Lai Man Wa | PJ termina relatório. Susana Chou critica formato do funeral

Susana Chou critica o pagamento pelo Governo do funeral de Lai Man Wa, bem como o formato da cerimónia. Considera não só que poderá passar a mensagem de que apoia o comportamento suicida, mas também que não se deveria utilizar o erário público para funerais de quem não morre em trabalho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, considera irracional que o Governo tenha pago as despesas do funeral de Lai Man Wa, antiga directora dos Serviços de Alfândega (SA). Chou defende que a decisão pode passar a mensagem que o Executivo “aconselha o comportamento suicida”, mas não só.
No mesmo dia em que a Polícia Judiciária (PJ) deu a conhecer que já concluiu o relatório de investigação da morte a Lai Man Wa – que terá cometido suicídio -, Susana Chou escreveu no seu blogue que o pagamento das despesas do funeral “para que este fosse de uma categoria mais elevada”, pode causar ilusões na população. Susana Chou não nega, contudo, que se sentiu ansiosa e triste com a notícia da morte da responsável.
“O Governo falou das grandes contribuições de Lai Man Wa para Macau, mostrou-se triste com a perda de uma titular de um cargo principal, uma titular extraordinária, e decidiu usar o dinheiro público para fazer um funeral. Mas, essa pessoa suicidou-se – ter direito a um funeral com honras de Estado e com a bandeira dos SA sobre a tampa fechada do caixão, não foi uma decisão racional”, escreve Susana Chou.
A ex-presidente da AL diz ainda que a forma como foi feito o funeral “pode aumentar a desconfiança da população” sobre a morte de Lai Man Wa, já que, explica, normalmente só os funcionários públicos que morreram no cumprimento de trabalho têm a honra de ter a tampa do caixão tapada pela bandeira dos países ou de organismos onde trabalhavam. “A decisão do Governo de Macau traz-me dificuldades em compreender” a morte da responsável, atira a ex/presidente da AL. susana chou
“Outra questão que me faz alguma confusão é se poderá o Chefe do Executivo decidir usar o cofre público para realizar um funeral com honras de Estado para os titulares de cargos principais que morrem por doença, suicídio ou que são assassinados. Realizar um funeral neste modelo para alguém que se suicidou mostra falta de gestão apropriada e de princípios sobre o uso do dinheiro público, que pertence a toda a população de Macau”, avançou.
Apesar de tudo, Susana Chou acredita na explicação do Governo sobre a morte de Lai Man Wa, que tem sido contestada na sociedade, devido à forma como foi anunciado e ao facto de ter sido encontrada com objectos que poderiam ser utilizados para cometer suicídio, mas que fazem suscitar dúvidas devido à complexidade do seu uso. Chou diz, no entanto, que “ouviu vários amigos mais próximos de Lai Man Wa a dizer que ela sentia uma grande pressão depois de assumir o cargo da directora dos SA”. Segundo eles, diz, a antiga responsável “sofria de neurastenia e depressão e estava numa situação constante de insónia já há um longo tempo”.
Entretanto, a PJ afirmou que o inquérito da morte da antiga directora dos SA está concluído e foi já entregue ao Ministério Público.

20 Dez 2015

Aeroporto | Mudanças, satisfação e melhorias no futuro são promessas do 20º aniversário

O Aeroporto já viu algumas melhorias, mas tem de dar mais passos nesse sentido. A concorrência está aí e é preciso elevar a qualidade. É o que defendem entrevistados na análise aos 20 anos do aeroporto

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi em Dezembro de 1995 que o Aeroporto Internacional de Macau foi inaugurado oficialmente. Este ano, faz 20 anos que a infra-estrutura está em funcionamento e, para a CAM – Sociedade do Aeroporto, o espaço actual satisfaz a necessidade dos passageiros, ainda que a expansão das instalações – a acontecer – seja “imprescindível”. Um analista do sector e passageiros esperam melhorias.
Em Novembro de 1989 deu-se início àquele que foi considerado, na altura ainda da administração portuguesa, um dos grandiosos projectos de Macau. Seis anos depois, em Junho de 1995, consegue, com sucesso, fazer-se o primeiro voo. A cerimónia de inauguração acontece, então, no dia 8 de desse mesmo ano.
“O que queríamos era construir um aeroporto de boa qualidade dentro de um curto prazo. Este foi um recorde: demorou menos de quatro anos para a construção, porque a maioria de trabalhos foi feita entre 1992 a 1995”, disse António Diogo Pinto, director da CAM na altura.

Mudanças a acontecer

Sandro Kou, director do Departamento do Desenvolvimento de Infra-estruturas, da Sociedade do Aeroporto, falou com o HM sobre as mudanças nas infra-estruturas do Aeroporto ao longo dos últimos 20 anos e aponta que estas tiveram em conta, sobretudo, as necessidades da sociedade.
“As infra-estruturas do Aeroporto passaram por muitas mudanças, correspondendo às necessidades de funcionamento e desenvolvimento dos negócios desde 1995. Muitos equipamentos foram instalados e renovados. Em 2005, criámos um centro logístico e de transporte de bens e expandimos as portas do aeroporto. Até agora, existem 24 portas, que conseguem satisfazer o volume máximo de passageiros, que é de seis milhões por ano”.
Desde 2009 que a CAM implementou o sistema “Comunicação, Navegação e Supervisão” (CNS). O director explica-nos que esta é uma instalação que ajudou e muito na gestão do transporte aéreo. Todo o plano ficou concluído entre 2012 a 2013, aumentando “de larga forma a eficácia do Aeroporto”, bem como a segurança da aviação.
As obras não param por aqui. No próximo ano, a CAM vai construir um hangar de aviação comercial para desenvolver, estacionar e reparar mais jactos corporativos. Mas Sandro Kou prefere destacar a expansão da zona norte do Edifício do Terminal, que já começou em Novembro. O planeamento já começou há dois anos, mas é urgente até porque a CAM quer mais pessoas a passar por cá.
“O actual Edifício do Terminal tem uma capacidade máxima de volume de seis milhões de passageiros por ano. Mas este ano o volume de passageiros já ultrapassou os 5,5 milhões. Nos futuros dois anos, quando os negócios se desenvolverem de forma estável, é possível ultrapassarmos o número máximo, o que vai fazer com que o edifício actual fique saturado.”

Negócios e bens

Sandro Kou já trabalha na CAM há nove anos e diz que, assim que houver a expansão do terminal – que termina no fim do próximo ano – a capacidade de volume de passageiros poderá atingir os 7,5 a 8,5 milhões por ano.
Regressando ao passado, Samuel Tong Kai Chung, director da Associação de Estudo de Economia Política de Macau, explica que as funções do Aeroporto Internacional de Macau eram mais para serviços “políticos” do que económicos.
“A primeira fase da aviação de Macau concentrava-se em actividades grandes para preparar a Transferência de Soberania de Macau. Na altura, como ainda não existia ligação directa entre a China continental e Taiwan, a maioria dos voos servia a comunicação indirecta de pessoas dos dois lados, bem como o transporte de bens”, disse ao HM.
Tong explica que, antes da abertura do Aeroporto Internacional de Macau e dos voos directos entre Taiwan e China em 2008, muitos comerciantes de Taiwan ou as pessoas cujos familiares estavam na China continental tinham que fazer escala em Hong Kong. Mas depois muitos acabaram por escolher Macau.
“Na altura já existia uma medida que permitia que os passageiros não tivesse de voltar a fazer check-in das bagagens na escala”, explica.
O também membro do Centro de Estudos de Políticas de Aviação Ásia-Pacífico da Universidade Chinesa de Hong Kong relembra o porquê da necessidade de mudança do modelo de operação.
“Devido ao desenvolvimento económico da China continental, a procura de viagens para o estrangeiro cada vez aumentou mais. Macau, sendo um destino de turismo, pôde ter um aeroporto que serve mais para os viajantes do continente”.
Boas notícias para uns, mas nem tanto para outros. Três anos depois da inauguração do Aeroporto, em 1998, a Companhia de Transportes Aéreos de Portugal (TAP) suspende os voos directos entre Macau e Lisboa.
A ideia principal mantinha-se, segundo António Barros, director do Aeroporto, que falou na semana passada à Lusa: “atrair voos internacionais de longo curso”. Algo que, diz, é muito difícil.
“Normalmente as companhias têm tendência em procurar ‘placas giratórias’ regionais capazes de gerar tráfico para rentabilizar as rotas. Não é o nosso caso, somos um aeroporto muito pequeno. Os voos de longo curso são bem-vindos, mas não temos tido grande sucesso. Já houve e tem havido contactos com vários destinos e agências, estudos de mercado, mas o transporte aéreo é um negócio e ninguém vai operar se não tiver lucros”, acrescentou.
Mesmo assim, Barros acredita que “com um bom estudo de mercado e uma boa política de marketing” seria possível a TAP regressar ao território.

