Advogados | Jorge Neto Valente apelou a debate profundo sobre reforma dos tribunais

Na altura de olhar para o futuro, o presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM) sublinhou a necessidade de preservar o sistema jurídico para que se possa contribuir para a Grande Baía e para as relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa

 

[dropcap]O[/dropcap] primeiro Congresso dos Advogados de Macau ficou marcado pelo discurso do presidente da AAM, Jorge Neto Valente, que alertou para a necessidade da manutenção do sistema jurídico de Macau no âmbito da Grande Baía, defendeu a reforma do funcionamento dos tribunais e apelou ao Governo para que evite a tentação de interferir nas decisões dos centros de arbitragem e mediação.

Num evento que decorreu entre sexta-feira e sábado e que tinha como objectivo antecipar os próximos anos do sector, o presidente da AAM reconheceu que factores como o planeamento para o desenvolvimento da Grande Baía ou a participação na Iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ vão colocar “uma enorme pressão” nos serviços jurídicos e exigir aos advogados “mais e melhores serviços”, mas destacou que Macau só poderá contribuir para os projectos se mantiver a sua identidade.

“Se é certo que estas iniciativas abrem espaços de oportunidades aos advogados de Macau, e se também é certo que os advogados da RAEM podem dar um contributo relevante para a construção de uma sociedade regida pela lei, importa ter sempre presente que a contribuição de Macau só fará sentido se, e enquanto, for preservada a identidade de Macau e do seu sistema jurídico”, alertou no discurso inaugural.

A ideia foi reforçada mais tarde, em conversa com os jornalistas, em que Neto Valente admitiu que a integração política e económica pode ser benéfica, mas que se o mesmo acontecer com o sistema jurídico, a RAEM corre o risco de perder a sua importância. “A cooperação não pode significar a diluição de Macau e do seu sistema jurídico na Grande Baía. Só faz sentido a cooperação se Macau mantiver a sua identidade”, frisou. “Pode haver integração económica e de muitas actividades e deve haver colaboração, que pode ser benéfica para todos, mas isso não pode fazer Macau perder a sua identidade. E estou convencido que nem é esse o interesse do Governo Central”, partilhou.

Caminho da arbitragem

No que diz respeito à justiça, a política do território passa por criar centros de arbitragem e intermediação internacionais que afirmem Macau na Grande Baía e nas relações com os Países de Língua Portuguesa. E num congresso que visava apontar caminhos para o futuro da advocacia na RAEM, o tema não ficou de fora. Neste sentido, o presidente da AAM afirmou, diante de Sónia Chan, secretária que estava a representar o Chefe do Executivo, que para implementar correctamente esta política o Governo não deve cair na tentação de intervir nas decisões dos árbitros. “Tal como sucede no Continente e em Hong Kong, o Governo deve abster-se de governamentalizar a arbitragem e a mediação de Macau. Se os árbitros e mediadores não tiverem independência e autonomia, não antevemos grande futuro neste domínio”, avisou.

Ainda sobre esta matéria, Neto Valente apontou que a afirmação da RAEM como centro de arbitragem vai levar alguns anos. “Criar uma reputação leva tempo. Lembro-me que em Hong Kong o Governo trabalhou durante 20 anos a promover-se como centro até o conseguir. Mas ao longo desse período o Executivo nunca interferiu”, explicou mais tarde, já fora do palanque. “Receio que em Macau haja alguma tentação [de governamentalização] por falta de compreensão da realidade da arbitragem e mediação”, confessou.

Velha questão

Outro ponto que não faltou no discurso de Neto Valente foi a necessidade de se promover uma reforma no funcionamento dos tribunais e de alargar o número de juízes no Tribunal de Última Instância (TUI). Actualmente o número de magistrados é de três. Esta foi uma pretensão recusada pelo Executivo na última vez que se alterou a legislação de bases da Organização Judiciária, ainda este ano.

“É indispensável avançar para uma reforma dos tribunais, que se têm mantido num sistema rígido e imobilista, com inaceitáveis atrasos, e dos quais algumas decisões frustram o sentimento de justiça prevalente na comunidade, porque não ponderam com moderação e proporcionalidade os interesses em causa, públicos ou privados”, disse o presidente da AAM.

“Até hoje, não foi feito um debate alargado e profundo sobre a reforma da justiça nos tribunais, designadamente sobre o modo como funcionam e a sua constituição. Tem-se admitido a evolução e mudança em todas as instituições, menos na orgânica dos tribunais”, lamentou.

Como exemplo de uma instituição parada no tempo, Valente apontou o TUI: “Com três juízes é impossível alterar-se a jurisprudência. As mesmas pessoas não mudam de ideias, até podem mudar, só os burros é que não mudam, mas a verdade é que não mudam. Têm sido sempre consistentes e não há possibilidade de haver evolução no pensamento jurídico. Isto só é possível se houver alargamento de juízes”, declarou, mais tarde, aos jornalistas. “Só haver três juízes tem uma vantagem para quem lá está porque ficam com a certeza que não serão substituídos. […]

Não há escolha e as pessoas perpetuam-se sem escrutínio, sem prazo… vão andando e o resultado está à vista”, continuou.

Ainda sobre a questão do TUI, Neto Valente afastou o cenário das críticas serem pessoais e frisou que apenas está interessado no melhor funcionamento dos tribunais.

Garantia de independência

Na sexta-feira, o evento contou igualmente com a participação de Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, que representou o Chefe do Executivo. No discurso, a governante apontou a arbitragem e a mediação como o caminho do sector na Grande Baía: “A advocacia pode dar grandes contributos, especialmente no que diz respeito à criação de mecanismos diversificados de resolução de litígios, que promovam a negociação, a construção e a partilha conjunta”, indicou.

A secretária admitiu igualmente que a tarefa de conjugar os três sistemas jurídicos na Grande Baia vai ser difícil, mas que conta com as opiniões do sector. “Esse trabalho é árduo e desafiador, depende do esforço conjunto das áreas legislativa, judiciária e executiva, bem como da interacção e cooperação entre o Governo e os diversos sectores sociais, especialmente o sector do Direito”, reconheceu.

Caminho digital

Por sua vez, a representante do Ministério Público, Kuok Un Man, Procuradora-Adjunta que representou o Procurador, Ip Son Sang, sublinhou a importância da advocacia e apontou a digitalização como o caminho. “No futuro […] o Ministério Público comunicará mais com os tribunais e a advocacia, e implementará gradualmente o princípio da eficiência processual e a ideia da informatização judicial, avançando em direcção ao tratamento inteligente de assuntos relativos à procuradoria, por exemplo, à execução concreta de notificações electrónicas e o seu efeito”, afirmou Kuok, no discurso de abertura.

Neste capítulo, a Procuradora-Adjunta recordou que o MP tem feito intercâmbios com o Interior da China para proceder a reformas relacionadas com o tratamento inteligente de dados e outros aspectos. Segundo Kuok, já existe uma plataforma electrónica para o tratamento da gestão dos inquéritos instaurados.

Durante o discurso a representante do MP elogiou também a grande importância na “defesa dos direitos das partes e supervisão da administração da Justiça”.

TUI | Rui Cunha apoia alargamento

O advogado Rui Cunha apoiou a ideia de aumentar o número de juízes no Tribunal de Última Instância, defendida por Neto Valente no discurso de abertura do congresso. “Há soluções actuais que podem não ser as melhores […]Também me parece que um aumento, não muito substancial, mas um aumento, resolveria vários problemas, como permitir haver um recurso ou acelerar a aplicação da justiça, que seguindo os trâmites normais leva muito tempo. Era conveniente haver uma aceleração na velocidade da Justiça de Macau”, explicou. O causídico considerou ainda que o TUI poderia ter cinco magistrados, para permitir a criação de mais uma secção. “Não vejo que esse aumento possa trazer qualquer espécie de dificuldades na administração da justiça”, considerou ainda.

