FRC | Influências do Sudeste Asiático na comida macaense hoje em debate

Autora de livros sobre a gastronomia macaense, Annabel Jackson dá hoje uma palestra na Fundação Rui Cunha, a partir das 19h, intitulada “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica”. Ao HM, a autora lamenta a ausência de apoios para manter abertos restaurantes macaenses mais antigos e diz ser “redutor” e “um disparate” afirmar que a gastronomia macaense é uma mera fusão de paladares chineses e portugueses

 

Se há gastronomia que é uma verdadeira manta de retalhos é a macaense. Annabel Jackson, escritora e investigadora sediada no Reino Unido, e que viveu em Hong Kong durante mais de duas décadas, fala hoje sobre o assunto na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 19h, em particular da íntima ligação que existe entre a culinária do Sudeste Asiático e a gastronomia macaense.

A palestra intitula-se “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica” e destaca, precisamente, o facto de a comida macaense não ser uma mera junção de influências e fusões entre a comida chinesa e portuguesa.

“É tão redutor quando afirmamos que a comida macaense é uma espécie de fusão da comida portuguesa e chinesa. É realmente um disparate. [A gastronomia macaense] não é apenas indicativa de todo o Sudeste Asiático, mas podemos ir até algumas ilhas do Oceano Índico e algumas zonas da África Oriental. Não nos podemos esquecer que a comida macaense é, de certa forma, baseada nos ingredientes chineses locais, como o frango, porco, ovos, alhos, cebolas, azeite, mas é muito mais do que isso”, disse ao HM.

Annabel Jackson apresentou vários exemplos de nomes de receitas macaenses que são tudo menos chineses ou portugueses, como é o caso do “Porco Balichão Tamrindo”.

“Já sabemos que ‘Balichão’ não é uma palavra portuguesa, nem ‘Tamarindo’. Pensamos então de onde vêem estas palavras, e conseguimos então traçar ligações com a língua malaia ou com a língua ‘Tamil’, falada na Índia”, destacou.

Outra palavra sem origens portuguesas é “Chamuça”, incluindo o próprio alimento. “Quase todas as gastronomias têm um prato que é um tipo de proteína cozinhado com um tipo de massa, num pastel. Falamos também das empadas, que existem na cozinha francesa, e temos muitos exemplos nas comidas asiáticas.”

Influências malaias ou indianas podem encontrar-se também no chilicote, uma espécie de pastel com recheio muito conhecido na gastronomia macaense. “Chilicote é uma palavra muito parecida com ‘Chilikoti’, que existe na língua malaia, mas é também semelhante à linguagem ‘Tamil’. Então temos o exemplo desta semelhança num alimento que vai sofrendo alterações nos países por onde passa. Esta é apenas uma forma de construir a ideia de que existe uma relação muito forte entre os idiomas e os nomes das comidas”, explicou.

Comida do povo

Apesar de ter vivido em Hong Kong muitos anos, Annabel Jackson conhece bem Macau e dedicou-se a escrever sobre a sua gastronomia de fusão. É autora de 13 livros, incluindo seis com receitas sobre cozinhas asiáticas. Um dos livros sobre Macau intitula-se “Taste of Macau: Portuguese Cuisine on the China Coast”. Tem um mestrado em Antropologia da Alimentação pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, estando actualmente a frequentar o doutoramento.

A palestra que acontece hoje na FRC tem o apoio da Universidade de São José (USJ), integrando-se numa série de conversas em torno da história e património.

Hoje, olha-se para “as comparações com outras cozinhas ‘crioulizadas’ no Sudeste Asiático, como a comida Peranakan e Kristang na Malásia. Estas questões são abordadas através de uma análise histórica e política, mas também através das especificidades da etimologia e da cozinha.”

Pensando em termos históricos, Annabel Jackson aponta as influências que os Descobrimentos portugueses tiveram em toda esta mescla culinária, mas recorda que “quando os portugueses chegaram a Macau, provavelmente não faziam ideia de metade das comidas que aqui existiam”.

“[Os portugueses] não faziam ideia de como as preparar ou preservar. Vemos, então, diferentes tipos de relações [gastronómicas] a emergir por causa de todos estes tipos de culinárias que não foram criadas pelos colonizadores, mas sim pelas pessoas locais”, adiantou.

Pouca oferta

Annabel Jackson não tem dúvidas de que é necessário falar mais das influências asiáticas em torno da gastronomia macaense e de como persiste um profundo desconhecimento sobre este tipo de cozinha em Macau.

“Sinto que com a classificação de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO houve mais reconhecimento, mas, apesar de todo o esforço feito pelo Governo de Macau, a mensagem não está a passar e os turistas não fazem ideia do que é a gastronomia macaense. Se falarmos com chineses locais, também não sabem o que é. Temos uma disconexão quando as pessoas vão a Macau, porque há poucos restaurantes macaenses.”

Apesar da legislação turística obrigar os espaços de restauração das operadoras de jogo a ter comida macaense nos menus, a verdade é que continuam a não ser servidos os pratos mais originais, existindo desconhecimento sobre o que é um verdadeiro prato macaense.

“Olhamos para um menu, vemos o nome de um prato e não é claro se é macaense ou português. As pessoas comem uma comida macaense, mas não sabem que o é por uma questão de comunicação, que não é apenas um problema a nível governamental. Penso que os funcionários dos restaurantes, por exemplo, também não estão a comunicar devidamente [o que é a comida macaense].”

Annabel Jackson não deixa de lamentar a ausência de apoios governamentais na preservação de restaurantes macaenses mais tradicionais e independentes em relação aos casinos. Um dos casos mais notórios foi o recente fecho da “Cozinha Aida”, restaurante fundado por Aida de Jesus que servia verdadeiros pratos macaenses e cujo negócio foi decaindo por uma série de factores. Aida de Jesus faleceu há dois anos.

“Nos últimos oito meses assistimos ao encerramento de dois restaurantes macaenses locais. Tratam-se de espaços que serviam comida autêntica com apenas alguns pratos portugueses, mas na maioria eram macaenses. E penso como é que estes restaurantes podem ter fechado. No caso de Aida de Jesus, ela era a madrinha da cozinha macaense. Porque é que o Governo não apoia os restaurantes macaenses locais ajudando-os a sobreviver, dando-lhes mais recursos?”, inquiriu a autora.

25 Jun 2024

Casa da Literatura | Exposição sobre doações inaugurada ontem

Foi ontem inaugurada a mostra “Como as Palavras Voam – Exposição das Doações para a Casa de Literatura de Macau”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC). O projecto visa, segundo um comunicado, “mostrar as características particulares da literatura de Macau e prestar homenagem aos doadores de todas as esferas da sociedade”.

O IC explica que a Casa de Literatura de Macau, projecto recentemente inaugurado, “tem recebido generosos apoios e ofertas de todos os sectores da sociedade”, incluindo figuras do meio literário, sendo que esta mostra apresenta “mais de 90 peças ou conjuntos de obras, incluindo manuscritos, recortes de jornais, livros e obras de caligrafia”. Desta forma, regista-se “a história dos escritores de Macau sob diversas formas e diversos géneros literários”.

São também introduzidos escritores nascidos entre os anos de 1922 e 1939, nomeadamente Hu Xiao Feng, Lao Wa, Iau Chi Vai, Ngai Yick Kin (Tao Li), Lei Kun Teng e Ling Ling, considerados “pioneiros na literatura local e que não pouparam esforços para impulsionar o desenvolvimento literário de Macau”, além da influência que exerceram no panorama literário da região.

25 Jun 2024

Droga | IAS estima aumento de 40% de consumidores em 2023

O Instituto de Acção Social (IAS) indicou ontem que no ano passado o número de consumidores de droga em Macau aumentou, em termos anuais, 40 por cento em 2023., mas que houve uma diminuição de 65 por cento em comparação com o período pré-pandemia.

Importa frisar que as estatísticas apresentadas pelo IAS são baseadas nos “dados” do Sistema do Registo Central dos Toxicodependentes de Macau que apenas contabiliza pessoas que estão em processo de recuperação ou que as autoridades policiais descobriram ter consumido estupefacientes. Ou seja, os toxicodependentes contados pelo sistema de registo são pessoas monitorizadas e que não consomem drogas.

Ainda assim, as autoridades consideram que, “em comparação com a realidade dos últimos cinco anos, em termos gerais, a situação do consumo de drogas esteve num nível baixo. Entre os tipos de drogas consumidos, o ice foi a substância mais popular e há uma tendência do aumento do uso de canábis”.

