Quase 60 médicos e enfermeiros agredidos desde 2017

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Nos últimos cinco anos, foram registados 59 casos de violência contra médicos e enfermeiros enquanto trabalhavam. Os Serviços de Saúde instalaram equipamentos de gravação “nos postos da linha da frente”, criaram orientações de prevenção e resposta e ministraram cursos para melhorar a capacidade de comunicação do pessoal

 

Nos últimos cinco anos, registaram-se em Macau um total de 59 casos de violência contra profissionais de saúde, ocorridos em instituições de saúde pública e que exigiram intervenção policial. Contas feitas, desde 2017, ocorreram, em média, 12 casos de violência anuais contra médicos e enfermeiros que desempenham funções na linha da frente. Os dados foram revelados ontem pelo director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long, em resposta a interpelação escrita enviada pela deputada Ella Lei.

Recorde-se que, na altura, a deputada mostrou-se preocupada com a falta de mecanismos de apoio dirigidos aos profissionais de saúde que desempenham funções na linha da frente, fazendo referência ao caso de uma enfermeira do hospital público que, alegadamente, terá sido alvo de assédio sexual em Maio, por parte de um polícia e a pressão colocada pelos “desafios provocados pela pandemia de covid-19”.

“De acordo com alguns profissionais de saúde, trabalhadores da linha da frente foram agredidos ou molestados no decurso das suas funções. Os trabalhadores em serviços de urgência são mais propensos a tais situações”, alertou Ella Lei.

Na réplica, o director dos Serviços de Saúde começa por dizer que “atribui grande importância à protecção dos trabalhadores da linha da frente contra a violência no local de trabalho” e que o organismo que coordena tem implementado medidas para prevenir a ocorrência deste tipo de casos, como a criação de orientações, mecanismos de resposta e apoio emocional e cursos para melhorar a capacidade de comunicação do pessoal.

“Os Serviços de Saúde formularam orientações sobre a prevenção e resposta para casos de violência, incluindo a prestação de apoio emocional (…), ao mesmo tempo foram organizados cursos de atendimento e técnicas de comunicação destinados aos profissionais de saúde da linha da frente, com o objectivo de prevenir a ocorrência de conflitos verbais e físicos”, disse Alvis Lo por escrito.

Além disso, revelou, foi criada uma “task force nas instituições de saúde pública” para avaliar, regularmente, o nível de risco e foram instalados equipamentos de registo audiovisual em determinadas áreas públicas de atendimento. Alvis Lo acrescenta ainda que foi criado um sistema de notificação, disponível 24 horas por dia, para responder a este tipo de incidentes e destacadas mais forças de segurança.

Caso venham a ser registados mais casos de violência contra o pessoal médico, os Serviços de Saúde asseguram ainda que, além de apoio de emergência, será prestado aconselhamento psicológico e legal, com o objectivo de “proteger a saúde física e mental” dos trabalhadores.

Segundo dados dos Serviços de Saúde citados anteriormente por Ella Lei, em 2020 existiam em Macau, mais de 3.400 profissionais de saúde e foram atendidos, no total, perto de 649 mil pacientes em ambulatório, ou seja, mais 96 mil relativamente a 2017.

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