Andreia Sofia Silva EventosColoane | Pinturas invadem vila, num diário pictórico feito por um artista anónimo Entre 1 e 7 de Outubro, a vila de Coloane terá espalhado nas ruas uma série de quadros de um artista anónimo. Sem inauguração oficial, sem explicação, sem artista, “See her around Coloane” é um diário de imagens de uma personagem por várias cidades e que culmina na ilha Apenas arte. Sem artista, sem pessoalizar, sem inauguração oficial ou clandestina, sem fitas cortadas ou coroas de flores, as ruas da vila de Coloane serão ocupadas por uma série de quadros que retratam o diário de uma mulher, cujo nome poderia ser traduzido como “Pequena Escuridão”. Os quadros vão estar expostos na rua entre amanhã e sexta-feira, dia 7 de Outubro. O HM falou com o artista que não se quis identificar, mas que revelou que este será o primeiro episódio de um projecto para continuar. “Ao longo deste mês desenhei algo bastante diferente do que estou habituado. A minha inspiração foi o tempo desta altura, o Outono e a tranquilidade. Quis fazer algo mais leve e casual”, contou o artista. Todos os trabalhos têm como epicentro uma mulher, a “Pequena Escuridão”, que após viajar por inúmeras cidades acaba por chegar a Coloane. Ao longo das ruas da vila, apenas um quadro sustentado por tripé funciona como uma publicação numa rede social, com o desenho a substituir a tradicional selfie, e a caminhada a equivaler ao scroll down numa aplicação para telemóvel. Em vez do ecrã de um aparelho eléctrico, a vida da personagem central da não-exposição decorre na via pública. Atrás da cortina “Não tenho expectativas em relação a este projecto, não meti o meu nome no poster”, indicou o artista, afastando o protagonismo naturalmente decorrente da identificação. “Em situações anteriores, o público poderia associar os trabalhos à minha pessoa, quis evitar isso. Quem sabe quem eu sou, pronto, que saiba. Mas pode ser que quem não saiba se interrogue sobre como foram ali parar estas pinturas. O artista desapareceu. Quero deixar essa parte identitária à imaginação do público”, contou. Resta a interacção entre os transeuntes e as obras, sem inauguração, sem presenças oficiais, sem hora para começar ou acabar. O artista revelou ao HM que em trabalhos anteriores é recorrente o encontro entre a arte e a vida, a sua vida. “Frequentemente, a criação artística parte de uma ideia grande. Desta vez limitei-me a reproduzir representações de momentos, como um diário em imagens. Não quis desenhar coisas relacionadas comigo. Sou um homem e criei uma mulher que conta histórias através de imagens.” Nas antípodas das grandiloquentes elaborações sobre objectos artísticos, “See her around Coloane” é uma brisa, um convide a um passeio relaxado pela vila, um hino à casualidade.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePátio da Claridade | Proprietário quer revitalizar zona, mas não consegue Há um novo projecto de revitalização para o Pátio da Claridade, no Porto Interior, mas a actual legislação impede o proprietário de reconstruir e ali desenvolver um projecto turístico inovador. Conselho do Planeamento Urbanístico discutiu nova proposta de revitalização, que será novamente analisada pelo Executivo O lote das antigas casas construídas em madeira, com varanda, situado no Pátio da Claridade, corre o risco de ruína devido à legislação em vigor que impede o proprietário de ali desenvolver um projecto de revitalização, mantendo as características históricas do local. A planta de condições urbanísticas (PCU) submetida pelo proprietário foi ontem discutida pelo Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), mas será novamente analisada pelo Governo, tendo em conta que a maioria dos vogais defendeu a preservação e um diálogo aprofundado com o dono da propriedade. Rui Leão, arquitecto, que ontem assistiu à reunião do CPU com o proprietário, defende que é necessário alterar e flexibilizar a legislação para preservar mais propriedades do género. “O que está implícito nesta PCU é que ninguém vai tocar na propriedade, que vai entrar em ruína mais cedo ou mais tarde”, disse ao HM. “Há muito que o proprietário quer ali implementar um projecto que dê resposta a um novo tipo de oferta turística, pois está na zona certa, perto do templo de A-Má, e tem todas as condições para oferecer uma experiência cultural integrada, o que é raro em Macau”, frisou. Sem querer divulgar o nome do proprietário, Rui Leão explicou que a sua intenção é mostrar que o sector privado também pode investir na revitalização do património, sendo necessária a garantia de sustentabilidade económica. Nesse sentido, o arquitecto defende mudanças na legislação que melhor definam as contrapartidas dos proprietários privados que investem, como um regime de subsídios, ou o estabelecimento do regime de contrapartida de direitos aéreos. Tal determina, por exemplo, que, no caso de um proprietário só poder construir dois de dez metros em altura propostos, possa erguer a restante área num outro local onde não haja restrições por causa do património. De frisar, que na reunião de ontem do CPU, um dos vogais apontou este problema. “Outro membro do CPU lamentou a pouca flexibilidade da legislação em vigor. “Se observarmos as opiniões não vinculativas do IC nem é permitido fazer qualquer revitalização. Há restrições em relação à altura [das casas] e com isso é impossível revitalizar a zona. com tantas regras é como se não fosse permitido revitalizar ou construir”, rematou. Problema antigo O lote de casas no Pátio da Claridade, situado na zona do Porto Interior, era propriedade da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) que sempre arrendou os apartamentos a famílias com baixos rendimentos. A necessidade de requalificação já se coloca desde 2007, sendo que, em 2010, a STDM enviou cartas de despejo aos moradores. No entanto, nada aconteceu até à data. Caso o novo projecto avance, “o proprietário está atento à questão do alojamento dos moradores e está em diálogo com eles”, garantiu Rui Leão. Um dos vogais do CPU lembrou o lado histórico desta propriedade. “Estes edifícios foram construídos por personalidades ricas como Ho Yin e Stanley Ho e foram deixados para muitas pessoas viverem pagando uma renda. Se for feita apenas uma pequena reparação não terá muito interesse. Podemos ter outros meios para que se torne num ponto turístico”, disse. Outro vogal defendeu a necessidade de dialogar com o proprietário, para que haja “uma ponderação entre a propriedade privada e a revitalização”, além de que “devia ser elaborada uma proposta sobre a altura” de construção. O representante do Instituto Cultural no CPU descreveu o lote de casas no Pátio da Claridade como sendo “um pouco especial, com estilo português”, sendo esta “uma das construções mais completas e preservada, em relação a outros pátios em Macau”. O parecer não vinculativo do IC pede a preservação da fachada e as características de construção. De frisar que o Pátio da Claridade não é um monumento classificado e não está numa zona tampão ou de protecção no que ao património diz respeito, mas as características históricas que possui impõe a importância de preservação.