O comunicado do IAS salienta que se celebra hoje o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com os dados do “Relatório Mundial sobre Drogas de 2023”, publicados pela ONU, o número de pessoas no mundo que usaram droga foi de 296 milhões, um aumento de 23 por cento face à década anterior, enquanto o número de pessoas que sofreram de doenças associadas ao uso de drogas foi de 39,5 milhões, um aumento brusco de 45 por cento em 10 anos.

25 Jun 2024

Jogo | Moody’s prevê recuperação estável em Macau

O último relatório da Moody’s Ratings estima que o caminho para a recuperação da indústria do jogo de Macau seja mais seguro do que o dos mercados asiáticos concorrentes. O sudeste asiático pode ser a região mais afectada devido aos avisos do Governo Central para que nacionais chineses não joguem no estrangeiro

 

A agência de rating Moody’s divulgou na segunda-feira um relatório em que analisa a evolução dos negócios das operadoras de jogo no continente asiático, e onde se prevê que o próximo ano e meio deverá manter a tendência de recuperação quanto ao número de visitantes, em particular em Macau.

Porém, a agência ressalva que as perpectivas para outros países e regiões com casinos no continente asiático não são assim tão claras, na sequência de indicações do Governo Central a desencorajar que chineses joguem em casinos no estrangeiro. Apesar da estimativa nebulosa, os analistas da Moody’s referem que os pequenos mercados de Singapura e da Malásia devem enfrentar riscos menores em comparação com os mercados do sudeste asiático, como o Camboja. O relatório justifica a relativa protecção da indústria de Singapura, onde só existem casinos no Resorts World Sentosa e na Marina Bay Sands, com a menor exposição ao fluxo de turistas vindos da China e o elevado número de ofertas de lazer não-jogo.

Em relação a Macau, a Moody’s estima que, “no final de 2024 e em 2025, as receitas brutas do jogo atinjam 75 a 80 por cento dos níveis pré-pandémicos de 2019, comparando os 63 por cento em 2023 e 14 por cento em 2022”. “O ritmo da recuperação de lucros irá abrandar em relação ao verificado em 2023, depois de a China ter eliminado as restrições fronteiriças”, indicam os analistas citados pelo portal GGR Asia. Ainda assim, realçam o vigor da recuperação da indústria em Macau este ano, apesar do arrefecimento do crescimento económico da China.

Ruas da amargura

Num contexto em que é incontornável verificar que as operadoras de jogo apuraram receitas brutas no primeiro trimestre do ano em níveis que ficaram a 75 por cento do verificado em 2019, e com o aumento anual de 79 por cento do número de turistas, a Moody’s estima que as receitas do mercado de massas ultrapassem no próximo ano (115 por cento) o registo de 2019. Esta recuperação será impulsionada pela performance do mercado premium de massas.

Por outro lado, o calcanhar de Aquiles da indústria continuará a ser o segmente VIP, que seguirá com um crescimento estrangulado pelas regulamentações rigorosas impostas aos junkets.

25 Jun 2024

Caritas Macau | Sands China doa três mil cabazes alimentares

A operadora de jogo Sands China vai apoiar a Caritas Macau com a doação de três mil cabazes alimentares no âmbito da acção anual “Sands Cares Global Food Kit Build”, que serão entregues à instituição liderada por Paul Pun nos próximos meses de Julho e Agosto.

Segundo um comunicado da operadora, a iniciativa pretende colmatar cenários de insegurança alimentar, apoiando “residentes idosos, portadores de deficiência, famílias pobres, beneficiários do Banco Alimentar e outros em Macau”. Reuniram-se 21 toneladas de alimentos, sendo que cada cabaz terá 18 itens, incluindo alimentos básicos como óleo, arroz, massa, enlatados ou biscoitos. Mais de 280 voluntários participaram nesta iniciativa, que decorreu recentemente no Venetian.

A Sands China estabeleceu com a Caritas Macau uma parceria em 2022 para apoiar comunidades locais em risco de pobreza, sendo este o terceiro ano consecutivo de ajudas. Citado pelo mesmo comunicado, Paul Pun declarou que “os cabazes alimentares doados irão ajudar a satisfazer as necessidades básicas de grupos desfavorecidos e aliviar as suas dificuldades financeiras”.

Além de apoiar a Caritas Macau, a Sands China doou também mais de 1.700 quilos de alimentos, nomeadamente sobras de pão, para o projecto comunitário “Macau ECOnscious”, que criou, em 2022, um frigorífico comunitário onde os mais necessitados podem ir buscar comida gratuita cujo prazo de validade está próximo do fim, promovendo-se, assim, o reaproveitamento alimentar.

25 Jun 2024

Ruínas de S. Paulo | Ponderada instalação de pára-raios

O Instituto Cultural pediu à Academia Chinesa de Património Cultural que proponha uma forma viável de instalar um sistema de protecção nas Ruínas de S. Paulo, depois de um raio ter atingido a fachada no dia 12 de Junho. As autoridades não encontraram danos de maior, além da pedra que se desprendeu da estrutura

 

O Instituto Cultural (IC) irá estudar a viabilidade de instalar um sistema de protecção contra raios nas Ruínas de S. Paulo, depois de no dia 12 de Junho um raio de trovoada ter atingindo o nicho de uma das estátuas no segundo nível da fachada das Ruínas de S. Paulo. O organismo liderado por Deland Leong garante que irá trabalhar em conjunto com organizações profissionais especializadas na área da conservação do património cultural, incluindo a Academia Chinesa de Património Cultural, com o objectivo de conservar relíquias históricas e “minimizar o impacto das intempéries climáticas futuras sobre o património cultural”. Aliás, a presidente do IC revelou ontem no final de uma reunião do Conselho do Património Cultural que vai efectivamente pedir à Academia Chinesa de Património Cultural que proponha um sistema de protecção que adequado às Ruínas de S. Paulo.

Para já, as autoridades estão a fazer o restauro e a limpeza do nicho e da estátua de bronze onde caiu o raio e a fazer “uma inspecção completa e pormenorizada de toda a fachada do monumento”.

Recorde-se que o incidente levou ao desprendimento de uma pedra da fachada, não resultando em ferimentos de ninguém. Após a análise a vestígios de erosão e à “condição de outros materiais ligados à pedra, tais como gesso”, as autoridades concluíram que a pedra que caiu da fachada “está ligada a um restauro mais primordial que houve naquele nicho”. O IC ressalva que as Ruínas de S. Paulo foram alvo de “muitos restauros no passado mais distante”.

Situação rara

O IC salienta ainda que o raio que atingiu o monumento mais icónico de Macau não só foi um fenómeno raro, como foi a primeira vez que este tipo de ocorrência aconteceu desde que são mantidos registos. Porém, como os fenómenos meteorológicos extremos são cada vez mais frequentes, o Governo entende que é altura de agir.

Até agora, as Ruínas de S. Paulo estiveram a salvo de raios de trovoadas, por estarem “localizadas num nível inferior ao da Fortaleza do Monte adjacente, que está equipada com dispositivos de protecção contra raios”. Além disso, a maior parte dos edifícios da zona envolvente estão também equipados com sistemas de protecção contra raios, levando a que “em ocorrências semelhantes anteriores os raios fossem geralmente canalizados para os terrenos circundantes”.

25 Jun 2024

Espectáculos | Ella Lei defende criação de mais espaços

A deputada Ella Lei defende a criação de mais espaços que possam acolher espectáculos de grande dimensão, além daquele que será criado no Cotai e que abre portas em 2025.

Num artigo de opinião publicado no jornal Exmoo, a deputada entende que devem ser renovadas as infra-estruturas já disponíveis e dar resposta à procura por parte de grupos locais, que clamam por mais lugares não apenas para actuar, mas também para ensaiar. Como sugestão, Ella Lei entende que as operadoras de jogo poderiam disponibilizar, para aluguer, espaços para espectáculos e ensaios, a fim de impulsionar o desenvolvimento do sector da cultura.

A deputada citou as queixas de grupos artísticos que sentem mais dificuldades actualmente para arrendar espaços governamentais para a realização de peças de teatro e concertos, uma vez que, por exemplo, o Centro Cultural de Macau tem sempre a agenda anual preenchida.