Problemas críticos

Nem tudo são rosas. Samuel Tong já trabalhou numa companhia aérea de Taiwan e é assessor de estratégias da CAM há vários anos. Do seu ponto de vista, existem três elementos importantes que decidem o desenvolvimento do Aeroporto.
“Primeiro, os hardware, incluindo o corredor, o espaço do terminal, movimentos de voo, a entrada e saída de passageiros e o movimento de bens.”
Depois, os direitos de voar. “Mesmo que a Autoridade de Aviação Civil (AACM) já tenha assinado contrato de cooperação com mais de 40 regiões, na prática, todas as ‘liberdades do ar’ emitidas por Macau são monopolizadas pela Air Macau. Isto porque o contrato de exclusividade foi concedido pelo Governo, todos os voos que partem em Macau pertencem à mesma empresa, as empresas aéreas de outros países que assinaram contratos de voos bilaterais só podem chegar a Macau.”
O analista aponta que existem investidores que querem criar empresas aéreas sediadas no território e criar voos com partida de Macau, mas tem sido “impossível” e acabaram por desistir, porque o direito de exclusividade está na Air Macau. “Não é uma boa situação”, defende.
Samuel Tong considera que o Governo precisa de fazer melhor se quer atrair mais companhias que prestem serviços em Macau. A dificuldade em desenvolver voos de longo curso, contudo, está precisamente em não se quebrar o monopólio dos direitos do ar, porque não há competição. “Isso é uma restrição ao desenvolvimento de Macau”, aponta.
O terceiro elemento importante tem a ver com a área de voos – a zona do Delta do Rio das Pérolas está tão densa que começa a haver engarrafamentos. Situação tal e qual como nas estradas, diz.
“Os atrasos nas partidas ou chegadas de voo podem não ser um problema das empresas, mas dessa situação. Hong Kong, Macau, Zhuhai e Shenzen são tão perto que os movimentos de voo influenciam-se uns aos outros. A área aérea é limitada, é preciso coordenação de cada parte”, indicou.

Competição e desafio

“Raramente existe um aeroporto tão lotado numa cidade tão pequena na zona do Delta do Rio das Pérolas”, avança Samuel Tong, que considera que a competição em redor da região tem aumentado. Tanto que, avisa, se o aeroporto de Macau não tiver voos frequentes ou bilhetes mais baratos, os passageiros preferem passar a ir apanhar aviões a Hong Kong ou Shenzhen.

Sandro Kou, director do departamento de infra-estruturas
Sandro Kou, director do departamento de infra-estruturas

“Em 1995, o Aeroporto era pequeno, mas comparado com os das regiões vizinhas, já era mais moderno e confortável. E agora, se fizermos a comparação novamente com os outros do interior da China, de Hong Kong, de Singapura, de Incheon, na Coreia de Sul, onde a qualidade dos serviços aumentou muito rápido? Como é que fica Macau? No âmbito de hardware, é preciso satisfazer mais a necessidade dos movimentos de voo e de bens e, ao mesmo tempo, melhorar a experiência dos turistas, incluindo os serviços comerciais, os transportes dentro da cidade”, disse, explicando que tudo está interligado.
“Se os passageiros chegarem a Macau mas demorarem muito tempo a esperar por autocarros, além dos autocarros de casinos, precisam de chamar táxis ou carros privados e isso afecta a sua experiência em Macau, levando a que eles não pensem no futuro vir a Macau. Escolhem outros aeroportos”.
Além disso, Samuel Tong frisa ainda outro desafio que o aeroporto enfrenta: a conclusão da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. “Quando as pessoas de Macau ou da China continental conseguirem chegar a Hong Kong em 30 minutos, em vez de apanharem ferry, ainda haverá mais competição para Macau”.
O analista sugere uma separação de trabalhos entre vários aeroportos. “Fiz um estudo, acho viável fazer como se faz em Londres: os aeroportos da zona do Delta podem [formar sinergias]. Por exemplo, Hong Kong responsabiliza-se por voos internacionais, Macau pode fazer mais voos de baixo custo e voos comerciais que servem para as MICE e Jogo”.
Tong admite que é difícil chegar a esse ponto, devido aos interesses de cada parte.

Um mini-aeroporto

O director do Departamento de Infra-estruturas da CAM assegura que uma das grandes preocupações da empresa são os passageiros. Macau, contudo, não é tão difícil de agradar como os grandes aeroportos na opinião do responsável, precisamente pelo tamanho.
“A nossa vantagem é ser pequeno. Sendo um aeroporto de dimensão pequena conseguimos fornecer serviços facilitados e eficazes para os passageiros. Além disso, introduzindo um sistema informático para criar um Aeroporto mais tecnológico, diminuímos o tempo de espera dos passageiros.
A criação de um “aeroporto verde” é também um dos trabalhos principais da CAM. Sandro Hou explicou que, no ano passado, a Associação Internacional de Aeroportos emitiu um certificado de redução de emissões.

Samuel Tong
Samuel Tong

“Melhorámos o sistema do ar-condicionado há vários anos. Utilizamos lâmpadas LED e uma parte dos carros eléctricos funcionam no hangar de aviação, assim como adquirimos uma máquina que transforma restos de comida em adubo. Tudo isso é para a protecção ambiental”.
Na zona de Chegadas do Aeroporto, encontrámos Vivian e Lilian. São amigas, proveniente de Cantão. A primeira impressão do Aeroporto para elas? É pequeno, mas vale a pena vir a Macau para apanhar voos baratos para viajar para a Tailândia, por exemplo, até porque a diferença de preços face a Cantão é de centenas de patacas.
Vivian elogia ainda o transporte entre o Aeroporto e as Portas do Cerco. Lilian considera que o Aeroporto de Macau é mais moderno, ainda que comparado com o de Cantão, “seja apenas um mini-aeroporto”. Falta é, dizem, adicionar um tapete rolante para facilitar o transporte de bagagens.
Na fila de espera do check-in, encontrámos o senhor Ho, um comerciante local, que tem de viajar seis vezes por mês por causa do trabalho. Diz que o aeroporto de Macau é demasiado simples e não se mostra muito satisfeito com a segurança.
“Os funcionários são mal-educados. Só verificam as bagagens mas parece que são superiores a nós. É preciso melhorar.
Este residente de meia-idade considera que o Aeroporto de Macau não se pode comparar com o de Hong Kong, nem de Singapura. Ainda assim, elogia a zona de fumadores: o ventilador tem boas condições.
O senhor Ho diz ainda que não gosta que existam poucos restaurantes. Além de lojas isentas de imposto no terminal, não há mais instalações, diz, tendo ainda outras queixas.
“A Air Macau é famosa pel atraso de voos”, avançou Ho, que já teve várias experiências destas.
Chon é também residente de Macau e não gosta do Aeroporto pela sua “impressão demasiado simples e por não ter quase nada”.
Contudo, o facto do Aeroporto ser mais pequeno, faz com que seja mais fácil chegar ao avião. “Não é como noutros aeroportos, onde é preciso gastar muito tempo à procura da porta”. Mais lojas é um dos pedidos da jovem.

19 Dez 2015

Inspector da PJ apanhado numa acção de burla

Um inspector da Polícia Judiciária (PJ) está a ser acusado de ajudar a colocar mulheres do continente a trabalhar como empregadas de limpeza nos hotéis de Macau, trabalho pelo qual receberia comissões. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o inspector, de apelido Ho, ganhou cerca de cinco mil renminbi por cada uma das 320 vítimas desde Julho deste ano, sendo que este terá prometido trabalhos em hotéis no Cotai com salários de oito a dez mil patacas. O porta-voz da PJ, Chan Cho Man, garantiu que foram feitas buscas à casa do inspector, onde foram descobertos vários cartões de residentes da China continental para a sua chegada a Macau. O responsável disse que a PJ está preocupada com este tipo de burlas, tendo já sido aberto um processo disciplinar com mais investigação.