Estatuto além de 2049

Um dos oradores presentes na conferência foi o advogado Sérgio de Almeida Correia, que defendeu que faz parte do interesse da China manter o estatuto de Macau além do prazo da Lei Básica. “A China tem todo o interesse em manter o estatuto de Macau para lá de 2049. Pelo menos até ao momento em que a própria China atinja um ponto em que a integração das regiões administrativas especiais possa ser feita, designadamente do ponto de vista jurídico, legislativo e da advocacia, sem dor. Penso que essa era a ideia inicial de Deng Xiaoping e do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, explicou.

23 Set 2019

Advogados | Jorge Neto Valente apelou a debate profundo sobre reforma dos tribunais

Na altura de olhar para o futuro, o presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM) sublinhou a necessidade de preservar o sistema jurídico para que se possa contribuir para a Grande Baía e para as relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa

 
[dropcap]O[/dropcap] primeiro Congresso dos Advogados de Macau ficou marcado pelo discurso do presidente da AAM, Jorge Neto Valente, que alertou para a necessidade da manutenção do sistema jurídico de Macau no âmbito da Grande Baía, defendeu a reforma do funcionamento dos tribunais e apelou ao Governo para que evite a tentação de interferir nas decisões dos centros de arbitragem e mediação.
Num evento que decorreu entre sexta-feira e sábado e que tinha como objectivo antecipar os próximos anos do sector, o presidente da AAM reconheceu que factores como o planeamento para o desenvolvimento da Grande Baía ou a participação na Iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ vão colocar “uma enorme pressão” nos serviços jurídicos e exigir aos advogados “mais e melhores serviços”, mas destacou que Macau só poderá contribuir para os projectos se mantiver a sua identidade.
“Se é certo que estas iniciativas abrem espaços de oportunidades aos advogados de Macau, e se também é certo que os advogados da RAEM podem dar um contributo relevante para a construção de uma sociedade regida pela lei, importa ter sempre presente que a contribuição de Macau só fará sentido se, e enquanto, for preservada a identidade de Macau e do seu sistema jurídico”, alertou no discurso inaugural.
A ideia foi reforçada mais tarde, em conversa com os jornalistas, em que Neto Valente admitiu que a integração política e económica pode ser benéfica, mas que se o mesmo acontecer com o sistema jurídico, a RAEM corre o risco de perder a sua importância. “A cooperação não pode significar a diluição de Macau e do seu sistema jurídico na Grande Baía. Só faz sentido a cooperação se Macau mantiver a sua identidade”, frisou. “Pode haver integração económica e de muitas actividades e deve haver colaboração, que pode ser benéfica para todos, mas isso não pode fazer Macau perder a sua identidade. E estou convencido que nem é esse o interesse do Governo Central”, partilhou.

Caminho da arbitragem

No que diz respeito à justiça, a política do território passa por criar centros de arbitragem e intermediação internacionais que afirmem Macau na Grande Baía e nas relações com os Países de Língua Portuguesa. E num congresso que visava apontar caminhos para o futuro da advocacia na RAEM, o tema não ficou de fora. Neste sentido, o presidente da AAM afirmou, diante de Sónia Chan, secretária que estava a representar o Chefe do Executivo, que para implementar correctamente esta política o Governo não deve cair na tentação de intervir nas decisões dos árbitros. “Tal como sucede no Continente e em Hong Kong, o Governo deve abster-se de governamentalizar a arbitragem e a mediação de Macau. Se os árbitros e mediadores não tiverem independência e autonomia, não antevemos grande futuro neste domínio”, avisou.
Ainda sobre esta matéria, Neto Valente apontou que a afirmação da RAEM como centro de arbitragem vai levar alguns anos. “Criar uma reputação leva tempo. Lembro-me que em Hong Kong o Governo trabalhou durante 20 anos a promover-se como centro até o conseguir. Mas ao longo desse período o Executivo nunca interferiu”, explicou mais tarde, já fora do palanque. “Receio que em Macau haja alguma tentação [de governamentalização] por falta de compreensão da realidade da arbitragem e mediação”, confessou.

Velha questão

Outro ponto que não faltou no discurso de Neto Valente foi a necessidade de se promover uma reforma no funcionamento dos tribunais e de alargar o número de juízes no Tribunal de Última Instância (TUI). Actualmente o número de magistrados é de três. Esta foi uma pretensão recusada pelo Executivo na última vez que se alterou a legislação de bases da Organização Judiciária, ainda este ano.
“É indispensável avançar para uma reforma dos tribunais, que se têm mantido num sistema rígido e imobilista, com inaceitáveis atrasos, e dos quais algumas decisões frustram o sentimento de justiça prevalente na comunidade, porque não ponderam com moderação e proporcionalidade os interesses em causa, públicos ou privados”, disse o presidente da AAM.
“Até hoje, não foi feito um debate alargado e profundo sobre a reforma da justiça nos tribunais, designadamente sobre o modo como funcionam e a sua constituição. Tem-se admitido a evolução e mudança em todas as instituições, menos na orgânica dos tribunais”, lamentou.
Como exemplo de uma instituição parada no tempo, Valente apontou o TUI: “Com três juízes é impossível alterar-se a jurisprudência. As mesmas pessoas não mudam de ideias, até podem mudar, só os burros é que não mudam, mas a verdade é que não mudam. Têm sido sempre consistentes e não há possibilidade de haver evolução no pensamento jurídico. Isto só é possível se houver alargamento de juízes”, declarou, mais tarde, aos jornalistas. “Só haver três juízes tem uma vantagem para quem lá está porque ficam com a certeza que não serão substituídos. […]
Não há escolha e as pessoas perpetuam-se sem escrutínio, sem prazo… vão andando e o resultado está à vista”, continuou.
Ainda sobre a questão do TUI, Neto Valente afastou o cenário das críticas serem pessoais e frisou que apenas está interessado no melhor funcionamento dos tribunais.

Garantia de independência

Na sexta-feira, o evento contou igualmente com a participação de Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, que representou o Chefe do Executivo. No discurso, a governante apontou a arbitragem e a mediação como o caminho do sector na Grande Baía: “A advocacia pode dar grandes contributos, especialmente no que diz respeito à criação de mecanismos diversificados de resolução de litígios, que promovam a negociação, a construção e a partilha conjunta”, indicou.
A secretária admitiu igualmente que a tarefa de conjugar os três sistemas jurídicos na Grande Baia vai ser difícil, mas que conta com as opiniões do sector. “Esse trabalho é árduo e desafiador, depende do esforço conjunto das áreas legislativa, judiciária e executiva, bem como da interacção e cooperação entre o Governo e os diversos sectores sociais, especialmente o sector do Direito”, reconheceu.

Caminho digital

Por sua vez, a representante do Ministério Público, Kuok Un Man, Procuradora-Adjunta que representou o Procurador, Ip Son Sang, sublinhou a importância da advocacia e apontou a digitalização como o caminho. “No futuro […] o Ministério Público comunicará mais com os tribunais e a advocacia, e implementará gradualmente o princípio da eficiência processual e a ideia da informatização judicial, avançando em direcção ao tratamento inteligente de assuntos relativos à procuradoria, por exemplo, à execução concreta de notificações electrónicas e o seu efeito”, afirmou Kuok, no discurso de abertura.
Neste capítulo, a Procuradora-Adjunta recordou que o MP tem feito intercâmbios com o Interior da China para proceder a reformas relacionadas com o tratamento inteligente de dados e outros aspectos. Segundo Kuok, já existe uma plataforma electrónica para o tratamento da gestão dos inquéritos instaurados.
Durante o discurso a representante do MP elogiou também a grande importância na “defesa dos direitos das partes e supervisão da administração da Justiça”.

TUI | Rui Cunha apoia alargamento

O advogado Rui Cunha apoiou a ideia de aumentar o número de juízes no Tribunal de Última Instância, defendida por Neto Valente no discurso de abertura do congresso. “Há soluções actuais que podem não ser as melhores […]Também me parece que um aumento, não muito substancial, mas um aumento, resolveria vários problemas, como permitir haver um recurso ou acelerar a aplicação da justiça, que seguindo os trâmites normais leva muito tempo. Era conveniente haver uma aceleração na velocidade da Justiça de Macau”, explicou. O causídico considerou ainda que o TUI poderia ter cinco magistrados, para permitir a criação de mais uma secção. “Não vejo que esse aumento possa trazer qualquer espécie de dificuldades na administração da justiça”, considerou ainda.