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos citados pela deputada, e relativos ao segundo trimestre de 2023, o número de espectadores passou dos 30,2 para 50,2 mil pessoas face a 2021. A procura é maior por espectáculos de música e dança.

25 Jun 2024

Burlas | Coutinho pede estudo mais aprofundado sobre causas

O deputado José Pereira Coutinho exige que as autoridades estudem de forma mais aprofundada as causas para a elevada ocorrência de casos de burla. O responsável destaca, em interpelação escrita, a “discrepância” existente face aos dados apresentados pelo Conselho de Consumidores que falam de uma maior consciência dos estudantes sobre os perigos informáticos

 

A mais recente interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho entregue ao Governo chama a atenção para uma aparente contradição: como explicar o crescente número de casos de burla tendo em conta as inúmeras campanhas de consciencialização elaboradas pelo Conselho dos Consumidores (CC) junto da população e escolas?

Neste contexto, o deputado entende que deve ser realizado, por parte das autoridades, “uma análise mais aprofundada para entender os factores subjacentes a esta realidade aparentemente contraditória”, propondo-se “soluções eficazes para proteger os jovens contra fraudes e esquemas de burlas, apesar da suposta ‘alta consciência’ sobre os direitos dos consumidores?”, questiona.

Coutinho gostaria de ver apurados “os factores sociais, educacionais e tecnológicos que podem estar a contribuir para esta discrepância entre a percepção e a realidade”.

O deputado destaca, por exemplo, o inquérito divulgado pelo CC, no início deste ano, realizado com estudantes do ensino secundário. As conclusões apontam para números que, à partida, parecem animadores no que diz respeito à consciência de potenciais situações de burla. Dos cerca de sete mil inquiridos, 81 por cento disse que já fez compras online, sendo que 13 por cento comprou produtos online logo no ensino primário.

O CC concluiu que “93 por cento dos alunos afirmaram que costumam visualizar os comentários de outros clientes antes de fazer compras, a fim de evitarem ser ludibriados”.

Assim, o CC entende que “a maioria dos inquiridos demonstra ‘uma alta consciência sobre a defesa dos direitos do consumo e dos consumidores'”, cita Coutinho na interpelação.

Rosas e espinhos

Apesar da aparente maior consciencialização dos estudantes, a verdade é que o inquérito do CC não é totalmente animador. “O relatório também destaca um cenário preocupante, com o aumento dos casos de burla informática que afecta cada vez mais os jovens das escolas secundárias.”

Destaca Pereira Coutinho que só no primeiro trimestre deste ano, e segundo o inquérito do CC, “houve 96 fraudes telefónicas, sendo que, destas, 40 visaram estudantes”, um cenário que resultou em “perdas de dezenas de milhões de yuan”. Neste caso, as vítimas “demonstraram ‘uma baixa consciência dos seus direitos cívicos'”.

O deputado entende, portanto, que “os desafios de prevenção e protecção continuam ainda a ser significativos, porque, apesar da maior consciência de direitos, os consumidores estão ainda amplamente vulneráveis a esquemas de burla online”. As autoridades “enfrentam dificuldades acrescidas em acompanhar a evolução dos métodos criminosos e em fornecer respostas eficazes, pelo que as campanhas de educação e consciencialização sobre a segurança digital precisam de ser intensificadas para capacitar os consumidores”, rematou.

25 Jun 2024

Comércio | Zheng Anting pede formação em vendas online

O deputado Zheng Anting considera que o comércio electrónico através de transmissões em directo em plataformas online poderá ser um método inovador para comercializar produtos de Macau. Porém, para garantir o sucesso dos negócios, são precisos quadros qualificados.

Como tal, sugeriu ao Governo que lance cursos de formação, em colaboração com escolas locais e empresas de comércio electrónico, e que seja criado um fundo destinado a financiar projectos e talentos para impulsionar o sector.

Num artigo de opinião publicado no jornal Exmoo, o deputado recordou que recentemente as autoridades da província de Guangdong divulgaram que será construído um parque industrial de comércio electrónico para vender produtos além-fronteiras nos países abrangidos pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. Além disso, as autoridades de Hengqin pretendem também criar um parque industrial semelhante.

Criadas as condições logísticas, Zheng Anting defende que Macau deve aproveitar estas oportunidades e reforçar a cooperação na área do comércio electrónico na Grande Baía.

25 Jun 2024

Tráfico de Pessoas | Firme oposição da RAEM a relatório norte-americano

O gabinete de Wong Sio Chak condenou ontem o mais recente relatório sobre tráfico humano em Macau elaborado pelo Departamento de Estado da Administração de Joe Biden e acusou os Estados Unidos de descuidarem “a grave situação do tráfico de pessoas no seu país”. O relatório indica que Macau não cumpre os requisitos mínimos para eliminar o fenómeno

 

“Na sequência dos comentários constantes do Relatório sobre Tráfico de Pessoas, do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), do ano 2024, o qual classificou a RAEM em grau 3, as autoridades da segurança repudiam-no veementemente, demonstram fortemente a sua insatisfação”, declarou ontem o Executivo através de um comunicado publicado pelo gabinete do secretário para a Segurança.

A reacção do Executivo de Ho Iat Seng não se fez esperar depois das autoridades norte-americanas referirem que o Governo da RAEM “não satisfaz plenamente as normas mínimas para a eliminação do tráfico e não está a envidar esforços significativos para o fazer, com base nas informações publicamente disponíveis”. É ainda acrescentado que o Governo de Macau não indicou qualquer investigação ou auscultação a populações mais vulneráveis, como pessoas envolvidas em prostituição, para detectar indícios de tráfico humano, ou esforço para resolver o problema do recrutamento de vítimas de Macau para a criminalidade forçada em operações de burla online.

O gabinete do secretário Wong Sio Chak começou por elencar a lei de combate ao tráfico de pessoas, aprovada em 2008, e sublinhar a participação da RAEM “em acções de cooperação internacional”, e a “colaborar com as investigações dos órgãos judiciais”. Aliás, o Executivo afirma que o crime de tráfico de pessoas foi “reprimido efectivamente e mantido sempre uma baixa percentagem ou uma percentagem quase nula em Macau”.

Olhar para dentro

O Executivo salienta também que os “direitos fundamentais e a segurança dos residentes de Macau e das pessoas que visitam Macau são eficazmente protegidos, demonstrando assim os resultados da boa governação”, e que o sucesso no combate ao crime em análise é reconhecido internacionalmente.

“Macau é uma das cidades turísticas internacionais mais seguras e com maior crescimento económico, e não se tolera que os trabalhos e esforços da RAEM sejam manipulados ou desconsiderados pelas palavras unilaterais de um país determinado”, afirma o gabinete de Wong Sio Chak.

Além disso, o Executivo contra-ataca a Administração de Joe Biden afirmando que os “Estados Unidos da América nunca prestaram importância à grave situação do tráfico de pessoas no seu país”, mas proferem “acusações falsas contra outros países e regiões”.

O gabinete de Wong Sio Chak conclui que todo o relatório do Departamento de Estado norte-americano está repleto de intenções de interferência e más intenções.

25 Jun 2024

Gripe | Aumento anual superior a mil casos

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) divulgaram os dados mais recentes sobre algumas patologias no território, destacando-se o grande aumento do número de casos de gripe. Só em Maio foram registados 2,547 casos de gripe, mais 1,190 casos face a Maio do ano passado, constituindo um aumento em termos mensais de 31,6 por cento.

Foram ainda registados 973 casos de infecções enterovirais, um aumento três vezes superior em termos anuais e um aumento para o dobro em termos mensais. Destaque ainda para os casos de tuberculose, que em Maio foram 31, mais 3,3 por cento em termos anuais. Foram ainda registados três casos de infecção por HIV, bem como um caso que evoluiu para SIDA. No total, os SSM, noticiou a TDM chinesa, registaram, em Maio, a ocorrência de 3,970 casos de doença.

25 Jun 2024

UE | Adoptado 14.º pacote de sanções contra Rússia

O Conselho da União Europeia (UE) adoptou ontem o 14.º pacote de sanções contra a Rússia por causa da invasão ao território ucraniano, que inclui restrições à importação de gás natural liquefeito russo.

Em comunicado, o Conselho da UE anunciou a adopção deste pacote de sanções, que pela primeira vez vai incluir restrições à importação de gás natural liquefeito russo para os países da UE e também a sua passagem para países terceiros, prejudicando uma “fonte de receita significativa” que o Kremlin utiliza para fomentar o conflito.

