Colo do útero | Taxa de mortalidade de cancro baixou 8 por cento

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) apontam, em comunicado, que a taxa de mortalidade associada à doença do cancro do colo do útero baixou oito por cento nos últimos anos face a 2011, enquanto a taxa de incidência do cancro do colo do útero invasivo do colo do útero diminuiu quase 30 por cento no mesmo período.

Desde 2019 que o teste de HPV [papilomavírus humano] – DNA, com base no exame do papanicolau, foi alargado a mulheres com idade igual ou superior a 30 anos, a fim de “aumentar a eficiência e a sensibilidade do rastreio de cancro do colo do útero”. Desde 2009 que 1,65 milhões de mulheres realizaram esse rastreio, “pelo que esses trabalhos têm surtido efeito de forma gradual”, apontam os SSM. Além disso, desde 2013 que a vacina contra o HPV está incluída no programa de vacinação, sendo gratuita para mulheres residentes com idade inferior a 18 anos. Prevê-se, assim, que “o risco de cancro do colo do útero nas mulheres possa ser reduzido ainda mais”.

De destacar que, a 17 de Novembro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou a “Estratégia Global para Acelerar a Eliminação Rápida do Cancro do Colo do Útero como um Problema de Saúde Pública”, tendo definido três metas a alcançar até 2030. O objectivo passa por ter 90 por cento das raparigas totalmente vacinadas contra o HPV antes dos 15 anos, ter 70 por cento das mulheres submetidas a um exame de rastreio do cancro cervical de alta eficiência antes dos 35 anos, e a um exame adicional antes dos 45 anos, e ainda ter 90 por cento das mulheres identificadas com esta doença a receber tratamento.

A OMS decretou também que a taxa padronizada de incidência do cancro do colo do útero deve ser inferior a 4 por 100 mil mulheres. Todas estas medidas podem, segundo as contas da OMS, “ajudar a reduzir em mais de 40 por cento o número de novos casos até 2050 e prevenir cinco milhões de mortes”.

20 Nov 2023

Combustíveis | Ron Lam pede informações de preços actualizados

O deputado Ron Lam U Tou interpelou o Governo sobre a necessidade de o Conselho de Consumidores (CC) alterar o modo de actuação e apresentar dados mais actualizados sobre os preços dos combustíveis.

“Quando é que o CC, em conformidade com a lei de protecção dos direitos e interesses do consumidor, vai formular um plano de recolha de informações actualizadas e objectivas sobre a variação de preços de combustíveis? Quando será feito um inquérito a fim de dar respostas às perguntas da sociedade sobre os preços constantemente elevados e o monopólio verificado?”, questionou.

Ron Lam U Tou lembrou ainda a possibilidade, desde 2016, de se vender gasolina 95 sem chumbo em Macau, “adequada para 99 por cento dos veículos”, e como será esse fornecimento na zona A dos novos aterros. “Há dois lotes que se destinam à construção de dois postos de abastecimento.

Quando é que será feito o concurso para estes dois postos, e serão estes abastecidos com gasolina sem chumbo 95?”, inquiriu. Quanto à inflação e ao sistema de verificação de preços por parte do CC, o deputado pede que seja feita uma “revisão global” quanto à variação do Índice de Preços do Consumidor e a realização de inquéritos frequentes sobre “os preços dos artigos com maiores flutuações ou aqueles que tenham preços excessivamente elevados”.

20 Nov 2023

Gil Azevedo, director-executivo da “Unicorn Factory”: “Macau tem investidores relevantes”

Em Abril, durante a visita oficial de Ho Iat Seng a Portugal, a “Unicorn Factory” [Fábrica de Unicórnios] de Lisboa recebeu uma comitiva de empresários que mostraram interesse nas oportunidades de negócio que a plataforma pode proporcionar. Na última edição da Websummit, a maior cimeira de tecnologia do mundo, Gil Azevedo falou sobre projectos futuros com a RAEM

 

Em Abril, a “Fábrica de Unicórnios” recebeu uma comitiva de empresários de Macau. Que balanço faz dessa visita?

Foi de facto uma visita muito importante para nós. Primeiro, pela proximidade cultural que Macau tem connosco, e, por outro lado, por ser um território tão distante geograficamente de Portugal. Esta visita permitiu, portanto, uma aproximação que a distância física não ajuda. Conseguimos falar com empresários e personalidades muito relevantes e acreditamos que nos possam ajudar na missão de criar um centro de inovação a nível internacional que, obviamente, passa por ter pontes com todos os pontos do globo. Macau é um desses pontos que pode ser muito importante para a nossa estratégia. Essa visita teve muito valor para nós.

Foram discutidas algumas parcerias concretas?

Acima de tudo, os empresários conheceram o projecto, startups, investidores portugueses e temos vindo a estabelecer contactos com vista a potenciais parcerias no futuro. Não posso avançar ainda informações, mas espero para breve poder avançar com algumas novidades.

Com que entidades estão a dialogar? Com o IPIM, por exemplo?

É uma das entidades, sim, mas temos dialogado também com algumas entidades privadas. De qualquer forma o nosso grande objectivo é conseguir estabelecer esta ponte de forma a que as startups portuguesas possam ver Macau como uma base para poderem estabelecer-se na Ásia. Pretende-se também aproveitar potenciais contactos com startups que já estejam em Macau para aproveitar Portugal e esta ponte para se expandirem.

O empreendedorismo está na agenda política de Macau, e a visita do Chefe do Executivo de Macau a Portugal, em Abril, foi muito pautada por esse ponto. No entanto, as startups de Macau continuam a não marcar presença na Websummit. Falamos de uma área ainda de pequena dimensão?

Esse é o grande desafio. Portugal também tem esse desafio, pois é um país muito pequeno à escala mundial, e Macau, obviamente, também é um território que tem as suas dificuldades em termos de dimensão. Mas é aqui que entra a colaboração, e acreditamos que podemos criar uma rede internacional, em que os sistemas de empreendedorismo se possam ligar, e daí todos ganhamos escala em conjunto. É certo que Macau não está aqui na Websummit, mas isso não invalida que não possa fazer parte desta rede, para pensarmos em iniciativas conjuntas.

Que tipo de iniciativas poderiam ser feitas em concreto?

Em primeiro lugar, termos programas de aceleração de startups de ambos os lados e de incubação em que possamos colaborar. Tudo para que as startups de ambos os territórios se possam juntar e criar uma comunidade que ligue estes dois ecossistemas através destes programas. Em segundo lugar, a nível de empresas e investidores, Macau tem empresas e investidores muito relevantes que podem juntar-se aos programas que temos e aproveitar oportunidades de investimento, parcerias e apoios.

Macau pode também ser uma porta de entrada para o mercado chinês. As startups olham também para esse grande mercado que é a China.

Claro que sim. Não há volta a dar para uma empresa que queira ser um unicórnio e ser global, tem mesmo de olhar para o mercado chinês. A nível estratégico, as startups portuguesas dão um primeiro passo na Europa ou nos Estados Unidos, mas logo a seguir olham para os outros mercadores maiores que é a Ásia e, obviamente, a China que tem um papel fundamental no crescimento de uma empresa.

Quais os grandes desafios que as startups portuguesas enfrentam para entrar neste mercado tão competitivo?

É sobretudo a falta de conhecimento e a distância. É assustador para uma startup, com recursos limitados, criar uma estrutura e crescer num país do qual não conhece a cultura e onde não tem contactos. É uma barreira grande, e por isso acabam por optar pela China para uma segunda fase de crescimento. Mas Macau pode ser essa ponte para a China, porque culturalmente é mais próximo de Portugal.

Qual foi a grande mensagem que os empresários deixaram na visita de Abril? Macau quer, neste momento, diversificar a sua economia além da indústria do jogo.

Vimos uma grande vontade em encontrar oportunidades de negócio, numa ou noutra direcção. Há de facto uma grande vontade de diversificar a economia e de apostar na inovação nos próximos anos.

Macau é também um território ligado aos projectos de integração regional da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, uma espécie de nova “Silicon Valley” no sul da China, e a ilha de Hengqin. Este é também um elo de ligação interessante para as startups portuguesas?

Há várias regiões que se querem posicionar ao nível da “Silicon Valley”. Aqui vai haver uma competição por talento internacional e por investimento, empresas internacionais, e isso depende muito das políticas seguidas por cada uma destas regiões e a forma como vão conseguir colaborar entre si.

A “Fábrica dos Unicórnios” foi criada muito recentemente. Fale-me um pouco deste projecto.

