Estudo | “Uma Faixa, Uma Rota” pode colocar em risco Acordo de Paris

Um estudo do Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua analisou o custo ambiental da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e concluiu que pode ser fatal para os objectivos estabelecidos no Acordo de Paris. O impacto ambiental pode comprometer o esforço conjunto para inverter a marcha no combate às alterações climáticas, graças às práticas dos países envolvidos no projecto, numa altura em que Pequim aposta na economia verde

 

[dropcap]Q[/dropcap]uando os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris, estabelecido em 2015 para combater o aquecimento global e as alterações climáticas, tudo indicava que a China teria a porta aberta para assumir um papel de liderança em questões ambientais. Ainda para mais, face à irónica tese conspirativa que Donald Trump repetiu diversas vezes, em campanha eleitoral e ainda antes, de que as alterações climáticas eram uma fraude perpetuada por Pequim.

Segundo um estudo do Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua divulgado ontem, a realidade parece apontar no sentido contrário, muito por culpa da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. O desenvolvimento económico de países que fazem parte da política global depende energeticamente em grande parte do carvão, o que pode tornar impossível de atingir os objectivos estabelecidos em 2015 pelo Acordo de Paris.

A gigantesca teia de portos, caminhos-de-ferro, redes rodoviárias e parques industriais espalhados pela Ásia, África, Médio Oriente e Europa representa um investimento brutal, distribuído por 126 países. Enquanto Pequim entra com uma parte significativa do dinheiro, os projectos vão também contar com injecções de capitais de outros actores nacionais públicos e privados, aumentando as preocupações quanto às eventuais consequências ambientais.

O estudo da Universidade Tsinghua traça um mau resultado da pegada de ecológica, quanto às emissões de carbono, da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, concluindo que existe um risco significativo de apenas com base nas emissões de gases de efeito estufa originadas pela construção das infra-estruturas do mega-projecto os objectivos do Acordo de Paris irem por água abaixo.

Quase um terço

O Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua diz na sua análise que 126 dos países envolvidos no projecto “Uma Faixa, Uma Rota” representam 28 por cento das emissões de gases de efeito de estufa resultantes de acção humana. O estudo teve em conta os efeitos de diferentes abordagens na construção de megaportos, condutas de transporte de combustíveis, caminhos-de-ferro e autoestradas em 17 países abrangidos pela iniciativa de Pequim. Neste aglomerado de nações, estima-se que países como a Rússia, Irão, Arábia Saudita e Indonésia teriam de baixar as emissões de carbono em 68 por cento até 2050, comparado com as actuais trajectórias, de forma a cumprir os objectivos traçados em Paris.

“Estamos num cenário em que nada mudou. Se continuarmos nesta direcção, mesmo que todos os outros países do planeta cumpram, incluindo os Estados Unidos, China e Índia, ainda assim as emissões de carbono vão rebentar a escala”, aponta Simon Zadek, investigador convidado da Universidade Tsinghua.

“A dinâmica de crescimento da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ é tão grande, que se as emissões de carbono abrangidas pelo programa não cumprirem o acordo, não interessa se os restantes países cumprem ou não”, acrescenta o investigador.

O estudo indica que, até 2050, as emissões de gases estufa produzidas pelos países da iniciativa poderiam ser 39 por cento mais baixas, se fossem seguidas as melhores práticas industriais, recorrendo a tecnologias mais amigas do ambiente.

Oportunidade única

Importa referir que a China continua a ser o maior poluidor no que diz respeito às emissões de carbono, produzindo cerca de 30 por cento de todo carbono de origem humana, mesmo que per capita as emissões andem a par das emitidas pela Europa.

Apesar de Pequim ter firmado uma posição forte em termos de política doméstica de controlo da poluição atmosférica, tem sido alvo de críticas graças ao investimento baseado em combustíveis fósseis em projectos fora das suas fronteiras.

O investigador do Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua indica que é necessário que Pequim tenha uma “política consistente”, tanto em casa, como fora, no que toca às emissões de carbono.

Segundo uma estimativa das Nações Unidas, cerca de dois terços das infra-estruturas projectadas até 2050 ainda estão por construir. Neste aspecto, Zadek adianta que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” constitui uma oportunidade global para “descarbonizar”, ao mesmo tempo que se expande o comércio e o crescimento económico. Para tal, o investigador sugere que se estabeleça uma plataforma internacional de apoio e financiamento “verde” aos países abrangidos pela iniciativa que procura replicar a antiga rota da seda, musculada e com fiscalizações ambientais obrigatórias aos investimentos chineses. “Será fácil? Será que conseguimos atingir este objectivo até amanhã às 9h? Claro que não. Mas se mostrarmos qual o caminho para atingir estes objectivos, creio que será exequível”, estima o investigador.

Em brasa

Empresas chinesas estão envolvidas em, pelo menos, 240 estações de produção de energia baseadas na combustão de carvão em 25 países abrangidos pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, entre eles Bangladesh, Paquistão, Sérvia, Quénia, Gana, Maláui e Zimbabué. Pequim está também a financiar perto de metade das estações que usam carvão no Egipto, Tanzânia e Zâmbia. Apesar de a China estar a construir no Bangladesh uma estação de “carvão limpo”, as restantes assentam em tecnologia menos avançada e que não tem em conta o controlo das emissões de carbono.

Importa recordar que a indústria da energia e do carvão estiveram no centro da revolução industrial e económica chinesa. De 1990 para 2015, o consumo anual de carvão na China passou das 1.05 mil milhões de toneladas para 3.97 mil milhões de toneladas, garantindo mais de 70 por cento da produção energética, factor determinante no rápido crescimento do PIB chinês.

O preço pago pelo vício do carvão foi elevado levando à escassez de água, chuvas ácidas e níveis alarmantes de poluição atmosférica.

Hoje em dia, a liderança política de Pequim aposta na “eco-civilização”, conceito inscrito na constituição do Partido Comunista Chinês, que assenta na protecção ambiental e numa nova fase do desenvolvimento económico do país.

Os planos de mudança da estratégia assente na forte industrialização para uma economia baseada no sector dos serviços, acompanhada por grandes investimentos em energias renováveis, pode permitir à China atingir reduções substanciais na “intensidade energética” baseada em combustíveis fósseis. Até lá, espera-se que o consumo de carbono atinja o seu auge, antes de começar a baixar.

Porém, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” ameaça amarrar a China a parceiros económicos responsáveis por elevadas emissões de carbono, num momento em que a segunda maior economia do mundo, a passos de se tornar na maior, se distancia deste tipo de práticas que ameaçam fazer escalar o aquecimento global.

Em 2016, o Presidente Xi Jinping projectou o desejo de ver a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” como um projecto “verde, saudável, inteligente e pacífico”, ao mesmo tempo que incentivou os países participantes a aprofundarem a cooperação em termos de protecção ambiental. Foram divulgadas directrizes nesse sentido, mas sem carácter obrigatório, levando à fraca aplicabilidade. O problema permanece, com ou sem Acordo de Paris.

 

Com AP

3 Set 2019

Estudo | “Uma Faixa, Uma Rota” pode colocar em risco Acordo de Paris

Um estudo do Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua analisou o custo ambiental da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e concluiu que pode ser fatal para os objectivos estabelecidos no Acordo de Paris. O impacto ambiental pode comprometer o esforço conjunto para inverter a marcha no combate às alterações climáticas, graças às práticas dos países envolvidos no projecto, numa altura em que Pequim aposta na economia verde

 
[dropcap]Q[/dropcap]uando os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris, estabelecido em 2015 para combater o aquecimento global e as alterações climáticas, tudo indicava que a China teria a porta aberta para assumir um papel de liderança em questões ambientais. Ainda para mais, face à irónica tese conspirativa que Donald Trump repetiu diversas vezes, em campanha eleitoral e ainda antes, de que as alterações climáticas eram uma fraude perpetuada por Pequim.
Segundo um estudo do Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua divulgado ontem, a realidade parece apontar no sentido contrário, muito por culpa da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. O desenvolvimento económico de países que fazem parte da política global depende energeticamente em grande parte do carvão, o que pode tornar impossível de atingir os objectivos estabelecidos em 2015 pelo Acordo de Paris.
A gigantesca teia de portos, caminhos-de-ferro, redes rodoviárias e parques industriais espalhados pela Ásia, África, Médio Oriente e Europa representa um investimento brutal, distribuído por 126 países. Enquanto Pequim entra com uma parte significativa do dinheiro, os projectos vão também contar com injecções de capitais de outros actores nacionais públicos e privados, aumentando as preocupações quanto às eventuais consequências ambientais.
O estudo da Universidade Tsinghua traça um mau resultado da pegada de ecológica, quanto às emissões de carbono, da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, concluindo que existe um risco significativo de apenas com base nas emissões de gases de efeito estufa originadas pela construção das infra-estruturas do mega-projecto os objectivos do Acordo de Paris irem por água abaixo.