19 Dez 2015

Escola Sam Yuk | Pais exigem mudança de directores

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m grupo de pais dos alunos da Escola Secundária Sam Yuk revelam estar insatisfeitos com o ensino, a qualificação dos professores e os donativos cujos alunos serão obrigados a conceder à instituição. Segundo uma carta da autoria dos pais, divulgada pela Macau Concelears, os encarregados de educação exigem a saída dos actuais directores da escola, Brian Yuen Yau Wong e Wai Si Man. Os pais estarão mesmo a ponderar pedir uma investigação ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC), já que suspeitam da existência de relações de interesse.
Os encarregados de educação queriam avançar com uma recolha de assinaturas em frente à escola para a saída dos actuais directores, mas segundo disse ao HM Choi, mãe de um aluno, a acção foi cancelada por temerem que a iniciativa prejudicasse os estudantes. A acção está a ser agora seguida por advogados.
Em Maio deste ano, a escola Sam Yuk foi acusada de obrigar os alunos a doar 4500 patacas para um projecto de produção de biogás em Sichuan, China, quando fizeram a visita de estudo paga pelos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).
Apesar da DSEJ ter obrigado a escola a devolver o dinheiro pago pelos alunos, conforme uma carta também divulgada pela Macau Concelears, os pais afirmam que os alunos “sofrem pressões vindas da escola”.
“Depois da descoberta desse caso, a direcção da escola deu a entender que os alunos que prejudicam a reputação devem ser excluídos”, pode ler-se.
Ao nível da qualidade do ensino, os pais revelam ter muitas dúvidas, sobretudo na área do ensino especial. “A educação especial da escola não atingiu a maturidade, mas continua a receber alunos com necessidades educativas especiais, o que aumenta a pressão sentida pelos professores e o progresso no estudo dos outros alunos”, refere a carta.
Mesmo que a Sam Yuk tenha assistentes sociais, os pais indicam que “os professores não deixam os assistentes sociais contactar os alunos”, sendo que terá sido pedido a estes profissionais para “piorar a avaliação dos alunos de educação especial”.
A realização de visitas de estudo também não agrada os pais. “Quando os professores acham que as agências de viagens escolhidas não têm boa qualidade e começam a compará-las com outras, os responsáveis da escola pedem a esses professores para que não coloquem demasiadas questões”, apontam.
Além disso, a qualificação de professores também não satisfaz os pais. A carta avança que a escola “decide à vontade a mudança de um professor da secção chinesa da escola para a secção inglesa”. “São duas secções diferentes, ao nível dos modelos de ensino e das línguas. Como é que a escola pode fazer isso, sob a implementação do Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares do Ensino Não Superior? Será que a DSEJ acompanha com a situação?”, lê-se na carta.
A DSEJ foi chamada a intervir no caso no ano passado, tendo até alertado a instituição.

17 Dez 2015

Lei de Terras | Revisão será alvo do protesto da Novo Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Novo Macau (ANM) está contra a revisão da Lei de Terras, sendo este o principal tema do protesto que terá lugar no próximo domingo, 20 de Dezembro, por ocasião das cerimónias da transferência de soberania.
Segundo a Rádio Macau, Scott Chiang, presidente da ANM, disse acreditar que a revisão do diploma só vai facilitar interesses dos empresários da construção civil e do imobiliário.
“A lei apenas foi aprovada em 2013 e está em vigor há pouco mais de um ano. Achamos que é cedo para perceber se precisa de alguma revisão. Além disso, vimos que as vozes que pedem mudanças servem o meio empresarial e dos construtores. A revisão seria danosa porque iria abrir uma brecha que facilitaria uma maior ocupação do Governo e empresários em detrimento dos interesses da população. É como o deputado Fong Chi Keong disse: ele quer uma porta dos fundos na lei.”
Entretanto, os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San vão fazer, juntamente com a Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, uma manifestação no mesmo dia. Ambos defendem que não há conflitos com o protesto realizado pela ANM, marcado para a mesma data.
Os membros Ieong Man Teng e Cloee Chao da direcção da Associação e os dois pró-democratas convocaram ontem uma conferência de imprensa para explicar que a iniciativa vai começar às 15h00 da tarde no Jardim Iao Hon e vai até à Sede do Governo, segundo o canal chinês da Rádio Macau. As principais solicitações do protesto vão ser o aumento da criação de habitação económica e a recuperação de terrenos não aproveitados pelo Governo, a fim de resolver a questão de habitação.
“Actualmente existem apenas 1900 fracções para satisfazer 40 mil candidatos [da habitação económica] e o Governo já disse que não vai abrir novos pedidos em 2016. É impossível ter um Governo qualificado”, afirmaram os responsáveis.
A ANM também planeia organizar uma manifestação a ter início à mesma hora no mesmo local, mas Au Kam San já veio confirmar que não vai tomar parte na última. Já Ng Kuok Cheong assegura que vai participar nesta, tendo mesmo dito que “não se importa que ambas aconteçam em simultâneo, pois não há conflito de objectivos”.

17 Dez 2015

Inquérito mostra falta de conhecimento profissional sobre drogas

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m inquérito da Associação de Promotora de Saúde de Macau mostra que os profissionais de saúde não têm conhecimentos suficientes sobre o abuso de drogas, nem conseguem emitir alertas aos toxicodependentes. O Instituto de Acção Social (IAS) quer reforçar a formação.
Segundo o Jornal Ou Mun, a Associação publicou na terça-feira o resultado da investigação dos “Conhecimentos de Profissionais de Saúde de Macau sobre o Abuso de Drogas”, onde conseguiu cerca de mil questionários feitos aos profissionais de saúde de hospitais e de instituições comunitárias.
O resultado mostra que apenas 56,7% dos profissionais de saúde entrevistados conseguem observar se os pacientes consomem drogas através de sintomas físicos ou sinais de comportamento. U Wai Ang, presidente da Associação, acha que os alertas de profissionais de saúde aos toxicodependentes não são suficientes.
O inquérito mostra ainda que apenas 14,9% dos profissionais entrevistados tem conhecimentos correctos sobre o assunto, sendo que a nota média dos conhecimentos básicos dos profissionais sobre o abuso de drogas é de 3,78 pontos (o máximo é seis pontos). Outros 32,2% dos profissionais afirmam desconhecer que consumir drogas é ilegal.
Pun Sio In, vice-presidente da Associação, aponta que os conhecimentos destes profissionais de saúde devem ser mais abrangentes, para que possam ser fornecidas instruções o mais rapidamente possível sobre a matéria.
Hoi Pou Wa, chefe substituta do Departamento de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência do IAS, concorda que é necessário reforçar a formação dos profissionais de saúde devido aos “fracos conhecimentos básicos sobre o abuso de drogas”, sobretudo sobre os novos tipos de estupefacientes e a legislação existente.

17 Dez 2015

Forças de Segurança | Deputado questiona atraso da revisão de regimes

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ak Soi Kun quer saber qual é o calendário concreto da revisão de dois regulamentos das Forças de Segurança de Macau que já deveriam ter entrado em processo legislativo. O deputado criticou também os processos de recrutamento que, diz, são demasiado lentos.
Numa interpelação escrita, Mak Soi Kun lembrou que a tutela da Segurança prometeu a conclusão da revisão do Regime de Admissão e Frequência do Curso de Formação de Instruendos e do Regulamento de Uniformes das Forças e Serviços de Segurança em 2013, quando seriam entregues à Assembleia Legislativa (AL), sendo que, no entanto, em 2014 os planos mudaram, para que se pudesse recolher opiniões de agentes da área.
Mak Soi Kun aponta, contudo, que o plano de trabalho das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano volta a falar do “acompanhamento” da revisão dos regimes.
“A Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau (FSM) gastou vários anos para preparar a revisão do regime e do regulamento, então em que fase está a revisão? Existe um calendário concreto?”, questiona.
O deputado apontou ainda que “a demora nos processos de recrutamento tem sido motivo de crítica”, mas sem que o Governo avance com a revisão.

16 Dez 2015

Caso Dore | Lesados criticam investigação e ausência de respostas

As vítimas do caso Dore criticam a ausência de respostas das autoridades no caso e criticam a investigação. Para Pereira Coutinho, é preciso resolver esta questão para sempre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s lesados do Caso Dore criticaram ontem a investigação levada a cabo pelas autoridades, dizendo que há coisas que ficaram por explicar. Sem desistir daquilo que dizem ser os seus direitos, as vítimas do caso da sala VIP no casino Wynn voltaram ontem a chamar a atenção aos governantes de Macau.
“Entregámos uma carta na sede do Governo, dirigida ao Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, e ao director da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogo (DICJ), Paulo Chan”, indicou ao HM Lou, uma trabalhadora de uma sala VIP, envolvida no caso.
Os lesados dizem estar com muitas dúvidas no processo de investigação. Lou indica que a falta de uma investigação à própria empresa, a Dore Entertainment, levanta muitas suspeitas.
“Porque é que só foi investigada a contabilista que furtou o dinheiro? E o que é que se passa com a Polícia Judiciária (PJ), que já passaram três meses e a nossa queixa ainda não recebeu qualquer feedback?”, queixou-se Lou.
“O director da DICJ disse, na Assembleia Legislativa, que o depósito do nosso dinheiro é legal, então porque é que ainda não tratou da nossa questão? Porque é que só defende que o depósito com juros altos têm riscos? Mas quem é que lhe disse isto? Muitos lesados como eu colocaram o dinheiro na sala VIP por causa do trabalho, ou seja, muitas vezes temos clientes que querem jogar nas salas VIP da Dore e, assim, os trabalhadores podiam levantar logo o dinheiro para eles jogarem”, argumenta a funcionária.
Das autoridades, conta, só chegam desculpas de “coordenação de trabalhos”. “A [PJ] diz que é preciso coordenar com as autoridades internacionais, mas não dizem até quando. Eu pergunto: até quando?”, remata.