Nascemos precisamente com esse objectivo de tornar também Portugal numa “Silicon Valley” a nível internacional. Somos uma plataforma de programas de aceleração e criação que apoia startups portuguesas e internacionais, mas também um espaço de inovação a fim de conseguir criar centros de massa crítica que consigam atrair talentos e empresas internacionais para Portugal. No último ano, tivemos um crescimento muito significativo. Nascemos da “Startup Lisboa”, que historicamente apoiava cerca de 50 a 60 startups por ano, e no último ano demos apoio a mais de 200, ou seja, triplicámos a nossa capacidade de apoiar estas estruturas e, acima de tudo, aumentámos exponencialmente a dimensão das startups que apoiámos. E com isso estamos a conseguir atrair o tal investimento estrangeiro e os talentos. No último ano, 54 empresas tecnológicas de cariz internacional estabeleceram operações em Lisboa, e mais de 12 são unicórnios internacionais. Isso demonstra que temos vindo a dar passos muito positivos, mas temos ainda um caminho a percorrer.

Em terras lusas

Naquela que foi a primeira visita oficial do Chefe do Executivo da RAEM ao exterior no pós-pandemia, Ho Iat Seng foi acompanhado por uma comitiva de empresários, que teve uma agenda separada do protoloco oficial, liderada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. No total, entre 16 e 24 de Abril, 40 empresários visitaram 13 entidades locais, nomeadamente a “Unicorn Factory”, a Fundação Champalimaud e diversas empresas de áreas económicas consideradas estratégicas para Portugal e Macau. Os empresários participaram ainda em diversas actividades promocionais de economia, comércio e turismo.

O que é um unicórnio

Pegando na figura mitológica equestre com um chifre em espiral, os unicórnios na universidade real do empreendedorismo representam uma realidade que vai além da fantasia, mas que ainda assim é bastante rara. As empresas unicórnio são startups com valor de mercado superior a mil milhões de dólares. Ailen Lee, fundadora do fundo de investimentos que apoio empreendedores Cowboy Ventures, usou o pela primeira vez a expressão em 2013. O termo deriva da extrema raridade que estas empresas representam, com menos de 0,1 por cento das startups a serem consideradas unicórnios. Em 2017, apenas 227 empresas a nível global preenchiam os requisitos.

20 Nov 2023

Armazém do Boi | Exposições de He Liping e Zha Ba a partir de segunda-feira

Resultado de duas residências artísticas, o Armazém do Boi acolhe, a partir de segunda-feira, duas exposições dos artistas He Liping e Zha Ba. No antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino será possível ver os “livros de artista” de Zha Ba e as suas mensagens, bem como as memórias de Macau espelhadas na arte de He Liping

 

O Armazém do Boi inaugura, na próxima segunda-feira, duas exposições dos artistas He Liping e Zha Ba que resultam de duas residências artísticas realizadas no território. Ambos os projectos podem ser vistos, de forma gratuita, no antigo Estábulo Municipal do Gado Bovino, na intersecção entre a Avenida do Coronel Mesquita e Avenida Almirante Lacerda.

“My Nostalgic Memories” [As Minhas Memórias Nostálgicas], da autoria de He Liping, conta com curadoria de Tian Meng. Esta é uma mostra de trabalhos que remetem, como o nome indica, para as lembranças do artista em relação ao território.

Segundo um comunicado do Armazém do Boi, estão em causa “as memórias nostálgicas de He Liping”, tratando-se de uma “narrativa sobre uma pessoa e um lugar”, já que “muitas vezes recordamos o que nos escapou, acontecimentos e objectos”.

“Talvez as pessoas se perguntem se He Liping já viveu em Macau e se teve alguma experiência memorável na cidade. As memórias nostálgicas de He Liping não dizem respeito às suas breves viagens e participação em eventos artísticos em Macau, mas a algo mais distante e abstracto. A sua adolescência e início da idade adulta decorreram durante as décadas de 1980 e 1990, um período caracterizado pelo rápido desenvolvimento económico da China através de reformas e abertura. No domínio da cultura popular, as influências de Hong Kong, Macau e Taiwan foram substanciais”, descreve a organização.

Assim, a primeira ligação de He Liping a Macau “foi estabelecida através de filmes, produções televisivas e música popular”.

Assim, na sua perspectiva, “Macau é, ao mesmo tempo, familiar e desconhecido, tangível e intangível”. “He Liping utiliza um tema aparentemente nostálgico e as sete canções antigas, outrora populares, para reexaminar a relação entre um indivíduo e um lugar, que são os seus laços com Macau, à sua maneira única”, descreve o Armazém do Boi. Esta mostra está patente até ao dia 10 de Dezembro.

O livro do artista

Outra exposição acolhida pelo Armazém do Boi, intitula-se “Turn the Page” [Virar a Página], da autoria de Zha Ba. Esta é uma mostra sobre os chamados “livros de artista” do autor, revelando a relação deste com páginas que não são um “mero conjunto de papéis”.

Esta exposição prova como o “livro se apresenta numa gama ilimitada de suportes e com todas as interacções cognitivas envolvidas”, sendo que “o ‘livro do artista’ é uma forma de expressão concebida como arte por direito próprio.”

Este tipo de peça “utiliza a forma ou a função de ‘livro’ como inspiração, abrindo as fronteiras que definiriam a ontologia de um livro”, pelo que “o que faz verdadeiramente um ‘livro de artista’ é a intenção deste de explorar e investigar”.

Os últimos “livros de artista” de Zha Ba fazem a conexão entre a literatura e as artes visuais, tratando-se de “obras que revelam novas possibilidades, abrindo-se a discussões” e “reflectindo as suas decisões de incluir ou omitir certos elementos”.

“O que ele escolheu dar, tirar ou preservar vai permanecer para que o público possa desfrutar. A sua prática artística passa, sobretudo, por modificações, em que livros publicados e materiais impressos são escritos por cima, rasgados e cortados, reconfigurados e incorporados” nas obras de Zha Ba. Esta mostra também está patente, no mesmo local, até ao dia 10 de Dezembro.

17 Nov 2023

EPM | Filipe Regêncio Figueiredo volta a liderar associação de pais

A lista única para liderar a Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau foi ontem a votos, contando com algumas caras novas, mas mantendo Filipe Regêncio Figueiredo na presidência. O advogado considera que esta é uma “altura chave” para a escola implementar mudanças essenciais no ensino secundário

O advogado Filipe Regêncio Figueiredo continua a ser presidente da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEPM). A lista única que liderou, com “pessoas novas, nomeadamente macaenses, para espelhar a diversidade dos encarregados de educação dos alunos da EPM”, foi ontem a votos.

Ao HM, o responsável disse que esta é uma “altura chave para se implementarem medidas que há muito são desejadas pelos encarregados de educação”, tendo em conta “as recentes alterações na fundação e a próxima alteração da direcção”. Uma dessas mudanças consideradas essenciais é a “melhoria substancial no ensino da língua chinesa e no rácio professor/aluno”.

Além disso, Filipe Regêncio Figueiredo entende que “o espaço da escola e o currículo do ensino secundário” são também assuntos que “necessitam de reflexão”. Isto porque “o currículo do secundário, nomeadamente do 12º ano, é extremamente pesado num ano tão importante e já por si intenso na vida escolar dos alunos”.

“Impor, neste ano, mais disciplinas do que aquelas que existem no currículo de Portugal não nos parece razoável, devendo encontrar-se soluções para uma melhor adequação e conjugação entre os requisitos impostos pelo Ministério da Educação de Portugal e a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude”, adiantou.

Em causa está o facto de o currículo da EPM, para se adequar à legislação de Macau, ter disciplinas como História, Música e Matemática em todas as áreas do ensino secundário. “Em vez de serem leccionadas no 12º ano, poderiam ser dadas no 10º e 11º anos”, aponta o responsável.

Chamar mais pais

A nova APEPM tem também como prioridade “aumentar o número de associados e promover a participação dos encarregados de educação na associação, uma vez que, de acordo com a nova legislação, esta passa a estar representada no conselho de administração da escola”. Desta forma, explica Filipe Regêncio Figueiredo, a APEPM torna-se num “meio de comunicação privilegiado entre encarregados de educação e a escola”.

O novo papel irá permitir à APEPM “uma maior renovação dos seus órgãos, algo que se deseja fortemente”, além de tornar este organismo “mais representativo da diversidade que actualmente compõe a comunidade educativa”.

17 Nov 2023

Despesa de turistas aumenta quase 300% em termos anuais

A despesa dos visitantes em Macau aumentou, em termos anuais, 290,3 por cento nos três primeiros trimestres deste ano por comparação a igual período do ano passado. Relativamente aos primeiros três meses de 2019, ou seja, antes da pandemia, verifica-se um aumento na ordem dos 8,8 por cento. Nos três trimestres de 2023, os turistas gastaram no território 52,06 mil milhões de patacas, apontam dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC).

Só no terceiro trimestre as despesas dos visitantes foram de 19,60 mil milhões de patacas, mais 576,7 por cento em termos anuais. O valor explica-se, segundo a DSEC, pelo facto de o “número de visitantes em Macau ter aumentado 821,3 por cento face ao trimestre homólogo de 2022”. Em comparação com o terceiro trimestre de 2019, esta despesa subiu 28,9 por cento.