Com a adopção destas restrições, mais 116 pessoas e organizações passam a estar sancionadas, o que significa que ficam impedidas de aceder a bens que tenham em países europeus e proibidas de viajar para qualquer Estado-membro.

A UE também colocou em prática medidas para impedir o contorno das sanções por parte de Moscovo, requerendo que empresas sediadas num dos 27 assegurem que as suas subsidiárias e empresas com as quais trabalham em regime de outsourcing não participem em actividades comerciais ou outras que acabem por facilitar o contorno das sanções.

Sobe e desce

A UE tem vindo a reduzir as importações de gás russo (que chega por gasoduto), passando de uma dependência de 40 por cento em 2021 para 8 por cento em 2023, mas as importações de gás natural liquefeito da Rússia têm vindo a aumentar, num importante sector para a economia do país que gera quase oito mil milhões de euros anuais.

O Conselho da UE também proibiu empresas europeias de transacionarem com instituições financeiras e de criptomoedas que continuem a trabalhar com a Rússia e a fomentar a indústria da defesa do país que invadiu a Ucrânia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de Fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

25 Jun 2024

Inovação na gestão imobiliária

De acordo com o relatório emitido a semana passada pela Hong Kong TVB, uma empresa de gestão imobiliária de Shenzhen distribuiu avultadas somas pelos proprietários dos apartamentos que administra durante o Festival do Barco do Dragão. Cada proprietário pode receber entre 650 e 2.200 Yuans, bem como bolinhos de arroz, uma iguaria essencial para a comunidade chinesa nas celebrações do Barco do Dragão. A entrega de dinheiro e as outras despesas com a comida foram financiadas pelos lucros obtidos por esta empresa de gestão imobiliária.

O contrato de gestão dos condomínios, assinado entre a comissão de proprietários e a empresa gestora dos condomínios, estipulava claramente que o rendimento operacional do imóvel deveria ser dividido ao meio entre ambas as partes. Estes lucros não são utilizados apenas para as prestações sociais acima referidas, mas também para assegurar a manutenção e o melhoramento dos imóveis.

Entregar a administração de edifícios e de conjuntos habitacionais a empresas de gestão imobiliária é uma boa prática. Em Macau, existem muitos arranha-céus com muitos agregados familiares e muitos problemas administrativos. Cada um dos proprietários tem uma opinião diferente sobre a gestão do edifício. Tomemos como exemplo um prédio com 48 andares e quatro elevadores. Relativamente ao funcionamento dos elevadores, existem duas possibilidades. Primeira, cada elevador pode fazer o percurso entre o 1.º e o 48º andar. Segunda, cada elevador fará apenas o percurso entre 12 andares. Ou seja, o primeiro elevador desloca-se entre o 1.º andar e o 12.º. O segundo elevador só pode circular entre o 13.º andar e o 24.º. O terceiro elevador faz a viagem entre o 25.º andar e o 36.º. O quarto elevador só poderá ligar o 37.º andar ao 48.º. Destas duas possibilidades, qual será a melhor? Esta é uma questão que terá de ser discutida pelos proprietários dos apartamentos. Se o edifício precisar de obras e for necessário que todos contribuam, que valor deve caber a cada um? Porque é que temos de pagar este dinheiro? O que é que um residente que não possa pagar deve fazer? As questões que envolvem dinheiro são ainda mais problemáticas.

A maior vantagem de contratar uma empresa de gestão imobiliária é poder contar com a sua experiência na administração das zonas comuns dos edifícios e com a sua capacidade de coordenar o interesse de todos os proprietários. A gestão do condomínio melhora quando se delegam responsabilidades. Tomemos como exemplo a criação de um fundo de manutenção do prédio. A criação de um fundo de manutenção pode resolver em grande medida o problema do pagamento de obras quando há necessidade de as fazer. Actualmente, existem pelo menos dois métodos de angariar dinheiro para criar um fundo de manutenção. Primeiro, o proprietário do apartamento já o recebeu na compra do imóvel. Segundo, cada proprietário paga uma cota mensal e a empresa gestora administra esse dinheiro criando o fundo de manutenção.

Embora o valor das cotas cobradas a cada residente pela empresa de gestão imobiliária não seja alto, como cada edifício tem muitos apartamentos, a quantia recolhida mensalmente é considerável. Especialmente nos primeiros anos, quando o edifício ainda é novo, os lucros da empresa de gestão são bastante consideráveis porque nessa altura os custos de manutenção são baixos. No entanto, este tipo de lucro não é fácil de obter. Requer que a empresa de gestão imobiliária forneça um serviço de alta qualidade a longo prazo, para garantir o bom funcionamento da propriedade.

Claro que também existem casos de empresas que são más gestoras e que afectam os interesses dos proprietários. Algumas empresas de gestão imobiliária não estão dispostas a ajudar os proprietários a criar comissões de condóminos para garantir os seus direitos de gestão a longo prazo sobre o edifício. Isto lembra-nos que na hora de escolher uma empresa de gestão imobiliária é preciso ter cuidado e verificar a sua capacidade e reputação.

O acima mencionado relatório da Hong Kong TVB, sobre a empresa de gestão imobiliária de Shenzhen, permite-nos verificar que tem uma nova abordagem, diferente das práticas convencionais em Hong Kong e em Macau. As empresas de gestão imobiliária conquistam a confiança e o apoio dos proprietários quando partilham lucros com eles. Do ponto de vista do negócio, esta deve ser a condição para os condóminos aprovarem uma empresa de gestão imobiliária. Isto também significa que, deste modo, a empresa de gestão tem a confiança para administrar bem a propriedade.

Ao mesmo tempo que proporciona um bom ambiente harmonioso, obtém-se uma situação em que ambas as partes saem a ganhar através de estratégias de gestão inovadoras. Estas condições novas e atractivas podem ser usadas pelas empresas de gestão imobiliária para conseguirem mais contratos. Mas o mais importante de tudo é que esta empresa possa fornecer aos proprietários serviços de alta qualidade, que é também a condição que os condóminos devem ter em mente quendo aprovam um contrato de gestão das suas propriedades. Se de futuro mais empresas de gestão imobiliária seguirem este caminho, a comissão dos condóminos ficará naturalmente satisfeita, bem como os proprietários. Não só todos ficarão satisfeitos, como também haverá lucros para partilhar, por isso porque não?

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

25 Jun 2024

Banco central do Japão pondera subida das taxas de juro

O banco central japonês admitiu que “deverá aumentar as taxas de juros não demasiado tarde”, face ao impacto que o recente aumento dos custos poderá ter nos preços ao consumidor, indica uma nota ontem divulgada.

“É necessário que o Banco [do Japão] considere se são necessários mais ajustamentos à política monetária do ponto de vista da gestão de risco”, de acordo com a ata da reunião mensal da instituição, terminada a 14 de Junho.

“Embora a evolução dos preços tenha correspondido às perspectivas do Banco, existe a possibilidade de os preços se desviarem para cima do cenário base se houver outra transmissão dos recentes aumentos de custos aos preços no consumidor”, alertou o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês).

A inflação no país tem-se fixado num intervalo entre 2 por cento e 2,5 por cento nos últimos meses, perto da meta de 2 por cento fixada pelo banco central japonês.

A instituição disse que a inflação está a estabilizar, mas considerou ser ainda difícil determinar se os aumentos salariais da Primavera (os maiores em mais de 30 anos) “têm sido suficientemente reflectidos nas estatísticas”, numa altura em que o consumo continua fraco.

No dia 14, o BoJ anunciou um corte na compra de títulos de dívida pública, em mais um passo rumo à progressiva normalização monetária, mas optou por manter a taxa de juro de referência de curto prazo em 0,1 por cento.

Em baixo

Apesar de um aumento em Março, que pôs fim a mais de uma década de taxas negativas, o Japão continua com juros muito abaixo das outras principais economias mundiais, incluindo a Reserva Federal dos EUA (5,5 por cento) e o Banco Central Europeu (4,25 por cento).

Uma tendência que tem levado a moeda do Japão a desvalorizar-se. A moeda nipónica estava ontem a negociar numa faixa acima dos 159 ienes por dólar, depois de no final de abril ter caído para 160 ienes, pela primeira vez em 34 anos.

De acordo com a ata da reunião, os membros do comité do BoJ estão conscientes de que a evolução das taxas de câmbio tem um amplo impacto na actividade económica e, se continuar descontrolada, “afectará o bom desenvolvimento da economia”.