Apoio incondicional

O deputado José Pereira Coutinho, apoiante da causa desde início, explicou que também desta vez a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) voltou a marcar o seu apoio aos queixosos.
“Esta é uma situação que não se pode repetir. Situações desta natureza em que as pessoas saem prejudicadas não podem voltar a acontecer. Se pensarmos bem, e não é preciso muito, este não é o primeiro caso em que os cidadãos ficam prejudicados. Como por exemplo, o jogador que ganhou o primeiro prémio numa slot-machine e depois é que lhe disseram que ela estava avariada. Isto não está certo”, explicou o também presidente da Associação.
Situações destas, diz o também deputado, descredibilizam o sector do Jogo. “Pior que isto é ainda a inércia do Governo. Não faz nada. É uma falta de responsabilidade e de regulamento da indústria do Jogo”, argumentou, frisando a necessidade de um maior controlo.
Os lesados têm avançado com protestos e actividades de luta pelos seus direitos ao longo das últimas semanas, algo que para o deputado é perfeitamente razoável.
“Não tenho acompanhado todas, mas apoio a sua causa, porque acho toda esta situação injusta, acho que estes trabalhadores foram muito prejudicados. É preciso resolver este assunto de forma perpétua. Eles manifestam-se em vários sitos e muitas vezes e eu apoio”, rematou.
O caso Dore diz respeito ao desvio de cerca de dois mil milhões de dólares de Hong Kong pela contabilista chefe da sala VIP, Chao Ioc Mei, há cinco meses. A Wynn Macau garantiu há uns meses estar a acompanhar a situação da empresa junket e diz que a própria em nada está envolvida do caso de desvio de dinheiro. Já foi entregue meia centena de queixas à PJ, mas ainda não há quaisquer resultados, sabendo-se apenas que a funcionária deixou o território.

16 Dez 2015

Capitol | Dono fala de ocupações ilegais e concordância na renovação

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]illiam Kuan Vai Lam, director-geral da empresa de desenvolvimento proprietária do Centro Comercial Teatro Capitol, disse que 80% dos proprietários concordam com a renovação do espaço. Os cinco vendilhões, diz ainda, têm “obstruído os espaços de forma ilegal”.
Em entrevista ao HM, a família Leong, arrendatária dos cinco espaços de venda de sumos e comida rápida, explicou que a empresa nunca falou dos projectos de renovação do espaço, sendo que tiveram conhecimento da notícia pela TDM. Desde então têm sido acusados de ocupar os espaços públicos, tendo sido exigida a sua saída em Janeiro.
Já ao jornal San Wa Ou, William Kuan disse que a maioria concorda com os projectos de renovação, que estarão ligados às indústrias culturais e criativas, estando prevista a reconstrução de um cinema.
“Já gerou consenso o facto da empresa de gestão original querer reorganizar as bancas dos vendilhões que ocupam os corredores e a entrada sem a autorização da comissão de gestão. Como todos sabem, são espaços públicos e as bancas têm obstruído a vista do centro e o corredor”, explicou o empresário que também já foi candidato a deputado à Assembleia Legislativa.
Apesar de William Kuan falar de ocupação ilegal, a verdade é que a família de vendilhões tem pago rendas pelos espaços desde 1998, os quais têm sido geridos pela agência imobiliária Hang Kei Property Management. Contudo, os vendilhões de nada sabiam quanto à mudança para a comissão de gestão gerida por Tsui Meng Wa.
William Kuan disse ainda ao San Wa Ou que a comissão de gestão é composta por todos os proprietários e funciona há dois anos, já estando a resolver o conflito sobre as despesas de condomínio, estando previsto o recrutamento de uma nova empresa.

16 Dez 2015

Recebidos 15 pedidos de ajuda de “jovens anónimos” em cinco meses

Não saem de casa e, alguns, são viciados na internet. Os jovens anónimos continuam a ser um problema, tanto que – em cinco meses – quem os apoia já recebeu mais de uma dezena de pedidos de ajuda

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ó durante os últimos cinco meses, o Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui já recebeu 15 casos de “ jovens anónimos”– jovens problemáticos, que se fecham em casa, e outros que são viciados na internet – havendo ainda mais seis em avaliação. A maioria dos casos vieram de pedidos de ajuda dos pais, sendo que os responsáveis da associação entendem que a questão tem que ver com contextos familiares complicados.
Os jovens anónimos caracterizam-se por adolescentes com tendência para não sair de casa e não ter vida social, sendo alguns deles viciados na internet e utilizadores frequentes de salas de chat e jogos online.
O HM quis saber mais sobre esta realidade e Cabell Hoi, chefe dos serviços da associação, referiu que, até Dezembro, o Gabinete recebeu 15 casos – sete jovens anónimos e oito viciados na internet – e seis casos ainda não confirmados sob avaliação.
“São três jovens com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos. Outros seis deles têm entre 16 e 20 anos, cinco têm entre 21 e 24 anos e um outro é mais velho”, começou por dizer. “De entre esses 15 casos, apenas um deles envolve uma rapariga”, continuou.
Carson é um dos assistentes sociais da linha frente a contactar com os jovens anónimos e explica que o primeiro passo é tentar criar relações com eles.

Elogiar para fazer viver

O programa piloto para ajudar jovens anónimos e viciados na internet a minorar a dependência foi lançado em Agosto deste ano e conta com o apoio do Instituto de Acção Social (IAS), além dos Serviços Sociais Sheng Kung Hu, que dizem que fazer actividades é um dos primeiros passos para tal.
“Por exemplo, fomos ao festival de gastronomia, jogámos basquetebol e computador com os adolescentes. Os serviços são feitos de forma personalizada, dependendo das suas necessidades. Através dos processos de criação de relações percebemos o que os jovens gostam de fazer, ou o que gostariam de fazer, mas nunca fizeram”, exemplifica Carson. “Assim damos-lhes mais energia positiva e confiança, elogiamo-los”, sublinha o responsável.

Cabell Hoi e Carson
Cabell Hoi e Carson

Além disso, Carson conta que é muito importante fazer companhia aos jovens anónimos, algo justificado pela constante necessidade que têm de apoio. “Às vezes as famílias pedem-lhes que procurem emprego, mas não têm uma rede à volta, podem não ter confiança em seguir em frente para a entrevista de emprego”, diz, acrescentado ainda que é necessário “encorajá-los” e aconselhá-los, chegando mesmo a ser preciso fazer o acompanhamento na entrevista.
Carson refere também que os serviços do Gabinete não se ficam por aí, abrangendo também os pais. “Não basta que os assistentes sociais contactem os jovens, até porque a esmagadora maioria do tempo é passado com a família, pelo que o apoio desta é muito importante”, confessa Carson ao HM. “Às vezes os membros das famílias preocupam-se muito com a situação, precisam também de aconselhamento emocional e temos de os visitar e conversar com eles”, indicou. As visitas periódicas também são importantes, sendo que a frequência mensal é uma das necessidades.

Grandes dificuldades

Questionado sobre a motivação dos jovens em pedir ajuda, Cabell afirma que a maioria dos casos veio de denúncias feitas pelos pais ou foram transferidos de outras entidades como do IAS.
“Quando recebemos pedidos dos pais, normalmente, a situação já é grave, com casos de filhos que não saem de casa, nem contactam com outras pessoas. Só quando conseguimos fazer uma visita domiciliar e falar com os jovens é que o programa de ajuda realmente tem início”, frisa.
Na verdade, a aceitação destes casos pela associação só acontece quando estes são realmente graves. “No início não nos deixaram sequer entrar em casa, tínhamos que voltar mais vezes e às vezes não podemos usar directamente o papel de assistente social, temos que mudar e tornarmo-nos amigos deles”.
Nalgumas situações, os adolescentes já comunicavam com os assistentes, mas dispensavam a intervenção no seu dia-a-dia.
Carson avançou que até ao momento apenas um jovem viciado na internet rejeitou a ajuda dos assistentes. “Foi a tia de um rapaz de 14 anos que nos pediu ajuda, mas quando fomos lá a casa, a mãe rejeitou abrir a porta. Neste caso, como a família não quer que ajudemos e acredita que não é grave, apenas observamos a situação de longe e damos a situação como encerrada, se não forem detectados incidentes”, disse.

