Hoje Macau China / ÁsiaNATO / Defesa | EUA insistem no aumento de 5% para todos os aliados Os Estados Unidos insistiram ontem que o compromisso de aumentar para 5% os gastos com Defesa diz respeito a todos os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), reunidos em cimeira em Haia. “Graças à liderança do Presidente [norte-americano] Donald Trump, a NATO está a caminho de alcançar um compromisso histórico, em que cada aliado se compromete a gastar pelo menos 5 por cento do seu PIB em defesa”, afirmou o embaixador dos Estados Unidos junto da Aliança Atlântica, Matthew Whitaker, frisando que “todos” terão de mostrar “progressos significativos” nos seus orçamentos para o sector. Sobre os prazos para atingir a meta, Whitaker evitou avançar uma data, embora tenha reiterado que “não há um prazo ilimitado”, pelo que espera um “crescimento significativo e incrível dos aliados e dos seus orçamentos de defesa ano após ano”. Nesse sentido, acrescentou que isso é determinado pelas ameaças à segurança que o bloco militar enfrenta e não pelas exigências de Trump ou do secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “Os nossos adversários não vão esperar que estejamos preparados”, advertiu. Desta forma, Whitaker reiterou que o Presidente norte-americano pede “um plano claro e credível” para atingir 5 por cento de investimento em defesa para “toda” a NATO. Para Whitaker, a situação de segurança exige que os parceiros europeus dêem passos em frente para reforçar o laço transatlântico, pelo que reiterou que a questão das despesas continuará na agenda de Washington. “Esperaria que os aliados se mostrassem ainda mais vigilantes na hora de exigir responsabilidades uns aos outros pelos progressos realizados ano após ano”, referiu Whitaker, sem nunca mencionar o acordo alcançado domingo pelo presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e por Rutte, para dar mais flexibilidade a Madrid na sua trajectória de gastos.
Hoje Macau China / ÁsiaNobel da Paz | Paquistão critica Trump por atacar Irão O Paquistão condenou o Presidente norte-americano, Donald Trump, por bombardear o Irão, menos de 24 horas depois de ter dito que merecia o Nobel da Paz por ter resolvido a recente crise com a Índia. As relações entre os dois países do sul da Ásia agravaram-se após um massacre de turistas na Caxemira indiana, em Abril, com os dois países a atacarem-se até negociações lideradas por Washington terem resultado numa trégua atribuída a Trump. Foi a “intervenção diplomática decisiva e liderança fulcral” de Trump que o Paquistão elogiou numa mensagem efusiva no sábado à noite, quando anunciou a recomendação formal para que recebesse o Prémio Nobel da Paz, Menos de 24 horas depois, porém, condenou os Estados Unidos por terem atacado o Irão, afirmando que os ataques “constituíam uma grave violação do direito internacional” e dos estatutos da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA). O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num telefonema no domingo com o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manifestou a preocupação por os bombardeamentos terem visado instalações que estavam sob a salvaguarda da AIEA. O Paquistão, que possui armas nucleares tal como a Índia, tem laços estreitos com o Irão e apoia os ataques contra Israel com o argumento de que Teerão tem o direito a defender-se, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael/Irão | Conflito complica ligações aéreas entre Europa e Ásia Os voos entre o leste asiático e a Europa estão cada vez mais longos, caros e imprevisíveis, apontam analistas, à medida que o conflito entre Irão e Israel se junta ao encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, as transportadoras aéreas da União Europeia estão proibidas de sobrevoar o território russo, o que levou ao cancelamento de dezenas de rotas e obrigou as companhias a desviarem-se por corredores mais a sul ou pelo Ártico. No caso das ligações com o leste da Ásia, como China, Japão ou Coreia do Sul, o impacto traduz-se em acréscimos de até quatro horas de voo, consumo extra de combustível e, consequentemente, aumento nos custos operacionais e nos preços dos bilhetes. Nos últimos dias, a intensificação do conflito entre Israel e o Irão, com apoio militar dos Estados Unidos, agravou a situação, levando à suspensão de voos sobre o Irão, Iraque, Síria e Israel. Várias companhias, incluindo Qatar Airways, Lufthansa e Singapore Airlines, ajustaram as rotas ou cancelaram ligações para a região, citando razões de segurança. Uma fonte de uma grande companhia aérea europeia citada pelo jornal britânico Financial Times sob anonimato disse que, embora as empresas estivessem acostumadas a lidar com encerramentos periódicos do espaço aéreo, a situação actual é “mais grave”, porque as companhias passaram a ter um “corredor realmente pequeno” para voar. Com os principais corredores aéreos bloqueados a norte e a sul, os voos entre cidades como Pequim, Xangai, Seul ou Tóquio e destinos na Europa passam agora por vias mais estreitas, sobrevoando países da Ásia Central, Turquia ou a Península Arábica. A dependência desses corredores aumenta a pressão sobre os controlos de tráfego aéreo e torna qualquer perturbação local numa ameaça ao fluxo global. Ganhos e perdas Companhias aéreas chinesas, como a Air China e a China Eastern, que continuam autorizadas a utilizar o espaço aéreo russo, ganharam, porém, vantagem competitiva. Os seus voos são mais curtos e baratos, permitindo-lhes oferecer tarifas até 35 por cento inferiores às praticadas por operadores europeus nas mesmas rotas, segundo uma estimativa do Financial Times. Além do impacto no transporte de passageiros, o setor logístico também regista dificuldades, com atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete. O especialista Rosen Röhlig apontou num relatório como “o encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias afecta envios de carga aérea na rota Ásia Europa”, levando a “retrocessos em centros globais e aumento dos custos e atrasos”. “A tendência geral é de um aperto adicional na capacidade das transportadoras. Como resultado (…), rotações de tripulação mais longas e aumento nos custos de combustível podem levar a tarifas mais elevadas e alterações nos horários”, destacou. Também um estudo da OCDE demonstrou como “o encerramento do espaço aéreo russo a transportadoras de 36 países provocou aumentos significativos do tempo de viagem para passageiros em cerca de 80 por cento das rotas que ligam a Ásia à Europa”. A mesma análise sublinhou que os corredores alternativos “não conseguem absorver totalmente estes fluxos”, originando atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete, com impacto directo nas cadeias de abastecimento globais. A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), que mantém actualizações regulares sobre zonas de exclusão aérea, alertou que a situação permanece volátil, com o risco de novos encerramentos ou incidentes inesperados.
Hoje Macau EventosFDC | Candidaturas para apoios à moda até ao dia 1 de Agosto O Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) aceita, a partir de hoje e até ao dia 1 de Agosto, candidaturas a apoios financeiros na área da moda. Trata-se do “13.º Plano de Subsídio à Criação de Amostras de Design de Moda”, que tem como objectivo “apoiar a produção de amostras e a promoção de colecções de moda originais de designers locais, impulsionando continuadamente o desenvolvimento da indústria do design de moda em Macau”. Os candidatos devem ser residentes da RAEM, com idade igual ou superior a 18 anos, e podem candidatar-se a título individual ou em grupo. As obras devem ser colecções de moda originais que não tenham sido exibidas ao público, produzidas ou fabricadas em amostras anteriormente, com um mínimo de 8 modelos, devendo ainda participar pelo menos numa actividade de moda durante o período de apoio financeiro. A avaliação será feita em duas fases, sendo que na primeira selecção a Comissão de Avaliação de Actividades e Projectos do FDC vai analisar as propostas “com base nos critérios de criatividade e originalidade, qualidade, efeitos visuais globais”, bem como o “potencial de mercado, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e do plano de marketing e racionalidade orçamental”. Nessa primeira fase são escolhidos 15 projectos, que passam depois à segunda fase, quando será efectuada uma reunião de avaliação. Este encontro serve para o candidato “mostrar um modelo de amostra por um modelo contratado, fazer uma apresentação e responder às questões colocadas pelos membros da Comissão de Avaliação, os quais atribuirão pontuações”. O período do apoio financeiro é de 12 meses e a quota de apoio financeiro contempla até oito beneficiários. O valor financiado máximo é de 180 mil patacas, destinado a financiar as despesas de produção de amostras, produção de materiais promocionais, participação em exposições, transporte e logística de toda a colecção da obra seleccionada.
Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | Maioria dos cidadãos chineses saem do Irão A embaixada chinesa em Teerão indicou ontem que a “grande maioria” dos cidadãos chineses já foi retirada do Irão, face ao agravamento do conflito com Israel, intensificado por ataques israelitas e bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares. De acordo com o ministro conselheiro da missão diplomática chinesa, Fu Lihua, a embaixada coordenou a retirada em estreita colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês e com as representações diplomáticas da China na Turquia, Arménia, Azerbaijão, Turquemenistão e Iraque. As operações foram realizadas por via rodoviária desde Teerão e outras áreas de risco até às fronteiras terrestres com países vizinhos, como o Azerbaijão e o Turquemenistão, avançou no domingo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Nos postos fronteiriços, como Astara ou Bajgiran, foram destacadas equipas de apoio para facilitar os procedimentos de saída e garantir a segurança dos cidadãos chineses, explicou Fu. Segundo dados oficiais, residem actualmente cerca de 4.000 cidadãos chineses no Irão. A embaixada chinesa precisou que os poucos cidadãos chineses que permanecem no Irão já foram transferidos para zonas consideradas mais seguras. A China realizou também operações de retirada em Israel, de onde cerca de 300 cidadãos chineses, maioritariamente estudantes, foram transportados por via terrestre através das fronteiras com o Egipto e a Jordânia, face ao risco de agravamento do conflito com o Irão. Pequim instou os cidadãos chineses que ainda permanecem em Israel a registarem-se para futuras operações. Desde o início da recente escalada entre Israel e o Irão, a China manifestou “profunda preocupação” com a situação e apelou repetidamente ao “cessar imediato das hostilidades”, tendo condenado ainda os recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, que considera contribuírem para “exacerbar as tensões” no Médio Oriente.
Hoje Macau China / ÁsiaÁsia é destino de 84 por cento do petróleo que passa pelo Estreito de Ormuz Cerca de 84 por cento do petróleo que atravessa o Estreito de Ormuz destina-se à Ásia, incluindo China, Índia, Coreia do Sul e Japão, economias muito vulneráveis a restrições ao tráfego marítimo em caso de escalada do conflito no Médio Oriente. Cerca de 14,2 milhões de barris por dia de petróleo bruto e 5,9 milhões de barris por dia de outros produtos petrolíferos, ou seja, cerca de 20 por cento da produção mundial, passaram pelo corredor estratégico do Estreito de Ormuz, ao largo do Irão, no primeiro trimestre, segundo a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA). É a rota praticamente única de exportação do crude da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque, do Kuwait, do Qatar e do Irão. Eis os principais países asiáticos a que se destina este petróleo: China Os peritos estimam que mais de metade do petróleo importado pela Ásia Oriental passa pelo Estreito. É o caso da China: segundo a EIA, no primeiro trimestre importou 5,4 milhões de barris por dia de petróleo bruto através de Ormuz. A Arábia Saudita foi o seu segundo maior fornecedor de ‘ouro negro’ no ano passado, com 1,6 milhões de barris por dia, ou seja, 15 por cento do total das suas importações, segundo a EIA. O próprio Irão tornou-se uma fonte importante de hidrocarbonetos: em Abril, exportou 1,3 milhões de barris por dia para a China. A maior parte é comprada por pequenas refinarias chinesas (conhecidas como “teapots”) que operam independentemente das companhias petrolíferas estatais – uma forma de evitar as sanções dos EUA. A China absorve mais de 90 por cento das exportações de petróleo do Irão. Índia A Índia importou 2,1 milhões de barris por dia de crude através do Estreito no primeiro trimestre, segundo a EIA. A Índia está fortemente dependente do Estreito, com o Médio Oriente a fornecer cerca de 53 por cento das suas importações de petróleo no início de 2025, de acordo com a imprensa financeira local, nomeadamente do Iraque e da Arábia Saudita. Isto é suficiente para deixar Nova Deli nervosa face à escalada das tensões, apesar de o país ter aumentado as suas compras de hidrocarbonetos russos nos últimos três anos. “Tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar um abastecimento estável de combustível aos nossos cidadãos”, insistiu o ministro do Petróleo indiano, Hardeep Singh Puri, na X. “Diversificámos os nossos fornecimentos nos últimos anos (…) Os nossos distribuidores dispõem de reservas para várias semanas e continuam a ser abastecidos através de vários canais”, declarou, sem dar mais pormenores. Coreia do Sul De acordo com os dados da indústria petrolífera do país, cerca de 68 por cento das importações de petróleo bruto da Coreia do Sul passam pelo Estreito de Ormuz – um volume de 1,7 milhões de barris por dia, segundo a EIA. O país é particularmente dependente da Arábia Saudita, que no ano passado foi responsável por um terço das suas importações de petróleo, tornando-se o principal fornecedor do país. “Até à data, não se registaram perturbações nas importações de petróleo bruto e de GNL (gás natural liquefeito) da Coreia do Sul, mas poderá surgir uma crise de abastecimento em função da evolução da situação”, reconhece o ministério da Energia sul-coreano em comunicado. “O Governo e os intervenientes da indústria prepararam-se para situações de emergência, mantendo uma reserva estratégica de petróleo equivalente a cerca de 200 dias de abastecimento e reservas suficientes de GNL”, insistiu. Japão O Japão importa 1,6 milhões de barris por dia de petróleo bruto através do Estreito de Ormuz, segundo a EIA. E, segundo os dados aduaneiros japoneses, 95 por cento do petróleo bruto importado pelo arquipélago no ano passado veio do Médio Oriente. As empresas de transporte de energia do país começaram a adaptar-se: “Estamos atualmente a tomar medidas para reduzir ao máximo o tempo de permanência dos nossos navios no Golfo”, declarou à AFP a Mitsui OSK. O resto da Ásia (dois milhões de barris por dia), nomeadamente a Tailândia e as Filipinas, mas também a Europa (0,5 milhões) e os Estados Unidos (0,4 milhões) foram outros destinos do petróleo bruto que passou pelo Estreito de Ormuz no primeiro trimestre. Alternativas limitadas Os países asiáticos poderiam tentar diversificar as suas fontes de abastecimento – nomeadamente reforçando as suas compras de hidrocarbonetos americanos – mas seria impossível substituir os grandes volumes provenientes do Médio Oriente. A curto prazo, “as elevadas reservas mundiais de petróleo, a capacidade de reserva da OPEP [Organização de Países Exportadores de Petróleo] e a produção de gás de xisto nos Estados Unidos poderão proporcionar uma certa protecção”, consideram especialistas do MUFG citados pela Afp. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos dispõem de infraestruturas que lhes permitem contornar o Estreito de Ormuz, o que poderia atenuar um pouco qualquer perturbação, mas a sua capacidade de trânsito, estimada pela EIA em cerca de 2,6 milhões de barris por dia, continua a ser muito limitada. E o oleoduto Goreh-Jask, criado pelo Irão para exportar através do Golfo de Omã, que está inactivo desde o ano passado, só tem uma capacidade máxima de 300.000 barris por dia, também segundo a EIA.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael/Irão | China pede esforços para evitar fecho de Estreito de Ormuz O fecho do Estreito de Ormuz pode afectar seriamente não só a economia chinesa, mas todo o comércio internacional A China pediu ontem esforços internacionais para “evitar um impacto no desenvolvimento económico mundial”, após o parlamento do Irão ter proposto o encerramento do Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de 20 por cento do petróleo e gás mundial. “O Golfo Pérsico e as suas águas circundantes são canais importantes para o comércio internacional de bens e energia”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim. Guo sublinhou que “manter a segurança e a estabilidade na região está no interesse comum da comunidade internacional” e defendeu que “os esforços para promover a distensão dos conflitos devem ser intensificados”. O porta-voz reagia à proposta apresentada no domingo pelo parlamento iraniano, na sequência do ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irão, para que o Estreito de Ormuz seja encerrado ao tráfego marítimo – uma medida com impacto global no comércio de hidrocarbonetos e que terá ainda de ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano. Guo reiterou que a operação militar de Washington “exacerba as tensões no Médio Oriente” e revelou que a China, juntamente com a Rússia e o Paquistão, apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projecto de resolução que apela a “um cessar-fogo imediato e incondicional” entre Irão, Israel e Estados Unidos. “Atacar instalações nucleares sob as salvaguardas do Organismo Internacional de Energia Atómica constitui uma violação grave dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional”, declarou o porta-voz, pedindo “a todas as partes” que evitem uma escalada e defendendo o regresso ao “caminho da solução política”. Sem comentários Guo não comentou directamente as declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que exortou a China a interceder junto do Irão para evitar o encerramento do estreito. “Apelo ao Governo chinês, em Pequim, para que contacte Teerão sobre esta matéria, pois dependem fortemente do Estreito de Ormuz para o fornecimento de petróleo”, afirmou Rubio numa entrevista à estação televisiva norte-americana Fox News. O eventual encerramento do Estreito de Ormuz afectaria o comércio global e, em particular, a China – o maior importador de petróleo iraniano e parceiro estratégico de Teerão.
