Fotolivro “Treasure Hotel”, de Francisco Ricarte, lançado este sábado

No regresso à chamada normalidade pós-pandemia, a ideia de passar 21 dias fechado num quarto de hotel em quarentena parece já uma miragem ligada a um passado distante. Mas a verdade é que este regime vigorou até há bem pouco tempo e o fotógrafo Francisco Ricarte viveu-o aquando do regresso de uma das viagens que realizou ao exterior.

O registo fotográfico desta experiência pode ser visto em “Treasure Hotel” [Hotel Tesouro], novo fotolivro do fotógrafo a ser lançado no próximo sábado, às 17h, na Creative Macau. De um quarto de hotel consegue-se ver pouco, mas a imaginação levou a lente de Francisco Ricarte a capturar as cores do céu, os raios de sol sob o aeroporto e as sombras surgidas no meio das mobílias. São, ao todo, 40 imagens a cores e a preto e branco em 64 páginas. Foram impressos apenas 60 exemplares.

“Para quem reside em Macau, o nome ‘Treasure Hotel’ estará, porventura, associado às quarentenas obrigatórias para quem entrasse em Macau durante o período de pandemia vivido recentemente. Este é um registo visual, mas sobretudo intimista, de uma quarentena por mim vivida em Janeiro de 2022”, contou o fotógrafo ao HM.

Esta é, portanto, uma “viagem interior”, que assenta “em pequenos capítulos visuais – a viagem, a chegada, o espaço de estadia e vivência quotidiana, as leituras realizadas, o espaço exterior visível – revelando estados de espírito naturalmente diferenciados, alguns de maior introspecção ou acutilância”.

Um ano bom

Francisco Ricarte, arquitecto de formação, está afastado dessa área, e dedica-se agora com maior regularidade à fotografia. Num ano em que o confinamento foi uma realidade em Macau, a pandemia acabou por revelar-se benéfica para a sua carreira, pois o autor de “Treasure Hotel” realizou três exposições individuais de fotografia.

Lançar este livro funciona agora como o fechar de um ciclo, confessa. “As imagens dizem-me muito. A história de pandemia narrada neste conjunto de fotografias conta algo mais do que cada foto individual. Há uma consequência e a leitura de uma história que se conta com esta narrativa visual. Penso que o facto de já não haver pandemia terá ajudado a concluir o projecto e a colocá-lo cá fora.”

Francisco Ricarte confessa “ter curiosidade para ver a reacção final” daqueles que abrirem o livro, numa tentativa de perceber “se os leitores encontram pontos de identificação e de referência, ou se se revêem, de alguma forma, no projecto, no caso dos que viveram uma experiência similar de quarentena”. “Também quero ver se será possível imaginar ou entrar na cabeça de quem vive uma experiência destas”, adiantou.

Francisco Ricarte ainda fez uma nova quarentena depois de Janeiro do ano passado, mas acabou por decidir que seria esta a experiência a transformar-se numa obra. “Foi a quarentena mais longa, para a qual nunca estamos suficientemente preparados. Daí o meu desejo de contar esta história”, rematou.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários