Redução do peso do dólar nas trocas com Brasil é “inevitável”

O analista chinês Zhou Zhiwei disse na terça-feira que o incremento das moedas chinesa e brasileira nas trocas comerciais e investimento bilaterais é uma “tendência inevitável”, num “contexto de politização das políticas monetárias pelos países desenvolvidos”.

“A liquidação comercial em moeda local ajuda a reduzir os custos comerciais bilaterais e contribui para a estabilidade das relações económicas e comerciais bilaterais”, apontou o director do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um grupo de reflexão (‘think tank’) sob tutela do Governo chinês, nas vésperas de o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, visitar a China.

Zhou realçou que uma parte “muito importante” da reforma do sistema monetário internacional é limitar a hegemonia do dólar norte-americano. “Essa deveria ser a aspiração comum da maioria dos países”, sublinhou.

Durante um fórum de negócios Brasil – China, realizado em Pequim, no final de Março, foram anunciados vários acordos a nível financeiro, incluindo a adesão do banco sino-brasileiro BOCOM BBM ao CIPS (China Interbank Payment System), a alternativa chinesa ao Swift, o sistema internacional de pagamentos, visando incrementar o câmbio directo entre as moedas dos dois países, o yuan e o real.

Também a sucursal brasileira do banco estatal chinês Industrial and Commercial Bank of China passou a actuar como banco de compensação da moeda chinesa no Brasil, visando “reduzir as restrições” ao uso do yuan e “promover ainda mais o comércio bilateral e facilitar investimentos”.

Crescer em flecha

Em Fevereiro, os bancos centrais do Brasil e da China assinaram um memorando de entendimento para o estabelecimento de acordos de compensação do yuan, como parte dos esforços de Pequim para internacionalizar a moeda chinesa.

O estabelecimento desses padrões “vai beneficiar as transações transfronteiriças e promover ainda mais o comércio bilateral e a facilitação de investimentos”, disse então, em comunicado, o Banco Popular da China (banco central).A China tem tentado internacionalizar o yuan desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da moeda norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 150 mil milhões, em 2022. O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20 por cento das importações agrícolas do país asiático.

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