Hoje Macau Via do MeioQing 情 como fundamento da ética naturalista de Xun Zi (3) Por Li Chenyang (continuação do número XXXXX) Graham não nega que qing possa referir-se a sentimentos ou paixões no Xunzi. Insiste, no entanto, que nunca significa sentimentos ou paixões (Graham 1986: 64). De acordo com Graham, quando Xunzi usa “qing” para se referir a sentimentos, Xunzi quer dizer que esses sentimentos são genuínos; a afirmação de Xunzi de que “o gosto, o desgosto, o prazer, a raiva, a tristeza e a alegria de xing são chamados qing” significa que estes são chamados “o genuíno em nós” (Graham 1986: 65). No entanto, Graham comete um erro na sua descrição, porque qing pode significar sentimentos, emoções ou paixões na literatura pré-Han, e significa de facto estas coisas em vários locais do Xunzi. Em primeiro lugar, não é simplesmente verdade que qing nunca significa paixões ou coisas do género na literatura pré-Han. Por exemplo, o texto “Xìng Zì Mìng Chū” das Tiras de Bambu de Guodian contém a afirmação “zhì lè bì bēi, kū yì bēi, jiē zhì qí qíng yě 至樂必悲, 哭亦悲, 皆至其情也” (Liu 2003: 98). Diz que “quando a felicidade vai ao extremo, transforma-se em tristeza, e chorar também é tristeza; ambos são estados máximos de qing.” Esta afirmação corresponde a outra afirmação “yòng qíng zhī zhì zhě, āi lè wéi shèn 用情之至者, 哀樂為甚” no mesmo texto (Liu 2003: 101), que diz que as formas máximas de qing são exemplificado na tristeza e na felicidade. Nestas afirmações, qing não pode significar “actualidade” ou “genuíno”, como Graham afirma (4).Podemos certamente dizer que a tristeza ou a felicidade de uma pessoa é genuína. Mas “genuíno” aqui descreve como é e não o que é. A tristeza e a felicidade são emoções humanas. A tristeza e a felicidade são emoções humanas. Se são formas de qing, devem significar algum tipo de estado afetivo de consciência. Ligando os pontos entre estes usos de qing e a afirmação de Xunzi de que “o gostar, o não gostar, o prazer, a raiva, a tristeza e a alegria de xing são chamados qing”, só faz sentido se lermos qing de forma semelhante como estados afectivos de consciência. Além disso, no capítulo 2, Xiushen, Xunzi diz: “Se o vosso comportamento for respeitoso e reverente, se o vosso coração for leal e fiel, se usardes apenas os métodos sancionados pela propriedade ritual e pela moralidade, e se o vosso qing é de amor e humanidade, então, apesar de viajares por todo o império, e apesar de te encontrares a viver em tribos remotas e incivilizadas nas quatro direcções, todos te considerariam uma pessoa honrada.” As quatro frases com “se” em chinês são paralelas em termos de estrutura, em que “coração” (xīn 心) corresponde a “qing”: enquanto o coração é leal e fiel, o qing é amoroso e humano. Qing aponta aqui inequivocamente para os sentimentos e não para a “actualidade” ou o “genuíno”, como afirmou Graham. Os termos em inglês para o tipo de estados afectivos aqui abordados incluem “feeling”, “emotion” e “passion”. A emoção refere-se a sentimentos mentais, implicando frequentemente a presença de excitação ou agitação. Paixão é geralmente sinónimo de emoções intensas e convincentes.5 Talvez possamos dizer que gostar e não gostar são apenas sentimentos, enquanto que prazer, raiva, tristeza e alegria podem ser chamados de emoções. Por uma questão de sim- plicidade, usarei “sentimento” para qing neste sentido, uma vez que, quando usado de forma geral, abrange “emoção” e “paixão”. No Xunzi, podemos encontrar usos abundantes de qing nestes sentidos de sentimento, como mostraremos de seguida. Qing como sentimentos humanos está directamente relacionado com a teoria ética de Xunzi. Em relação à moralidade, o qing é frequentemente visto como contrário à propriedade ritual. De acordo com Xunzi, antes da transformação da sua tendência natural inata e do desenvolvimento das suas capacidades morais adquiridas, os qing dos seres humanos são inatamente apaixonados por grandes sons, intensos cores e aromas ricos. Qing, neste sentido, é normalmente emparelhado com xing 性 como qing-xing 情性, especialmente quando Xunzi está a expor os seus pontos de vista sobre a tendência natural dos seres humanos ser má. No capítulo 23, Xing-e, Xunzi confirma que “é a tendência natural inata na humanidade que, quando tem fome, deseja algo para comer, que, quando tem frio, deseja roupas quentes e que, quando está cansado, deseja descansar – esses são os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural”. Portanto: “Os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural não são mostrar cortesia ou deferir aos outros. Mostrar cortesia e deferir aos outros contradiz os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural.” Xunzi defende que o amor pelo lucro e o desejo de o obter pertencem aos sentimentos inatos do ser humano (qing). Estes sentimentos levam as pessoas a lutar pelas coisas desejadas se não forem reguladas pelas normas sociais. “Assim, seguir os sentimentos inatos e a tendência natural de cada um conduzirá a conflitos mesmo entre irmãos e, quando estes forem transformados por um ritual de correção e moralidade, os irmãos cederão a sua pretensão a outros do seu próprio país”. Nesta perspetiva, qing (sentimentos inatos) e xing (tendência natural humana) estão intimamente ligados. Como disse Xunzi: “Quando cada pessoa segue a sua tendência natural e se entrega aos seus sentimentos inatos, a agressividade e a ganância é certo que se desenvolverão. Isto é acompanhado pela violação das distinções de classe social e lança a ordem social racional na anarquia, resultando numa tirania cruel” . Com base na sua análise do qing-xing 情性, Xunzi ficcionalizou a seguinte conversa A relação entre os reis-sábios Yao e Shun, no capítulo 23, Xing’e: Yao perguntou a Shun: “Como são os sentimentos naturais (qing) da humanidade?” Shun respondeu: “Os seus sentimentos naturais são coisas muito pouco amáveis. Mas porque precisas de perguntar sobre eles? Quando um homem tem mulher e filhos, as obrigações filiais que observa para com os seus pais diminuem. Quando ele satisfaz os seus desejos e obtém as coisas de que gosta, a sua boa fé para com os seus amigos diminui. Quando ele satisfaz plenamente seu desejo de ter um alto cargo e um bom salário, sua lealdade ao seu senhor diminui. Oh, os sentimentos naturais dos seres humanos! Os sentimentos naturais dos seres humanos – como são tão pouco amáveis! Por que é que é preciso perguntar por eles!” De acordo com Xunzi, o qing humano inato estava num estado não amável, e qualquer tentativa de seguir o fluxo do qing não levaria a nada além do caos. Uma vez que esta é a verdade indiscutível, porque é que havemos de perguntar sobre eles? É de salientar que a conotação negativa de qing é comummente aceite na leitura do Xunzi. No entanto, não esgota todo o significado de qing como sentimento. Por