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEstudo | Comunidade portuguesa corre o risco de se “esvaziar” A académica Vanessa Amaro voltou a analisar a comunidade portuguesa e conclui, de forma preliminar, que há o risco de “esvaziamento”, com a progressiva saída de pessoas e quadros qualificados. Muitos dos que ficaram lamentam não ter saído mais cedo Defendida em 2016, na Universidade de Macau (UM), a tese de doutoramento de Vanessa Amaro traçou o perfil da comunidade portuguesa de Macau e procurou estabelecer um padrão de comportamento dos que emigraram de Portugal. Anos volvidos, a académica decidiu falar com alguns dos entrevistados, inserindo novas pessoas no trabalho, para analisar a comunidade portuguesa de hoje. O trabalho não está concluído, mas já existem algumas conclusões: dos entrevistados com quem falou, entre 2012 e 2015, 60 por cento deixou Macau. “Há um esvaziamento gradual da comunidade. Como está a perder um grande volume de pessoas, quem fica cá fica numa posição mais fragilizada, com menos relevância na sociedade. Uma pessoa que entrevistei disse-me não saber se estava a viver um novo 1999 ou se o 2049 já tinha chegado”, contou ao HM. Vanessa Amaro apresenta amanhã algumas conclusões preliminares do estudo na palestra “O que se segue para a nossa ‘mobília’? Revisitando o papel da comunidade portuguesa na RAEM na última década”. A ideia é que os portugueses se sentem “parte da mobília” de Macau, olhando-se, assim, para o novo lugar que lhes pertence. A sessão contará com a presença de Cathryn Clayton, da Universidade do Hawai. Muitos entrevistados já não se reveem nas declarações que deram para a investigação de Vanessa Amaro. “Na altura, tinham a certeza de que continuariam em Macau por muito mais tempo. Tenho pessoas que se reformaram, mas que não foram embora porque tinham estado cá muitos anos e não tinham fortes relações sociais em Portugal. Mas, agora arrependem-se de não terem ido embora antes.” Os sentimentos dos que saem agora revelam um misto de “mágoa” e sensação de falta de bom acolhimento. “As pessoas sentem-se empurradas a sair, mas não sabem dizer exactamente o que é que as empurra para fora. Acham que não são tão acolhidas. Essa pequena rede de apoio que havia antes, o ter um médico português conhecido no hospital por exemplo, já não existe. As pessoas estão a desaparecer dos seus cargos e funções.” Verifica-se também o cenário de muitos quadros qualificados, que vieram para Macau nos anos 80 e 90, estarem agora a reformar-se. “É natural que muitas pessoas vão embora, é uma questão temporal. Isso faz com que a comunidade portuguesa se esvazie neste momento.” O peso das restrições Nesta nova ronda de entrevistas académicas, Vanessa Amaro concluiu que as restrições impostas pelas autoridades para travar a pandemia da covid-19 contribuíram para a saída de Macau de muitos portugueses. “As pessoas dizem ter perdido qualidade de vida, ao existir muita poluição e com um custo de vida muito elevado. Com a pandemia, o que muitas pessoas falam é que ponderaram a questão da distância e destacaram outros valores. Há quem diga que aqui não há um ambiente social indicado para criar filhos, por ser discriminatório face a outras comunidades.” Muitos temem que a sua liberdade pessoal comece a ficar afectada e com a “possibilidade de serem criadas novas leis que possam interferir na sua vida quotidiana”. “As pessoas não querem colocar-se nessa posição sabendo que não têm mais a rede de apoio. A perda de liberdades não afectava o dia-a-dia das pessoas, mas com estas restrições tudo mudou. Há muito receio de partilhar opiniões”, frisou a académica. Vanessa Amaro destaca que “não quer dar lugar a generalizações”. “Proponho-me apenas a fazer uma reflexão sobre um momento crítico que a comunidade está a viver. Este é um trabalho qualitativo, pois aborda questões que não se podem colocar em números”, adiantou. Quem também fala amanhã na mesma sessão de palestras, promovida pela Universidade de São José, é o antropólogo Carlos Piteira, que vai falar sobre a manutenção da identidade macaense nos novos tempos. “A comunidade macaense não corre o risco de se esvaziar ou desaparecer, mas há uma situação de fragilidade. Tem de encontrar pontos de apoio se quiser manter o que é o primado da etnicidade. Existem hoje novos factores”, concluiu. Tese analisou padrões de comportamento de portugueses A tese de doutoramento de Vanessa Amaro, ex-jornalista e docente, teve como base uma amostra de 60 portugueses que emigraram para Macau antes e depois da transição. O objectivo foi identificar padrões de comportamento e de discurso da comunidade. A tese, intitulada “Identidade e questões do estatuto sociocultural na comunidade portuguesa na Macau pós-colonial”, dividiu a amostra entre os que chegaram antes de 1999 e os que vieram na onda de um novo fluxo migratório, principalmente desde 2005. “Uma coisa comum é que todos pensam Macau como uma coisa muito temporária”, disse à Lusa, aquando da defesa da tese, Vanessa Amaro, recordando que muitos dos que chegaram antes da transição nunca compraram casa, não aprenderam chinês nem criaram relações profundas com a comunidade chinesa porque sempre tiveram a intenção de “um dia ir embora”. Quem chegou numa fase mais recente tinha então o mesmo discurso e encarava Macau como “um trampolim profissional, uma forma de ganhar experiência profissional e fazer poupanças, para depois se mudarem para um destino que não necessariamente Portugal”. Outro denominador comum era a recusa do termo “emigrante” para definir um português que vive em Macau, por ser “pejorativo”. Agarram-se, por um lado, ao “peso da história”, considerando ter um “papel importante” a desempenhar e “uma posição privilegiada”, soando como “uma ofensa” colocá-los em pé de igualdade como outras comunidades, como a filipina. Efeito caravela A académica destacou a “bolha” em que vivem alguns portugueses, que adoptaram a ideia de que podem fazer a sua vida sem precisar de aprender chinês porque “têm as suas rotinas, os seus amigos, fecham-se nos seus grupos e fazem toda a sua vida no circuito português”. Só seis dos entrevistados falavam fluentemente cantonense. O estudo também identificou padrões nas razões que trouxeram os portugueses a Macau antes e depois de 1999 e nos motivos que os levam a permanecer, como as questões financeiras. O trabalho que é apresentado amanhã na Universidade de São José visa dar uma nova roupagem a esta investigação tendo em conta a nova realidade que a comunidade portuguesa vive. Com Lusa
Andreia Sofia Silva SociedadeColoane | Placas de sinalização em inglês retiradas A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) explicou ontem que as placas de sinalização de trânsito em inglês, encontradas junto à rotunda do Altinho de Ká Hó, em Coloane, já foram substituídas por placas em português e que a mudança se deveu a um projecto de filmagem no local. “Verificou-se que, devido às necessidades de filmagem, o Type-F Studio, uma produtora local, instalou provisoriamente adereços das placas de sinalização de trânsito no local, no dia 27 de Setembro, entre as 9H30 e as 13h. Na altura, estavam presentes agentes policiais para manter a ordem do trânsito e o requerimento da filmagem tinha sido previamente submetido aos serviços competentes.” De frisar que o deputado José Pereira Coutinho denunciou o episódio nas redes sociais.
Andreia Sofia Silva EventosLivro | Relatos e cartoons sobre grandes cantores apresentado hoje José Manuel Simões escreveu durante anos sobre músicos e música e, desta vez, resolveu lançar um livro sobre nomes bem conhecidos como Cesária Évora, Céline Dion, Arnaldo Antunes ou Adolfo Luxúria Canibal, entre outros. A obra, intitulada “IE!! Na intimidade com as estrelas da música”, é baseada em crónicas jornalísticas, inclui cartoons de Rodrigo de Matos Cesária Évora, a grande diva da música de Cabo Verde, actuava descalça em palco e era conhecida por beber e fumar muito. Um dia, nos bastidores do Coliseu do Porto, antes de actuar, despejou uma garrafa de aguardente velha, que fez acompanhar com café e cerveja. Na hora de pedir a segunda garrafa, deixou o jornalista que a observava atónito: como é que ela ia cantar depois de beber tanto álcool? José Manuel Simões era esse jornalista e acabou por perguntar: “Dona Cesária, não me oferece um copinho?”