Camané regressa para actuar com a Orquestra Chinesa de Macau

O fadista português Camané vai regressar a Macau para mais um concerto com a Orquestra Chinesa de Macau. O espectáculo integrará o cartaz do 5º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, anunciado na última sexta-feira. O concerto não tem ainda uma data marcada.

Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), este festival pretende ser “uma plataforma de intercâmbio cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, apresentando 70 actividades divididas em sete séries, realizando-se entre este mês e Dezembro em vários bairros e conhecidos locais históricos do território. As actividades incluem o Festival da Lusofonia, a Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português, a Exposição Anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa, os espectáculos de Música e Dança Tradicional na Comunidade, o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa e um workshop de prova de vinhos.

Com esta série de eventos, o IC espera “criar uma importante plataforma para o intercâmbio artístico e cultural internacional na cidade, promovendo constantemente o desenvolvimento desta como centro de intercâmbio cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Um regresso

Camané, um dos mais conhecidos fadistas portugueses da nova geração, actuou pela primeira vez em Macau nos anos 90 e depois em 2007, também com a Orquestra Chinesa de Macau, num espectáculo de duas horas no Centro Cultural de Macau sob a batuta do maestro Pang Ka Pang.

O programa do concerto incluiu sonoridades ocidentais e orientais, com nomes como Rão Kyao, Guan Naizhong ou He Xun Tian, entre outros. Cantaram-se ainda alguns dos fados mais conhecidos do artista, nomeadamente “Ela Tinha uma Amiga”, com letra de Maria do Rosário Pedreira, e “A Cantar é que te Deixas Levar” ou “Se ao Menos Houvesse um Dia”.

Sobre esse espectáculo, Camané disse à Lusa, na altura, que havia gostado “imenso do maestro e da ligação que conseguiram criar com os meus músicos”. “Foi um trabalho até de alguma atenção, nas paragens, por exemplo, porque tiveram de aprender algumas palavras em português para perceber o tempo da sílaba”, descreveu, ao recordar a forma “calorosa” com que foi recebido pelo público chinês e pelos muitos portugueses que encheram a sala. Em 2013, Camané actuou no Venetian no âmbito do Festival Literário Rota das Letras, ao lado da banda portuguesa Dead Combo.

9 Out 2023

Henrique de Senna Fernandes | Livro realça lado “polivalente” do autor

Lançado na sexta-feira, pela Praia Grande Edições, “Cem Anos de Henrique de Senna Fernandes”, dirigido por Lola Geraldes Xavier, apresenta um retrato das múltiplas perspectivas da vida e obra do autor macaense. A académica entende que a obra de Henrique de Senna Fernandes continua a despertar interesse

 

Autor de “Amor e Dedinhos de Pé” e “A Trança Feiticeira”, Henrique de Senna Fernandes continua a ser tido por muitos como o maior autor macaense, aquele que sempre se disse português de Macau e teimou em escrever na língua de Camões.

Na última sexta-feira, primeiro dia do festival literário Rota das Letras, foi lançada a obra “Cem Anos de Henrique de Senna Fernandes”, com coordenação de Pedro D’Alte e direcção de Lola Geraldes Xavier, docente da Universidade Politécnica de Macau (UPM). Ambos pertencem a um grupo de investigadores “com interesses pelas literaturas e culturas em português”, intitulado “Ecoador”, que inclui outros académicos, nomeadamente de Macau, como Lu Jing, estudante bolseiro de doutoramento da UPM, e Yang Nan, mestre em Língua e Cultura Portuguesa pela Universidade de Macau.

A obra reúne um conjunto de ensaios sobre Henrique de Senna Fernandes da autoria de académicos deste grupo “informal e sem qualquer financiamento”. “O acolhimento [do projecto] da parte de uma editora com os mesmos interesses [celebrar o centenário do nascimento do romancista] é muito louvável”, disse Lola Geraldes Xavier.

Essencialmente o livro “pretende colocar em diálogo vários modos artísticos” do autor macaense, contando também com ilustrações de Dilar Pereira e um ensaio fotográfico de Sara Augusto. “As contribuições são diversas e multidisciplinares, da parte de investigadores da Literatura, Filosofia, História, Direito, Economia ou Sociologia, entre outros. Os temas são igualmente múltiplos: revisão da literatura sobre o autor, enfoque sobre alguns contos, romances, biografia, gastronomia na obra de Senna Fernandes ou a importância histórico-cultural das suas publicações.”

Em declarações ao HM, Miguel de Senna Fernandes referiu que “é importante o lançamento deste livro”. “Agradeço desde já a todos os que quiseram demonstrar a admiração pelo trabalho de Henrique de Senna Fernandes, [sem esquecer] as várias actividades que decorreram este ano sobre a obra do meu pai. Infelizmente, não tive tempo para participar neste livro”, acrescentou. Além disso, a publicação do livro representa “um marco importante no que diz respeito à figura que foi Henrique de Senna Fernandes, sendo um inestimável tributo a este escritor de Macau”.

Os vários lados de Henrique

Nas primeiras páginas do livro, Pedro D’Alte descreve Henrique de Senna Fernandes como uma figura “versátil, polivalente e conciliadora”. Lola Geraldes Xavier concorda, destacando que a versatilidade do autor se denota mais “ao nível dos géneros literários que tratou e das profissões e cargos que abraçou”. Henrique de Senna Fernandes foi também uma figura “conciliadora” devido às “relações interétnicas que cultivou, quer biográfica quer literariamente”.

“Creio que a marca que deixou na comunidade de Macau e macaense, em particular, pela sua intervenção cívica e cultural, será, porventura, um legado em pé de igualdade com o literário”, acrescentou. Considerando ser essencial traduzir mais Henrique de Senna Fernandes para chinês e inglês, Lola Geraldes Xavier entende que a essência da sua escrita se sente com mais intensidade nos romances, “que têm chamado mais a atenção de estudiosos e cineastas”, ao invés dos contos.

“No entanto, ele começou por ser premiado por um conto, nos jogos florais da Queima das Fitas da Universidade de Coimbra, em 1950, por ‘A-Chan, a tancareira’. Os contos carregam em si o embrião de alguns romances, pelas temáticas, espaços, tempo ou tipos sociais de personagens.”

O seu filho destaca que, em Macau, “ele é conhecido, acima de tudo, como professor, sobretudo pela comunidade macaense, pois foi professor de história de muitas gerações, tanto no liceu como na Escola Comercial Pedro Nolasco”.

“Ele é recordado, carinhosamente, por ‘senhor professor’, mas claro que a escrita lhe deu outra dimensão. Ele marcou uma época e a história de Macau e quem lê Henrique de Senna Fernandes faz uma viagem no tempo”, frisou.

Um autor (ainda) a descobrir
Neste livro de ensaios, Lola Geraldes Xavier fez um estudo sobre o estado da arte em relação ao que já se publicou sobre os escritos de Senna Fernandes, em parceria com Chen Gaozhao, estudante de doutoramento em português na UPM. As conclusões mostram que “na década do século XX o autor continua a despertar interesse, inclusivamente na academia”.
As palavras de Senna Fernandes não se esgotam nos romances mais conhecidos, muitos deles editados pelo Instituto Cultural, havendo ainda escritos por publicar, nomeadamente a obra “O Pai das Orquídeas”, livro no qual Henrique de Senna Fernandes estava a trabalhar antes de morrer, em 2010, sem esquecer os demais contos que ficaram em papel.
“Do que já está publicado, ‘Mong-Há’ é o livro menos estudado, tal como são menos estudados temas relacionados com aspectos sociológicos, como personagens, a tradução, a diáspora e biografia, por exemplo”.
Os cenários que surgem nas obras de Henrique de Senna Fernandes fazem parte de um certo imaginário de uma Macau em constante mudança socioeconómica. Neste sentido, questionámos Lola Geraldes Xavier se os escritos do autor macaense se poderão tornar numa quase de referência histórica ou antropológica.
A docente da UPM recorda que “ainda em vida o autor tinha consciência desse desaparecimento e, talvez por isso, também da importância do seu legado”. Lola Geraldes Xavier destaca os casos dos escritos de outros autores portugueses de Portugal, nomeadamente Almeida Garrett e Eça de Queirós, questionando se se transformaram, de facto, em referências históricas. “A literatura é uma arte social, logo histórica, mas a sua essência ultrapassa essas fronteiras, pelo que todo o grande escritor sobrevive pela inserção da sua obra no cânone literário e não na história”, considerou. Para Miguel de Senna Fernandes, as obras do seu pai constituem “uma memória”, tendo em conta “tudo aquilo que se vai desfazendo em Macau”.