exemplo, no capítulo 19, Lilun, o Xunzi refere: “Tentar superar-se mutuamente, aparentando estar desolado e emaciado, é o caminho dos homens maus. Não é a forma cultivada de correção ritual e moralidade, nem é o sentimento (qing) de um filho filial .” Aqui, “o sentimento de um filho filial” refere-se ao tipo de sentimento próprio de um filho filial; é, portanto, um bom sentimento. Mesmo esses bons sentimentos, no entanto, têm de ser bem medidos. No capítulo Lilun, por exemplo, Xunzi sugere que o funeral de um pai falecido não se deve prolongar indefinidamente, mesmo que o filho enlutado se sinta assim. Para Xunzi, os sentimentos humanos enquadrados no sentido positivo não são inerentes à humanidade, como ele afirma, “os sentimentos [apropriados] são o que eu não possuo [à nascença], mas posso, no entanto, criar” (Knoblock 1990: 81, modificado). De acordo com o comentário do académico Tang Yang Liang, o que Xunzi diz aqui é que os sentimentos humanos positivos não são inatos aos seres humanos, mas os sentimentos inatos podem, no entanto, ser direcionados para o caminho certo com a ajuda de influências externas (Wang 1988: 144). Outro exemplo pode ser encontrado no capítulo 21, Jiebi: O sábio segue (zòng 縱) os seus desejos e satisfaz (jiān 兼) os seus sentimentos, mas tendo-os regulado, ele está de acordo com os princípios racionais da ordem. Na verdade, que necessidade tem ele de força de vontade, de resistência ou de circunspeção? O comentador Wang Xianqian, da dinastia Qing, entendeu a palavra zong 縱 aqui como cóng 從, que significa “seguir”. Yang Liang definiu jian 兼 como jin 盡, que significa “cumprir” (Wang 1988: 404). Em suma, Xunzi defende que o sábio pode seguir os seus desejos e satisfazer os seus sentimentos. Obviamente, esses desejos e sentimentos não são maus. Tal como Confúcio, aos 70 anos, quando alegadamente foi capaz de seguir os seus desejos sem transgressão, o sábio pode satisfazer completamente os seus sentimentos sem transgressão, porque os sentimentos, neste contexto, são bons. Para além dos sentidos negativo e positivo de qing, Xunzi também o utiliza num sentido neutro, num sentido que não é nem bom nem mau. Por exemplo, no capítulo 20, Yuelun, Xunzi diz, “A música é alegria. Sendo uma parte essencial dos sentimentos das pessoas, a expressão da alegria é, por necessidade, inescapável.” No capítulo 3, Bugou, Xunzi escreve: “Quem acabou de lavar o corpo sacode as vestes e quem acabou de lavar o cabelo tira o pó do gorro. Isto deve-se aos sentimentos naturais das pessoas.” A primeira citação sugere que as pessoas não podem passar sem alegria porque a expressão da alegria é, por necessidade, inescapável. Por um lado, os sentimentos humanos aqui expressos não podem ser entendidos no sentido negativo; caso contrário, não há forma de explicar a necessidade e o valor da alegria. Por outro lado, não há nenhuma indicação de Xunzi de que eles tenham que ser entendidos no sentido positivo também. De acordo com a posição de Xunzi, as coisas boas têm de passar por um processo de cultivo e transformação, tal como “os sentimentos próprios do filho filial”, mas os sentimentos humanos discutidos nas duas passagens citadas são considerados inerentes à humanidade. Na segunda citação, diz-se que uma pessoa sacode instintivamente a roupa e tira o pó do boné depois de lavar o corpo e o cabelo. Os sentimentos humanos apresentados são claramente respostas emocionais naturais da pessoa média na vida quotidiana e devem ser entendidos num sentido neutro. Em resumo, qing tem muitas conotações diferentes em Xunzi. Um grupo de significados inclui atualidade, qualidades essenciais e autenticidade; o outro grupo de significados abrange os sentimentos humanos. Quando qing é entendido como sentimentos humanos, pode ainda ser classificado em sentido negativo, positivo ou neutro. Do ponto de vista de que seguir os sentimentos humanos inatos sem restrições levará a conflitos, caos e impotência, os sentimentos humanos são problemáticos ou maus. Mas a tendência natural dos seres humanos pode ser transformada, e as habilidades adquiridas no exercício adequado dos sentimentos podem ser desenvolvidas; assim, os sentimentos humanos podem tornar-se bons. Os estados positivos e negativos dos sentimentos são manifestações variadas de estados psicofisiológicos humanos brutos. Na medida em que os sentimentos humanos existem ontologicamente antes de seguirem a sua tendência natural para se tornarem maus ou para se tornarem bons através da propriedade ritual, pode dizer-se que são neutros.
Hoje Macau PolíticaCAEL | Programa político de Tim Wong realça emprego A Macau Creative People’s Livelihood Force apresentou ontem à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) a sua lista para as próximas eleições legislativas, liderada por Tim Wong, assim como o programa político. O cabeça de lista apontou as questões económicas como prioridades no seu programa político, com destaque particular para o impacto do encerramento dos casinos-satélite, que Wong entende poder resultar numa grave crise financeira. Ontem, em declarações à imprensa após a entrega da lista e programa à CAEL, Tim Wong defendeu a criação de um subsídio para ajudar à sobrevivência do comércio nas imediações dos casinos-satélite que vão fechar portas. Outra das prioridades da lista da Macau Creative People’s Livelihood Force, constituída por sete candidatos, é a defesa do emprego dos residentes, razão pela qual sugere o corte de 15 por cento de trabalhadores não-residentes na restauração, hotelaria e construção civil. Tim Wong defende ainda o aumento do salário mínimo e a diminuição das rendas das Residências do Governo para Idosos.
Hoje Macau PolíticaEleições | Ma Io Fong fora da lista da Aliança do Bom Lar O deputado Ma Io Fong não faz parte da lista da Aliança do Bom Lar apresentada as próximas eleições legislativas, e que é liderada por Wong Kit Cheng, actualmente deputada no hemiciclo. Em segundo lugar, fica Loi I Weng, vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau. Segundo um comunicado da Aliança do Bom Lar, a equipa mantém os objectivos políticos iniciais, não obstante a saída de Ma Io Fong, com foco na defesa dos direitos das mulheres e crianças. Na mesma nota, Wong Kit Cheng referiu que os principais objectivos da candidatura são o aumento do subsídio de nascimento para 20 mil patacas, o aumento do período de licença de maternidade para 90 dias e de paternidade para 10 dias. Por sua vez, defende o aumento da idade limite de 3 para 6 anos no tocante ao novo subsídio para a infância. Já Loi I Weng, defendeu ser necessária uma mudança na habitação económica, para que as famílias mais jovens tenham acesso a casas maiores. Loi I Weng defendeu também a simplificação da burocracia administrativa nas escolas para reduzir a carga laboral dos professores.