. “Estabeleceu-se ali uma relação que foi até ao fim da vida dela”, recordou, ao HM, o então jornalista, hoje académico da Universidade de São José e autor do livro de crónicas “IE!! Na intimidade com as estrelas da música”. A obra, que conta com textos sobre músicos portugueses e internacionais bem conhecidos de todos, baseia-se em crónicas jornalísticas do mesmo autor e inclui cartoons de Rodrigo de Matos. A apresentação acontece hoje no bar Roadhouse, a partir das 17h30, com moderação do jornalista José Carlos Matias, mas a obra será também apresentada no Porto, em Portugal, em Dezembro. José Manuel Simões espera ainda editar um segundo volume do livro. As crónicas de música de José Manuel Simões foram publicadas na imprensa portuguesa entre os anos 90 e 2000, nomeadamente no Jornal de Notícias e Correio da Manhã. Nelas se revelam pormenores curiosos, interessantes ou engraçados sobre a relação que o autor foi estabelecendo com muitos dos músicos que entrevistou, e que deram origem a este livro. “Entre 2018 e 2019 comecei a compor [as crónicas] quase como um exercício de memória e um lugar de afecto”, disse o autor ao HM. “Tinha saudades das minhas relações com os músicos e com a música, pois Macau não é propriamente um lugar de música, muito menos de pop rock. As crónicas têm um aspecto insólito, que são as particularidades das relações que fui construindo ao longo dos anos. Como jornalista, quando entrevistamos a mesma pessoa várias vezes criamos laços. Conto histórias a que assisti, nos bastidores, essas intimidades fazem parte do livro”, descreveu ainda. O livro, editado pela Media XXI, retrata pedaços das vidas de músicos como os brasileiros Arnaldo Antunes, Ana Carolina e Daniela Mercury, ou ainda Debby Harry, vocalista dos Blondie, ou Ben Harper, entre outros. Numa nota, José Manuel Simões acrescenta que “alguns dos episódios aqui revelados baseiam-se nessas crónicas que davam a conhecer aos fãs, sempre ávidos de saber algo mais sobre quem admiram, momentos inesquecíveis que tive a felicidade de viver e que hoje, volvidas duas décadas, estão aqui expostos”. José Manuel Simões, que escreveu as biografias de Cesária Évora e Júlio Iglésias, contou ainda uma história particular que viveu com o músico espanhol, ainda que não esteja retratado em “Na intimidade com as estrelas”. “É um cantor que não aprecio particularmente, mas estive na casa dele em Miami, em Madrid, conheci o pai dele, a família. Ele não gostou do livro e disse que não me autorizava a publicá-lo, mas eu fi-lo na mesma. Perdi uma fonte e um amigo, mas achei que era do interesse público [contar a história].” O traço de Rodrigo Rodrigo de Matos foi desafiado a criar desenhos de personalidades bem conhecidas do mundo da música e não hesitou. “Tentei fazer caricaturas mais ou menos originais baseando-me nas coisas escritas nas crónicas. O desafio passou por fazer isso de forma pertinente e engraçada ao mesmo tempo. Já conhecia os artistas e alguns eram-me mais próximos. Mas tentei fazer o trabalho sempre da mesma forma.” O cartoonista confessou que fazer o desenho de Céline Dion revelou-se mais difícil. “As crónicas variam um pouco em termos de capacidade de visualização de uma cena. A de Celine Dion era bastante introspectiva e baseava-se numa relação pessoal que ele escreveu com ela, e não teve nenhum episódio muito rocambolesco. Tive uma certa dificuldade nesse desenho.” Acima de tudo, Rodrigo de Matos quis que o seu trabalho “fosse ilustrativo dos próprios textos, mas sem ser algo redundante”. “Isso consegue-se com uma introdução humorística, de um determinado aspecto do texto, sem fazer o retrato literal de uma cena”, acrescentou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSemana Dourada | Governo prepara actividades para receber turistas Fogo de artifício para comemorar o Dia Nacional e novos elementos no Museu do Grande Prémio já a partir de sábado. São estes alguns ingredientes preparados pelas autoridades para revitalizar o turismo e a economia no período da Semana Dourada que se avizinha Os operadores turísticos e económicos estão de olhos postos nos feriados da Semana Dourada, que se celebra na próxima semana, entre os dias 1 e 7 de Outubro, a propósito do aniversário da implementação da República Popular da China. Com vista à recuperação do turismo e da economia, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) procura “atrair visitantes a Macau através de uma série de actividades festivas diversificadas, enriquecer a experiência turística e, ao mesmo tempo, atrair os visitantes para diferentes zonas comunitárias, revitalizando a economia”. Um dos primeiros eventos acontece no sábado, com um espectáculo de fogo de artifício às 21h na baía em frente à Torre de Macau. Com a duração de 15 minutos, o fogo de artifício será composto por quatro temáticas intituladas “Viva a Pátria”, “Anos Dourados”, “Aspirações comuns para o futuro” e “Juntos traçamos o sonho chinês”. Também a partir de sábado o Museu do Grande Prémio terá dois novos elementos para atrair mais visitantes, tal como um simulador de Fórmula 3, para replicar “a experiência extraordinária de ser piloto”. Será também organizada uma visita guiada de realidade aumentada com o nome “Uma Jornada de RA pela História do GP de Macau”, tendo sido adicionados mais jogos interactivos com o nome “A Partida Clássica” e “Sou Piloto”. Despertar da comunidade Outro projecto que também arranca no fim-de-semana é “O Esplendor das Ilhas – Visitas guiadas às zonas comunitárias” em locais históricos e tradicionais como as Casas-Museu da Taipa e a vila de Ka-Hó, em Coloane. Estes percursos acontecem no sábado, domingo, e nos dias 8 e 9 de Outubro. Para estes dias estão também agendadas visitas guiadas à Rua dos Ervanários, local no centro histórico da península com muito comércio tradicional, e no Largo de Santo Agostinho. A DST organizará ainda a “Feira de Diversões para Desfrutar Macau” nas Casas-Museu da Taipa e a iniciativa “Turismo Nostálgico de Coloane e Património”, nos estaleiros navais de Lai Chi Vun e na vila de Coloane. Na próxima semana, entre quinta-feira e domingo, será possível participar na 22ª edição do Festival de Gastronomia do Sudeste Asiático, que decorre na Rotunda de Carlos da Maia e na Rua da Restauração. Entre amanhã e domingo, dia 9, decorre a actividade “Beleza dos Bairros Antigos 2022 – Feira da Taipa”, sem esquecer a exposição de lanternas “Celebração de Arte e Cultura – Festival de Lanternas Artísticas”, que começa hoje e que termina a 31 de Outubro no Grand Lisboa Palace. A DST aposta ainda nas habituais campanhas promocionais do turismo de Macau e em programas de descontos em parceria com plataformas de comércio electrónico.
Andreia Sofia Silva PolíticaBalança de Pagamentos com superavit de 10,9 mil milhões de patacas A Balança de Pagamentos (BP) da RAEM registou, no ano passado, um superavit de 10,9 mil milhões de patacas, destacando-se o saldo positivo de 23,7 mil milhões na conta corrente e a quebra de 10,1 mil milhões de patacas nos activos financeiros líquidos não reserva. Os dados, divulgados ontem pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) dizem respeito às estimativas preliminares para a BP, composta pela conta corrente, conta de capital e conta financeira. A BP é um registo estatístico integrado que apresenta os resultados das transacções externas entre um sistema económico e todo o mundo. Por sua vez, as exportações de mercadorias obtiveram um crescimento de 92,4 por cento em termos anuais, enquanto que a importação de mercadorias teve uma quebra de 58,1 por cento. Os dados mostram ainda que o deficit registado na conta de mercadorias aumentou de 61,5 mil milhões de patacas em 2020 para 85,6 mil milhões em 2021, “dado que o valor base das importações foi superior ao das exportações”. Relativamente às exportações de serviços, houve uma subida de 60,1 por cento no ano passado, número que se explica pelo aumento das exportações de serviços turísticos, enquanto as importações de serviços aumentaram 20,6 por cento. O superavit na conta de serviços da BP passou, portanto, das 66,2 mil milhões de patacas em 2020 para 116,3 mil milhões de patacas em 2021. Quebra na conta corrente Destaque ainda para a quebra de 7,7 mil milhões do superavit da conta corrente da BP, tendo-se situado, em 2021, nas 23,7 mil milhões de patacas. A AMCM explica que “o superavit observado no comércio de serviços e a entrada líquida de rendimento primário compensaram o déficit do comércio de mercadorias e a saída líquida de rendimento secundário”. Por sua vez, os activos financeiros não reserva registaram uma entrada líquida de 10,1 mil milhões de patacas em 2021, contra uma saída líquida de 33,8 mil milhões em 2020. Salienta-se que o investimento directo baixou das 70,6 mil milhões de patacas em 2020 para 30,6 mil milhões em 2021, devido ao facto de “ter estreitado o declínio dos passivos de investimento directo”.