Estatuto além de 2049

Um dos oradores presentes na conferência foi o advogado Sérgio de Almeida Correia, que defendeu que faz parte do interesse da China manter o estatuto de Macau além do prazo da Lei Básica. “A China tem todo o interesse em manter o estatuto de Macau para lá de 2049. Pelo menos até ao momento em que a própria China atinja um ponto em que a integração das regiões administrativas especiais possa ser feita, designadamente do ponto de vista jurídico, legislativo e da advocacia, sem dor. Penso que essa era a ideia inicial de Deng Xiaoping e do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, explicou.

23 Set 2019

Ciência | Earth Lunar Space Economic Forum pode vir para Macau

[dropcap]A[/dropcap] sede do Earth Lunar Space Economic Forum pode vir para Macau num futuro próximo. Quem o diz é Jonathan Choi Koon-shum, presidente do Grupo Sunwah, vice-presidente do comité de educação, ciência cultural e saúde da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, citado pelo jornal Ou Mun.

O responsável destacou a posição central de Macau na Grande Baía, zona intimamente ligada à indústria aeroespacial chinesa. Além disso, Jonathan Choi Koon-shum referiu que a MUST tem um laboratório de excelência desta área científica, onde mais de uma dezena de investigadores colaboram na equipa que trabalha no projecto de exploração lunar Chang E 4.

O responsável revelou que devem ser organizados eventos em Macau, aproveitando a posição do território no sector de convenções, exposições e turismo.

20 Set 2019

Ciência | Earth Lunar Space Economic Forum pode vir para Macau

[dropcap]A[/dropcap] sede do Earth Lunar Space Economic Forum pode vir para Macau num futuro próximo. Quem o diz é Jonathan Choi Koon-shum, presidente do Grupo Sunwah, vice-presidente do comité de educação, ciência cultural e saúde da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, citado pelo jornal Ou Mun.
O responsável destacou a posição central de Macau na Grande Baía, zona intimamente ligada à indústria aeroespacial chinesa. Além disso, Jonathan Choi Koon-shum referiu que a MUST tem um laboratório de excelência desta área científica, onde mais de uma dezena de investigadores colaboram na equipa que trabalha no projecto de exploração lunar Chang E 4.
O responsável revelou que devem ser organizados eventos em Macau, aproveitando a posição do território no sector de convenções, exposições e turismo.

20 Set 2019

Huawei lança primeiro ‘smartphone’ sem aplicações Google

[dropcap]O[/dropcap] grupo chinês de telecomunicações Huawei lançou ontem em Munique o seu novo ‘smartphone’ de gama alta, o primeiro a ser afectado pelas sanções norte-americanas e sem ter aplicações da Google.

O Mate 30 e o Mate 30 Pro não terão motor de busca da Google integrado, mas um “Huawei Browse” e um “Huawei Music video”. O grupo chinês foi sancionado pelos Estados Unidos, actualmente envolvidos num conflito comercial com a China, e colocado em maio numa ‘lista negra’ de Washington, que proibiu as empresas norte-americanas de serviços e de componentes de negociarem com a Huawei, acusada de espionagem.

“Devido à interdição norte-americana, o GMS (Google Mobile Services, uma série de aplicações desenvolvida pela Google) não pode ser pré-instalada, pelo que propomos o HMS” (Huawei Mobile Service), uma série de aplicações desenvolvidas pela Huawei, afirmou no lançamento internacional do aparelho Richard Yu, um dos dirigentes da Huawei.

20 Set 2019

Huawei lança primeiro 'smartphone' sem aplicações Google

[dropcap]O[/dropcap] grupo chinês de telecomunicações Huawei lançou ontem em Munique o seu novo ‘smartphone’ de gama alta, o primeiro a ser afectado pelas sanções norte-americanas e sem ter aplicações da Google.
O Mate 30 e o Mate 30 Pro não terão motor de busca da Google integrado, mas um “Huawei Browse” e um “Huawei Music video”. O grupo chinês foi sancionado pelos Estados Unidos, actualmente envolvidos num conflito comercial com a China, e colocado em maio numa ‘lista negra’ de Washington, que proibiu as empresas norte-americanas de serviços e de componentes de negociarem com a Huawei, acusada de espionagem.
“Devido à interdição norte-americana, o GMS (Google Mobile Services, uma série de aplicações desenvolvida pela Google) não pode ser pré-instalada, pelo que propomos o HMS” (Huawei Mobile Service), uma série de aplicações desenvolvidas pela Huawei, afirmou no lançamento internacional do aparelho Richard Yu, um dos dirigentes da Huawei.

20 Set 2019

Síria | Veto sino-russo a resolução da ONU para impor cessar fogo em Idlib

[dropcap]A[/dropcap] Rússia e a China vetaram ontem uma resolução das Nações Unidas, proposta pela Alemanha, Bélgica e Kuwait, que impunha um cessar-fogo na província de Idlib, na Síria. Trata-se do 13.º veto russo a uma resolução sobre a Síria desde o início do conflito, em 2011.

A resolução foi aprovada por 12 dos 15 Estados membros do Conselho de Segurança da ONU, com a Guiné Equatorial, membro não permanente, a abster-se. O texto foi objecto de negociações ao longo de cerca de duas semanas.

A Rússia defendeu, em vão, que o cessar-fogo contemple exceções para as “operações terroristas” realizadas na província de Idlib, último reduto rebelde na Síria. Para os autores da resolução, o pedido russo é “inaceitável”, uma vez que abre a porta a múltiplas interpretações e poderá conduzir a novos ataques a locais civis na Síria.

Os três co-autores tinham aceitado uma menção evocando “medidas terroristas” sob a condição de que respeitassem o direito internacional, sublinhou a parte alemã. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, denunciou a “onda de activismo humanitário” de outros membros do Conselho de Segurança a cada avanço na retomada dos territórios pelo exército sírio.

“É sempre a mesma canção. Os terroristas transformam-se em representantes da oposição”, ironizou o diplomata russo.

Em Idlib prosseguem, entretanto, os ataques esporádicos, após quatro meses de bombardeamentos do regime sírio, algo que a ONU tem denunciado, apontando a degradação da situação humanitária na província onde residem mais de três milhões de pessoas, um milhão delas crianças.

Antes da votação, um alto funcionário das Nações Unidas indicou que a situação humanitária no último reduto rebelde na Síria é “alarmante”, estimando que cerca de 400 mil pessoas tiveram de abandonar as casas naquela região do noroeste sírio nos últimos quatro meses e que mais de 600 mil estão a viver em tendas, campos de refugiados ou ao ar livre.

Ursula Mueller, chefe adjunta do departamento humanitário da ONU, disse no Conselho de Segurança das Nações Unidas que, após meses de intensos combates e de um “frágil cessar-fogo”, as perspectivas para a província de Idlib “continuam incertas, numa altura em que se aproxima o Inverno”.

Mueller salientou que as organizações humanitárias estimam ser necessário adicionar pelo menos 68,4 milhões de dólares (milhões de euros) ao orçamento existente para garantir a segurança dos deslocados durante a época invernosa, sobretudo em abrigos e produtos não alimentares.

Aquela responsável falou perante o Conselho de Segurança da ONU antes da votação da resolução vetada pela Rússia e pela China.