Quase um terço

O Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua diz na sua análise que 126 dos países envolvidos no projecto “Uma Faixa, Uma Rota” representam 28 por cento das emissões de gases de efeito de estufa resultantes de acção humana. O estudo teve em conta os efeitos de diferentes abordagens na construção de megaportos, condutas de transporte de combustíveis, caminhos-de-ferro e autoestradas em 17 países abrangidos pela iniciativa de Pequim. Neste aglomerado de nações, estima-se que países como a Rússia, Irão, Arábia Saudita e Indonésia teriam de baixar as emissões de carbono em 68 por cento até 2050, comparado com as actuais trajectórias, de forma a cumprir os objectivos traçados em Paris.
“Estamos num cenário em que nada mudou. Se continuarmos nesta direcção, mesmo que todos os outros países do planeta cumpram, incluindo os Estados Unidos, China e Índia, ainda assim as emissões de carbono vão rebentar a escala”, aponta Simon Zadek, investigador convidado da Universidade Tsinghua.
“A dinâmica de crescimento da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ é tão grande, que se as emissões de carbono abrangidas pelo programa não cumprirem o acordo, não interessa se os restantes países cumprem ou não”, acrescenta o investigador.
O estudo indica que, até 2050, as emissões de gases estufa produzidas pelos países da iniciativa poderiam ser 39 por cento mais baixas, se fossem seguidas as melhores práticas industriais, recorrendo a tecnologias mais amigas do ambiente.

Oportunidade única

Importa referir que a China continua a ser o maior poluidor no que diz respeito às emissões de carbono, produzindo cerca de 30 por cento de todo carbono de origem humana, mesmo que per capita as emissões andem a par das emitidas pela Europa.
Apesar de Pequim ter firmado uma posição forte em termos de política doméstica de controlo da poluição atmosférica, tem sido alvo de críticas graças ao investimento baseado em combustíveis fósseis em projectos fora das suas fronteiras.
O investigador do Centro de Finanças e Desenvolvimento da Universidade Tsinghua indica que é necessário que Pequim tenha uma “política consistente”, tanto em casa, como fora, no que toca às emissões de carbono.
Segundo uma estimativa das Nações Unidas, cerca de dois terços das infra-estruturas projectadas até 2050 ainda estão por construir. Neste aspecto, Zadek adianta que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” constitui uma oportunidade global para “descarbonizar”, ao mesmo tempo que se expande o comércio e o crescimento económico. Para tal, o investigador sugere que se estabeleça uma plataforma internacional de apoio e financiamento “verde” aos países abrangidos pela iniciativa que procura replicar a antiga rota da seda, musculada e com fiscalizações ambientais obrigatórias aos investimentos chineses. “Será fácil? Será que conseguimos atingir este objectivo até amanhã às 9h? Claro que não. Mas se mostrarmos qual o caminho para atingir estes objectivos, creio que será exequível”, estima o investigador.

Em brasa

Empresas chinesas estão envolvidas em, pelo menos, 240 estações de produção de energia baseadas na combustão de carvão em 25 países abrangidos pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, entre eles Bangladesh, Paquistão, Sérvia, Quénia, Gana, Maláui e Zimbabué. Pequim está também a financiar perto de metade das estações que usam carvão no Egipto, Tanzânia e Zâmbia. Apesar de a China estar a construir no Bangladesh uma estação de “carvão limpo”, as restantes assentam em tecnologia menos avançada e que não tem em conta o controlo das emissões de carbono.
Importa recordar que a indústria da energia e do carvão estiveram no centro da revolução industrial e económica chinesa. De 1990 para 2015, o consumo anual de carvão na China passou das 1.05 mil milhões de toneladas para 3.97 mil milhões de toneladas, garantindo mais de 70 por cento da produção energética, factor determinante no rápido crescimento do PIB chinês.
O preço pago pelo vício do carvão foi elevado levando à escassez de água, chuvas ácidas e níveis alarmantes de poluição atmosférica.
Hoje em dia, a liderança política de Pequim aposta na “eco-civilização”, conceito inscrito na constituição do Partido Comunista Chinês, que assenta na protecção ambiental e numa nova fase do desenvolvimento económico do país.
Os planos de mudança da estratégia assente na forte industrialização para uma economia baseada no sector dos serviços, acompanhada por grandes investimentos em energias renováveis, pode permitir à China atingir reduções substanciais na “intensidade energética” baseada em combustíveis fósseis. Até lá, espera-se que o consumo de carbono atinja o seu auge, antes de começar a baixar.
Porém, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” ameaça amarrar a China a parceiros económicos responsáveis por elevadas emissões de carbono, num momento em que a segunda maior economia do mundo, a passos de se tornar na maior, se distancia deste tipo de práticas que ameaçam fazer escalar o aquecimento global.
Em 2016, o Presidente Xi Jinping projectou o desejo de ver a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” como um projecto “verde, saudável, inteligente e pacífico”, ao mesmo tempo que incentivou os países participantes a aprofundarem a cooperação em termos de protecção ambiental. Foram divulgadas directrizes nesse sentido, mas sem carácter obrigatório, levando à fraca aplicabilidade. O problema permanece, com ou sem Acordo de Paris.
 
Com AP

3 Set 2019

No ‘hub’ tecnológico da China também se produzem os artistas do futuro

João Pimenta, jornalista da agência Lusa 

 

[dropcap]S[/dropcap]entados em frente ao portátil nos escritórios da Star Master Entertainment, funcionários produzem, das 09:00 às 17:00, letras sobre o amor, enquanto, no piso abaixo, divididos em cubículos, jovens chineses treinam coreografia, técnicas vocais ou etiqueta.

“Nós concebemos bandas”, resume à agência Lusa Nikki, administradora da Star Master, uma das maiores promotoras chinesas de artistas pop e dona de centenas de espaços nocturnos no país.

“Eles vêm de diferentes escolas de música e nós construímos a sua imagem”, descreve. “É como criar um produto”, acrescenta.

Milhares de potenciais ídolos acorrem semanalmente aos testes e exames na academia da Star Master, ilustrando o ‘boom’ da indústria pop na China, apesar do controlo ideológico exercido pelo regime chinês, que submete os artistas aos “valores socialistas”.

A academia fica em Shenzhen, uma das mais prósperas cidades chinesas, usada como laboratório à abertura do país à economia de mercado, nos anos 1980.

Situada na fronteira com Hong Kong, Shenzhen tornou-se um ‘hub’ global para fabrico de instrumentos electrónicos e sede das principais firmas tecnológicas do país, como o grupo de telecomunicações Huawei, a fabricante automóvel BYD ou o gigante da Internet Tencent.

Apenas 1.200 candidatos são aceites a cada seis meses – o tempo de duração do programa.
“A boa aparência é uma condição básica”, revela Nikky.

Os jovens, alguns adolescentes, moram em regime de internato, e treinam e estudam até doze horas por dia, incluindo canto, dança, relações públicas, etiqueta, maquilhagem ou desporto.

“Os artistas têm uma dieta e rotina de exercício físico rigorosa: nós é que definimos a alimentação”, descreve a administradora. O peso é verificado “diariamente” e sair com amigos “não é autorizado”. “Se eles querem ser artistas, têm que estar dispostos a sacrificar tudo”, aponta.