Hoje Macau PolíticaGrande Baía | Sam Hou Fai em visita de três dias Macau vai ter um “parque industrial de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico” e a construção do projecto pode ter em conta o modelo de Shenzhen adoptado em Qianhai e Hetao. As declarações foram prestadas por Sam Hou Fai durante uma visita a Shenzhen, onde foi recebido por Meng Fanli, secretário do Comité Provincial de Guangdong do Partido Comunista Chinês (PCC) e secretário do Comité Municipal de Shenzhen do Partido Comunista Chinês. O Chefe do Executivo está numa visita oficial à Grande Baía desde domingo, que termina hoje, para promover Macau como uma plataforma para as vendas das empresas tecnológicas de Shenzhen para o exterior, através do território enquanto “ponto ligação entre a China e os países da língua portuguesa”. Em relação à promoção cultural e do turismo, Sam pediu às autoridades de Shenzhen que ponderem um reforço da cooperação, sob a política ‘uma exposição nas duas cidades’, para que Macau possa beneficiar com o desenvolvimento da cidade chinesa a nível das exposições e convenções. O roteiro de domingo de Sam Hou Fai incluiu também a passagem por Huizhou, onde foi recebido por Liu Ji, secretário do Comité Municipal de Huizhou do PCC e presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular de Huizhou. Nesta cidade, Sam Hou Fai apelou aos responsáveis do Interior por uma maior cooperação a nível do turismo.
Hoje Macau PolíticaATFPM | Lista adia apresentação de candidatos A Nova Esperança, lista apoiada pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, adiou ontem a apresentação do nome dos seus candidatos e do programa político. A apresentação era para ter acontecido ontem por volta das 15h, mas foi adiada para a mesma hora de amanhã, sem qualquer explicação oficial. José Pereira Coutinho, deputado e cabeça-de-lista nas eleições anteriores, revelou anteriormente que Rita Santos, presidente da mesa da Assembleia Legislativa da ATFPM iria integrar a lista “num local elegível”. No entanto, esta informação foi partilhada antes de o Ministério Público de Macau ter anunciado que tinha interrogado Rita Santos a pedido do “órgão judicial da República Portuguesa” sobre um “crime contra a Lei Eleitoral de Portugal em Macau”. Em 2021, a Lista Nova Esperança foi a terceira mais votada, ao recolher a preferência de 18.232 eleitores. Além de Coutinho, a lista elegeu Che Sai Wang.
Hoje Macau PolíticaSufrágio Indirecto | Chan Chak Mo trocado por Ma Chi Seng Os empresários Ma Chi Seng e Ângela Leong On Kei vão ser os deputados dos sectores cultural e desportivo. A constituição da única lista que concorre neste sector foi apresentada ontem, tendo como novidade a saída de Chan Chak Mo, deputado desde 1996, e a entrada de Ma, que até agora era deputado nomeado pelo Chefe do Executivo. Na apresentação da lista, Ângela Leong comprometeu-se a contribuir para o desenvolvimento do desporto, que considerou ser actualmente um dos pontos estratégicos do desenvolvimento do território. De acordo com as declarações citadas pelo jornal Ou Mun, a empresária e ex-mulher do magnata Stanley Ho destacou ainda que o desporto é um elo de ligação fundamental entre Macau e o mundo exterior, que deve ser alargado. Por sua vez, Ma Chi Seng destacou que vai trabalhar para promover a cultura do amor pelo país e por Macau, apoiar a “governação compreensiva” do Governo Central e a governação do Executivo local. Ma Chi Seng afirmou ainda que vai levar a voz dos sectores culturais e do desporto para a Assembleia Legislativa, esperando contribuir para o desenvolvimento destas indústrias e representá-las junto do Executivo. Na apresentação da lista estiveram presentes o ainda deputado Chan Chak Mo, numa espécie de passagem de testemunho, e também Gabriel Tong, académico e ex-deputado nomeado pelo Chefe do Executivo.
Hoje Macau Grande Plano MancheteEnsino | IA entrou nas escolas locais, mas recursos são escassos O Governo tem apostado na introdução da inteligência artificial nas escolas do território, mas com poucas horas no currículo. Além disso, as escolas queixam-se de poucos recursos para cumprir as metas governamentais As escolas de Macau integraram ferramentas de inteligência artificial (IA) nas salas de aula, como quadros inteligentes e modelos linguísticos, mas alguns professores alertam que a maioria não está preparada para cumprir política delineada para o sector. Depois das aulas, alunos da escola secundária Pui Va permanecem na sala de aula, distraídos a explorar um quadro inteligente. Estes quadros – explica Ruan Zhan Teng, professor de informática da escola – funcionam como projectores interactivos e são utilizados logo desde o primeiro ano, para escrever, ver vídeos ou participar em aulas com ‘media’ digitais. “No terceiro ano, os alunos começam a aprender a identificar a inteligência artificial na vida quotidiana, programação básica e fotos e vídeos gerados por IA”, acrescentou à Lusa o professor de informática. A mudança ocorreu em 2024 e está estipulada na lei: a IA deve ser incluída no ensino primário (com uma carga horária de 17 horas e 20 minutos por ano letivo), do 7.º ao 9.º ano (19 horas e 20 minutos) e do 10.º ao 12.º (18 horas e 40 minutos). Apesar da exigência, Andy Chun Wai Fan, professor e director do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação, da Universidade de Macau, nota que as escolas enfrentam dois entraves: falta de recursos e formação do corpo docente. “Algumas escolas têm apenas um professor de Tecnologia de Informação”, sublinhou Fan, referindo ainda que, em geral, as instituições têm aulas de informática apenas uma vez por semana. Não actualizar Pedro Lobo, professor nesta área, com 30 anos de experiência no território, incluindo na Escola Portuguesa de Macau, está preocupado com a falta de formação. “A maior parte dos professores já tem uma certa idade, não cresceram com esta nova tecnologia (…) por isso, a mentalidade ainda está aquém de toda esta evolução, e a mudança está a ser tão rápida que dificilmente se consegue acompanhar”, explicou o português. As autoridades de Educação exigem aos professores 30 horas de formação anual em IA, no entanto, Pedro Lobo considera não ser suficiente. Apesar de este ano já ter estudado quase 40 horas, o professor diz-se “pouco preparado”. Sobre esta política governamental, Andy Chun Wai Fan lembra ainda que é exigido às escolas que abordem ética, inovação e colaboração no domínio da IA, embora caiba às instituições a criação dos próprios manuais. “Não temos um manual sobre o que ensinar (…), cada escola tem ideias próprias sobre o que fazer com os seus alunos”, reagiu Lobo, explicando que ensina a “transferir a IA para o trabalho escolar”, seja através da geração de imagens, desenvolvimento de pequenos jogos, abordagem da ética da IA e questões de direitos de autor. Desde 2021 na Pui Va Num registo diferente, a escola secundária de Pui Va, que introduziu a IA em 2021, assume estar “bem preparada” para “a mudança”. A instituição gasta cerca de dois milhões de patacas por ano em ferramentas de IA, emprega sete professores de Tecnologias de Informação (TI) e contratou um professor universitário de Pequim para dar apoio. “Queremos que os alunos sejam capazes de utilizar a inteligência artificial para identificar problemas e resolver problemas da vida real”, notou o director do gabinete de TI do estabelecimento de ensino chinês, Chong Wai Yin. Aqui, os alunos trabalham, por exemplo, com linguagens de programação (Python, Tencent, iFlytek), e modelos de IA como o DeepSeek e o ChatGPT, envolvendo-se em projectos de cidades inteligentes, no primeiro ciclo, e na criação de aplicações, num estágio posterior, disse Zhao Qichao, antigo professor da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim, que lecciona na Pui Va. “No primeiro ciclo, desenvolvemos cidades inteligentes, casas automatizadas e sistemas de