Hoje Macau China / ÁsiaVenezuela | Pequim pede que Washington pare de interferir O Governo chinês pediu ontem a Washington que “pare de interferir nos assuntos internos da Venezuela”, em referência ao anúncio feito por Donald Trump, da imposição de tarifas de 25 por cento aos países que compram petróleo do país caribenho. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, disse numa conferência de imprensa que os Estados Unidos “há muito que abusam de sanções unilaterais ilegais” e de “jurisdição de longo alcance”, apelando a Washington para que “retire as suas sanções” contra Caracas. Guo afirmou que o seu país “se opõe firmemente à interferência brutal nos assuntos de outros países” e instou os Estados Unidos a “fazer mais pelo desenvolvimento pacífico e estável da Venezuela”. “Não há vencedores nas guerras comerciais e nas guerras tarifárias, e a imposição de tarifas só levará a maiores perdas para as empresas e consumidores dos Estados Unidos”, acrescentou o porta-voz. Guo não disse se a China suspenderia as suas importações de petróleo bruto venezuelano caso Washington impusesse as tarifas anunciadas ao país asiático. As tarifas anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrarão em vigor a 2 de Abril e o líder republicano deixou nas mãos do secretário de Estado, Marco Rubio, a tarefa de impor as taxas aos países considerados apropriados. Numa mensagem na rede social Truth, Trump assinalou que “qualquer país que compre petróleo e/ou gás da Venezuela terá de pagar uma tarifa de 25 por cento aos Estados Unidos sobre quaisquer transações comerciais” que efectue com os Estados Unidos. Esta “tarifa secundária” responde, afirmou o chefe de Estado naquela plataforma, ao facto de a Venezuela ter enviado para os Estados Unidos “dezenas de milhares de criminosos de alto nível e outros criminosos” de forma “intencional e fraudulenta”. De acordo com dados da alfândega chinesa, a Venezuela é o 12.º maior exportador de petróleo para o gigante asiático, com 1,4 milhões de toneladas métricas vendidas à China em 2024. Trump já tinha decidido duplicar as tarifas adicionais impostas à China para 20 por cento, pouco depois de regressar à Casa Branca, justificando a sua decisão com o facto de, na sua opinião, Pequim não estar a fazer o suficiente para impedir a entrada de fentanil nos Estados Unidos. Desconhece-se, nesta fase, se eventuais novas taxas sobre a China relacionadas com o petróleo venezuelano se juntariam à duplicação acima referida. Outras “guerras” Pequim também acusou ontem o Canadá de prejudicar gravemente os seus interesses, depois de ter apresentado uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) contestando as taxas alfandegárias aplicadas por Pequim aos produtos canadianos. “Pedimos ao Canadá que tome medidas concretas para corrigir as suas más práticas e garantir a cooperação e as trocas comerciais entre as empresas de ambos os países”, declarou o porta-voz chinês. O Canadá apresentou esta queixa perante a OMC para contestar as taxas alfandegárias aplicadas pela China sobre os produtos agrícolas e da pesca, anunciou na segunda-feira a organização internacional.
Hoje Macau SociedadeTransmac | Saúde de motoristas acompanhada A companhia de autocarros Transmac garante que acompanha a saúde dos trabalhadores e que estes têm tempo de descanso suficiente. A mensagem foi deixada depois de terem surgido relatos que um motorista da empresa teria sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) durante o período de trabalho. De acordo com a informação adiantada pela página no Facebook Macau Buses and Public Transport Enthusiastic, o AVC aconteceu durante o turno de trabalho, com o motorista a insistir conduzir até ao terminal, altura em que foi transportado para o hospital. A informação teve por base o grupo de conversação de motoristas de autocarros. A mesma publicação adiantou que o motorista tinha um horário de trabalho muito preenchido e que realizava regularmente horas extraordinárias. Por sua vez, a Transmac afirma que a história escrita na publicação nunca aconteceu. Segundo a companhia, houve efectivamente um motorista a sofrer um AVC, a 15 de Maio, no terminal da Bacia Norte do Patane, durante uma refeição. Segundo este relato, logo nessa altura, o chefe da paragem chamou logo uma ambulância, que transportou o homem para o hospital. A página Macau Buses and Public Transport Enthusiastic entrou ainda em contacto com a Sociedade de Transportes Colectivos de Macau que negou que algum dos seus motoristas tivesse sofrido um AVC.
Hoje Macau SociedadeÁlcool | Detectados 15 casos de bebidas vendidas a menores desde 2023 Desde que a lei de controlo do consumo de álcool por menores entrou em vigor, a 5 de Novembro de 2023, até ao passado mês de Fevereiro, os inspectores dos Serviços de Saúde detectaram 15 casos de venda ou a disponibilização de bebidas alcoólicas a menores. No total, após quase 340 mil inspecções a estabelecimentos, foram detectados 70 casos suspeitos de violação da lei. Tirando os 15 que envolveram menores, os restantes correspondem a casos de falta de dísticos sobre proibição de venda ou disponibilização de bebidas alcoólicas a menores, lojas de auto-atendimento que não definem nem indicam claramente as áreas de exposição de bebidas alcoólicas e bebidas não alcoólica e ainda publicidade a bebidas alcoólicas sem apresentar advertências em chinês, português e inglês. De acordo com a lei, disponibilizar bebidas alcoólicas a menores, tanto com fins comerciais como não comerciais, é ilegal, e pode resultar em multa até 20 mil patacas. Os estabelecimentos comerciais que não afixem dísticos de acordo com a lei, podem ser multados até 200 mil patacas. Para obter os dísticos o interessado por dirigir-se ao Gabinete para a Prevenção e o Controlo do Tabagismo e do Alcoolismo, aos Centros de Saúde e ao Centro de Serviços da RAEM, ou descarregar na página electrónica dos Serviços de Saúde.
Hoje Macau SociedadeAviação | Companhias de Hong Kong proíbem uso de power banks O Departamento de Aviação Civil de Hong Kong anunciou, na segunda-feira, que as companhias aéreas locais vão proibir que os passageiros utilizem ou recarreguem os seus carregadores portáteis (power banks) durante os voos, sendo também proibido guardar os carregadores nos compartimentos para bagagem de cabine. As novas regras vão entrar em vigor a 7 de Abril e a decisão foi tomada após uma reunião com representantes das companhias aéreas locais na passada sexta-feira. Em comunicado, o departamento afirmou estar muito preocupado com os recentes incidentes de segurança relacionados com a utilização de baterias de lítio pelos passageiros. Na quinta-feira passada, um voo da Hong Kong Airlines com destino a Hong Kong foi forçado a efectuar uma aterragem de emergência em Fuzhou, devido a um incêndio na cabine do avião, que se crê ter sido provocado por um dispositivo de carregamento portátil. Em Janeiro, chamas deflagraram num avião da Air Busan, que estava prestes a descolar do aeroporto de Busan para Hong Kong depois de um carregador se ter incendiado.
Hoje Macau PolíticaSegurança | Despedidos instruendos filmados a tocarem-se O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, decidiu despedir os três instruendos da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau (ESFSM) envolvidos num vídeo em brincavam com as partes íntimas. A aplicação da pena, no âmbito de um processo disciplinar, foi revelada através do portal do gabinete do secretário. O caso rebentou em Setembro de 2023, quando foi partilhado um vídeo nas redes sociais, que se tornou viral, em que dois instruendos surgiam em brincadeiras que envolviam as suas partes íntimas. Na sequência da divulgação das imagens foi instaurado um processo disciplinar para decidir o futuro dos três envolvidos. “No início de Setembro de 2023, circulou na Internet uma curta-metragem com dois homens a cometer comportamentos indecentes. Após investigação preliminar, confirmou-se que ambos são instruendos a receber formação na Escola Superior das Forças de Segurança de Macau”, foi comunicado, aquando a abertura do inquérito. No decorrer da investigação, numa primeira fase, foi anunciado que os três instruendos foram “eliminados por má conduta moral, na avaliação realizada no âmbito do módulo ‘Mérito Pessoal’”. No entanto, mais recentemente, foi confirmada a aplicação de uma pena de demissão, a mais grave. “A Escola Superior das Forças de Segurança de Macau já concluiu os processos disciplinares, tendo sido aplicada aos três instruendos a pena de extinção do vínculo de emprego público, por despacho do secretário para a Segurança”, foi indicado. De acordo com as regras gerais, os instruendos podem recorrer da decisão para os tribunais da RAEM, de forma a evitar a decisão tomada.