Regras do jogo

A promotora não cobra propinas, mas fica com um valor gerado pelas futuras performances dos artistas nos mais de 600 espaços de entretenimento que gere em toda a China, incluindo restaurantes, bares, discotecas ou clubes da karaoke.

A febre pelo pop na China advém da vizinha Coreia do Sul, onde a multibilionária indústria K-pop criou já alguns sucessos mundiais, como as bandas BTS (Bangtan Boys) e Black Pink ou o artista PSY.

A indústria é ainda impulsionada por concursos televisivos de talentos como Super Girl ou Voice of China, no qual Nikky participou, e que permitem criar estrelas pop da noite para o dia, alimentando o sonho de milhões de jovens chineses.

A Star Master tem alunos a participar em concursos por toda a China. “Alguns deles tornam-se famosos, outros desaparecem”, conta Nikky.

Os fãs podem ser adolescentes (“uma geração louca”), mas também mães, nascidas nos anos 1970 ou 1980. “Existe o clube Fãs Mães. Elas não apreciam tanto a música, mas mais a imagem: a boa aparência dos artistas”, revela.

À semelhança de outros agentes culturais, e apesar de privada, a Star Master Entertainment ostenta nos seus escritórios painéis com as directrizes do Partido Comunista Chinês, lembrando que, na China, a criatividade cultural deve obedecer aos “valores socialistas”.

Tatuagens, por exemplo, são proibidas, seguindo uma ordem do Governo chinês, no ano passado, que abrange todas as figuras públicas do país, incluindo músicos, actores ou futebolistas.

Mas Nikky desdramatiza: “Não é como há vinte anos. As gerações mais novas não sentem tanta pressão ideológica”. Mas admite que por vezes as letras têm que ser alteradas, excluindo conteúdo perceptível de ser “contra o comunismo ou a sociedade no geral”.

É um “acordo tácito”, diz. “Desde que não vás contra o Governo, o Governo não vai contra ti”, sintetiza.

2 Set 2019

No meio dos impérios

[dropcap]C[/dropcap]oração GT acelera prego a fundo, ardente de desejo de colisão. Mira apontada ao ponto que separa os dois eixos que dominam o mundo, bisturi que separa os dois monstros siameses. Velocidade que galga estrada rumo à inevitável vitória contra as forças do Mal e do Passado.

A velha dicotomia relativista de escolha necessária do mal menor tem os dias contados, o mundo a branco e preto onde se escolhe um dos impérios, arrastando princípios e decência para a sarjeta, não consegue conter a erupção do vulcão multicolor.

Vivemos ensanduichados entre impérios. O mero desdém por autocracia e absolutismo não é suficiente neste novo mundo ultra-político e, como tal, monocromático. Hitler ou Estaline, cancro no pâncreas ou tumor cerebral? Se crítico um deve ser porque concordo com o outro. É assim que se justificam massacres, simplesmente entoando “então e não sei o quê?”, desviando a atenção do essencial com o whataboutism de que falam os anglófonos.

Não tenho nem quero escolher entre os Estados Unidos e a China. Apontar os crimes e atentados aos direitos humanos de um, não iliba as atrocidades do outro. Que raio de lógica é esta?! É a lógica de caixa de comentário de rede social, o mecanismo primário de defesa do status quo, a relativização apologética dos fanáticos que revitalizaram idiotas como os terraplanistas e os movimentos anti-conhecimento. Prefiro a fome a ver-me forçado à escolha entre uma sandes de merda e uma tosta de bosta.

Permitam-me um sonho violento de visões tensas de pré-apocalipse. Quem vive sem solo debaixo dos pés, sem contratos, sem tecto fixo, sem projectos de longo prazo, sem confiança no poder, não tem de escolher o menor de dois males. Esse conformismo está reservado para a comodidade de quem não quer chatices.

O novo século trouxe-nos a primeira geração que é mais pobre que os seus pais em muito tempo, depois do século do grande crescimento económico e tecnológico. Uma geração perdida que vive a angústia da aniquilação do planeta, que arde com as florestas tropicais e derrete com os glaciares. Esta inquietude é gasolina, é cisão do átomo, é ansiedade que não permite concessões a escolhas predeterminadas, nem meias verdades impostas que mancham a liberdade.

O desespero é a exterminadora espada cuja lâmina anseia as carótidas dos dois dragões imperiais. Só sei que venceremos, não no sentido militar, não precisamos disso. A nossa “energia” simplesmente prevalecerá face aos monólitos do passado, o poder cinético da força dos tempos impele-nos, o “agora” está do nosso lado, nós somos o zeitgeist, o espírito dos tempos, a fruta madura da época. Cavalgamos juntos esse deslumbrante tsunami que vai destruir os edifícios bolorentos do relativismo burguês. (obrigado pela boleia, Hunter. Vou voltar ao volante).

Atentem nesta geração que nasceu com a repulsa iconográfica à rebeldia mercantilizada do punk vendido pela H&M, à arte de rua abençoada pelo Estado, às golas altas das gerações que se esqueceram de como lutar contra os vampiros. Eles continuam a comer tudo, ainda com maior voracidade. A vossa revolução deu-nos o neoliberalismo e a prostração mansa que abriu portas ao renascimento do fascismo.

As nossas paixões são destrutivas, temos a morte a dissolver debaixo da língua para mais rápida absorção. Sonhamos com novo terror jacobino, a purificação pelo fogo, a queda dos impérios.

Todos! Não temos facínoras favoritos, nem atribuímos valor de mercado a sangue derramado. Preferimos pessoas que vendem no mercado a mercados que vendem pessoas.

Mas nada disto é novo. Todos os sistemas calcinados precisam, de tempos a tempos, de um pontapé nos tomates, um murro certeiro no fígado inchado por vintages desferido por mãos gretadas por aguardente rasca para se lembrarem que estamos aqui e que não vamos a lado nenhum. Este texto não tem qualquer relação com o que se passa em Hong Kong, e está muito além dos protestos na região vizinha. Zoom out!

2 Set 2019

Alguém se lembra?

[dropcap]A[/dropcap]s eleições legislativas para a Assembleia da República (AR) em Portugal sempre tiveram pouca adesão por parte dos portadores de passaporte português que residem em Macau. Os motivos são vários e já foram espelhados em vários artigos jornalísticos deste e de outros jornais.

Mas não deixa de ser curioso o facto de, em tempos, o CDS-PP ter sido um partido com expressão em Macau, tendo inclusivamente estado ligado ao estabelecimento da associação de cariz político ADIM (Associação para a Defesa dos Interesses de Macau), fundada por um grupo de macaenses, onde se inclui Carlos D’Assumpção, e que chegou a eleger um deputado à Assembleia Legislativa.

Com o passar dos anos, a ADIM desapareceu e o CDS-PP parece ter perdido alguma expressão política no território a favor do PSD, ao ponto de só este ano voltar em força com a candidata local Joana Alves Cardoso. Há uns tempos, em entrevista, Ribeiro e Castro, ex-líder do partido, falava da importância que a ADIM tinha tido para o partido.  Hoje, o CDS-PP nem sequer tem uma secção do partido em Macau, ao contrário do PS e do PSD.

Trata-se de falta de estratégia do CDS-PP, ou a comunidade macaense, e também portuguesa, resolveu olhar para outras facções políticas? Joana Alves Cardoso disse que os resultados nas legislativas para a AR podem ditar, ou não, o estabelecimento de uma secção do partido no território. Veremos se haverá mais um capítulo nesta história.

