Pelo menos 1,6 milhões de oriundos de Macau e luso-asiáticos espalhados pelo mundo

A diáspora oriunda de Macau e luso-asiática, que mantém viva “uma cultura única”, é composta por 1,6 milhões de pessoas, disse à Lusa Roy Eric Xavier, director do Projecto de Estudos Portugueses e Macaenses na Universidade de Berkeley. “Fiz estudos e pesquisas populacionais e colaborei com vários genealogistas e demógrafos e determinámos que há pelo menos 1,6 milhões de macaenses e luso-asiáticos espalhados pelo mundo, que olham para Macau como a pátria cultural”, afirmou o investigador.

“É uma cultura única, com elementos específicos”, caracterizou Xavier, indicando que um dos motivos pelos quais a diáspora macaense se mantém activa é não só a acção das Casas de Macau, mas também a dinâmica dos fóruns, websites e páginas nas redes sociais.

O luso-asiático, que publicou recentemente o livro “The Macanese Chronicles: A History of Luso-Asians in a Global Economy”, referiu que “as organizações tendem a incubar e proteger a cultura”.

No entanto, Roy Eric Xavier avisou para a necessidade de uma acção concertada mais activa para cativar os jovens. “As associações que é suposto atraírem a diáspora macaense não estão a fazer o seu trabalho”, considerou. “Têm um acordo com a China para cativar as novas gerações e manter as ligações culturais e potencialmente trabalhar em mais conexões de negócio, mas não têm ido atrás dos membros mais jovens, que são muito mais experientes em tecnologia”. “Não tem havido incentivos para irem atrás de novos mercados”, considerou, sublinhando que algumas organizações “têm sido mais bem-sucedidas que outras”.

Mudança de pele

Segundo o investigador, que nasceu na comunidade oriunda de Macau em Hong Kong e depois se mudou para os Estados Unidos, começa a haver um desligamento das novas gerações. “Não acho que seja permanente, mas penso que há uma ruptura entre a velha guarda e a nova guarda que está a surgir”, apontou. “Entre a velha guarda, há uma suspeita de que as gerações mais novas não têm a afiliação nem o sentido de história que deviam ter”.

Essa é uma das razões pelas quais publicou o livro que abarca oito anos de investigação e muitas entrevistas e faz um retrato da história de Macau, com destaque para o seu papel económico. “É para que as pessoas compreendam a sua história, dentro e fora de Macau”, afirmou. “Não é apenas para macaenses, mas para muita gente que quer compreender como esta região se desenvolveu e que oportunidades potenciais lá existem”.

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