Suraphou Kanyukt: “Estou feliz se o meu país estiver em paz”

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]scolheu fazer parte do exército do seu país, a Tailândia, como quem escreve uma cruz num qualquer papel sem pensar muito no assunto. De facto, Suraphou Kanyukt nunca quis ser um militar no activo, mas escolheu essa opção de vida como poderia ter optado por outra qualquer.
Mas há quatro anos este jovem, oriundo de Banguecoque, decidiu que a farda de cor verde escura e as armas já não lhe serviam como projecto de vida. Foi então que decidiu vir para Macau.
Suraphou Kanyukt optou por estudar Comunicação Social na Universidade de São José (USJ) e não se arrepende da sua decisão.
“Decidi sair de Banguecoque em 2011, depois de ter servido o meu país no exército. Decidi vir para Macau estudar porque em termos pessoais gosto de aprender sobre outras culturas e línguas, então porque não escolher um sítio algures? Na altura não fazia ideia. Tudo o que sabia sobre Macau é que era uma pequena cidade, a Las Vegas da Ásia, onde poderia comer pastéis de nata”, contou ao HM.
Apesar de Macau ter uma forte comunidade tailandesa, no início Suraphou Kanyukt sentiu-se totalmente um peixe fora de água. “Adorei a vida universitária aqui, mas foi um grande desafio conquistar os corações dos locais, já que estive muito tempo na luta de um estrangeiro que vive fora do seu país. Senti-me um pouco em baixo, mas depois percebi que fui eu que não me abri a eles”, aponta.
Hoje tem vários amigos, não só tailandeses como também chineses, que o tratam por Justin. Suraphou sabe que o seu nome não é de fácil compreensão, pelo que, num primeiro contacto com as pessoas, pede sempre para ser tratado pelo nome inglês.
De Macau, Suraphou Kanyukt, que não gosta de jogar em casinos, só tem a apontar de negativo o sistema de transportes. Mas até lhe dá jeito. “Não foi fácil deslocar-me pela cidade enquanto andava na universidade. Comecei a andar a pé, porque é fácil deslocarmo-nos a todos os sítios e isso é o que eu mais gosto em Macau, especialmente no Inverno.”

Atentado à distância

O atentado terrorista que ocorreu em Banguecoque há meses não passou despercebido a Suraphou Kanykt, tal como a todos os membros da comunidade tailandesa aqui presente. O receio da quebra no sector do turismo, principal motor da economia do país, fez-se sentir, aliado aos conflitos políticos internos que não estão totalmente dissipados.
Meses depois, e já com dois suspeitos identificados pela polícia tailandesa, o jovem espera que as autoridades e a sociedade encontrem soluções para que tudo volte à normalidade. “Estou feliz se o meu país estiver em paz. Penso que precisamos de mudanças que sejam o melhor para nós.”
Actualmente à procura de trabalho, o regresso a Banguecoque não está posto de lado. “Se alguém me oferecer uma oportunidade de trabalho, porque não? Gostaria de trabalhar na área da música, crítica gastronómica, lifestyle, arte, uma área na qual eu me pudesse envolver. Não quero sequer ter um pé na política”, frisou.
Apesar disso, Suraphou Kanykt confessa que ficar em território chinês é a primeira opção. Na qualidade de jornalista estagiário experimentou as várias vertentes da profissão, desde a imprensa escrita ou ao online, ao trabalhar no diário inglês Macau Post Daily e no grupo de media Macaulink. Na Fundação Rui Cunha, experimentou durante seis meses a área multimédia, ao produzir filmagens dos eventos e alguns filmes.
Optimista e à espera do que o futuro lhe pode trazer, Suraphou Kanykt continua a olhar para diversas oportunidades de trabalho, seja em Macau, Hong Kong ou até em territórios vizinhos, como é o caso de Singapura.
“O melhor para mim seria ter uma oportunidade de trabalho aqui, mas recentemente ouvi que há muitas mudanças, porque a economia está a abrandar”, referiu.
Suraphou, ou Justin, vai continuando pela RAEM por estar tão perto de Hong Kong. Aqui já se candidatou a vários trabalhos na área da hotelaria e turismo, mas chama a atenção para o facto da língua ser um entrave. “Sei que há muitas oportunidades em Hong Kong, porque é mais internacional, as empresas não estão preocupados com o facto de eu não falar Chinês”, rematou.

16 Out 2015

Windsor Arch | A culpa também é do Governo, diz Neto Valente

Neto Valente foi ontem confrontado com a possibilidade do empreendimento Windsor Arch estar na mesma situação do Pearl Horizon, mas não só negou esta possibilidade, como referiu que a culpa não é toda da Empresa de Desenvolvimento Predial Vitória, da qual é administrador ao lado de William Kuan.
“As situações são muito diferentes. Não sei se até não estará vistoriado, porque estava uma vistoria marcada. Não sei exactamente qual é a situação mas de certeza que não haverá nenhuma situação igual à do Windsor Arch. Está pronto. E é preciso ver que o Windsor Arch não acabou mais cedo porque durante meses não foi possível instalar cabos de electricidade e condutas para a água por causa desgraça que é a obra do metro ligeiro. Toda a gente sabe o falhanço da obra. Não é culpa dos promotores do terreno”, disse, à margem da abertura do Ano Judiciário, o também presidente da Associação de Advogados de Macau.
O Windsor Arch vê a autorização para o aproveitamento do terreno expirar no final do ano, situação semelhante à do Pearl Horizon, sendo contudo que o empreendimento está quase concluído.

15 Out 2015

Manifestação por habitação pública não assusta Secretário

Raimundo do Rosário comentou ontem a manifestação agendada para este domingo sobre a falta de habitações públicas no território. “Acho que a questão não tem a ver com ter medo ou não [do número de manifestantes]. Todos os residentes têm o direito de se manifestar e podem mostrar as suas opiniões. Podem encontrar muitos terrenos do Estado mas todos eles foram concessionados, mas até este momento na mão do Governo não há nenhum terreno revertido”, explicou, à margem da abertura do Ano Judiciário, que decorreu ontem. Foi criado propositadamente um grupo para a manifestação que tem lugar domingo, liderada por Cloee Chao e Ieong Man Teng, ambos ligados a associações de jogo.

15 Out 2015

Justiça | Presidente do TUI diz que juízes sofrem pressões sociais

Na abertura do Ano Judiciário, foi claro o aviso deixado por Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância: os juízes devem “reforçar a auto-disciplina” e rejeitar “seduções e perturbações” da sociedade. Sam Hou Fai disse que os juízes sofrem pressões por Macau ser um espaço pequeno

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ugir às tentações. É o que Sam Hoi Fai quer que os juízes dos tribunais de Macau façam. Na habitual sessão solene de abertura do Ano Judiciário 2015/2016, o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) deixou recados claros aos juízes do território, para que não se deixem corromper no exercício das suas profissões. Disse ainda que os profissionais da Justiça sofrem pressões.
“Devem todos os juízes e funcionários da Justiça, com firmeza e determinação inabaláveis, rejeitar categoricamente toda a espécie de seduções e perturbações, cumprindo fielmente as funções em que somos investidos, a fim de honrar a missão de servir da última barreira de protecção dos direitos e interesses dos cidadãos que nos é confiada por lei”, disse no seu discurso. “Tem particular sentido reiterar hoje a exigência ao pessoal judicial de fortalecer a capacidade de resistência à corrupção e às seduções”, acrescentou.
Sam Hou Fai exigiu ainda aos juízes mais “auto-disciplina” e um melhor relacionamento entre as relações interpessoais e a justiça. “É necessário manter certa distância com a sociedade, como se existisse um muro de vidro entre os juízes e a sociedade”, apontou. Sobre a expressão, Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), ironizou. “Com paredes de vidro não vamos ver nada, que o vidro é fosco.”
O presidente do TUI lembrou ainda que, numa sociedade pequena como a de Macau, é fácil corromper e ser-se corrompido. “À medida da evolução e mudança das condições sociais, políticas e económicas de Macau (…), os tribunais e os juízes estão a enfrentar desafios sem precedentes. Acresce que Macau é uma sociedade pequena que valoriza o relacionamento interpessoal, na qual os juízes estão inseridos, daí que seja imaginável a pressão com que os juízes se confrontam”, revelou.

Imprensa maldita

As pressões de que fala Sam Hou Fai também dizem respeito a comentários feitos nos meios de comunicação social, algo criticado pelo presidente do TUI. “Há grupos ou indivíduos que utilizaram os meios de comunicação social para fazerem comentários aos órgãos e sentenças judiciais e até mesmo aos processos que estão a ser julgados. É claro que devemos reconhecer as influências positivas das observações, mas há também outras críticas que não são minimamente fundadas”, frisou, sem especificar de que casos falava.
De resto, Sam Hou Fai não deixou de apresentar dados sobre o sistema: até Agosto deste ano estavam pendentes nos tribunais quase 10.500 processos, sendo que no ano judiciário de 2014/2015 deram entrada 22.199 processos. No mesmo ano, foram concluídos 20.493.

Processos sobre acidentes de trabalho aumentam

No seu discurso, Sam Hou Fai chamou a atenção para o elevado aumento de processos relacionados com acidentes de trabalho, recebidos no Juízo Laboral do Tribunal Judicial de Base (TJB). “Deu-se um acréscimo acentuado no número de processos de acidente de trabalho. Entraram no Juízo Laboral do TJB 543 processos de acidente de trabalho, um acréscimo de 53% face ao ano judiciário anterior, daí que a segurança na produção industrial seja uma questão digna da atenção especial de todos.” Quanto aos crimes relacionados com o Jogo mantém-se a tendência de subida. Verifica-se que o número de processos de natureza criminosa resultantes das actividades periféricas com o Jogo (tais como a usura, jogo ilícito, sequestro e burla) sofreu um acréscimo significativo, mantendo a tendência que se tem vindo a verificar”, referiu.

Prazos processuais contestados

Sobre a já falada lentidão na justiça, Sam Hou Fai referiu que o tempo de espera para julgamento, em processos com arguidos presos, é de 57 dias úteis, algo que foi contestado por Neto Valente. “Não sei onde é que foi buscar isso. Tenho julgamentos marcados para Maio do próximo ano. Estão a marcar diligências para Maio do ano que vem.”