2 Set 2019

Haojing e o Tratado de 1554

[dropcap]P[/dropcap]elas ilhas do Sudoeste do Pacífico andavam portugueses alevantados, entre outros Fernão Mendes Pinto, a continuar a usar a estratégia de se misturarem com os mercadores das embaixadas dos países tributários para entrar na China; ou de barco, como piratas, intermediários entre desavindos vizinhos, dedicavam-se a trocar seda chinesa pela prata dos japoneses. Após Simão de Andrade e a derrota frente à armada chinesa em 1521, os portugueses foram proibidos de se acercar das águas de Cantão e rumando para Norte passaram a abastecer-se na Província de Fujian, onde se estabeleceram sem dar nas vistas e constituíram uma comunidade, tal como o fizeram em Liampó (Ningbo), Zhejiang. Até os portugueses descobrirem o Japão em 1543, as trocas eram feitas em alto-mar e os crescentes proveitos daí usufruídos pelos oficiais e mercadores dessas províncias levaram os mandarins de Guangdong a fechar os olhos à proibição de 1521, que trouxera a ruína às finanças provinciais.

Voltaram os mercadores chineses semi-clandestinos a fazer trato com os estrangeiros em Lampacau e Shanghuan, quando aí morreu a 3 de Dezembro de 1552 o jesuíta Francisco Xavier.

O Governo de Cantão, receando a sepultura tornar-se num local de peregrinação e poder trazer problemas, levado o féretro do Santo na monção seguinte para Malaca, trocou como porto de encontro o de Shanghuan pelo de Haoqing (Macau). Aí, nesse ano de 1553, os portugueses, a pretexto dos barcos danificados pela tempestade, pediram terra emprestada para secar as mercadorias e o haidao autorizou a estadia temporária em cabanas de colmo, que depois deviam ser destruídas.

Habituados a negociar com os chineses, os mercadores portugueses como Diogo Pereira, Guilherme Pereira, Pedro Velho e entre outros, Simão de Almeida, estavam já habilitados como intermediários quando o Capitão-Mor da Viagem do Japão Leonel de Sousa, capitaneando uma esquadra de 17 navios, fundeou na ilha de Sanchoão em finais de 1553. Por isso, neles se apoiou para realizar os primeiros contactos diplomáticos, referindo Leonel de Sousa, Simão de Almeida, homem honrado e cavaleiro, que da China tem feito com muita diligência e desejos de servir Sua Alteza. Por algumas obrigações do seu serviço que lhe pus diante foi sempre honradamente e veio, e à sua custa, e além do que gastou. Soube que dera algumas dádivas a pessoas e oficiais do Aitão com quem negociou mais ‘brebe’ do que o pudera fazer sem isso. Nem eu servira Sua Alteza como o servi se não fora sua ajuda e Conselho, porque eu tinha pouco cabedal para suprir, mais do que supri nem ele o quis de mim e disse sempre que se nisso servia a Sua Alteza, que dela queria o galardão e não d’ outrem>. Queixava-se ter vindo à China numa embarcação de mercadores, , mas conseguiu fazer o assentamento de 1554 com o haidao Wang Bo, pondo fim ao ciclo dos Fu Lan Ki piratas e abriu o dos Fan Ian, com novos desafios e ritos.

Capitão de Sua Alteza

Leonel de Sousa (c.1500-c.1572), natural do Algarve e casado em Chaul, era fidalgo da casa de el-Rei D. João III e obtivera a mercê de duas viagens sucessivas à China por Carta Régia de 22/2/1547. A mercê real de mera licença não garantia a concessão de viagem, mas de uma nomeação para capitão-mor de viagens da coroa, com as vantagens inerentes, sob regimento do Governador da Índia. Esse regime de licença não dava os privilégios do que viria a ser a partir de 1550 os da viagem da Nau do Trato, quando a coroa instituiu o monopólio da viagem ao Japão. A concessão do exclusivo dessa viagem anual outorgava poderes latos ao capitão-mor, como a jurisdição sobre os portugueses do Oriente após os graves incidentes de 1547 e 1549 em Liampó e Chincheu.

Em Goa, o Vice-Rei da Índia Afonso de Noronha (1550-54) recusou a Leonel de Sousa as viagens em nau da coroa alegando não ter D. João III mandado dar-lhe, pois se o mandasse ele daria, nem sequer ordenou que lhe fosse dado o ‘favor’ para a sua viagem, que diz ter sido dado a D. Francisco Mascarenhas e António Pereira, realizadas em 1556. Sem viagem oficial, a mercê permitia a alternativa de ser conferida licença para à custa do próprio, em seu barco realizar a viagem obedecendo ao regimento do Governador da Índia. Leonel de Sousa por lhe não terem bastado os meios, contentou-se em exercer a capitania na nau de mercadores, onde no terço emprestado de espaço embarcou a sua mercadoria destinada ao comércio na China.

Em 1554, ainda em mar chinês Leonel de Sousa tomou medidas para acautelar a segurança dos navios e pessoas portuguesas que com ele iam e recomendou-lhes não provocarem fosse o que fosse que pudesse ‘alevantar a terra’. Encontrou os portos da China todos encerrados e as armadas impediam ‘fazer fazenda’ e perante tal situação, .

A iniciativa partiu do Aitão (haidao) de Cantão, oficial “Almirante do Mar que provê em todo os negócios dos Portos do Mar, assim na Fazenda como Armadas, em que às vezes sai em pessoa com muito poder quando aí há causas para isso”, segundo Gonçalo Mesquitela (fonte principal deste artigo), que refere ter Leonel de Sousa, cuidadosamente observado os costumes chineses e as suas cortesias.

O Aitão, antes de visitar os navios da frota, mandou inquirir cuidadosamente dos poderes trazidos para com ele poderem negociar. Resolvido ficou o ponto mais delicado, a proibição imperial de negociar com os Fu Lan Ki (como chamavam aos portugueses de Portugal e de Malaca).

Ouvidos todos, Leonel de Sousa aceitou, considerando uma primeira vitória sobre o sistema anterior, de pura clandestinidade. Mesquitela remata, “O facto de pagar direitos era já um reconhecimento tácito da posição jurídica definida perante a coroa.”

2 Set 2019

Portugal | Número de turistas chineses aumentou 18,4% até Junho

[dropcap]O[/dropcap] número de turistas chineses a visitar Portugal aumentou 18,4 por cento no primeiro semestre deste ano, disse na sexta-feira Filipe Silva, administrador do Turismo de Portugal, à margem da inauguração da rota aérea Lisboa-Xi’an-Pequim.

“Este ano estamos com um crescimento de 18,4 por cento nos hóspedes e 16 por cento nas dormidas”, afirmou Filipe Silva aos jornalistas, acrescentando que as percentagens dizem respeito a “cerca de 200 mil hóspedes e 300 mil dormidas” no final de Junho de 2019. Em 2018, o número de turistas chineses em Portugal alcançou as 315 mil pessoas, afirmou Filipe Silva.

O responsável do Turismo de Portugal falava à margem da cerimónia de apresentação do voo inaugural Lisboa-Xi’an-Pequim, da Beijing Capital Airlines, que decorreu junto a uma das portas de embarque do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

“Com o novo voo, temos condições para aumentar esta percentagem. São três frequências semanais” num avião com capacidade para “300 pessoas”, o que representa “mais 50 por cento do que o avião anterior”, frisou, numa referência à ligação aérea Lisboa-Pequim-Hangzhou, suspensa em Outubro de 2018.

Filipe Silva referiu que um dos objectivos é “aumentar a estadia média” do turista chinês em Portugal, utilizando argumentos “quer do ponto de vista gastronómico, quer do ponto de vista cultural”.

O responsável salientou também “a parte de compras, que é bastante sensível e apelativa”, acrescentando que “Portugal está cada vez mais capacitado não só na oferta de compras adaptadas ao turista chinês, mas também nas próprias condições em termos de ‘tax free’ [compras livres de impostos], que é um elemento que valorizam bastante”.

A ligação inaugural na sexta-feira aterrou em Lisboa pelas 17:41 e trouxe 202 pessoas, com o voo de regresso, que partiu para Xi’an às 22:58, a totalizar 177 passageiros, disse à Lusa uma representante da Beijing Capital Airlines.