Hoje Macau China / ÁsiaTóquio | MNE chinês acusado de deturpar declarações sobre reunião O Governo japonês anunciou ontem que apresentou um protesto formal à China por ter “deturpado” as observações feitas pelo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, durante um encontro com o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi. Wang e Ishiba encontraram-se na sexta-feira passada em Tóquio, numa recepção de cortesia organizada pelo líder japonês, na véspera de uma reunião trilateral entre os ministros dos Negócios Estrangeiros do Japão, da Coreia do Sul e da China, com o objectivo de promover a futura cooperação entre os três países vizinhos. Após a reunião, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês emitiu um comunicado em que afirmava que Ishiba “reconhece plenamente o importante significado” dos quatro documentos assinados entre as duas nações, aquando do estabelecimento das relações diplomáticas em 1972, e que o dirigente japonês “respeita as posições definidas pela parte chinesa”. O Japão instou Pequim a “retirar imediatamente” a declaração, que “não resiste” aos factos, disse ontem o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, em conferência de imprensa. Hayashi considerou “lamentável” que o Governo chinês tenha emitido uma declaração que “não corresponde à verdade”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês também condenou a declaração chinesa numa nota, afirmando que durante o encontro com Wang, Ishiba “sublinhou a necessidade de reduzir as preocupações” nas relações bilaterais, incluindo “a situação no Mar do Leste da China”, “garantir a segurança dos cidadãos japoneses detidos na China” e o levantamento das restrições chinesas à importação de marisco japonês.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Aumento de despesas com Defesa na calha Taiwan anunciou ontem que vai tentar utilizar excedentes acumulados nos anos anteriores para cobrir o aumento do orçamento da Defesa anunciado pelo líder taiwanês, William Lai, que prometeu aumentar as despesas militares para mais de 3 por cento do PIB. Numa comparência parlamentar, a chefe da Direcção Geral do Orçamento, Contabilidade e Estatística do governo de Taiwan, Chen Shu-tzu, garantiu que o Executivo procurará financiar este aumento com um excedente de 200 mil milhões de dólares taiwaneses, sem excluir a contracção de empréstimos como último recurso. “Em geral, esperamos não ter de nos endividar. Mas se tivermos de nos endividar, temos de o fazer, porque as despesas com a Defesa são muito importantes”, disse, citada pela agência noticiosa estatal CNA. O orçamento da Defesa de Taiwan ronda actualmente os 600 mil milhões de dólares taiwaneses, depois de o parlamento, de maioria oposicionista, ter aprovado uma série de cortes e congelamentos orçamentais relativamente à proposta inicial do governo. Lai, considerado um “independentista” e um “desordeiro” pelo Governo chinês, reiterou na quinta-feira passada a sua intenção de aumentar as despesas militares de Taiwan para mais de 3 por cento do PIB este ano, no meio de tensões acrescidas entre Taipé e Pequim.
Hoje Macau EventosRota das Letras | Cinema de Luís Filipe Rocha esta semana O festival literário Rota das Letras apresenta esta semana uma série de filmes do realizador português Luís Filipe Rocha, incluindo “Amor e Dedinhos de Pé”, adaptação do romance de Henrique de Senna Fernandes, filmado em Macau. Depois da exibição, ontem, de “Cinzento e Negro”, no Cinema Capitol, hoje será exibido, também no mesmo local, “Cerromaior”, a partir das 18h, e “Amor e Dedinhos de Pé”, a partir das 21h. Esta quinta-feira será ainda exibido “Sinais de Fogo” no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, a partir das 20h30. Destaque ainda para a exibição, amanhã, de uma curta-metragem baseada num conto de Valério Romão, um dos convidados do Festival, seguida da projecção de um documentário sobre Natália Correia, da autoria de Rosa Coutinho Cabral. A sessão conta com a presença de uma das actrizes que compõem o elenco deste documentário, Alexandra Sargento.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Anunciados exercícios navais com Tailândia As forças navais da China e da Tailândia vão realizar o exercício militar conjunto “Blue Strike-2025” no final de Março, em águas próximas da cidade costeira de Zhanjiang, na província de Cantão, no sul da China, informou ontem o Ministério da Defesa chinês. O treino vai centrar-se em tácticas anti-terroristas em áreas urbanas, bem como em operações conjuntas de ataque marítimo e anti-submarino, com o objectivo de “reforçar a cooperação prática e melhorar as capacidades operacionais conjuntas no mar”, disse o Ministério da Defesa chinês, numa declaração na sua conta oficial na Weibo. A Marinha do Exército de Libertação Popular e a Marinha Real Tailandesa vão participar nos exercícios, que fazem parte de uma série de exercícios bilaterais que as duas nações começaram a realizar em 2010. O “Blue Strike-2025” será a sexta edição destes exercícios de treino conjunto, que visam consolidar a confiança mútua, a interoperabilidade e a coordenação em cenários de segurança marítima num contexto marcado por crescentes tensões regionais. Na sua edição mais recente, “Blue Strike-2023”, as forças navais dos dois países efectuaram treinos de combate urbano, sobrevivência na selva e operações aéreas conjuntas. China e Tailândia também realizam exercícios aéreos conjuntos, como o “Falcon Strike”, cuja edição mais recente teve lugar em Agosto de 2024 numa base tailandesa, para reforçar a cooperação táctica entre as respectivas forças aéreas. O Mar do Sul da China, onde se realizará o exercício, é uma zona fundamental do Indo-Pacífico, por onde transitam cerca de 30 por cento do comércio marítimo mundial e onde se sobrepõem várias reivindicações territoriais.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum | Prometidos “resultados benéficos” a investidores estrangeiros O Fórum que reuniu em Pequim altos funcionários do Governo e representantes de empresas como a Apple, Mercedes-Benz ou Samsung, serviu para a China anunciar maior abertura ao mercado estrangeiro com benefícios para todos O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, disse no domingo aos executivos de várias multinacionais presentes num fórum do país asiático que a China vai “continuar a abrir-se”, com “resultados vantajosos para todos”. À margem do Fórum de Desenvolvimento da China, He reuniu-se com os directores executivos de empresas como a Apple, Mercedes-Benz ou Samsung, sublinhando que Pequim vai tomar medidas para “melhorar ainda mais o ambiente empresarial”, informou o Ministério do Comércio chinês, em comunicado. “A China vai acolher mais investimentos de empresas multinacionais, partilhando oportunidades de desenvolvimento”, afirmou o ministro, à margem do fórum, que Pequim apresenta como uma plataforma de diálogo entre altos dirigentes governamentais chineses, executivos de multinacionais e académicos. O fórum surge numa altura em que Pequim está a tentar recuperar o investimento estrangeiro, que atingiu fluxos negativos recorde em 2024, e promover o desenvolvimento do sector privado, com a confiança entre os investidores perto de mínimos históricos. He Lifeng descreveu a economia chinesa como “muito resistente” e “cheia de vitalidade”. Alguns dos executivos que participaram no evento, que terminou ontem, devem reunir-se esta semana com o Presidente chinês, Xi Jinping, segundo a agência de notícias Bloomberg. De acordo com o Governo chinês, o encontro é uma oportunidade para manter contacto directo com a liderança do país asiático, sendo habitualmente frequentado por académicos que simpatizam com Pequim. O tema deste ano, segundo a televisão estatal CGTN, é “libertar todo o potencial de desenvolvimento”, com simpósios sobre macropolítica, inovação científica e tecnológica, ambiente ou desafios demográficos. O fórum tem como pano de fundo o abrandamento da economia da China, num período em que enfrenta o impacto da guerra comercial lançada pelo líder norte-americano, Donald Trump. Ombro com ombro Na cerimónia de abertura, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou que Pequim está “preparada” para “choques inesperados do exterior”, referindo-se à guerra comercial desencadeada pelo magnata norte-americano, e prometeu que a China vai abrir mais sectores da sua economia ao investimento estrangeiro. O chefe do Executivo chinês instou as empresas internacionais a “resistir” ao “proteccionismo”. Li também reuniu no domingo com o senador norte-americano Steve Daines, do Partido Republicano, a quem disse que Pequim procura “o diálogo e a cooperação com os Estados Unidos”, e sublinhou que os laços económicos e comerciais são “fundamentais para as relações bilaterais”, segundo um despacho emitido pela agência noticiosa oficial Xinhua. Li apelou aos Estados Unidos para aderirem aos “princípios do respeito mútuo e da coexistência pacífica” e apelou a uma “comunicação franca” para “aprofundar a confiança”. Daines também se reuniu com o vice-primeiro-ministro He, a quem transmitiu o apelo de Trump para que a China “pare o fluxo de precursores de fentanil”, e disse esperar “mais diálogo de alto nível”. Estas foram as primeiras reuniões de um político norte-americano com altos funcionários chineses desde o regresso de Trump à Sala Oval. A visita surge numa altura em que as tensões entre as duas maiores economias do mundo aumentam devido à imposição mútua de taxas alfandegárias. Acções disparam As acções da CK Hutchison, do bilionário Li Ka-shing, subiram depois de um dos seus filhos ter sido convidado para um fórum com altos funcionários chineses, em Pequim, apesar da venda dos portos da empresa no Panamá. Richard Li foi convidado, na qualidade de fundador do Pacific Century Group, para o Fórum de Desenvolvimento da China do Conselho de Estado. Apesar de Richard Li supervisionar o próprio grupo empresarial e não ter qualquer papel na CK Hutchison, os investidores parecem ter interpretado a sua presença como um sinal positivo para a família Li. As acções da CK Hutchison subiram 5,2 por cento na segunda-feira de manhã, a maior subida em mais de duas semanas.