estacionamento alimentados por IA (…). No segundo ciclo, os alunos criam aplicações móveis e projectos tecnológicos sustentáveis”, explicou. Em Abril, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, anunciou que as reformas educativas de Macau para 2025 vão centrar-se na IA e incluem planos para uma sala de aula inteligente em todas as escolas. O Governo de Macau atribuiu à rede de escolas sob a alçada da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) 15 milhões de patacas para software de IA para este ano lectivo. Num email enviado à Lusa, a DSEDJ afirmou que o Governo “atribui grande importância” ao ensino de Tecnologias de Informação. “O Plano de Médio e Longo Prazo para o Ensino Não Superior (2021-2030) identificou o ‘reforço da criatividade e da educação tecnológica’ como uma das principais direções de desenvolvimento”, explica-se na nota. No entanto, Pedro Lobo questiona a pressão sobre os jovens estudantes: “Estamos a ver crianças com 8, 9, 10 anos a desenvolver aplicações? Talvez 1 por cento seja capaz. O resto faz o melhor que pode. Têm aulas e trabalhos de casa que nunca mais acabam”. Deputados preocupados No último debate da Assembleia Legislativa, na passada quinta-feira, dois deputados, Iau Teng Pio e Kou Kam Fai, ligados ao ensino, defenderam a necessidade de “desenvolvimento de alta qualidade da educação em Macau”, nomeadamente com a aposta na IA. Uma das sugestões, referidas no período de intervenções antes da ordem do dia, foi o reforço do “mecanismo de desenvolvimento coordenado entre a educação, a inovação científica e tecnológica e os talentos”, com o aumento de “recursos em STEM [Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática] e inteligência artificial ao nível do ensino básico, enraizando a base da literacia científica”. No debate do dia 11 deste mês, coube ao deputado Ma Io Fong apelar à regulamentação sobre a IA para evitar burlas, mas também para aumentar a consciencialização da sociedade em relação a esta nova realidade. “Com o rápido desenvolvimento da tecnologia nos dias de hoje, a utilização das funções da IA está a tornar-se gradualmente uma ajuda importante para a sociedade e os residentes na vida quotidiana e no trabalho. Porém, a IA pode dar origem a actos ilícitos, em especial, o agravamento de ataques cibernéticos e a difusão de informações falsas.” Também no período de intervenções antes da ordem do dia, o deputado pediu ao Executivo para “reforçar a sensibilização e educação sobre a prevenção de fraude na IA, sensibilizar os idosos e os jovens, enfatizando que a divulgação de vídeos falsos gerados por IA pode constituir uma infracção legal com consequências graves”. Nesse contexto, foi pedida a integração sistemática “dos conhecimentos de segurança da IA nos currículos escolares e a realização de diferentes actividades de sensibilização e educação com as associações comunitárias, para aumentar os conhecimentos do público sobre a tecnologia da IA e o risco derivado pelo seu abuso”. “Deve-se ainda, através da cooperação entre o Governo, a sociedade, as escolas e a família, reforçar a capacidade de resposta à informação e ao discurso na Internet, permitindo reagir, esclarecer e dar seguimento aos trabalhos em tempo útil, quando o público enfrenta informações que podem causar influências negativas ou ser enganosas”, apontou Ma Io Fong no debate do dia 11.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE iraniano diz que primeiro israelitas e agora EUA “fizeram explodir a diplomacia” O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros reagiu aos apelos da União Europeia e Londres para voltar ao diálogo afirmando que os Estados Unidos e Israel “decidiram fazer explodir” a diplomacia ao bombardearem o Irão. “Estávamos a negociar (sobre o programa nuclear iraniano) com os Estados Unidos quando Israel decidiu fazer explodir essa diplomacia”, afirmou Abbas Araghchi, através da plataforma X e depois em declarações em Istambul, acrescentando que, depois, quando estavam em diálogo com países da União Europeia – referindo-se às negociações em Genebra esta semana -, “os Estados Unidos decidiram, por sua vez, reverter esta diplomacia”. “Que conclusões se podem tirar disto?”, respondeu Araqchi aos apelos feitos ontem pela chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, apelou para que “todas as partes” dêem “um passo atrás”, regressem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada”, depois do bombardeamento, na passada madrugada, dos EUA contra as principais instalações nucleares do Irão. O primeiro-ministro britânico, por seu turno, apelou para que o Irão “regresse à mesa das negociações”, sublinhando que “a estabilidade na região é uma prioridade”. Na resposta dura a estes apelos para voltar à mesa de negociações, o chefe da diplomacia iraniano sustentou ainda: “Como poderia o Irão voltar a algo que nunca abandonou, e muito menos destruiu?”. Ao ataque O Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou na passada madrugada que as forças armadas dos Estados Unidos atacaram três centros nucleares no Irão, incluindo Fordo, juntando-se directamente a Israel para travar o programa nuclear do país. “Concluímos o nosso bem-sucedido ataque às três instalações nucleares no Irão, incluindo Fordo, Natanz e Esfahan”, disse Trump numa publicação nas redes sociais. A guerra começou na madrugada de dia 13 de Junho, com Israel a lançar uma vasta ofensiva militar contra o país persa, alegadamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano para fins militares. Os ataques dizimaram infraestruturas militares e nucleares do Irão, que tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas, incluindo Tel Aviv e Jerusalém, assim como várias instalações militares espalhadas pelo país.
Hoje Macau EventosAceites submissões para 2º Festival de Curtas-Metragens O Instituto Cultural (IC) e o Galaxy Entertainment Group (GEG) aceitam submissões de filmes de residentes para a realização do “2.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau do Galaxy Entertainment Group”, nomeadamente para a categoria “Curtas de Macau”. Segundo um comunicado de imprensa, pretende-se, com esta iniciativa, “incentivar talentos da produção cinematográfica local, construir uma base de curtas-metragens locais e expandir as oportunidades de intercâmbio e colaboração internacional”. As submissões devem ser feitas até ao dia 21 de Julho, sendo que os vencedores do “Prémio de Macau” e “Prémio de Menção Especial do Júri” podem receber um troféu e um prémio monetário de até 45.000 patacas. A segunda edição deste festival decorre em Setembro nos Cinemas Galaxy, no Auditório Galaxy do Centro Internacional de Convenções e no Andaz Hotel no Galaxy Macau, bem como na Cinemateca Paixão. Irá apresentar-se “um amplo programa de eventos, incluindo uma cerimónia de abertura e projecções, a secção ‘Director em Destaque’ e palestras dadas por especialistas, sessões de cinema, workshops temáticos, um fórum da indústria, bem como uma cerimónia de encerramento e entrega de prémios e um evento de passadeira vermelha”. Por partes O festival inclui um total de cinco categorias, sendo que, além das “Curtas de Macau”, o público poderá ver filmes integrados nas secções “Novas Vozes do Horizonte”, “Diretor em Destaque”, “Visão da Ásia Oriental” e “Sessões Especiais”. A mesma nota dá conta que foram convidados “cineastas experientes” para integrar o júri. No caso das “Curtas de Macau”, a escolha será feita pelo Comité Consultivo Internacional do “GEG Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau”. O regulamento do evento e os formulários de inscrição podem ser descarregados na página electrónica do Instituto Cultural ou das Indústrias Culturais e Criativas de Macau. Os candidatos podem entregar o formulário de inscrição, devidamente preenchido, juntamente com os materiais necessários, pessoalmente, no Edifício do Instituto Cultural.