2 Set 2019

Portugal | Número de turistas chineses aumentou 18,4% até Junho

[dropcap]O[/dropcap] número de turistas chineses a visitar Portugal aumentou 18,4 por cento no primeiro semestre deste ano, disse na sexta-feira Filipe Silva, administrador do Turismo de Portugal, à margem da inauguração da rota aérea Lisboa-Xi’an-Pequim.
“Este ano estamos com um crescimento de 18,4 por cento nos hóspedes e 16 por cento nas dormidas”, afirmou Filipe Silva aos jornalistas, acrescentando que as percentagens dizem respeito a “cerca de 200 mil hóspedes e 300 mil dormidas” no final de Junho de 2019. Em 2018, o número de turistas chineses em Portugal alcançou as 315 mil pessoas, afirmou Filipe Silva.
O responsável do Turismo de Portugal falava à margem da cerimónia de apresentação do voo inaugural Lisboa-Xi’an-Pequim, da Beijing Capital Airlines, que decorreu junto a uma das portas de embarque do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
“Com o novo voo, temos condições para aumentar esta percentagem. São três frequências semanais” num avião com capacidade para “300 pessoas”, o que representa “mais 50 por cento do que o avião anterior”, frisou, numa referência à ligação aérea Lisboa-Pequim-Hangzhou, suspensa em Outubro de 2018.
Filipe Silva referiu que um dos objectivos é “aumentar a estadia média” do turista chinês em Portugal, utilizando argumentos “quer do ponto de vista gastronómico, quer do ponto de vista cultural”.
O responsável salientou também “a parte de compras, que é bastante sensível e apelativa”, acrescentando que “Portugal está cada vez mais capacitado não só na oferta de compras adaptadas ao turista chinês, mas também nas próprias condições em termos de ‘tax free’ [compras livres de impostos], que é um elemento que valorizam bastante”.
A ligação inaugural na sexta-feira aterrou em Lisboa pelas 17:41 e trouxe 202 pessoas, com o voo de regresso, que partiu para Xi’an às 22:58, a totalizar 177 passageiros, disse à Lusa uma representante da Beijing Capital Airlines.

2 Set 2019

EUA | Entram em vigor novas tarifas sobre produtos da China

[dropcap]A[/dropcap]s novas tarifas anunciadas pelo Governo dos Estados Unidos sobre cerca de 300 mil milhões de euros de importações da China entraram ontem em vigor, num novo episódio da guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais.

A partir de agora, cerca de 300 mil milhões de euros de mercadorias oriundas da China terão de pagar mais 15 por cento de taxas alfandegárias, de acordo com o Departamento de Comércio dos Estado Unidos.

As taxas entraram em vigor às 00:01, segundo a Agência do Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla inglesa). No total, mais de dois terços dos bens de consumo que os Estados Unidos importam da China são agora alvo de impostos mais elevados.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, chegou a admitir adiar a imposição de novas tarifas aduaneiras para Janeiro de 2020 – pressionado por organizações de comércio norte-americanas, preocupadas com o efeito da medida na época de compras natalícia – mas na noite de sexta-feira confirmou que a medida iria mesmo entrar em vigor a 1 de Setembro.

Pequim deverá reagir, como tinha anunciado em Julho, aumentando as tarifas adicionais em cerca de 70 mil milhões de euros de produtos importados dos Estados Unidos, mas a confirmação desta resposta ainda não foi divulgada pelo Governo chinês.

Esta é mais uma etapa na escalada de imposições tarifas aduaneiras na guerra comercial entre os EUA e a China, que se prolonga desde Março de 2018, apesar das inúmeras rondas de negociações entre os dois países.

2 Set 2019

EUA | Entram em vigor novas tarifas sobre produtos da China

[dropcap]A[/dropcap]s novas tarifas anunciadas pelo Governo dos Estados Unidos sobre cerca de 300 mil milhões de euros de importações da China entraram ontem em vigor, num novo episódio da guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais.
A partir de agora, cerca de 300 mil milhões de euros de mercadorias oriundas da China terão de pagar mais 15 por cento de taxas alfandegárias, de acordo com o Departamento de Comércio dos Estado Unidos.
As taxas entraram em vigor às 00:01, segundo a Agência do Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla inglesa). No total, mais de dois terços dos bens de consumo que os Estados Unidos importam da China são agora alvo de impostos mais elevados.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, chegou a admitir adiar a imposição de novas tarifas aduaneiras para Janeiro de 2020 – pressionado por organizações de comércio norte-americanas, preocupadas com o efeito da medida na época de compras natalícia – mas na noite de sexta-feira confirmou que a medida iria mesmo entrar em vigor a 1 de Setembro.
Pequim deverá reagir, como tinha anunciado em Julho, aumentando as tarifas adicionais em cerca de 70 mil milhões de euros de produtos importados dos Estados Unidos, mas a confirmação desta resposta ainda não foi divulgada pelo Governo chinês.
Esta é mais uma etapa na escalada de imposições tarifas aduaneiras na guerra comercial entre os EUA e a China, que se prolonga desde Março de 2018, apesar das inúmeras rondas de negociações entre os dois países.

2 Set 2019

Mar do Sul | Pequim reafirma recusa de arbitragem internacional

Apesar das reivindicações filipinas, a China não altera uma vírgula à sua posição de soberania sobre a totalidade do Mar do Sul e recusa qualquer posição internacional que ponha em causa as suas pretensões

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, reiterou ao seu homólogo filipino que o país não reconhecerá uma decisão arbitral internacional que não vá ao encontro das pretensões chinesas no Mar do Sul da China, foi sábado divulgado.

Esta posição chinesa foi transmitida pelo porta-voz do governo da Filipinas, citado pela agência AP, na sequência de uma reunião entre os dois países, durante a qual foi abordada a questão em torno da soberania do Mar do Sul da China.

A China reclama a soberania total daquele mar, apesar da existência de uma decisão de 2016 de um tribunal internacional que invalida a pretensão chinesa.

Os chineses não reconhecem essa decisão e têm expandido a sua presença no território, militarizando uma série de ilhas e recifes disputados.

“O Presidente Xi Jinping reiterou que o seu governo não reconhece a decisão arbitral, no entanto ambos os Presidentes entendem que estas diferenças não devem prejudicar o bom relacionamento entre os dois países”, sublinhou o porta-voz filipino.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que tem reforçado os laços com Pequim, é criticado por nacionalistas e grupos de esquerda nas Filipinas, por não exigir à China que cumpra com a decisão do tribunal.

Manobras perigosas

O Mar do Sul da China é de vital importância geoestratégica, já que ali circula 30 por cento do comércio global e 12 por cento da pesca mundial, contendo ricas reservas de petróleo e gás.

Em Junho passado, uma colisão entre uma embarcação pesqueira filipina e uma embarcação chinesa em águas disputadas provocou a ira de vários grupos nacionalistas filipinos, apesar de Manila e Pequim terem minimizado o incidente.

Em Maio passado, o líder filipino falou brevemente do assunto com Xi, mas o porta-voz presidencial das filipinas, Salvador Panelo, indicou que Duterte abordaria desta vez o assunto de forma mais directa.

O secretário de Defesa das Filipinas, Delfin Lorenzana, pediu a Pequim este mês para explicar as movimentações dos navios de guerra chineses em águas reivindicadas pelas Filipinas e acusou a China de abusar.

Lorenzana disse que a China não pediu permissão para enviar vários navios de guerra pelo estreito de Sibutu, na ponta sul do arquipélago das Filipinas, em quatro ocasiões, entre Fevereiro e Julho.

Acusou ainda dois navios chineses que fazem prospecção de operar na zona económica exclusiva das Filipinas.