Hoje Macau Via do MeioA primazia da situação na filosofia e na retórica chinesas clássicas Por PAUL R. GOLDIN Existe um equívoco generalizado sobre a virtude confucionista chamada shu, “reciprocidade”. Convencionalmente, o shu é explicado como uma variante da Regra de Ouro (“Faz aos outros o que gostarias que os outros fizessem a ti”),1 uma interpretação para a qual parece haver uma justificativa textual muito boa, na medida em que o próprio Confúcio é citado nos Analectos XV/24 como tendo dito que shu significa “O que tu mesmo não desejas, não faças aos outros” .2 Mas o problema de deixar as próprias palavras de Confúcio falarem por si mesmas é que, para os leitores do século XXI, essa máxima deixa de fora uma qualificação importante. No contexto da China primitiva, shu significa fazer aos outros o que gostaríamos que os outros fizessem a nós, se estivéssemos na mesma situação social que eles.3 Caso contrário, shu exigiria que os pais tratassem os filhos da mesma forma que os filhos os tratam — uma prática que nenhum confucionista jamais considerou apropriada. Precisamente este mal-entendido levou Du Gangjian e Song Jian, dois participantes activos no atual debate sobre os direitos humanos, a traduzir shu como “tolerância”, como se fosse simplesmente uma antecipação chinesa antiga da ideologia da tolerância de Gustav Radbruch (1878-1949).4 O fracasso desta equação é evidente se considerarmos um pai chinês antigo que fosse intolerante com o comportamento do filho. Pode ainda dizer-se que esse pai observou shu, mesmo que a sua intolerância fosse considerada injusta pelos nossos padrões (ou pelos de Radbruch). A qualificação crucial – nomeadamente que o cálculo do shu exige que também tenhamos em conta o estatuto social dos actores – não está explícita em nenhuma parte dos Analectos, mas noutra afirmação famosa atribuída a Confúcio e registada na Prática do Meio (Zhongyong), o ponto é inconfundível: “A integridade e a reciprocidade não estão longe do Caminho. O que não permitirias que os outros te fizessem, não o faças a eles. Há quatro coisas no caminho da pessoa exemplar, nenhuma das quais eu fui capaz de fazer. Não fui capaz de servir o meu pai como exijo do meu filho. Não fui capaz de servir o meu senhor como exijo do meu servo. Não fui capaz de servir o meu irmão mais velho como exijo do meu irmão mais novo. Não fui capaz de fazer primeiro aos meus amigos o que exijo”.5 Voltando ao exemplo de um pai e de um filho: para aplicar corretamente o shu, a questão a considerar por um filho não é a forma como o seu pai o trata, mas como gostaria que o seu próprio filho o tratasse. Shu é uma relação não entre duas pessoas individuais, mas entre dois papéis sociais. Como é que se trata o pai? Da mesma forma que gostaríamos de ser tratados pelo nosso filho se pais. Uma vez que shu foi sempre interpretado desta forma peculiar – como foi referido, nunca foi sugerido seriamente que um filho que trata o seu pai da mesma forma que é tratado pelo seu pai está a realizar corretamente o shu – vale a pena perguntar porque é que Confúcio parece nunca se ter sentido obrigado a esclarecer este aspecto do seu ensinamento. O que é pelo menos tão notável é que nenhum de seus discípulos, ao contrário de tantos leitores modernos, jamais foi confundido ou enganado. É apenas plausível supor, então, que shu destaca uma caraterística da cultura chinesa clássica não compartilhada pela nossa. Para Confúcio, seus discípulos e até mesmo para a maioria dos comentaristas posteriores, modificar os padrões de comportamento de acordo com os papéis sociais das pessoas deve ter parecido tão natural que ninguém nunca precisou articular a ideia. Um outro episódio dos Analectos, não diretamente relacionado com shu, esclarece melhor este problema: XI.22. Zi Lu perguntou: “Ao aprendermos que algo deve ser feito, devemos imediatamente fazê-lo?” O Mestre disse: “Enquanto o teu pai e teus irmãos mais velhos ainda estiverem vivos, ao aprender que algo deve ser feito, como poderias imediatamente fazê-lo?” Mais tarde, Ran Qiu perguntou: “Ao aprendermos que algo deve ser feito, devemos imediatamente fazê-lo?” . O Mestre respondeu: “Ao aprenderes que algo deve ser feito, deves imediatamente fazê-lo.” Gongxi Hua supreendido pelas duas diferentes respostas, disse: “Quando Zi Lu fez a pergunta, fizeste-lhe ver que seu pai e irmãos mais velhos ainda estavam vivos, mas quando Ran Qiu pôs a mesma questão, disseste-lhe para agir imediatamente. Estou confuso – poderás elucidar-me?” O Mestre respondeu: “Ran Qiu é cauteloso, por isso o instei a seguir caminho. Mas Zi Lu dispõe da energia de duas pessoas, por isso tive de lhe pôr uma rédea.”6 Mais uma vez, a coisa certa a fazer – e, da mesma forma, o conselho certo para Confúcio dar – depende da pessoa em questão; a única diferença é que aqui o critério saliente não é o estatuto social, mas o carácter. Na verdade, Confúcio está a responder não às perguntas que os seus discípulos lhe fizeram, mas directamente aos próprios discípulos. Isto aproxima-se de uma concepção chinesa clássica de indexicalidade: a frase “praticar algo depois de tê-lo ouvido”, como a palavra inglesa “you”, não se refere à mesma coisa quando dirigida a duas pessoas diferentes.7 Quando dirigida a Laurence Olivier, “you” refere-se a Laurence Olivier; quando se dirige a Vivien Leigh, “you” refere-se a Vivien Leigh. Quando se dirige a Zilu, “praticar algo depois de ter ouvido” refere-se a um comportamento impetuoso por parte de um homem que já está disposto a agir demasiado depressa; quando se dirige a Ran You, refere-se a uma filosofia de acção que o cavalheiro reservado faria bem em adoptar. Uma abordagem ocidental comum para analisar essas complicações seria tentar inferir regras gerais dos comentários ocasionais de Confúcio; por exemplo, o caso envolvendo Zilu e Ran You poderia implicar que um professor deveria oferecer conselhos conducentes a uma posição mediana em algum lugar entre a inacção e o excesso de zelo. Mas, pelo menos nas suas declarações excistentes, o próprio Confúcio recusa-se a sintetizar regras úteis. Em vez disso, sempre enfatiza a variabilidade das situações, como em Analectos IV/10: O Mestre disse: “As pessoas exemplares, caminhando pelo mundo, não são nem a favor nem contra nada, outrossim seguem o que é justo (義 yi).”8 Este tema, a que chamo “a primazia da situação” – não existe, tanto quanto sei, um termo técnico chinês preciso para este tropo – é omnipresente na literatura recebida do período dos Reinos Combatentes (quase toda ela filosófica num sentido lato). Embora dificilmente represente uma forma de pensar exclusivamente chinesa, este lugar-comum era extremamente popular, e o conhecimento do seu âmbito e caraterísticas pode ajudar a evitar certas armadilhas interpretativas que ainda hoje atormentam o estudo da filosofia chinesa. A prevalência dos argumentos da Primazia da Situação nos escritos de Han Fei (d. 233 a.E.C.) atesta sua versatilidade, pois Han Fei e Confúcio foram dois dos pensadores mais díspares que a cultura clássica chinesa produziu. O ensaio de Han Fei “As dificuldades da persuasão” (“Shuinan” ), um dos poucos capítulos que não são dirigidos a um governante ou senhor supremo, serve como um quadro de referência útil para todo o Han Feizi. Ao sublinhar que um cortesão deve elaborar os seus discursos de acordo com as predilecções do seu público, o capítulo obriga o leitor a reconsiderar os argumentos de todos os outros: não se pode simplesmente registar as várias recomendações de Han Fei aos governantes e relacioná-las (como fazem tantos manuais) como a “filosofia política” de Han , porque o próprio Han Fei nos diz em “As Dificuldades da Persuasão” que as opiniões declaradas de um ministro não precisam – na verdade, não devem – refletir as suas crenças mais íntimas. Pelo contrário, as opiniões declaradas de um ministro reflectem as suas impressões sobre o temperamento do seu governante: “Elogiar outras pessoas que agem de forma semelhante ao governante; tomar como modelo os assuntos dos outros que são semelhantes aos seus planos. Se houver alguém tão vil como ele, deves usar a sua grandeza para o embelezar, como se fosse inofensivo. Se há alguém que teve os mesmos fracassos que