No trimestre de referência os visitantes despenderam predominantemente em compras, representando 44,3 por cento da despesa per capita, seguindo-se gastos em alojamento, com uma fatia de 29,3 por cento, e alimentação, 20,1 por cento. A despesa per capita dos visitantes em compras cifrou-se em 1.048 patacas, menos 49,7 por cento em termos anuais.

Menos satisfação

O inquérito da DSEC aos turistas revela ainda uma maior insatisfação face a alguns serviços e infra-estruturas do sector. Relativamente ao terceiro trimestre, a satisfação dos visitantes com os equipamentos ou instalações públicas baixou 2,5 por cento em termos trimestrais, sendo que 86 por cento dos turistas disseram estar satisfeitos com este ponto. Quanto aos transportes públicos, 72,4 por cento disseram estar satisfeitos com o serviço, uma quebra trimestral de 5,5 pontos.

Enquanto isso, a proporção dos visitantes que considerou serem suficientes os pontos turísticos de Macau foi de 68,5 por cento, menos 6,2 por cento face ao segundo trimestre. Por sua vez, 82,2 por cento dos turistas disseram estar satisfeitos com os estabelecimentos de jogo, mais 1,1 por cento, enquanto 80,9 por cento mostraram-se agradados com o serviço das agências de viagens, mais 10,9 por cento face ao trimestre precedente.

17 Nov 2023

Camané, fadista: “O Fado é uma música para a vida”

É já amanhã, pelas 20h, que Camané irá actuar em Macau, desta vez no Centro Cultural de Macau ao lado da Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Em conversa com o HM, o fadista revela que o fado tradicional faz parte do seu ADN e do mais recente álbum, “Horas Vazias”, gravado em plena pandemia

 

O primeiro espectáculo que deu em Macau foi em 1997, portanto esta é a quinta vez que actua no território. É como voltar a uma espécie de casa?

Sim. É voltar a um sítio que ficou sempre na minha memória, graças aos portugueses, chineses e macaenses que conheci em Macau e com quem contactei na altura. De todas as vezes que estive em Macau gostei imenso do ambiente, os concertos correram todos muito bem. Esta é uma oportunidade de fazer um segundo espectáculo com esta orquestra, algo que também gostei muito da primeira vez que tocámos, em 2007. Depois actuei no Venetian em 2013, num espectáculo em que os fados foram traduzidos para chinês e inglês, e foi fantástico.

O fado é uma música traduzível?

O fado vive muito da palavra, da poesia. As pessoas identificam-se com os sentimentos, com as descrições sentimentais, da vida, da dor, do quotidiano. Pessoas de todo o mundo identificam-se com isso. As palavras também são traduzíveis, apesar de tudo, mas há uma parte que passa, que é o sentimento, a emoção, que não se explica. Quando era miúdo ouvia música francesa e não percebia uma palavra, mas emocionava-me. Muita da poesia não se explica, mesmo traduzida. São pequenas coisas que as pessoas vão, aos poucos, percebendo. A poesia não é para perceber, é para se ir percebendo.

É mais para ser sentida, talvez. O fado também é assim?

Acho que toda a música é para ser sentida. Aos poucos vamos identificando esses sentimentos que associamos à música e depois, mais tarde, tiramos conclusões, ou não. São coisas muito do momento, e acho que a música é isso. Toda a arte tem essa particularidade, de encontrarmos pequenas coisas com as quais nos identificamos.

Como é cantar com uma orquestra chinesa? Como é a conjugação de sonoridades e instrumentos diferentes com a sua voz?

Já houve uma experiência que resultou muito bem com a OCM. O alinhamento baseia-se no meu repertório. Há temas que são tocados apenas com os guitarristas e depois passamos para um tema com orquestra, fazemos esta intercalação. Em vinte temas que vou cantar, dez serão com arranjos de orquestra e com a orquestra. Acho que vai funcionar muito bem [a ligação] desta orquestra com o meu repertório. Já fizemos dois espectáculos juntos e experimentei passar uns arranjos de uma outra orquestra com a qual actuei para a orquestra de Macau e as coisas funcionaram muito bem.

Como é constituído esse repertório?

É constituído com a maior parte dos temas que tenho cantado. Tenho feito muitos concertos com orquestras e guitarristas. Mesmo em Portugal, quando vou fazer espectáculos, convido sempre uma filarmónica para tocar comigo, pois tenho os arranjos feitos. Muitas vezes são miúdos entre os 8 e os 14 anos que vão tocar comigo. É sempre muito interessante haver outras gerações a entenderem e a perceberem o fado. Neste caso, [os músicos] da OCM percebem e ficam a conhecer o fado, e acho isso fantástico. O repertório vai ser uma espécie de retrospectiva daquilo que é um percurso, com fados que têm feito parte da minha carreira. Vai haver temas diferentes daqueles que foram apresentados no último espectáculo, mas haverá outros repetidos, também.

Tal como a relação entre Portugal e China que sempre se manifestou em Macau, com alguns desentendimentos e compreensões, também é essa a relação do seu fado com a OCM? Ultrapassam-se diferenças de comunicação e de linguagem musical?

Sim. A música tem essa particularidade, é também uma linguagem universal. Os músicos vão ter os arranjos feitos e entendem perfeitamente. Claro que vão existir algumas complexidades, porque o fado tem muitas paragens que fazem parte da música, tal como no jazz, por exemplo. Muitas vezes a paragem, no fado, acaba numa sílaba. Cantei, da última vez que estive em Macau, o “Fado da Sina” que, como costumo dizer, tem paragens em todas as estações, e é incrível como o maestro conseguiu perceber, decorando as palavras com as paragens, e não houve uma falha num tema que é difícil. Acho que desta vez o maestro também vai perceber. Teremos vários dias de ensaios para que não existam falhas. De certeza que vamos encontrar uma forma de alinharmos as coisas.

Editou, em 2021, o álbum “Horas Vazias”, o seu mais recente trabalho. Porquê este nome?

Horas vazias é quando estamos livres, quando temos tempo e preenchemos um vazio. E preenchemo-lo com muitas coisas, com arte, música, coisas que nos alimentam a alma. Por acaso foi gravado na altura da pandemia, mas o nome não surgiu por essa razão. De facto, as horas vazias é também quando temos ideias para fazer um disco, e as coisas foram surgindo com o tempo. É o disco em que tive uma produção de um grande músico, que é o Pedro Moreira, que também está ligado ao jazz. Pontualmente, fomos trabalhando juntos, ele conhecia muito bem o meu trabalho, e então teve um grande entendimento do que poderia ser o álbum. É um disco de fado, mas ele percebeu, graças a todos estes anos, a forma como estou no fado.

E que forma é essa?

É uma forma em que as músicas, mesmo quando não são fáceis, transporto-as para este ambiente musical que é o fado. Não gosto de aproximar o fado das outras músicas, pois esta é uma música especial, como é o flamengo e o tango. Não é preciso aproximar-me de outras músicas, tenho é de fazer fado. Cresci a aprendê-lo e a viver com ele, e não tenho essa necessidade. Ele [Pedro Moreira] percebeu isso e foi fantástica a forma como trabalhámos juntos. É um disco que tem muitos compositores, como Pedro Abrunhosa, Jorge Palma, Vitorino, cujas composições eu transportei para este ambiente musical. Depois tem os fados tradicionais, as letras novas que fui descobrindo. É um disco que gostei muito de fazer. Neste espectáculo vou cantar alguns temas deste disco. Vou cantar temas de outros trabalhos anteriores que têm orquestrações feitas, mas vou incluir um pouco de tudo. Como é um trabalho com orquestra, faz sentido ir buscar alguns temas mais antigos, com arranjos muito bonitos de Mário Laginha, José Mário Branco, também do Pedro Moreira e de uma série de pessoas que me têm acompanhado.

Há fados que não podem escapar ao alinhamento dos seus espectáculos. Muitas vezes impõe o seu repertório, ou vai um pouco na onda daquilo que o público quer?

Não. Incluo, acima de tudo, o meu repertório e alguns temas que as pessoas conhecem, como “Sei de um Rio” ou “Ela Tinha uma Amiga”, mas há vários que gosto de cantar. Mas, normalmente, faço as coisas em que acredito, dou às pessoas aquilo que quero e em que acredito. Tenho sempre a esperança de que se identifiquem ou gostem. Claro que há temas que vão de encontro aquilo que as pessoas querem ouvir, e às vezes há dois ou três temas do meu repertório que gosto de cantar e que fazem parte de coisas que gosto muito de cantar, porque tenho tanto prazer a fazê-lo que acho que isso passa para o público. Mas são poucos.

Quando actua no estrangeiro sente que não leva apenas o nome Camané, mas também a língua e a cultura portuguesa? Sente essa responsabilidade?

Este ano aconteceram-me coisas fantásticas [com espectáculos] em que não havia muitos portugueses nas salas, nomeadamente na República Checa, na Polónia, na Áustria. Mas não penso muito nisso. Faço a mesma coisa quando vou tocar nestas salas fora de Portugal, em que sei que não existem portugueses, do que faço em Portugal. A música emociona e essa é a tal coisa que não se explica, e a barreira da língua ultrapassa-se com a música.

