob o tema “Estrangeiros em todo o lado”, com curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, começou em 20 de Abril e vai decorrer até 24 de Novembro. O projecto de Maria Madeira, “Kiss and don´t tell”, sobre a história da luta das mulheres contra a ocupação indonésia de Timor-Leste, teve “um grande impacto” e despertou enorme interesse, disse a artista. “Segundo a curadora [a australiana Natalie King] e os organizadores, foi uma das exposições mais faladas”, disse Madeira, que após a abertura da instalação recebeu pedidos de entrevistas vindos de vários países. A instalação, com 25 metros de comprimento e três metros de altura, vai ser adquirida pela National Gallery of Victoria, o mais antigo museu da Austrália, onde a artista está radicada, mas Madeira demonstrou esperança em que possa ser exibida também em Portugal. A presença política O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, esteve presente na inauguração e a artista de 58 anos disse acreditar que “o Governo finalmente viu como a arte pode ter um grande impacto no mundo”. Timor-Leste tem “muito talento e artistas incríveis, mas simplesmente não têm oportunidades suficientes”, lamentou Madeira, recordando que, 22 anos depois da independência, o país não tem uma escola de artes. Em 2021, as autoridades timorenses despejaram o Arte Morris do espaço na capital, Díli, onde o grupo artístico tinha vindo a trabalhar há cerca de 20 anos, criando o único centro de arte contemporânea do país. Maria Madeira acredita que a decisão do Governo teria agora sido diferente, depois de ver, na Bienal de Veneza, “como a arte é tão importante para comunicar com o mundo”, e que mesmo a perspetiva dos jovens artistas emergentes timorenses mudou. Madeira já expôs na Austrália, Portugal, Brasil, Macau e Indonésia, mas o sucesso em Itália tem “aberto portas a torto e a direito” à artista, que quer aproveitar a oportunidade de “usar esta plataforma e fazer avançar a arte contemporânea” timorense. Além de querer voltar a viver em Timor-Leste, “talvez no espaço de dois anos”, Madeira espera poder abrir uma galeria de arte, montar um estúdio e “talvez até trabalhar e contribuir para um currículo artístico nas escolas”, algo que ainda não existe. “Sou a única timorense com um doutoramento em filosofia da arte e a única professora timorense qualificada de arte na história do país”, lamentou a artista. Madeira disse que gostaria em especial de trabalhar com grupos mais desfavorecidos, como órfãos e pessoas com deficiência, “que raramente são vistos em público”. Exposição em Macau Madeira está em Macau para a inauguração, na segunda-feira, de uma mostra que reúne obras da timorense, do fotógrafo brasileiro Luiz Bhering e do artista local Wilson Chi Ian Lam. A exposição, que estará patente até 24 de novembro, faz parte do programa da 16.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa. A mostra em questão intitula-se “Policromias Lusófonas”, sendo esta a quarta edição desta iniciativa. Nesta mostra o público poderá ver obras como “Kolonizasaun”, “Foremothers Fingerprints”, “Contemporary Issues (Asuntus Kontemporáneus)” e “Ba Lia (with details)”. Maria Madeira já realizou mais de 30 exposições em países como a Austrália, Portugal, Brasil ou Indonésia. De 1996 a 2000 trabalhou como assessora cultural na Austrália.
Hoje Macau China / ÁsiaPrémio Sahkarov | Activistas da Venezuela, Israel e Palestina e Azerbaijão finalistas A líder da oposição da Venezuela María Corina Machado, as organizações israelo-palestinianas Women Wage Peasse e Women of the Sun e o activista azeri Gubad Ibadoghlu são os finalistas do Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu, foi ontem anunciado. Os três candidatos ao Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2024 resultaram de uma votação realizada ontem pelos membros das comissões dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento do Parlamento Europeu. Com 53 anos, Gubad Ibadoghlu, é um activista dos direitos humanos do Azerbaijão, académico e crítico anticorrupção na indústria do petróleo e do gás que se tornou, em 2021, investigador na London School of Economics. Foi detido no Azerbaijão em 2023 e continua sob investigação, mas ainda sem acusação, pelo que a comunidade internacional considera ter-se tratado de uma decisão com motivações políticas. María Corina Machado, de 57 anos, é líder da oposição a Maduro na Venezuela e foi deputada da Assembleia Nacional entre 2011 e 2014, mas teve o seu mandato cessado nessa altura. Recentemente, o Presidente venezuelano afirmou que a líder das forças democráticas teria fugido do país e ido para Espanha, o que Machado negou. Também na lista, constam os movimentos de defesa da paz Women Wage Peasse, de base israelita, formado logo após a guerra de Gaza em 2014, e o Women of the Sun, fundado em 2021 como um movimento para ajudar as mulheres a encontrar o seu lugar na cena política da Palestina. O vencedor do prémio, que receberá 50 mil euros, será anunciado a 24 de Outubro, depois de uma conferência dos presidentes. No ano passado, o prémio foi atribuído a Jina Mahsa Amini e ao movimento Mulher, Vida, Liberdade no Irão.