ele, deves usar o brilho [dessa pessoa] para o embelezar, como se não houvesse perda real. Se ele considera as suas próprias forças múltiplas, não o faças lamentar9 as suas dificuldades [passadas]. Se ele considera as suas decisões corajosas, não o irrites . Se ele considera os seus planos sensatos, não o diminuas [citando] os seus fracassos. Só se não houver nada de contrário10 na vossa importância geral e nada de rigoroso no vosso discurso é que a vossa sabedoria e retórica galgarão até ao fim. Esta é a maneira de alcançar tanto a intimidade sem suspeitas como o discurso efetivo.”11 É evidente que Han Fei também ganha o seu pão através da indexicalidade (os referentes de “decisões corajosas”, para citar apenas um dos exemplos de Han Fei, variam consoante o estatuto do seu interlocutor), sendo que a única diferença entre a sua marca e a de Confúcio é que este último nunca recorre ao engano. Confúcio dá aos seus discípulos duas respostas diferentes porque acredita sinceramente que eles precisam de duas respostas diferentes para o seu crescimento espiritual, ao passo que Han Fei defende que se diga descaradamente a um governante o que quer que se suponha que será vantajoso para si próprio. Escusado será dizer, portanto, que nenhum ministro confucionista sincero aceitaria a plataforma de persuasão de Han Fei. Mas, crucialmente, ambos teriam de aceitar um princípio mais amplo, nomeadamente que a coisa certa a dizer depende das circunstâncias. Han Fei continua em “As Dificuldades da Persuasão” com alegados exemplos históricos que utilizam o tema do Primado da Situação para abordar campos ainda mais profundos da filosofia da linguagem e da conversação: “No passado, o Senhor Wu de Zheng [r. 770-744 BG] desejava atacar Hu , pelo que a primeira coisa que fez foi casar a sua filha com o Senhor de Hu, de modo a tornar a diversão a sua [única] intenção. Depois, [o Senhor Wu] pediu aos seus numerosos ministros: “Quero fazer uso das minhas tropas; quem é que é aceitável atacar?” O Grande Mestre Guan Qisi respondeu: “É aceitável atacar Hu.” O Senhor Wu ficou furioso e executou-o, dizendo: “Hu é um estado irmão. Como podes dizer que o atacas? “Quando o senhor de Hu soube , pensou que Zheng o trataria como um parente, pelo que não se preparou para [uma incursão de] Zheng. Os homens de Zheng invadiram Hu e conquistaram-no.12 Em Song havia um homem rico cujas paredes estavam danificadas pela exposição aos elementos. O seu filho disse: “Se não as reconstruir, de certeza que haverá ladrões”. O pai do seu vizinho disse a mesma coisa. Uma noite, como esperado, houve uma grande perda da sua riqueza. A família considerou o filho muito sábio, mas suspeitou do pai do vizinho.13 O que estes dois homens [ou seja, Guan Qisi e o pai do vizinho] disseram corresponde aos factos ,14 e, no entanto, no caso mais extremo um foi executado, e no caso menos extremo um foi suspeito [de roubo]. Isto porque não é difícil saber, mas é difícil utilizar os seus conhecimentos.15 Para começar, o segundo exemplo: o filho do homem rico e o pai do seu vizinho dizem ambos a mesma coisa, mas as implicações das suas declarações são fundamentalmente divergentes. No caso do filho, a família assume naturalmente que o rapaz tem em mente os interesses financeiros do pai. O pai do vizinho é um homem que tem uma mente muito boa, e elogia-o pela sua capacidade de antecipar o desastre. Mas no caso do pai do vizinho, a mesma suposição já não é natural; de facto, o oposto é plausível. Para usar a terminologia da filosofia contemporânea da linguagem: as duas afirmações, embora lexicalmente idênticas, têm uma implicação radicalmente diferente.16 A mesma frase não significa a mesma coisa quando dita por dois homens diferentes com duas intenções ostensivas diferentes. É a situação, mais do que as palavras em si, que determina o significado de qualquer afirmação;17 ou, para formular o mesmo princípio em palavras diferentes: não existe tal coisa como uma afirmação com implicações universalmente válidas. Os escritores que apresentam Han Fei como um proto-totalitário podem ser tentados a associar a sua prestidigitação oratória àquilo a que Hannah Arendt chamou “o desprezo totalitário pelos factos e pela realidade”.18 Mas “The Difficulties of Persuasion” não apresenta nada que se assemelhe a uma máquina de estado totalitária; pelo contrário, a visão de Han Fei do governo é a de um déspota rude que é subvertido a cada passo por biltres e invejosos. O totalitarismo, além disso, requer uma ideologia – algo que Han Fei é demasiado niilista para oferecer. Han Fei pode advocar o autoritarismo, mas não é totalitário.19 A exploração das várias implicações não convencionais de frases lexicalmente idênticas é um tema comum nos Estratagemas dos Estados Combatentes (Zhanguo ce). Tomemos o exemplo de “três pessoas fazem um tigre”, que desde então se tornou um provérbio: três pessoas farão com que toda a gente acredite que um tigre está no mercado se todas elas afirmarem independentemente tê-lo visto. A implicação da primeira afirmação poderia ser que o orador é louco, mas a implicação da segunda seria que o primeiro orador pode afinal não ser louco – e a implicação da terceira seria que há de facto um tigre no mercado.20 Muitas anedotas nesta colecção lidam com formas inteligentes, e muitas vezes desleais, de manipular a situação de modo a que as dos outros, bem como as próprias, assumam implicações peculiares para uma audiência enganada. Um fabricante de colares mostra a sua familiaridade com esta técnica numa conversa com o rei Xiang de Qi (r. 283-265 A.C.), que está preocupado com o facto de um certo ministro com desígnios usurpatórios estar a fazer boas acções de forma conspícua para obter o favor da população. O fabricante de colares diz ao rei que anuncie grandiosamente que o ministro avaliou correctamente as intenções do soberano e que ordene a todos os seus outros oficiais que saiam para o meio do povo e ajudem quem tiver frio ou fome. Então todos acreditarão que o magnânimo ministro está apenas a cumprir os magnânimos desejos do seu .21 Outro tipo de implicação na filosofia chinesa clássica envolve o significado oracular em vez do significado conversacional. Numa adivinhação do Yijing, a interpretação do oráculo centra-se frequentemente numa linha excepcional do hexagrama que se pensa estar em vias de se transformar no seu oposto. Embora não seja claro como tais linhas mutáveis foram identificadas,22 relatos no Comentário Zuo (Zuozhuan) mostram que, normalmente, serviam como ponto fulcral do prognóstico, como no exemplo seguinte: “O Senhor Xian de Jin adivinhou com os talos de mil-folhas se deveria casar sua filha mais velha com [o Senhor de] Qin , e encontrou a linha do hexagrama Guimei que muda para o hexagrama Kui [ou seja, a linha superior]. O historiador Su interpretou isso, dizendo: “Não é auspicioso. A frase diz: “O noivo apunhala uma ovelha, e de facto não há sangue; a noiva carrega um cesto, e de facto não há presente.”23 O nosso vizinho ocidental censura-nos pelas nossas promessas que não podem ser . A mudança de Guimei para Kui é como não receber assistência. Quando o trigrama Zhen [o trigrama superior de Guimei] muda para Li[ , o trigrama superior de Kui], Li também muda para Zhen; é o trovão e o fogo, Ying [o apelido do Senhor de Qin] derrotando Ji [o apelido do Senhor de Jin]. As grandes carruagens perderão os seus eixos; os incêndios queimarão as suas bandeiras; não será rentável marchar a exército, e serão derrotados em Zongqiu .”24 A única diferença entre os hexagramas Guimei (n.º 54 na sequência tradicional) e Kui (n.