20 Set 2019

Síria | Veto sino-russo a resolução da ONU para impor cessar fogo em Idlib

[dropcap]A[/dropcap] Rússia e a China vetaram ontem uma resolução das Nações Unidas, proposta pela Alemanha, Bélgica e Kuwait, que impunha um cessar-fogo na província de Idlib, na Síria. Trata-se do 13.º veto russo a uma resolução sobre a Síria desde o início do conflito, em 2011.
A resolução foi aprovada por 12 dos 15 Estados membros do Conselho de Segurança da ONU, com a Guiné Equatorial, membro não permanente, a abster-se. O texto foi objecto de negociações ao longo de cerca de duas semanas.
A Rússia defendeu, em vão, que o cessar-fogo contemple exceções para as “operações terroristas” realizadas na província de Idlib, último reduto rebelde na Síria. Para os autores da resolução, o pedido russo é “inaceitável”, uma vez que abre a porta a múltiplas interpretações e poderá conduzir a novos ataques a locais civis na Síria.
Os três co-autores tinham aceitado uma menção evocando “medidas terroristas” sob a condição de que respeitassem o direito internacional, sublinhou a parte alemã. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, denunciou a “onda de activismo humanitário” de outros membros do Conselho de Segurança a cada avanço na retomada dos territórios pelo exército sírio.
“É sempre a mesma canção. Os terroristas transformam-se em representantes da oposição”, ironizou o diplomata russo.
Em Idlib prosseguem, entretanto, os ataques esporádicos, após quatro meses de bombardeamentos do regime sírio, algo que a ONU tem denunciado, apontando a degradação da situação humanitária na província onde residem mais de três milhões de pessoas, um milhão delas crianças.
Antes da votação, um alto funcionário das Nações Unidas indicou que a situação humanitária no último reduto rebelde na Síria é “alarmante”, estimando que cerca de 400 mil pessoas tiveram de abandonar as casas naquela região do noroeste sírio nos últimos quatro meses e que mais de 600 mil estão a viver em tendas, campos de refugiados ou ao ar livre.
Ursula Mueller, chefe adjunta do departamento humanitário da ONU, disse no Conselho de Segurança das Nações Unidas que, após meses de intensos combates e de um “frágil cessar-fogo”, as perspectivas para a província de Idlib “continuam incertas, numa altura em que se aproxima o Inverno”.
Mueller salientou que as organizações humanitárias estimam ser necessário adicionar pelo menos 68,4 milhões de dólares (milhões de euros) ao orçamento existente para garantir a segurança dos deslocados durante a época invernosa, sobretudo em abrigos e produtos não alimentares.
Aquela responsável falou perante o Conselho de Segurança da ONU antes da votação da resolução vetada pela Rússia e pela China.

20 Set 2019

Ciclo dedicado ao teatro contemporâneo chinês no Teatro Taborda, em Lisboa

[dropcap]O[/dropcap] teatro contemporâneo chinês vai estar em destaque entre os dias 26 e 28 de Setembro, no Teatro Taborda, em Lisboa, com uma programação que inclui leitura encenada, um espectáculo infanto-juvenil, uma visita performativa e uma oficina de teatro.
Iniciativa do Teatro da Garagem, o ciclo “Depois de Babel” consiste num projeto de tradução e divulgação da dramaturgia e das artes cénicas contemporâneas do mundo, que este ano é dedicado à cultura chinesa.

De acordo com os organizadores, “Depois de Babel” abre no dia 26 com a leitura encenada do texto “Rinocerontes in love” (1999), de Liao Yimei e com tradução de Constança Carvalho Homem (a partir da versão inglesa de Mark Talacko).

No dia seguinte, os alunos do Centro de Línguas e Culturas Shumin sobem ao palco do Auditório do Teatro Taborda para apresentar Viagem pela China – Mostra de Dança, Música e Ópera Chinesa.

No último dia decorre a actividade Teatro a Oriente, com inscrição obrigatória, até dia 20, em parceria com o Museu do Oriente: da parte da manhã, uma visita performativa à exposição sobre a Ópera de Pequim, em exibição no Museu do Oriente, e da parte da tarde, uma oficina de teatro com enfoque no trabalho do actor, a realizar-se no Teatro Taborda.

O Teatro da Garagem destaca que todas as actividades são de entrada livre, ainda que o programa Teatro a Oriente careça de inscrição prévia e esteja sujeita a confirmação.

O ciclo “Depois de Babel” surge da participação portuguesa na Rede Europeia de Tradução Teatral – EURODRAM (cuja coordenação é assumida pelo Teatro da Garagem desde 2015) e na parceria que o Teatro da Garagem tem vindo a desenvolver com as comunidades culturais e linguísticas que partilham o território geográfico e humano da Companhia.

Os organizadores destacam a “relação privilegiada” que o Teatro da Garagem está a estabelecer este ano com a Shangai Theatre Academy, bem como a parceria com o Centro de Línguas e Culturas Shumin e o Museu do Oriente, ambos sediados em Lisboa.

20 Set 2019

Global Media | Plataforma Azul quer unir cidades, universidades e media em torno dos oceanos

[dropcap]A[/dropcap] Plataforma Azul (PA) vai debater hoje em Vila Nova de Gaia, Portugal, a criação de redes de cidades, académicas e media para reflectir sobre a sustentabilidade dos oceanos, tentando cativar a China para a solução do problema.

O administrador da Global Media Group, detentora do jornal Plataforma Macau, que criou a PA, Paulo Rego, falou à Lusa de um projecto criado em Junho e que terá em Gaia, no âmbito do Fórum Internacional de Gaia (FIGaia) 2019 o seu primeiro grande debate em solo nacional.

Durante 11 dias e até domingo, o FIGAIA vai debater o desenvolvimento sustentável e a construção da paz, num total de 80 acções envolvendo o meio ambiente e a cultura.

A marca Plataforma Azul “nasceu no âmbito da diversificação de actividades e dos modelos de negócio do Plataforma Macau”, que é um jornal bilingue, em português e chinês, com sede em Macau, e desse projecto nasceram três novas marcas, o Plataforma Sabores, o Plataforma Grande Baía e a Plataforma Azul, explicou o administrador.

“Num mundo que tem debatido a sustentabilidade e a nova economia de uma forma pouco científica e consciente e que é pouco partilhada, mas muito politizada (…), privilegiando os interesses nacionais e não o comum (…), a PA pretende debater e provocar soluções para a economia sustentável, concentrada na sustentabilidade dos oceanos”, explicou o responsável.

Salientando que “existe uma linha física [oceano] que liga todas estas geografias [países de língua portuguesa] e que significa um mar de oportunidades”, Paulo Rego vincou dever a presente geração “às próximas uma atitude responsável sobre o que está em causa”.

“Estamos a falar da sobrevivência do planeta e dos modos de vida que temos, mas queremos fazê-lo como uma lógica de oportunidades, unindo geografias, interesses globais e que descubra na economia azul oportunidades de negócio, de lucro e para a formação de redes”, acrescentou.

Usando como justificação para a presença da marca na conferência em Gaia o objectivo de criar “o conceito de redes de regiões e de cidades”, assinalou a presença de “parceiros da plataforma do Brasil, de África, de Macau e da China” a quem querem “juntar redes de cidades e também académicas para a produção de conhecimento, com o envolvimento dos media”.

“Macau é hoje um dos centros operacionais da maior região económica do mundo, a região do grande delta do rio das Pérolas, que envolve nove cidades mais Macau e Hong Kong (…) o que vai permitir trazer a China para a questão, o que será incontornável numa economia sustentável”, disse o responsável.

E acrescentou: “não podemos olhar para o futuro, a 10 ou 15 anos, da economia sustentável sem incluir aquela que é uma das duas maiores economias do mundo [China]. (…) A economia azul é uma grande oportunidade nessa região, que representa 14% do Produto Interno Bruto da China”.