Como acha que os chineses percepcionam o fado?

Não sei. É como quando oiço música e sinto que há qualquer coisa que é verdade, que é muito expressiva e emociona-me. Evidentemente há muita música no mundo que gosto e da qual não percebo a língua. Quando ouvi música chinesa em Macau [ópera], e outras coisas mais populares, gostei imenso. A língua é mesmo uma barreira ultrapassável. Conta muito a entrega e a capacidade que temos de transmitir as emoções. Isso é o mais importante, e tenho tido sorte até hoje. Não gosto de falar de mim nesse aspecto, mas a verdade é que as pessoas se emocionam e não percebem uma palavra do que estou a dizer em palco.

Continua sempre ligado ao fado tradicional? É contra dar novas roupagens ao fado?

Não sou contra nada. Há coisas que estão muito bem feitas nessas áreas, mas a minha forma de estar no fado é que tem a ver com esse percurso que tive. Cresci no meio do fado, comecei a ouvi-lo com seis anos, tenho 57 anos. Não quero mudar nada porque é algo que tem a ver comigo, e o fado é uma música para a vida. Acontece com pessoas mais novas do que eu, ou que estão agora a começar, que tendem a tentar que o fado se aproxime das outras músicas, porque querem chegar a um público maior. É uma opção, mas para mim não. Também há quem faça música inspirada no fado, mas isso é outra coisa. A Ana Moura fez discos de fado fantásticos e teve outras opções. Não digo que sou contra, mas eu não mudo. Percebo que as outras pessoas tenham outras influências. Claro que já fiz outras coisas, fiz uma participação nos Humanos [grupo que gravou canções de António Variações], participei em discos dos Xutos & Pontapés. No final deste disco, por exemplo, tenho um conjunto de cordas inserido num tema, mas o ambiente musical, para mim, é muito importante, e esse é o fado.

Ao fim de tantos anos de carreira, o fado tem representado coisas diferentes para si?

Tem toda a importância na minha vida, é uma forma de estar na vida. Tem sido sempre uma motivação.

Em Macau, há grupos que tentam manter o fado ou o folclore vivo. São importantes estas expressões de portugalidade noutros lugares?

Super importante. Isso acontece em várias partes do mundo em que há uma ligação muito forte com Portugal e com a língua. Em Macau, na altura em que estive aí, assisti a algumas coisas ligadas ao fado, e achei fantástico. É importante que essa ligação cultural se mantenha.

17 Nov 2023

Suicídio | Chefe do Executivo admite taxa elevada

O deputado Pereira Coutinho levou ontem ao debate os elevados casos de suicídio que têm ocorrido desde os tempos de pandemia. O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, admitiu que os números são elevados.

“Os casos de suicídio são infelizes e o Governo sente tristeza face a eles. Em 2022, registaram-se 80 casos, 71 que dizem respeito a residentes. Em 2021 fora 60 casos, 53 de residentes. Em 2020 tivemos 76 casos, 65 de residentes. Este ano, até Setembro, houve 62 casos, 53 de residentes. A taxa média anual é de nove casos por cada 100 mil pessoas e nós estamos com uma taxa um pouco superior, pois em 2022 a taxa foi de 10,5 casos por cada 100 mil e em 2021 de 7,8. Nos Estados Unidos a taxa é de 14,5 casos por cada 100 mil pessoas e no Canadá é uma média de 10,5 casos por cada 100 mil. A taxa de Macau é elevada, mas nesses países a população é maior.”

Ho Iat Seng disse que a detecção de casos de depressão e doença mental deve ser feita primeiramente pelas famílias. “Apelo às famílias para que detectem essas situações o quanto antes, embora o nosso trabalho seja importante. Em Macau temos muitos estudantes, há casos amorosos e cometem suicídio. Outras pessoas sentem stress diariamente e cometem suicídio. Não podemos excluir esses casos.”

O governante disse que, no total, existam 102 profissionais na área da saúde mental, com dez técnicos superiores na área da psicologia, bem como “55 clínicos privados”. “Não temos números exactos sobre os doentes. Gostaria que a taxa de suicídio baixasse e que os dados não fossem tão elevados”, apontou.

As respostas de Ho Iat Seng foram prestadas à questões de Pereira Coutinho, que alertou para a falta de profissionais e elevada lista de espera para consultas de psicologia ou psiquiatria, frisando também que “as vítimas são cada vez mais jovens”.

16 Nov 2023

Trabalho | “Lei laboral não pode ser revista todos os anos”

O Chefe do Executivo deixou ontem claro que a revisão da lei das relações laborais não é uma necessidade urgente e, por isso, ficou de fora do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Contudo, o governante lembrou que “tal não significa que o assunto não seja importante”. “Esta lei não pode ser revista todos os anos, vamos acompanhar outras questões e problemas. Temos outros planos legislativos que decorrem de forma ordenada. Só quando a lei das relações laborais apresentar muitos problemas a iremos rever.”

O deputado Lei Chan U, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, lembrou a ausência no relatório das LAG, apelando à revisão do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), que funciona nos mesmos moldes há 36 anos.

Contudo, o Chefe do Executivo entende que o sistema tem funcionado. “Este órgão tem desempenhado bem o seu papel e a sua opinião não é muito correcta. Todas as políticas passam por lá e o CPCS tem muitos trabalhos. Vamos ver se há espaço para melhorias, mas neste órgão temos representantes das partes laboral e patronal.”

16 Nov 2023

LAG 2024 | “PME vivem sob pressão, isso é inegável”, diz Ho Iat Seng

O Chefe do Executivo foi ontem questionado sobre as pequenas e médias empresas (PME) dos bairros residenciais que sofrem com a quebra de clientes dada a transferência do consumo para o Interior da China, impulsionado pelo programa de circulação de veículos de Macau na província de Guangdong.

Ainda assim, negou a possibilidade de dar novos apoios económicos além das linhas de crédito já criadas. “As PME vivem sob pressão, isso é inegável, mas podemos fazer os trabalhos que temos vindo a desenvolver e que serão prorrogados no próximo ano. Temos apoiado os estabelecimentos típicos, de restauração e não só, sobretudo na promoção junto dos meios de comunicação social, para que tenham maior fluxo de clientes. Se a clientela está disposta a frequentar esses estabelecimentos, isso depende deles. Pelo menos existe essa projecção em termos de publicidade. Queremos que os apoios online se traduzam em mais negócios para esses estabelecimentos.”

“Digo, francamente, que não temos nenhuma margem para conceder mais apoios”, frisou. “Mesmo com um excedente orçamental diminuto podemos ainda conseguir ter benefícios sociais e apoios. Este é um orçamento pautado pelas regras de disciplina orçamental e não é assim tão folgado”, disse.

Song Pek Kei foi uma das deputadas que falou desta matéria, lembrando que as PME têm sido obrigadas a lidar “com as mudanças das formas de consumo da população” no período pós-pandémico. “O ambiente socioeconómico de Macau pauta-se ainda por muitas dificuldades e a sociedade espera o lançamento de mais medidas de fomento à economia”, frisou.

O debate de ontem abriu também com a intervenção de Chui Sai Peng sobre esta matéria. “O negócio dos restaurantes nos bairros comunitários ao fim-de-semana tem sido baixo. Esse é um facto incontestável e permanece uma grande vontade de consumir fora de Macau. Vão ser dados alguns incentivos financeiros às PME que estão nos bairros antigos?”, inquiriu.

O Chefe do Executivo lembrou que a “tendência de desenvolvimento da economia tem sido bastante positiva”, embora “muitas empresas não estejam ainda a ser beneficiadas com a retoma económica”.

“Esta tendência mantém-se e esperamos que no próximo ano possamos ter uma maior recuperação económica e mais frutos do desenvolvimento. O Governo assumiu o compromisso de intervir na revitalização de diferentes zonas em parceria com as concessionárias de jogo, mas isso leva algum tempo”, adiantou.

Será que aguentam?

Questionado sobre a necessidade de aumentar os dias de licença de maternidade, o Chefe do Executivo lembrou a revisão recente. “Neste Governo não há ainda estudos para a sua actualização”, completou. Além disso, o governante questionou a capacidade das PME para suportar um aumento dos dias de licença de maternidade.

“Temos de ver a capacidade das PME se conseguem suportar este aumento dos dias da licença de maternidade, e se calhar têm dificuldade. O emprego das mulheres é uma questão que pesa e não podemos copiar cegamente a experiência de outros países, temos de atender à realidade local. Não queremos prejudicar o trabalho das mulheres e, tendo em conta as regiões vizinhas, a nossa taxa de natalidade não é a mais baixa”, disse.

Cartão de consumo | Rejeitada nova ronda

Ho Iat Seng deixou bem claro que não existem condições no orçamento para o próximo ano para assegurar uma nova ronda de cartões de consumo para a população, à semelhança do que disse sobre os apoios adicionais para as pequenas e médias empresas exigidos por vários deputados. Song Pek Kei foi uma das vozes que pediu o regresso do cartão de consumo, a par de mais medidas de fomento económico.