Andreia Sofia Silva SociedadeTJB | Agressão a funcionária em supermercado dá prisão O Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou, na última sexta-feira, duas pessoas a penas de prisão no âmbito do caso de agressão a uma funcionária num supermercado da cadeia Tai Fung, em Outubro do ano passado. Segundo a sentença, divulgada pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), o TJB condenou um dos arguidos, cliente do supermercado, a três anos de prisão efectiva pelo crime de ofensa grave à integridade física, enquanto o outro arguido, também cliente, foi condenado a uma pena de três anos e três meses de prisão efectiva pelo mesmo crime. Os dois arguidos devem ainda pagar 100 mil patacas por danos não patrimoniais à vítima da agressão, bem como 36,429 patacas por danos patrimoniais à cadeia de supermercados Tai Fung. A ATFPM comenta a decisão dos juízes afirmando que “graças à justiça de Macau, a funcionária está emocionalmente mais calma”. Este caso foi acompanhado pelos deputados José Pereira Coutinho e Che Sai Wang, ligados à ATFPM, desde o início. Na altura, a mulher foi agredida por dois clientes e recebeu tratamento no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), mas queixou-se aos meios de comunicação social de ter sido “obrigada” a deixar as instalações hospitalares sem que a família tenha sido notificada da alta. Os Serviços de Saúde de Macau sempre afastaram qualquer irregularidade no processo de saída da doente.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUM | João Veloso quer mais alunos de fora da China a aprender português O novo director do departamento de português da Universidade de Macau pretende, a curto prazo, atrair mais alunos de países asiáticos e de língua portuguesa, bem como reabrir o doutoramento na área da literatura, suspenso por falta de docentes São três os desejos de João Veloso na qualidade de novo director do departamento de português da Universidade de Macau (UM). Depois de mais de 30 anos ligado à Universidade do Porto, onde foi pró-reitor, João Veloso confessou querer “aumentar o intercâmbio de alunos de fora da China, sobretudo dos países asiáticos e de língua portuguesa”. Mas João Veloso quer também que a UM seja um lugar de “realizações culturais”, para que o português também se ensina através da literatura, do cinema e de outros eventos, aproveitando as actuais infra-estruturas. Outro objectivo é a reabertura do programa de doutoramento em literatura, suspenso devido à falta de docentes doutorados. No entanto, João Veloso acredita que a questão será “mitigada” a curto prazo, uma vez que estão abertos concursos de recrutamento de docentes nesta área. João Veloso diz ter encontrado um “departamento muito numeroso”, com cerca de 800 alunos, não incluindo estudantes de pós-graduação, bem como 40 docentes. “Os números são surpreendentes em si, porque creio que não haverá muitos departamentos do mundo exclusivamente dedicados ao português que tenham um número tão elevado de alunos. Mas isso é também uma responsabilidade muito grande, pois temos de assegurar tantos alunos mantendo a qualidade”, disse ao HM. Falta de rede João Veloso chegou a Macau em Julho e fez o seu “trabalho de casa” no que diz respeito ao panorama do ensino do português, lamentando a pouca cooperação entre diversas instituições do ensino superior. “Há aqui um conjunto de recursos impressionantes [para o ensino do português], se pensarmos na dimensão geográfica e demográfica do território. Poderia haver uma maior concertação entre instituições, pois parece-me que não dialogam nem cooperam como poderiam”, frisou. Tendo em conta que cada universidade tem o seu perfil nesta área, João Veloso defende que a UM “deverá assumir-se como um local de investigação em estudos portugueses”. “Falo das áreas centrais como a linguística, literatura e cultura portuguesas. Isso reflecte-se nos programas de pós-graduação que oferecemos”, acrescentou, em comparação à Universidade Politécnica de Macau, que “tem um papel importante na formação de professores de português para Macau e para o Interior da China”. “Há aqui especializações e os destinatários destas formações não são propriamente coincidentes. Um passo a dar seria promover mais iniciativas conjuntas”, disse. Questionado sobre o papel que Macau vai desempenhar tendo em conta o aumento de professores de português qualificados no Interior da China, João Veloso acredita numa complementaridade. “À medida que [as universidades chinesas] vão tendo mais programas de pós-graduação haverá maior oferta de formação e investigação, e isso é de salutar. Nesse cenário, as universidades de Macau vão ter de entrar numa relação de intercâmbio e criar um trabalho em rede. Macau terá sempre uma posição peculiar em relação à língua portuguesa, que Pequim ou Xangai nunca terão”, rematou.
Andreia Sofia Silva SociedadePJ | Fotojornalistas do Ou Mun vencem prémios em concurso A edição deste ano do concurso de fotografia “A Polícia Judiciária – Vista pelos Olhos da Imprensa” premiou, na sua maioria, fotojornalistas do diário Ou Mun, atribuindo três primeiros prémios e seis menções honrosas de um total de 57 trabalhos apresentados a concurso. O primeiro lugar foi atribuído a Ho Chin Hang, do jornal Ou Mun, com uma fotografia sobre a detenção de Alvin Chau, ex-CEO do grupo Suncity, actualmente em julgamento pela acusação dos crimes de burla e branqueamento de capitais. O trabalho fotográfico do jornal Ou Mun obteve também o segundo e terceiro lugares. Por sua vez, as seis menções honrosas foram atribuídas a Ho Chin Hang, do Ou Mun, Lam Seng Chou, do jornal Sengshi Kuai Pou, Vong Weng Kuong, do Today Macau Journal, Zheng Weixin do jornal Hou Kong Daily e Kwan Wing Yin, do Ou Mun. Os prémios foram escolhidos na segunda-feira e visam implementar o conceito de “policiamento de proximidade”, a fim de melhorar a colaboração entre a polícia e a imprensa. A Polícia Judiciária adianta ainda que “o objectivo deste concurso é evidenciar, através de imagens captadas durante o trabalho diário dos jornalistas, todos os aspectos do dia-a-dia da polícia, nomeadamente a investigação, recolha de provas e o trabalho de cooperação entre a polícia e a população”. A PJ realizou, desde 2006, 16 edições do concurso de fotografia, à excepção do ano de 2020, quando surgiu a pandemia da covid-19.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEconomia | Regresso das excursões e vistos é medida “prometedora” O economista José Sales Marques considera que o regresso das excursões e dos vistos electrónicos é uma medida positiva para o turismo de Macau, mas quanto ao fim das quarentenas Hong Kong “dá um passo muito mais à frente” face à RAEM. Sales Marques é um dos oradores numa palestra hoje na Fundação Rui Cunha O anúncio, no passado fim-de-semana, de que vão regressar as excursões da China e a emissão de vistos electrónicos é visto como um sinal positivo para a recuperação do turismo. Esta é a ideia deixada pelo economista José Sales Marques, que fala hoje no debate promovido pela Fundação Rui Cunha (FRC), intitulado “The way forward Macau’s economy” [O caminho em frente da economia de Macau], que acontece a partir das 17h30. “As medidas são positivas e prometedoras”, disse ao HM. “O regresso dos vistos electrónicos e das excursões é um aspecto extremamente importante. Esperava que isso acontecesse já a 1 de Outubro, mas só será mais para o final do mês. Esperemos que nada de novo aconteça de negativo do ponto de vista da pandemia e possamos ter um final de ano melhor do que este ano, que tem sido péssimo do ponto de vista económico para Macau.” HK mais à frente Questionado sobre o fim da quarentena em Hong Kong, José Sales Marques entende que “é dado um passo muito mais em frente do que aquele que é dado em Macau, até porque Hong Kong está mais virado para o mercado internacional, dado o seu posicionamento no mercado financeiro”. “Macau vai continuar a depender, durante algum tempo, do mercado chinês. Uma vez que a China continua a seguir a política dinâmica de zero casos, com uma gestão muito apertada sobre entradas e saídas, Macau não tem outra solução a não ser seguir isso”, adiantou. O economista vai hoje abordar o futuro da economia sob várias perspectivas, uma delas “a alteração da estrutura do jogo, que vai ter influência do ponto de vista das receitas”. “Teremos de ver quais são as possibilidades com a atracção de novos segmentos de turistas, nomeadamente estrangeiros. Será mais viável? Como é que Macau se vai posicionar ao nível do city branding [a marca de Macau], para atrair novos segmentos que estão afastados desta realidade? Que trabalho promocional é que isso implica, tendo em conta o desenvolvimento da Ilha da Montanha?”. Estas são questões colocadas pelo economista a que o debate de hoje na FRC irá dar resposta. Juntamente com José Sales Marques participam Rui Pedro Cunha, presidente da Câmara de Comércio Europeia em Macau, Kevin Ho, na qualidade de presidente da Associação de Comércio e Indústria de Macau, e Henry Lei, professor de economia na Universidade de Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePandemia | Amélia António diz que últimos três anos foram “desastrosos” A presidente da Casa de Portugal em Macau realçou o impacto negativo que os anos de combate à pandemia tiveram na génese cultural e socioeconómica de Macau. Amélia António defende que não basta às autoridades falarem sem concretizarem projectos prometidos É mais um sinal de alerta. A presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, disse à TDM Rádio Macau que os últimos três anos têm sido “desastrosos” para várias áreas da sociedade. “Estes três anos têm sido desastrosos para tudo, a todos os níveis. Ao nível económico, ao nível cultural, ao nível da abertura de Macau ao mundo. Na minha perspectiva, Macau não se pode só dizer que é, tem de ser.” A responsável falou aos jornalistas à margem da 10ª Exposição Internacional de Turismo, que contou com a representação de associações dos países de língua portuguesa e que terminou ontem. Amélia António não deixou de frisar que, num contexto de pandemia, é importante “marcar posição” neste tipo de iniciativa. A dirigente e advogada pede que Macau mantenha a sua especificidade cultural, sob pena de perder interesse para quem a visita. “Macau, há 500 anos, tornou-se uma porta e uma janela da China para o mundo e do mundo para a China. Hoje a China está aberta ao mundo de outra maneira, mas, apesar disso, Macau continua a ter um papel de ligação com o mundo, até do ponto de vista cultural. Se Macau deixar de ter as características culturais que tem, turisticamente também perde o interesse. Porque vir a Macau? Vai a uma cidade maior da China, a Xangai, a Pequim, a outro sítio qualquer, e vê, em grande, aquilo que em Macau há de pequenino.” Amélia António não tem dúvidas de que não basta às autoridades falarem dos projectos políticos que pretendem desenvolver para o território, apelando à concretização. “Não se pode só dizer que se é uma plataforma, só blá blá não chega. Tem de ser real.” Parabéns a você A 10ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau decorreu este fim-de-semana, entre sexta-feira e domingo, com o tema “Um Brinde à 10ª MITE”. A fim de celebrar o aniversário do evento, foram apresentados sete destaques “destinados a aprofundar a integração intersectorial ‘turismo+’ para ligar operadores de turismo e sectores relacionados de todo o mundo”. Pretendeu-se ainda, com a iniciativa, “promover o intercâmbio e a cooperação”, bem como “explorar oportunidades de negócio”. Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, lembrou que a Expo de Turismo “tem vindo a aperfeiçoar-se”, além de que os 10 anos de existência do evento constituem “um novo marco histórico”. O governante disse ainda esperar que, através do evento, “se possa continuar a desenvolver as vantagens únicas e o papel de plataforma de Macau e criar mais oportunidades de intercâmbio e cooperação para os operadores turísticos regionais e internacionais”, entre outras vertentes. A Expo contou com 830 stands e funcionou em regime híbrido. Uma das novidades foi a inauguração do Pavilhão da Lusofonia, que serviu para “mostrar a diversidade cultural” de Macau e para que o território desempenhe “o papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa”. Houve ainda a estreia do pavilhão do “COTAI Strip”.