20 Set 2019

Global Media | Plataforma Azul quer unir cidades, universidades e media em torno dos oceanos

[dropcap]A[/dropcap] Plataforma Azul (PA) vai debater hoje em Vila Nova de Gaia, Portugal, a criação de redes de cidades, académicas e media para reflectir sobre a sustentabilidade dos oceanos, tentando cativar a China para a solução do problema.
O administrador da Global Media Group, detentora do jornal Plataforma Macau, que criou a PA, Paulo Rego, falou à Lusa de um projecto criado em Junho e que terá em Gaia, no âmbito do Fórum Internacional de Gaia (FIGaia) 2019 o seu primeiro grande debate em solo nacional.
Durante 11 dias e até domingo, o FIGAIA vai debater o desenvolvimento sustentável e a construção da paz, num total de 80 acções envolvendo o meio ambiente e a cultura.
A marca Plataforma Azul “nasceu no âmbito da diversificação de actividades e dos modelos de negócio do Plataforma Macau”, que é um jornal bilingue, em português e chinês, com sede em Macau, e desse projecto nasceram três novas marcas, o Plataforma Sabores, o Plataforma Grande Baía e a Plataforma Azul, explicou o administrador.
“Num mundo que tem debatido a sustentabilidade e a nova economia de uma forma pouco científica e consciente e que é pouco partilhada, mas muito politizada (…), privilegiando os interesses nacionais e não o comum (…), a PA pretende debater e provocar soluções para a economia sustentável, concentrada na sustentabilidade dos oceanos”, explicou o responsável.
Salientando que “existe uma linha física [oceano] que liga todas estas geografias [países de língua portuguesa] e que significa um mar de oportunidades”, Paulo Rego vincou dever a presente geração “às próximas uma atitude responsável sobre o que está em causa”.
“Estamos a falar da sobrevivência do planeta e dos modos de vida que temos, mas queremos fazê-lo como uma lógica de oportunidades, unindo geografias, interesses globais e que descubra na economia azul oportunidades de negócio, de lucro e para a formação de redes”, acrescentou.
Usando como justificação para a presença da marca na conferência em Gaia o objectivo de criar “o conceito de redes de regiões e de cidades”, assinalou a presença de “parceiros da plataforma do Brasil, de África, de Macau e da China” a quem querem “juntar redes de cidades e também académicas para a produção de conhecimento, com o envolvimento dos media”.
“Macau é hoje um dos centros operacionais da maior região económica do mundo, a região do grande delta do rio das Pérolas, que envolve nove cidades mais Macau e Hong Kong (…) o que vai permitir trazer a China para a questão, o que será incontornável numa economia sustentável”, disse o responsável.
E acrescentou: “não podemos olhar para o futuro, a 10 ou 15 anos, da economia sustentável sem incluir aquela que é uma das duas maiores economias do mundo [China]. (…) A economia azul é uma grande oportunidade nessa região, que representa 14% do Produto Interno Bruto da China”.

20 Set 2019

Habitação | Relatório aponta para insatisfação de metade dos inquiridos 

[dropcap]U[/dropcap]m relatório desenvolvido pelo Centro da Política de Sabedoria Colectiva (CPSC), ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau, concluiu que 49,5 por cento dos inquiridos não estão satisfeitos com as actuais políticas de habitação adoptadas pelo Governo, sendo que 6,1 por cento dizem estar muito insatisfeitos. Os responsáveis pelo estudo consideram que o Governo deve proceder a uma redução do tempo de espera para o acesso à habitação pública, aumentado o número de casas disponíveis e a transparência na apreciação da candidatura.

No relatório, cerca de 60 por cento dos inquiridos discordam da alteração da idade mínima de acesso para 25 anos, medida que consta na proposta da alteração da Lei de Habitação Económica. Além disso, 75,59 por cento dos inquiridos concorda com a criação de um novo tipo de residência, mas apenas 54 por cento acredita que isso pode ajudar a resolver as dificuldades existentes na aquisição de uma casa.

O vice-presidente da direcção do CPSC, Chan Ka Leong, afirmou que o número total de habitações em Macau não consegue satisfazer a procura por parte dos residentes. “Apesar de haver mais de 23 mil residências e apenas 19 mil agregados, o facto de muitos proprietários possuírem mais do que um prédio e o aumento dos preços no mercado imobiliário privado nos últimos anos fez com que muitos dos residentes não tenham esperança na compra de uma casa, nem no acesso a uma habitação pública”, disse.

Neste sentido, o CPSC apresentou várias sugestões de mudança, como a formulação de uma política habitacional abrangente, a definição certa de classe média e a realização de um estudo aprofundado para os novos tipos de habitação. O CPSC defende ainda que o Governo deve promover linhas de crédito para os cidadãos, entre outras medidas.

20 Set 2019

Habitação | Relatório aponta para insatisfação de metade dos inquiridos 

[dropcap]U[/dropcap]m relatório desenvolvido pelo Centro da Política de Sabedoria Colectiva (CPSC), ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau, concluiu que 49,5 por cento dos inquiridos não estão satisfeitos com as actuais políticas de habitação adoptadas pelo Governo, sendo que 6,1 por cento dizem estar muito insatisfeitos. Os responsáveis pelo estudo consideram que o Governo deve proceder a uma redução do tempo de espera para o acesso à habitação pública, aumentado o número de casas disponíveis e a transparência na apreciação da candidatura.
No relatório, cerca de 60 por cento dos inquiridos discordam da alteração da idade mínima de acesso para 25 anos, medida que consta na proposta da alteração da Lei de Habitação Económica. Além disso, 75,59 por cento dos inquiridos concorda com a criação de um novo tipo de residência, mas apenas 54 por cento acredita que isso pode ajudar a resolver as dificuldades existentes na aquisição de uma casa.
O vice-presidente da direcção do CPSC, Chan Ka Leong, afirmou que o número total de habitações em Macau não consegue satisfazer a procura por parte dos residentes. “Apesar de haver mais de 23 mil residências e apenas 19 mil agregados, o facto de muitos proprietários possuírem mais do que um prédio e o aumento dos preços no mercado imobiliário privado nos últimos anos fez com que muitos dos residentes não tenham esperança na compra de uma casa, nem no acesso a uma habitação pública”, disse.
Neste sentido, o CPSC apresentou várias sugestões de mudança, como a formulação de uma política habitacional abrangente, a definição certa de classe média e a realização de um estudo aprofundado para os novos tipos de habitação. O CPSC defende ainda que o Governo deve promover linhas de crédito para os cidadãos, entre outras medidas.

20 Set 2019

Dia Nacional | Novo portal online em português, inglês e chinês

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau estreou ontem um portal online em português, inglês e chinês exclusivamente dedicado às comemorações do Dia Nacional da China, agendadas para 1 de Outubro.

O ‘site’ tem o objectivo de facilitar o trabalho da comunicação social, mas também a consulta por parte da população em geral, de fotografias, vídeos e informações oficiais nas três línguas, pode ler-se num comunicado das autoridades.

Na mesma nota indica-se que o Governo da Região Administrativa Especial de Macau “irá ainda realizar um conjunto de eventos” para celebrar o 70.º aniversário da implantação da República Popular da China, “os quais incluem a cerimónia do içar da bandeira, na Praça Flor de Lótus, e a recepção oficial” promovida pelo Executivo e que está marcada para a Torre Macau.

As maiores comemorações estão agendadas para Pequim. Na capital chinesa, mais de 100 mil cidadãos participam num desfile das cerimónias do aniversário, 60 mil vão assistir à festa nocturna, no mesmo dia, enquanto 30 mil foram convidados para observar o desfile militar.

O desfile militar será maior que as edições dos 50.º e 60.º aniversários da fundação da República Popular da China, indicaram as autoridades chinesas no final de Agosto, prometendo, contudo, rigor orçamental e que serão “evitadas extravagâncias”.

20 Set 2019

Dia Nacional | Novo portal online em português, inglês e chinês

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau estreou ontem um portal online em português, inglês e chinês exclusivamente dedicado às comemorações do Dia Nacional da China, agendadas para 1 de Outubro.
O ‘site’ tem o objectivo de facilitar o trabalho da comunicação social, mas também a consulta por parte da população em geral, de fotografias, vídeos e informações oficiais nas três línguas, pode ler-se num comunicado das autoridades.
Na mesma nota indica-se que o Governo da Região Administrativa Especial de Macau “irá ainda realizar um conjunto de eventos” para celebrar o 70.º aniversário da implantação da República Popular da China, “os quais incluem a cerimónia do içar da bandeira, na Praça Flor de Lótus, e a recepção oficial” promovida pelo Executivo e que está marcada para a Torre Macau.
As maiores comemorações estão agendadas para Pequim. Na capital chinesa, mais de 100 mil cidadãos participam num desfile das cerimónias do aniversário, 60 mil vão assistir à festa nocturna, no mesmo dia, enquanto 30 mil foram convidados para observar o desfile militar.
O desfile militar será maior que as edições dos 50.º e 60.º aniversários da fundação da República Popular da China, indicaram as autoridades chinesas no final de Agosto, prometendo, contudo, rigor orçamental e que serão “evitadas extravagâncias”.