O choque do real

O que mais chocou a chefe dos serviços foi o facto dos jovens anónimos poderem não ser completamente anti-sociais. Ainda que correspondam à imagem de jogador compulsivo de computador, alguns deles são até informados acerca das notícias da actualidade e de assuntos sociais. Outros criam redes de amigos nas redes sociais, mas nunca frente a frente. O objectivo disto, esclarece a responsável, é sempre o de evitar o choque com a realidade.
“Muitos jovens fogem de más relações ou discussões com as famílias. Noutros casos é na escola que não têm amigos”, explica. “Fecham a porta do quarto, podem não só ir à internet, mas também ver televisão ou fazer outras coisas que os seus familiares desconhecem. Descobrimos que, no caso dos jovens anónimos, muitos dos contextos familiares são complicados”, lamenta.
O alerta principal para detectar se um jovem deve ser considerado “anónimo” é a reclusão doméstica por pelo menos um mês com um elevado grau de desconexão social. E um mês pode significar apenas o início.
“Há casos de pessoas que não saem de casa há mais de três meses e até mesmo anos, como o de um jovem com mais de 20 anos que permaneceu anónimo durante dez anos”, conta ao HM.
Segundo a responsável, este só abandona o domicílio para ir ao supermercado, mas a ajuda da família livrava-o quase sempre de ter que sair. Embora o público-alvo deste programa vá dos dez aos 24 anos, a associação confessa estar a tratar do caso de uma pessoa com 40 anos.
“Mesmo que não esteja na nossa rede de idades, esperamos poder continuar a observá-lo, pois não queremos excluir o caso devido à idade”, disse Cabell.
A chefe referiu que ainda não consegue analisar as causas concretas do problema. No entanto, revelou que 2016 e 2017 vão ser anos de estudos mais avançados, que servirão para perceber bem as razões e tendências por detrás deste fenómeno social. Os últimos dados mostram que Macau conta com cerca de 70 jovens anónimos e mais de mil adolescentes em risco de caírem nessa situação.

15 Dez 2015

Ng Kuok Cheong vigiado por “entidades” desconhecidas

Quem enviar emails ao deputado Ng Kuok Cheong receberá uma mensagem de volta a dizer que o email não foi entregue. Mas isso não corresponde à verdade: segundo o deputado pró-democrata, é apenas sinal de que a sua conta de correio electrónico pessoal está a ser vigiada

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]e-mail pessoal do deputado Ng Kuok Cheong está a ser vigiado por uma ou várias entidades ainda não identificadas pelo membro da Assembleia Legislativa (AL) e ligado ao campo pró-democrata. A informação surge na entrevista cedida por Ng Kuok Cheong à revista Macau Business e foi confirmada ao HM.
“Há muitos anos que isto acontece, mas só o ano passado é que a polícia me disse que a minha conta de email estava a ser vigiada por outras entidades e disseram para me informar junto da CTM para fazer algo em termos técnicos. Mas ainda querem saber o que ando a fazer. Estou confiante de que só perdem o interesse quando eu sair da política”, disse Ng Kuok Cheong ao HM.
O deputado ainda não avançou com nenhuma acção legal por desconhecer a entidade que estará a supervisionar o seu e-mail. “As autoridades que estão a supervisionar o meu email podem ser da China, dos Estados Unidos, ou podem até ser autoridades locais. Não consigo identificar qual é e contra quem posso aplicar uma acção legal. O ano passado, as autoridades policiais alertaram-me que poderia ser uma entidade estrangeira, mas não identificaram nenhuma”, apontou o deputado. “Querem saber aquilo que eu ando a fazer, mas não me importo com isso. Isto causa-me alguns transtornos, porque às vezes as pessoas enviam-me emails, eu recebo-os, mas essas pessoas recebem um email de volta a dizer que eu não consigo receber [as mensagens]”, revelou Ng Kuok Cheong.
Na revista Macau Business pode ler-se que o autor da entrevista recebeu vários e-mails de volta que diziam “Desculpe informá-lo do facto da sua mensagem não ter sido entregue ao ou aos destinatários”.

Não sou o único

Ng Kuok Cheong é membro da Associação Novo Macau (ANM), entidade que este ano pediu uma investigação independente ao Ministério Público (MP) sobre o alegado interesse das autoridades policiais locais na aquisição de equipamento multimédia de espionagem, informação avançada pela Wikileaks.
Aos jornalistas, Jason Chao, membro da direcção da ANM, disse recear que os activistas pró-democratas poderiam ser um dos alvos. “Não posso rejeitar essa possibilidade. O que dizemos ao público é baseado nos documentos que vemos no Wikileaks. Não temos provas, mas não posso recusar essa possibilidade. Pessoalmente acredito nisso”, rematou.
Contactado pelo HM, o deputado Au Kam San, parceiro de Ng Kuok Cheong no hemiciclo, revelou que não sabe se o seu email está ou não a ser vigiado. “Não me importo com isso, porque não tenho segredos. Mas é possível que isso esteja a acontecer”, concluiu.

15 Dez 2015

CCAC | Detectados dois casos de corrupção na Função Pública

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Alfândega (DSA) e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) são os dois organismos públicos envolvidos em alegados casos de corrupção detectados pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC).
Segundo um comunicado, a primeira situação diz respeito a um crime de corrupção passiva praticado por um inspector alfandegário, que terá ajudado um visitante que tentava entrar em Macau com uma quantia de dinheiro superior ao permitido por lei. O caso passou-se no posto fronteiriço do Cotai.
“Um indivíduo que actua nos casinos, ao tomar conhecimento que um seu cliente fora interceptado na fronteira, terá contactado um outro indivíduo que também actua nos casinos, bem como um chefe de apelido Wong do Estabelecimento Prisional de Macau e estes terão entrado em contacto com um inspector dos SA, o arguido de apelido Lok, solicitando-lhe auxílio para que aquele cliente saísse do posto alfandegário, mediante a promessa da oferta de “dinheiro de gorjeta” como contrapartida desse auxílio. De seguida, o inspector alfandegário de apelido Lok aproveitou as suas competências para interceder na saída do referido visitante”, explicou o CCAC.
Em causa estarão crimes de corrupção passiva para acto ilícito e de corrupção activa, sendo que o Ministério Público (MP) continua a investigar o caso. Ao arguido foi suspenso o exercício das funções e a obrigatoriedade de apresentações periódicas às autoridades.

Maus exemplos

Já no crime que envolve a DSAMA, está em causa uma chefia que terá incorrido nos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e de abuso de poder. “O CCAC descobriu que, no período entre os anos de 2012 e de 2015, outra chefia dos mesmos serviços tinha repetidamente aproveitado o seu poder, solicitando e recebendo, de um responsável da operadora de transporte marítimo de passageiros envolvida, a oferta de bilhetes de jetfoil, alojamentos de hotel, comida e bebida em restaurantes e outras vantagens ilícitas, bem como exigindo postos de trabalho nessa empresa para seus familiares e amigos”, explica o comunicado.
Além disso, “foi solicitado que algumas lojas no Terminal Marítimo do Porto Exterior fossem reservadas para o comércio dos seus familiares e amigos”, diz o CCAC. Na investigação foi verificado ainda que o arguido aproveitou repetidamente as suas competências para ajudar na ocultação do incumprimento por parte daquela operadora das orientações e normas estabelecidas pela DSAMA, evitando-se assim as sanções que lhe deveriam ser aplicadas”.
Segundo a publicação Macau Concelears o caso referente à DSAMA está relacionado com Wong Kam Fai, ex-subdirector do organismo, e com Tong Vun Ieong, ex-director do Departamento de Actividades Marítimas.
Tanto a DSAMA, como os SA já responderam, dizendo que colaboram na investigação e que contra os funcionários decorre um processo disciplinar.

Esposa de trabalhador morto discorda de relatório

André Cheong, Comissário contra a corrupção, afirmou que não vai publicar o relatório da investigação interna à morte de um funcionário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que se suicidou em Outubro. Cheong considera que o relatório deve ser mantido interno “devido à privacidade”. A esposa discorda do documento e diz querer continuar a apurar as causas da morte. Segundo o Jornal do Cidadão, André Cheong afirmou ontem que o CCAC já concluiu a investigação interna e que o relatório foi entregue ao Chefe do Executivo, à Comissão de Fiscalização da Disciplina do CCAC e à família do funcionário. O organismo diz mesmo que tem contactado com a família para tratar dos assuntos, mas que, para respeitar a privacidade da morte, não pode publicar o conteúdo do documento sobre o suicídio. Pun Fung Cheng, esposa do funcionário – que já entregou uma carta em Novembro à Assembleia Legislativa (AL) para tentar apurar as circunstâncias da morte do marido – afirmou ontem ao HM que o relatório da investigação a que André Cheong se refere não merece a sua concordância. “Desde que pedi mais pormenores até ao momento, [o CCAC] não me contactou. Estou à espera de mais uma resposta, porque não concordo com o relatório e quero se apure melhor o caso”, disse a esposa. André Cheong disse ontem que vai responder às suspeitas da família do funcionário através da Assembleia Legislativa, mas não avançou data para tal.