9 Out 2023

Tufão | “Koinu” leva ao cancelamento de eventos e serviços

A passagem do tufão “Koinu” por Macau originou uma série de eventos e serviços cancelados dado ter sido içado, ontem às 16h30, o sinal 8 de tempestade tropical. Entre os eventos cancelados destaque para as duas sessões da ópera “O Barbeiro de Sevilha”, que integra o cartaz do XXXV Festival Internacional de Música de Macau, e que estavam agendadas para as 15 e 20h de ontem. Segundo uma nota do Instituto Cultural, o valor dos bilhetes poderá ser reembolsado posteriormente.

Além do encerramento das salas de máquinas de jogo “Mocha” Kuong Fat e no Porto Interior, foi ainda cancelada a actividade “Prestar atenção à pressão arterial e cuidar do coração”, que se iria realizar no Centro de Saúde da Areia Preta. Será comunicada outra data posteriormente.

A passagem do tufão “Koinu” pelo território obrigou ainda à suspensão de todas as aulas e actividades extracurriculares dos ensinos infantil, primário, secundário e especial. Foram também canceladas todas as visitas e demais serviços ao público do Estabelecimento Prisional de Coloane, do Instituto de Menores e do Centro de Atendimento e Informação da Direcção dos Serviços Correccionais.

Relativamente ao trânsito, as últimas partidas das carreiras diurnas de autocarros começaram às 16h, enquanto as últimas partidas da Linha da Taipa do Metro Ligeiro começaram logo às 15h30. As carreiras nocturnas de autocarros, o serviço dos táxis especiais, os autocarros de ligação dos postos fronteiriços da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e os autocarros shuttle para o Aeroporto Internacional de Hong Kong foram também suspensos.

Foram ainda disponibilizados mais de quatro mil lugares de estacionamento para uso público, a título gratuito, por parte das operadoras de jogo enquanto esteve içado o sinal de tempestade.

9 Out 2023

MP | Julgamento de procurador-adjunto começa na sexta-feira

Está marcada para a próxima sexta-feira a primeira sessão do julgamento que tem como arguido o procurador-adjunto do Ministério Público (MP) Kong Chi, bem como a arguida Choi Sao Ieng, Ng Wai Chu e Kuan Hoi Lon.

A audiência deverá começar às 10h no Tribunal de Segunda Instância. Recorde-se que o MP acusou, no passado dia 9 de Setembro, Kong Chi e os restantes três arguidos dos crimes de corrupção, abuso de poder e violação de segredo de justiça.

Num comunicado, o MP explicou que o caso surgiu no âmbito de um relatório de investigação do Comissariado contra a Corrupção sobre o procurador-adjunto, que estava desde Fevereiro de 2022 de licença sem vencimento de longa duração.

Segundo o MP, Kong Chi “terá criado uma associação criminosa, recebido subornos e praticado actos ilícitos contra a imparcialidade judicial em vários casos de investigação criminal”.

9 Out 2023

BIR | Coordenador do PS exige actuação da diplomacia portuguesa

Vítor Moutinho, coordenador da secção do Partido Socialista em Macau, entende que o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve intervir na questão da atribuição dos bilhetes de identidade de residente a portugueses. O responsável pede acção ao ministro Gomes Cravinho e ao secretário de Estado Paulo Cafôfo

 

Diz que a posição é apenas dele como coordenador da secção do Partido Socialista (PS) em Macau. Porém, Vítor Moutinho entende que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, liderado pelo ministro João Gomes Cravinho, e o respectivo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, devem agir na questão da atribuição da residência na RAEM a portugueses, que correm agora o risco de poderem apenas ter acesso a cartões de trabalhador não-residente (blue card), ao contrário do que ficou assente nas negociações entre Portugal e China sobre a transferência de soberania de Macau, na década de 80.

“Os cidadãos [portugueses] sentem-se desamparados”, começa por dizer ao HM. “Não temos visto, nos últimos tempos, nenhuma acção comunicativa por parte dos canais diplomáticos e por parte dos membros do Governo relativamente a questões que são do interesse da comunidade. Nota-se uma completa ausência do secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo, que não tem uma presença visível, pelo menos no que diz respeito à Ásia e Oceânia. Relativamente à comunidade portuguesa que vive em Macau nunca teve uma acção através dos canais diplomáticos existentes para resolver esta questão que é de extrema importância para os cidadãos portugueses”.

“Explicar ao Governo”

Para Vítor Moutinho, que não quer envolver a restante secção do PS nesta matéria por não terem ainda discutido o assunto em conjunto, “justificava-se um esclarecimento público por parte do MNE” português. “Não é o cônsul que está em Macau que vai conseguir, sozinho, fazer qualquer mudança, embora ele tenha vindo a fazer um trabalho de bastidores amplamente positivo.”

“O MNE, através do secretário de Estado e do próprio ministro, tem de explicar à comunidade portuguesa o que está a ser feito no sentido de salvaguardar uma questão que, mais do que histórica e social, é de respeito pelos portugueses que há mais de 500 anos vivem em Macau e pelo cumprimento da Lei Básica”, disse.

O responsável entende que deve ser feito “um esforço diplomático, explicando ao Governo de Macau, nem que seja através do Governo Central, que a comunidade portuguesa não é composta por trabalhadores temporários, mas tem relações e uma história com o território.” Muito pelo contrário, Vítor Moutinho vinca que a comunidade “deve ser respeitada” e não pode ser apagada por “um mero decreto aprovado na Assembleia Legislativa, que não pode ser tábua rasa para todos os cidadãos”. “A história de Macau confunde-se com a história de Portugal e não se podem separar”, rematou.

Recorde-se que desde Agosto foram emitidas novas instruções para a atribuição dos BIR, cujos pedidos podem apenas ser feitos para agrupamento de famílias ou caso existam ligações anteriores a Macau. Na última semana, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, reagiu à alteração legislativa que põe em causa a atribuição de BIR à chegada ao território e também da residência permanente.

“No mandato anterior, a Assembleia Legislativa já tinha revisto e aprovado as legislações sobre a residência. Portanto, o Governo deve exercer as políticas com base nas leis. Primeiro, a revisão da lei não afecta os pedidos de visto de trabalho ou residência de portugueses. A questão actual que estamos a discutir é se os portugueses vão ter Bilhete de Identidade de Macau logo após chegarem a Macau e se, após sete anos de residência, vão obter o Bilhete de Identidade de Residente Permanente”, disse.

O HM procurou contactar outras secções de partidos portugueses em Macau, nomeadamente Joana Alves Cardoso, representante do CDS-PP, que não teve disponibilidade para prestar declarações até ao fecho da edição.

9 Out 2023

“Koinu” | Possibilidade “moderada” de içar sinal 9 esta madrugada

Depois de ter sido içado hoje, às 16h30, o sinal 8 de tempestade, dada a aproximação da tempestade tropical “Koinu”, os Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) consideram “moderada” a possibilidade de içar sinal 9 de tempestade tropical esta madrugada, tendo em conta a possível deslocação do tufão mais para norte, podendo ainda verificar-se aguaceiros fortes amanhã de manhã.

Actualmente o “Koinu” está a “mover-se lentamente”, tendo entrado num raio de 100 quilómetros de Macau, esperando-se que o “vento na região se intensifique”. Os SMG explicam ainda que “devido à influência das faixas de nuvens associadas” ao tufão, hoje “o vento vai soprar do quadrante norte, podendo atingir o nível 6 a 8 da Escala de Beaufort, com rajadas”.

Além disso, prevê-se que na madrugada e manhã desta segunda-feira possam ocorrer inundações nas zonas baixas da península com uma altura inferior a 0,5 metros.

8 Out 2023

Sara F. Costa, poetisa, tradutora e participante do Rota das Letras: “Macau é um rodopio multicultural”

Sara F. Costa autora e tradutora, protagoniza as primeiras sessões de domingo, do Rota das Letras, onde irá conduzir o workshop “Como Traduzir um Poema Chinês”, apresentando uma hora depois, às 12h, o seu mais recente livro de poesia, “Ser-Rio-Deus-Corpo”. Ao HM, a autora fala do festival que conhece bem e que considera fundamental

 

Que importância atribui ao regresso sem limitações do festival literário Rota das Letras?

A literatura deve apresentar-se sempre a par das alterações de dinâmica nas sociedades. Macau é um lugar de convergências, um rodopio multicultural, transcultural que se desenrola ao longo de tempos não lineares. Preservar e lembrar toda esta energia que Macau possui, representar a sua miscelânea identitária através de poemas ou ficção, isso é prolongar a existência deste território e da sua memória, assim como assegurar que as singularidades que possui estão vivas e se continuam a reproduzir e a desenvolver. A pandemia é mais um acontecimento para o turbilhão de sentidos que é Macau. A sua tradição literária tem de continuar a inspirar autores, assim como o resto da sociedade. A realização do festival literário de Macau é agora mais importante do que nunca. Contra ventos e tempestades, cá estamos.