“Esta versão do orçamento passou por várias revisões e estudos, e depois chegámos a este resultado, que nos permitiu voltar a atribuir as sete mil patacas [para as contas individuais do Fundo de Previdência Central]. Desde que haja uma pataca de excedente orçamental estou disposto a voltar a distribuir esse mesmo excedente”, frisou Ho Iat Seng.

16 Nov 2023

Idosos | Deputados apelam à subida das pensões, mas Governo rejeita

O Chefe do Executivo afastou o aumento das pensões para idosos, garantindo que será feita nova avaliação no próximo ano. Ho Iat Seng garantiu que a classe sénior tem apoios suficientes e que “nenhum idoso vai ficar na rua”, enaltecendo ainda a importância do trabalho feito pelos mais velhos

No dia do debate na Assembleia Legislativa (AL) sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, a falta de aumentos em termos de apoios sociais, nomeadamente a reforma para idosos, foi um dos temas quentes do debate. Contudo, e apesar de várias questões colocadas pelos deputados nesse sentido, o Governo afasta, para já, o aumento das pensões, actualmente com o valor mensal de 3.740 patacas.

“O valor da pensão para idosos não está relacionado com o nosso PIB [Produto Interno Bruto], mas com o regime de segurança social relativamente ao artigo 26”, que define que o montante das prestações da segurança social é fixado por despacho do Chefe do Executivo após ser ouvido o Conselho Permanente de Concertação Social.

“Em 2019 fizemos um estudo em relação ao mecanismo de ajustamento das pensões, temos uma base legal para isso. No próximo ano iremos fazer novos cálculos para ver se é possível ajustar a pensão para idosos. Como temos um mecanismo de actualização não vale a pena estarmos aqui a discutir”, frisou Ho Iat Seng.

A deputada Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), sublinhou as dificuldades sentidas pelos idosos. “Temos um elevado envelhecimento da população e o número de idosos mais que duplicou. Há que aperfeiçoar as medidas. O Governo vai rever as pensões? O tempo de espera para um lar é superior a um ano e os apoios aos cuidadores não são suficientes. Muitos idosos receiam não conseguir suportar as despesas do dia-a-dia e da habitação para idosos”, argumentou a deputada.

Por sua vez, Ho Iat Seng lembrou que “há dois níveis [de alojamento para idosos], com lares e residências”. “Os nossos idosos não vão ficar na rua, vamos cuidar deles”, garantiu, frisando que muitos reformados têm poupanças. “Nós, chineses, temos as poupanças para a nossa velhice. Caso haja necessidade, terão o apoio do Governo. Se houver algum idoso na rua avisem-nos que o Instituto de Acção Social irá lá. Há idosos mais abastados que não precisam da ajuda do Governo.”

A terceira economia

O deputado Ma Io Fong lembrou que “o envelhecimento da população é um problema cada vez mais premente”, devendo o Executivo “ter em conta esta questão e acelerar a economia da terceira idade”, através da atribuição de subsídios às empresas e acções de formação para idosos. Ho Iat Seng disse que, de facto, a aposta no trabalho sénior tem sido “uma pretensão” do Governo, apelando à alteração de mentalidades.

“Muitos dos empregos nas empresas de administração predial, segurança e limpeza são feitos por pessoas com mais idade. Temos de apoiar a participação dos idosos nos trabalhos que sejam próprios para a sua condição física. Temos de apoiar a entrada dos idosos no mercado laboral e temos de ter essa abertura de mentalidades. Espero que não venhamos a ser alvo de críticas, temos de ter essa abertura e compreensão.”

Ho Iat Seng não deixou de dar o seu próprio exemplo. “Eu e o presidente da AL [Kou Hoi In] somos cidadãos séniores, o deputado Chan Chak Mo também é! Será que somos incapacitados [para trabalhar]? Não. Os cidadãos seniores podem contribuir para o nosso mercado de trabalho porque temos falta de trabalhadores”, rematou.

16 Nov 2023

Exposição | Designer Clara Brito apresenta colecção de écharpes

“Fashion Scarves” é hoje inaugurada na galeria Taipa Village Art Space. Trata-se de uma mostra de écharpes desenhadas por Clara Brito com inspiração em peças de cerâmica chinesa antigas. O projecto surge como extensão da exposição já apresentada na Casa Garden, revelando a importância da recuperação das indústrias tradicionais

Depois de “She Left Her Body”, exposição que esteve patente na Casa Garden, a designer local Clara Brito criou uma colecção de écharpes inspiradas em algumas peças de cerâmica antiga partidas e que foram recuperadas de propósito para estes projectos. “Fashion Scarves” é uma colecção cápsula e também uma exposição que podem ser vistas a partir de hoje e até ao dia 31 de Dezembro na galeria da Taipa Village Art Space. As écharpes terão um preço especial de venda no dia da abertura da exposição, além de também estarem à venda durante a mostra.

Ao HM, Clara Brito explicou que esta iniciativa nasce das recentes pesquisas que tem efectuado sobre o património cultural e visual desta zona do mundo, no contexto do projecto a que pertence, o “Tomorrow’s Heritage”.

“Este é o primeiro lançamento de produto que combina a arte com a moda, surgindo no seguimento da exposição ‘She Left Her Body’, pois houve muitas peças que me inspiraram para desenvolver padrões têxteis para colecções de moda, nomeadamente as obras de arte trabalhadas com material de cerâmica partido, em que criei silhuetas femininas partidas”, começou por explicar.

Dessas imagens nasceram depois outras ideias, já na vertente do design de moda. “Quando olhei para essas peças achei que seriam óptimos motes para a impressão e o design têxtil. Já tínhamos falado sobre a possibilidade de desenvolver a valência entre arte e moda, dado o meu background ligado à área da moda, e quando a exposição terminou achei que era o mote certo para explorar alguns daqueles resultados visuais das cerâmicas partidas, sempre com ligação às indústrias tradicionais, mas imprimindo essas texturas em seda. Acabamos por usar duas indústrias tradicionais chinesas, a seda e a cerâmica.”

Recuperar o antigo

O convite para esta mostra partiu dos responsáveis pela Taipa Village Art Space, João Ó e Rita Machado. “Fashion Scarves” foi desenvolvida em parceria com o designer gráfico português João Lomelino, com quem Clara Brito trabalha há muitos anos.

A designer explica que as écharpes foram criadas com base num prato que pertence a uma colecção de cerâmica típica de Macau e do sul da China, mas com a especificidade de esse prato ter deixado de ser produzido há muito. Desta forma, o trabalho de Clara Brito permitiu fazer uma recuperação desse produto antigo e dar-lhe uma nova roupagem.

“As minhas pesquisas permitiram-me perceber que a produção daquele prato foi descontinuada. Recuperámos a sua produção, redesenhámo-lo e depois tirámos partido de tudo isso para a preservação da memória das indústrias tradicionais, neste caso com as écharpes, mas tendo por base uma peça que foi descontinuada, pelo que podemos falar dela como sendo um património.”

Para Clara Brito, esta iniciativa “reforça a importância de um projecto como o ‘Tomorrow’s Heritage’, no sentido de preservar uma cultura visual e fazer investigação dessas indústrias tradicionais que terão tendência a desaparecer”.

João Ó, curador de “Fashion Scarves”, destaca que “enquanto designer apaixonada por materiais e indústrias tradicionais, Clara utiliza no seu processo artístico materiais e ofícios tradicionais, um legado herdado dos seus vinte anos de vida e trabalho em Macau e na China continental”.

O curador considera que “os lenços de moda têm uma qualidade invulgar: podem ser simultaneamente peças de vestuário e obras de arte quando emoldurados e pendurados na parede. Esta dualidade torna-os valiosos e ainda mais valiosos porque a raridade do produto final é tão única como o Made in Macau”, rematou.

15 Nov 2023

RAEM, 25 anos | Oferta de bilhetes e parcerias com agências

A fim de celebrar os 25 anos da implementação da RAEM, o Governo deseja lançar um programa turístico próprio. Na conferência de imprensa de ontem, Ho Iat Seng adiantou algumas das medidas pensadas. “A Direcção dos Serviços de Turismo vai preparar esses programas. Não iremos apenas oferecer bilhetes de avião, mas vamos também combinar parcerias com agências de viagens para termos pacotes de viagens a Macau, além de aumentar o número de convenções e exposições a fim de atrair mais expositores e outro tipo de turistas.”

Ho Iat Seng espera ainda uma internacionalização do turismo e mudanças de fundo no sector aéreo, ainda que o monopólio da Air Macau permaneça por mais três anos. “A taxa de utilização do aeroporto é de apenas 60 por cento, porque os aeroportos das regiões vizinhas estão também a desenvolver-se. Temos de ter mais turistas internacionais, temos feito muitas acções de promoção e acredito numa boa recuperação este ano.”