15 Out 2015

Economia e leis dominaram visita de deputados a Pequim

Regressou ontem de Pequim a delegação de deputados que, pela primeira vez em 15 anos, visitou as altas instâncias do Governo Central. Na capital, ouviram pedidos de diversificação económica e bom funcionamento entre hemiciclo e Executivo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados da Assembleia Legislativa (AL) regressaram ontem de Pequim depois de uma visita de três dias com representantes do Governo Central, incluindo o presidente da Assembleia Popular Nacional (APN), Zhang Dejiang. Segundo a Xinhua, citada pelo Jornal Tribuna de Macau, foram quatro os desejos expressos por Zhang Dejiang a Macau, que focaram sobretudo as questões económicas e as ligações entre AL e Governo.
Ao HM, José Pereira Coutinho disse que o presidente da APN “frisou que há necessidade de haver um maior diálogo entre o Governo e a AL, na medida em que há uma falta de aplicação dos trabalhos da AL, derivado do facto da AL nunca saber quando são apresentados os projectos e qual a necessidade desses diplomas”.
“Achei a visita, da parte dos governantes chineses, muito proveitosa, muito clara e nítida e de apoio às políticas do Governo de Macau”, disse ainda Pereira Coutinho.

Eterna diversificação

Ao jornal Ta Kung Pao, Kou Hoi In, deputado nomeado, referiu que Zhang Dejiang mostrou o desejo de um desenvolvimento diversificado da economia de Macau, tendo o presidente da APN defendido que “Macau precisa de ter uma perspectiva mais ampla, agarrando a oportunidade de desenvolvimento do país”.
Contactada pelo HM, a deputada Song Pek Kei também considerou que a visita a Pequim deu frutos, referindo que trocou opiniões e conseguiu compreender melhor os trabalhos de legislação do interior da China, algo que pode servir de referência para os futuros trabalhos legislativos em Macau. Para a deputada, isso pode aumentar a eficácia destes.
Também a deputada Melinda Chan considerou, ao canal chinês da TDM, que os deputados podem aprender com o sistema legislativo do continente. “Isso inspira-nos e podemos aprender as técnicas e aplicar no hemiciclo de Macau”, disse.
Em relação aos pedidos formulados por Xi Jinping aquando da sua visita a Macau, em Dezembro último, algo relembrado pelo presidente da APN, Song Pek Kei defende que o Governo tem feito os respectivos trabalhos, mas também é necessário intensificar a sua força.
Também à TDM, a deputada Kwan Tsui Hang disse que a visita serviu sobretudo para conhecer melhor a realidade do interior da China e o sistema legislativo, bem como a implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas”. Mas a deputada da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) considerou que a visita levou os deputados “a compreenderem melhor as responsabilidades que têm de assumir”.

Pereira Coutinho e o artigo 23

Segundo a agência Xinhua, citada pelo Jornal Tribuna de Macau, Zhang Dejiang não deixou de referir a importância de respeitar o artigo 23º, já legislado em Macau, quanto às interferências políticas estrangeiras no território. José Pereira Coutinho garantiu que a questão do artigo 23 foi também referida pelo presidente da AL, Ho Iat Seng, e que em nada constituiu uma espécie de aviso, pelo facto de Coutinho ser candidato à Assembleia da República em Portugal, por um partido político português.
“Nada disso. Sou o primeiro a referir isso, sou muito sensível a essas questões. Fui aliás o membro da AL mais bem recebido, com grande cordialidade. Tive até uma conversa individual com um dirigente que perguntou pelos resultados e que me desejou sorte”, disse ao HM.

15 Out 2015

Neto Valente pede “radiografia” ao sistema judicial

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]trasos, falta de recursos humanos, falta de infra-estruturas. As críticas persistem no habitual discurso de Jorge Neto Valente na sessão solene de abertura do Ano Judiciário 2015/2016. Para o presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), o que falta é fazer uma “radiografia” aos problemas do sistema judicial.
“O Secretário da tutela sabe dos serviços jurídicos não tem de saber do funcionamento dos tribunais. Quem sabe dos tribunais são os advogados e os magistrados. Não é um problema do Executivo, o problema dos tribunais é fazer o que nunca se fez, uma radiografia completa e um debate profundo para saber as dificuldades que cada um tem”, disse aos jornalistas à margem do evento. “A reforma profunda da Lei de Bases da Organização Judiciária é uma tarefa urgente. Mas falta-nos uma radiografia que dê transparência ao funcionamento dos tribunais. Uma reforma com visão de conjunto e que antecipe o futuro”, disse ainda no seu discurso.

Soluções adiadas

Neto Valente chamou a atenção para os problemas há muito apontados e que continuam sem solução. “Continuam a faltar instalações condignas para os tribunais. Não há notícias do projecto – há anos anunciado – de um edifício concebido de raiz para acolher os tribunais. Como também se deixou de ouvir falar num projecto para instalar os serviços do Ministério Público. Todos os tribunais estão hoje a funcionar em edifícios inapropriados e insuficientes para as actuais necessidades, impedindo a instalação de mais magistrados e funcionários.”
O presidente da AAM falou ainda da existência de más decisões judiciais. “Não chega reduzir a antecedência com que são marcadas as audiências do julgamento. Está também em causa a qualidade das decisões. Além da minha própria experiência profissional, chegam-me testemunhos de colegas e de vários sectores da sociedade, que apontam para decisões mal fundamentadas e descontextualizadas, que não integram o espírito da justiça imanente ao nosso sistema jurídico.”
Para Neto Valente, a má utilização da Língua Portuguesa nos tribunais é uma das razões para as falhas dos juízes. “Enquanto se apregoam virtudes teóricas do bilinguismo vai-se dificultando, na prática, a utilização da Língua Portuguesa, quer pelo insuficiente número de magistrados quer por falta de exigência de conhecimentos do Português no recrutamento. Está por fazer a análise das consequências dessa política, nomeadamente a falta de qualidade de muitas decisões”, rematou.

Novidades sobre campus só para o ano

Questionado sobre o andamento do projecto sobre o futuro campus da justiça, Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, referiu que só para o ano. “Está prevista uma zona administrativa e judiciária na zona B dos novos aterros em frente ao MGM. Essas cinco aterros foram alvo de consulta pública. Nos termos do despacho as Obras Públicas têm seis meses para fazer um relatório, pelo que lá para o segundo trimestre do próximo ano vamos ter novidades sobre isso”, disse aos jornalistas à margem do evento.

Chui Sai On prometeu reformas e infra-estruturas

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, prometeu no seu discurso dar resposta aos problemas há muito apontados. “O Governo irá proceder à revisão das leis e regulamentos relacionados com a organização e funcionamento dos órgãos judiciais. Além disso, irá planear e construir instalações exclusivamente afectas aos órgãos judiciais, criando melhores condições para um eficiente funcionamento do sistema judicial”, frisou.

15 Out 2015

AL | Académicos esperam aprovações rápidas de leis em falta

A próxima sessão legislativa está aí à porta e três académicos locais disseram de sua justiça: o que importa é aprovar leis que beneficiem o cidadão e o apoio social. Todos, contudo, falam em alguma distracção por parte dos deputados devido à aproximação das LAG e das eleições para a AL

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]rês professores da Universidade de Macau falaram das suas previsões para a sessão legislativa que se avizinha. Depois de um longo período de férias, os deputados voltam ao hemiciclo para mais uma sessão que tem início amanhã. Agnes Lam, que foi candidata a deputada em 2013 e ensina Comunicação na Universidade de Macau exalta, ao HM, que a sessão se aproxima das próximas eleições legislativas e que a economia está a sofrer um decréscimo, dois factores que Agnes Lam acredita serem determinantes no comportamento dos deputados daqui para a frente.
“Julgo que os deputados poderão agir de maneira diferente, como que a prepararem-se para as eleições”, disse. “Irão esforçar-se mais para fazer um melhor trabalho e mostrar às pessoas que merecem o lugar no hemiciclo.”
A especialista está confiante na aprovação de leis pró-sociedade: “penso que o mais importante é discutir e aprovar as leis que beneficiam a população”, frisou, dando, a título de exemplo, a alteração dos Estatutos do IACM.
“Temos andado a falar há tantos anos de desenvolver as indústrias culturais e criativas e não há forma de facilitar a realização de espectáculos de rua, por exemplo. É uma coisa que precisa de ser resolvida”, argumentou. As leis de Combate à Violência Doméstica e de Protecção Animal estão, segundo a académica, “quase prontas”. O mesmo, lamenta, já não acontece com a Lei do Erro Médico: “é crucial e tem que ser rapidamente aprovada”, frisou, ainda que o Governo já tenha dito que vai ser entregue novamente à AL depois de ter sido revista.

Acelerar, acelerar

Jiang Chaoyang, professor associado da Faculdade de Direito da UM, vê o trabalho da passada sessão da AL de forma positiva, justificando que foram aprovadas 12 propostas da lei, incluindo as que têm que ver com a vida da população. O jurista exemplificou com diplomas relacionados com doenças ocupacionais e acidentes de trabalho e a revisão da Lei de Habitação Económica. Há ainda sete propostas em discussão e Jiang considera que as mais morosas e importantes são o Regime do Ensino Superior e a Lei do Erro Médico, embora se tenha mostrado confiante de que sejam aprovadas em breve.
Quanto à revisão dos regimes sobre a Proibição e Prevenção de Tabagismo, Comércio Externo e dos Estatutos do IACM, o académico diz que podem demorar mais tempo, mas acredita que não passarão desta sessão. Jiang Chaoyang acha que a Lei de Protecção de Animais não é a mais urgente nem a mais indispensável para a RAEM, uma vez que se trata de uma “cidade urbana e desenvolvida”.
Apesar de tudo, o académico considera necessário acelerar o processo da legislação do Ensino Superior, do Erro Médico e de Violência Doméstica. No entanto, aponta que a última deve ser discutida de forma a ter coerência com o Código Penal em vigor.

Austeridade que leva tudo à frente

Contactado pelo HM, o professor de Ciência Política da Universidade de Macau Eilo Yu considera que a sessão legislativa vai perder relevância devido à proximidade da discussão das Linhas de Acção Governativa. Eilo Yu atribui especial importância ao estado actual da economia e recentes flutuações das receitas do Jogo.
“Acho que as pessoas não vão dar grande atenção às propostas de lei que estão a ser discutidas pelos deputados, uma vez que o futuro da economia é mais preocupante”, justificou. Questionado acerca das leis que considera mais importantes serem discutidas, o académico fala prontamente da Lei do Erro Médico e de regulamentos relacionados com orçamentos. No entanto, acredita que a actividade da AL durante os próximos dois meses não vai girar muito em volta de questões legislativas. Vai, antes, “dar atenção ao desenvolvimento do hospital e à austeridade”.