Quais são as suas expectativas em relação às sessões em que vai participar?

Vou moderar algumas conversas entre autores chineses e portugueses, trago também um workshop de tradução de poesia, e depois sigo com leitura de poemas e apresentação de poetas. Todas estas actividades se relacionam com a língua e com a poesia, assim como com o encontro de línguas chinês-português. O workshop será mais direccionado para portugueses que tenham curiosidade sobre o funcionamento da língua chinesa e sobre a história e características da poesia chinesa. Iremos ter uma parte teórica e uma parte prática em que, perante alguns versos, a sua fonetização e o significado individual de cada caractere, os participantes vão ser desafiados a transpor, nem que seja um verso, do chinês para o português. Outra coisa interessante que trago é a projecção do Fuse.

Em que consiste este projecto?

Inicialmente chamado “Urban fragments”, é uma colectânea áudio visual de poesia que dirigi quando estava a viver em Pequim e a colaborar com a Spittoon Arts Collective. Foi um projecto que teve três fases, primeiro tivemos a escrita de poemas por parte da comunidade internacional de poetas a residir em Pequim, depois tivemos uma composição visual que tentou imiscuir-se com a essência dos poemas e por último, tivemos o artista contemporâneo Julian GX Wang a compor a paisagem sonora das leituras que cada um dos poetas fez dos poemas que escreveu sobre Pequim. É uma experiência visceral deixar-se embrulhar na tapeçaria de sinestesias e de diálogos não só entre artes como entre culturas.

Vai ainda apresentar um seminário na Universidade de Macau, intitulado “Camilo Pessanha: Simbolismo, Orientalismo, tradução poética e diálogos transculturais”. Que contributo leva para mais uma análise da obra do poeta?

Estou concentrada nas traduções que Pessanha fez da compilação de poemas de long-Fong-Kong. Continua a ser fundamental falar de Camilo Pessanha, da mesma forma que continua a ser fundamental realizar o festival Rota das Letras, com mais ou menos fundos. Camilo Pessanha é um representante do legado cultural e intelectual que pertence à intersecção do Oriente e Ocidente que Macau materializa, especificamente no que se refere à relação entre o português e o chinês. É importante lembrar que os estudos chineses existem em Portugal de forma autónoma aos recursos que usamos e que estão geralmente em inglês, francês ou italiano. Falta ainda falar do encontro entre o Oriente e o Simbolismo, por exemplo ou, pelo menos, daquilo que alguém como Pessanha possa ter trazido para uma tradição literária tipicamente europeia. Acho que o diálogo não está esgotado e ainda há muito a decifrar sobre as relações linguísticas presentes em pedaços de história literária tão importantes como as Elegias Chinesas.

6 Out 2023

Henrique de Senna Fernandes recordado hoje no Rota das Letras

O centenário do nascimento do escritor macaense Henrique de Senna Fernandes marca o arranque de mais uma edição do festival literário Rota das Letras. O painel inaugural, que serve de apresentação do livro “Cem anos de Henrique de Senna Fernandes – Uma Nova Colecção de Ensaios”, com coordenação de Lola Geraldes Xavier, decorre hoje na Livraria Portuguesa a partir das 18h15. A Livraria Portuguesa é, aliás, o local de todas as sessões do programa deste fim-de-semana do festival.

A obra conta ainda com as participações do filho do escritor, Miguel de Senna Fernandes, a académica Sara Augusto e Pedro D’Alte, entre outros, fazendo uma leitura transversal do percurso de Senna Fernandes, que foi também advogado e professor.

Às 19h30 será a vez de se discutir a temática “Grande Baía: A Busca por uma Maior Diversidade Literária”, com a participação de Carlos Morais José, director do HM, a académica e ex-deputada Agnes Lam, e os autores Wang Weilian e Zhu Shanbo. Destaque ainda para a inauguração, às 17h30, da exposição de pintura de Benjamin Hodges, intitulada “Vou a Caminho do Meio Dia: A Arte de Benjamin Kidder Hodgess”.

Romances e mistérios

O programa do Rota das Letras de amanhã arranca às 15h com a presença do autor Nick Groom, que irá falar de “Tolkien Hoje: Do Senhor dos Anéis aos Anéis do Poder”. Segue-se o painel dedicado a W. H. Auden, às 16h, intitulado “W.H. Auden: A Demanda por Justiça de um Poeta e as suas Impressões sobre Macau e Hong Kong”, com a presença do académico Glenn Timmermans e o jurista Paulo Cardinal.

Para as 17h está marcada a sessão “A Torre dos Segredos: Os Mundos Paralelos de Camões e Damião de Góis”, com Edward Wilson-Lee. Às 18h30 o escritor e tradutor Valério Romão junta-se a Xiao Hai para falar da “Poesia dos Trabalhadores Migrantes: Um Género Literário em Ressurgimento na China”.

No domingo, além das sessões de Sara F. Costa, decorre ainda a sessão, às 15h, sobre “A Nova Geração de Escritores da Grande Baía I: Os Livros de Wang Weilian e Zhu Shanbo”.

Por sua vez, às 16h, Glenn Timmermans junta-se a Nick Groom para falar de William Shakespeare, com a sessão “Um Homem para Todas as Estações: 400 anos de Shakespeare”. Edward Wilson-Lee volta a falar sobre o poeta às 17h.

No domingo a última sessão, marcada para as 18h, será dedicada a Valério Romão, que abordará o tópico “Família Feliz: Quantos Mal-entendidos cabem num Prato? E num Romance?”.

6 Out 2023

Tufão | Chuva e ventos fortes no final da semana

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) apontam que é ainda incerta a trajectória da tempestade tropical “Koinu”, mas que se poderão esperar chuvas e ventos fortes no final desta semana, tendo já sido emitido o alerta amarelo para temperaturas altas, prevendo-se que o tempo muito quente se mantenha no território entre hoje e amanhã. A tempestade “Koinu” vai cruzar o sul da Ilha Taiwan, prevendo-se “que se mova mais lentamente do que o esperado”.

Desde a madrugada e a manhã de hoje o sistema deverá avançar para o Mar do Sul da China, entrando no raio inferior a 800 quilómetros de Macau em direcção à costa leste da província de Guangdong. A influência de uma monção do Nordeste faz com que seja ainda incerta a intensidade do “Koinu”, sendo esperado que “o sistema enfraqueça”, descreve os SMG.

4 Out 2023

IAM | Negado “monopólio familiar” por adjudicações a irmão de vice-presidente

Uma publicação no Facebook acusou o Instituto para os Assuntos Municipais de “monopólio familiar” na adjudicação de obras públicas ao irmão do vice-presidente do instituto, Lo Chi Kin, para construir a estação elevatória e box-culvert na Bacia Norte do Patane e a zona de lazer da baía norte do Fai Chi Kei. O IAM garante que a lei foi respeitada

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) foi alvo de acusações na rede social Facebook, da autoria de um internauta que se intitulou “Layer Macao”, que fala da existência de um “monopólio familiar” no processo de adjudicação de obras públicas do IAM, pelo facto de a “Empresa de Engenharia e Consultoria Greatway”, alegadamente administrada pelo irmão de Lo Chi Kin, vice-presidente do IAM, ter ganho uma série de obras sem concurso público.

A publicação acusa o Governo de ignorar o que considera ser incompatibilidades entre o exercício de funções públicas e negócios privados.
A publicação, que data de 11 de Setembro, refere que “os irmãos Lo são uma família de quatro pessoas, e irmão do vice-presidente do IAM é proprietário da empresa de construção e consultoria, um negócio…”. “Porque o secretário para a Administração e Justiça faz vista grossa [à situação], ou será que trabalham todos em conluio para saquear os recursos económicos públicos?”, questionou o internauta, que acrescenta ainda na publicação as expressões “conluio entre o sector empresarial e o Governo”.

Um punhado de obras

A publicação inclui também uma imagem do registo comercial da empresa que mostra que Lo Chi Cheong é administrador, seguindo-se a lista das obras públicas adjudicadas a esta empresa, onde se incluem os serviços de fiscalização e coordenação da construção da nova estação elevatória de águas pluviais e residuais (EP9 e EER) da Bacia Norte do Patane.