O Chefe do Executivo salientou que é importante que o Governo “não fique satisfeito” com os dados actuais do sector. “Temos de nos abrir ao mercado internacional, sobretudo à zona do sudeste asiático. O mercado europeu é também muito importante. Espero que a Air Macau possa adquirir aviões maiores a fim de alargar o nosso mercado. Nos últimos dois ou três anos investimos muito dinheiro para desenvolver o sector turístico e iremos observar a situação futura”, rematou.

Numa altura em que acaba de ser anunciado o regresso, para o próximo ano, do aclamado espectáculo “House of Dacing Waters”, Ho Iat Seng adiantou que “Macau vai tornar-se numa metrópole de espectáculos”. Por isso, na hora de captar talentos para diversas áreas, o sector artístico será um dos principais a necessitar de quadros do estrangeiro. “Vamos precisar de muitos actores em palco e precisamos de mais quadros de excelência para nos ajudar a promover os artistas e o campo dos espectáculos.”

15 Nov 2023

Função pública | “Aumento não é muito substancial”, diz Ho Iat Seng

O aumento de 3,3 por cento nos salários da Função Pública previsto para o próximo ano “não é muito substancial”, comentou ontem o Chefe do Executivo. “Este valor foi ouvido e analisado na Comissão de Avaliação das Remunerações da Função Pública que votou a seu favor. É uma comissão relativamente independente cuja opinião e resultado da votação temos de respeitar.

Se consideram que os funcionários públicos ganham muito, tudo depende do ponto de vista, porque há trabalhadores no privado a ganharem mais. No sector privado também há políticas de aumentos salariais.”

Face à questão de um jornalista sobre a necessidade de aumentos salariais no sector do jogo, Ho Iat Seng lembrou que há perguntas que não se devem fazer. “Como jornalista não pode pedir esta informação ao Governo nem fazer esta pergunta. Muitas questões são inerentes aos actos comerciais das próprias empresas. Não oiço nenhuma voz que aponte para uma redução das regalias no sector do jogo, e se tem alguma queixa pode encaminhar o caso para ser investigado por nós”, salientou.

15 Nov 2023

Ho Iat Seng reafirma confiança no sistema judicial

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, disse ontem que continua a haver confiança na independência do sistema judicial, tendo em conta o caso que coloca o procurador-adjunto do Ministério Público, Kong Chi, no banco dos réus por alegadas interferências em processos.

“Conseguimos ver que os casos recentes vêm do passado e não está em causa um enfraquecimento dos órgãos judiciais de momento, sendo casos acumulados do passado. Na abertura do Ano Judiciário afirmei que os crimes ou irregularidades têm tolerância zero.”

Questionado sobre se a revisão das leis eleitorais para a Assembleia Legislativa e Chefe do Executivo vão criar alguma tensão ou confusão nos candidatos, Ho Iat Seng admitiu que “poderá acontecer um ou outro momento mais confuso”. “Lembram-se da situação caótica de Hong Kong? Quem a causou? Não fomos nós. Temos de nos defender das forças invasivas do estrangeiro que nos vão atacar através de ataques cibernéticos para tentar prejudicar o nosso bom funcionamento. Tal como disse o secretário Wong Sio Chak, temos de estar atentos”, lembrou.

Sensibilidade e bom senso

Tendo em conta que uma das grandes novidades destas LAG é a nova lei de educação patriótica, Ho Iat Seng deixou claro na conferência de imprensa de ontem que esta é uma das prioridades governativas. “Esta é uma tarefa muito importante para Macau. Os currículos escolares vão ter mais conteúdos sobre o espírito de amor a Macau e à pátria. Não estamos a apelar à população para ser mais patriótica, porque em Portugal, por exemplo, também existe esse patriotismo. Queremos sensibilizar, porque em Macau somos cidadãos chineses e temos de ter esse espírito em mente.”

15 Nov 2023

Habitação intermédia | Governo não avança já com construção

A construção de casas para a classe média na avenida Wai Long vai mesmo avançar, mas não para já. Ho Iat Seng disse ontem que não quer gastar já o dinheiro público neste projecto tendo em conta o reduzido número de candidatos à habitação económica

 

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, adiantou ontem que o Executivo não vai avançar com a construção de habitação intermédia a curto prazo, optando por analisar primeiro se existe, de facto, uma classe média no seio dos candidatos às casas económicas. O governante, ao falar em conferência de imprensa após apresentar o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, lembrou que o número de candidatos para as 5.014 fracções económicas fica abaixo do esperado.

“Temos de perceber as razões para se construir a habitação intermédia. Tal foi feito porque havia uma grande lista de espera para a habitação económica e queremos promover a habitação para os jovens, e porque tinham uma pontuação menos vantajosa [neste concurso]. No concurso para as fracções de habitação económica o número de candidatos é ainda reduzido. Segundo a nossa avaliação não existe, para já, uma classe sanduíche a precisar da habitação intermédia, tendo em conta esse número reduzido de candidaturas aquém do esperado.”

Ho Iat Seng garantiu, no entanto, que o projecto nunca será suspenso. “Vamos continuar com o projecto de habitação intermédia na avenida Wai Long e posso afirmar que os trabalhos preparatórios estão finalizados. Mas, por enquanto, não vamos gastar dinheiro público para a habitação intermédia porque essa necessidade não é premente. Suspendemos a construção da habitação intermédia na avenida Wai Long porque temos de ser pragmáticos e ter em conta as necessidades.”

“Não vou cancelar a habitação intermédia, mas no próximo ano teremos de observar a situação das candidaturas à habitação económica, para ver se há ou não uma classe sanduíche. Se houver uma grande procura podemos construir de imediato a habitação intermédia, temos recursos para isso”, adiantou ainda.

Com estabilidade

O Chefe do Executivo comentou ainda as recentes medidas que facilitam a compra de uma segunda casa para habitação, com o fim do imposto de selo de cinco por cento, entre outras medidas fiscais de flexibilização do mercado.

“Reduzimos o imposto de selo e segundo as instruções da Autoridade Monetária e Cambial de Macau sobre os bancos, o nosso sector imobiliário tem uma oferta bastante satisfatória, não existindo a necessidade de prolongar as medidas provisórias, pelo que vamos voltar à antiga política fiscal de 2010.”

Quanto às medidas em vigor para as hipotecas de casas, o Chefe do Executivo adiantou que “têm tido efeitos na estabilização do mercado imobiliário, mas têm distorcido os valores das casas de menor dimensão, com os preços a aumentar entre 20 e 30 por cento”.

“Os jovens têm vindo a sofrer com os elevados preços da habitação no mercado privado. Os custos de construção são os mesmos, mas houve um aumento no preço das casas na Taipa de 12 a 13 mil patacas por pé quadrado, o que é ridículo”, frisou.

Na zona A vão continuar a disponibilizar-se 32 mil fracções públicas e quatro mil privadas. “Seja qual for o Governo, esta política já definida vai persistir”, disse Ho Iat Seng, que não quis avançar se é novamente candidato às eleições para o Chefe do Executivo do próximo ano.

Acima de tudo, o governante quis salientar que não pretende “tomar medidas exageradas para perturbar o funcionamento do mercado privado, a não ser que o preço dos imóveis se mantenha alto”. “Somos uma sociedade de capitalismo e temos de deixar as regras do mercado a funcionar. Temos de ter em conta a habitação para as populações vulneráveis, mas o jogo do mercado privado funciona e não precisa de intervenção do Governo. As pessoas podem escolher e não estamos num cenário de monopolização, oferecemos sim muitas alternativas e escolhas”, concluiu.

15 Nov 2023

Fotografia | Exposição celebra nove anos da associação ARK

A ARK – Associação de Arte de Macau celebra nove anos de existência e a pensar nisso será realizada uma exposição de fotografia entre os dias 2 e 23 de Dezembro no bairro de São Lázaro. “Everlasting Time” é o nome da mostra que é também uma ode a Macau, à sua diversidade e multiculturalidade

 

Criada há nove anos, a ARK – Associação de Arte de Macau (AAMA, na sigla inglesa) prepara-se para celebrar o seu aniversário com uma exposição de fotografia. Intitulada “Everlasting Time – AAMA 9th Anniversary Commemorative Photography Exhibition” [Tempo Eterno – Exposição de Fotografia do 9.º Aniversário da AAMA], esta é uma mostra promovida pela Associação Promotora para as Indústrias Criativas na Freguesia de São Lázaro, decorrendo entre os dias 2 e 23 de Dezembro na galeria G23, na Rua de São Miguel, situada neste bairro histórico de Macau.

Segundo um comunicado da ARK sobre o evento, esta é uma mostra de fotografia que retrata a diversidade cultural do território, que há décadas junta em poucos quilómetros quadrados as culturas chinesa, portuguesa e dos países dos expatriados e demais trabalhadores migrantes.

“Macau e as ilhas periféricas [Taipa e Coloane] estão repletas de edifícios de diferentes estilos. Também as ruas, com uma mistura de estilos chineses e ocidentais, têm as suas próprias características tal como os membros da ARK, em que cada um tem o seu próprio talento.”