Um estudo para ajudar a malta

O professor da UM lembrou ainda a falta de novidade sobre a reestruturação da Administração Pública, anunciada pela Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. O anúncio foi avançado durante as LAG de Março passado. Eilo Yu sugere que o Governo publique um estudo onde sejam delineadas as mudanças mais importantes a implementar na Administração.
“É esse ajustamento que interessa à população, principalmente com as implementação das medidas da austeridade”, destacou. O especialista considera que “vai ser muito interessante” ver quem é que apoia o quê, referindo-se ao aval dos deputados a determinadas leis que considera “polémicas” e que vão “aborrecer muita gente”. O académico adiantou que a coisa mais importante nesta sessão será equilibrar a reestruturação das finanças públicas com a atribuição de apoios sociais.
À luz dos recentes cortes devido à queda das receitas do Jogo, o HM quis saber se Eilo Yu espera que a AL corte nas suas próprias despesas: “Julgo que sim, até porque não fazia sentido que o Governo anunciasse e a AL não o fizesse”, frisa. Recorde-se, no entanto, que o orçamento da AL aumentou 10% para 2016.

Com Flora Fong

15 Out 2015

AL | Lei permite entrada com 18 anos, mas na prática “não acontece”

Ao contrário de Hong Kong, em Macau qualquer pessoa com mais de 18 anos pode ser candidata às eleições legislativas. Mas Scott Chiang diz que, na prática, o sistema continua a dar voz aos mais velhos. Na região vizinha, o pedido do activista Joshua Wong para diminuir a idade eleitoral de 21 para 18 anos tem sido ignorado pelo Executivo

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Gostaria de ver algo a acontecer, gostaria de ver uma mudança dessas acontecer aqui.” As palavras são de Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), em reacção ao que se está a passar em Hong Kong. Joshua Wong, jovem activista líder do chamado movimento “Scholarism”, está a pedir mudanças na Lei Eleitoral para que a idade mínima para uma candidatura ao Conselho Legislativo (LegCo) diminuía dos actuais 21 para 18 anos.
Em Macau, a Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa da RAEM é mais permissiva e prevê que gozam de capacidade eleitoral “as pessoas singulares, residentes permanentes da RAEM e maiores de 18 anos”, sendo que para as candidaturas às eleições legislativas por sufrágio directo se aplica a mesma regra. Mas Scott Chiang diz que, na prática, a situação é igual a Hong Kong.
“A questão é se há acesso dos jovens ao sistema político ou a aprovação da geração mais velha para que adolescentes ou jovens expressem as suas opiniões e coloquem as suas questões. A idade mínima legal de 18 anos é algo bom, mas o verdadeiro problema é se estamos a encorajar os jovens a participar? Pelo contrário, temos os mais velhos a dizerem que os jovens precisam de adquirir experiência. E esse é que é o verdadeiro problema em Macau e não a idade mínima por lei. É a mentalidade da classe dominante”, disse ao HM o presidente da ANM, que chegou a promover um ‘referendo civil’ em Macau em prol da introdução do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo.
“O facto de alguém estar a tentar fazer [mudanças à Lei Eleitoral] em Hong Kong significa apenas isto: ‘porque é que não há mais jovens a participar na política?’ Deveríamos ter mais pessoas como o Joshua (Wong), que representa as opiniões dos jovens”, acrescentou Scott Chiang.

Mentalidades que não mudam

Para o presidente da ANM, “quem está no poder” em Macau é que deve promover a verdadeira mudança. “As pessoas que têm muita experiência, que têm estado na liderança há muito tempo, pensam que são as pessoas certas para ocupar os cargos, mas devem dar espaço à geração mais jovem para expressar aquilo que pensam. Deixar os jovens participar desde cedo [na política] faz com estes fiquem numa melhor posição na altura em que chegarem à liderança.”
Joshua Wong interpôs uma acção para que a idade de candidatura a um mandato do LegCo seja igual à idade mínima para votar em Hong Kong. Em declarações à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong, citadas pela Lusa, o líder do “Scholarism” admitiu que poderá ser candidato a deputado em 2016, caso a sua acção vá avante.
O activista disse que o envelhecimento dos deputados é um dos principais problemas que enfrenta o LegCo, já que muitos rejeitam participar em acções de não-cooperação, como os ‘filibusters’, que são discursos de longa duração que permitem o arrastar indefinido de um debate, forçando a retirada das propostas legislativas.
Entretanto, a Secretária-chefe de Hong Kong disse ontem que o Governo não tem conhecimento de “um forte” desejo da comunidade para aceder ao pedido feito por Joshua Wong. Falando na reunião semanal do LegCo, Carrie Lam não comentou de forma directa a acção interposta para a mudança da Lei Eleitoral.
“Como este assunto entrou em processo judicial, não quero representar a posição do Governo. Apenas posso dizer que durante um longo período de tempo no passado, quando o progresso democrático ou o sistema eleitoral em Hong Kong foram discutidos, não recebemos uma procura muito forte para reduzir a idade para ser candidato de 21 para 18 anos”, disse.
A número dois do Executivo de Hong Kong afirmou, no entanto, que no caso de Joshua Wong ganhar a acção, o Governo teria pouco tempo para alterar a lei antes da eleição do LegCo prevista para Novembro de 2016.

14 Out 2015

Visita | Democratas falham encontro com Governo Central

Au Kam San e Ng Kuok Cheong foram os únicos deputados do hemiciclo a não marcar presença na delegação da Assembleia Legislativa que desde ontem se encontra em Pequim. O programa inclui seminários sobre Lei Básica e encontros com dirigentes da APN

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns deputados à Assembleia Legislativa (AL) estão desde ontem em Pequim onde integram uma visita oficial com dirigentes dos principais órgãos políticos do continente. Contudo, naquela que é a primeira visita oficial do género desde a transferência de soberania, os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, do campo pró-democrata, optaram por não marcar presença.
Ao HM, Au Kam San explicou as razões, referindo que a AL não transmitiu o objectivo ou o tema da visita, pelo que aos deputados pareceu apenas uma “viagem simples”. Por isso, ambos dizem ter optado por não desperdiçar o seu tempo com a ida a Pequim. “Não é fácil fugir de Macau durante vários dias”, disse ainda o deputado, explicando que diariamente o escritório dos dois membros do hemiciclo é invadido com contactos da população.
“Até ao último dia não soubemos qual era o objectivo da visita. Só nos disseram que era uma visita a Pequim e a Hebei. Não vale a pena perder tempo lá”, explicou ainda Au Kam San, dizendo que os dois deputados nunca rejeitaram comunicar com as autoridades do continente.

[quote_box_left]“Até ao último dia não soubemos qual era o objectivo da visita. Só nos disseram que era uma visita a Pequim e a Hebei. Não vale a pena perder tempo lá” – Au Kam San, deputado[/quote_box_left]

Descubra as diferenças

Apesar da AL ter disponibilizado o programa aos deputados antes da sua viagem para o continente, o HM sabe que os membros do hemiciclo tiveram acesso a outro programa assim que aterraram em Pequim. Apesar de ser uma agenda um pouco mais detalhada, não existem grandes diferenças em ambos os programas, que inclui encontros e seminários entre os deputados locais e os altos dirigentes do Governo Central.
Para hoje está agendada uma visita à Comissão da Lei Básica da RAEM do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), incluindo encontros com Li Fei e Zhang Ronghsuan, dirigentes máximos deste órgão. Vai ainda ser realizado um seminário sobre a Constituição e a Lei Básica da RAEM.
Amanhã, quarta-feira, os deputados vão visitar o Comité Permanente da APN em Pequim, onde deverão ser abordadas questões na área legislativa e as medidas de supervisão da cidade. O regresso dos deputados a Macau está agendado para amanhã à tarde.
Ontem, segunda-feira, a visita começou na cidade de Langfang, província de Hebei, com a realização de um colóquio com a Comissão Permanente da APN de Langfang.
Houve ainda uma apresentação “da situação da integração regional de Pequim, Tianjin e Hebei”, incluindo uma visita “aos projectos de desenvolvimento local de maior relevo”. Na noite de ontem teve ainda lugar um jantar onde discursaram Ho Iat Seng, presidente da AL, e Wang Guangya, Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado.

13 Out 2015

Sete casos de venda de medicamentos sem receita

Os Serviços de Saúde (SS) emitiram ontem um comunicado onde dão conta que apenas sete farmácias venderam medicamentos sem receita médica desde 2013. Foi registado um caso nesse ano, mais três casos o ano passado e três casos nos primeiros três trimestres deste ano, estando já a decorrer os processos sancionatórios contra esses locais. Desde 2013, o Governo já terá efectuado um total de 2116 acções de inspecção às farmácias locais. A lei que regula a venda de medicamentos data de 1990, podendo as sanções variarem entre as duas mil e 12 mil patacas. No mesmo comunicado, os SS ponderam aumentar os valores das multas. “Em referência à experiência de gestão de assuntos farmacêuticos internacionais, na eventual revisão das vigentes legislações de monitorização de medicamento, pretende-se criar sanções mais pesadas para que esta tenha efeitos mais dissuasores”, pode ler-se.

13 Out 2015

FIIM | Pedro Moutinho e Filarmónica da BBC actuam este fim-de-semana

É já esta sexta-feira que o fadista português Pedro Moutinho actua na Fortaleza do Monte, no âmbito do Festival Internacional de Música. Há ainda tempo para assistir a dois concertos da Filarmónica da BBC, no CCM

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ado e orquestra. São estas as duas possibilidades para a sua sexta-feira, ainda que em separado. Em palcos diferentes e à mesma hora, dois grandes nomes da música prometem trazer ao público do Festival Internacional de Músicas de Macau (FIMM) bons momentos.
O português Pedro Moutinho é o grande nome do cartaz para o começo de fim-de-semana, trazendo-nos um concerto de Fado em conjunto com o quarteto “Danças Ocultas”. Este grupo, composto por Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Silva e Francisco Silva, “propõe uma abordagem única e altamente original ao acordeão”. Por sua vez, Pedro Moutinho é uma das novas vozes do Fado, contanto já com três álbuns de estúdio e um Prémio Amália. danças ocultas
O concerto de Pedro Moutinho tem lugar na Fortaleza do Monte às 20h00, sendo que a entrada é livre, ainda que com lugares limitados.