2 Set 2019

Mar do Sul | Pequim reafirma recusa de arbitragem internacional

Apesar das reivindicações filipinas, a China não altera uma vírgula à sua posição de soberania sobre a totalidade do Mar do Sul e recusa qualquer posição internacional que ponha em causa as suas pretensões

 
[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, reiterou ao seu homólogo filipino que o país não reconhecerá uma decisão arbitral internacional que não vá ao encontro das pretensões chinesas no Mar do Sul da China, foi sábado divulgado.
Esta posição chinesa foi transmitida pelo porta-voz do governo da Filipinas, citado pela agência AP, na sequência de uma reunião entre os dois países, durante a qual foi abordada a questão em torno da soberania do Mar do Sul da China.
A China reclama a soberania total daquele mar, apesar da existência de uma decisão de 2016 de um tribunal internacional que invalida a pretensão chinesa.
Os chineses não reconhecem essa decisão e têm expandido a sua presença no território, militarizando uma série de ilhas e recifes disputados.
“O Presidente Xi Jinping reiterou que o seu governo não reconhece a decisão arbitral, no entanto ambos os Presidentes entendem que estas diferenças não devem prejudicar o bom relacionamento entre os dois países”, sublinhou o porta-voz filipino.
O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que tem reforçado os laços com Pequim, é criticado por nacionalistas e grupos de esquerda nas Filipinas, por não exigir à China que cumpra com a decisão do tribunal.

Manobras perigosas

O Mar do Sul da China é de vital importância geoestratégica, já que ali circula 30 por cento do comércio global e 12 por cento da pesca mundial, contendo ricas reservas de petróleo e gás.
Em Junho passado, uma colisão entre uma embarcação pesqueira filipina e uma embarcação chinesa em águas disputadas provocou a ira de vários grupos nacionalistas filipinos, apesar de Manila e Pequim terem minimizado o incidente.
Em Maio passado, o líder filipino falou brevemente do assunto com Xi, mas o porta-voz presidencial das filipinas, Salvador Panelo, indicou que Duterte abordaria desta vez o assunto de forma mais directa.
O secretário de Defesa das Filipinas, Delfin Lorenzana, pediu a Pequim este mês para explicar as movimentações dos navios de guerra chineses em águas reivindicadas pelas Filipinas e acusou a China de abusar.
Lorenzana disse que a China não pediu permissão para enviar vários navios de guerra pelo estreito de Sibutu, na ponta sul do arquipélago das Filipinas, em quatro ocasiões, entre Fevereiro e Julho.
Acusou ainda dois navios chineses que fazem prospecção de operar na zona económica exclusiva das Filipinas.

2 Set 2019

Animação | Festival exibe 14 filmes de para todas as idades

A crescente influência do cinema de animação, junto de públicos muito diversificados, prova que o género não serve só para contar histórias infantis. Cada vez mais há dramas e enredos para adultos. A Cinemateca Paixão estreia a 21 de Setembro a 3ª edição do Festival Mundial de Animação

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão apresenta, de 21 de Setembro a 6 de Outubro, o Festival Mundial de Animação de Verão, com 14 filmes e 2 workshops para miúdos e graúdos que destacam as mais recentes obras premiadas lá fora deste género cinematográfico.

A sessão de abertura é a oportunidade de conhecer o vencedor do Melhor Filme de Animação dos Prémios César 2019 – “Dilili em Paris” (2018), do realizador Michel Ocelot –, depois de ter estreado na abertura do Festival Internacional de Cinema de Annecy de 2018, ambos em França. Com o “encantador cenário da Belle Époque em Paris” como pano de fundo, a película conta a aventura de Dilili, uma jovem indígena (canaca), e um rapaz de entregas seu amigo, que investigam um surto de raptos de raparigas, encontrando pelo caminho estranhas personagens que vão deixando pistas para os ajudar na busca.

A animação recria o período de ouro nas artes e na cultura do final do século XIX e inícios de XX, uma época que o realizador Michel Ocelot teve dificuldade em adequar ao seu argumento.

“Vi-me confrontado com um pequeno problema relacionado com a representação de Paris durante a Belle Époque: só se via gente branca… Por isso, Dilili é mestiça, membro de um grupo que também sofreu com a rejeição de ambos os lados”, terá comentado. A película é recomendada a maiores de 13, falada em francês (com legendas em inglês e chinês), e duração de 93 minutos.

No final da sessão está prevista uma festa para os mais novos, onde poderão tirar selfies em cenários de animação inspirados nas obras do festival. A entrada é livre e os espectadores estão convidados para o lanche. O filme de abertura passa às 14h30 do dia 21 de Setembro, sábado, e volta a ser exibido no sábado seguinte, a 5 de Outubro, às 17h00.

Também em destaque está o filme de encerramento, “A Torre” (2018), de Mats Grorud, uma co-produção norueguesa e francesa, que conta a história de uma menina de 11 anos que vive com toda a família num campo de refugiados em Beirute, no Líbano, depois da expulsão do seu avô da Palestina em 1948. Baseada em entrevistas feitas com refugiados palestinianos há mais de seis décadas no Líbano, que anseiam até hoje poder regressar à sua verdadeira terra natal, esta é uma história de esperança que mistura técnicas de animação 2D com plasticina, que teve muito boas críticas à passagem pelos festivais de Annecy e Busan. Passa a 28 de Setembro e a 6 de Outubro, sempre às 19h30, para maiores de 13 anos.

Cinema tabu

O programa conta com diversas propostas para diferentes grupos etários, havendo animações para o público infantil, e outras para jovens e adultos. São 14 longas-metragens de animação, que passam pela produção internacional, a animação japonesa, e as sessões pensadas para o divertimento em família.

Para os maiores de 18 está o filme “Tabu de Teerão” (2017), de Ali Soozandeh, “uma sinistra denúncia da repressão no Irão contemporâneo, conseguida com um misto de intimidade e distância através de animação rotoscópica (na qual os actores são redesenhados em computador) criada pela mestria do realizador germano-iraniano”. Falado em persa, com legendas em inglês e chinês, sobre uma sociedade patriarcal, onde são as mulheres que carregam o fardo mais pesado da vida.

Galardoado Melhor Filme Internacional no Festival de Cinema de Jerusalém 2017, passou também pela Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes 2017, pelo Festival de Animação de Annecy 2017 e pelo Festival Internacional de Cinema de Hong Kong 2018. Passa a 25 de Setembro e a 2 de Outubro, duas quartas-feiras às 21h30.

“Ruben Brandt, Coleccionador” (2018), de Milorad Krstić, é um filme húngaro também recomendado a maiores de 18 anos, embora falado parcialmente em inglês, francês e italiano).

Um famoso psicoterapeuta recruta os seus pacientes criminosos num assalto tipo Ocean’s Eleven para roubar as treze pinturas de arte que o assombram. Atrás de si anda um detective contratado pelo cartel de seguradoras para recuperar as valiosas pinturas. O filme passa a 28 se Setembro às 21h30 e a 3 de Outubro às 19h30.

Ainda a destacar o filme “Funan” (2018), de Denis Do, vencedor do Prémio Cristal no Festival de Annecy 2018, sobre a história de uma jovem cujo mundo é subitamente virado de pernas para o ar com a chegada do regime Khmer Vermelho, no Camboja, em Abril de 1975. Esta foi uma “dura e impressionante estreia para o cineasta Denis Do, que recorreu à história da sua própria família para inspirar esta excitante história de amor, perda e esperança inabalável durante o mais terrível dos tempos”. Apesar do tema, a fita está classificada para maiores de 13 anos, com exibições a 22 de Setembro, às 21h30, e a 1 de Outubro às 19h30.

Jovens na onda

Os mais jovens e as crianças têm ainda um sortido de filmes para assistir durante as duas semanas de Festival. “Apanha a tua onda” (2019), de Yuasa Masaaki, sobre uma paixão entre um casal de adolescentes surfistas, ou “A Estalagem de Okko” (2018), de Kitarō Kōsaka, sobre uma menina órfã que vai viver para a estalagem da sua avó no campo, assinada pelo realizador de “A Viagem de Chihiro” (2001) e “Ponyo à Beira-Mar” (2008), são duas propostas japonesas para os adolescentes, entre outras películas interessantes, todas com duas exibições cada durante o evento.

“Os Comedores de Meias Ímpares” (2016), de Galina Miklinova, é um divertido filme checo sobre criaturas invisíveis responsáveis por devorar peúgas, que integra o conjunto de películas dedicadas à família. Outro filme de relevo nesta categoria é “Tito e os Pássaros” (2018), de Gabriel Bitar, Andre Catoto, Gustavo Steinber, uma fita brasileira sobre o medo epidémico e contagioso em São Paulo, a cidade dos muros, onde vivem vinte milhões de pessoas atrás de vedações e portões electrificados.