º 38) reside na linha superior, que está quebrada no primeiro e ininterrupta no segundo.25 Muitos dos pormenores podem ser opacos, mas é evidente que o prognóstico do historiador Su, em vez de tomar Guimei na sua totalidade, se baseia especificamente na linha superior do hexagrama, que neste caso é de alguma forma discernida como estando a mudar para a linha superior ininterrupta de Kui. Naturalmente, a interpretação seria completamente diferente se alguma outra linha ou linhas do Guimei fossem interpretadas nessa ocasião como mutáveis (ou se nenhuma linha do hexagrama fosse considerada mutável, como por vezes acontece). Nem todos os Guimei são iguais; a implicação de qualquer hexagrama depende do novo hexagrama em direção ao qual se percebe que está a mover-se num dado momento. O núcleo do Yijing é um índice de tais declarações de linha, organizadas por hexagrama, para os adivinhos consultarem uma vez que tenham identificado a linha ou linhas mutáveis decisivas no hexagrama em questão. Esta organização revela certos padrões. A posição de uma linha quebrada ou ininterrupta dentro de um hexagrama pode influenciar profundamente a sua interpretação na declaração de linha que o acompanha; isto é, uma linha quebrada ou ininterrupta na parte inferior de um hexagrama não tem o mesmo significado que uma linha quebrada ou ininterrupta na segunda, terceira, quarta, quinta ou linhas superiores. Especificamente, a segunda e a quinta linhas, sendo as linhas centrais dos dois trigramas que compõem o hexagrama (um hexagrama consiste num trigrama colocado em cima de outro), são consideradas “centrais”; a terceira e a quarta linhas são consideradas incertas e potencialmente perigosas; a linha inferior conota humildade e origem; e a linha superior significa o fim, muitas vezes com uma forte sugestão de que, à medida que as coisas regressam ao nadir depois de passarem pelo zénite, a boa sorte se transformará em má sorte e vice-versa.26 Muitos destes temas são exemplificados pelas afirmações de seis linhas para o hexagrama Qian (No. 1),27 que consiste em seis linhas ininterruptas: Nove28 na origem: Um dragão oculto – não o utilizar. Nove na segunda [linha]: Um dragão que aparece está no campo. É benéfico ver o grande homem. Nove na terceira: O homem nobre é criativo durante todo o dia; à noite é cauteloso como se estivesse em perigo. Não há infortúnio. Nove na quarta: Por vezes salta do abismo. Não há infortúnio. Nove na quinta: Um dragão voador está nos céus. É benéfico ver o grande homem. Nove no topo: Um dragão arrogante arrepende-se.29 Todas as linhas do Qian são ininterruptas, mas as suas implicações oraculares dependem da sua localização no hexagrama. Uma linha ininterrupta na base é interpretada como um “dragão oculto”, repleto de potencial não aproveitado; à medida que as linhas sobem no hexagrama, o dragão começa a emergir, até atingir a sua legítima posição majestosa nos céus, na quinta linha. Mas, neste hexagrama extraordinariamente auspicioso, a boa fortuna reverte em má sorte no final: até o dragão vai longe demais, torna-se arrogante e lamenta-se.30 A adivinhação Yijing, então, é duplamente condicional: o prognóstico baseia-se na premissa de que cada linha de um hexagrama está sujeita a mudanças,31 e as declarações de linhas para linhas mutáveis são, por sua vez, dependentes de sua posição na estrutura geral do hexagrama. Estas contingências exigiam que cada resultado do hexagrama fosse interpretado de novo por adivinhos habilidosos. Nenhum oráculo estava investido de significado diuturno ou imutável. O tema do Primado da Situação figura não menos promissoramente nas secções políticas de Han Feizi do que nas suas ruminações sobre retórica. Por exemplo, as propostas administrativas de Han Fei incluem a doutrina comummente conhecida como “formas e nomes” (xingming – “desempenho e título” pode ser uma tradução menos opaca), que emerge do ponto de vista de que não existe um método universalmente válido de distribuição de responsabilidades entre os ministros. Em vez de impor uma visão pré-concebida – e, precisamente por isso, condenada – da organização burocrática, um governante deve responder à medida que cada ministro os seus talentos e aspirações: “De acordo com a Via do governante dos homens, a tranquilidade e a reserva são tesouros. Sem gerir ele próprio os assuntos, ele distingue a falta de jeito da habilidade. Sem deliberar e planear ele próprio, ele distingue a auspiciosidade da inauspiciosidade. Portanto, ele não , mas as boas [palavras] respondem; ele não age, mas as boas [acções] multiplicam-se. Quando as palavras respondem, ele toma posse do contrato; quando as acções se multiplicam, ele toma o registo na mão.32 O grau de conformidade das duas metades do registo determina as recompensas e os castigos. Assim, os ministros que se aglomeram pronunciam as suas palavras; o senhor atribui-lhes os seus deveres de acordo com as suas palavras e avalia as suas realizações de acordo com os seus deveres. Se as suas realizações corresponderem aos seus deveres e os seus deveres corresponderem às suas palavras, são recompensados. Se as suas realizações não corresponderem aos seus deveres ou se os seus deveres não corresponderem às suas palavras, são castigados. De acordo com o caminho do senhor iluminado, os mentores não pronunciam palavras que não possam corresponder.33 Nesta passagem, Han Fei usa os termos yan e shi, traduzidos acima como “palavras” e “realizações”, em vez dos mais familiares ming e xing, mas o princípio subjacente é o mesmo. Os próprios ministros determinam os seus “títulos” (ming) proferindo palavras; o soberano compara então as suas “realizações” ou “desempenho” (xing) com as “palavras” ou “títulos” que inicialmente apresentaram. Quando as palavras e as realizações coincidem, o ministro é recompensado; quando coincidem, o ministro é castigado.34 Em termos concretos, isto significa que se um governante precisa de escolher um ministro das obras e um ministro da guerra, não é suficiente nomear o ministro com maior probabilidade de sucesso na engenharia civil como ministro das obras, e o ministro com maior probabilidade de sucesso como ministro da guerra. Em vez disso, o governante deve nomear como ministro das obras o ministro que promete servir como ministro das obras, e puni-lo apenas se, após um período de experiência razoável, ele tiver falhado manifestamente. Na opinião de Han Fei, esta é a única forma de fazer com que a desconcertante variedade de situações com que um se depara funcione a seu favor; porque se esta política for seguida de forma consistente, então os ministros aprenderão rapidamente, direta ou indiretamente, que não devem prometer mais do que podem cumprir. A lógica de Han Fei não é declarada explicitamente: o raciocínio é que, se aceitarmos a primazia da situação e concordarmos que o curso de ação correcto não pode ser determinado a menos que a situação seja totalmente compreendida, então devemos esperar o máximo de tempo possível antes de tomar qualquer decisão; idealmente, devemos deixar que a situação se desenrole por si própria e tome as nossas decisões por nós. O Xingming é um método concebido para evitar tomar decisão. O governante simplesmente “responde”.35 A este respeito, xingming tem uma afinidade óbvia com outra palavra-chave da filosofia política dos Reinos Combatentes, nomeadamente a não-ação; 36 é, afinal, por ensinamentos como xingming que Han Fei é por vezes rotulado “taoísta”.37 Na mais célebre (e provavelmente a mais antiga) das “histórias de truques” de Zhuangzian, o cozinheiro evita embotar o seu cutelo deixando que a arquitetura do boi determine os seus cortes, em vez de lhe impor um padrão pré-concebido: “Um cozinheiro estava a cortar um boi para o Senhor Wenhui. Onde quer que a sua mão tocasse, o seu ombro se inclinasse, o seu pé pisasse, o seu joelho tocasse, a carne caía com um som de zumbido. Cada corte do cutelo estava em consonância, zip zap! “Ah, é maravilhoso”, disse o Senhor Wenhui, “que a habilidade possa atingir tais alturas!” O cozinheiro pousou o cutelo e respondeu: “O que o teu criado ama é a Via, que vai para além da mera habilidade. Quando comecei a cortar bois, só via bois inteiros. Ao fim de três anos, já não via bois inteiros. Hoje, encontro o boi com o meu espírito em vez de o ver com os olhos. Os meus órgãos dos sentidos deixam de funcionar e o meu espírito move-se como lhe apetece. De acordo com o grão natural, corto as grandes fendas, conduzo a lâmina através das grandes cavidades. Seguindo a sua estrutura inerente, nunca encontro o menor obstáculo, mesmo onde as veias e artérias se juntam ou onde os ligamentos e tendões se juntam, muito menos de ossos grandes e óbvios. Um bom cozinheiro muda de cutelo uma vez por ano porque ele corta. Um cozinheiro vulgar muda de cutelo uma vez por mês porque ele parte. Ora, eu uso