Além disso, a “Greatway” é ainda responsável pela construção da estrutura box-culvert das vias circundantes à Bacia Norte do Patane e a obra de optimização da zona de lazer da baía norte do Fai Chi Kei, na Rua do Comandante João Belo. Coube também à empresa do vice-presidente do IAM coordenar e fiscalizar as obras de reparação dos passeios e passagens superiores para peões de Macau, no valor de 3,13 milhões de patacas e 1,42 milhões de patacas, respectivamente.

O jornal All About Macau questionou o IAM sobre o parentesco entre Lo Chi Cheong, administrador, e Lo Chi Kin, vice-presidente. O IAM respondeu apenas que “o vice-presidente tem cumprido o regime de impedimento [casos de impedimento, conforme o Código do Procedimento Administrativo], não tendo participado nos concursos públicos e nas avaliações das obras mencionadas”.

O organismo liderado por José Tavares diz ainda realizar as actividades administrativas de forma legal, imparcial e justa, aplicando-se o regime citado a todos os funcionários e vogais do conselho de administração do IAM.

Muitas das obras adjudicadas pelo organismo público resultam da consulta de preços praticados pelas empresas, indica o IAM. O All About Macau questionou quais os critérios para este processo e se há impedimento de participação de outras empresas, ao que o IAM respondeu que tudo depende dos valores envolvidos.

“Quando o valor estimado da obra for igual ou superior a 15 milhões de patacas, ou quando o valor para a prestação de serviços for igual ou superior a 4,5 milhões de patacas, é necessária a realização de um concurso público. Se a obra ou a prestação de serviços ficarem abaixo desses valores, pode-se realizar uma mera consulta de preços”, refere a resposta ao jornal.

4 Out 2023

Conhecidos autores chineses presentes no Rota das Letras

Foram ontem anunciados os nomes dos autores chineses que vão participar na edição deste ano do festival literário Rota das Letras, que decorre entre os dias 6 e 15 de Outubro. Destaque, assim, para a presença de Deng Yiguang, escritor de etnia mongol nascido em Chongqing, mas hoje baseado em Shenzhen. Segundo um comunicado do festival, Deng é um autor já galardoado com o Prémio Literário Lu Xun, um dos mais importantes da China. Os seus romances estão traduzidos em várias línguas estrangeiras e têm sido, frequentemente, adaptados ao cinema.

Destaque também para a presença de Fu Zhen, natural de Nanchang, em Jiangxi, agora radicada em Hong Kong, considerada uma das escritoras mais influentes da nova geração. A autora vem a Macau falar do seu primeiro romance, “Zebra”, e também dos vários livros de viagens que já publicou. Wang Weilian é outro dos jovens autores chineses de maior talento que estará no Rota das Letras. Wang já foi distinguido com o Prémio Literário Mao Dun para Novos Autores e com a medalha de ouro na mais importante competição literária da China para obras de ficção científica. Vem de Cantão, como vem também Zhu Shanbo, autor de vários romances históricos e colecções de contos.

O cartaz inclui ainda Xiao Hai, hoje a viver em Pequim, um representante da chamada poesia operária chinesa, um género literário que está a ressurgir na China. No Festival Rota das Letras, vai partilhar a mesa de uma sessão com Valério Romão, que recentemente tem vindo a trabalhar este tema de forma performativa.

Memórias e evocações

Além dos nomes de autores chineses, o Rota das Letras traz de novo ao território Francisco José Viegas, autor, editor e ex-Secretário de Estado da Cultura em Portugal, bem como o escritor Valério Romão. Destaque também para a presença da poetisa Sara F. Costa, que no primeiro fim-de-semana do festival vai apresentar o seu mais recente livro de poesia, “Ser-Rio, Deus-Corpo”, uma projecção de vídeo-poemas intitulada “Tocar os sons e ouvir as imagens”, produzida por si, e ainda coordenar o workshop intitulado “Vamos traduzir um verso chinês!”.

O horário completo de todas as sessões da 12ª edição do festival deverá ser conhecido hoje. Numa primeira fase os eventos do festival decorrem na Livraria Portuguesa entre os dias 6 e 8 de Outubro, seguindo depois para a Casa Garden de 13 a 15.

A par da literatura contemporânea, prestar-se-á tributo a nomes grandes do passado: Camões, Shakespeare, W.H. Auden, J.R.R. Tolkien. O festival abre com uma sessão evocativa do centenário de Henrique de Senna Fernandes. No que respeita a autores portugueses, destaque para a participação de Patrícia Portela e do jornalista António Caeiro. Por ambos os espaços vão também passar vários autores de Macau ou aqui baseados: Joe Tang, Erica Lei, Yang Sio Mann, Isaac Pereira, Rui Rasquinho, Rui Farinha Simões, Paulo Cardinal, José Basto da Silva, Marisa C. Gaspar, Andrew Pearson, Tim Simpson, Joshua Ehrlich. Além disso, o programa inclui o espectáculo “Samba de Guerrilha”, de Lucas Argel, dedicando espaço à fotografia, com nomes como Rusty Fox, entre outros.

29 Set 2023

Ilustrações de Yang Sio Man patentes na vila da Taipa

“Murmúrios” é o nome da nova exposição promovida pela Associação Cultural da Vila da Taipa e que revela as ilustrações da artista Yang Sio Man feitas a partir de contos seleccionados por si, no formato storytelling. Além da mostra com trabalhos da artista, será também lançado o primeiro livro ilustrado de Yang Sio Man, intitulado “Mr. Matos Went to Buy Tomatoes” [O Sr. Matos foi Comprar Tomates], publicado pela editora Fizzy Ink.

Segundo um comunicado da associação, a artista revela “um estilo ilustrativo muito próprio”, imprimindo nos últimos anos esse estilo a “objectos e instalações artísticas”. A autora acaba por fazer “uma abordagem às representações da vida quotidiana”, criando, com os seus trabalhos, “uma atmosfera calorosa, imaginativa e ricamente poética”, algo que “serve de contraponto ao ritmo agitado e, muitas vezes, agressivo da vida moderna”.

A mostra integra três colecções de ilustrações. Uma primeira colecção, com o nome “O Sr. Matos foi Comprar Tomates”, inclui uma exposição de livros ilustrados, esboços originais e uma instalação artística que representa a própria história que integra o livro.

Segue-se uma segunda colecção com nove impressões com a técnica giclée, criadas recentemente para a revista “Voice & Verse Poetry Magazine”, uma publicação de poesia de Hong Kong. A exposição integra também uma nova interpretação de uma banda desenhada intitulada “Lemon Tea”, que explora “os pequenos e simples prazeres da vida quotidiana”.

Versatilidade e docência

Yang Sio Man dá aulas na Universidade Politécnica de Macau e trabalha também por encomenda com artistas locais e internacionais nas áreas das artes visuais, design de livros e publicações alternativas. Segundo a Associação Cultural da Vila da Taipa, Yang Sio Man é uma artista versátil e com trabalho “reconhecido internacionalmente”, nomeadamente nos “World Illustration Awards” [Prémios Internacionais de Ilustração].

Citado pelo mesmo comunicado, João Ó, arquitecto e presidente do conselho directivo da Associação Cultural da Vila da Taipa, disse que, com esta mostra, a artista convidada vai “inspirar a comunidade com o calor das suas obras”. “As três colecções de ilustrações englobam a essência do seu estilo único de ilustração e transmite um testemunho rico do seu percurso de trabalho criativo”, apontou ainda.

João Ó acredita que com esta iniciativa a vila da Taipa vai ficar ainda mais cimentada enquanto “um dos principais destinos culturais e artísticos em Macau, sublinhando o seu contributo inestimável para a promoção das indústrias cultural e criativa do território”. A exposição tem entrada gratuita e pode ser vista até ao dia 10 de Novembro na Rua dos Clérigos, na vila da Taipa.

29 Set 2023

Semana dourada | Festas e celebrações multiplicam-se em toda a cidade

A chegada do Festival do Bolo Lunar celebra-se a partir de hoje com uma série de eventos espalhados pela cidade. Destaque para a tradicional “Festa da Celebração da Lua” que decorre hoje no Albergue, iluminada pela exposição de 28 lanternas do coelho. As operadoras de jogo prepararam também iniciativas para animar os feriados

 

Arranca este fim-de-semana mais uma celebração tradicionalmente chinesa, o Festival do Meio Outono Chong Chao, também conhecido como o Festival da Lua ou do Bolo Lunar, que se celebra no 15º dia da 8ª Lua, sendo habitual comer os tradicionais bolos lunares, reunir a família e sair à rua com lanternas, observando a lua. Esta é considerada a segunda maior festividade da comunidade chinesa logo a seguir ao Ano Novo Chinês.