Há mais por onde escolher entre as sessões assinaladas como “Divertimento em Família”, que na compra de dois bilhetes, oferecem mais dois lugares para a sessão. Todas têm também duas exibições. Todos os bilhetes para o Festival de Animação custam 60 patacas e encontram-se já à venda.

À semelhança do ano passado, estão agendados dois Workshops de Animação para a Família, orientados pela realizadora de animação local, Pudusina. O tema deste ano será a reciclagem e as oficinas realizam-se a 28 e 29 de Setembro, nas galerias do Anim’Arte nos Lagos Nam Van, em cantonense. As inscrições devem ser feitas até 20 de Setembro e custam 100 patacas.

2 Set 2019

Animação | Festival exibe 14 filmes de para todas as idades

A crescente influência do cinema de animação, junto de públicos muito diversificados, prova que o género não serve só para contar histórias infantis. Cada vez mais há dramas e enredos para adultos. A Cinemateca Paixão estreia a 21 de Setembro a 3ª edição do Festival Mundial de Animação

 
[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão apresenta, de 21 de Setembro a 6 de Outubro, o Festival Mundial de Animação de Verão, com 14 filmes e 2 workshops para miúdos e graúdos que destacam as mais recentes obras premiadas lá fora deste género cinematográfico.
A sessão de abertura é a oportunidade de conhecer o vencedor do Melhor Filme de Animação dos Prémios César 2019 – “Dilili em Paris” (2018), do realizador Michel Ocelot –, depois de ter estreado na abertura do Festival Internacional de Cinema de Annecy de 2018, ambos em França. Com o “encantador cenário da Belle Époque em Paris” como pano de fundo, a película conta a aventura de Dilili, uma jovem indígena (canaca), e um rapaz de entregas seu amigo, que investigam um surto de raptos de raparigas, encontrando pelo caminho estranhas personagens que vão deixando pistas para os ajudar na busca.
A animação recria o período de ouro nas artes e na cultura do final do século XIX e inícios de XX, uma época que o realizador Michel Ocelot teve dificuldade em adequar ao seu argumento.
“Vi-me confrontado com um pequeno problema relacionado com a representação de Paris durante a Belle Époque: só se via gente branca… Por isso, Dilili é mestiça, membro de um grupo que também sofreu com a rejeição de ambos os lados”, terá comentado. A película é recomendada a maiores de 13, falada em francês (com legendas em inglês e chinês), e duração de 93 minutos.
No final da sessão está prevista uma festa para os mais novos, onde poderão tirar selfies em cenários de animação inspirados nas obras do festival. A entrada é livre e os espectadores estão convidados para o lanche. O filme de abertura passa às 14h30 do dia 21 de Setembro, sábado, e volta a ser exibido no sábado seguinte, a 5 de Outubro, às 17h00.
Também em destaque está o filme de encerramento, “A Torre” (2018), de Mats Grorud, uma co-produção norueguesa e francesa, que conta a história de uma menina de 11 anos que vive com toda a família num campo de refugiados em Beirute, no Líbano, depois da expulsão do seu avô da Palestina em 1948. Baseada em entrevistas feitas com refugiados palestinianos há mais de seis décadas no Líbano, que anseiam até hoje poder regressar à sua verdadeira terra natal, esta é uma história de esperança que mistura técnicas de animação 2D com plasticina, que teve muito boas críticas à passagem pelos festivais de Annecy e Busan. Passa a 28 de Setembro e a 6 de Outubro, sempre às 19h30, para maiores de 13 anos.

Cinema tabu

O programa conta com diversas propostas para diferentes grupos etários, havendo animações para o público infantil, e outras para jovens e adultos. São 14 longas-metragens de animação, que passam pela produção internacional, a animação japonesa, e as sessões pensadas para o divertimento em família.
Para os maiores de 18 está o filme “Tabu de Teerão” (2017), de Ali Soozandeh, “uma sinistra denúncia da repressão no Irão contemporâneo, conseguida com um misto de intimidade e distância através de animação rotoscópica (na qual os actores são redesenhados em computador) criada pela mestria do realizador germano-iraniano”. Falado em persa, com legendas em inglês e chinês, sobre uma sociedade patriarcal, onde são as mulheres que carregam o fardo mais pesado da vida.
Galardoado Melhor Filme Internacional no Festival de Cinema de Jerusalém 2017, passou também pela Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes 2017, pelo Festival de Animação de Annecy 2017 e pelo Festival Internacional de Cinema de Hong Kong 2018. Passa a 25 de Setembro e a 2 de Outubro, duas quartas-feiras às 21h30.
“Ruben Brandt, Coleccionador” (2018), de Milorad Krstić, é um filme húngaro também recomendado a maiores de 18 anos, embora falado parcialmente em inglês, francês e italiano).
Um famoso psicoterapeuta recruta os seus pacientes criminosos num assalto tipo Ocean’s Eleven para roubar as treze pinturas de arte que o assombram. Atrás de si anda um detective contratado pelo cartel de seguradoras para recuperar as valiosas pinturas. O filme passa a 28 se Setembro às 21h30 e a 3 de Outubro às 19h30.
Ainda a destacar o filme “Funan” (2018), de Denis Do, vencedor do Prémio Cristal no Festival de Annecy 2018, sobre a história de uma jovem cujo mundo é subitamente virado de pernas para o ar com a chegada do regime Khmer Vermelho, no Camboja, em Abril de 1975. Esta foi uma “dura e impressionante estreia para o cineasta Denis Do, que recorreu à história da sua própria família para inspirar esta excitante história de amor, perda e esperança inabalável durante o mais terrível dos tempos”. Apesar do tema, a fita está classificada para maiores de 13 anos, com exibições a 22 de Setembro, às 21h30, e a 1 de Outubro às 19h30.

Jovens na onda

Os mais jovens e as crianças têm ainda um sortido de filmes para assistir durante as duas semanas de Festival. “Apanha a tua onda” (2019), de Yuasa Masaaki, sobre uma paixão entre um casal de adolescentes surfistas, ou “A Estalagem de Okko” (2018), de Kitarō Kōsaka, sobre uma menina órfã que vai viver para a estalagem da sua avó no campo, assinada pelo realizador de “A Viagem de Chihiro” (2001) e “Ponyo à Beira-Mar” (2008), são duas propostas japonesas para os adolescentes, entre outras películas interessantes, todas com duas exibições cada durante o evento.
“Os Comedores de Meias Ímpares” (2016), de Galina Miklinova, é um divertido filme checo sobre criaturas invisíveis responsáveis por devorar peúgas, que integra o conjunto de películas dedicadas à família. Outro filme de relevo nesta categoria é “Tito e os Pássaros” (2018), de Gabriel Bitar, Andre Catoto, Gustavo Steinber, uma fita brasileira sobre o medo epidémico e contagioso em São Paulo, a cidade dos muros, onde vivem vinte milhões de pessoas atrás de vedações e portões electrificados.
Há mais por onde escolher entre as sessões assinaladas como “Divertimento em Família”, que na compra de dois bilhetes, oferecem mais dois lugares para a sessão. Todas têm também duas exibições. Todos os bilhetes para o Festival de Animação custam 60 patacas e encontram-se já à venda.
À semelhança do ano passado, estão agendados dois Workshops de Animação para a Família, orientados pela realizadora de animação local, Pudusina. O tema deste ano será a reciclagem e as oficinas realizam-se a 28 e 29 de Setembro, nas galerias do Anim’Arte nos Lagos Nam Van, em cantonense. As inscrições devem ser feitas até 20 de Setembro e custam 100 patacas.

2 Set 2019

Turismo | Mais de um milhão de pessoas nos hotéis em Julho

[dropcap]O[/dropcap]s hotéis e as pensões de Macau registaram 1.252.000 de hóspedes em Julho, um aumento de 3,5 por cento face a igual período do ano passado.

Em comunicado, os Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicaram que a taxa de ocupação hoteleira cresceu 1,3 pontos percentuais em Julho, fixando-se nos 93,2 por cento. Os turistas permaneceram em média 1,4 noites no território.