Outro palco

À mesma hora, mas no Centro Cultural de Macau (CCM), terá lugar o concerto Sinfonia N.º 9 “A Grandiosa” de Shubert pela Filarmónica da BBC, do Reino Unido. Considerada uma das melhores do seu país, a orquestra da BBC tem realizado concertos pelo mundo, estando desta vez presente na RAEM com o maestro Juanjo Mena e o violoncelista Laslo Fenyo. No dia seguinte, o mesmo grupo apresenta “Variações Enigma”. Ambos os concertos acontecem às 20h00 e os bilhetes custam entre 150 a 500 patacas.
Quinta-feira, dia 15, tem lugar, no CCM, o concerto comemorativo de Xian Xinghai e Liu Tianhua, para celebrar o 70º aniversário da vitória na guerra da resistência contra a agressão japonesa. O concerto, que decorre por volta das 20h00, terá como maestros Wang Aikang, Ho Man-Chuen, Huang Kuang-Yu e Pang Ka Pang.
Para o CCM, esta é “uma oportunidade verdadeiramente valiosa para promover o intercâmbio musical entre estas quatro regiões, que partilham uma cultura homogénea e os mesmos antepassados, demonstrando assim a sua afeição pela nação chinesa”.
Xian Xinghai nasceu em 1905 e “compôs numerosas obras musicais arrebatadoras ao longo da sua carreira”. “Uma das suas mais conhecidas obras, “A Cantata do Rio Amarelo” constitui um hino de louvor dedicado ao espírito determinado do povo chinês durante a Guerra de Resistência contra a agressão japonesa”, remata o CCM. Os bilhetes custam entre as cem e as 200 patacas.

13 Out 2015

Centro de doenças infecciosas em Coloane pronto até final do ano

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]lexis Tam anunciou na sexta-feira que até finais deste ano estará pronto, em Coloane, o Centro de Saúde Pública, destinado ao internamento de portadores de doenças infecciosas. O projecto terá custado cerca de 340 milhões de patacas e terá capacidade para 60 camas.
A nova unidade – localizada no Alto de Coloane – resulta da remodelação de um outro centro, também de recuperação de doenças infecciosas.
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura confirmou, contudo, não haver ainda planos para a utilização do Centro de Saúde Pública em Coloane nas fases em que não se registem epidemias no território.
“Acredito que se acontecer alguma epidemia em Macau este centro clínico vai ajudar imenso nos trabalhos de isolamento dos pacientes. As instalações vão oferecer um espaço para os pacientes recuperarem, mesmo que, para já, não esteja prevista nenhuma epidemia em Macau”, frisou Alexis, acrescentando que este não é o único espaço dedicado às doenças infecciosas.

Atrasado pela cultura

Junto ao hospital Conde de São Januário deverá ser construído, em 2018, o Edifício de Doenças Infecciosas de Saúde Pública, o qual servirá para diagnosticar as doenças infecciosas e ser uma “instalação complementar de reabilitação”. O Edifício de Doenças Transmissíveis da Saúde Pública teve de ser submetido a uma nova concepção em 2008, por ser mais alto do que a lei permitia, o que causou o adiamento das obras.
O local deverá estar pronto em 2018, depois de novos atrasos devido à necessidade de elaboração de um parecer do Instituto Cultural por causa de duas casas que poderão ter valor histórico e que teriam de ser demolidas para o espaço nascer.

Serviço público de Psiquiatria sem problemas

Alexis Tam garantiu que o serviço público de psiquiatria está bem e recomenda-se: no ano passado foram registados 1189 casos, o que, segundo os SS, representa uma diminuição de 2,1% face a 2013, números que “registam um declínio em dois anos consecutivos”. Há cerca de 12 mil casos a receber tratamento na consulta externa do serviço de psiquiatria, “correspondente a 1,9% da população local”, aponta o organismo.

12 Out 2015

Saúde | Governo continua sem saber orçamento e prazos para novo hospital

Tanto o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura como o director dos Serviços de Saúde afirmam não ter conhecimento do orçamento para o novo hospital nem da data de conclusão. As Obras Públicas remetem explicações para o GDI, que afirma ter recebido apenas partes de projectos e de necessitar de tempo para avaliações e pareceres técnicos. Os SS comprometem-se a entregar tudo até Janeiro

[dropcap style=’cricle’]E[/dropcap]m 2012 coube aos Serviços de Saúde (SS) anunciar as datas para a conclusão do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como uma previsão de orçamento: dez mil milhões de patacas. Anos depois, o Governo continua sem saber ao certo quanto custará o novo hospital do território nem quando poderá ficar concluído. Em conferência de imprensa, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse desconhecer os novos detalhes do projecto.
“Isso não depende de nós, mas do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Os SS são apenas utilizadores e não sabemos o andamento da obra e a data de construção. O projecto já foi entregue ao GDI. Nós todos somos utilizadores e não somos nós que vamos construir”, referiu Alexis Tam.
Lei Chin Ion, director dos SS, garantiu que o GDI “está na fase de apreciação” dos projectos. “[O projecto do novo hospital] terá de passar por vários departamentos e depois vai ser realizado o concurso público. Tudo está dependente da realização do concurso público por parte do GDI, tal como o custo e o prazo de entrega”, explicou.
O HM contactou a tutela dos Transportes e Obras Públicas no sentido de saber mais detalhes sobre o orçamento, mas o Secretário Raimundo do Rosário remeteu explicações ao GDI. Em resposta ao HM, o organismo garantiu que, afinal, “até à data foram submetidos parte dos projectos” pelos SS.
“Os projectos [de fundações] do Instituto de Enfermagem e do Edifício Residencial para Trabalhadores foram submetidos no quarto trimestre de 2014 e no segundo trimestre de 2015 iniciaram-se os respectivos trabalhos de construção de fundações. No segundo trimestre de 2015, recebemos os projectos de fundações do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico e também do Edifício de Administração e Multi-Serviços e estima-se iniciar os respectivos trabalhos de construção [destas fundações] no final do corrente ano”, começa por dizer o organismo. Só no segundo e terceiros trimestres deste ano é que o Gabinete recebeu “parte dos projectos de super-estrutura dos edifícios” do Instituto de Enfermagem, do Edifício Residencial para Trabalhadores, do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico.
Ontem, contudo, os SS admitiram querer entregar GDI, até Janeiro, todos os projectos que ainda faltam relativamente à construção do Hospital. Só aí poderá haver avanços.
“A entrega será em Janeiro do próximo ano ao GDI para abertura do concurso público [para construção]”, disse o director dos SS, Lei Chin Ion.

Um grande bico de obra

Indicando que a obra tem 77 mil metros quadrados e é constituída por sete edifícios, praça, passagens superiores, vias rodoviárias e infra-estruturas de apoio, o GDI diz que o projecto é “de grande escala”, necessitando sempre de pareceres técnicos.
Neste momento, o gabinete conta então com “parte dos projectos dos edifícios”, sendo que cada um “necessita de passar por um processo de avaliação em que é necessário recolher pareceres técnicos de mais de dez entidades”. Os SS dizem que “[a maioria dos serviços competentes] entregou parecer dentro de um mês”, como disse Lei Chin Ion, que destaca que cada uma destas fases costuma demorar, em média, meio ano.
Após a avaliação há ajustamentos e só depois “quando se encontrarem reunidas as condições necessárias”, o Gabinete dará início ao concurso público para a construção.

Orçamento a subir

Em Janeiro deste ano, os SS anunciaram que o orçamento global iria ser conhecido após meados deste ano, confirmando que as obras poderão estar concluídas em 2017, com excepção do hospital de reabilitação.
Lei Chin Ion deu ainda a entender que o orçamento para o novo hospital pode vir a ser superior a dez mil milhões de patacas, à semelhança do que já tinha sido afirmado em Janeiro. “O preço de 2012 é diferente, já foi actualizado e já tem versões diferentes. O orçamento depende dos materiais que são usados no edifício e que serão aprovados, só teremos um orçamento mais concreto depois da abertura do concurso. O montante apresentado anteriormente é diferente.”
A conferência de imprensa decorreu depois de Alexis Tam ter visitado as instalações do futuro Centro de Saúde Pública em Coloane, destinado ao tratamento de doenças infecciosas, bem como o serviço de Psiquiatria na Taipa e o novo alojamento para trabalhadores de emergência (ver textos secundários).

12 Out 2015

Mong-Há | Académicos questionam planos do Governo

O Secretário Alexis Tam quer transformar a zona residencial de Mong-Há num pólo cultural que consiga atrair turistas. Mas o académico Anthony Wong, do IFT, pede um bom sistema de transportes para que isso aconteça. Vizeu Pinheiro defende a criação de pousadas da juventude e diz que os estudos já feitos não devem ser ignorados

[dropcap style=’cricle’]M[/dropcap]ong-Há é feita de prédios residenciais, ruas cheias de trânsito, o espaço cultural Armazém do Boi e ainda um edifício de habitação social. Mas o Governo quer que seja bem mais do que isso, ao ponto de se transformar num pólo cultural com actividades que consigam atrair a atenção dos turistas. Contudo, Anthony Wong, docente de turismo do Instituto de Formação Turística (IFT), instituição universitária localizada em Mong-Há, acredita que esse objectivo vai ser difícil de atingir.
“Para começar, não sei se os turistas estão interessados em deslocar-se até à zona de Mong-Há. Penso que vai ser um desafio atrair turistas para aquela zona. Sabemos que o sistema de transportes nessa área é mau, o que é um constrangimento”, disse o docente ao HM.
“Há uma parte dos turistas que está interessada na cultura, mas não todos os turistas. Essa área tem de ser atractiva para os turistas, com algo que valha a pena uma visita e não sei o que poderá ser feito [nesse sentido]. Também tenho dúvidas sobre qual seria a melhor área para levar os turistas, numa zona tão movimentada. Há muito trânsito, é uma zona residencial e um bom sistema de transportes tem de surgir em primeiro lugar”, acrescentou ainda Anthony Wong.
Já o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro acredita que “a Avenida Coronel Mesquita pode ser um eixo turístico”, pedindo ao Governo para ter em conta os estudos académicos que já foram realizados sobre a requalificação da zona, tal como um trabalho de campo realizado pelos alunos da Universidade de São José, IFT, Universidade de Hong Kong e uma instituição do continente. Uma das propostas, contou Vizeu Pinheiro ao HM, referia-se à construção de uma ligação entre o Armazém do Boi e a zona do Forte de Mong-Há, “que está praticamente às moscas”. A ideia seria construir uma escada mecânica entre os dois locais.
“As propostas feitas pelo mundo académico devem ser consideradas pelo Instituto Cultural (IC). Lembro-me que foi feito uma espécie de inquérito ou consulta à população local e a turistas, e esse é um trabalho que está com o IFT, mas é uma pena não se aproveitarem esses estudos de quatro universidades sobre este tema”, disse ainda o arquitecto.

O que fazer com as casas?