20 Set 2019

Filipinas | Novo surto de pólio após 19 anos sem o vírus

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde filipinas declararam ontem um surto de poliomielite após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado o país livre do vírus há quase 20 anos.

O secretário de saúde Francisco Duque III anunciou numa conferência de imprensa que as autoridades confirmaram, pelo menos, um caso de pólio numa menina de três anos no sul da província de Lanao del Sur e detectaram a presença do vírus num esgoto na Manila e em canais no sul da região de Davao.

O responsável afirmou que as descobertas são suficientes para declarar um surto da doença num país que estava livre do vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) expressaram a sua preocupação e prontificaram-se a ajudar o Governo a imunizar as crianças, que são as mais susceptíveis a contrair a doença incapacitante.

O representante filipino da UNICEF afirmou que, “enquanto houver uma criança infectada, outras crianças, no país e até mesmo fora, correm o risco de contrair pólio”.

Sem cura

Segundo a página electrónica da OMS, a poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa com maior incidência nas crianças, sendo o vírus transmitido através de fezes ou de água ou alimentos contaminados.

A infecção estende-se por todo o corpo, mas o cérebro e a medula são os mais afectados, podendo causar paralisia irreversível. Não existe cura para a poliomielite, que só pode ser prevenida pela vacinação.

Desde 1988, o número de casos diminuiu em mais de 99 por cento, mas a doença permanece endémica no Afeganistão, Nigéria e Paquistão e os surtos surgem, tipicamente, durante os meses de Verão e Outono.

Em países industrializados é uma doença extremamente rara nos dias de hoje.
Numa declaração conjunta, a OMS e a UNICEF alegaram que o surto é preocupante porque é causado por um poliovírus tipo II derivado de uma vacina.

O vírus enfraquecido usado em vacinas replica-se por um curto período de tempo nos intestinos das crianças e é excretado nas suas fezes. Em casos raros, o vírus enfraquecido consegue fortalecer-se em áreas com pouca sanitização e higiene.

O último surto nas Filipinas foi em 1993. O poliovírus tipo II foi declarado globalmente erradicado em 2015.

20 Set 2019

Filipinas | Novo surto de pólio após 19 anos sem o vírus

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde filipinas declararam ontem um surto de poliomielite após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado o país livre do vírus há quase 20 anos.
O secretário de saúde Francisco Duque III anunciou numa conferência de imprensa que as autoridades confirmaram, pelo menos, um caso de pólio numa menina de três anos no sul da província de Lanao del Sur e detectaram a presença do vírus num esgoto na Manila e em canais no sul da região de Davao.
O responsável afirmou que as descobertas são suficientes para declarar um surto da doença num país que estava livre do vírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) expressaram a sua preocupação e prontificaram-se a ajudar o Governo a imunizar as crianças, que são as mais susceptíveis a contrair a doença incapacitante.
O representante filipino da UNICEF afirmou que, “enquanto houver uma criança infectada, outras crianças, no país e até mesmo fora, correm o risco de contrair pólio”.

Sem cura

Segundo a página electrónica da OMS, a poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa com maior incidência nas crianças, sendo o vírus transmitido através de fezes ou de água ou alimentos contaminados.
A infecção estende-se por todo o corpo, mas o cérebro e a medula são os mais afectados, podendo causar paralisia irreversível. Não existe cura para a poliomielite, que só pode ser prevenida pela vacinação.
Desde 1988, o número de casos diminuiu em mais de 99 por cento, mas a doença permanece endémica no Afeganistão, Nigéria e Paquistão e os surtos surgem, tipicamente, durante os meses de Verão e Outono.
Em países industrializados é uma doença extremamente rara nos dias de hoje.
Numa declaração conjunta, a OMS e a UNICEF alegaram que o surto é preocupante porque é causado por um poliovírus tipo II derivado de uma vacina.
O vírus enfraquecido usado em vacinas replica-se por um curto período de tempo nos intestinos das crianças e é excretado nas suas fezes. Em casos raros, o vírus enfraquecido consegue fortalecer-se em áreas com pouca sanitização e higiene.
O último surto nas Filipinas foi em 1993. O poliovírus tipo II foi declarado globalmente erradicado em 2015.

20 Set 2019

Custo mínimo, lucro máximo

[dropcap]A[/dropcap] imprensa da especialidade divulgou recentemente quanto ganharam em 2018 os presidentes – ou CEO, como se diz agora, eventualmente com mais rigor técnico mas certamente com menor zelo linguístico, pelo menos no que diz respeito à língua portuguesa – das grandes empresas mundiais do sector turístico. E que magníficos rendimentos auferiram estes soberbos gestores, alguns mesmo capazes de ultrapassar largamente os valores conseguidos em empresas de alto gabarito internacional, como a EDP, que ainda antes de tornar chinesa já se permitia pagar mais de 3 milhões de euros anuais ao seu máximo administrador.

O primeiro lugar é também expressão sintomática de uma tendência inequívoca das economias globais contemporâneas: a da vitória da distribuição sobre a produção, do conhecimento da dinâmica dos mercados sobre a dinâmica dos processos produtivos, da prioridade aos hábitos de consumo e canais comerciais em relação ao conhecimento das matérias primas e do seu processamento. Mais do que produzir conteúdos relevantes e de qualidade, interessa a eficácia com que possam transitar entre quem produz a quem consome. Não pode surpreender, por isso, que o mais bem pago gestor do sector turístico tenha sido o presidente de uma empresa cujos serviços assentam em plataformas digitais globais de reservas e distribuição de viagens e alojamento. Arrecadou mais de 5 milhões e meio de euros durante o ano passado.

As outras duas actividades a dominar esta tabela de fabulosos gestores são, naturalmente, os transportes (sobretudo aéreos) e o alojamento (hoteleiro) – ou mesmo empresas que diversificam e praticam as duas actividades, como é o exemplo da empresa alemã cujo gestor ocupa o segundo lugar da tabela, ultrapassando também os 5 milhões de euros de rendimento anual. Igualmente ilustrativo das dinâmicas contemporânea do capitalismo global, no caso dos transportes aéreos, é o aparecimento neste restrito grupo de dois dirigentes máximos de empresas de aviação de baixo custo – de resto bem conhecidas no mercado português. É sabido que os serviços tendem a ser mínimos, que a pontualidade é duvidosa e que os problemas são frequentes, ainda que na maior parte dos casos estas empresas operem com subsídios generosamente atribuídos por entidades públicas e privados dos destinos para onde dirigem os seus voos. Mais uma vez, conta a eficácia da distribuição: ligações directas e baratas entre origem e destino de grupos específicos de turistas com motivações identificadas, com serviços mínimos e lucros máximos. Cerca de 2 milhões de euros cada um, receberam em 2018 os fabulosos líderes máximos de duas destas empresas.

Particularmente curioso é o caso da hotelaria – e em particular o de uma empresa que por acaso utilizei este ano em dois continentes – cujo fantástico presidente auferiu mais de 4 milhões e meio de euros. A simpatia extrema com que fui tratado num desses hotéis, no sudoeste asiático, acabou por fazer com que tivesse uma interação muito maior que o habitual com quem lá trabalha. Fiquei a saber, por exemplo, que há pessoas (não sei se todas) que não têm sequer direito a um dia completo de descanso semanal – e nem valerá a pena comentar muito os níveis salariais. Certamente isso não acontecerá no segundo hotel do grupo que frequentei, em França, país onde os direitos laborais ainda beneficiam de muito razoável protecção. Ainda assim, era visível a falta de pessoal para os serviços necessários e a desproporção entre as 4 estrelas que classificam o estabelecimento e a qualidade do atendimento. Só um exemplo, que haveria muitos outros: várias vezes me dirigi ao bar para tomar um café antes de sair do hotel e quase nunca tinha alguém que me atendesse, ainda que o dito bar estivesse aberto; dirigia-me então à recepção, de onde telefonavam à pessoa que me deveria atender, entretanto ocupada noutra tarefa qualquer. Uma polivalência forçada numa equipa intencionalmente insuficiente, que contribui – tal como a ausência de descanso para quem trabalha no sudoeste da Ásia – para as poupanças necessárias ao magnânimo pagamento dos magníficos serviços do mais alto gestor da companhia.