Pela cidade decorrem diversos eventos em jeito de celebração, como é o caso do que acontece hoje no Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM), organizado pelo Círculo dos Amigos da Cultura de Macau. Na “Celebração da Lua – Festival do Meio Outono 2023” começa às 18h30 e termina às 21h, os participantes podem desfrutar da oferta de bebidas e petiscos tradicionais, além de poderem realizar diversos jogos pensados para toda a família.

Será também inaugurada hoje, às 18h30, a mostra “Lanternas de Coelhinho – Uma Exposição de Carlos Marreiros e Amigos – Parte 18”, que apresenta 28 lanternas do coelho decoradas de forma criativa por diversos artistas e personalidades de Macau. A mostra serve ainda para celebrar os 74 anos da implantação da República Popular da China, e pode ser visitada até 19 de Outubro.

Os participantes podem também receber uma lanterna tradicional do coelho ou uma peça de caligrafia criada pelo mestre Choi Chun Heng. Será ainda exibida a “Exposição de Caridade de Arte de Caligrafia Chinesa do Mestre Choi Chun Heng”, onde os visitantes podem explorar a cultura tradicional chinesa e experimentar a caligrafia chinesa durante a festa.

Lanternas no One Central

Outro dos eventos que celebra o Festival do Meio Outono é o 6º Festival das Lanternas de Macau, que arrancou dia 22 e que estará patente ao público até 30 de Novembro no jardim Lotus do empreendimento One Central. A exposição reúne oito instalações artísticas do coelho de jade, com alturas entre 3 e 4,7, da autoria de Alan Chan, artista e designer. A área foi decorada com flores de lótus.

Destaque ainda para a iniciativa “Esplendor da Lua – Festival das Lanternas da SJM”, da Sociedade de Jogos de Macau, um evento realizado em parceria com a Sociedade de Artistas de Macau. Serão apresentadas “criações vibrantes de lanternas que destacam as tradições culturais chinesas” do território, com a assinatura “dos artistas mais talentosos da Ásia”.

A exposição, inaugurada no passado dia 21, pode ser vista até ao dia 10 de Novembro no Grand Lisboa Palace, no Cotai, e também no hotel Grand Lisboa. Foram convidados artistas asiáticos de renome como Rukkit, conhecido criador de arte urbana tailandês; ANTZ, também artista de arte urbana oriundo de Singapura, RUOB, vindo da China, e ainda Rainbo Peng, natural de Hong Kong.

A SJM convidou também artistas locais, nomeadamente a ilustradora Yolanda Kog; a artista multimédia Hera Ieong; o escultor Carlo Lio, conhecido pelos seus trabalhos em pedra; o pintor Wing Pun e o escultor Yanlas Sou.

Poderão ser vistas 11 lanternas que expressam o estilo individual de cada artista, além de que a SJM organiza também diversos workshops para pais e filhos com os artistas participantes no evento.

A Galaxy também se junta à festa com a organização do “Festival de Arte de Lanternas da Galaxy”, que integra uma colecção de lanternas digitais da autoria de quatro designers da China, Macau e Singapura.

O quarteto artístico foi convidado a “expressar a sua criatividade através da fusão de desenhos de lanternas tradicionais chinesas com a tecnologia de projecção de luz”, e recorrendo a uma parede com luzes LED que inclui “uma série contínua de obras de arte digitais”.

Desde o dia 24 de Setembro, e até 8 de Outubro, pode ser visitada a instalação de uma “Superlua” gigante, com seis metros de diâmetro, instalada no empreendimento da Galaxy no Cotai, na zona conhecida como “The Lawn”. Destaque ainda para a realização de piqueniques ao ar livre em família, espectáculos e desfiles no mesmo local entre as 18h e as 23h hoje e amanhã.

Celebrações na FRC

O programa das festas inclui ainda uma mostra inaugurada esta quarta-feira na Fundação Rui Cunha (FRC) intitulada “O Brilho da União – Exposição do Festival de Outono e do Dia Nacional da RPC”. Trata-se de uma exposição colectiva de caligrafia, pintura e escultura de selos com trabalhos de artistas da Associação das Mulheres Calígrafas, Pintoras e Escultoras de Selos de Macau. As 43 peças podem ser vistas até ao dia 14 de Outubro.

Na quarta-feira, a FRC foi palco de um actividade que antecipou as festividades que se avizinham, com a “Pintura de Lanternas Chinesas”, que convidou o público a observar a técnica de pintura e a experimentar a pintar lanternas e leques.

28 Set 2023

IPOR | Aberto novo concurso para gestão da Livraria Portuguesa

O Instituto Português do Oriente aceita manifestações de interesse de empresas para a gestão da Livraria Portuguesa até 30 de Novembro, tendo em conta que a actual concessão termina a 31 de Março do próximo ano. A Praia Grande Edições, actual concessionário, vai concorrer novamente

 

As empresas interessadas na gestão da Livraria Portuguesa, entidade tutelada pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), podem apresentar as manifestações de interesse até ao dia 30 de Novembro deste ano, tendo em conta que o actual contrato, com a Praia Grande Edições, termina a 31 de Março do próximo ano. Desta forma, o IPOR abre um novo concurso depois de sucessivas renovações com a mesma empresa e dos adiamentos causados pelo contexto de pandemia.

Ao HM, Ricardo Pinto, jornalista e director da Praia Grande Edições, empresa responsável pelas publicações Ponto Final e Macau Closer, bem como pela realização de eventos culturais, confirmou que vai concorrer novamente à concessão do espaço.

Segundo um comunicado do IPOR, pretende-se manter “o regime semelhante” de gestão com uma entidade parceira que “compreendendo os objectivos da Livraria Portuguesa, não só os cumpra plenamente como desenvolva estratégias de projecção da língua e leitura na região”. O novo contrato terminará a 31 de Março de 2029.

Regras de gestão

Desde 2003 que a Livraria Portuguesa é concessionada a privados, sendo um dos poucos locais em Macau onde se podem adquirir livros, revistas e jornais em língua portuguesa editados na RAEM ou em Portugal, além da venda de manuais escolares.

Segundo o caderno de encargos do actual concurso, o novo concessionário deverá ser responsável por “desenvolver anualmente um conjunto de actividades dinamizadoras do espaço da Livraria Portuguesa que promovam o livro, a leitura, escritores e outras áreas artísticas e culturais dos países de língua portuguesa”.

Deve ainda ser disponibilizada “uma oferta de publicações actual e que espelhe as tendências do panorama editorial de escritores dos países de língua portuguesa, nas suas versões originais e, caso houver, nas traduzidas”.

A nova empresa concessionária deverá ainda doar todos os anos, enquanto durar o contrato, “três títulos actuais de autores de países de língua portuguesa à biblioteca Camilo Pessanha do IPOR”.

Em matéria de gestão financeira, o IPOR deve receber um relatório e contas anual, além de que o concessionário deve pagar 100 mil patacas ao IPOR por cada ano de concessão “a título de doação para o Fundo para a Promoção da Língua e Cultura do IPOR”.

28 Set 2023

Semana Dourada | Hotéis esperam ocupação acima dos 90 por cento

O presidente da Associação de Hotéis de Macau espera uma taxa de ocupação hoteleira para os dias da Semana Dourada acima dos 90 por cento. Luís Herédia considera que a recuperação do sector “tem sido muito positiva”, tendo em conta a escassez inicial de recursos humanos. Restaurantes também estão positivamente expectantes

 

Na primeira Semana Dourada de Outubro após o fim total das restrições relativas à covid-19, as expectativas são mais que muitas para o sector turístico. Ao HM, Luís Herédia, presidente da Associação de Hotéis de Macau, adiantou estimar uma taxa de ocupação hoteleira acima dos 90 por cento entre hoje e a próxima sexta-feira, 6 de Outubro. “Esperamos que os dias 7 e 8 [de Outubro] também sejam bons. Estamos preparados e ansiosos pela Semana Dourada e prontos para receber os turistas da melhor forma, esperando que as condições nos sejam favoráveis.”

Este período “será, sem dúvida, muito importante para o turismo de Macau e para os hotéis”, lembrou o responsável, tendo em conta os meses de Verão “favoráveis”.

“Durante estes nove meses [desde o fim das restrições impostas pelo combate à pandemia] conseguimos entender a nova realidade, as novas tendências, os segmentos, estando ainda a adaptar as medidas que devem ser melhoradas e a acelerar processos”.

A escassez de recursos humanos verificada logo no início do ano parece estar cada vez mais ultrapassada. “Temos recursos humanos mais capacitados, restaurantes reabertos, mais entretenimento, produtos [turísticos] mais ricos, sendo que há ainda bastante a melhorar”, disse.