Na Avenida Coronel Mesquita encontram-se ainda várias casas tradicionais que o Governo queria transformar em museus, mas que, até ao momento, permanecem como sempre foram: de habitação. Para Vizeu Pinheiro, as estruturas já existentes não devem ser alteradas.
“O mais autêntico é manter as casas na sua função original e serem residências, ou relacionadas com a residência, com uma adaptação para cafés ou bares, porque algumas casas ainda estão ocupadas e penso que deveriam manter-se. São casas pequenas, penso que é algo que tem de ser estudado e podem haver várias alternativas.”
Uma delas, segundo o arquitecto, poderia ser a construção de pousadas da juventude. “É uma categoria que falta e pode-se experimentar o património das casas portuguesas, que é autêntico e vivo, não é uma coisa que está só no museu. A história que vai ser narrada neste espaço cultural deve ser uma história de matriz portuguesa e a história chinesa dessa zona”, defendeu.
A ideia de transformar a zona de Mong-Há numa área cultural foi confirmada na passada quinta-feira pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que anunciou a integração do espaço Armazém do Boi, que já realiza diversas actividades de cariz cultural. O HM contactou os responsáveis do Armazém do Boi, mas não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição.

12 Out 2015

Acreditação | Todos os médicos vão precisar de exame. Mas pode haver excepções

O Conselho para os Assuntos Médicos emitiu um comunicado onde deixa claro que todos os médicos, quer tenham feito a formação em Macau ou no exterior, têm de fazer um exame para o acesso à acreditação. Ainda assim, as excepções existem, só que são sujeitas a análise

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]final todos os médicos que queiram exercer a sua profissão nos hospitais, clínicas e centros de saúde de Macau têm de fazer um exame para ter acesso à acreditação da profissão. A garantia foi dada ontem pelo Conselho para os Assuntos Médicos, que em comunicado negou as informações avançadas por uma publicação local.
“Todos os profissionais de saúde que exercem actividade profissional em Macau, independentemente daqueles que se graduaram nos estabelecimentos de ensino superior em Macau ou no exterior, ou daqueles que possuam ou não experiências clínicas, devem submeter-se à avaliação académica, ao exame e ao estágio, o que além de preencherem outros requisitos, determina a emissão da cédula de acreditação”, aponta o comunicado. Isto porque o exame de acreditação “visa avaliar se os conhecimentos e capacidades adquiridas pelos profissionais de saúde atingem o padrão base para exercer a actividade da própria profissão em Macau”.
O Conselho deixa, contudo, bem claro que existem excepções à regras, mas apenas para os “talentos de Macau regressados do exterior”. “Sendo os mesmos especializados em determinadas técnicas médicas e que possam preencher lacunas em áreas de Medicina que necessitem de ser exploradas em Macau. Se estes tiverem experiências profissionais enriquecedoras nas áreas de saúde pretendidas, apenas este tipo de pessoas podem solicitar a dispensa”, explica o organismo.

Com condições

Contudo, a dispensa de realização do exame de acreditação estará sempre sujeita à avaliação do Conselho. “A dispensa do exame deve ser apreciada pelo Conselho dos Profissionais de Saúde, que ainda será criado, além de que o Conselho irá também estabelecer rigorosos mecanismos de apreciação e de aprovação para tratar estes casos”, garante a entidade. “O Conselho para os Assuntos Médicos só irá proceder à dispensa de exame para este tipo de profissionais de saúde e para os pedidos destinados ao reconhecimento de equivalência total ou parcial do estágio através da apreciação rigorosa, efectuada através de um mecanismo especial de avaliação que será criado para o efeito”, assegura ainda.
O Conselho frisou também que só os casos em que estejam explícitas as horas, conteúdo e local do estágio, bem como outras informações, é garantido o reconhecimento “da equivalência total ou parcial do estágio”, sendo que só depois da sua apreciação “os casos que preencham os requisitos terão acesso ao reconhecimento”. Caso contrário, “não haverá acesso ao reconhecimento, pois assuntos diferentes não podem ser tratados da mesma maneira”.

10 Out 2015

AICEP | Cenário de Coligação não altera relações comerciais com a China

Maria João Bonifácio, delegada da AICEP em Macau, acredita que o cenário político de coligação em Portugal a seguir às eleições legislativas não vai causar instabilidade no sector empresarial e nas relações comerciais entre Portugal e a China

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]pesar da instabilidade política vivida em Portugal, a seguir às eleições legislativas que decretaram a vitória, sem maioria absoluta, da coligação Portugal à Frente (PAF), as relações comerciais entre a China e Portugal não deverão ficar afectadas. Foi esta a ideia deixada ontem por Maria João Bonifácio, delegada da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Macau.
“Os empresários e o tecido empresarial português têm respondido bastante bem e de forma estável e positiva aos desafios que o nosso país tem vindo a ultrapassar nos últimos três anos. Estou confiante de que irão continuar a ter um papel importante na recuperação da economia portuguesa”, disse a delegada da AICEP aos jornalistas à margem de um workshop intitulado “Mais do que imaginas – Ambiente de Negócio e Investimento em Portugal”, realizado em parceria com o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM).
Questionada sobre as possíveis consequências do cenário de desaceleração da economia chinesa nas relações bilaterais com Portugal, Maria João Bonifácio disse acreditar que não serão negativas.
“Os números até agora apontam que ainda não [há uma consequência]. Vamos ver até ao final do ano. Estamos confiantes de que vamos continuar com um bom desempenho nos três mercados. Para já não posso adiantar mais porque os números apontam que os mercados estão a comportar-se bastante bem.”

Trocas aumentam

Falando de números, a delegada da AICEP aproveitou para revelar os últimos dados das trocas comerciais entre Portugal e China, Macau e Hong Kong, no primeiro semestre deste ano. No que diz respeito às exportações, Portugal exportou para Macau pouco mais de 15 milhões de euros, um aumento de 22% face a igual período do ano passado. Para Maria João Bonifácio, trata-se de um “desempenho bastante interessante”.
“Posso dizer que nos últimos anos a taxa média anual de crescimento tem sido de 17%. Um comportamento bastante favorável”, frisou.
Em relação à venda de produtos para o mercado chinês, a fasquia eleva-se: exportaram-se nos primeiros seis meses do ano produtos no valor de 600 milhões de euros, mais 19% face a 2014. Para Hong Kong Portugal exportou um total de 81 milhões de euros, mais 11% face ao ano passado.
Quanto às exportações de Macau para Portugal, os números são bem mais baixos.
“O volume é de cerca de 350 mil euros, uma quebra substancial. Mas o que importamos de Macau são essencialmente máquinas, este valor pode ainda não ter um impacto muito importante. No final do ano é que poderemos ver se houve uma recuperação e se esta tendência é para manter. Normalmente recupera-se”, rematou Maria João Bonifácio.

Miguel Frasquilho em Macau para a MIF

A delegada da AICEP em Macau confirmou a vinda do presidente desta entidade, Miguel Frasquilho, para a realização de mais uma Feira Internacional de Macau. Quanto ao pavilhão de Portugal, terá uma maior concentração de empresas de várias áreas comerciais. “Sei que o objectivo é chegar às 60 empresas e que poderão já estar as 60 inscritas. Este ano o pavilhão não é exclusivo aos produtos alimentares mas é extensivo a outras áreas. As empresas vão estar um pouco mais concentradas.”

Processo de exportação de carne suína quase concluído

Maria João Bonifácio referiu ainda que o dossier relativo ao desbloqueio da exportação de carne suína de Portugal para a China deverá estar quase concluído. “A certificação de produtos para qualquer país é sempre uma questão que demora algum tempo. Para a China também é um período longo de negociações e que talvez o produto que tem o dossier mais avançado será o da carne suína. Isto quer dizer que todas as formalidades foram cumpridas da parte das autoridades portuguesas e compete agora à China verificar se tem toda a informação que pretende para desbloquear o processo.”

10 Out 2015

Governo| Carros Volkswagen sem problemas em Macau

O Executivo assegura não existirem quaisquer problemas com os carros da marca Volkswagen no território, isto depois de Taiwan ter exigido à marca de automóveis alemã para retirar do mercado os veículos afectados no âmbito da adulteração da emissão de gases poluentes

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]polémica com os carros adulterados da Volkswagen continua a fazer-se sentir na Ásia. Desta vez foi a Administração de Protecção Ambiental de Taiwan a pedir ao grupo alemão para retirar do mercado todos os veículos afectados pelo sistema que manipulou os dados das emissões de gases poluentes, tendo ainda exigido à marca o pagamento das devidas compensações aos proprietários. Em Macau, contudo, as autoridades continuam a frisar que os automóveis que circulam no mercado não estão afectados.
“A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) contactou de imediato os agentes locais (…). De acordo com as informações iniciais, não existem quaisquer problemas com os carros importados para Macau”, apontou o organismo ao HM.
Apesar disso, o Governo promete continuar atento. “A DSAT vai continuar a prestar atenção ao caso e dará toda a assistência aos agentes caso seja encontrado qualquer tipo de problema nos carros importados para Macau”, acrescentou.

Fora de circulação

Jay Chu, director-geral da Volkswagen Macau, já tinha referido ao diário Business Daily que em Macau não circulam os modelos afectados pelo software adulterado. “De facto só envolve os carros de passageiros a diesel. Em Macau, não temos sequer esse tipo de modelo”, frisou.
Apesar de circularem no mercado carros comerciais movidos a diesel, Jay Chu frisou ao mesmo jornal que esses veículos possuem motores turbo diesel, sendo, portanto, diferentes daqueles que foram afectados.
A decisão tomada esta semana em Taiwan visa a retirada de quase 17.800 automóveis das marcas detidas pelo Grupo Volkswagen, incluindo a própria Volkswagen, Audi e Skoda CV. A Administração de Protecção Ambiental de Taiwan referiu que é necessário efectuar modificações no sistema dos automóveis no prazo de três meses, estando já a efectuar um plano para a retirada e modificação dos veículos.
A polémica, que levou à demissão do CEO do grupo, Martin Winterkorn, e que afectou 11 milhões de veículos, levou ontem o presidente da Volkswagen na América do Norte, Michael Horn, a apresentar um pedido de desculpas ao Congresso norte-americano.
“Quero apresentar as desculpas sinceras da Volkswagen por ter utilizado um programa informático que serviu para manipular os resultados dos testes” das normas anti-poluição, declarou o presidente durante uma audição.