Hoje Macau China / ÁsiaReino Unido | Confirmada visita de MNE à China A China confirmou ontem a visita do ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, entre amanhã e sábado, estando previsto um encontro com o homólogo chinês, Wang Yi. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que esta é a primeira visita à China de um ministro do novo governo britânico e que as duas partes se vão concentrar em “aumentar a confiança mútua e reforçar o diálogo e a cooperação em vários domínios”. “A China está disposta a trabalhar com o Reino Unido para promover benefícios mútuos e resultados benéficos, bem como laços estáveis e de longo prazo”, acrescentou. De acordo com a porta-voz, as relações estáveis são do interesse da “unidade da comunidade internacional para responder aos desafios globais e promover a paz e o desenvolvimento mundiais”. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou na quarta-feira, na sua comparência semanal no Parlamento, que vai apelar ao Governo chinês para que levante as sanções contra vários deputados britânicos, bem como para que liberte o empresário e activista britânico Jimmy Lai, detido em Hong Kong. O primeiro-ministro confirmou também que o seu governo irá sancionar as empresas ou cidadãos chineses que ajudem a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Pelo menos 1,1 mil milhões de pessoas vivem em pobreza Pelo menos 1,1 mil milhões de pessoas vivem na pobreza, das quais quase metade (455 milhões) estão em países em guerra ou em paz frágil, indica um relatório publicado ontem pela ONU em colaboração com a Universidade de Oxford. Segundo o estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que ontem se assinalou, mais de metade dos pobres, 584 milhões, são crianças, e a situação é geralmente mais grave nas zonas rurais, onde 28 por cento da população mundial é pobre, do que nas zonas urbanas, onde esta condição afecta 6,6 por cento das pessoas. Elaborado em conjunto com a Iniciativa para a Pobreza e o Desenvolvimento Humano da Universidade de Oxford, o estudo indica que grande parte da população que vive na pobreza (83,2 por cento dos 1,1 mil milhões) se encontra nas regiões da África Subsariana (553 milhões) e no Sul da Ásia (402 milhões). Na África Subsaariana, sub-regiões como o Sahel ou a parte oriental do continente são especialmente afectadas, refere a análise, que classifica o Níger, o Chade, a República Centro-Africana, o Burundi, Madagáscar e o Mali como os países mais pobres da região. Ainda de acordo com o relatório, 3 por cento dos 1,1 mil milhões de pobres (34 milhões) vivem na América Latina. Dois terços da pobreza concentram-se nos países em desenvolvimento, onde vivem 749 milhões de pessoas nesta situação, indica o PNUD, que aponta ainda que metade da população pobre não tem electricidade (579 milhões) e 482 milhões vivem em famílias onde uma ou mais crianças tiveram de abandonar a escola. Violência e miséria Numa análise detalhada da relação entre conflitos e pobreza, o estudo conclui que nos países em guerra a taxa de pobreza é de 34,8 por cento da população total, enquanto nos restantes é de 10,9 por cento. Dos 455 milhões de pessoas pobres que vivem em países em conflito, 218 milhões vivem em países em guerra. “Os conflitos intensificaram-se e multiplicaram-se nos últimos anos, deslocando milhões de pessoas e causando perturbações generalizadas nas vidas e nos meios de subsistência”, argumentou o director do PNUD, Achim Steiner. “A nossa investigação mostra que dos 1,1 mil milhões de pessoas que vivem em pobreza multidimensional, quase 500 milhões vivem em países expostos a conflitos violentos. Temos de reforçar as medidas para os apoiar”, defendeu, acrescentando que são necessários “recursos e acesso a intervenções especializadas de desenvolvimento e de recuperação precoce para ajudar a quebrar o ciclo da pobreza e da crise”.