Desta forma, o título da exposição, “Tempo Eterno” é “muito significativo e especial” por marcar a existência desta mostra há quase dez anos. “Através da participação dos associados neste evento, estes poderão tomar consciência do belo cenário em que vivem e registar o momento através da fotografia”, aponta o mesmo comunicado.

Concretizar e ensinar

Há nove anos que a ARK “abraça a missão de promover a arte e a cultura através da realização de vários tipos de actividades artísticas, tais como exposições, seminários e workshops”, tendo ainda como objectivo “realizar actividades que incluem o fornecimento de um canal para os residentes de Macau aprenderem sobre arte”.

Além desta vertente pedagógica, a associação pretende “servir de plataforma para mostrar os seus talentos e criatividade, na esperança de aumentar o nível de apreciação dos residentes em relação à arte e também melhorar a sua qualidade de vida”. Os dirigentes da ARK entendem que as actividades que promovem “permitem aos participantes libertar a pressão do seu trabalho e da sua vida quotidiana”.

Uma das últimas iniciativas promovidas pela ARK foi o programa “Art Power Jamming”, em que foram apresentadas exposições sob o mote “Quatro Verões”, da autoria de Rachel Chan, Maggie U, Mandy Fu e Gigi Chao. As exposições foram apresentadas no Pavilhão de Exposições de Arte para a Juventude do Tap Seac, tendo tido como foco o trabalho destas mulheres artistas centrado “na arte, beleza e imaginação”.

A ARK promoveu ainda, este ano, um programa semelhante com várias artistas, mas desta feita centrado nos cinco elementos da natureza, nomeadamente o metal, a madeira, a água, o fogo e a terra. Os artistas participantes integraram, assim, o programa “Quinteto de Arte”.

14 Nov 2023

MP | Prisão preventiva para homem que assaltou apartamentos

Um cidadão do Interior da China está em prisão preventiva depois de ter assaltado dois apartamentos na Taipa, no passado dia 5, após ter escalado as paredes exteriores do prédio.

Segundo uma nota do Ministério Público (MP), o homem foi descoberto por um dos moradores num dos apartamentos, tendo “fugido imediatamente através da janela, acabando por ser detido mais tarde pela polícia dentro de um casino”. O MP destaca que o mesmo homem tinha praticado um crime semelhante no ano passado. De momento, o cidadão chinês está indiciado pela prática de dois crimes de furto qualificado, podendo incorrer numa pena de prisão até dez anos.

A medida de coacção de prisão preventiva foi decretada “tendo em consideração a natureza dos crimes, a ilicitude dos actos e a intensidade do dolo do arguido”, bem como a forma como o indivíduo procedeu aos assaltos. Desta forma, as autoridades pretendem evitar que o homem fuja de Macau, existindo também “o perigo da continuação da prática de crime”. Na mesma nota, o MP dá conta que entre Janeiro do ano passado e Outubro deste ano, foram deduzidas 15 acusações relacionadas com roubos feitos por pessoas que entram em apartamentos, num total de 22 pessoas acusadas.

14 Nov 2023

Transplante de órgãos | Comissão defende revisão legislativa

A Comissão de Ética para as Ciências da Vida entende que deve ser revista a lei de 1996 que regula a “dádiva, colheita e transplante de órgãos e tecidos de origem humana”, bem como os “respectivos diplomas legais”, para uma “melhor adaptação à situação actual e às necessidades do desenvolvimento social”.

Segundo um comunicado, os membros da comissão reuniram no passado dia 9, tendo discutido o panorama da doação de órgãos no território e ainda a legislação sobre as “técnicas de procriação medicamente assistida”, que entrará em vigor a 11 de Fevereiro do próximo ano.

Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau, explicou que, com a entrada em funcionamento do novo hospital das ilhas, “irá contribuir para promover ainda mais o desenvolvimento da doação e transplante de órgãos em Macau”.

14 Nov 2023

LAG | Esperada mais “audacidade” do Governo e apoios sociais

O Chefe do Executivo apresenta hoje as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano, as primeiras desde o fim da pandemia e do retorno ao excedente orçamental. Ainda assim, analistas ouvidos pelo HM não acreditam em grandes novidades. Espera-se que o Governo “seja mais audaz” e apresente aumentos dos apoios sociais

 

É hoje apresentado o primeiro relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2024 já sem os entraves da pandemia e das restrições que tanto afectaram a economia do território. Se é certo que os turistas voltaram em força, também é certo que os analistas não esperam grandes novidades da ida do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, à Assembleia Legislativa (AL). Ouvidos pelo HM, apelam a medidas com maior pujança e reforço dos apoios sociais para as camadas mais baixas da população que ainda sofre os efeitos de três anos de economia paralisada.

“Não haverá novidades”, prevê o deputado José Pereira Coutinho. “Falta saber se o Governo vai implementar medidas para fomentar o sector imobiliário, que está bastante debilitado. O grande problema em Macau é o desemprego e não vemos medidas para atrair o investimento estrangeiro”, apontou.

O também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) lança a farpa sobre a recente decisão do Executivo em prolongar, por mais três anos, o monopólio da Air Macau. De frisar que a intenção do Governo em liberalizar o sector aéreo se arrasta há alguns anos.

“A recente decisão de estender o monopólio da Air Macau vai fazer com que não tenhamos mais turistas estrangeiros por falta de aeronaves de médio e longo curso. A terceira comissão permanente da AL teve várias reuniões no período de férias legislativas para apressar os trabalhos de análise de especialidade do diploma [Lei da actividade da aviação civil], e, sem nos dar cavaco, é decidido conceder mais três anos [de contrato]”, acusou.

Também Jorge Fão gostaria de testemunhar a apresentação de umas LAG ousadas. O dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), pede ao Governo para ser mais “audaz”. “Espero que o Chefe do Executivo apresente novas medidas mais atractivas. O Executivo andou estes anos todos sem fazer muita coisa, e agora que tem a oportunidade de fazer, deve ir mais além. Não basta apenas apostar na promoção turística e trazer turistas. Isso não chega, tem de tomar conta das pessoas que vivem no território.”

Nesse sentido, Jorge Fão pede o regresso do cartão de consumo, nem que seja com um montante inferior às oito mil patacas atribuídas nas últimas edições do programa de apoio económico aos residentes adoptado nos tempos de pandemia. “O Governo poderia dar mais dinheiro às pessoas, voltar a apostar no cartão de consumo, até com um montante mais reduzido se entender que o anterior montante é pesado para o orçamento.”

Relativamente ao caso específico da APOMAC, Jorge Fão pede que seja autorizado o funcionamento da clínica médica para os sócios. “Deveria ser reconsiderada a situação da nossa clínica, pois apenas pedíamos o equivalente a salários de três funcionários e nada mais. Podemos voltar a pôr a clínica a funcionar e gostaríamos de ter aqui um espaço útil para os nossos aposentados que sejam sócios.”

Recorde-se que a policlínica da APOMAC encerrou portas em Março do ano passado, depois de funcionar 15 anos. A Fundação Macau deixou de apoiar o espaço, que passou para a alçada dos Serviços de Saúde (SS). As únicas possibilidades para a continuação do funcionamento, apresentadas pelos SS, seria a atribuição de um subsídio de 130 patacas ou alargar os serviços aos idosos que não são sócios da APOMAC, algo que vai contra a filosofia da associação.

“Uma lista de desejos”

Bruno Simões, presidente da associação Macau Meetings, Incentives and Special Events (MISE) disse que não está à espera de novidades para o sector das exposições, exibições e convenções (MICE, na sigla inglesa), mas tem “uma lista de desejos”. E um deles é o regresso ao formato antigo do programa de atracção de eventos para o território.

“O programa vigorou entre 2009 até ao ano passado, tendo depois ficado mais discricionário e complicado. Este ano ficou mais restrito, e penso que isso se deve ao facto de o Governo estar a tentar poupar dinheiro”, defendeu.

Na prática, eram atribuídos incentivos a empresas de fora de Macau que organizassem eventos em Macau com, pelo menos, 100 pessoas e estadia de duas noites. “Muitas cidades concorrentes com a nossa têm este tipo de medidas. Gostava que esse programa voltasse ao formato que tinha para termos mais reuniões para Macau.”

Contrariando um pouco a narrativa oficial, Bruno Simões considera que o sector MICE “está numa fase difícil porque os hotéis em Macau estão relativamente caros face aos preços que se praticavam”. “Os junkets bloqueavam muitos quartos [para o sector VIP] e todos os hotéis estão a dar mais quartos aos jogadores. Macau está com falta de competitividade ao nível dos preços na hotelaria, mas é a lei da oferta e da procura e pouco podemos fazer. Estamos com falta de espectáculos e esperamos que voltem para o próximo ano”, disse ainda o empresário.

Ajustar subsídios

No caso de Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, são necessários ajustamentos a muitos subsídios e apoios a associações que, diariamente, apoiam os mais carenciados do território.