10 Out 2015

GP | Novas corridas na Guia e os grandes nomes de sempre

A 62ª edição do Grande Prémio de Macau regressa ao território entre os dias 19 a 22 de Novembro. Há novidades no Circuito da Guia, com a saída da prova WTCC e o arranque da Taça do Mundo de GT da FIA

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]Na sua última edição encabeçada por João Manuel Costa Antunes, o Grande Prémio de Macau (GP) apresenta a primeira edição da Taça do Mundo de GT da FIA com cinco equipas – Aston Martin, Audi, Mclaren, Porsche e Mercedes-Benz – e 24 pilotos. Com o habitual Grande Prémio de Motas de Macau e o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Taça Intercontinental da Federação Internacional de Automóvel (FIA), a 62ª edição do GP não vai, contudo, contar com a até então habitual corrida de WTCC.
No Circuito da Guia voltam a correr nomes como o de Félix Rosenqvist, vencedor de Fórmula 3 o ano passado, ou Michael Rutter, habitual vencedor no Grande Prémio de Motos, e Edoardo Mortara. De Portugal chegam os pilotos Álvaro Parente, Nuno Caetano e André Pires. Por Macau, correm André Couto, Rodolfo Ávila, Rui Valente e Álvaro Mourato, entre outros nomes já habituais na Guia.
Com um orçamento de cerca de 210 milhões de patacas, semelhante ao de 2014, a Comissão do GP anunciou ontem que foram geradas mais 3% de receitas no campeonato do ano passado. Aos jornalistas, João Manuel Costa Antunes mostrou-se optimista quanto às novidades no Circuito da Guia.
“Este ano temos duas corridas novas, duas estreias em Macau e a nível mundial. A Corrida da Guia, que é tradicionalmente uma corrida de carros de turismo, deu a oportunidade para que a série TCR tenha aqui a sua final e trata-se de um tipo de viaturas que é mais acessível para que os pilotos da zona asiática, e de Macau, possam evoluir para outros níveis. Penso que pelos resultados que verificámos até agora vamos ter uma grande corrida no Circuito da Guia”, disse.

Reconhecimento

Quanto à Taça GT do Mundo da FIA, “vem quase como uma consequência do projecto que se iniciou em 2008, com as provas GT Macau, em que a nível internacional fomos atraindo cada vez mais as atenções das marcas e dos pilotos”, adiantou Costa Antunes. “Grande parte dos pilotos que vêm para a taça do mundo de TG são pilotos que já correram em Macau. São pilotos que reconhecem a validade e interesse do nosso circuito”.
O facto da Ferrari não estar presente nesta competição não constitui um problema para Christian Schacht, presidente da Comissão GT da Fia. “Teremos de perguntar à Ferrari [por que não vem]. Com todos os esforços que fizemos estou muito contente por termos um projecto que começou em Julho. O sucesso e os resultados que tivemos deixam-me muito contente”, apontou.
Costa Antunes disse ainda ter “uma grande alegria ao ver pilotos de Macau e de Portugal”. “Grande parte dos que vêm competir no GP têm alguma experiência no circuito e portanto temos sempre uma grande esperança”, apontou, tendo falado da entrada de técnicos internacionais no Circuito da Guia.
“Ao longo dos anos temos evoluído e estamos num patamar em que cerca de 900 técnicos desportivos estão à volta do circuito e como o GP é uma prova verdadeiramente internacional, sentimos a necessidade de termos técnicos internacionais, porque seguem os vários campeonatos. São os técnicos que a FIA indica”, rematou.

Grande Prémio no ID “não perde autonomia”

No final deste ano, a Comissão do GP passa a estar sob alçada do Instituto do Desporto, mas Costa Antunes desvaloriza uma eventual perda de autonomia. “Não acho que haja uma perda de autonomia, penso que a estrutura organizativa vai ser de outra forma. A Comissão do GP já viveu no passado outras estruturas. Começou por ser liderado por uma comissão quase independente, depois esteve ligado ao Leal Senado e depois passou a ser coordenado por um departamento do turismo. Depois entendeu-se que deveria ser autónomo e agora, por uma questão de racionalização de meios, entendeu-se que deveria estar dentro de um departamento do ID”, lembrou.

8 Out 2015

Signum Living Store | “Scape”, de Rui Rasquinho, inaugura quarta-feira

Na próxima quarta-feira, dia 14, inaugura na Signum Living Store a exposição “Scape”, do ilustrador Rui Rasquinho. São desenhos de paisagens imaginadas e sentidas pelo autor, que apenas querem levar o público a fazer uma própria interpretação daquilo que vê

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cerca de quatro anos que o ilustrador Rui Rasquinho não expõe o seu trabalho junto do público, apesar de colaborar regularmente com diversas publicações. Desta vez, o artista quebra esse jejum e apresenta na Signum Living Store a exposição “Scape”, que inaugura na próxima quarta-feira, dia 14, e que estará patente até Dezembro.
“Scape” é uma exposição cheia de obras que não foram feitas para esse fim, mas que fazem parte de um “projecto maior” que Rui Rasquinho está a desenvolver e que será composto também por fotografia e vídeo. O que o público vai poder apreciar na galeria de arte é apenas “uma experiência e uma investigação” para aquilo que ainda há-de vir, contou o artista ao HM. rasquinho
Apesar do nome da iniciativa remeter para paisagens, não são os espaços físicos que “Scape” aborda. “Este projecto tem a ver com paisagens interiores, o que a pessoa pensa, o seu estado de espírito e a forma como isso se expressa. Uma das ideias é ter um espaço grande para a interpretação sobe as obras em si, não só do artista mas das pessoas que vão ver. Há um espaço grande para as pessoas verem o que quiserem e puderem ver, onde as coisas não são completamente figurativas ou abstractas”, explicou Rui Rasquinho.
O ilustrador prefere chamar às 14 obras expostas “desenhos”, que podem fazer lembrar à partida pintura tradicional chinesa. Mas não é disso que se trata. “Neste caso são desenhos porque é a linha que define tudo, o estilo e a mensagem. Mas há referências múltiplas, inclusive referências da pintura histórica, chinesa, mas também ocidental e outras coisas”, acrescentou.

Uma catarse

Tendo sido convidado pela galeria Signum Living Store e a revista Macau Closer a realizar esta exposição, Rui Rasquinho apresentou assim o resultado de uma espécie de catarse do artista.
“Este trabalho tem uma componente importante, que é o desenho como prática obsessiva, como catarse. É também o processo da busca de um ideal, que pode ser fictício e inatingível, entre o figurativo e a abstracção. O que interessa aqui é o processo de busca dessa ideia, não exactamente a ideia em si. Daí aquele espaço vasto que é deixado para a interpretação”, revelou Rui Rasquinho.
Questionado sobre as expectativas que deposita nessa própria interpretação que o público irá fazer, o ilustrador garante que nem sequer pensa nisso. “A ideia é que seja um espaço de interpretação e que as pessoas encontrem sentidos lá. A minha única expectativa é essa, que em vez de se guiarem por frases que o artista ou a galeria fazem, tenham um espaço para fazer a sua própria interpretação”, concluiu.

8 Out 2015

Novo contrato com a TCM já está em vigor

O Governo já reviu o contrato de exploração de autocarros com concessionária TCM, o qual se encontra em vigor desde o dia 1 de Outubro. O contrato, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), prevê a exploração de 22 carreiras por parte da operadora, para além de prever a entrega de um relatório mensal à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Este documento deve conter “dados constantes do sistema referente às informações de exploração”, como as horas das partidas das carreiras, o número de partidas ou a duração do percurso. Incluem-se neste relatório as despesas financeiras da empresa. Para além disso, a DSAT obriga a TCM a “elaborar trimestralmente um plano genérico de trabalhos, do qual deve constar a organização e elaboração do programa de exploração de carreiras, mobilização de recursos, manutenção e reparação, limpeza e serviço prestado ao cliente, bem como outras medidas de trabalho, para prestar serviço de melhor qualidade e mais profissional”, pode ler-se.

8 Out 2015

Ana Luísa Amaral, escritora e docente de Literatura

O ano de 2015 está a revelar-se um ano produtivo para a carreira de Ana Luísa Amaral como poetisa, mas sobretudo como escritora. A editora Oxbow Press vai publicar uma antologia dos seus poemas em Inglaterra, enquanto que a editora europeia Peter Lang está a preparar um livro de ensaios sobre a sua obra, a sair este ano ou em 2016. A autora de “Minha Senhora de Quê”, o seu primeiro livro, continua a não assumir nada na sua carreira literária e a considerar as palavras que escreve como um “destino”

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ublicou, aos 33 anos, o seu primeiro livro, “Minha Senhora de Quê”. Muitos livros e palavras depois, que senhora é hoje?
Uma pessoa diferente, claro, até porque 25 anos se passaram… Gosto mais de “pessoa” do que de “senhora” (aliás, esse “minha senhora” foi sempre irónico). Diria, até, que sou, sobretudo, uma mulher diferente. Sou uma mulher com uma linguagem que necessariamente mudou, com a passagem dos anos e o acréscimo de experiências, com a vida, com o mundo. Mas sou, todavia, estruturalmente, semelhante ao que era então, nesse ano de 1990, com semelhantes preocupações éticas e poéticas. Talvez a grande diferença é que hoje tenho menos medos.

Se tivesse de escrever o mesmo livro actualmente, como o faria?
Não sei, sinceramente. O tempo do livro foi aquele tempo, não este. Este é o tempo de livros como “Escuro”, ou “Ara”, ou “E Todavia”. Cada livro tem o seu tempo. Talvez por isso, quando reúno os livros em antologias (já foram duas, “Poesia Reunida – 1990-2010”, de 2010, e “Inversos – Poesia 1990-2015” e a próxima, que surgirá para o ano, pela Assírio & Alvim, irá chamar-se “Em Suma”), nunca mudo os poemas, nunca os reescrevo. Nunca escreveria novamente esse livro – nem nenhum dos outros que se seguiram.

[quote_box_left]“A minha relação com as palavras foi sempre de amor à mistura com o que sinto quase como uma espécie de necessidade, a ananké grega, ou seja, quase um destino”[/quote_box_left]

Foi em 2013 que escreveu “Ara”, o seu primeiro romance. Sentiu que tinha chegado a altura de escrever prosa? Como foi o processo de criação dessa história?
Os capítulos desse romance foram sendo escritos ao longo dos anos, durante bastante tempo. Não foi, portanto, um romance escrito de uma forma cronológica, nem com aquela dedicação de escrita de que geralmente falam os romancistas. Talvez essa seja uma explicação para o facto de o livro abrir assim: “Mas as coisas não giram ao nosso compasso. Eu não sou romancista. Se fosse romancista, dividia-me em nomes de ficção e disso não sou capaz.” Este não é, pois, um romance no sentido mais tradicional do termo e a sua escrita foi-me muito rente à escrita da poesia. Assim, mais do que sentir que tinha chegado a altura de escrever prosa, o que senti foi que tinha chegado a altura de dar forma àquele “romance” e de publicar aquele livro.