Hoje Macau EventosFRC | Debate em torno do Tribunal Arbitral da ICC decorre hoje Integrada no ciclo “Reflexões ao Cair da Tarde”, a conversa de hoje na Fundação Rui Cunha gira em torno do Tribunal Arbitral da Câmara de Comércio Internacional e a ligação à comunidade jurídica local, contando com quatro intervenientes: Winnie Wat, Ana Coimbra Trigo, Mariana Afonso Esteves e Fátima Dermawan A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe hoje, a partir das 18h30, a conferência “Tribunal Arbitral da ICC: Ligando-se à Comunidade Jurídica de Macau”, dedicada a discutir a Corte Internacional de Arbitragem, na qualidade de “instituição arbitral líder mundial” e a sua conexão com a realidade local. Segundo uma nota de imprensa, “desde 1923 [que esta entidade] tem ajudado a resolver disputas em litígios comerciais e de investimento internacionais”, sendo que a Corte administra “arbitragens exercendo supervisão judicial dos procedimentos arbitrais, garantindo a aplicação adequada das Regras de Arbitragem de 2021 e auxiliando as partes e os árbitros”. “Esses esforços são apoiados pelo Secretariado da Corte, composto por mais de 100 advogados e funcionários, operando em escritórios em Paris, Nova Iorque, São Paulo, Singapura, Abu Dhabi e Hong Kong”, destaca-se, sendo que o painel de hoje “visa apresentar à comunidade jurídica de Macau o funcionamento do Tribunal Internacional de Arbitragem da ICC [Câmara de Comércio Internacional], apresentando o seu funcionamento e estatísticas relevantes, além de explicar o papel do Secretariado e do Tribunal nos seus serviços de Arbitragem e ADR. O debate visa ainda apresentar “uma visão geral do quadro jurídico da arbitragem em Macau e os seus desenvolvimentos mais recentes”, além de que serve o interesse de “empresas, advogados internos e externos, funcionários governamentais, juízes, professores e estudantes que estejam interessados em aprender sobre a ICC ou em participar em arbitragens da ICC no futuro, como advogados, peritos ou árbitros”. As vozes da razão Nestas “Reflexões ao Cair da Tarde” participam Winnie Wat, vice-conselheira do Secretariado da Câmara de Comércio Internacional de Arbitragem. É credenciada como membro do Chartered Institute of Arbitrators (FCIArb) desde 2021 e mediadora do Centro de Resolução de Litígios (CEDR). Destaca-se ainda a participação de Ana Coimbra Trigo, associada sénior na área de Resolução de Litígios da sociedade de advogados portuguesa PLMJ Law Firm. Com 10 anos de experiência, participa regularmente como advogada e secretária do tribunal em arbitragens internacionais e nacionais e processos judiciais relacionados, bem como em outros litígios civis e comerciais, incluindo questões pós-fusões e aquisições, telecomunicações, energia, aviação e imobiliário. Além disso, é membro do Tribunal Internacional de Arbitragem da ICC para Macau e docente universitária. Mariana Afonso Esteves, outra das oradoras, é advogada sénior associada da C&C Advogados & Notários desde 2009. As suas áreas de actuação abrangem Contencioso e Resolução de Litígios, Mediação e Arbitragem, Direito do Jogo, Direito dos Seguros, Sucessões, Direito da Família, bem como Direito Administrativo e Público. Fátima Dermawan é assessora jurídica adjunta na operadora de jogo Sands China, onde supervisiona o departamento de contencioso da empresa. Fátima é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e mestre pela Faculdade de Direito de Harvard, exercendo advocacia em Portugal desde 2013, em Macau desde 2016 e no Estado de Nova Iorque desde 2020.
Hoje Macau China / ÁsiaChuvas | Inundações deixam dezenas de milhares de desalojados As intensas chuvas que assolaram várias regiões do sul e centro da China desde o início da semana passada afectaram pelo menos 300.000 pessoas e obrigaram à retirada de dezenas de milhares de residentes, sobretudo na província de Guangdong. Na vila de Huaiji, uma das zonas mais afectadas, as chuvas provocaram inundações de até três metros de profundidade, deixando metade das estradas locais intransitáveis. Imagens divulgadas pela televisão estatal mostram ruas cobertas de lama e vizinhos e voluntários a trabalhar na sua limpeza. A situação também é crítica em outras províncias do centro e leste do país, como Hunan, onde o rio Lishui registou a sua maior cheia desde 1998. Na vila de Longshan, quatro pessoas continuam desaparecidas depois de ficarem presas numa garagem subterrânea inundada. Na província vizinha de Hubei, as autoridades retiraram centenas de pessoas em municípios como Hefeng e Laifeng. Neste último, uma creche ficou completamente inundada e foi necessário transportar 500 crianças em jangadas, informou o jornal The Paper. O Ministério dos Recursos Hídricos enviou equipas técnicas para zonas de alto risco e pediu aos governos locais que reforçassem a vigilância e a evacuação preventiva de áreas vulneráveis. Especialistas locais têm alertado nos últimos anos que as alterações climáticas podem aumentar a frequência de fenómenos meteorológicos extremos no país asiático.
Hoje Macau China / ÁsiaVisita | China e Nova Zelândia apostam na cooperação Apesar do recente diferendo em torno das Ilhas Cook, os dois países reafirmam o compromisso de aprofundar as históricas relações bilaterais O Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro neozelandês, Christopher Luxon, destacaram sexta-feira, em Pequim, a solidez das relações bilaterais e apostaram no aprofundamento da cooperação, apesar das divergências em relação à aproximação entre Pequim e as Ilhas Cook. Durante o encontro, realizado no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, Xi destacou que a China e a Nova Zelândia “avançam de mãos dadas” há meio século, numa relação que “esteve na vanguarda” dos laços de Pequim com os países desenvolvidos. O líder chinês afirmou que ambas as partes devem “aprofundar a cooperação económica e comercial”, explorar novos espaços em áreas como a inovação tecnológica e a luta contra as alterações climáticas, e “gerir adequadamente as diferenças”, preservando o princípio do “respeito mútuo” e a “busca de consensos”. Xi também observou que as duas nações “não têm conflitos históricos nem interesses fundamentais em disputa”, o que, acrescentou, “deve facilitar uma relação construtiva e estável”. Segundo a televisão estatal CCTV, Luxon reiterou que o seu país “mantém o compromisso com a política de ‘uma só China’” e expressou a sua intenção de “reforçar o diálogo de alto nível”, ao mesmo tempo que defendeu a ampliação da cooperação em sectores como a agricultura, os laticínios e o turismo. “O mundo atravessa um período de incerteza, e espera-se que a China desempenhe um papel relevante”, afirmou o primeiro-ministro neozelandês, que se mostrou disposto a colaborar com Pequim na defesa do sistema multilateral de comércio e na preparação da cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) que a China acolherá em 2026. Pontos de vista A visita ocorre num contexto de tensões diplomáticas entre a Nova Zelândia e as Ilhas Cook, após a assinatura de um acordo entre o país insular do Pacífico Sul e a China, que levou Wellington a congelar parte da sua ajuda ao desenvolvimento. Pequim rejeitou as críticas de Wellington e sublinhou que a sua cooperação com as Ilhas Cook “não é dirigida contra terceiros nem deve ser interferida ou restringida por terceiros”. A China defendeu que os seus acordos com o arquipélago se baseiam na “igualdade e respeito mútuo” e têm como objectivo “impulsionar o desenvolvimento económico e melhorar as condições de vida” nesses territórios do Pacífico.