15 Dez 2015

Sociedade de Pesquisa de Psicologia quer grupo para apoiar doentes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Pesquisa de Psicologia de Macau pretende criar um grupo de trabalho para apoiar eventuais crises psicológicas no seio da população, mas os Serviços de Saúde (SS) alertam para a hipótese deste ser ilegal caso os profissionais não tenham licenças emitidas pelo organismo.
Segundo o Jornal Ou Mun, um dos presidentes da Sociedade, Ng Wa, referiu, numa cerimónia da tomada de posse de membros da associação, que vai assinar um acordo de cooperação com um hospital da China continental, que vai ser uma base de formação e estágio de profissionais da área da Psicologia.
“Em Outubro deste ano, já criámos uma equipa de trabalho para resolver crises psicológicas entre Zhuhai e Macau com o Centro de Prevenção e Tratamento de Doenças Crónicas da cidade vizinha, de forma a podermos lidar com as emergências. Agora decidimos criar uma equipa sucursal em Macau”, indicou.
Ainda assim, os SS emitiram um comunicado no mesmo dia apelando à Sociedade de Pesquisa de Psicologia de Macau que dê atenção ao decreto-lei que regulamenta esse serviço.
“As pessoas no exercício da actividade privada na área de psicoterapia devem pedir licenciamento aos SS. Se a equipa começar trabalhos que envolvam tratamento e avaliação psicológica clínica, é preciso pedir [aos SS]. Caso contrário, isto será um acto ilegal que pode ser tratado com sanções administrativas e assunção da responsabilidade criminal”, lê-se no comunicado.
O director da mesmo Sociedade, Andy Chan, referiu recentemente ao HM numa entrevista que poucas pessoas formadas em Psicologia trabalham na área por causa da questão da credenciação e muitas são excluídas pelas suas qualificações, algo que, na sua opinião, não permite ajudar quem precisa a ter serviços de apoio.

14 Dez 2015

Macau no top 30 das cidades mais caras para quem vem de fora

Macau está em 26º lugar no mundo onde as despesas de vida são as mais altas para a classe de trabalhadores vindos de fora. O território registou até o maior aumento no ranking da região Ásia-Pacífico. A empresa de consultoria ECA Internacional publicou na semana passada o mais recente inquérito sobre as despesas de vida de trabalhadores enviados de fora. Zurique, na Suíça, fica no topo da lista onde as despesas são as mais altas no mundo, enquanto Xangai tem as mais altas na região Ásia-Pacífico. Macau fica na 26ª posição do local onde as despesas são mais altas, quando no ano passado estava em 34º lugar. A ECA Internacional aponta ainda a tendência de que as cidades principais da China vão começar a subir mais neste ranking.

14 Dez 2015

Trabalhadores “têm dificuldade” em encontrar o emprego adequado 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m inquérito da Associação de Gestão de Macau demonstra que metade de trabalhadores locais tem dificuldade em encontrar um emprego “adequado”. Segundo o Jornal Ou Mun, o inquérito explora temáticas relacionadas com a mobilidade de emprego dos residentes de Macau e foi publicado na semana passada pelo director da associação e deputado, Lau Veng Seng.
Entre mais de 1600 trabalhadores questionados, 60% concluíram uma licenciatura. O resultado mostra que mais de 80% sabe aquilo que quer fazer da sua carreira, parâmetro que aumentou mais de 20% comparado com o ano passado. Quase metade dos funcionários básicos não têm estes planos traçados, enquanto mais de 70% dos profissionais em funções de gerentes ou cargos superiores de empresas têm. A associação considera que isto é demonstrativo de que um plano de carreira ajuda ao desenvolvimento da vida profissional. terrenos macau nam van
Embora 47,6% dos entrevistados tenha afirmado que foi promovido durante a primeira metade de 2014, outros 60% consideram que a “actual situação de empregabilidade não é positiva”. Cerca de metade dos inquiridos alega falta de “empregos adequados”, com a justificação de que a proporção entre procura e oferta aumentou. Além disso, outros 50% mostraram vontade de mudar de trabalho, até mesmo para sectores diferentes daqueles onde actualmente estão. No entanto, apenas 10% destes sabem exactamente aquilo que querem fazer quando mudarem. Também foi registado um aumento no número de indecisos relativamente àquilo que querem fazer no futuro, com 46,3% dos entrevistados a não saber o que seguir.

14 Dez 2015

Jogo | Recebidos quase três mil pedidos de ajuda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s serviços de linha aberta e de aconselhamento online de Jogo registaram quase três mil pedidos de ajuda ou consultas, sendo que mais de metade dos pedidos foram apresentados por trabalhadores do sector de Jogo, escreveu o jornal Ou Mun.
O Coordenador dos Serviços Sociais, Sheng Kung Hui, apresentou esta quarta-feira os dados, que revelam que, desde a criação do serviço de 24 horas até Julho do ano passado, foram feitos 2911 pedidos de ajuda, sendo que 64% dizem respeito a residentes de Macau. Outros 55% dos pedidos referem-se a jovens e adultos que consultaram os serviços de aconselhamento e apoio emocional, enquanto que 53% dos pedidos foram feitos por funcionários do sector do Jogo.
Os dados mostram ainda que os requerentes com menos de 30 anos preferem pedir ajuda através da internet, enquanto que os que têm mais de 40 anos optaram pela linha aberta. No que toca à situação financeira, 86% dos requerentes contraíram dívidas, 29% fez dívidas de 50 mil patacas ou de valor inferior, enquanto que 17% endividou-se em mais de cem mil patacas.
O chefe assistente do gabinete, Ng Wai Ip, disse que os serviços conseguem dar aconselhamento e apoio a pessoas que pensam estar viciadas no jogo e conseguem ainda utilizar as redes sociais para contactar os viciados e familiares que não querem dar a cara.
“O vício do Jogo está ligado à vontade de ganhar dinheiro, ou também porque [os jogadores] sentem que têm um trabalho aborrecido. O vício está também ligado às más relações familiares, preferindo os requerentes jogar no casino para aliviar a pressão”, disse Ng Wai Ip.

Mais materiais pedagógicos

A Casa dos Trabalhadores dos Indústria de Jogo de Macau lançou na quarta-feira um livro com materiais pedagógicos ligados ao Jogo Responsável. Segundo o jornal Ou Mun, o responsável pela Casa, Pak Kin Pong, referiu que nos últimos anos tem ocorrido a questão preocupante da perda de controlo de Jogo por parte dos trabalhadores do sector, tendo dado como exemplo a ocorrência de crimes para o pagamento de dívidas de Jogo. Pak Kin Pong espera que, através do livro, os trabalhadores saibam mais sobre conceito de Jogo Responsável, diminuindo o risco do vício e aumentando o número de pedidos de ajuda.

11 Dez 2015

Obra de Céu Azul | Caritas já tem instalações prontas a receber alunos

A Escola da Cáritas vai ser a primeira a ter instalações novas, no âmbito do projecto Céu Azul. A direcção diz que não podia estar mais contente, até porque o novo espaço vem colmatar algumas falhas do antigo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s novas instalações educativas para a Escola da Cáritas de Macau já estão prontas, apesar de só estarem operacionais em Setembro de 2016.
“As novas instalações que o Governo nos atribuiu no projecto Céu Azul estão prontas para nos receber já no próximo ano lectivo. Neste momento funcionam apenas como centro de adaptação a estudantes que por uma razão ou outra foram expulsos das suas escolas”, explicou ao HM Cheung Shek Chiu, director da escola da associação.
Devido ao baixo número de alunos a ocupar as instalações a Direcção para os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) considerou ser “mais útil” atribuir estas instalações à escola, que precisa ainda de mais instalações sem barreiras.
“Neste momento a única coisa que é preciso é aumentar o número de instalações adaptadas para os nossos alunos, que são todos alunos com necessidades especiais”, explicou o responsável.
Dentro de um mês, conta, espera-se que tudo esteja pronto e o entusiasmo não podia ser maior. “Quando soubemos que éramos uma das escolas escolhidas pelo Governo ficámos todos muito sensibilizados”, disse Ao Ieong, professora de ensino especial.
Actualmente, conta, a escola e os seus trabalhadores enfrentam muitas dificuldades. “Temos ao todo 64 crianças em sete turmas e a falta de espaço é uma enorme batalha nossa. Até as crianças ficaram emocionadas por saber que vão ter um espaço com ar livre para estar”, relatou.
A contar com uma equipa de docentes e técnicos, como terapeutas da fala, fisioterapeutas e oferecendo ainda aulas de musicoterapia, a docente explica que a nova escola permitirá fazer evoluir o tipo de actividades disponíveis para os alunos.
Com instalações nos NAPE, a transferência para a Taipa é aplaudida. “Vamos finalmente sair da proximidade dos casinos, algo que é prejudicial para os alunos”, explica o director.