o meu cutelo há dezanove anos e já decepei milhares de bois, mas a lâmina continua tão fresca como se tivesse saído da mó. Entre as juntas há espaços, mas o gume da lâmina não tem espessura. Uma vez que estou a inserir algo sem espessura num espaço vazio, haverá certamente muito espaço para a lâmina brincar. É por isso que a lâmina ainda está tão fresca como se tivesse acabado de sair do afiador. No entanto, sempre que me deparo com um ponto complicado e vejo que vai ser difícil de manusear, contenho-me cautelosamente, concentro a minha visão e abrando o meu movimento. Com um movimento impercetível do cutelo, plop! e a carne já está separada, como um torrão de terra a cair no chão. Fico ali parado com o cutelo na mão, olho à minha volta com uma satisfação complacente, depois limpo o cutelo e guardo-o.” “Maravilhoso!” disse o Senhor Wenhui. “Ao ouvir as palavras do cozinheiro, aprendi como alimentar a vida.”38 As interpretações desta parábola são compreensivelmente variadas, mas o que parece distinguir este cozinheiro de tirar o fôlego de um cozinheiro comum ou mesmo superior é a sua capacidade (adquirida) de “concordar com o grão natural “e” seguir a estrutura inerente do boi. Somente dessa maneira ele pode evitar colidir com ossos e tendões e, assim, danificar sua lâmina. Cozinheiros com menos experiência e discernimento simplesmente cortam, insensíveis à situação que enfrentam.39 (continua)
Hoje Macau SociedadeLegionella | Turista em estado grave Um turista com 58 anos está em estado grave devido a uma infecção por legionella, conhecida como a doença dos Legionários. A infecção foi diagnosticada no sábado, no Centro Hospitalar Conde de São Januário, sendo que o paciente tem antecedentes de doenças crónicas. De acordo com o relato apresentado pelas autoridades de saúde, o homem viajou para o Interior, com a família, a 10 de Março. No outro lado da fronteira foi ao médico, depois de ter tido febre, mas não apresentou melhorias. Regressou a Macau a 19 de Março, tendo sentido falta de ar, o que fez com que desse entrada no Centro Hospital Conde São Januário. No dia 20 de Março, o doente recorreu à assistência médica do hospital, tendo sido diagnosticado com pneumonia em ambos os pulmões, o que levou à necessidade de o ligar ao ventilador mecânico. No dia seguinte, as análises à expectoração apresentaram um resultado positivo para legionella, com complicações por insuficiência respiratória. De acordo com os SS, “actualmente, o doente encontra-se em estado considerado grave, e ainda tem necessidade de apoio respiratório por ventilador mecânico”. As autoridades indicaram ainda que os familiares não apresentaram qualquer sintoma de mal-estar.
Hoje Macau SociedadeSJM | Abertas inscrições para 30 empregos A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) anunciou que abrem hoje as inscrições para o “Plano de Desenvolvimento Profissional em Serviço de Visita Guiada nas Actividades da SJM”, em regime de “primeiro contratação, depois formação”, que irá proporcionar oportunidades de trabalho com 30 vagas de emprego para a categoria de “agente do serviço de visita guiada nas actividades”. Os candidatos admitidos vão receber formação profissional durante 18 meses, divididos entre o Departamento de Operações Hoteleiras e o Departamento de Planeamento de Actividades. A formação inclui iniciação às artes e cultura, inglês prático de Linguaskills da Cambridge (oral) – curso de formação em conversação inglesa para o sector de prestação de serviços, Forbes Travel Guide – formação básica de excelência no serviço e curso sobre a visita guiada. Quem tiver bom aproveitamento nas avaliações e passar a fase de formação poderá continuar a carreira profissional num dos departamentos mencionados. Os interessados podem inscrever-se na página da DSAL até 1 de Abril.
Hoje Macau PolíticaCotai | Governo recusou concertos ao ar-livre A presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, reconheceu que a zona de concertos ao ar-livre no Cotai não vai receber espectáculos durante este mês. As declarações de Leong aos órgão de comunicação social foram citadas pelo jornal Ou Mun. Segundo Deland Leong Wai Man, o IC planeou organizar concertos nesta zona de grandes espectáculos em Março e Maio. E até foram recebidas cerca de 30 propostas para a utilização do espaço. Todavia, as autoridades consideraram que as propostas apresentadas para Março não reuniram os critérios exigíveis para a utilização do recinto. Leong explicou que tal se deveu principalmente ao facto de as propostas não apresentarem uma expectativa de audiência suficientemente grande para justificar o uso da zona de concertos ao ar-livre, que tem capacidade para 50 mil pessoas. Contudo, as autoridades ainda não querem receber um espectáculo com 50 mil pessoas. Segundo a responsável, nesta fase é preferível um espectáculos com uma audiência de 20 mil pessoas, dado que o Governo pretende que as entidades produtoras testem o recinto e ganhem experiência na coordenação das entradas e saídas do público e na organização do trânsito. Os horários propostos foram outro dos entraves à utilização do recinto. No entanto, Leong está confiante que os concertos possam voltar à zona de concertos ao ar-livre em Maio.
Hoje Macau PolíticaÁgua | Lei Chan U pede balanço medidas de poupança O deputado Lei Chan U pede ao Governo que apresente um primeiro balanço do Programa de Poupança de Água em Macau, que depois de 15 anos em vigor termina no final deste ano. A solicitação surge através de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). “O Governo vai proceder a uma avaliação e a um balanço sobre a eficácia da implementação do Programa de Poupança de Água em Macau nos últimos 15 anos? Este programa propõe a concretização de uma série de objectivos até 2025. Esses objectivos foram alcançados?”, pergunta o deputado. No documento, Lei Chan U indica que os “recursos hídricos de Macau são extremamente escassos e o abastecimento de água bruta depende principalmente do Interior da China” por isso, sublinha que “a boa execução dos trabalhos de poupança de água e o aumento da consciência social são muito importantes”. Apesar desta posição, Lei reconhece que o Executivo pode não ter interesse em lançar uma nova edição deste programa. Nesse caso, o deputado pretende saber como vai ser promovida a poupança de recursos hídricos. “Se o Governo não tem a intenção de definir um novo programa de poupança de água, de que planos dispõe para reforçar, de forma contínua, a gestão dos recursos hídricos e promover a construção de uma cidade economizadora de água?”, pergunta.
Hoje Macau PolíticaGongbei | Ex-director da Administração Alfandegária acusado de corrupção O ex-director da Administração Alfandegária de Gongbei, Zhao Min, foi expulso do Partido Comunista Chinês e enfrenta acusações de vários tipos de suborno e abuso de poder. Como é natural, devido à ligação entre Gongbei e as Portas do Cerco, a principal fronteira entre Macau e o Interior da China, Zhao Min participou em várias iniciativas e políticas conjuntas, como o processo de abertura e desburocratização para facilitar a circulação de veículos de Macau em Zhuhai e Hengqin. Segundo a Comissão Central de Inspecção de Disciplina, “Zhao Min perdeu os seus ideais e convicções, traiu a sua missão original”, e “aceitou presentes, ofertas em dinheiro, banquetes e viagens em violação dos regulamentos, fez com que outros pagassem despesas que deveriam ter sido pagas por ele pessoalmente e pediu emprestados veículos de outras pessoas sem qualquer encargo”. O órgão disciplinar indica ainda na sua página oficial que Zhao Min “utilizou a conveniência criada pelo poder ou estatuto dos seus familiares e, através das acções oficiais de outros funcionários do Estado, procurou obter benefícios indevidos para outros e aceitou ilegalmente bens”. Além da expulsão do Partido Comunista Chinês, foram cancelados os benefícios de que usufruía e confiscados os bens adquiridos indevidamente, por suspeitas da prática do crime de aceitar subornos usando a sua influência. A Comissão Central de Inspecção de Disciplina acrescenta que a natureza das infracções de Zhao Min é grave, pelo que deve ser tratado com seriedade e sujeito a acção penal.