Hoje Macau Via do MeioO Perfume da Mão do Buda e as Borboletas de Ma Quan Aisin-Gioro Xuanye (1654-1722), o imperador Kangxi, possuía uma imensa curiosidade que o conduzia a conhecer de forma sistemática as mais diferentes possibilidades de expressão do espírito e à observação directa das incontáveis maravilhas que possuía o reino que lhe coube governar. O que o levou, de forma inédita, a transpor os muros da sua Cidade Proíbida e não apenas nas suas «Viagens de inspecção ao Sul», para sentir pessoalmente os efeitos causados na memória pela presença física num ambiente distinto do seu viver habitual. Entre as várias catalogações de prodígios observados mereceram-lhe particular atenção as flores, nas suas diferentes formas e beleza fugídia e de modo especial as flores odoríferas que por sinestesia possuíam a capacidade de ligar a memória de um momento e um lugar ao olfacto. Assim, mandou compilar uma Memória de todas as flores fragrantes e caligrafou poemas num álbum de doze páginas duplas de Pinturas e poemas de incontáveis flores fragrantes, pintadas pelo pintor da corte Jiang Tingxi (1669-1732) que o acompanhava nas suas deslocações de exploração da beleza natural. Um surpreendente exemplo da flora que descobriu é referido no título de uma pintura datada de 1715, Citrino mão de Buda pintado do natural (rolo vertical, tinta e cor sobre seda, 95,9 x 81,9 cm, no Museu do Palácio Nacional em Taipé). No poema que a acompanha, Kangxi explica que a estranha planta que tem um fruto odorífero «mão de buda» (citrus medica), que na classificação em grego sarcodactylis, «dedos de carne», aponta a sua forma semelhante a dedos humanos, lhe foi oferecida por habitantes da distante Bamin (Fujian) e replantada no seu jardim imperial. Ampliando o poder evocador da planta, a sua designação na língua dos Han, foshou, resulta numa homofonia ligando duas palavras fo, «boa sorte» e shou, «longa vida». Deitada na horizontal também se assemelha ao dhyana mudra, um gesto que no budismo transmite a ideia da meditação. A planta inspirou uma pintora de Changshu que estava fora da cidade imperial e que adoptara como nome de pincel a expressão Jiangxiang, «Rio perfumado». Ma Quan (1669-1722) vinha de uma família de pintores, como foram o seu avô ou o seu pai MaYuanyu (c.1669-1722), reconhecidos mestres na pintura de pássaros e flores que adoptavam a técnica mogu, «sem ossos», ou seja executada com cores e sem uma estrutura linear, derivada da renovação do género outorgada a Yun Shouping (1633-90). No rolo horizontal atribuído a Ma Quan, Flores e borboletas (tinta e cor sobre papel, 27,9 x 248,9 cm, no Metmuseum) estão figuradas em grupos, flores rodeadas de grandes borboletas numa gradação de tinta preta, por sua vez rodeadas de outras mais pequenas e claras. Entre as flores apenas um fruto, a mão do Buda. Com o seu intenso perfume cumprindo a sua vocação para a surpresa.
Hoje Macau SociedadeGestão de auto-silos | Aceites 9 de 12 propostas entregues A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) aceitou, esta sexta-feira, 9 de 12 propostas submetidas a concurso público organizado para a gestão de vários parques de estacionamento públicos, nomeadamente o Auto-Silo do Edifício da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, do Auto-Silo do Edifício Fai Fu, do Auto-Silo do Lido, do Auto-Silo do Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, do Auto-Silo do Edifício do Lago e do Estacionamento Público da Residência para Idosos da Avenida do Nordeste. Segundo um comunicado da DSAT, foram apresentadas propostas de retribuição de base trimestral entre 1,088 milhão de patacas e 2,038 milhões de patacas, sendo que as três sociedades foram excluídas por terem desistido voluntariamente do concurso, é explicado. O prazo de concessão para a gestão é de seis anos e abrange 2188 lugares de estacionamento para automóveis ligeiros e 1858 para motociclos e ciclomotores. A DSAT explica que a entidade concessionária será responsável “não apenas pela gestão e exploração quotidiana dos auto-silos, mas também pela optimização do sistema de pagamento electrónico e sem contacto dos auto-silos, pelo reforço dos sistemas de vigilância de segurança” e “implementação de equipamentos ecológicos e energeticamente eficiente, e pela melhoria das instalações existentes”.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Inflação desacelerou para 0,19% em Maio A inflação em Macau desacelerou em Maio, foi anunciado na sexta-feira, mas a região escapou à queda dos preços no consumidor, algo que se verificou pelo quarto mês consecutivo no Interior da China. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) em Macau subiu 0,19 por cento em Maio, em termos homólogos, mais lento do que o valor registado em Abril (0,23 por cento), de acordo com dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Apesar do IPC ter descido 0,05 por cento em comparação com Abril, o território escapou pelo terceiro mês consecutivo à deflação (queda anual nos preços no consumidor). A deflacção reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. A China, de longe o maior parceiro comercial de Macau, está há quatro meses consecutivos em deflacção após o IPC ter recuado 0,1 por cento em Maio, o mesmo valor registado em Abril e Março. De acordo com os dados da DSEC de Macau, a desaceleração da inflação em Maio deve-se ao custo das refeições adquiridas fora de casa, que subiu apenas 1,39 por cento, enquanto os gastos com hipotecas dos apartamentos aumentaram somente 0,42 por cento. O índice dos preços da habitação caiu 11,7 por cento no ano passado, não obstante a Autoridade Monetária de Macau ter aprovado três descidas da taxa de juro nos últimos três meses de 2024. Apesar do aumento do número de visitantes, a região registou uma queda de 2,5 por cento no preço do vestuário e calçado.
Hoje Macau PolíticaCasinos-satélite | Sugeridos novos projectos para atrair turistas ao ZAPE A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) sugeriu, numa reunião com representantes do sector hoteleiro do ZAPE, que esta zona pode vir a integrar mais projectos e iniciativas de propriedade intelectual, como instalações ou bonecos de grande dimensão, para atrair turistas. Esta reunião decorreu na sexta-feira e teve como contexto a discussão de medidas para lidar com o fecho dos casinos-satélite até ao final do ano. Segundo uma nota, a DST quer também promover “a extensão dos benefícios económicos dos concertos, o aproveitamento adequado de espaços para a realização de actividades e a optimização do ambiente da zona, entre outras”, tendo sido sugerida a exploração de “novas fontes de visitantes”. Os empresários foram ainda aconselhados a lançar “produtos turísticos complementares ou promoções de alojamento”. Os representantes dos sectores hoteleiro e turístico “concordaram, de um modo geral, com as medidas preliminares definidas pelo Governo”, descreve a mesma nota. O ZAPE conta com mais de 20 hotéis de diferentes tipos e categorias.
Hoje Macau Manchete SociedadeVisitantes | Segundo melhor arranque de sempre até Maio Entre Janeiro e Maio foram recebidos 16,3 milhões de visitantes, o segundo melhor registo de sempre de visitantes. No entanto, o número ainda está abaixo do que acontecia antes da pandemia e da política de isolamento Macau recebeu nos primeiros cinco meses deste ano 16,3 milhões de visitantes, o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano, foi anunciado na sexta-feira. De acordo com dados oficiais, o número de turistas que passou por Macau só foi superado entre Janeiro e Maio de 2019 – antes da pandemia de covid-19 -, período em que registou quase 17,2 milhões de visitantes. No entanto, segundo a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), quase 59 por cento dos visitantes chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia na cidade. Em 2024, o Governo Central divulgou uma série de medidas de apoio a Macau, como o aumento do limite de isenção fiscal de bens para uso pessoal adquiridos por visitantes da China. Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas alargaram a mais 10 cidades da China a lista de locais com “vistos individuais” para visitar Hong Kong e Macau. Além disso, desde 1 de Janeiro que os residentes da vizinha cidade de Zhuhai podem visitar Macau uma vez por semana e ficar até sete dias. Em resultado, a esmagadora maioria (90,7 por cento) dos turistas que chegaram a Macau nos dois primeiros meses do ano vieram do Interior ou Hong Kong, enquanto somente 1,14 milhões foram visitantes internacionais. A 17 de Janeiro, a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes, disse esperar que Macau possa receber entre 38 e 39 milhões de visitantes este ano. Em Agosto, a dirigente apontou como meta mais de três milhões de visitantes internacionais em 2025. Mais sem vistos As autoridades do território anunciaram na segunda-feira que cidadãos nacionais da Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Barém e Omã estão dispensados de visto para entrar em Macau a partir de 16 de Julho. A medida surge numa altura em que o Governo de Macau quer atrair mais visitantes internacionais e após as autoridades e operadores turísticos do território terem visitado, em Fevereiro, a Arábia Saudita e o Dubai, para promover a cooperação. Apesar do aumento no número de turistas, o consumo médio de cada visitante, excluindo nos casinos, caiu 13,2 por cento no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2024. No início de Maio, a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos da região apontou a “alteração do padrão de consumo dos visitantes” como uma das principais razões para a queda de 1,3 por cento da economia de Macau entre Janeiro e Março. Foi a primeira vez que o Produto Interno Bruto do território encolheu, em termos homólogos, desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia de covid-19.