Melhorias constantes

Apesar de afirmar que “os hotéis estão hoje mais apetrechados, capazes de oferecer um serviço de melhor qualidade”, Luís Herédia assume que “há sempre espaço para melhorias”, tendo em conta “a rotação muito alta de recursos humanos”, que leva “a uma necessidade forte de formação, de liderança operacional e de gestão”.

Também no sector da restauração as expectativas são muitas. Atente-se no caso do restaurante “O Santos”, de Santos Pinto, localizado no coração da Rua do Cunha. “Em relação à Semana Dourada, espero que a Rua do Cunha continue cheia de turistas e que a tasca do alentejano continue como foi no mês de Agosto: cheia”, adiantou.

Santos Pinto confessou ao HM que até ao final desse mês o negócio “foi espectacular”, com um maior abrandamento entre a passagem do tufão e o arranque de mais um concurso internacional do fogo de artifício. “Neste momento, o negócio está bom de novo, pois voltaram os clientes de Hong Kong e do resto da Ásia”, rematou.

28 Set 2023

Portugal-China | Macau em destaque em congresso na Universidade de Aveiro

A terceira edição do Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China” começou ontem e decorre até amanhã na Universidade de Aveiro. Macau estará em destaque com a presença de oradores como Jorge Rangel, Carmen Amado Mendes e académicos da RAEM. O evento inclui a apresentação da revista Via do Meio

 

A China e todas as suas valências, deste a cultura, língua, política e diplomacia, sobretudo no relacionamento com Portugal, é o grande destaque da terceira edição do Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China”, que decorre até amanhã na Universidade de Aveiro (UA).

O programa inclui quatro painéis temáticos relacionados com o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”, “Diálogos entre línguas: Literatura, Tradução e Ensino”, “História, Cultura e Turismo” e ainda “Diálogo entre Artes”.

Macau será tema central de algumas palestras, nomeadamente da autoria de Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), que falou no primeiro dia sobre “Macau, cidade internacional (pós 1949)”, data da implantação da República Popular da China. Baojia Li, da Universidade de Macau (UM), apresentou a palestra “Four shifts of four dimensional narrative turn of Macau music in the perspectiva of voice power” [Quatro turnos de narrativa quadridimensional da música de Macau na perspetiva do poder da voz].

Por sua vez, Huang Ziqi, da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, apresentou a palestra “Confluência e Divergência: Nossa Senhora com o Menino Jesus e as apresentações escultóricas no Museu da Igreja de São Domingos”. Joana Barros Silva, ligada à Fundação Casa de Macau, abordou o “papel de Macau no projecto da Grande Baía”.

Hoje é o dia dedicado ao Confúcio, com António Aresta, do Instituto Internacional de Macau (IIM), a liderar uma conversa intitulada “Matias da Luz Soares e a literatura moral em Macau no século XIX”. Por sua vez, Jorge Rangel, presidente do IIM, leva a Aveiro a apresentação “J.J. Monteiro, notável poeta popular de Macau”. Além disso, Cristina Zhou, do Instituto Confúcio da Universidade de Coimbra, irá abordar o legado do escritor Henrique de Senna Fernandes em “Memórias de Macau – Relembrando Henrique de Senna Fernndes (1923-2010)”.

A arquitecta Maria José de Freitas é outra das oradoras, falando das “Confluências culturais em Macau”. Já Sara Augusto, do Instituto Português do Oriente, vai abordar as “Conversas da trança: as linhas cruzadas da literatura de língua portuguesa em Macau”.

Um olhar para a China

Não faltam, contudo, sessões destinadas à grande China, nomeadamente a de Chen Yudong e Tian’ge Han, da Universidade Xinhua de Cantão, que abordam “A imagem chinesa na tradução do romance ‘Viver’, de Yu Hua: uma abordagem imagológica”. Tian’ge Han junta-se a Qunying Li, da mesma universidade, para falar da “Tradução de chinês para português das frases com sujeito nulo – análise do relatório para o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China”.

Destaque ainda para a apresentação de Álvaro Augusto Rosa, ligado ao ISCTE – Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, que aborda a temática “Compreender a China: uma perspectiva intercultural”, enquanto Cátia Miriam Costa, académica também ligada ao ISCTE, irá conduzir a palestra intitulada “Diálogo entre a China e os Intelectuais Lusófonos (1960-1970).

Amanhã, dia dedicado à Festa da Lua, o historiador Rui Lourido, presidente do Observatório da China, abre as hostes com a palestra “A China numa nova era de modernização e o contributo para o desenvolvimento e a paz mundiais”. Outro exemplo de participação é do académico Paulo Duarte, que vai falar dos desafios geoestratégicos da China e Atlântico Sul.

“Via do Meio” apresentada quinta-feira

Esta quinta-feira, 28, entre as 10h25 e as 11h25, será apresentada na UA a revista “Via do Meio”, publicação dirigida por Carlos Morais José nascida das páginas do HM, que conta com uma panóplia de sinólogos e académicos cujo trabalho se foca na arte, cultura e pensamento chinês.

Na “Via do Meio”, nomes como Paulo Maia e Carmo, Ana Cristina Alves ou Cláudia Ribeiro, entre outros, escrevem sobre estes temas para a publicação que também tem como foco a tradução de textos clássicos de chinês para português. Na mesma sessão será ainda apresentado o livro “Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea”, coordenado por Jorge Tavares da Silva e Xúlio Rios, e ainda “China, Football and Development: Socialism and Soft Power”, da autoria de Emanuel Leite Júnior, entre outras obras.

27 Set 2023

Zona A | Candidaturas a habitação económica abriram ontem

Arrancou ontem o prazo de candidaturas para o acesso às habitações económicas que vão ser edificadas nos cinco lotes da zona A dos novos aterros, num total de 5.415 fracções, incluindo 1.657 da tipologia T1, 3.216 da tipologia T2 e 542 de tipologia T3.

Segundo um comunicado do Instituto da Habitação (IH), começou ontem mais um concurso de atribuição de habitação económica, pelo que os residentes podem candidatar-se até ao dia 27 de Dezembro deste ano, com o prazo para a entrega dos documentos em falta a terminar no dia 26 de Janeiro de 2024.

São aceites as candidaturas apresentadas presencialmente ou por meios electrónicos. Podem candidatar-se residentes permanentes com agregado familiar com o mínimo de 18 anos de idade, enquanto o candidato a título individual deve ter o mínimo de 23 anos. O rendimento mensal dos candidatos é calculado de acordo com a média dos rendimentos obtidos no período de Setembro de 2022 a Agosto de 2023 e o património líquido é calculado segundo o valor da liquidação no dia 31 de Agosto de 2023.

O concurso adopta o sistema de ordenação por pontuação, sendo as candidaturas ordenadas por forma decrescente de acordo com as pontuações finais obtidas.

27 Set 2023

LAG | Segurança nacional é prioridade para 2024

Decorreu na terça-feira a 35ª sessão plenária do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica (CCRJ), que discutiu opiniões quanto à elaboração do plano legislativo para as Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2024.

Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça, o presidente do Conselho, também secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, frisou que esse plano continuará a “ter por base a ciência” e o “pragmatismo”.

As prioridades governativas em matéria legislativa residem “no acompanhamento do aperfeiçoamento dos regimes complementares na área da defesa da segurança nacional, bem como as leis relacionadas com a economia e a vida da população”. André Cheong disse ainda que “o actual Governo tem-se empenhado no aperfeiçoamento do mecanismo de coordenação da produção legislativa”, bem como “na elaboração científica do plano anual de produção legislativa”.

27 Set 2023

DSAL | Formação subsidiada termina no quarto trimestre

A melhoria da economia e a redução das inscrições nos cursos de formação subsidiada ditaram o fim do programa, marcado para o quarto trimestre deste ano. Lei Lai Keng, da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, frisou que o fim do programa não representa desinvestimento na formação profissional

 

O programa de formação subsidiada, implementado nos anos difíceis da pandemia para ajudar desempregados, recém-licenciados ou profissionais liberais, termina no quarto trimestre. A garantia foi dada por Lei Lai Keng, chefe do departamento de emprego da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau.

As principais razões para o fim do programa prendem-se com a recuperação gradual da economia, desde o fim das restrições covid, e a redução do número de inscritos.

“A economia, em termos gerais, e o ambiente de emprego têm melhorado. Este ano o número de inscrições para a formação subsidiada foi de cerca de três mil, [uma redução] comparando com o ano passado, em que 6620 pessoas terminaram a formação e inscreveram-se para uma vaga de emprego”, disse.

Lei Lai Keng disse ainda que, até Agosto, foram lançados 1117 cursos de formação subsidiada, com mais de 26 mil pessoas a participarem e com 24 mil pessoas a terminar as formações. Além disso, cerca de 70 por cento dos participantes só frequentaram os cursos uma vez, sendo que menos de dez por cento o fez três vezes.