Hoje Macau SociedadeHomem acusado de violência doméstica fere dois agentes da polícia Um residente feriu dois polícias com uma faca, enquanto tentava resistir a uma detenção. O caso aconteceu na quinta-feira, depois do homem ter sido alvo de uma nova queixa da ex-mulher por dois crimes de roubo. Já no ano passado tinha sido acusado de violência doméstica. De acordo com o jornal Ou Mun, a Polícia Judiciária (PJ) conseguiu deter o homem na quinta-feira, depois de ter recebido uma queixa por roubo da ex-mulher. O alegado criminoso foi detido perto das imediações da habitação da ex-companheira. Quando percebeu que ia ser detido, o homem tentou fugir e utilizou uma faca para resistir, ferindo, ligeiramente, dois dos agentes. Segundo os contornos do caso, após o divórcio, a vítima foi morar sozinha na zona de Nam Van. Ao homem foi aplicada como medida de coacção a proibição de contacto com a mulher, devido a agressões físicas, que terão acontecido em Janeiro. No entanto, a 25 de Fevereiro, o suspeito violou a medida de coacção, e foi à casa da vítima, para discutir questões de dinheiro. Nesse dia, agrediu fisicamente a mulher, além de lhe ter apontado uma faca. O agressor trancou ainda a mulher em casa durante 31 horas. Antes de sair, roubou uma mala com valor de 9 mil patacas que foi vendida pelo suspeito no Interior da China por 2 mil renminbis. No dia 18 deste mês, o homem voltou a casa da mulher, aproveitou-se do facto de a porta não estar trancada e voltou a pedir-lhe dinheiro. Mais uma vez sequestrou a mulher no apartamento durante 15 horas, obrigando-a a pedir um empréstimo 5 mil patacas a um amigo. O caso foi encaminhado ao MP pela prática dos crimes de arma proibida, roubo, sequestro, resistência e coacção, ofensa qualificada à integridade física e violência doméstica. Apelo à protecção Após ter sido tornado público, a Associação Geral das Mulheres de Macau veio pedir ao Governo para melhorar as medidas de protecção previstas na lei de prevenção e combate à violência doméstica. Durante longos anos, esta associação tomou uma posição de abstenção face à possibilidade de permitir que a polícia investigasse os crimes de violência doméstica sem que houvesse uma queixa das vítimas. A directora do Centro de Solidariedade Lai Yuen da associação, Wong Lei Lei, veio pedir às autoridades que façam uma revisão das medidas de protecção das vítimas durante os processos que ainda não foram julgados, mas em que houve queixas, para garantir uma protecção efectiva das vítimas. Wong Lei Lei destacou também a necessidade de as autoridades investigarem bem a razão que levou a que a mulher não tivesse apresentado queixa mais cedo, tolerando as agressões.
Hoje Macau EventosBilhetes à venda desde sábado para a 35.ª edição do FAM Estão à venda, desde sábado, os bilhetes para a 35ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que decorre entre os dias 25 de Abril e 31 de Maio, e que este ano tem como tema central a ideia de “Crescimento”. Apresenta-se ao público, com organização do Instituto Cultural (IC), um conjunto de 15 espectáculos que abrangem teatro, ópera chinesa, dança, circo, música e artes visuais. Esta edição do FAM arranca com “A Vida de Pi”, uma produção teatral do West End de Londres e da Broadway, que, com o FAM, inicia a primeira digressão da Ásia Oriental em Macau. O espectáculo mistura técnicas cénicas de última geração com técnicas de marionetas impressionantes para explorar o significado da vida e o tema da coragem. Além disso, com o intuito de mostrar a ideia de “Encontro Oriente-Ocidente, Ásia em Harmonia”, ligada à iniciativa “Cidade de Cultura da Ásia Oriental 2025 – Macau, China”, apresentam-se dois espectáculos. São eles “Deling e Cixi”, uma colaboração entre equipas de Pequim e Hong Kong que recria narrativas íntimas passadas nos aposentos privados da corte durante a Dinastia Qing; e ainda o concerto de ópera cantonense “Descortinando Vozes Harmoniosas”. Este espectáculo musical é apresentado pela Orquestra Chinesa de Macau juntamente com figuras notáveis da ópera cantonense, tais como Zeng Xiaomin e Wen Ruqing, dando a conhecer ao público de Macau a cultura de Lingnan. Outro dos destaques da 35ª edição do FAM, é o espectáculo “A Fénix Louca”, da Trupe de Ópera Cantonense de Foshan. Trata-se de uma adaptação de uma peça teatral clássica centrada na vida do talentoso dramaturgo Kong Yu-Kau, o qual proporcionará aos espectadores uma experiência totalmente nova, mantendo a intensidade dramática da peça e integrando, engenhosamente, elementos inovadores da ópera cantonense. Estreia do Japão O FAM traz ainda o musical japonês original “Kiki, a Aprendiz de Feiticeira”, que em Macau terá a sua estreia fora do Japão. Neste espectáculo, apresenta-se com um novo repertório musical e uma equipa de produção que captará fielmente o encanto da obra homónima e da animação. O público local poderá ainda ver os TAGO, da Coreia do Sul, que apresentam “A Batida do Xamã”, um espectáculo que combinará técnicas tradicionais de percussão com uma estética moderna.
Hoje Macau EventosDia Mundial do Livro | IC organiza “Troca de Livros” e várias actividades Abril é mês de celebrar a leitura. No dia 23, acontece o “Dia Mundial do Livro”, e, nesse contexto, o Governo, através do Instituto Cultural, irá organizar uma série de programas para promover a leitura, como a troca de livros antigos, e outras actividades Celebra-se no próximo dia 23 de Abril o “Dia Mundial do Livro” e, assim sendo, o Instituto Cultural (IC) organiza actividades como a “Troca de Livros”. Em vários locais da cidade estarão também assinalados pontos de leitura, numa actividade designada por “Mês de Leitura Conjunta em Toda a Cidade de Macau 2025”, ou seja, ao longo do mês de Abril. A iniciativa “Troca de Livros” já começou, nomeadamente no que diz respeito ao processo de recolha de livros que as pessoas possam ter nas suas casas e que querem trocar por outros, mediante um sistema de pontos. A entrega de obras antigas pode ser feita até ao dia 13 de Abril, sendo que os residentes podem entregar as suas colecções de livros que reúnam as condições exigidas nas 11 bibliotecas públicas sob a égide do IC, incluindo a Biblioteca Central de Macau, a Biblioteca Sir Robert Ho Tung, a Biblioteca da Taipa e a Biblioteca de Seac Pai Van, entre outras. Este ano, pela primeira vez, haverá um sistema electrónico de pontos, sendo que cada livro será classificado de acordo com o preço original, sendo atribuída uma unidade por cada 10 patacas ou a uma fração não inferior a cinco patacas. A pontuação máxima por livro ou colecção é de 100 unidades. Na recolha dos pontos electrónicos, os residentes podem usar a aplicação “A Minha Biblioteca”. A troca de livros decorre nos dias 26 e 27 de Abril, com os pontos obtidos a serem substituídos pelas novas obras escolhidas, aos balcões do Centro Cultural de Macau e do Auditório do Centro de Actividades de Seac Pai Van. O IC descreve que, no sistema de troca de livros, não são permitidos compêndios e livros didácticos, revistas, publicações pornográficas, livros danificados ou livros não originais. Leituras na cidade Outra actividade de promoção do livro, são os “Pontos de Leitura”, programa onde se podem inscrever as entidades ou associações do território. O objectivo é “partilhar o tempo de leitura nos bairros comunitários, aumentar a participação e alargar a cobertura da leitura para o público”. Assim, os interessados podem apresentar as suas propostas para a organização de “Pontos de Leitura” até ao dia 30 de Abril, sendo que estes “Pontos” podem ser organizados em lojas, restaurantes, escolas, centros educativos, associações, empresas e escritórios, não havendo limitações de formato. As entidades participantes devem organizar actividades de leitura por sua própria iniciativa de 1 a 30 de Abril e apresentar fotografias e o número de participantes após as actividades. As fotografias relevantes serão publicadas na página electrónica temática das bibliotecas e nas páginas culturais do IC nas redes sociais, “para que mais residentes possam sentir o encanto da leitura”, explica o IC.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim e Tóquio juntos em primeiro diálogo de alto nível em seis anos O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takeshi Iwaya, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, acordaram no sábado numa uma cooperação mutuamente benéfica, durante o seu primeiro encontro económico de alto nível em seis anos. Em particular, os dois ministros discutiram questões como a descarbonização e a luta contra a baixa taxa de natalidade, que são problemas em ambos os países, e Iwaya fez um pedido à China para levantar a proibição das importações japonesas de marisco, imposta depois de a água tratada da central eléctrica de Fukushima ter começado a vazar para o mar. Os dois ministros lideraram o primeiro diálogo económico de alto nível entre o Japão e a China em seis anos, após uma pausa devida sobretudo à pandemia de covid-19, tendo os dois países posteriormente mantido conversações separadas sobre as relações bilaterais em geral. No início das conversações económicas, Iwaya disse, citado pela agência Efe, esperar que a reunião “personifique” a cooperação entre os dois países e comprometeu-se a envidar esforços para que os cidadãos japoneses e chineses possam “sentir os benefícios” do progresso nas relações bilaterais. Wang, por seu lado, pareceu criticar as recentes políticas do aliado próximo do Japão, os Estados Unidos, afirmando que “o unilateralismo e o proteccionismo estão na ordem do dia”. O encontro entre os dois países ocorre após a entrada em vigor, no início de Março, de tarifas de 20 por cento sobre a China, aos quais o gigante asiático respondeu com direitos aduaneiros de 10 por cento e 15 por cento sobre produtos agrícolas provenientes dos Estados Unidos. A China já respondeu a uma primeira ronda de tarifas de 10 por cento cobrando 10 por cento a 15 por cento sobre certos produtos americanos, além de introduzir novos controlos de exportação sobre minerais essenciais e abrir uma investigação contra o gigante tecnológico americano Google.