Tudo muito rápido

Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indicou esta semana que, até ao momento, em todas as abordagens do seu gabinete às escolas – sem indicar quantas –, apenas uma escola recusou aderir ao projecto Céu Azul.
“Não sei bem qual a situação da escola que recusou, mas não estranho que as pessoas – incluindo os directores dessa instituição – estejam a reagir assim. Temos de perceber que isto aconteceu tudo muito rápido, um dia o Secretário visitou uma escola e lançou este plano. As coisas feitas de forma muito rápida podem causar estranheza. O efeito surpresa é muito grande, portanto é normal que as pessoas estejam a estranhar”, justificou Cheung Shek Chiu.
Depois de sete mudanças de instalações, a Escola da Cáritas espera agora poder “pousar definitivamente”. “As altas rendas fizeram com que, ao longo dos anos, tivéssemos de mudar sempre de um lado para o outro. Neste momento estas instalações são muito pequenas para o número de crianças e, para piorar, temos de dividir o espaço com outra instituição aqui ao lado. Esta escola vem mudar isso, finalmente”, remata a docente.

11 Dez 2015

IAS | Recebidos mais de 400 pedidos de ajuda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS), juntamente com a Polícia de Segurança Pública (PSP), recebeu 441 pedidos de ajuda durante os “primeiros dez meses do presente ano” relacionados com problemas sociais, que vão desde a violência doméstica ao vício do jogo. Os dados foram avançados ontem no fim da terceira sessão plenária do Conselho de Acção Social, presidida por Alexis Tam, que não prestou declarações à comunicação social.
De Janeiro a Outubro deste ano, o IAS e a PSP receberam 441 pedidos de ajuda, sendo que 175 deles foram recebidos pela linha de apoio telefónica do IAS. Destes, 97 foram classificados como sendo de perigo iminente, pelo que como explicou o Chefe do Departamento da Família e Comunidade, Au Chi Keong, as entidades enviam pessoal técnico para ajudar as vítimas. Os restantes 78 foram casos que mereceram o acompanhamento, mas não a acção imediata.
Au Chi Keong relembrou que foi lançada uma linha em Novembro exclusiva para a denúncia de casos de violência doméstica, em que a ajuda, contudo, “dependerá sempre da permissão da vítima”. Sem responder se concorda com a definição de crime público na nova lei contra este crime, o chefe do departamento indicou apenas que a Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica “é um tema que se tem discutido muito por causa da evolução da sociedade de Macau”. Dados também fornecidos ontem indicaram que desde o início de Novembro, essa linha recebeu dez pedidos de ajuda.

Não vai a revisão

O tema central do encontro foi a Lei de Bases da Política Familiar, que não será revista, tal como indicou Au Chi Keong. “(…) não se constata neste momento uma necessidade urgente de realizar a revisão”, disse.
Ainda assim, os serviços, diz, vão melhorar. “As famílias hoje em dia têm mais necessidades e por isso adoptamos o método de três níveis de prevenção”, começou por explicar Au Chi Keong. O planeamento em causa, elaborado em 2011, entrou em vigor o ano passado e pretende ser um complemento à Lei de Bases da Política Familiar, aplicando-se em três níveis de ocorrência. “O primeiro é a prevenção e desenvolvimento, o segundo é a tomada de medidas preventivas e o terceiro é resolver os casos”, rematou.

Adesão elogiada

A Associação Geral das Mulheres de Macau e a Cáritas consideram que o compromisso assinado recentemente de “tolerância zero à violência doméstica” serve como um bom mecanismo de protecção antes da implementação da Lei da Violência Doméstica.
A subdirectora da Associação Geral das Mulheres apontou que o compromisso vem no intuito de criar uma rede comunitária da prevenção de violência doméstica, assumindo a responsabilidade de diminuir os acontecimentos, tanto pelo Governo, como pelas entidades.  
“A nossa associação concorda com o compromisso, de forma a regulamentar melhor os serviços de prevenção de violência doméstica, podendo ser um trabalho da fase inicial antes da lei entrar em vigor”, apontou. Recorde-se que a lei está em análise da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa.
Para Lei Hong Su, representante da Caritas, embora o compromisso não tenha força restritiva, poderá ajudar as vítimas de violência doméstica.
A representante acha ainda que o compromisso faz também com que as unidades “não lutem sozinhas contra a violência doméstica” e espera que o IAS reveja a implementação do sistema de forma periódica.

10 Dez 2015

Pearl Horizon | Polytec sem interesse em nova candidatura

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente do Grupo Polytec, Or Wai Sheun, afirmou ao canal de televisão MASTV que não pretende candidatar-se novamente ao eventual concurso público para a concessão do terreno do edifício Pearl Horizon, caso perca o recurso que vai apresentar no Tribunal Administrativo (TA) contra a decisão de reversão do terreno por parte do Executivo.
Or Wai Sheun reiterou que o lote era inicialmente para construir uma fábrica e que a finalidade do terreno só foi alterada em 2006. O presidente do Grupo Polytec criticou ainda o facto da apreciação da planta do projecto de construção pelo Governo ter demorado cinco anos, sendo que os restantes quatro anos não foram suficientes para a construção do prédio.
“O Governo pediu a apresentação da planta mais de cinco vezes, nós já tínhamos satisfeito ao máximo os requisitos. Afinal, a planta não mudou e manteve-se a original, foi um esforço desperdiçado. Não temos intenção de açambarcar o terreno, mas a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) não nos deixou fazer obra durante cinco anos”, apontou.
Or Wai Sheun avançou que daqui a dois dias vai apresentar recurso no TA sobre a retirada da concessão do terreno do Pearl Horizon. Questionado sobre a possibilidade do Governo introduzir condições especiais para a protecção dos interesses dos proprietários, Or Wai Sheun frisou que não tem interesse numa nova candidatura, já que “os riscos são demasiados”.
Esta terça-feira cerca de cem proprietários de casas do Pearl Horizon reuniram-se junto aos escritórios do Grupo Polytec, na Areia Preta, solicitando explicações sobre a resolução do problema do terreno. Muitos proprietários preocupam-se com a falência da empresa caso perca o recurso no TA, algo que poderá impedi-la de pagar indemnizações. Ip Wai Keong, director do Departamento de Administração do Grupo Polytec, respondeu que, caso a empresa perca, a questão vai ser tratada de acordo com o contrato de compra e venda das fracções.

10 Dez 2015

LAG | Deputados satisfeitos com prestação de Raimundo do Rosário

No rescaldo do primeiro dia das LAG de Raimundo do Rosário, os deputados consideram que o Secretário foi directo a todos os assuntos colocados em cima da mesa, mas lamentam que não tenham sido dados mais pormenores sobre vários assuntos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados José Pereira Coutinho e Gabriel Tong consideram que as respostas de Raimundo do Rosário aos deputados da Assembleia Legislativa (AL) ontem, durante as LAG, foram acertadas. Questionado pelo HM sobre o rescaldo do primeiro dia do Secretário para as Obras Públicas na AL, Pereira Coutinho classifica a sessão como “interessante” e explica que o responsável é o único que, desde o estabelecimento da RAEM, tem sabido resolver os problemas da tutela.
“O lixo não se consegue limpar todo de uma só vez e o Secretário está a corrigir e a resolver problemas que já vêm de trás, do tempo de pessoas que já não estão no poder”, disse.
O também presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau fazia alusão aos dois ex-Secretários desta pasta: “um está em Coloane [Ao Man Long] e outro está no Centro de Ciência [Lau Si Io]”. Também Gabriel Tong considera que se tratou de uma sessão com pés e cabeça, onde reinou o bom senso.
“O Secretário deu respostas claras e directas, é muito directo”, sublinhou. O também advogado acrescentou, no entanto, que algumas respostas não foram pormenorizadas, mas tal não faz com que Gabriel Tong deixe de ver a sessão como “positiva”.
Igualmente questionado pelo HM, Si Ka Lon vê as respostas do líder desta pasta como categóricas. No entanto, diz que lhe pareceu que Raimundo do Rosário não apresentou novas ideias para o futuro.
“Na minha opinião, o Secretário só se interessa em acabar primeiro os trabalhos do passado que ficaram por concluir”, começou por dizer.
O deputado exemplificou com a falta de pormenorização da resposta à sua pergunta: “O Secretário também não respondeu grande coisa ao que eu perguntei sobre a criação de uma cidade inteligente, que não foi mencionado no relatório das LAG, pelo que fica a ideia que de que não existem funcionários suficientes e não há, naquela pasta, um pensamento aberto à inovação”, apontou.
Si Ka Lon lamentou a inexistência de “um planeamento a cinco anos”, à semelhança daquele apresentado por Chui Sai On. O deputado considera, assim, que o Secretário pode responder de forma mais detalhada às perguntas colocadas.
“Espero que exista uma comunicação melhor. Parece-me que o Secretário diz que não consegue responder a uma determinada pergunta sem explicar porquê”, criticou. Finalmente, deixou a ideia de que “talvez o Secretário tenha medo de fazer alguma promessa futura” à população.