Numa entrevista que deu há alguns anos, disse que sentia falta de ter tempo, por sentir dificuldades em conciliar a vida pessoal com a escrita e as aulas na faculdade. Ainda sente isso?
Sim, sinto isso ainda hoje. Talvez menos, do ponto de vista familiar, porque quando dei essa entrevista, a minha filha era ainda pequena, e agora tem 30 anos. Mas continua a ser difícil conciliar a minha vida profissional (os projectos que coordeno, as teses que oriento, os contínuos pedidos que recebo para avaliações) com a escrita – que é sempre algo para mim muito mais “puro”.

Continua a sentir-se mais docente do que escritora, como disse numa entrevista? Porque é que não se assume ao contrário?
Penso que nunca disse exactamente isso, ou se disse, disse mal, e o que queria era dizer que a minha profissão é ser docente e investigadora. Quanto à escrita, sou “amadora”, no sentido de que fala Clarice Lispector, ou seja, aquela que ama a palavra e a escrita. E não assumo nada: escrevo porque preciso de escrever, como preciso de respirar. É-me tão essencial como a vida. Por vezes, é mais do que a vida…

A sua relação com as palavras tem vindo a mudar ao longo dos tempos? Como a descreve?
A minha relação com as palavras foi sempre de amor à mistura com o que sinto quase como uma espécie de necessidade, a ananké grega, ou seja, quase um destino. O que é algo estranho para alguém que, como eu, duvida do determinismo… O que é certo é que tenho um poema que começa assim “Desejava esquecer, mas elas não me deixam, / chegam com seu tear e sua mãe cruel, / e sobre mim ensaiam um cansaço que há séculos / lhes tem sido alimento”. O poema chama-se “Os teares de memória: Mnémosine e suas filhas” e fala da memória e do que sinto como a inevitabilidade da escrita. E devo dizer-lhe que sempre assim foi.

Como olha para o lançamento deste livro cheio de ensaios sobre a sua obra, que vai sair este ano? O que sente perante estas retrospectivas sobre as palavras já escritas? Uma ponta de nostalgia, ou sobretudo uma auto-reflexão?
Sinto alegria, sinto alguma nostalgia, claro, porque isto significa que eu escrevi bastante e que, portanto, o tempo passou. Mas sinto sobretudo uma grande alegria. E também gratidão por este livro estar a ser preparado e pelo reconhecimento. E ainda algum orgulho pelos nomes das pessoas que escreveram sobre a minha obra e que lá estão, nesse livro. Mais não sei dizer, acho que da minha obra falarão os ensaios. Além disso, acabo de saber que vai sair também, pela Oxbow Press, uma antologia da minha poesia, traduzida por Margaret Jull Costa. Essa é uma grande alegria. ana_luc3adsa_amaral_at_gc3b6teborg_book_fair_2013_02

Como surgiu esse projecto?
Esse projecto surgiu inicialmente pela mão de Teresa Louro, que esteve na Universidade de Londres a fazer pesquisa sobre a minha poesia, acabando por escrever um belo ensaio sobre o meu livro “A Génese do Amor”. Depois, a ela juntou-se Claire Williams, da Universidade de Oxford, a primeira pessoa a escrever um ensaio que explora a relação entre mãe e filha na minha poesia (algo que ninguém tinha feito e que é, portanto, profundamente original). O ensaio chama-se “Educating Rita” (o nome da minha filha…). São elas as organizadoras desse volume.

Todos os anos se celebra o Dia Internacional da Mulher. Os discursos e as necessidades continuam a ser as mesmas, em prol da igualdade salarial e de oportunidades. É preciso mudar algo a este nível? As vozes que pedem essas melhorias devem mudar de estratégia, para que exista, de facto, uma mudança?
Amartya Sen diz que para haver justiça não chega haver voto, é preciso haver voz. Muitas, muitas mulheres, mesmo tendo direito ao voto, não têm ainda voz. Quando deixar de se celebrar esse dia, chegaremos a um ponto de viragem muito importante, em que as diferenças passarão a ser a indiferença. Porque ninguém celebra O Dia Internacional do Homem (aliás, mesmo esta palavra, “Homem”, pareceria logo que tinha a ver com a espécie humana). Há muito a fazer ainda, sim.

Fazem falta mais mulheres na literatura portuguesa e mundial? Tanto na poesia, como na prosa?
Pois claro que sim. Mas cabe às mulheres publicarem mais e às editoras divulgá-las melhor.

Que autores contemporâneos costuma ler?
Maria Velho da Costa, Nuno Júdice, Lídia Jorge, Hélia Correia, Jane Smiley, Mário de Carvalho… E depois, os clássicos, que não me canso de reler: Camões, Pessoa, Sá-Carneiro, Emily Dickinson, William Blake, William Shakespeare, Dostoievsky…

Depois da morte de nomes como Manuel António Pina, Mário Cesariny ou António Ramos Rosa, sem esquecer Saramago, podemos falar de uma nova fase da literatura portuguesa, com novas formas de escrever? Sobretudo, de uma boa fase da literatura em Português?
A literatura portuguesa sempre foi riquíssima, em especial a poesia. Não creio que poetas como Sophia [de Mello Breyner], Fiama [Hasse de Pais Brandão], ou Jorge de Sena tivessem eclipsado os seus contemporâneos. Portanto, depois desses extraordinários poetas que morreram, houve outros poetas. E haverá sempre mais poetas…

Na qualidade de docente do curso de Literatura Inglesa e Americana na Universidade do Porto, que análise faz aos alunos que hoje em dia escolhem essa área? São alunos que escrevem, que debatem ideias?
Nem sempre, infelizmente. Os melhores alunos que tenho tido são os que escolhem Literatura Comparada. Fazem muito bem, na minha opinião: a literatura não conhece fronteiras, nem lealdades. A literatura é múltipla, sendo uma.

É necessário fazer alterações aos cursos de Literatura actualmente leccionados em Portugal?
Julgo que uma das coisas mais importantes (mas isso tem a ver com algo mais amplo do que os cursos de Literatura propriamente ditos) seria valorizar as Humanidades e a Literatura, em particular. Passar a mensagem de que a Economia, ou a Engenharia, ou a Tecnologia são mais importantes (e rentáveis) do que as palavras (neste caso, a palavra poética, no sentido lato do termo) é um enorme erro. Porque, sendo aparentemente menos útil, a literatura é o mais poderoso veículo humano que possuímos para simultaneamente comunicar, pensar e imaginar. E a imaginação é essencial, o simbólico é essencial: é aquilo que nos torna humanos. Enfraquecer a cultura é enfraquecer a memória e enfraquecer a memória é enfraquecer os povos.

A crise económica em Portugal afastou ainda mais as pessoas da leitura, sobretudo os jovens? Como mudar esse paradigma?
Esse afastamento é relativo. Porque há os blogues, todo o suporte informático a que os jovens cada vez recorrem mais. O livro, sim, como objecto, esse tem sofrido bastante, porque a capacidade de compra está cada vez mais reduzida e as pessoas fazem uma selecção entre o que consideram ser o essencial e o que pode ser visto como o supérfluo, ou o adicional. E o Estado, na forma de escola pública e de bibliotecas, embora tenhamos uma excelente rede de bibliotecas, também não fomenta a leitura. Mas nunca no meu país se assistiu a tantas leituras de poesia em cafés, pequenos bares, sítios mais alternativos. Como se a arte fosse uma tábua de salvação para estes tempos tão cruéis, em que os estados e os povos deixaram de ter importância, ficando à mercê das indústrias financeiras. A arte é impossível de conter, de controlar, como um rio: se encontrar obstáculos, correrá noutra direcção, procurará outros leitos.

Como escritora de contos infantis, como olha para a política da leitura nas escolas? É cada vez mais difícil pôr os miúdos a ler, com as novas tecnologias?
As tecnologias, ou tudo o que o ser humano inventou, podem sempre ser usadas de uma forma maravilhosa, tal como podem ser usadas de forma danosa. Mas, quando são usadas de uma maneira engenhosa e delicada, são maravilhosas. Dou um exemplo bem simples. Tenho um livro que se chama “Como Tu”, que tem um CD. Os poemas desse livro são lidos por dois actores (Pedro Lamares e Rute Pimenta), acompanhados ao piano por Álvaro Teixeira Lopes, tocando música de António Pinho Vargas. Quando vou a escolas, ponho muitas vezes esse CD e as crianças adoram. O mesmo se passa com um outro livro, “A história da Aranha Leopoldina”, que tem também um CD. Mas já me aconteceu falar para crianças surdas. Aí, a imagem e as palavras projectadas num ecrã gigante (porque, na maior parte das vezes, no início do encontro, eles não têm o livro) são fundamentais.

Sendo este um jornal de Língua Portuguesa em Macau, perguntava-lhe se já visitou o território, ou a China.
Já fui a Macau, sim. Em 2006, por ocasião dos I Jogos da Lusofonia.