Andreia Sofia Silva SociedadeRegistado novo recorde de visitantes no fim-de-semana O território recebeu, na sexta-feira, um total de 26.120 visitantes, o que representa um aumento superior a dez por cento em relação à média diária de visitantes registada durante o Festival de Barcos-Dragão. As autoridades apontam ainda que se trata de “um novo recorde [de turistas] desde o surto epidémico” que teve início a 18 de Junho. Por sua vez, entre os dias 16 e 22, o território recebeu 146.670 visitantes, uma média diária de 20.953, o que representa um aumento de 20,6 por cento face à média diária de 17.380 visitantes registados entre 9 e 15 de Setembro, e mais 96 por cento do que a média diária de Agosto (10.690). Já a taxa de ocupação média dos hotéis, entre os dias 16 e 22 de Setembro, foi de 39,3 por cento, um aumento de 3,6 por cento em comparação com os dias 9 a 15 deste mês, em que a taxa foi de 35,7 por cento. Face ao mês de Agosto, em que a taxa de ocupação média foi de 34,4 por cento, constitui um aumento de 4,9 por cento. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) explica estes números com a realização de acções promocionais do turismo de Macau “para ampliar as fontes de visitantes em sintonia com a realização de uma série de eventos, festividades e actividades de turismo comunitário”. O objectivo é fazer com que os visitantes prolonguem o período de estadia e gastem mais na cidade, constituindo “uma série de esforços [da parte do Governo] para impulsionar o turismo e a economia”. Tendo em conta a chegada da Semana Dourada e a realização de eventos como o Festival Internacional de Música de Macau ou o Grande Prémio, entre outros, a DST espera conseguir atrair mais visitantes ao território, bem como “estimular o consumo turístico, prolongar o seu tempo de permanência em Macau e dinamizar a economia local”. No sábado, Ho Iat Seng destacou, segundo a TDM, os dados de visitantes, mas admitiu que o número “não é suficiente” para fomentar a economia local, esperando que o território possa vir a receber 40 mil turistas diários. Ainda assim, o Chefe do Executivo admitiu que Macau pode não ter a mesma capacidade para acolher os 40 milhões de turistas por ano que recebia antes da pandemia.
Andreia Sofia Silva EventosCasa Garden | Exposição “Desenhar Macau” inaugurada amanhã “Desenhar Macau”, com pinturas, desenhos e gravuras de Catarina Cottinelli da Costa, é inaugurada amanhã, na Casa Garden, depois do adiamento provocado pelo surto pandémico. Os trabalhos reflectem um período de quatro anos de Macau e diferentes fases, marcadas pelas saudades das viagens e da família e o olhar atento aos diversos espaços urbanos e arquitectónicos Integrada no programa oficial de celebração do 10 de Junho, a mostra “Desenhar Macau”, com desenhos, gravuras e pinturas de Catarina Cottinelli da Costa, estava na gaveta devido ao último surto epidémico. A inauguração da exposição acontece amanhã, às 17h30, na Casa Garden. Ao HM, a artista e docente, com formação em arquitectura, explicou o significado dos trabalhos que reflectem as vivências e percepções de quatro anos de vida em Macau. “Tendo em conta a minha cultura ligada à arquitectura, tenho sempre uma tendência para olhar e registar as coisas de um modo diferente. Uma vez que Macau tem uma cultura bastante diferente daquela em que estava inserida, tive muita curiosidade em conhecer muitos sítios. Macau reflecte situações especiais, não tinha nenhuma experiência no Oriente e foi interessante para mim contactar com as pessoas e também com as vivências e arquitecturas dos espaços.” O foco de “Desenhar Macau” é esse mesmo, o reflexo de espaços icónicos de Macau, tal como o jardim de Lou Lim Ieok. “Foi como fazer um desenho mental, um conhecimento mental desses espaços ligados à urbanidade e às pessoas. Fui um pouco atrás dos meus interesses de momento.” Catarina Cottinelli da Costa descreve a exposição como sendo composta por várias fases, algumas delas ligadas aos sentimentos de saudade da família, de isolamento ou de ausência. É aqui que se podem ver retratos de família pintados a óleo ou pinturas de locais exóticos, como Goa ou Tailândia, feitas a partir de fotografias. “Há um aspecto mais sentimental da exposição que tem a ver com o facto de não poder voltar a casa devido à pandemia. Há uma parte em que explorei o retrato a óleo com pinturas dos membros mais importantes da minha família. Depois tentei ocupar o tempo desenhando e fazendo aguarelas a partir de fotografias. Mas o foco da mostra é Macau, os seus espaços e vivências, e tudo o que fiz desde que vim para cá”, frisou a artista. Novos mundos criativos Catarina Cottinelli da Costa lamenta que Madalena Fonseca, pintora e anterior monitora na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau, não possa estar presente. “Investi numa área que desconhecia, que é a pintura, graças à Madalena Fonseca. Foi minha monitora e foi com ela que aprendi uma série de coisas, nomeadamente na gravura, com vários tipos de técnicas, que vão estar expressas na exposição”, adiantou. “Desenhar Macau” é a primeira exposição individual de Catarina Cottinelli da Costa, após duas participações em mostras colectivas, e acontece por incentivo de outras pessoas que foram tendo conhecimento do seu trabalho. “É com muito agrado que posso fazer a exposição ainda este ano. Foi a Ana Paula Cleto [delegada da Fundação Oriente em Macau] que me fez este convite e se mostrou sempre muito interessada para que acontecesse ainda em 2022”, adiantou. A mostra pode ser vista até ao dia 21 de Outubro.