É muito disto que se faz a dinâmica turística global contemporânea: custos mínimos, exploração máxima, lucros altos e remunerações aberrantes e injustas para os administradores de topo.

Também é assim que se constroem sociedades cada vez mais desiguais, exclusivas e injustas, como as que vamos observando na fase actual do capitalismo. Não é só no turismo, certamente – em muitos outros sectores se assiste a práticas semelhantes e a uma crescente desproporção entre os salários dos trabalhadores e dos gestores de topo. Mas não deixa de ser sintomático que a uma economia menos orientada para a incorporação de conhecimento e tecnologia e mais dependente de experiências turísticas de baixo custo e baixa incorporação de valor acrescentado corresponda também uma sociedade mais desigual e injusta.

20 Set 2019

A vida das escravas 

[dropcap]O[/dropcap] texto que publicamos hoje no jornal relativo ao relatório da ONG Global Policy Review assusta pelas conclusões que apresenta, por vários motivos. Em primeiro lugar, são conclusões que não são propriamente novas, mas que convém ser lembradas por existir muita coisa a mudar a nível governamental.

Estas mulheres são vistas todos os domingos nas ruas e todos sabem que levam vidas miseráveis, mas a verdade é que as autoridades continuam a fechar os olhos, fazendo de Macau e de Hong Kong dos lugares mais difíceis para os trabalhadores migrantes. Hong Kong vive uma espécie de revolução nas ruas por motivos políticos, mas há muito que estas mulheres estão nas ruas e ninguém dá por elas.

Foi necessário uma empregada doméstica da Indonésia ser brutalmente espancada para a sociedade civil começar a olhar de outra forma para esta questão, mas há ainda muito por fazer. Há muito a mudar para que Hong Kong seja um lugar melhor. Mudar o sistema político pode ser fundamental, mas há que olhar para os enormes problemas sociais existentes. Dessa forma, todos viverão melhor.

20 Set 2019

Bolinha | Expulsões acabam com jogo mais cedo

[dropcap]O[/dropcap] encontro entre Lun Lok e Ka Ia, a contar para o campeonato de futebol sete, terminou 17 minutos mais cedo, depois do árbitro ter expulsado três atletas do Lun Lok, nomeadamente Chu Kai Wang, Ho Man Hou e Fabrício Lima.

Estas expulsões fizeram com que de acordo com os regulamentos a equipa ficasse sem o número mínimo de atletas em campo para disputar o encontro. Do lado do Ka I também houve uma expulsão. Porém, o encontro não terminou sem polémica, com os ânimos a exaltarem-se e no final os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública tiveram mesmo de intervir para proteger o árbitro da confusão.

20 Set 2019

Bolinha | Expulsões acabam com jogo mais cedo

[dropcap]O[/dropcap] encontro entre Lun Lok e Ka Ia, a contar para o campeonato de futebol sete, terminou 17 minutos mais cedo, depois do árbitro ter expulsado três atletas do Lun Lok, nomeadamente Chu Kai Wang, Ho Man Hou e Fabrício Lima.
Estas expulsões fizeram com que de acordo com os regulamentos a equipa ficasse sem o número mínimo de atletas em campo para disputar o encontro. Do lado do Ka I também houve uma expulsão. Porém, o encontro não terminou sem polémica, com os ânimos a exaltarem-se e no final os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública tiveram mesmo de intervir para proteger o árbitro da confusão.

20 Set 2019

Resistência | Álvaro Mourato participou na “Huanglong Extreme Endurance Race”

[dropcap]E[/dropcap]nquanto continua afastado das pistas a aguardar por ventos de mudança no automobilismo local, o ex-piloto de carros de Turismo Álvaro Mourato representou Macau na “Huanglong Extreme Endurance Race”, uma prova de “trail running” que se disputou no distrito de Songzhou, na borda leste do Tibete, a mais de cinco quilómetros acima do nível do mar.

“Fui convidado pela Macau Wing Runners Group para participar neste evento. Foi uma prova organizada pelo China Ultra Tour e contou com seiscentos participantes divididos por três classes. Na minha classe participaram cem concorrentes, mas só trinta e oito conseguiram terminar”, explicou Mourato ao HM.

Esta prova de “trail running” dividiu-se em três classes: UTHL100km, XBD60km e MNG40km. Mourato participou na UTHL100km, “que teve 107 km de distância, uma altitude total de 4996 metros e uma altitude máxima acima do nível do mar perto dos cinco quilómetros”. Para terminarem classificados os concorrentes tinham que cumprir o desafio dentro do período de tempo de trinta e uma horas.

“O meu objectivo era mesmo só para terminar dentro das trinta e uma horas. Mas quando cheguei ao ‘check-point’ nº6, fui avisado que estava em oitavo da geral”, confessou o macaense que fez corridas de automóveis e motos no Grande Prémio de Macau num passado recente e que cumpriu a sua terceira participação em provas desta natureza. “Quando recebi aquela informação, troquei logo o meu objectivo, foi ‘tudo ou nada’. Tentar acabar nos dez primeiros passou a ser o objectivo e ataquei ao máximo os participantes que estavam à minha frente. No fim, consegui chegar até sexto e estou muito contente com o resultado obtido.”

Dos dois participantes de Macau na UTHL100km, Mourato foi sexto classificado, cumprindo o desígnio em 21 horas e 52 minutos, enquanto Wai Lok terminou no vigésimo terceiro lugar, em 27 horas e 3 minutos.

20 Set 2019

Resistência | Álvaro Mourato participou na "Huanglong Extreme Endurance Race"

[dropcap]E[/dropcap]nquanto continua afastado das pistas a aguardar por ventos de mudança no automobilismo local, o ex-piloto de carros de Turismo Álvaro Mourato representou Macau na “Huanglong Extreme Endurance Race”, uma prova de “trail running” que se disputou no distrito de Songzhou, na borda leste do Tibete, a mais de cinco quilómetros acima do nível do mar.
“Fui convidado pela Macau Wing Runners Group para participar neste evento. Foi uma prova organizada pelo China Ultra Tour e contou com seiscentos participantes divididos por três classes. Na minha classe participaram cem concorrentes, mas só trinta e oito conseguiram terminar”, explicou Mourato ao HM.
Esta prova de “trail running” dividiu-se em três classes: UTHL100km, XBD60km e MNG40km. Mourato participou na UTHL100km, “que teve 107 km de distância, uma altitude total de 4996 metros e uma altitude máxima acima do nível do mar perto dos cinco quilómetros”. Para terminarem classificados os concorrentes tinham que cumprir o desafio dentro do período de tempo de trinta e uma horas.
“O meu objectivo era mesmo só para terminar dentro das trinta e uma horas. Mas quando cheguei ao ‘check-point’ nº6, fui avisado que estava em oitavo da geral”, confessou o macaense que fez corridas de automóveis e motos no Grande Prémio de Macau num passado recente e que cumpriu a sua terceira participação em provas desta natureza. “Quando recebi aquela informação, troquei logo o meu objectivo, foi ‘tudo ou nada’. Tentar acabar nos dez primeiros passou a ser o objectivo e ataquei ao máximo os participantes que estavam à minha frente. No fim, consegui chegar até sexto e estou muito contente com o resultado obtido.”
Dos dois participantes de Macau na UTHL100km, Mourato foi sexto classificado, cumprindo o desígnio em 21 horas e 52 minutos, enquanto Wai Lok terminou no vigésimo terceiro lugar, em 27 horas e 3 minutos.