Sobre a China, como vê o crescimento do país a presença crescente em Portugal? Sem esquecer a literatura chinesa: vai, cada vez mais, dominar o panorama mundial das letras?
Não sei, mas imagino que sim. Em primeiro lugar, sabemos hoje que a China tem um fortíssimo poder económico. Depois, no que se refere à poesia, estive agora em Setembro no 2º Festival de Poesia de Atenas e conheci um poeta chinês absolutamente extraordinário: Ouyang Jianghe. Fiquei fascinada com a poesia dele. E pensei em como realmente sabemos tão pouco sobre o “outro”. Em quão pouco eu sei…

8 Out 2015

Governo | Atrasos na publicação de estatísticas oficiais motivam críticas

São vários os organismos públicos ou direcções de serviços que não publicam dados estatísticos ou relatórios há vários anos. Dois académicos falam em falta de transparência e no facto de continuar a não existir no seio do Governo uma cultura de publicação de estatísticas

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cinco anos que o Instituto de Acção Social (IAS) não publica o seu relatório anual, que contém dados estatísticos tão diversos como o número de atendimentos, de apoios financeiros concedidos às famílias ou relacionados com jovens e droga. Igual atraso é verificado na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), cujo relatório mais recente sobre o estado do ambiente em Macau data do ano de 2012-2013. Uma visita ao website da Commissão das Mulheres permite perceber que há mais de dois anos não é publicado qualquer relatório sobre a condição da mulher em Macau. Também a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) fica mal na fotografia: desde 2013 que não publica o seu relatório anual.
Estes são apenas alguns exemplos de entidades públicas que demoram vários anos a publicar relatórios ou outros documentos estatísticos sobre o seu funcionamento ou dados relacionados com a sociedade. Apesar de muitas informações serem divulgadas junto da imprensa, o Governo continua a não divulgar de forma atempada dados que podem ajudar a compreender diversos sectores da sociedade ou políticas públicas, como dizem dois académicos contactados pelo HM.
Eric Sautedé diz que nos últimos tempos alguns organismos públicos têm difundido dados com “maior regularidade”, mas que ainda assim não chega.
“No geral há falta de estatísticas em Macau. Se olharmos para os relatórios da DSPA, por exemplo, o último é de 2012 ou de 2013. Deveríamos já ter os resultados de 2014. Acima de tudo há uma falta de hábito em relação à divulgação dos dados estatísticos mais recentes. Muitas vezes aparece nas notícias, então sabemos que há um comunicado de imprensa ou um relatório interno”, disse o antigo docente de Ciência Política da Universidade de São José (USJ).
Já Larry So, antigo docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), explica que a falta de publicação dos dados se deve ao facto de muitas informações serem “sensíveis”. “Penso que o Governo não quer que todos os dados sejam primeiro divulgados publicamente, gostam de analisá-los primeiro. Não estou a dizer que os escondem, mas gostam de os analisar e [saber] se há algo que podem fazer antes de os divulgar. Há com certeza dados mais sensíveis e o Governo pode optar por analisá-los antes de tomar alguma medida e publicar os dados mais tarde. O Governo tem vários dados que nunca são publicados”, disse ao HM.

Falta de transparência

Larry So vai mais longe e acusa o Governo de continuar a não ser transparente. “Sem esses dados o público nunca vai saber o que de facto está a acontecer na sociedade. Estamos a falar de uma questão de transparência e o facto do Governo ter de ser responsável perante as pessoas. Os dados estatísticos são um reflexo da sociedade e, se não os temos, não sabemos o que está a acontecer. Se o Governo não os publica, ou se os publica tarde, então não está a ser transparente.”
Para Eric Sautedé, é fundamental envolver as associações ditas independentes, sem ligações ao Executivo. “Precisamos de envolver a sociedade e as associações, mas não apenas as que estão ligadas ao Governo, ou os conselhos consultivos. As associações independentes muitas vezes não têm acesso aos dados.”
O académico defende uma mudança de atitude a este nível, numa altura em que o mercado do Jogo continua a sofrer uma quebra. “A população tem que ter o sentido de confiança, de que não há nada a esconder, para aceitar mais aquilo que o Governo está a fazer. Temos uma contracção do PIB em 21% este ano e é claramente a altura de fazer mais previsões quanto ao modelo a adoptar para Macau. O Governo deveria mostrar melhor aquilo que quer fazer em termos de visão”, rematou Eric Sautedé.

7 Out 2015

Restaurante vegetariano “Concept H” | Calista Chan, fundadora

Está aberto na Rua Henrique de Macedo e promete todos os dias entregar em casa ou no trabalho dos clientes refeições simples mas cheias de produtos saudáveis. Calista Chan quer continuar a expandir o restaurante “Concept H – Healthy, Honest, Home” e até dar aulas de comida vegetariana

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap] de Healthy (saudável), Honest (honestidade), Home (casa). São estas as ideias que estão por detrás do conceito do restaurante de comida rápida “Concept H – Healthy, Honest, Home”. Quem o procura, sabe que vai encontrar refeições preparadas de forma caseira e com os melhores produtos, mas sem carne ou peixe. Calista Chan, fundadora do negócio, conta o que a levou a abrir um restaurante vegetariano no território.
“Não é apenas um café ou um restaurante, queremos entregar comida simples e vegetariana na vizinhança”, contou ao HM. “Pensámos em distribuir comida segundo um conceito de vida saudável. O vegetarianismo é apenas uma das formas de proteger o meio-ambiente, reduzindo emissões para a atmosfera, e consegue prevenir muitas doenças do meio urbano. Por isso é que queremos distribuir comida vegetariana aos nossos vizinhos e também temos a ideia de que cada pessoa pode escolher os seus próprios ingredientes e criar o seu almoço”, disse ainda.
Além de refeições propriamente ditas, preparadas com legumes, fruta e outros produtos orgânicos, o “Concept H” tem ainda hambúrgueres e sanduíches onde não entram a manteiga, o fiambre ou o queijo, mas sim alimentos como abacate.
“Há mais consciência por parte das pessoas que comem fora de casa mas que procuram comida mais saudável, livre de óleos e outros aditivos. Temos muitas opções para os clientes”, acrescentou Calista Chan.
Com alguns meses de abertura, o “Concept H” tem gerado boas reacções junto dos clientes. “Normalmente as pessoas encomendam as nossas refeições à hora de almoço, combinadas com arroz vermelho. Têm-se mostrado bastante curiosas sobre este conceito e tentamos explicar. Os locais têm muita curiosidade em experimentar”, revelou a empresária. ÓCIOS2_FB

Aulas de culinária

Vegetariana há cerca de um ano, Calista Chan depressa percebeu que comendo mais frutas e vegetais e eliminando a carne, peixe ou lacticínios teria maiores benefícios para o seu corpo e dia-a-dia.
“Penso que é uma boa opção para aqueles que se preocupam com a sua saúde e que estão sempre doentes. É uma boa opção para limpar o corpo com vegetais e fruta. Uma dieta vegetariana ajuda ainda a prevenir doenças do coração, entre outras, e também é uma boa forma de proteger o ambiente.”
Criar o “Concept H” foi apenas mais uma consequência natural dessa opção pessoal, sendo o restaurante mais um a adicionar à lista dos mais variados espaços de comida saudável que têm surgido em Macau.
“Pelo que percebi desde a abertura do restaurante há mais restaurantes vegetarianos em Macau e há cada vez mais espaços que fazem entrega de comida vegetariana ou mesmo lojas com produtos orgânicos. Este ano notámos mais isso e penso que vai ser cada vez mais uma tendência em Macau”, defendeu Calista Chan.
Com muitos espaços abertos, o “Concept H” não quer parar por aqui. Na calha estão a aquisição de mais produtos orgânicos, “para que as pessoas tenham mais oportunidade de escolha”. Mas Calista Chan quer ir mais longe e começar a dar aulas de culinária para aqueles que querem aprender a cozinhar de forma saudável, mas simples.
“Arrendámos um novo espaço e queremos que os nossos clientes participem em aulas de culinária, onde ensinaríamos as pessoas a utilizar ingredientes simples para fazer refeições, na maioria vegetarianas. Aí as pessoas vão perceber que preparar este tipo de refeições não é difícil. Esse é o nosso principal objectivo”, rematou.
No Facebook, a página tem cerca de mil gostos, mas no dia-a-dia muitos têm sido os clientes que procuram opções de almoço mais saudáveis. O “Concept H” está aberto entre as 11h30 e as 18h30 de segunda a sexta-feira e aos sábados das 10h00 às 18h00 e fica na Rua Henrique de Macedo, perto da Rua de Horta e Costa.

7 Out 2015

Sofitel | Festa temática dos anos 80 marcada para dia 16

É já no próximo dia 16 de Outubro que decorre a festa temática “So 80’s Party”, no Sofitel. Cada um pode vestir uma indumentária a fazer lembrar os anos dos brilhos e dos grandes nomes da música pop. O cantor Edu Casanova fará uma participação especial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]uvir Madonna ou Michael Jackson enquanto tem uma vista privilegiada sobre Macau? Vestir-se como uma Cindy Lauper ou Tina Turner? Todas essas coisas serão possíveis no próximo dia 16 de Outubro, sábado, com a festa “So 80’s Party”, que vai decorrer num dos salões do hotel Sofitel, no Ponte 16. A festa contará ainda com a presença do músico e compositor brasileiro Edu Casanova, que trará um ‘hit’ inspirado na década de 80 e que neste momento está a realizar uma tournée pela China.
Ao HM, Thais Pinheiro Silva, uma das organizadoras do evento, fala de uma festa que foi pensada só para um grupo de amigos que tem saudades das músicas que passavam nas rádios há vinte anos, mas que acabou por ter grande adesão.
“Foi uma reunião de amigos, mas afinal temos mais amigos do que aqueles que pensávamos (risos)”, começa por dizer Thais Pinheiro da Silva. “Está a ter uma repercussão maior do que aquela que esperávamos. O nosso plano era fazer uma festa em conjunto com o Sofitel, porque têm o salão no sexto andar com uma varanda espectacular para Macau e a piscina. Tem sido feito só pelo Facebook e no princípio estava a contar com pessoal mais chegado, entre cem a 150 pessoas, mas estou a ver que vamos ter de abrir mais partes do salão, o que é bom sinal. Queria uma festa onde todos se pudessem divertir e que fossem caras conhecidas. Já morei em Macau entre 2007 e 2010 e queria reunir essas pessoas. Era uma festa privada, mas acabou por ter uma grande repercussão.” festa anos 80
Isso fez com que a festa se tornasse um evento social, onde se espera música que traz boas recordações.
“O nosso círculo de amigos tem entre 30 e até 60 anos e queríamos uma festa que captasse todas as pessoas e que agradasse ao gosto de todos em termos musicais. Queríamos uma festa em que as pessoas se pudessem vestir e pensámos numa festa dos anos 80 que abrange todas essas idades”, acrescentou Thais Pinheiro da Silva.
A entrada custa 150 patacas e cada pessoa tem direito a uma bebida. A realização de uma festa temática foi algo que os participantes pediram desde o início.
“Quando organizei esta festa também tive em consideração a opinião do público e festa temática foi o que mais pediram. Porque não basta ter um bar bonito, com uma boa localização e um DJ, [as pessoas] querem uma coisa diferente, que puxe mais pelo público local. Não apenas aqueles que estão por um período curto, mas que chame mesmo o público local, que fuja um pouco do luxo e dos casinos. Para as pessoas irem descontrair, com uma música diferente.”
Dos cerca de 1900 convidados na rede social, mais de 180 pessoas já confirmaram a sua presença. A pista que vai fazer regressar ao passado abre às 22h00. “O objectivo é fazer algo sem grandes fins lucrativos e reunir as pessoas num lugar porreiro com capacidade para muita gente e que agrade à maioria do público”, remata Thaís Pinheiro da Silva.

6 Out 2015