Andreia Sofia Silva PolíticaTestes | Alargamento da validade defendido por empresários O alargamento da validade dos testes covid-19 para entrar e sair de Macau, que passou para 48 horas, poderá ajudar a aumentar o número de turistas e fomentar a economia local. Esta é a opinião de dois empresários dos sectores da restauração e exposições e convenções, duas áreas que dependem quase directamente do número de turistas. “Acho que é uma medida que pode ajudar [a fomentar a economia] e essa é a intenção do Governo”, disse ao HM Fernando Sousa Marques, dono de um restaurante na zona do Leal Senado. “Penso que a economia vai subir aos poucos, isso já se nota, mesmo à noite com os jantares. O negócio está a começar a crescer um pouco. Macau está a começar a ter mais turistas na rua e já está a entrar numa fase dita de conforto. Mas vamos esperar mais um tempo, pode ser que com o Grande Prémio e outros eventos, como o Festival de Gastronomia, as coisas fiquem mais normalizadas”, adiantou. Marco Duarte Rizzolio, criador da “Follow Me Macau”, empresa ligada à organização de eventos, acredita que a mudança da validade dos testes “facilita e permitirá mais entradas, sem dúvidas”. Trata-se, no entanto, “de uma medida superficial que não resolve os problemas”, adiantou. “Vivemos todos em suspenso caso apareça um novo surto. A qualquer momento podemos voltar a ter testagem em massa da população e confinamento. Além disso, ao contrário do que acontece com quem entra pela fronteira com a China, quem chega do estrangeiro ou de Hong Kong continua a ser obrigado a cumprir quarentena”, lamentou o empresário.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaJogo | Académico acredita na fusão entre Genting e outra operadora Glenn Mccartney acredita que a Genting poderá fundir-se a uma concessionária presente em Macau, apostando numa estratégia com ganhos para todos. O especialista em turismo, e docente da Universidade de Macau, defende que será mais razoável apostar, a curto prazo, em mercados regionais ao invés de tentar captar turistas internacionais Mesmo que não obtenha uma licença de jogo no concurso público em curso, a Genting poderá entrar no mercado de jogo através de uma parceria estratégica com uma concessionária presente no sector do jogo de Macau. A ideia é deixada por Glenn Mccartney, docente da Universidade de Macau (UM) e especialista em turismo, que ontem protagonizou a palestra “Macao by 2033 – Setting Expectations” [Macau em 2023 – Estabelecer Expectativas”, promovida pela Câmara de Comércio Britânica em Macau. O académico destacou ao HM o facto de a Genting ter um forte portefólio nos mercados de jogo e entretenimento. “Provavelmente, não vão ganhar uma licença de jogo, mas podem ter uma presença no Cotai em parceria estratégica com outra operadora, numa espécie de sinergia, de modo a reforçar o seu portefólio de operações. Podemos ter na strip do Cotai um cenário de ganhos para ambos os lados.” Glenn Mccartney frisou que “qualquer uma das seis operadoras pode querer sentar-se com a Genting”. O analista disse ainda que os concorrentes às novas licenças de jogo terão de fazer bem as contas tendo em conta o cenário de crise económica e o prazo de concessão de apenas dez anos. “A recuperação vai ser lenta. Quando as novas licenças forem atribuídas, imaginemos que em Janeiro, será que o mercado já estará mais restabelecido? As fronteiras já terão regressado à normalidade? Será que é suficiente uma concessão de dez anos, tendo em conta que não está garantido o regresso ao número de turistas registado no período pré-covid?”, questionou. “A recuperação do mercado leva algum tempo e [as operadoras] têm de começar a pensar na dívida antes de pensarem nos lucros. As concessionárias terão de pensar no período final dos dez anos, no que irá acontecer depois disso, sempre numa perspectiva de longo prazo”, frisou. Primeiro os regionais Questionado sobre as mudanças que o sector do jogo vai enfrentar depois de atribuídas as novas licenças, Glenn Mccartney não tem dúvidas de que a ilha de Hengqin “poderá contribuir para acelerar a recuperação na zona do Cotai”. Apostar no mercado internacional, hipótese admitida pelas autoridades, é algo irrazoável para o académico. “Atingir o mercado internacional será difícil a médio e curto prazo. O desenvolvimento dos mercados regionais é algo mais realista porque podemos trabalhar com companhias aéreas e operadores turísticos. Não devemos pensar demasiado alto [para já] mas sim em estratégias com ganhos rápidos a curto prazo.” Glenn Mccartney pensa que, na área dos elementos não-jogo, as operadoras que participam no concurso público “apresentaram bons projectos como resposta técnica e não estratégica”, pois, para que uma estratégia funcione, “são necessários muitos operadores”. “As autoridades de turismo apresentaram uma espécie de lista de desejos, com mais turistas internacionais ou aposta no turismo de saúde, por exemplo. Mas tais ideias são comuns em qualquer jurisdição do turismo a nível mundial. Há muito que se fala na captação de turistas internacionais”, lembrou o académico.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Realizador Lou Yi-an fala sobre filme nomeado para Óscares “Goddamned Asura” volta a ser exibido este domingo, às 17h, na Cinemateca Paixão, mas desta vez acompanhado por uma sessão de conversa com o realizador de Taiwan, Lou Yi-an. O filme está nomeado para a edição dos Óscares do próximo ano na categoria de Melhor Filme Estrangeiro Quem dominar o mandarim e for amante do cinema de Taiwan tem, este domingo, a possibilidade de saber todos os segredos e detalhes da produção do filme “Goddamned Asura”, do realizador Lou Yi-an. O filme tem vindo a ser exibido na Cinemateca Paixão, mas a sessão de domingo faz-se acompanhar de uma conversa com o realizador, também transmitida via Zoom. O filme, que conta com a participação dos actores Morning Mo, Peijia Huang e Joseph Huang, faz parte da lista dos nomeados para a 95.ª edição dos Óscares, que acontece a 12 de Março do próximo ano, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Tal não significa que o filme seja uma estreia em matéria de prémios, uma vez que já foi distinguido no Festival de Cinema de Taipei deste ano como tendo a melhor banda sonora, melhor argumento e melhor actriz secundária de entre os filmes concorrentes. No ano passado, a obra de Lou Yi-an foi ainda distinguida nas categorias de melhor actriz secundária no “Taipei Golden Horse Film Festival and Awards”. Olhar sobre a tragédia A história de “Goddamned Asura”, escrita em parceria com Singing Chen, centra-se em Jan-Wen, que na noite em que celebra o seu 18.º aniversário se envolve, por razões misteriosas, num tiroteio num mercado nocturno. Este incidente marcará para sempre a vida da sua família e amigos, além do trágico impacto provocado nas próprias vítimas e nos familiares dos falecidos. Mas o argumento não deixa de lado a possibilidade de analisar os comportamentos e as escolhas que as vítimas tiveram no exacto momento do incidente. Se tivessem sido diferentes, a tragédia teria a mesma percepção? Lou Yi-an é formado pelo departamento de comunicação da Universidade Católica Fu Jen, tendo trabalhado, nos últimos anos, na produção de filmes e documentários, assumindo os papéis de realizador, produtor e argumentista. Grande parte das suas películas centram-se no tema de experiências de vida reais vividas pelas classes média e baixa da sociedade, incluindo imigrantes. As histórias misturam frequentemente narrativas distintas com traços de humor negro.