Hoje Macau China / ÁsiaHengqin | Realizada maratona adiada após ataque que matou 35 pessoas Mais de 19 mil pessoas participaram ontem na maratona de Hengqin, que tinha sido adiada após a cidade no sul da China ter sido palco de um ataque com um automóvel que matou 35 pessoas. As autoridades da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin referiram que atletas de 12 países e regiões participaram nas provas de maratona, meia maratona e numa corrida com seis quilómetros. Num comunicado, as autoridades locais sublinharam que mais de 900 corredores vieram de Macau e demonstraram esperança que o desporto possa também reforçar a cooperação com a vizinha região semiautónoma. A maratona estava originalmente marcada para 29 de Dezembro, mas, seis dias antes, a organização adiou a maratona para 23 de Março, sem apresentar qualquer razão. Os organizadores da maratona incluem as autoridades da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, o grupo Zhuhai Huafa e a Nam Kwong, um grupo controlado pelas autoridades da província de Guangdong mas com sede em Macau. No final de Novembro, os organizadores já tinham adiado a edição deste ano da maratona de Zhuhai, que estava inicialmente marcada para 8 de Dezembro. A competição tinha ficado marcada para 12 de Janeiro de 2025, mas acabou por ser cancelada. A 11 de Novembro, Fan Weiqiu, um homem de 62 anos, conduziu um automóvel deliberadamente contra uma multidão num centro desportivo em Zhuhai, causando a morte de 35 pessoas e ferimentos em outras 43. O atacante “estava revoltado” com a divisão dos activos financeiros definida no âmbito de um processo de divórcio, de acordo com uma investigação preliminar da polícia.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim simplifica registos de casamento para incentivar a natalidade A China anunciou no sábado medidas para simplificar o registo de casamentos e tentar reduzir a pressão financeira sobre os noivos, como mais uma medida para fomentar o aumento da taxa de natalidade. O casamento é quase um pré-requisito para ter um filho na China, uma vez que os nascimentos fora do casamento são mal vistos e não oferecem o mesmo nível de reconhecimento e protecção. No entanto, o número de casamentos diminuiu 20,5 por cento no ano passado e, em 2024, a China registará o terceiro ano consecutivo de decréscimo da população, o que constitui um desafio para o crescimento económico e o financiamento das pensões. As autoridades já lançaram várias medidas, tais como subsídios para quem casa e tem filhos, e foi prometida a construção de mais centros de acolhimento de crianças. A última iniciativa refere que os casais podem agora registar os casamentos em qualquer ponto do país, de acordo com informação divulgada no sábado pela emissora estatal CCTV, citando um documento governamental. Até agora, os casais tinham de se deslocar ao local onde a noiva ou o noivo estavam registados. Por exemplo, um casal que vivesse em Pequim por razões profissionais, mas cuja mulher fosse de Guangzhou e o marido de Xangai, tinha de se deslocar a uma destas duas cidades para cumprir as formalidades necessárias. Obstáculo financeiro Segundo o canal, o Ministério dos Assuntos Civis promete também “combater certos hábitos nocivos como os dotes excessivos e as cerimónias de casamento excessivamente caras”. Um dote é a soma de dinheiro que a família do noivo costuma dar à noiva e é frequentemente visto como um sinal de respeito para com os sogros e uma contribuição para o início da vida do jovem casal. Mas, nalguns casos, os montantes tornaram-se muito elevados, criando pressão financeira para a família do noivo e alimentando as desigualdades sociais. Muitos jovens chineses têm relutância em casar e ter filhos. Entre as principais razões para tal, contam-se a incapacidade financeira para comprar um apartamento, que é muitas vezes uma condição prévia para o casamento, e o elevado custo da educação, desde os cuidados infantis às aulas particulares, consideradas quase indispensáveis para o sucesso escolar de uma criança.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | PM promete abrir mais sectores ao investimento estrangeiro Li Qiang comprometeu-se a reforçar a abertura económica do país e a proteger os interesses “de todas as empresas”, independentemente da nacionalidade dos proprietários O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, prometeu ontem que a China irá abrir mais sectores da economia ao investimento estrangeiro e “proteger os direitos e interesses legítimos de todas as empresas”. A garantia foi dada num discurso proferido na abertura do Fórum Anual de Desenvolvimento da China, em Pequim, que contou com a presença de importantes líderes empresariais. Li enfatizou o compromisso do regime chinês com a “abertura económica” e pediu ainda que as empresas internacionais resistam ao proteccionismo. “Esperamos que os empresários possam tomar medidas mais activas para manter a globalização”, disse o número dois do Governo de Pequim. Li afirmou ainda que espera que os líderes empresariais possam “trabalhar em conjunto, cooperar e alcançar um maior desenvolvimento das (…) empresas para benefício mútuo”. “O Governo chinês esforçar-se-á por proteger os direitos e interesses legítimos de todas as empresas”, independentemente da nacionalidade dos proprietários, prometeu o primeiro-ministro. O fórum conta com a presença de executivos de empresas multinacionais como a Mercedes-Benz e a Samsung, incluindo o director executivo da tecnológica norte-americana Apple, Tim Cook. Prever o imprevisto Há meses que Pequim está a tentar restaurar a confiança dos consumidores e das empresas, que foi enfraquecida por uma crise persistente no sector imobiliário e por novas tensões comerciais com os Estados Unidos. Li Qiang afirmou que Pequim está preparada para “impactos externos inesperados”, referindo-se à guerra comercial desencadeada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. “Estamos preparados para choques inesperados, que, claro, vêm sobretudo do estrangeiro. O Governo chinês terá políticas em vigor para garantir o bom funcionamento da sua economia”, disse Li. O dirigente prometeu que a China continuará na “direcção certa da globalização” face à crescente fragmentação da economia mundial, à medida que se intensifica a guerra comercial com os EUA. “Como um grande país responsável, a China permanecerá firmemente do lado certo da história (…) [praticando] o verdadeiro multilateralismo”, disse Li, numa reunião com líderes de empresas multinacionais em Pequim. A China “seguirá a direcção correcta da globalização económica, praticará o verdadeiro multilateralismo e esforçar-se-á por ser uma força de estabilidade e certeza”, disse Li, acrescentando que “a fragmentação da economia global está a intensificar-se”, enquanto “a instabilidade e a incerteza estão a aumentar”.
Hoje Macau SociedadeTecnologia | Mais famílias com acesso à internet em 2024 No ano passado, cerca de 97,7 por cento dos agregados familiaree sde Macau acederam à internet, o equivalente a 200.200 agregados familiares, num total de 205.000 famílias. Os dados sobre a utilização da Internet em Macau foram revelados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) e representam um crescimento de 0,4 pontos percentuais, em termos anuais. Cerca de 99,4 por cento dos agregados familiares que acederam à internet usaram a rede móvel. O número de utilizadores de internet em Macau foi de 610.300, mais 13.000 pessoas, um crescimento de 2,2 por cento, em comparação com o ano 2023. Aproximadamente 91,4 por cento dos utilizadores acederam à internet diariamente, com a taxa de penetração a aumentar 1,2 pontos percentuais, para 94 por cento. A taxa de penetração de internet aumentou 1,2 pontos percentuais, para 94, por cento da população relativamente a 2023. A taxa dos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos, registou o crescimento mais notável, de 3,5 pontos percentuais, fazendo com que 81,3 por cento dos idosos utilizasse a internet. Quanto às finalidades, a maioria dos utilizadores visou o uso de aplicações de comunicação ou das redes sociais, num total de 578.600 utilizadores. Seguiu-se a utilização para entretenimento (547.300 utilizadores) e serviços bancários on-line ou pagamentos móveis (457.400).