Antes da mudança para a F1, Rui Marques foi o director da corrida de Fórmula Regional

Após vários anos como director de corridas em Macau, Rui Marques está a caminho da Fórmula 1, para assumir uma das posições mais desafiantes do automobilismo mundial. Neste percurso, valorizou o Grande Prémio de Macau, que admite tê-lo dotado de uma experiência que dificilmente teria em outro local

 

Macau é tido como um evento de promoção, em que os melhores pilotos acabam por subir à Fórmula 1. Nos últimos anos, também os directores de corridas são convidados para subir à F1, como aconteceu com Eduardo Freitas e agora consigo. Qual a importância do Grande Prémio de Macau neste salto?

Acredito que todos evoluímos nas categorias em que passamos pela história e experiência que vamos tendo. Macau é mais uma dessas experiências. Levamos a experiência de Macau para as provas citadinas, para esse tipo de circuitos, e Macau faz parte desse bolo todo.

Quantas corridas vai fazer na F1?

Neste momento vou fazer as corridas até ao final do ano. Depois logo veremos o futuro.

Ficou surpreendido com o convite para f1?

Não se trata de ser uma questão de ficar surpreendido. As coisas têm a sua evolução e a experiência que vamos tendo vai-nos trazendo essas possibilidades.

O cargo que vai ocupar tem tido várias mudanças nos últimos tempos. Sente que é uma posição amaldiçoada?

Não, é mais uma categoria da qual vou ser director da corrida.

Tem desafios que não tem em Macau, sobretudo em termos mediáticos…

Sim, é um facto.

Como conhecido sportinguista, acha que tem um desafio maior que o de Ruben Amorim?

Espero ser campeão (risos)… Ele vai ter os seus desafios e eu vou ter os meus, são histórias diferentes.

Na Fórmula 1 discute-se a utilização de palavrões e têm sido aplicadas sanções aos pilotos. Como encara a questão?

Não vou entrar nessa questão. Sou meramente um director de corrida (risos).

Há a possibilidade de voltar a Macau no futuro?

Há. Se olharmos para o calendário, o fim-de-semana da prova está disponível. E gosto sempre de voltar.

Qual o contributo do Grande Prémio para a sua experiência profissional?

Este é um dos circuitos citadinos mais difíceis, talvez só seja comparável ao do Mónaco. Por isso, temos uma pista muito específica que exige uma série de procedimentos que fazemos em Macau e que não fazemos em mais lado nenhum. Isso traz-nos uma experiência que dificilmente mais algum circuito nos dará.

Como classifica o desenvolvimento da prova nos últimos anos?

Uma das coisas que apreciamos em Macau é o facto de todos os anos vermos melhoramentos. Alguns não são visíveis para o exterior, como acontece este ano que temos um novo sistema de câmaras no controlo da corrida. Mas todos os anos conseguimos encontrar melhoramentos e diria que 90 por cento das nossas recomendações são seguidas, com melhoramentos no ano seguinte.

Considera que há espaço para haver mais corridas no programa?

Não iria por esse caminho, porque o horário tem as restrições que sabemos. Cada vez que há um acidente em Macau, as probabilidades de termos de reparar um rail ou substituir alguma peça são grandes. Quando metemos mais corridas, começamos a ter outros problemas em termos de horário. Eu não aconselharia esse caminho, mas a escolha é da Comissão Organizadora.

Uma das críticas ao Grande Prémio é o número de bandeiras vermelhas e interrupções. É possível reduzir as interrupções?

Estamos num circuito citadino, e cada vez que se tem um acidente a tendência é para ter uma neutralização, seja com safety car ou com a bandeira vermelha. Para nós, a segurança está sempre em primeiro lugar, e é mais importante do que o espectáculo. O espectáculo é também importante, faz parte, mas a segurança estará sempre em primeiro, por isso, paramos quando realmente temos de parar. Quando estamos em categorias de promoção, de aprendizagem, notam-se mais as bandeiras vermelhas. Com pilotos mais experientes nota-se menos.

Na sexta-feira houve sete bandeiras vermelhas na qualificação da Fórmula Regional. Continua a considerar esta categoria uma boa aposta para Macau?

Continuamos muitíssimo bem por ter a Fórmula Regional em Macau. Tivemos um conjunto de situações que levaram ao que vimos. Foi a primeira vez que os pilotos andaram com a pista seca e todos sabemos a grande probabilidade de haver uma bandeira vermelha em Macau. Todos os pilotos tentaram fazer uma volta rápida o mais cedo possível, e como estamos a falar de pilotos em categorias de aprendizagem é normal haver erros. Não é o que queríamos, mas entendemos as razões.

Após a qualificação houve uma reunião com os pilotos. O que foi abordado?

Estivemos reunidos com os pilotos e equipas para chamá-los à atenção para o que é Macau e o respeito que a pista merece.

Perfil

Sucesso aos 51 anos num percurso constante

Aos 51 anos, Rui Marques vai ser o director de corridas da Fórmula 1 até ao final do ano, quando faltam disputar três provas. Era desde Março de 2022 o director das corridas de Fórmula 3 e Fórmula 2 e desde 2014 que tem desempenhado as funções de director de corridas no Grande Prémio de Macau nas diferentes categorias FIA. Além disso, está ligado à Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting e foi adjunto do director de corridas na Taça do Mundo de Carros de Turismo. A estreia no Circuito de Macau aconteceu em Novembro de 1999, como comissário de pista, na Curva da Maternidade.

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