No entanto, o documento acrescentou que, dado não afectar apenas o mercado cambial, a política monetária deve ser implementada com base num cenário mais amplo.

O banco central mostrou-se ainda cauteloso relativamente às sucessivas suspensões de exportações por parte de importantes fabricantes automóveis japoneses devido a irregularidades nas fiscalizações.

O BoJ concluiu ser “apropriado continuar com a actual flexibilização monetária por enquanto”, até para avaliar os efeitos dessas suspensões na economia do Japão.

25 Jun 2024

Pelo menos 15 mortos em incêndio em fábrica na Coreia do Sul

O número de mortos num incêndio numa fábrica de baterias de lítio perto da capital da Coreia do Sul aumentou para 15, segundo o novo balanço provisório das autoridades.

Inicialmente, as equipas de salvamento retiraram oito corpos da fábrica, mas o número de vítimas aumentou nas seguintes horas, confirmando-se “sete feridos”, de acordo com Kim Jin-young, oficial dos bombeiros, em informações transmitidas pela televisão.

As equipas de salvamento que se encontram a operar na fábrica da cidade de Hwaseong, a sul de Seul, recuperaram os 15 corpos referindo que mais “seis pessoas estão desaparecidas”. Kim disse que a maioria das pessoas desaparecidas são cidadãos estrangeiros, incluindo trabalhadores oriundos da República Popular da China.

Segundo o mesmo responsável, o sinal dos telemóveis das pessoas desaparecidas foi localizado no segundo piso da fábrica.

Kim afirmou que uma testemunha disse às autoridades que o incêndio começou depois de as baterias terem explodido quando os trabalhadores as estavam a examinar antes do embalamento, mas frisou que “a causa exacta será investigada”.

O mesmo oficial dos bombeiros afirmou ainda que 102 pessoas estavam a trabalhar na fábrica antes do incêndio.

Areia salvadora

Cerca de 35 mil baterias de lítio – altamente inflamáveis – encontravam-se armazenadas no segundo andar da fábrica onde deflagrou o incêndio.

“Foi difícil entrar no edifício porque tínhamos medo de mais explosões”, disse Kim, acrescentando que os bombeiros conseguiram apagar as chamas com “areia seca”. O complexo industrial pertencente ao fabricante sul-coreano de baterias Aricell.

As baterias de lítio são utilizadas em várias circunstâncias e suportes desde computadores portáteis a veículos eléctricos. Imagens difundidas pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap mostram nuvens de fumo cinzento a elevarem-se sobre o edifício da fábrica devastado pelas chamas.

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, pediu às autoridades locais que “mobilizassem todo o pessoal e equipamento disponível para se concentrarem na procura e no salvamento de pessoas”.

Yoon Suk Yeol pediu igualmente às autoridades no local para “garantirem a segurança dos bombeiros, dada a rápida propagação do incêndio”. Entretanto, os residentes da cidade de Hwaseong foram aconselhados a não abandonarem as residências devido à densidade do fumo.

25 Jun 2024

Coreia do Norte / Rússia | Seul, Tóquio e Washington condenam pacto

A troca de armas entre as duas ações foi energicamente criticada pela Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos

 

A Coreia do Sul, o Japão e os EUA condenaram ontem, “nos termos mais fortes possíveis”, o acordo entre a Coreia do Norte e a Rússia, que prevê a assistência mútua em caso de agressão. Os três países lamentaram as “contínuas transferências de armas” de Pyongyang para as forças russas, num comunicado conjunto publicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.

Estas armas “prolongam o sofrimento do povo ucraniano, violam múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ameaçam a estabilidade tanto no nordeste da Ásia como na Europa”, de acordo com o documento.

A parceria entre a Coreia do Norte e a Rússia “deve ser motivo de grave preocupação para todos os interessados em manter a paz e a estabilidade na península coreana, em defender o regime global de não proliferação e em apoiar o povo da Ucrânia na defesa da liberdade e independência contra a brutal agressão da Rússia”, acrescentou.

Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão prometeram “reforçar ainda mais a cooperação diplomática e de segurança para combater as ameaças representadas pela RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] à segurança regional e global e evitar uma escalada da situação”.

O compromisso dos EUA com a defesa dos dois aliados “permanece firme” e Seul, Washington e Tóquio “reafirmam que o caminho para o diálogo permanece aberto e instam a RPDC a cessar novas provocações e a regressar às negociações”, acrescentou o comunicado.

Nova era

Na quarta-feira passada, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse em Pyongyang que “o acordo de parceria global (…) prevê igualmente a prestação de assistência mútua em caso de agressão contra uma das partes do acordo”.

De acordo com a agência de notícias russa TASS, Putin referiu declarações dos Estados Unidos e de outros países da NATO sobre o fornecimento à Ucrânia de armas de longo alcance, aviões F-16 e outro armamento para, segundo disse, atacar o território russo.

“Não se trata apenas de uma declaração, isto já está a acontecer e tudo isto é uma violação grosseira das restrições assumidas pelos países ocidentais no âmbito de vários tipos de obrigações internacionais”, afirmou.

Depois das conversações com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, Putin descreveu o acordo como um “documento verdadeiramente revolucionário” e disse que Moscovo “não exclui a possibilidade de cooperação técnico-militar” com Pyongyang.

Por seu lado, o líder norte-coreano afirmou que o acordo com a Rússia era puramente defensivo, de acordo com as agências de notícias russas. Kim descreveu Putin como “o melhor amigo” da Coreia do Norte e saudou o início de uma “nova era” nas relações com a Rússia.

Também expressou “total apoio e solidariedade para com o Governo, o exército e o povo russo na condução da operação militar especial na Ucrânia para proteger a soberania, os interesses de segurança e a integridade territorial” da Rússia.

25 Jun 2024

PCC | Preocupação europeia com comércio entre Pequim e Moscovo é “infundada”

O editorial do Global Times refuta as recentes declarações do o vice-chanceler e ministro da Economia alemão sugerindo que a deterioração das relações entre a China e a Alemanha se devem ao apoio de Pequim a Moscovo

 

Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês considerou ontem infundada a preocupação da Europa com os laços comerciais com a Rússia, à medida que Pequim se afirma como o principal parceiro económico de Moscovo.

“A noção de que o envolvimento com a Rússia equivale a apoiar acções militares é fundamentalmente errada e distorcida”, afirmou, em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês.

“A China não é nem criadora nem parte na crise ucraniana, pelo que é totalmente insustentável e irrazoável encarar as questões comerciais entre China e União Europeia no contexto” da guerra, frisou.

O editorial do Global Times surge após o vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, ter afirmado, em Pequim, que o apoio da China à Rússia é a principal razão para a deterioração das relações económicas entre Berlim e Pequim.

“É também importante que a China, que apoia a Rússia nesta guerra, compreenda que os interesses de segurança alemães e europeus já são directamente afectados por este conflito”, disse Habeck, na abertura de um diálogo de alto nível China-Alemanha sobre alterações climáticas e transição verde.

Questões e argumentos

O Global Times frisou que as relações da China com a Rússia e com a Europa “são parcerias de cooperação normais que se desenvolvem independentemente uma da outra”.

“É absolutamente absurdo sugerir que as relações económicas entre a China e a Europa não podem ser estreitas se as relações entre a China e a Rússia forem fortes”, frisou o jornal.

“O desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre a China e a Rússia é essencialmente um caso de cooperação normal entre dois Estados soberanos com base em interesses comuns e benefícios mútuos”, acrescentou o diário.

Argumentando que Pequim “não fornece armas às partes em conflito” e “controla rigorosamente as exportações de produtos de dupla utilização”, o jornal lembrou que a China “tem mantido a cooperação com a Ucrânia” e que continua a ser o maior parceiro comercial de Kiev.

“Se as parcerias económicas e comerciais de uma nação são indicativas da sua posição em relação a questões globais, por que razão o Ocidente examina os laços económicos da China com a Rússia e ignora as suas relações económicas com a Ucrânia”, questionou o Global Times.

25 Jun 2024

Palavras de Zhu Xi aleatoriamente traduzidas

Por Miguel Lenoir

1) Perguntou-se: “Será que primeiro existiu o padrão (li) e depois o sopro vital (qi)?”