“Analisámos as razões pelas quais as pessoas voltaram a frequentar os cursos e quais as principais dificuldades sentidas na busca de emprego. Tratava-se essencialmente de antigos funcionários dos sectores da construção civil e promotores de jogo que procuravam os escassos empregos dessas áreas que existiam no mercado, porque queriam voltar às antigas funções. Outra das razões prende-se com o facto de o salário não corresponder às suas expectativas”, adiantou Lei Lai Keng.

Electricistas e afins

Lei Man Teng, chefe substituta do departamento de formação profissional da DSAL, explicou no mesmo programa de rádio que as funções de electricista, segurança e assistentes na área das convenções e exposições eram as mais procuradas nos cursos de formação subsidiada.

Lançado em Setembro de 2020, o programa inclui dois planos distintos, um destinado a desempregados e recém-licenciados, e outro focado nas pessoas que estão empregadas e nos profissionais liberais. No final do curso os formandos podem receber um subsídio de 6.656 patacas. A inscrição para a última ronda dos cursos de formação subsidiada decorre entre 11 e 15 de Dezembro.

Lei Lai Keng garantiu que a DSAL vai continuar a disponibilizar mais acções de formação tendo em conta as necessidades do mercado, em cooperação com associações locais e entidades das regiões vizinhas para oferecer cursos de formação e certificação profissionais. A ideia é também cooperar com as operadoras de jogo para que os sectores hoteleiro e da restauração possam ter funcionários com formações regulares, para que tenham mais qualificações e oportunidade de subir na carreira.

27 Set 2023

Zhuhai | Acidente de viação causa morte de menino de dez anos

Um acidente de viação no túnel de Gongbei, em Zhuhai, causou a morte de um menino de dez anos e ferimentos graves no pai, que se encontra em estado crítico. As autoridades de Guangdong prometeram apresentar um relatório sobre o acidente

Um menino de dez anos, residente de Macau, morreu num acidente de viação ocorrido na noite de segunda-feira no túnel de Gongbei, em Zhuhai, sendo que o seu pai, de 59 anos de idade, está em estado crítico num hospital de Zhuhai. O menino faleceu após ter sido transportado para o hospital. O vídeo do acidente, entretanto divulgado nas redes sociais, mostra um camião a colidir com a viatura em que seguiram os residentes.

A informação do falecimento do menor e do estado grave do pai foi confirmada pelo gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, após terem sido contactadas as autoridades da cidade vizinha. Os dados do acidente foram divulgados ontem à tarde após uma notícia do jornal Ou Mun, publicada poucas horas depois do acidente, ter referido erradamente que do acidente não resultaram feridos nem mortes.

No programa matinal “Ou Mun Tin Toi” transmitido ontem do canal chinês da Rádio Macau, um ouvinte, que afirmou ser amigo do pai da criança, queixou-se da “imprudência” do jornal Ou Mun, que acabou por divulgar informações que não corresponderam à verdade.

“O meu amigo ligou-me a dizer que tinha uma avaria no carro e pediu-me o número de telefone do reboque. Quando lhe liguei de volta para dar o número de telefone, ouvi o som de uma explosão e ninguém me respondeu. Fiquei preocupado e pouco tempo depois começaram a ser divulgados vídeos nas redes sociais e a notícia do Ou Mun acabou por me acalmar.”

Tragédia à meia-noite

O estado de calma do indivíduo que ligou para a transmissora pública alterou-se horas mais tarde quando a esposa do sinistrado o informou da morte da criança e do estado crítico do em que se encontrava o seu marido. Nesta altura, o residente estaria num hospital da cidade vizinha a aguardar cirurgia.”A minha disposição mudou do dia para a noite. Se [o jornal] não sabia [concretamente] a situação dos feridos no acidente, não deveria ter publicado a frase ‘felizmente ninguém ficou ferido ou morreu no acidente'”, adiantou no programa de rádio. Ainda segundo o gabinete de Wong Sio Chak, as autoridades de Guangdong prometem apresentar um relatório sobre o ocorrido.

27 Set 2023

CCCM | Revista “Via do Meio” apresentada em Lisboa

Nascida das páginas do HM e já lançada em Macau, a revista “Via do Meio” teve na segunda-feira a sua apresentação em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau. Carlos Morais José, director da publicação, falou da importância de traduzir para português os textos clássicos das grandes civilizações, como a chinesa

 

Foi lançado na segunda-feira em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), o primeiro número da revista “Via do Meio”, com textos sobre poesia, arte e pensamento chinês traduzidos por sinólogos e académicos dedicados à cultura chinesa. De frisar que a publicação, dirigida por Carlos Morais José, teve origem nas páginas do HM, que começou por publicar alguns textos de autores como Paulo Maia e Carmo, Ana Cristina Alves, Cláudia Ribeiro ou as traduções de Rui Cascais, entre outros, algo que se mantém nas edições diárias.

Durante a apresentação, Carlos Morais José realçou a importância de divulgar mais “uma cultura que, para nós europeus, apresenta muitas vezes aspectos difíceis de compreender”, falando dos primórdios deste projecto editorial.

“Somos um órgão de comunicação social em língua portuguesa da RAEM, e entendemos que é importante ter esse papel de transmissor da cultura chinesa. Então, desde o princípio, investimos nisso e há algum tempo que propomos a alguns autores que escrevam sobre a China e que traduzam textos clássicos chineses que ainda não estavam disponíveis em português.”

Em Macau, a “Via do Meio” já vai o seu terceiro número. Mas a transposição para o mercado português faz sentido “porque o mercado de Macau em língua portuguesa é muito limitado”, disse. “Faz sentido publicar [em Macau], mas é uma pena gastarmos tantos recursos e ficarmos apenas naquele mercado limitado. Podemos falar da Internet, mas este não é um tipo de leitura para [formato online], esta revista, se quiserem, é para coleccionar, para guardar em casa, para ir lendo.”

Traduzir é preciso

Carlos Morais José deixou ainda o repto para se continuar a traduzir os textos clássicos das grandes civilizações, como é o caso da chinesa, uma civilização milenar. “[Traduzir] é um trabalho de defesa da nossa língua. Nós temos de ter os grandes textos traduzidos em português e esse é um trabalho fundamental, nosso, dos portugueses e de todos os países que falam a língua portuguesa. Não podemos dizer que vamos ler Confúcio e lermo-lo em inglês. É preciso que os grandes textos das grandes civilizações estejam traduzidos para língua portuguesa.”

A apresentação da revista foi acompanhada de uma pequena palestra sobre confucionismo, também protagonizada por Carlos Morais José, que recordou o facto de a “via do meio” ser um caminho que se percorre constantemente, nunca finalizado. “Confúcio diz que é impossível estar constantemente na via do meio, que é difícil criá-la”, disse, referindo-se a esta ideia como uma “utopia confuciana”.

“Não perceber a importância que esta civilização já teve na história, fundamental, [não é correcto] e penso que temos de a estudar. Estamos todos juntos no mesmo planeta e há conceitos chineses interessantes para pensar exactamente o planeta em que vivemos. Por exemplo, o conceito que Xi Jinping criou de uma comunidade global partilhada é algo incontornável. Essa comunidade já existe. Mas há outros conceitos igualmente importantes”, rematou.

Ontem foi ainda apresentado o projecto pioneiro de uma nova editora de Carlos Morais José em Portugal, a “Grão-Falar”, focada na publicação de clássicos chineses em português, e que já tem pensadas edições como “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, com tradução e notas de Rui Cascais, ou “Textos Clássicos sobre Pintura”, de Paulo Maia e Carmo.

Destaque ainda para a apresentação da mesma publicação na passada quinta-feira em Braga, na Universidade do Minho, que tem o curso de Línguas e Culturas Orientais. Nessa sessão, Carlos Morais José fez também uma breve abordagem ao panorama do jornalismo em Macau.

27 Set 2023

COD | Exposição de “Mr. Doodle” em exibição até 15 de Outubro

Após a inauguração da exposição de “Mr. Doodle” em Agosto, o City of Dreams volta a mostrar o trabalho do artista britânico, desta vez com a estreia da peça “Mr. Doodle Mickey Mouse” e novas instalações artísticas. A iniciativa integra-se na Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau

 

“Mr. Doodle – First Exhibition in Macao” [Mr. Doodle – Primeira Exposição em Macau]” é o nome da mostra exibida no City of Dreams (COD) até ao dia 15 de Outubro, naquela que será uma oportunidade única para ver de perto o trabalho do artista britânico mundialmente famoso.
Esta mostra, com curadoria do espaço de arte Artelli, no COD, Galerias Pearl Lam e grupo ARTOX, integra a categoria “Exposições Especiais” da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023.

