Salão de Outono | Nova edição arranca este sábado com obras de 80 artistas locais

É já este sábado que se inaugura mais uma edição do Salão de Outono, uma exposição promovida pela Fundação Oriente e pela AFA e que se pauta por mostrar o que de melhor se faz no panorama local das artes. Nomes como Alexandre Marreiros, Francisco Ricarte, Alice Kok ou Ricardo Meireles fazem parte da mostra deste ano

 

A Fundação Oriente (FO) inaugura este sábado, na Casa Garden, o Salão de Outono 2021 e anuncia o vencedor do prémio para as Artes Plásticas, um programa de intercâmbio artístico de um mês em Portugal.

A iniciativa, organizada em parceria com a Art For All Society (AFA), apresenta 84 obras de quase outros tantos artistas que vivem e trabalham em Macau. As obras seleccionadas incluem pintura a óleo e a acrílico, vídeo, desenho, escultura, fotografia, gravura e instalação. O evento tem como objectivo “estabelecer uma plataforma entre os artistas” locais e o público.

Um dos artistas participantes nesta mostra é Francisco Ricarte, arquitecto que tem feito incursões na área da fotografia. Desta vez, o autor apresenta três imagens que funcionam como um conjunto, e que se intitula “Quiet Days”.

“São fotos tiradas no final de 2017 no Vietname, mas só este ano é que trabalhei nelas. São fotos que estão em linha de conta com o que tem sido a minha prática fotográfica corrente e que traduzem a minha perspectiva sobre os locais, naquilo que é uma certa relação e observação dos locais feita de uma forma específica”, contou ao HM.

Francisco Ricarte está ligado ao Salão de Outono desde 2013. “É uma forma de participar nos eventos e na actividade cultural de Macau que é algo que me dá muito gosto.”

O arquitecto diz também que a sua fotografia não constitui um meio de reportagem e que as imagens que captura “não são bilhetes postais”. “São reflexões sobre os locais e sentimentos que podemos ter a olhar para determinados espaços e realidades visuais. A luz, o contraste, as sombras, e é algo que me dá muito gosto em interpretar”, frisou.

Um contraponto

Outro artista português que participa na edição deste ano do Salão de Outono é Ricardo Meireles, também arquitecto. O autor apresenta a sua peça “Waste Land”, onde trabalha a montagem da imagem recorrendo ao software digital.

“Posteriormente usei outra técnica que tem a ver com algo que tenho feito noutras peças, a colagem manual da imagem na tela. [Esta peça] tem a ver com a nossa actualidade e com o que tem acontecido nos últimos dias. É uma imagem figurativa de um robot, que representa a parte tecnológica no futuro, a propensão de desenvolver mais a tecnologia, relações virtuais. Entra em contraponto com aquilo que acontece ao estarmos a fazer isto, o que fica para trás, a marca carbónica que deixamos.”

“Waste Land” data de 2018 e revela esta “ambivalência e contraponto das duas situações”, onde, no nosso dia-a-dia, recorremos às últimas tecnologias nas nossas relações sociais ignorando “o desperdício que fazemos”. Existe, nesta obra de Ricardo Meireles, “a ideia de um consumismo sem que olhemos para o que está à nossa volta”.

A sua presença na exposição do Salão de Outono “é mais um marco positivo a nível pessoal, pelo facto de entender que aquilo que eu faço tem gerado uma reacção positiva nos outros”.

Alexandre Marreiros, arquitecto macaense, é também outro dos artistas que participa nesta edição do Salão de Outono com a obra “Intercepted Agregation”, constituída por três painéis de grandes dimensões.

“É um trabalho que explora a dúvida que fui tendo em Macau, sobre os recuos e avanços da globalização e o panorama que vivemos em Macau”, adiantou ao HM o artista.

Trata-se de um novo trabalho desenvolvido por Alexandre Marreiros que afirma ter regressado à gravura, apesar de continuar a “gostar muito de trabalhar em papel de grandes dimensões”.

Participam ainda nesta mostra nomes como Alice Kok, Angel Chan, Álvaro Barbosa, Celeste C. da Luz, Chan Ka Lok, Chan San San, Chan Sze Wai, Chan Yat Wan, Cheong Chan Kit, Cheong Leong, Chiang Wai Lan, David Shao, Derrick Loi, Durate Esmeriz, Edmundo Remédios Lameiras, Fan Sai Cheong, Fong Hoi Lam e Ieong Man Hin, entre outros.

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