Zhu Xi respondeu: “O li e o qi não podem, fundamentalmente, ser falados em termos de antes e depois. Mas quando começamos a fazer inferências [sobre as coisas], então parece que primeiro existe o li e depois existe o qi…”

Perguntaram-lhe sobre a Via e a sua operação (yong 用). Zhu Xi respondeu: “Se imaginarmos os ouvidos como a coisa em si, então a audição é a sua operação; se considerarmos os olhos como a coisa em si, então a visão é a sua operação.”

2) Foi perguntado: “As naturezas dos seres humanos e das coisas têm uma única fonte, então por que existem diferenças entre elas?”

Zhu Xi respondeu: “No que diz respeito à natureza dos seres humanos, falamos de brilho e escuridão; no que diz respeito à natureza das coisas, há apenas desigualdade e bloqueio. O que é escuro pode tornar-se claro, mas o que já é irregular e bloqueado não pode tornar-se claro e penetrante.”

3 – Aquilo pelo qual os seres humanos passam a existir não é outra coisa senão a união do li e do qi. O li do Céu é de facto vasto e inesgotável, mas se não fosse o qi, então mesmo que houvesse li, não haveria nada para juntar à sua volta. Assim, é necessário que os dois tipos de qi (yin e yang) se misturem e interajam um com o outro para que se juntem; depois disso, o li tem algo a que se ligar. O facto de todos os seres humanos serem capazes de falar, agir, pensar e realizar projectos é tudo qi, mas o li está presente no seu interior. . . . [A substância daqueles que têm a inteligência mais elevada e daqueles que nascem sábios é o qi que é claro e não adulterado, sem um traço de escuridão ou turbidez. É por isso que nascer seabio e conduzir-se com facilidade não são capacidades que se adquirem através da aprendizagem. Foi o caso de Yao e Shun [reis míticos]. O nível seguinte, secundário, é quando só se pode alcançar a sabedoria através da aprendizagem, e só se pode chegar a ela pondo-a em prática. Ainda o nível seguinte é quando a dotação material é desequilibrada e também é obscurecida. Neste caso, é preciso fazer um esforço considerável: “O que os outros fazem uma vez, faz cem vezes; o que os outros fazem dez vezes, faz mil vezes. ” Só então se pode atingir o nível segundo a nascer sábio. Se prosseguirmos sem parar, então as nossas realizações serão as mesmas (que as daqueles que nasceram sábios). . . .

4 – A natureza em si não pode ser descrita. A razão pela qual podemos falar da natureza como sendo boa é que, olhando para a bondade do alarme e preocupação, deferência e cedência, e as outras [virtudes] entre os quatro inícios, podemos ver que a natureza é boa. É como quando se vê a clareza da água corrente: sabe-se que a fonte da água deve ser clara. Os quatro princípios são os sentimentos e a natureza é o li. Quando se manifestam, são sentimentos, mas na sua raiz são a natureza. É como quando se olha para uma sombra e se vê a forma. (ZZYL, capítulo 5, p. 89)

5 – O objeto da consciência é o li da mente (xin). A capacidade de consciencialização é a eficácia maravilhosa (ling 靈) do qi.

“6 – A mente é o mestre (zhu 主) da natureza e opera através dos sentimentos. Portanto, é dito: “Antes que a felicidade e a raiva, a tristeza e o prazer se manifestem, é chamado de ‘equilibrado’ (zhong 中) e quando todos eles se manifestam e atingem sua medida adequada, é chamado de ‘harmonioso’ (he 和). A mente é o reino em que esse esforço ocorre.

7 Explicando a palavra “mente (xin)”, ele disse: “Uma palavra dirá tudo – ‘produção de vida’. O comentário do do Clássico das Mutações diz: ‘A grande potência (de 德) do Céu e da Terra é produzir.’ Os seres humanos nascem tendo recebido o qi do Céu e da Terra. Portanto, a mente deve ser humana, e se for humana, então ela produz.”

8. A mente é o qi refinado e luminoso.

9. A mente refere-se a um mestre. No movimento e na quietude há sempre um mestre; não é o caso que ele não opere num estado de quietude, e que apenas num estado de movimento haja um mestre. Quando falo de um mestre, quero dizer que existe uma ordem contínua que está naturalmente presente no interior. A mente une e junta a natureza e os sentimentos. Mas isso não significa que seja uma massa bruta, indiferenciada, junto com a natureza e os sentimentos, sem distinções.

10. Como já discuti anteriormente, a luminosidade e a consciência da mente são uma e a mesma coisa. Mas se pudermos distinguir entre a mente humana e a mente da Via , a primeira surge do egocentrismo do qi do corpo físico, enquanto a segunda se origina da correcção da natureza e do mandato (ming), e é por isso que, em termos da sua consciência, não são a mesma coisa. Por isso, enquanto o primeiro é precário e instável, o segundo é misterioso e difícil de perceber. No entanto, entre os seres humanos, nenhum deixa de possuir uma forma física e, portanto, mesmo os de maior sabedoria não podem deixar de possuir uma mente humana; além disso, nenhum deixa de possuir uma natureza e, portanto, mesmo os de menor inteligência não podem deixar de possuir a mente da Via. Os dois estão misturados na mente, e se não se sabe qual é o que o governa, então o que é precário será ainda mais precário, e o que é misterioso será ainda mais misterioso. Então, a orientação pública do li Celestial acabará por não ter forma de ultrapassar o egocentrismo do desejo humano. Se estiveres concentrado e refinado, então examinarás cuidadosamente os dois e não os misturarás. Se tiverem uma mente única, então protegerão a correcção da vossa mente original do coração e não se afastarão dela. Se conduzirem os vossos assuntos a partir desta perspectiva, e não desistirem nem por um momento, então, inevitavelmente, a mente da Via tornar-se-á o mestre da vossa pessoa, e a vossa mente humana obedecerá em todos os casos ao mandato. Então, o que é precário tornar-se-á estável, e o que é misterioso tornar-se-á manifesto. E na actividade e tranquilidade (dong jing 動靜), e no discurso e conduta, evitaremos naturalmente errar por excesso ou por deficiência.

11. “A brilhante luminosidade é originalmente como a mente é em si mesma; não é que eu seja capaz de torná-la brilhante. Quanto ao ver e ouvir dos olhos e ouvidos, aquilo pelo qual eles vêem e ouvem é a mente. Como pode haver formas e imagens [preexistentes] dentro dela? No entanto, quando os olhos e os ouvidos as vêem e ouvem, então também há formas e imagens nelas. Quanto à ampla luminosidade da mente, como pode haver coisas preexistentes nela?

12.Ele foi questionado sobre a afirmação [na Prática do Meio (Zhongyong)], “O estado antes que os sentimentos de felicidade, raiva, tristeza e prazer se manifestem é chamado de ‘equilíbrio’ (zhong 中).”

Zhu Xi respondeu: “A felicidade, a raiva, a tristeza e o prazer podem ser comparados ao leste, oeste, sul e norte: quando não se inclinam numa determinada direcção, estão num estado de equilíbrio.”

25 Jun 2024

FRC acolhe exposição de pintura de Chan Man Kin

O artista Chan Man Kin protagoniza a nova exposição da Fundação Rui Cunha (FRC) que é hoje inaugurada a partir das 18h30. Trata-se de “The Splendor of Objects” [O Esplendor dos Objectos] e tem curadoria de Cai Guojie. Esta é uma mostra que tem como tema a “natureza-morta” e a escola holandesa da pintura como ponto de partida, destaca um comunicado da FRC. Depois, o artista expandiu o seu trabalho para o universo abstracto, “como uma explosiva reacção nuclear”.

A mostra inclui 21 pinturas feitas com tinta acrílica com o foco na “natureza morta com pêssegos”, uma peça criada no ano passado que daria sentido ao restante trabalho. Inspirado na “experiência histórica da Escola Holandesa de Pintura, iniciei uma discussão sobre o sentido de segurança e estabilidade necessários à vida: dos objectos específicos ao exame da vida e da morte, do olhar para a morte para expressar apreciação pela vida”, refere o artista, citado pelo mesmo comunicado.

O artista acrescentou ainda que “ao observar o espaço interno de um pêssego cortado ao meio – o caroço do pêssego – parece um mundo pequeno. O caroço do pêssego serve tanto como fim quanto como início de novos pêssegos, incorporando infinitas possibilidades”.

“A partir daí, mergulhei na relação entre o pêssego e seu caroço, desde o microcosmo do caroço do pêssego até o macrocosmo do universo. Este processo transita gradualmente das formas concretas para as abstractas, explorando as relações visuais expressas através da transformação dos estilos de pintura”, disse.