“Claro que seria bom se o Governo ajustasse os subsídios atribuídos às camadas mais baixas da população e desse mais dinheiro a quem presta serviço nas associações. Seria bom haver esses aumentos tendo em conta as dificuldades dos últimos três anos, para que possamos manter o nível dos serviços que temos vindo a providenciar. O orçamento total [das associações] pode ser ajustado consoante a situação actual.”

No capítulo da administração da justiça, o advogado Miguel de Senna Fernandes defende que o uso do português nos tribunais é algo que não se pode perder. “Esperamos que não deixe de ser usado o português na área jurídica, isso é fundamental, embora possa não ser a melhor coisa para quem não domina o português. Isso é importante para manter a identidade da nossa ordem jurídica.”

Ainda assim, o também presidente da Associação dos Macaenses reconhece que o futuro é marcado pelos ajustamentos necessários à integração regional de Macau no contexto da Grande Baía e Hengqin.

“Compreendo que os novos desenvolvimentos face ao que se projecta para a Grande Baía vão implicar um maior consenso em termos de soluções jurídicas e algumas modificações nas áreas do Direito comercial, civil e propriedade industrial. São áreas que precisam de uma uniformização em termos de soluções jurídicas. Não obstante esta tendência, não podemos esquecer que o português é uma língua fundamental de toda uma filosofia jurídica que está enraizada em Macau há séculos”, concluiu.

Rose Lai, docente da Universidade de Macau especialista na área do imobiliário, acredita que “os planos do Chefe do Executivo sobre os projectos de habitação e diversificação económica são sólidos e razoáveis”. Contudo, “o seu impacto dependerá da extensão e rapidez com que forem implementados, e da sua aceitação pela sociedade em geral”.

A partir das 15h de hoje, na AL, Ho Iat Seng irá lançar as pistas para as próximas políticas que irão servir de compasso para a RAEM, seguindo-se uma conferência de imprensa sobre as LAG na sede do Governo. Ho Iat Seng regressa amanhã ao hemiciclo para responder a questões dos deputados.

Seguem-se os debates por tutelas: no dia 20 discutem-se as políticas para a área da Administração e Justiça com a presença do secretário da tutela, André Cheong, na AL. No dia 22 é a vez do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, ir ao hemiciclo debater as políticas da sua área. As áreas da Segurança, Assuntos Sociais e Cultura e, finalmente, Transportes e Obras Públicas, discutem-se nos dias 24, 27 e 29, respectivamente.

14 Nov 2023

Lisboa | Wenceslau de Moraes em colóquio

A Fundação Oriente, em Lisboa, promove, entre quinta e sábado, um colóquio sobre o escritor português Wenceslau de Moraes, falecido no Japão em 1929. Intitulado “O Imaginário Japonês de Wenceslau de Moraes”, o evento, acolhido pela Fundação Oriente, é organizado pelo Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o Instituto de Estudos e Tradição da Universidade Nova de Lisboa.

Por ocasião dos 100 anos da publicação de “O-Yoné” e “Ko-Haru”, em 1923, celebra-se o imaginário deste escritor que acabou por dedicar grande parte da sua vida ao Japão, sendo que este colóquio “acolhe abordagens disciplinares várias – da literatura ao cinema, da edição à tradução – que permitam revisitar a obra de Moraes e actualizar os estudos em torno do seu imaginário japonês”.

Destaque para a apresentação, na quinta-feira, de Tereza Sena, historiadora ligada à Universidade Politécnica de Macau, que irá falar sobre “Apontamentos para o estudo da imagética em Wenceslau de Moraes e seu contributo para a construção de um imaginário português sobre o Japão”.

Duarte Braga, do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, vai falar da “China e Macau em Wenceslau de Moraes”. Na sexta-feira a sessão de encerramento estará a cargo de Ana Paula Laborinho, presidente da Organização dos Estados Ibero-americanos. No sábado, será ainda exibido, na Cinemateca Portuguesa, o filme “A Ilha de Moraes”, do realizador português Paulo Rocha.

13 Nov 2023

Rádio Táxis | Empresa multada em dez mil patacas

A Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau SA vai ter de pagar dez mil patacas de multa pelo facto de um motorista de táxi ter transportado um cliente sem que este tenha chamado o veículo, além de o ter ajudado a fazer a marcação quando este já estava no carro. Segundo um acórdão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), entende-se existirem “provas suficientes de que o trabalhador [da empresa de rádio táxis] violou o contrato [de concessão]”, tendo a multa sido decretada a 16 de Setembro de 2020 por despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas.

O caso ocorreu a 28 de Maio de 2018, quando o motorista estacionou o táxi junto do Hotel Roosevelt em estado de “espera” e apanhou um cliente que não havia marcado o serviço por telefone. Segundo o acórdão do TSI, o condutor “ajudou o cliente a solicitar o serviço de táxi à central de táxis especiais depois de este ter entrado no táxi e, em seguida, conduziu-o para a ala leste do Venetian, na Estrada do Istmo”.

O tribunal entende que “não há provas de que a tomada do passageiro tenha sido urgente e necessária”, tal como está previsto no contrato com a empresa, “não se verificando, portanto, a situação em que o condutor pode fazer a marcação do serviço de táxi em nome dos passageiros”. A empresa recorreu do despacho do secretário Raimundo do Rosário para o TSI a 5 de Março de 2021.

13 Nov 2023

Mulheres | Questionadas políticas de promoção da igualdade de género

A dois anos de terminar o plano governamental “Objectivos do Desenvolvimento das Mulheres de Macau”, Ella Lei pergunta o que falta fazer para chegar à igualdade de género. Além disso, pede a uniformização dos dias de licença de maternidade no público e no privado

A deputada Ella Lei questiona o Governo, em interpelação escrita, em que fase está a implementação do plano “Objectivos do Desenvolvimento das Mulheres de Macau”, que arrancou em 2019 e termina daqui a dois anos, em 2025. A responsável apela, por isso, a uma maior rapidez para a implementação de medidas e políticas que estão por concretizar.

“Como ainda faltam dois anos para a conclusão do referido plano, o Governo tem de atingir rapidamente as várias metas e medidas de desenvolvimento”, a fim de “reforçar os direitos e interesses das mulheres na comunidade”.

Um dos pontos destacados por Ella Lei prende-se com a necessidade do aumento dos dias de licença de maternidade, que actualmente é de 70 dias no sector privado, “um pouco diferente face aos 90 dias de licença de maternidade pagos no sector público”.

“O plano propõe a realização de um estudo para que haja um alinhamento do número de dias de licença de maternidade entre os sectores público e privado entre 2023 e 2025. Pergunto ao Governo quais os planos para chegar a esse alinhamento, e para chegar à convergência com as normas internacionais?”.

A deputada questionou também se o Executivo de Ho Iat Seng pretende “apoiar as empresas para aumentarem gradualmente o número de dias de licença de maternidade, introduzindo um subsídio”.

Olhar a família

Na mesma interpelação, Ella Lei dá conta que o Governo prometeu apresentar “medidas de longo prazo, incluindo o apoio à família, a promoção do desenvolvimento diversificado das mulheres e uma maior mobilidade ascendente”, de forma a corrigir as assimetrias que impedem a concretização da igualdade de género em Macau.

Tendo em conta que 2025 está quase aí, a deputada questiona “como o plano tem sido implementado” e “em que domínios as medidas podem ser melhoradas”. Tendo em conta que o Executivo pretende desenvolver políticas que promovam “um planeamento e desenvolvimento da carreira das mulheres”, bem como a criação de uma base de dados com indicadores sobre a presença das mulheres nos vários domínios da sociedade, Ella Lei quer saber como a Administração “vai acompanhar e aplicar as recomendações” e como “será feita a aplicação das propostas” adoptadas.

Relativamente ao assédio sexual, a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) lembrou a proposta, no plano, da criação de um organismo público para tratar das queixas de assédio sexual, ou da realização de um estudo de implementação de leis que assegurem a igualdade de género. “Como irá a Administração implementar estes objectivos e que estudos foram realizados?”, inquiriu.

13 Nov 2023

Imobiliário | Fim do imposto sobre segunda habitação

O Governo vai acabar com o imposto de cinco por cento cobrado a quem adquire um segundo imóvel para fins habitacionais a partir de 1 de Janeiro. Esta é uma das principais alterações propostas pelo Executivo com a revisão da lei de relativa ao “Imposto de selo sobre a aquisição do segundo e posteriores bens imóveis destinados à habitação”, já analisada pelo Conselho Executivo.

Segundo um comunicado deste organismo, será mantido o imposto de dez por cento sobre a compra de uma terceira ou mais casas para fins residenciais, além de serem criadas novas medidas relativas à hipoteca sobre imóveis.

A ideia de rever este diploma surge no contexto “das novas mudanças do mercado imobiliário e na conjuntura económica de Macau”. Assim, o Governo entendeu haver condições “para o relaxamento das medidas vigentes no âmbito da administração da procura imobiliária”, criadas desde 2010 a fim de travar a especulação no sector.

13 Nov 2023