Andreia Sofia Silva SociedadeViolência doméstica | Casal impedido de contactar com filho menor Um casal suspeito de agredir o filho de sete anos está indiciado pelo crime de violência doméstica, não podendo ter contacto com a criança, que está à guarda do Instituto de Acção Social. Segundo um comunicado do Ministério Público (MP), o casal está ainda obrigado a apresentar-se periodicamente às autoridades, não podendo permanecer “em locais adjacentes à escola e do local de alojamento temporário” da criança. O objectivo das medidas de coacção é que “seja evitada a perturbação do inquérito e a continuação da prática de actos criminosos da mesma natureza”. A mesma nota do MP dá conta de que o casal “terá punido fisicamente o ofendido várias vezes devido aos problemas de estudo e educação, causando-lhe equimoses em várias partes do corpo”. “Nos últimos dias, enquanto o ofendido foi para a escola, o professor detectou que o mesmo estava com equimoses no corpo, motivo pelo qual o caso foi descoberto”, refere ainda o MP.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCooperação | Mais de 5.000 empresas com capital de Macau em Hengqin Estão instaladas na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin mais de cinco mil empresas de Macau, número que cresceu no último ano com mais de 700 companhias a sediarem-se na Ilha da Montanha. Dados oficiais indicam ainda o aumento anual de 55 por cento do número de pessoas de Macau que trabalham em Hengqin Dados da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma revelam que há cada vez mais empresas de Macau sediadas na Zona de Cooperação Aprofundada de Macau em Hengqin. Segundo um comunicado da entidade, estão sediadas na Ilha da Montanha mais de cinco mil empresas com capital de Macau, sendo que, no último ano, houve um aumento de 700 empresas recém-criadas do outro lado da fronteira. Relativamente às pessoas de Macau que trabalham na Zona de Cooperação Aprofundada, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma deu conta de um aumento anual de 54,5 por cento. Xiao Weiming, director do departamento de economia regional da comissão, escalpelizou os números numa conferência de imprensa, indicando que as políticas de fomento à fixação de empresas e pessoas, bem como a redução dos impostos sobre as rendas cobrados às empresas ou a quebra, em cerca de 70 por cento, da carga fiscal para residentes de Macau, ajudam a explicar os dados. Xiao Weiming revelou ainda que mais de mil profissionais do território, de áreas como a construção civil, turismo e saúde, entre outras, receberam a certificação para poderem trabalhar em Hengqin. A região está totalmente aberta à entrada de veículos de Macau não comerciais, estando a ser acelerada a construção de faixas para camiões no Posto Fronteiriço de Hengqin, incluindo a plataforma central de transportes do lado de Macau, e foram concluídos os espaços de supervisão alfandegária. Um olá à Grande Baía Quanto ao projecto da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, Xiao Weiming apontou que tanto os residentes de Macau como de Hong Kong consideram cada vez mais conveniente viver no Interior da China. O responsável deu como exemplo a política de recrutamento de funcionários públicos destinada a estes residentes, sem esquecer a base para a inovação e empreendedorismo para os jovens de Macau. Além disso, alguns projectos de incubação de empresas têm atraído jovens das regiões administrativas especiais. Relativamente à segurança social, Xiao Weiming destacou que os residentes das duas regiões administrativas especiais têm mais vantagens em participar nos planos na Grande Baía, e que mais de 280 mil residentes já dispõem destes planos na província de Guangdong.
Andreia Sofia Silva EventosMaxim Bessmertny, realizador: “Macau é uma óptima cidade para filmar” “The Violin Case”, actualmente em fase de produção, é a primeira longa-metragem do realizador Maxim Bessmertny. Em entrevista, Maxim confessa ter arriscado muito numa história “complexa”, que conta com 18 personagens que vagueiam entre temáticas como a identidade ou a obsessão. A perda de um violino é apenas um ponto de partida para um filme feito sem subsídios Como tem sido o processo de filmagens desta longa-metragem? Temos 42 zonas de filmagem por toda a cidade. É melhor não revelar quais são para termos algum elemento de surpresa. Mas tem sido um processo muito organizado, porque temos uma boa equipa e produtora. Filmar durante a noite, em Macau, é mais fácil. Macau é uma óptima cidade para filmar cinema. Devia haver cinco filmes por mês a serem feitos aqui. Qual a ligação entre a escolha das zonas de filmagem e o argumento do filme? O que pretendeu puxar para o filme daquilo que Macau tem? Nem penso em zonas de filmagem quando estou a escrever um guião ou a desenvolver a história. Penso no tema, na situação e na emoção, e às vezes surge um argumento. Na realidade, o ponto principal da história passou-se em Hong Kong, mas isso não interessa, pois numa ficção não quer dizer que não possa acontecer em Macau. Como sou de Macau é natural que, quando escreva, pense em ruas ou zonas do território. É sempre com um argumento em mente primeiro. Fale-me um pouco desta história, que nasce de um episódio ocorrido com o seu pai [Konstantin Bessmertny]. Esse é só o incidente principal que deu gás ao resto da história. Na realidade, o filme é sobre muitas coisas, artistas, o tema da obsessão, identidade, a crise de um artista e a relação entre pessoas, sobre a confiança. Temos muitos personagens, cerca de 18, e todos fazem parte de uma história que se passa numa noite e numa manhã em Macau. Como escritor, pego nas minhas experiências, mas depois gosto de ficcionar as coisas também, porque isto não é um documentário. Dessa forma podem-se recriar algumas situações. Quais as suas grandes influências quando escreve uma história? A sua família vem da Rússia, mora em Macau há muitos anos. Este duplo universo influencia-o na hora de fazer cinema? As primeiras memórias de criança dizem respeito ao período em que já estou a chegar a Macau. Venho da China, de comboio, e de repente estou numa cidade já a começar a falar inglês e português. Mas tendo o background de fora de Macau, isso deu-me uma mistura de culturas, entre o Ocidente e o Oriente, e sempre me ajudou a conectar com as pessoas. É isso que me influencia muito, a facilidade de comunicarmos aqui, mesmo não falando uma língua. O meu chinês não é perfeito, mas já chega para comunicar. Estudei na Escola Portuguesa de Macau, um dos actores principais do filme [Kelsey Wilhelm] é meu amigo de infância e é muito engraçado trabalharmos juntos agora, 20 anos depois de nos conhecermos. Também tenho músicos a trabalhar no filme. [The Violin Case] tem o sentimento de uma cidade pequena, onde todos se conhecem e depois aparecem no filme. É um pouco isso, o sentido de comunidade. Isso inspirou-se muito para esta história, [tal como] os filmes de comunidades pequenas, como é o caso de muitos filmes italianos ou do cinema americano dos anos 70, onde persiste sempre o sentido de uma cidade pequena, onde várias coisas podem acontecer. Isso inspira-me sempre na escrita de um guião. O “The Violin Case” é a sua primeira longa-metragem como realizador e, logo por aí, marca uma diferença em relação a trabalhos anteriores. Há uma série de novos elementos no filme? São vários temas novos. Sendo uma longa-metragem estou a arriscar muito mais na história, tenho mais personagens, os temas são mais profundos e as situações ou narrativas são mais complexas. Também estou a trabalhar com um guião em que a história começa com a minha inspiração, isto porque trabalhei com mais dois guionistas. Existe aqui muita colaboração sobre o caminho para onde vão os personagens e discussões em torno disso, sobre a melhor forma de contar esta história. Este é o grande desafio do cinema, especialmente ao fazer um primeiro filme com o apoio de pessoas que gostam de cinema e sem depender de subsídios do sector público. Foi um enorme desafio. Tive de encontrar maneiras criativas de financiar o filme com um orçamento mais pequeno. Expectativas em relação ao filme? Gostava que todos o vissem, quanto mais, melhor. O que um cineasta espera é isso, que as pessoas vejam o filme, porque é uma história que está a ser feita e que é universal, em torno do tema da identidade, das falhas de comunicação, da obsessão. Todas as pessoas podem ver. Naturalmente, o mais importante agora é conseguir terminar as filmagens e entrar na fase de pós-produção. Macau teve um boom na área do cinema. Depois da pandemia, como encara o panorama desta área? Há estagnação? Este é um projecto de arte e de paixão, e percebi que o que interessa é ter a vontade, da parte do realizador, produtor e escritor, para que o filme possa ser executado. Foi assim que descobri que há pessoas que adoram cinema e arte de tal forma que estão prontas a investir sem saber qual será o retorno. É difícil garantir grandes retornos numa primeira longa-metragem. Entendi que não interessa onde uma pessoa está, se houver vontade, um plano e uma estratégia, tudo é possível. Não temos subsídios, mas estamos a fazer uma longa-metragem, e isso deu-me muita motivação. Isso tudo para entender que o cinema é também um negócio, e temos de encontrar formatos que sejam claros, em que haja uma estratégia e futuro. Daí entender que é possível fazer cinema sem ser subsidiado. Também descobri nos castings e no trabalho com as equipas que às vezes pode haver mais dificuldades por causa da língua, por não se falar o chinês, mas há muito talento na área das filmagens. Há muito potencial e muitas pessoas que querem fazer parte de um filme. Isso mostra que é uma área na qual se deve investir. Devem abrir-se mais as portas para a China, resto da Ásia ou na Europa. É uma pena arrancar com uma indústria e depois não haver mais interesse. Para mim isto deve continuar. O violino perdido de Theo Maxim Bessmertny juntou-se a Virgínia Ho e Jorge Cordeiro Santos para escrever a história de um pintor, Theo, personagem interpretada por Kelsey Wilhelm, que perde um violino pintado num táxi. Segundo uma nota de imprensa, este é um filme que “leva o público numa odisseia de uma noite pelas ruas de Macau”, quando Theo tenta encontrar o seu violino. “The Violin Case” é, assim, “uma sátira surrealista, por vezes absurda, onde está presente o choque de diferentes culturas”. Esta é uma longa-metragem que se debruça “sobre a obsessão, o amor próprio, a identidade e a confiança entre pessoas de diferentes backgrounds”. Há seis anos, o pintor Konstantin Bessmertny, pai de Maxim, também andou em busca de uma obra de arte num táxi, episódio que inspirou esta história. “The Violin Case” conta com uma nova versão do violino perdido pintada por Konstantin Bessmertny. O filme conta com mais de 50 membros na equipa, sendo que alguns são caras bem conhecidas do panorama artístico de Macau, como é o caso de Mika Lee (Evelyn), Filipe Baptista Tou (Ah Chong) e Giulio Acconci (como ele próprio). Clara Brito, designer de moda, estreia-se na interpretação como Pauline. O filme é produzido pela empresa Tentonine Productions Limited, produtora que trabalhou com filmes como Shang-Chi and The Legend of the Ten Rings (2021).