Processo existencial

Chan Man Kin desenvolveu um longo processo em torno das ideias para este projecto artístico, realizando uma “discussão filosófica sobre a existência e a morte”. Como revelou ainda, “a pintura de natureza-morta é um género e forma de pintura com valor estético independente e orientação espiritual na pintura ocidental”, além de trazer, ao artista, “uma sensação de estabilidade pessoal, permitindo que o meu corpo e a minha mente rapidamente se alinhem”.

Chan Man Kin terminou recentemente um mestrado em Comunicação Visual na Universidade de Macau, trabalhando actualmente como artista na Academia Li Keran, sendo também artista residente na Academia de Belas Artes de Guangzhou. As suas áreas de estudo incluem pintura, design gráfico, fotografia conceptual e técnica mista.

25 Jun 2024

Cinema | Já é conhecido cartaz do primeiro festival para os mais novos

O Instituto Cultural anunciou recentemente a realização, este Verão, do primeiro Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau que, além dos espectáculos, inclui cinema. O cartaz já é conhecido e podem ser vistos, na Cinemateca Paixão, clássicos como “Um Porquinho Chamado Babe”, “Shrek” ou “Família Addams”, sem esquecer “A.I. – Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg

 

Decorre entre Julho e Agosto a primeira edição de um festival de cinema inteiramente dedicado a crianças e jovens. Trata-se do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, iniciativa integrada na primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, uma estreia no panorama artístico local. Trata-se de uma iniciativa promovida pelo Instituto Cultural (IC) e que, na vertente de exibição de filmes, conta com o apoio da Cinemateca Paixão.

O festival divide-se em quatro secções, nomeadamente “Selecção Anual de Filmes Infantis”, “Êxitos Populares da Infância dos Pais”, para que os adultos também possam acompanhar os filhos à sala de cinema, “Clássicos para Todas as Crianças” ou “Projecções ao Ar Livre no Centro Cultural de Macau”, que passa pela exibição de filmes de animação seleccionados.

A 6 de Julho é exibido um clássico que permanece na memória dos graúdos, como é o caso de “Um Porquinho Chamado Babe”, de 1995. Trata-se da saga do “porquinho” protagonista do filme e da sua chegada à fazenda de Arthur Hoggett.

No mesmo dia é apresentado “Os Argonautas”, cuja exibição se repete no dia 20 de Julho. Sendo este um filme bem mais recente, de 2022, “Argonautas” centra-se na amizade do ratinho Rode e da gata Isabela. Ambos vivem na cidade portuária de Yolcos, na Grécia Antiga, que subitamente enfrenta a ameaça do deus dos mares, o que põe à prova a coragem de Rode e Isabela.

A 7 de Julho, domingo, é dia de voltar aos clássicos ainda mais antigos, desta vez com a película “O Espírito da Colmeia”, de 1973, de Victor Erice.

Este filme passa-se nos anos 40 quando, numa remota aldeia espanhola, Ana, com apenas oito anos, e a irmã mais velha, Isabela, ficam impressionadas quando assistem, pela primeira vez, ao filme “Frankenstein”. Quando as duas visitam um local abandonado, começam a fantasiar com um novo monstro, sempre sem esquecer as imagens do filme que viram.

Na sinopse lê-se que este filme retrata “a curiosidade e imaginação das crianças em relação ao mundo e ao mistério do desconhecido, de forma onírica”, sendo este considerado “um dos maiores filmes espanhóis de todos os tempos”.

No dia 9 de Julho é a vez de ser exibido “Não Sou Estúpido”, filme de Singapura, que volta a passar nos ecrãs da Cinemateca no dia 28 do mesmo mês. Esta comédia, de Jack Neo, faz rir e chorar ao mesmo tempo, tratando-se de uma história que aborda “as lutas travadas por três jovens crianças e suas famílias na procura de uma excelência académica, numa sociedade altamente competitiva”.

Shrek e companhia

A 13 de Julho é dia de ver um dos grandes sucessos do cinema infantil. Trata-se de Shrek, filme de 2001, cujo protagonista é um monstro grande, feio e verde, mas que acaba por se apaixonar por uma bela princesa. No mesmo dia é exibido “Pigsy”, de Taiwan, que repete a 3 de Agosto.

No domingo, 14 de Julho, exibe-se “Ernest & Celestine: Uma Viagem a Gibberitia”, uma produção de 2012 francesa, belga e luxemburguesa que foi indicado para o César na categoria de “Melhor Filme de Animação”.

Celestine é uma ratinha órfã que sempre se sentiu um pouco incompreendida no mundo dos seus pares, os ratos, tendo sido criada num orfanato. Lá sempre ouviu histórias terríveis sobre os ursos e a sua crueldade, sobretudo quando comem ratos ao pequeno-almoço. Um dia, Celestine deixou o orfanato e foi descobrir o mundo, travando amizade com o urso Ernest, que a faz quebrar todas as ideias pré-concebidas que achava serem verdade.

A.I. – Inteligência Artificial, de 2001, entra para a secção “Êxitos Populares da Infância dos Pais”, sendo exibido dia 18 de Julho. Esta produção norte-americana, do grande mestre Steven Spielberg, centra-se na história de Martin, filho de Mónica, que fica doente e que tem de ser internado. É então que a mãe decide adoptar David, uma criança-robot que tenta chamar a atenção de Mónica quando Martin regressa a casa vindo do hospital. “Sirocco e o Reino dos Ventos” é a escolha para o dia 19 de Julho, voltando a ser exibido dia 31 do mesmo mês.

A voz das curtas

Este festival não traz apenas cinema estrangeiro e asiático feito para os mais novos, apresenta também uma selecção de curtas-metragens com assinatura de realizadores de Macau. Estas serão exibidas, também na Cinemateca Paixão, dia 21 de Julho, a partir das 16h30. São elas “Nas Suas Costas”, de 2016, de Sam Kin Hang; “Mui”, de 2021, de Wong Weng Chon; “O Farol”, de Jay Lei, de 2019; “História de Morcegos”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin; “Avó Pirata 2: O Conto da Baleia Espiritual”, de Lam Teng Teng ou “Céu Estrelado”, de Zue Ku, entre outras.

Dia 23 de Julho, integrado na “Selecção Anual de Filmes Infantis”, exibe-se “O Inventor”, que repete dia 3 de Agosto. Este é um filme de animação de época, passando-se no século XVI, com uma história centrada no artista Leonardo da Vinci e na sua ida para a corte francesa devido a conflitos com o Papa.

No dia 27 é exibido “Ilo.Ilo”, de Singapura, que traz uma conversa pós-exibição com a presença de Joyce Yang.

O festival regressa aos clássicos mais antigos com “Os Quatrocentos Golpes”, de 1959, e da autoria de um dos mais conhecidos realizadores franceses, François Truffaut. Também este filme conta com uma conversa pós-exibição com Joyce Yang.

Em “Os Quatrocentos Golpes” revela-se a história do pequeno Antoine, que enfrenta dificuldades de vária ordem em casa e na escola.

A 28 de Julho é dia de exibir outro clássico, mais contemporâneo, como é o caso da “Família Addams”, de 1991. Esta história intemporal de Barry Sonnenfeld foca-se na excêntrica família vestida de preto que habita numa mansão bastante sombria e assustadora. Esta vê a sua tranquilidade quando Fester, um irmão há muito desaparecido, decide voltar. “Para o Lado da Luz” exibe-se dia 11 de Agosto.

Destaque ainda para duas sessões de exibições ao ar livre no CCM nos dias 17 de Agosto, nomeadamente com os filmes “O Menino Nicolau: A Felicidade Não Pode Esperar” e as animações ” Linda quer frango!” e a Série “Pundusina”.

25 Jun 2024

DSAL | Criado plano de formação com Galaxy

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) juntou-se à Galaxy para lançar um plano de formação profissional, intitulado “Plano de Desenvolvimento de Elites GEG (Área de Transportes)”, sob a ideia de “primeiro a contratação e depois a formação”.

As candidaturas para este plano começam hoje e estão disponíveis 20 vagas de emprego para as categorias de “motorista de automóvel de alto luxo”, destaca um comunicado. Os candidatos admitidos recebem depois da Galaxy uma “série de formações especializadas, bem como formação prática em contexto de trabalho”.