A mostra, patente desde Agosto, inclui agora, em estreia mundial, um exemplar da escultura com o nome “Mr. Doodle – Mickey Mouse”, com 30 centímetros de altura, e que homenageia uma das personagens mais famosas do universo Disney. Segundo um comunicado da COD, “a peça capta a personagem icónica na sua pose mais clássica, com as mãos atrás das costas, os dedos dos pés apontados e [apresentando-se] de pé, com orgulho”. “Existindo apenas 500 peças em todo o mundo, cada uma foi meticulosamente trabalhada em resina de primeira qualidade, enquanto o corpo principal da escultura apresenta um arranjo recorrente de rabiscos criados utilizando a técnica de relevo do Mr. Doodle”, explica o mesmo comunicado.

De frisar que “Mr. Doodle”, cujo nome “civil” é Sam Cox, esteve em Macau no passado dia 12 de Setembro para uma demonstração do seu trabalho ao vivo, tendo feito os seus conhecidos rabiscos numa escultura de 2,5 metros por um metro com o logótipo do COD.

Instalações para todos

O público poderá ver quatro instalações de arte disponíveis em vários recantos do resort, incluindo a peça “Doodle Love Wall”, uma grande parede que pode ser vista no primeiro piso do COD e que está “coberta com os padrões característicos de Mr. Doodle, figuras com contornos arrojados e símbolos e motivos que representam o amor”.

Destaque ainda para o “Doodle Showroom”, uma ampla fachada de 52 por 20 metros no exterior do espaço “The Showroom” ou ainda o “Doodle Hall”, uma “obra de arte imersiva de cortar a respiração”. A mostra inclui ainda o “Doodle Cube”, uma instalação de arte multimédia no átrio do hotel Morpheus, com “estruturas geométricas em forma de diamante ou curvas fluídas”. As 24 obras de arte já expostas desde Agosto no espaço “The Showroom” podem ser apreciadas com visitas guiadas mediante reserva feita online.

Natural de Inglaterra, “Mr. Doodle” é conhecido por criar “obras de arte distintas caracterizadas por linhas e padrões intrincados a preto e branco” que vão relevando objectos do quotidiano, sendo que as suas obras têm sido expostas em todo o mundo.

26 Set 2023

Casinos | Criminalizar trocas de dinheiro pode reduzir receitas

O secretário Wong Sio Chak revelou a intenção de criminalizar as trocas de dinheiro não licenciadas, mas analistas apontam que tal pode prejudicar as receitas brutas do jogo

 

Um dos destaques da apresentação dos dados da criminalidade do primeiro semestre deste ano, foi o aumento dos casos de troca de dinheiro no contexto dos casinos. Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, disse que a intenção das autoridades é criminalizar todo o tipo de trocas não licenciadas, mas analistas ouvidos pelo portal GGRAsia dizem que a medida poderá ter como consequência uma grande redução das receitas brutas de jogo.

Um dos analistas ouvidos foi o advogado Carlos Coelho, que entende que criminalizar a troca ilícita de dinheiro unicamente para o jogo é algo “exequível” no contexto de uma nova lei sobre o jogo ilícito, ideia já anunciada pelo Governo.

O causídico defende o reforço da supervisão no local por parte da Autoridade Monetária de Macau e da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, bem como “a aplicação de sanções aos infractores de forma mais célere”. Além disso, a permissão do uso do renminbi digital nos casinos ajudaria as autoridades “a monitorizar as transacções financeiras – isto é, quanto dinheiro é trazido para Macau – com maior precisão”, disse o advogado, eliminando, desta forma, a necessidade de intermediários.

O advogado lembrou que as trocas de dinheiro não licenciadas são actualmente reguladas pelo Regime Jurídico do Sistema Financeiro, sendo encaradas como uma contravenção que resultam em multas e respectiva publicação da sanção nas páginas dos jornais, não se prevendo a criminalização com a entrada em vigor da nova legislação, a 1 de Novembro.

Ben Lee, sócio da consultora IGamiX Management and Consulting Ltd, disse que “a maior parte dos cambistas ilegais são, na sua essência… intermediários”, tendo uma função semelhante à que era feita antes com a movimentação de dinheiro entre fronteiras através dos cartões da China, no sistema UnionPay.

Assim, os cambistas ilegais “trazem do continente os seus terminais móveis [do sistema] Union Pay POS [Point-Of-Sale] que, juntamente com um telemóvel, permitem que as transacções [de dinheiro] sejam feitas como se [os envolvidos] estivessem no continente”, disse Ben Lee. Antes, recordou o analista, estes cambistas estavam nos casinos e perguntavam a quem passava o cartão de crédito. “Hoje em dia sussurram ‘dólar de Hong Kong? acreditando que isso lhes dá alguma liberdade em relação à criminalidade.”

Menos acesso a fundos

Ben Lee frisou que, segundo “vários intervenientes” ligados ao sector, “estimamos que estas transacções ilegais [de troca de moeda] representem entre 50 a 60 por cento” das receitas brutas do jogo de massas, sendo que estes dados se baseiam “no grande número” de intermediários e angariadores nos casinos “e em conversas” com pessoas ligadas ao sector e a esta área em específico.

“Qualquer repressão contra estes intermediários teria um impacto significativo nas receitas brutas do jogo, uma vez que reduziria o acesso aos fundos provenientes do continente e aumentaria os custos dessas transacções, nos casos em que ainda estão disponíveis”.

U Io Hung, presidente da Associação de Profissionais Promotores de Jogo de Macau, que representa os junkets, disse que o impacto da criminalização destas trocas de dinheiro “pode ser enorme”. “Estas actividades não se restringem apenas aos angariadores que andam à espreita nas salas de jogo, junto a casas de banho ou salas de fumadores, mas são também um negócio levado a cabo por algumas casas de penhores” localizadas junto aos casinos, rematou.

26 Set 2023

Jogo | Aumento de jogadores prejudica trabalhadores de casinos

O tempo de descanso e a segurança no trabalho dos croupiers não são assegurados face ao aumento do número de jogadores, marcado também pelo decréscimo do jogo VIP. Tempo de penalizações é maior e muitos dizem-se cansados

 

A recuperação gradual do sector do jogo, com o fim das restrições originadas pelas e um súbito aumento do número de jogadores está a causar pressão no trabalho dos croupiers, que dizem que as horas de descanso não estão a ser respeitadas. Segundo o jornal Ou Mun, “desde o início deste ano alguns funcionários dos casinos queixam-se da súbita exploração do seu tempo de descanso”, sendo que “recentemente alguns funcionários falaram às chefias da pressão que sentem no trabalho”.

Testemunhos ouvidos pelo jornal, que não revelam a identidade, falam do aumento do número de jogadores, ao ponto de as mesas de jogo “estarem frequentemente rodeadas por uma grande ‘parede humana'”, tornando os trabalhadores mais susceptíveis da ira dos jogadores quando perdem grandes somas de dinheiro, mas a empresa não tem controlado a situação a fim de garantir a segurança dos croupiers.

Além disso, o sistema de penalizações dos funcionários foi “actualizado” durante a pandemia, sendo que “um grande número de trabalhadores tem medo de voltar ao trabalho”, escreve o jornal.

Menos VIP, mais massas

O senhor Lam, que fala sob pseudónimo e que trabalha como croupier num casino no Cotai, descreve que é cada vez mais comum cada mesa ter demasiados jogadores. “Às vezes, há centenas de pessoas à volta de uma mesa. Temos algumas mesas grandes com dois croupiers no centro, mas controlar a situação está cada vez mais difícil.”

Cada croupier trabalha uma hora e meia e descansa meia hora, mas um horário completo de sete ou oito horas com centenas de jogadores deixa-os esgotados, pois “não podem dar o dinheiro errado, não podem enviar as cartas erradas para a mesa, nem quebrar ou mudar as notas de sítio… estou sob muita pressão e sinto a cabeça leve muitas vezes”, disse o senhor Lam. O cenário parece ter piorado com o decréscimo das salas VIP, com os jogadores a deslocarem-se para a área das apostas de massas.

Além disso, uma penalização de seis meses passa a ter a duração de um ano, enquanto uma penalização de um ano dura cerca de dois anos. Face ao trabalho por turnos, Lam diz que os horários nocturnos são maiores do que de dia, pois a operadora diz existirem “necessidades operacionais e que há mais clientes durante a noite”. Lam diz que está “cansado deste trabalho”, esperando que as empresas prestem maior atenção à saúde física e mental dos croupiers, aponta o jornal.

26 Set 2023