Andreia Sofia Silva SociedadeLinguista João Veloso é o director do departamento de português da UM João Veloso, académico ligado ao Centro de Linguística da Universidade do Porto (UP) e docente na Faculdade de Letras da mesma instituição, é o novo director do departamento de português da Universidade de Macau (UM). Rui Martins, vice-reitor da UM, confirmou esta segunda-feira, à TDM Rádio Macau, a contratação que era esperada há meses, em declarações sobre o arranque de um novo ano lectivo. Na página curricular de João Veloso, disponível no website da UP, confirma-se que o académico está desde Julho com uma licença especial para o exercício de funções em Macau, e que termina a 30 de Junho de 2024. Académico com agregação obtida em 2010 na UP, João Veloso é doutorado em Linguística pela UP. É especialista em diversas áreas de investigação da língua portuguesa, tal como a Fonologia e Linguística Comparada, entre outras. No lugar de Dora Há muito que a UM se deparava com dificuldades para contratar um director para o departamento de português, tendo em conta a impossibilidade de os estrangeiros entrarem no território devido à pandemia. Dora Nunes Gago havia assumido estas funções em Julho de 2020 e admitiu, em entrevista ao HM, um ano depois, não querer continuar no cargo. “Não gostaria de continuar no lugar”, assumiu, tendo apontado que uma das grandes mais valias do departamento de português na UM era a investigação. Dora Nunes Gago disse ainda que a UM “tem estado no bom caminho” relativamente às respostas que o ensino superior tem de dar em matéria de cooperação regional. O departamento de português foi anteriormente liderado por nomes como Fernanda Gil Costa, entre 2012 e 2016, e Yao Jingming, poeta, tradutor e académico.
Andreia Sofia Silva PolíticaCalçada do Gaio | Grupo de Salvaguarda envia nova carta à UNESCO O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia enviou ontem nova carta à UNESCO onde volta a insistir na redução da altura do edifício embargado na Calçada do Gaio dos 82 metros, já aprovados, para 52.5 metros, para que não se perca a linha visual do Farol da Guia. “É uma grande vergonha o facto de os dois anteriores Chefes do Executivo [Edmund Ho e Chui Sai On] não tenham cumprido a promessa e resolvido o problema durante os seus mandatos, num período superior a 11 anos. O projecto [do prédio em construção] foi aprovado no tempo de Ao Man Long [ex-secretário condenado por corrupção], quando a corrupção e a fraude prevaleceram na aprovação dos projectos de construção”, lê-se na carta. Neste sentido, “é uma vergonha que, depois do caso Ao Man Long, o Governo de Macau tenha continuado o esquecimento [face ao assunto], fingindo que a promessa feita aos residentes e à comunidade internacional nunca existiu”. Para o grupo, as autoridades locais “ignoram o impacto negativo que o edifício inacabado tem para o ambiente e para a imagem de Macau e da China”, tendo submetido relatórios à UNESCO “que justificam a sua decisão de manter a actual altura do edifício”. O Grupo diz ainda que os “relatórios secretos nunca foram divulgados junto dos residentes de Macau”. A carta, enviada ontem, exige uma maior acção da UNESCO para assegurar uma redução na altura do prédio. “O projecto revisto deveria ser tornado público, sujeito a escrutínio do público e sujeito à UNESCO para a aprovação final”, conclui. De frisar, que no passado dia 8 o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, recebeu uma carta aberta do Grupo sobre esta mesma questão.
Andreia Sofia Silva SociedadeAgosto com quebra anual de turistas na ordem dos 19% O número de visitantes em Macau no mês passado foi de 331.397 visitantes, o que representa um aumento de 3.295,8 por cento face a Julho deste ano. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), tal aumento deve-se ao “alívio das medidas restritivas nos postos fronteiriços Zhuhai-Macau no início de Agosto”, depois de um mês de fronteiras fechadas. No entanto, em termos anuais, houve uma quebra do número de turistas em 19 por cento. Os dados mostram ainda que, em Agosto, o número de turistas foi de 177.640, um aumento de 17,5 por cento, mas o número de excursionistas foi de 153.757, uma quebra de 40,4 por cento. Os turistas ficaram uma média de cinco dias em Macau, um aumento, em média, de 1,5 dias em termos anuais. Tal deve-se ao facto de “alguns turistas terem prolongado até Agosto a sua saída de Macau por causa do anterior impacto gerado pela pandemia”. Relativamente à origem dos visitantes, os cidadãos do Interior da China continuaram a dominar, tendo sido 290.138, mais 21,5 por cento em termos anuais, dos quais 124 mil tinham visto individual. O número de turistas oriundas das nove cidades da Grande Baía foi de 184.535, dos quais 38,9 por cento viajaram de Zhuhai. Os números de visitantes de Hong Kong e de Taiwan corresponderam a 36.205 e 4.384, respectivamente. Entre Janeiro e Agosto, Macau recebeu 3.806.263 visitantes, menos 25,8 por cento face ao período homólogo do ano passado. Os números de excursionistas, 2.341.772, e de turistas, 1.464.491, decresceram 6,5 e 44,2 por cento, respectivamente.
Andreia Sofia Silva SociedadeRestaurantes com quebras de negócio acima de 70% Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o sector da restauração teve, em Julho, uma quebra de 71,4 por cento no volume de negócios, em comparação com o mês de Julho do ano anterior. Destaque para os restaurantes de comida japonesa e coreana, que registaram quebras no negócio na ordem dos 85,6 e 83,1 por cento, respectivamente. Entre Junho e Julho deste ano, a quebra foi de 52,5 por cento no sector da restauração, sendo que os volumes de negócios dos restaurantes chineses e dos restaurantes japoneses e coreanos baixaram 73 e 71,7 por cento, respectivamente. A DSEC aponta que estes dados se devem ao impacto gerado pela pandemia na economia. Relativamente ao comércio a retalho, em Julho, “o volume de negócios dos retalhistas entrevistados baixou 82 por cento em termos anuais”, com destaque para uma perda de 96,3 por cento no volume de negócios dos artigos de couro, e de 95,6 por cento no comércio de relógios e de joalharia. No entanto, os supermercados tiveram um volume de negócios superior a 28,7 por cento face a Julho do ano passado. Agosto melhor Quanto às expectativas sobre o volume de negócios, a maioria dos proprietários da restauração e dos retalhistas entrevistados prevê que o volume de negócios relativo a Agosto aumente face a Julho, “dado que, no final de Julho, não se detectaram novos casos de infecção na comunidade”. Sobre o sector dos restaurantes, “80 por cento dos entrevistados projectou um crescimento em termos mensais do volume de negócios de Agosto, com destaque para as proporções dos proprietários dos restaurantes japoneses e coreanos, assim como dos proprietários dos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas, que atingiram 91 e 88 por cento, respectivamente”. A DSEC adianta ainda que “cerca de 13 por cento dos proprietários da restauração antevêem decréscimos mensais no volume de negócios para Agosto”. Na realização do “Inquérito de Conjuntura à Restauração e ao Comércio a Retalho”, foram recolhidas 229 amostras do ramo da restauração e 161 do ramo do comércio a retalho, correspondentes a cerca de 53,5 e 70,6 por cento das respectivas receitas dos ramos em 2019.