Directo ao assunto

Para o deputado Chan Iek Lap, que questionou Raimundo do Rosário quanto à Escola de Pilotagem, à protecção ambiental nas escolas e às telecomunicações, a sessão foi positiva na medida em que obteve respostas claras por parte de quatro dos directores de serviços presentes ontem na AL.
No entanto, lamenta que as respostas não tenham vindo de Raimundo do Rosário. De entre as questões repetidas, estão algumas relacionadas com a concessão dos terrenos ao abrigo da Lei de Terras, a celeuma do Pearl Horizon ou o trânsito.
Chan Iek Lap criticou o facto das respostas serem “muito vagas” e indirectas. “Não consegui ouvir o Secretário revelar pormenores sobre a revisão de leis, uma vez que se cingiu a dizer que faz tudo de acordo com a lei”, começou por dizer. “Não foi um debate muito profundo”, acrescentou. Chan Iek Lap considera, no entanto, que este comportamento se deve ao facto da língua materna do líder não ser Cantonês. “Deve ter receio de errar se falar demais”. O deputado fez ainda a comparação com Alexis Tam, que caracterizou como “muito falador”.
A defender a falta de pormenor nas respostas de Raimundo do Rosário está Mak Soi Kun, que preferia ter visto mais dados durante a tarde de ontem. “O Secretário respondeu os problemas de acordo com a lei, mas as suas afirmações não foram muito completas”, disse.

10 Dez 2015

Macau é segunda cidade chinesa mais “característica”

Macau fica no 14º lugar no ranking da competitividade das cidades chinesas, mas ocupa o segundo lugar das cidades mais características da China. O ranking, que já acontece há 14 anos, foi publicado ontem pelo Instituto de Competitividade de Cidades Chinesas. O resultado mostra que Xangai e Hong Kong mantêm os primeiros lugares das cidades mais competitivas, enquanto Macau fica no 14º lugar, retrocedendo dois lugares comparativamente ao ano passado. Foi a primeira vez que este instituto realizou o ranking das cidades turísticas mais características. Macau fica a seguir a Lhasa neste contexto e consegue também um segundo lugar na categoria das cidades que mais protegem o seu património, depois de Pequim. No que às cidades mais seguras diz respeito, o território consegue o sexto lugar, no âmbitos de consumo, de investimentos e de segurança social. Sobre a competitividade no crescimento, Macau não ocupa nenhum lugar no ranking deste ano, depois de ter ficado atrás dos primeiros 30 lugares no ano passado.   

10 Dez 2015

Au Kam San defende doenças crónicas e gravidez no privado

Não é contra o investimento no privado, mas quer, sim, a divisão de gastos. Au Kam San esclarece as declarações que fez na AL

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San esclareceu que não está contra o Governo investir mais no serviço público de saúde, mas diz que quer, isso sim, que cuidados de saúde ao nível das doenças crónicas, idosos e mulheres grávidas sejam transferidos para o privado, a fim de evitar uma “expansão ilimitada” das despesas nesta área.
Recorde-se que o deputado falou do excesso de apoios ao sector privado de saúde no debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) na área dos Assuntos Sociais e Cultura, onde disse que muito investimento no hospital público poderia prejudicar os serviços privados.
Ao HM, o deputado explicou melhor a ideia. “Não sou contra mais investimento no serviço público de saúde, mas as despesas não podem ser aumentadas sem limite. Como existe uma insuficiência dos serviços de saúde públicos e uma grande lista de espera nas consultas, concordo com a necessidade de investir de forma apropriada nos centros de saúde e Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. No entanto, como esses serviços são gratuitos, e como há muita procura, a oferta pode aumentar e os cidadãos deixarão de ir aos serviços privados. Com isso os cofres públicos poderão ser gastos de forma ilimitada, até o sector público ocupar todo os serviços em Macau”, referiu o deputado.

Sem controlo

Questionado sobre se acha suficiente a implementação dos subsídios para as consultas externas, no valor de 110 patacas por doente, nos centros de saúde privados, incluindo os serviços de urgência do Hospital Kiang Wu e oito centros de saúde de instituições sem fins lucrativos, o pró-democrata diz que não é uma boa medida.
“Na realidade, os cidadãos podem ir às consultas de 48 em 48 horas, ou seja, uma vez em dois dias, e é difícil o Governo controlar esses recursos públicos”, explica.
Au Kam San acha que o Governo deve preocupar-se com a falta de supervisão da atribuição de subsídios para as consultas externas no privado, além de criticar a escolha das “associações amigas do Governo”.
O deputado acha ainda que a sugestão sobre a distribuição dos cuidados de saúde pode ser diferenciada dos actuais subsídios, argumentando que, no serviço público, os residentes só vão às consultas uma vez entre um a seis meses, sendo “mais claro” o controlo das despesas. Au Kam San acredita que os subsídios deveriam ser atribuídos directamente aos residentes em vez de serem concedidos às clínicas privadas, num formato semelhante aos actuais vales de saúde.

9 Dez 2015

Caso IACM | Paulina Alves dos Sanos pede nulidade da sentença

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]aulina Alves dos Santos, advogada e assistente no chamado Caso IACM, do qual foi absolvido Raymond Tam, ex-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), pediu a nulidade da sentença do tribunal. De acordo com um comunicado enviado ao HM, a advogada – que também foi a denunciante do caso – explica que pediu a nulidade da sentença ao Tribunal de Segunda Instância (TSI), o que pode impedir, diz, que Raymond Tam e outros três arguidos possam não voltar ao trabalho este ano, como o Governo disse que iria acontecer. paulina alves dos santos
Recorde-se que, no final do mês passado, Raymond Tam viu confirmada a absolvição pelo TSI do crime de prevaricação de que ia acusado por, segundo a acusação, ter atrasado propositadamente a entrega de documentos relacionados com a atribuição de dez campas perpétuas ao Ministério Público. Com ele, foram absolvidos outros três funcionários do IACM.
O caso envolvia a ex-Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, que não chegou a ser pronunciada arguida pelo Tribunal de Última Instância. Chan disse estar satisfeita com a decisão mais recente do tribunal, em absolver os quatro trabalhadores. “Obviamente. Foi feita justiça. Mas não quero comentar mais”, disse a antiga Secretária para a Administração e Justiça, depois da cerimónia de entrega de medalhas a propósito do aniversário da RAEM, citada pela Rádio Macau.

9 Dez 2015

Infertilidade | Wong Kit Cheng pede continuidade de tratamentos fora de Macau

O cancelamento do apoio a residentes inférteis levou Wong Kit Cheng a escrever um comunicado, onde apela aos SS que voltem a implementar um mecanismo que, apesar de tudo, estava a ajudar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Wong Kit Cheng pediu aos Serviços de Saúde (SS) que voltem a subsidiar os residentes de Macau que tenham problemas em ter filhos, e que tenham sido diagnosticados problemas de infertilidade. Isto porque o subsídio, que permitia às mulheres fazerem tratamentos de inseminação artificial em Hong Kong, foi cancelado pelos SS no mês passado sem aviso prévio.
Num comunicado enviado pela deputada à imprensa, Wong Kit Cheng explicou que um grupo de cidadãos inférteis viu todos os tratamentos fora de Macau suspensos em Novembro. Os SS referiram, durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) da área dos Assuntos Sociais e Cultura, que o tratamento de infertilidade “não é urgente” e que “nenhum outro governo se responsabiliza pelas as despesas de inseminação artificial”. No entanto, a deputada apontou casos como os de Hong Kong, Taiwan, Singapura, Estados Unidos, entre outros, explicando que esta é a principal medida empregue para tratar a infertilidade.
“Embora actualmente não se possa confirmar se existem países que pagam todas as despesas de tratamento de inseminação artificial, alguns oferecem apoios financeiros como uma das políticas para aumentar a taxa de natalidade”. 
Wong Kit Cheong defende ainda que a Lei de Bases da Política Familiar regulamenta exactamente a existência de um plano familiar. Este inclui, por sua vez, os trabalhos de tratamento de infertilidade. Assim, considera que os SS devem tratar disso como uma prioridade. A deputada avançou que os SS têm salientado que o regime de transporte de pacientes para tratamento no estrangeiro é rigoroso, ou seja, deve ser julgado por médicos especializados, seguido da apresentação de um pedido a um chefe de departamento e da apreciação por uma junta médica. No entanto, a deputada alega que os SS exemplificaram que os casos acima referidos não foram bem sucedidos por mais de seis vezes, avaliando esta questão como um abuso do regime.
“Apesar de inseminação artificial poder não ser bem sucedida, pelo menos dá oportunidade de tratamento aos pacientes. O organismo deve ter um regime que evite o abuso irracional do subsídio e, antes que tal seja criado, os SS devem rever o seu sistema de transporte em vez de cancelar todo o apoio para os residentes inférteis”, acrescentou.

9 Dez 2015