20 Set 2019

A Grande Dama do Chá

 

[CAPÍTULO ANTERIOR]

 

[dropcap]P[/dropcap]ara Cândido Vilaça, Macau ainda era um labirinto de ruas desconhecidas. De esquinas e becos onde se escondiam almas que não queriam revelar o seu passado. Ele não era diferente. O seu passado atormentava-o, como se fosse um fantasma incapaz de adormecer para sempre. Olhou para o céu em busca das estrelas. Não as viu. Estava uma noite nublada e quente. Caminhava calmamente para o restaurante “Grande Oriente”, onde combinara encontrar-se para jantar com José Prazeres da Costa. Ainda um pouco longe, ouviu o estampido dum tiro, algo que não o incomodou. Ouvira muitos em Xangai, quando os assassínios se sucediam, mesmo nas avenidas mais movimentadas da concessão francesa. De qualquer maneira apressou o passo. Passados cerca de cinco minutos chegou defronte do restaurante. Junto a ele aglomeravam-se algumas pessoas e um par de agentes da Polícia de Segurança Pública. Aproximou-se. No chão estava um corpo. Não tardou a reconhecê-lo. Era o do russo Ivan Sapojnikov, que trabalhava para Toshio Nomura. Não era um bom sinal. Fora morto a tiro.

Os agentes da PSP pediam aos curiosos para se retirarem, enquanto esperavam a chegada de um médico e de um oficial superior. Cândido entrou no restaurante, onde muitos clientes pareciam não se ter apercebido do sucedido. Ou então, não desejavam saber o que se passava.

José Prazeres da Costa estava sentado numa das mesas, com um copo de vinho tinto à frente. Cândido sentou-se à sua frente e, antes de dizer algo, Prazeres da Costa questionou-o:

– Está morto, não é?
– Parece-me que sim.
– É uma desgraça. Tinha estado a falar com ele há pouco. Ia levar um recado meu para o Nomura. Porque é que aconteceu isto?
– Porque tinha de acontecer.

O olhar de Prazes da Costa ficou lívido:

– Achas? Será que também me seguem?
– Quem?
– Os chineses do Bando Verde. É deles que Nomura tem medo.

Foram interrompidos por Tomé de Freitas, o dono do restaurante. O seu ar era pesado. Olhou fixamente para Prazeres da Costa e, depois, para Cândido, antes de perguntar:

– Desejam jantar?

Ambos escolherem os inevitáveis bifes com batatas frita e ovo estrelado, uma especialidade da casa. Tomé de Freitas ia dizer algo mais, mas conteve-se. Não conhecia bem Cândido. Afastou-se, rumo ao balcão. O músico olhou para Prazeres da Costa. A sua habitual postura orgulhosa, mas tímida, dera agora lugar a outra, em que os seus mais pequenos gestos traduziam apenas inquietação. Ou desconfiança e insegurança. Cândido viu-o sondar a sala com os olhos. Tinha medo. Tentou desviar a conversa:

– E Amélia, como está?
– Tenho de tomar uma decisão. Mas agora não sei. Se eu estou em perigo, ela também o poderá estar. Meu caro Cândido, esta morte é um sinal. Não vai haver tréguas. Nomura vai retaliar. Este era um dos seus tenentes. Não sei se sabes mas têm morrido homens do Bando Verde e outros que alinham connosco. Assassinados. Outros desaparecem. Tem sido uma guerrra subterrânea, mas onde só têm sido sacrificados peões. Como no xadrez, compreendes. Agora, a guerra é outra.
– Achas que poderá chegar a ti?

Prazeres da Costa fulminou-o:

– E a ti, se desconfiarem do que fazes. Se perceberem que usas o que te diz a chinesa para nos informares, também serás um alvo. Não era nada disso que o Nomura me prometera. Mas se o russo foi morto… Até o Tomé, que é um grande amigo nosso, e tem ouvidos muito atentos, está receoso.

Cândido franziu os lábios. Bebeu um pouco de vinho, no momento em que colocaram a comida defronte deles. Depois disse:

– A política sempre foi uma actividade perigosa. Aprendi isso em Xangai. E outra coisa. A justiça as vezes não é cega, como o de uma deusa, mas tem pés de chumbo. A polícia portuguesa não vai descobrir quem o matou.

Prazeres da Costa estremeceu um pouco e olhou com insistência para o tecto, julgando, talvez, que dali viesse alguma resposta para as suas dúvidas. Depois comeu um pouco do bife. Parecia ter deixado de ter apetite. A voz trémula dizia tudo:

– Porque é que achas que o russo foi morto?
– Porque sabia demais.
– Não. Foi para começar uma guerra.

Olharam um para o outro, à espreita do perigo. Mas nenhum dos dois o via naquele momento. Cândido, mais descontraído, disse:

– O primeiro passo para resolver um problema é vê-lo de forma clara. Nomura fará isso.
– Achas? Ele, às vezes, perde a calma. E guia-se pelas emoções.

Cândido reparou, pela primeira vez, que Prazeres da Costa tinha os dedos amarelos, por causa da nicotina. Fumava demasiado nos últimos tempos. Por causa dos japoneses. E, sobretudo, por causa de Amélia. Voltou à conversa:

– Isso é mau. Talvez seja o que os chineses do Bando Verde estão à espera. Que ele dê um passo em falso. Já agora, diz-me, ele ficou contente com a minha informação?
– Muito.

Cândido olhou à volta. A noite apresentava-se promissora. Tinham chegado novas raparigas ao restaurante. As que, quando a iluminação deixava de ser tão clara, cirandavam pelas mesas, em busca de companhia. Algumas eram russas, outras da Mongólia. Naquela noite apresentava-se ali uma fadista que tinha vindo de Lisboa. E, de caminho para Goa, aproveitara para conhecer Macau. Apeteceu-lhe ir buscar o saxofone e juntar o seu som ao da guitarra portuguesa e da voz dela. Era uma rapariga de pouco mais de 30 anos. Muito morena e de olhos negros. Usava um xaile, algo que era um acessório quente para as noites de Macau. Mas era uma imagem que definia uma fadista como ela. Ana de Freitas, assim se chamava aquela jovem que tinha a voz quente e poderosa que, à meia-luz, fez silenciar todos os que estavam no restaurante. E cantava:

Venho
Desse tempo já esquecido
Quando as mãos se tocavam nos becos
Trocavam beijos ao luar
Tudo isso é tempo ido
Que saudades de amar

Venho
De esquinas sem idade
Onde mulheres de má fama
Liam sinas cheias de verdade
Onde viam perigos
Numa vida de enganos

Tenho
Uma faca e um canivete
Para sobreviver
Aos meus pecados
Na pele, gravados
No coração, desenhados

Quando ela terminou, quase meia hora depois, entre aplausos, Prazeres da Costa fitou Cândido e disse:

– E a tua amiga Marina Kaplan? Não posso deixar de lhe agradecer o que fez por mim.
– Ela é uma senhora. Poderia, se quisesse, recrutar qualquer pessoa para as suas causas. Até os padres. Ou mais.
– Seria uma boa recruta para Nomura.
– Não a tentes com isso. Perderás uma amiga.
– Achas?
– Tenho a certeza. Marina não alinha com ninguém. Só com os seus interesses. E estes são insondáveis. Já agora, que sabes de Ezequiel de Campos?
– Ele é a pessoa por detrás das cortinas. Tem mais poder do que muitos que julgamos serem os mais poderosos de Macau.

Cândido bebeu mais um gole de vinho. Apetecia-lhe sair dali. Já deveriam ter retirado o corpo do russo do passeio onde tinha sido assassinado.

– Ficas, José? Eu vou indo.
– Vou ficar. Apetece-me ficar embriagado. E conhecer as novas raparigas.
– E depois vai jogar?
– Hoje já jogaram o suficiente comigo. Poderia ter sido eu a morrer.
– É verdade.

Cândido saiu. Não se via ninguém na rua. Sabia-lhe bem o cheiro da noite. Mas sentia que lhe faltava algo. Seguiu rumo ao “Bambu Vermelho”. O aroma do ópio chamava-o, para que se pudesse acalmar. E dormir em paz.

20 Set 2019