No programa, incluiem-se temas como o atendimento de cinco estrelas ao cliente, técnicas de condução de automóvel de luxo, segurança rodoviária, inglês prático conforme o modelo educacional “Linguaskill General” da escola Cambridge, na oralidade, e ainda a obtenção do cartão de segurança e saúde ocupacional nas indústrias da hotelaria e restauração. A formação dura 24 meses, sendo que depois os trabalhadores terão “oportunidade de progressão e ajustamento salarial”, é prometido.

As candidaturas para este programa terminam a 2 de Julho, sendo que, no dia seguinte, decorre a sessão de entrevistas e palestra para os candidatos.

25 Jun 2024

Estudo | Confiança de trabalhadores volta a níveis pré-pandemia

Um estudo da MUST mostra que a confiança e satisfação da população empregada voltou aos níveis verificados antes da pandemia. Segurança no emprego, reconhecimento de desempenho e progressão de carreira foram os pontos onde a confiança dos trabalhadores mais subiu

 

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na siga inglesa) apresentou ontem os resultados de um inquérito à confiança e satisfação dos trabalhadores, onde se mostra que os índices de confiança subiram 4,37 por cento, regressando ao registo de 2019, antes da crise provocada pela pandemia da covid-19.

Numa escala de 0 a 5, o indicador de confiança fixou-se em 3.04 pontos, enquanto a satisfação atingiu 3,23 pontos.

A equipa de académicos que conduziu o inquérito explicou que desde que a economia começou a recuperar no ano passado, a confiança da população empregada aumentou em relação às perspectivas de futuro da empresa onde trabalham e ao desenvolvimento individual.

Os pontos onde os inquiridos mostraram maiores subidas de confiança foram a segurança no trabalho ou a expectativa de não ir para o desemprego dentro de um ano (+12,2 por cento de subida anual), reconhecimento do desempenho pelas chefias (+11,4 por cento) e oportunidade de evoluir tecnicamente e adquirir novos conhecimentos (8,9 por cento). Estes foram os principais itens responsáveis pela evolução positiva da confiança.

Satisfaz mais

Em relação ao índice de satisfação, a equipa do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da MUST deu conta de um crescimento anual de 7,94 por cento. Neste capítulo, os progressos mais significativos, onde se registaram maiores crescimentos de satisfação foram ao nível do salário (+5,81 por cento), qualidade do trabalho desenvolvido (+5,81 por cento), evolução individual e progressão de carreira (+7,24 por cento), e estabilidade profissional (+10,53 por cento).

Os académicos avaliaram também como o trabalho influencia a vida pessoal dos trabalhadores. Neste aspecto, os inquiridos revelaram uma subida da satisfação (+10 por cento) em relação ao impacto na saúde e na família. Apenas o indicador de impacto sobre a vida social caiu 3,51 por cento face ao ano transacto.

O inquérito foi realizado entre 9 e 24 de Abril, contando com 806 entrevistas a trabalhadores a tempo inteiro empregados em Macau. A MUST realiza o inquérito à confiança e satisfação no trabalho deste 2007, sendo esta a 17.ª vez que é estudado ao ambiente do mercado de trabalho local.

25 Jun 2024

Casal obrigado a pagar indemnização por impedir uso de fracção

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) entendeu que um homem tem direito a receber uma indemnização superior a três milhões de patacas por, durante vários anos, ter sido impedido por um casal de usar a metade indivisa de uma casa que tinha comprado, casa essa habitada pelo casal.

O caso remonta a 5 de Setembro de 2012, quando o homem comprou a duas pessoas, descritas no acórdão da TSI como “A” e “D”, uma fracção, adquirida, em partes iguais, em 1983. O homem pagou ao casal cerca de 1.080 milhões de dólares de Hong Kong.

Porém, a escritura pública sobre este negócio contém dados errados sobre o estado civil de “A”, que se casou com “B” em 1979, na província de Guangdong. A escritura não só tinha o nome de “B” errado como também não ficou escrito correctamente o regime matrimonial de bens como o de separação.

Desta forma, “B” recorreu ao Tribunal Judicial de Base (TJB) para anular o negócio, mas este tribunal entendeu que este era casado com “A” e que os bens de ambos estavam “sujeitos ao regime previsto pela Lei de Casamento da República Popular da China”. Assim, o TJB entendeu anular o negócio de compra e venda de metade da casa, sendo “B” obrigado a considerar o homem agora indemnizado como o verdadeiro proprietário da parte indivisa da casa. Contudo, “A” e “B” usaram a parte indivisa a partir de 2013, impedindo o homem de a habitar.

Casa de todos

Na primeira instância, o homem recorreu aos tribunais exigindo a “A” e “B” o reembolso de metade do montante pago pela casa, cerca de 556 mil patacas, bem como uma indemnização por não poder usar o imóvel no valor de três mil patacas por mês.

O TJB entendeu que o homem tinha, de facto, razão a ser reembolsado do valor pago pela casa, tendo recebido pouco mais de 556 mil patacas, mas entendeu que este não merecia receber qualquer indemnização. O TSI veio agora considerar, com base no Código Civil, que “pertencendo o imóvel a vários comproprietários, e na falta de regulamento sobre o uso da coisa, a todos é lícito servirem-se dela de acordo com o fim a que se destina, não podendo algum deles privar os outros consortes do uso a que também têm direito”.

Assim, o pagamento da indemnização deve-se ao facto de o homem “ter sido impedido de usar a fracção em causa”, sendo o montante correspondente “à metade do referido valor multiplicado pelos meses de duração do impedimento [de residência]”. Entendeu o TSI que só se pode exigir o pagamento de indemnização a partir de 9 de Janeiro de 2013, “momento em que o [homem] manifestou a intenção de usar a fracção”.

25 Jun 2024

Prostituição | Pedida criminalização e penas pesadas

Wong Kit Cheng voltou a apelar à criminalização da prostituição e ao aumento das penas. A deputada salientou que os bairros comunitários são as zonas mais afectadas, para onde o Governo pretende direccionar o turismo, prejudicando a imagem da cidade. É ainda alegado que estrangeiros estarão envolvidos no negócio

 

A deputada Wong Kit Cheng interpelou o Governo para intensificar o combate à prostituição nos bairros comunitários, uma vez que após a reabertura das fronteiras e do regresso dos grandes fluxos de turistas do Interior da China e do exterior, “verificou-se um ressurgimento da prostituição nos bairros comunitários”.

A legisladora recorda que no passado mês de Março, o secretário para a Segurança afirmou estar receptivo à criminalização da prostituição, mas que ia aguardar pela ampla discussão do assunto, para se chegar a um consenso. Como tal, Wong Kit Cheng quer que o Governo se esforce para atingir o referido consenso, perguntando se os “serviços competentes vão colaborar com os outros serviços da área jurídica, no sentido de estudar a revisão da lei e criminalizar a prostituição ou de elevar as sanções administrativas”.

A deputada argumenta que o Governo não tem feito nada para “elevar os efeitos dissuasores” e combater a actividade, afirmando que, “muitas vezes, a prostituição está relacionada com o crime organizado”, com recurso a intermediários. “O crime de exploração de prostituição é punido com pena de prisão de 1 a 3 anos, mas, de acordo com as sentenças aplicadas no passado, os intermediários são punidos apenas com multa e pena suspensa”, indica, perguntando se o Governo pondera alterar a lei e endurecer a moldura penal.

A deputada queixa-se ainda de que as prostitutas são punidas somente pela prática de actividades incompatíveis com a qualidade de turista, ficando apenas sujeitas a sanções administrativas e à interdição de entrada em Macau.

O cartão dourado

A também dirigente da Associação Geral das Mulheres de Macau salienta a incidência na zona norte da cidade, como comprovam as várias operações de combate à prostituição efectuadas pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), em especial no bairro do Iao Hon, para “purificar o ambiente de segurança”. Nestas operações, Wong Kit Cheng recorda que foram interceptadas mulheres que vieram até Macau para se prostituírem na zona do Iao Hon e que se suspeita “que haja estrangeiros a ajudar essas mulheres, fazendo vigia aos edifícios, o que constitui uma ameaça para a segurança pública e prejudica a imagem da sociedade”.

Neste aspecto, a deputada destaca os esforços políticos para promover o desenvolvimento do turismo cultural nos bairros comunitários “na esperança de atrair mais turistas para essas zonas” e argumenta que a prostituição é contraditória com os desígnios do Governo, afectando “negativamente a imagem turística de Macau e o desenvolvimento económico”.

25 Jun 2024