Une arme si douce

Acontecimentos históricos à parte, por vezes só nos lembramos dos países pela envergadura trágica do momento, mas ressurge sempre aquilo que deles fomos conhecendo de melhor trazendo-os dentro de nós bem mais altos que as bandeiras.

Nachman de Bratslav, cidade ucraniana onde viveu os últimos anos da sua vida, aquele que viria a ser considerado o mais distinto dos seus concidadãos pertencente a essa inúmera sociedade judaica destas paragens.

O Hassidismo que fundou é por demais um movimento tal que, analisando-o, ele só poderia ter nascido em tais paragens e, no entanto, ele sempre foi russo porque viveu e ensinou em muitas outras cidades do Império Russo.

Todos estes territórios o eram, naturalmente, e mais ainda naquele tempo em que nasceu, 1772, um mundo que não cabe em nós, mesmo que o queiramos transportar como a uma lenda, todo ele, esse grande Império Russo.

São estes aparentes pequenos grandes nadas que sobram neste momento, quando debruçados estivemos nesse livro de orações – poemas do rabbi de Bratslav, que nos recordam do impacto feliz destas latitudes muito para além das guerras: lio-o com a inocência dos que as julgaram extintas, mas isso foi há muito tempo! Mesmo assim, nada esmoreceu de encanto e gratidão, e agora mesmo não vejo como pode ser descrito um chão que viu nascer prodígios tais. Talvez sejamos severamente uma outra humanidade já esquecida das coisas mais importantes que nos trouxeram até aqui, mas, adiante. O nosso intrépido desejo de colaborar encontra muitas vezes coisas tais de desconhecida envolvência que nos tornamos blindados por sequências repetitivas de clivagens estruturantes. Nenhum Papa entrou na Rússia, mas todos os judeus por lá caminharam. Este nosso, pode no entanto entrar em todos os lugares pois que parece ter passado a fronteira da “divina” opressão.

E voltemos ao nosso Nachaman que à alma encantou e a Deus louvou com distinta graça; ninguém pode voltar da “romaria” do seu túmulo ucraniano pensando na conversão da Rússia, seria apostasia não conseguir ver aqui a marca de uma sacralidade que se tornou estratégica a partir de um mito também ele conquistador, tal qual como o Mariânico. Mas o que mais deslumbra são os seus versos risonhos e transparentes acerca da transcendência que lhe assiste a partir de uma severa tradição, esse encontro das asas com os ferros que fazem das grades efeitos belos.

Nós os descrentes, só vemos sangrar, e sangramos do lado em que nos damos ternos aos martírios, mas aqueles que amam ( que amar é louvar) toda a compunção é bem-dita. Ele morreu jovem, e tal como Jesus deixou discípulos, nasceu em Abril, e apenas parece existir na memória estricta destas Nações. Esta arma tão doce que foi a sua pregação, devolve-nos a nossa essência guerreira onde devemos sair vitoriosos por dons bem maiores do que aos que agora nos assistem. No fundo é um pequeno mantra de uma edição francesa, tão pequena e azul que faz parte de todas as travessias. Não se pode andar com pesos quando viajamos, toda a leveza nos liberta do entulho sem fim das coisas inúteis que sem querer vamos cedendo em todas as estações.

 

Merci, de m´avoir amené
à cette compréhension des choses
Nachman de Breslau

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