Neste último mês, a DSEC dá destaque ao número de hóspedes provenientes do interior da China (889.000) e da Coreia do Sul (44.000), que registaram um crescimento de 6,9 e 18,2 por cento, respectivamente.

No final de Julho, existiam em Macau 119 hotéis e pensões em actividade (mais três, em termos anuais), disponibilizando um total de 39.000 quartos, uma ligeira descida de 0,2 por cento.

Os Serviços de Estatística referem ainda que visitaram Macau em excursões, no último mês, 870.000 indivíduos, um acréscimo de 14,5 por cento em termos anuais. “Salienta-se que os números de visitantes em excursões provenientes do interior da China (714.000 indivíduos), de Hong Kong (12.000) e de Taiwan (63.000) aumentaram 19,0 por cento, 19,1 por cento e 2,7 por cento, respectivamente”, detalhou a DSEC.

O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita).

No mesmo comunicado, a DSEC dá também conta de que 135 mil residentes viajaram para o exterior, em Julho, com recurso a serviços de agências de viagens, o que representa mais 2,9 por cento em termos anuais homólogos. “De entre estes residentes, os que se deslocaram a Hong Kong (14.000) diminuíram 18,2 por cento”, afirmou a DSEC, numa altura em que o território vizinho é palco de manifestações anti-governamentais sem precedentes.

2 Set 2019

Turismo | Mais de um milhão de pessoas nos hotéis em Julho

[dropcap]O[/dropcap]s hotéis e as pensões de Macau registaram 1.252.000 de hóspedes em Julho, um aumento de 3,5 por cento face a igual período do ano passado.
Em comunicado, os Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicaram que a taxa de ocupação hoteleira cresceu 1,3 pontos percentuais em Julho, fixando-se nos 93,2 por cento. Os turistas permaneceram em média 1,4 noites no território.
Neste último mês, a DSEC dá destaque ao número de hóspedes provenientes do interior da China (889.000) e da Coreia do Sul (44.000), que registaram um crescimento de 6,9 e 18,2 por cento, respectivamente.
No final de Julho, existiam em Macau 119 hotéis e pensões em actividade (mais três, em termos anuais), disponibilizando um total de 39.000 quartos, uma ligeira descida de 0,2 por cento.
Os Serviços de Estatística referem ainda que visitaram Macau em excursões, no último mês, 870.000 indivíduos, um acréscimo de 14,5 por cento em termos anuais. “Salienta-se que os números de visitantes em excursões provenientes do interior da China (714.000 indivíduos), de Hong Kong (12.000) e de Taiwan (63.000) aumentaram 19,0 por cento, 19,1 por cento e 2,7 por cento, respectivamente”, detalhou a DSEC.
O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita).
No mesmo comunicado, a DSEC dá também conta de que 135 mil residentes viajaram para o exterior, em Julho, com recurso a serviços de agências de viagens, o que representa mais 2,9 por cento em termos anuais homólogos. “De entre estes residentes, os que se deslocaram a Hong Kong (14.000) diminuíram 18,2 por cento”, afirmou a DSEC, numa altura em que o território vizinho é palco de manifestações anti-governamentais sem precedentes.

2 Set 2019

Economia | Exportações crescem 13,6 por cento em Julho

[dropcap]M[/dropcap]acau exportou em Julho mercadorias no valor de 1,04 mil milhões de patacas, um crescimento de 13,6 por cento face a igual período do ano passado. Em contrapartida, o território importou, no mês em análise, bens avaliados em 7,20 mil milhões de patacas, menos 3,2 por cento em termos anuais homólogos, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Consequentemente, “o défice da balança comercial de Julho de 2019 foi de 6,16 mil milhões de patacas, aponta a DSEC, em comunicado.

Sobre a queda nas importações, a DSEC destaca, em Julho, os valores importados de “telemóveis, materiais de construção e joalharia em ouro”, que caíram, respectivamente, 54,4 por cento, 41,1 por cento e 22,9 por cento.

De acordo com a DSEC, nos primeiros sete meses do ano, o valor importado de mercadorias do interior da China baixou 5,4 por cento – em relação ao mesmo período de 2018 -, para 16,49 mil milhões de patacas.

Em sentido inverso, no mesmo período em análise, o valor importado de mercadorias da União Europeia (13,52 mil milhões de patacas) e dos países de língua portuguesa (506 milhões de patacas) cresceu 6,5 por cento e 10,3 por cento, respectivamente.

Já do lado das exportações, o valor exportado de mercadorias para o interior da China, entre Janeiro e Julho, fixou-se em 929 milhões de patacas, numa descida de 21,7 por cento face a igual período do ano passado.

Os bens exportados para Hong Kong (4,89 mil milhões de patacas), para a União Europeia e para os Estados Unidos (112 milhões de patacas) subiram 10,4, 0,2 e 31,7 por cento, respectivamente, em termos anuais, indicou a DSEC.

Por seu turno, os valores exportados de mercadorias para os países ao longo da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (132 milhões de patacas) e para o bloco lusófono (981 mil patacas) desceram 8,4 e 96 por cento, respectivamente.

Entre Janeiro e Julho, o défice da balança comercial em Macau cifrou-se em 42,04 mil milhões de patacas.

2 Set 2019

Economia | Exportações crescem 13,6 por cento em Julho

[dropcap]M[/dropcap]acau exportou em Julho mercadorias no valor de 1,04 mil milhões de patacas, um crescimento de 13,6 por cento face a igual período do ano passado. Em contrapartida, o território importou, no mês em análise, bens avaliados em 7,20 mil milhões de patacas, menos 3,2 por cento em termos anuais homólogos, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Consequentemente, “o défice da balança comercial de Julho de 2019 foi de 6,16 mil milhões de patacas, aponta a DSEC, em comunicado.
Sobre a queda nas importações, a DSEC destaca, em Julho, os valores importados de “telemóveis, materiais de construção e joalharia em ouro”, que caíram, respectivamente, 54,4 por cento, 41,1 por cento e 22,9 por cento.
De acordo com a DSEC, nos primeiros sete meses do ano, o valor importado de mercadorias do interior da China baixou 5,4 por cento – em relação ao mesmo período de 2018 -, para 16,49 mil milhões de patacas.
Em sentido inverso, no mesmo período em análise, o valor importado de mercadorias da União Europeia (13,52 mil milhões de patacas) e dos países de língua portuguesa (506 milhões de patacas) cresceu 6,5 por cento e 10,3 por cento, respectivamente.
Já do lado das exportações, o valor exportado de mercadorias para o interior da China, entre Janeiro e Julho, fixou-se em 929 milhões de patacas, numa descida de 21,7 por cento face a igual período do ano passado.
Os bens exportados para Hong Kong (4,89 mil milhões de patacas), para a União Europeia e para os Estados Unidos (112 milhões de patacas) subiram 10,4, 0,2 e 31,7 por cento, respectivamente, em termos anuais, indicou a DSEC.
Por seu turno, os valores exportados de mercadorias para os países ao longo da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (132 milhões de patacas) e para o bloco lusófono (981 mil patacas) desceram 8,4 e 96 por cento, respectivamente.
Entre Janeiro e Julho, o défice da balança comercial em Macau cifrou-se em 42,04 mil milhões de patacas.

2 Set 2019

Metro Ligeiro | Governo nega impacto do projecto na ponte Sai Van 

O jornal Ou Mun publicou no fim-de-semana uma reportagem que dá conta de um possível impacto negativo do trajecto do metro ligeiro na ponte Sai Van. Contudo, o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes vem negar essa possibilidade

 

[dropcap]O[/dropcap] assunto não é novo, mas voltou este fim-de-semana às páginas dos jornais. O jornal Ou Mun noticiou a possibilidade do trajecto do metro ligeiro poder afectar de forma negativa a estrutura da ponte Sai Van, mas, em comunicado oficial emitido na sexta-feira pelo Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), essa possibilidade é afastada.

“O GIT adianta que esse conteúdo é apenas um rumor”, começa por dizer. “O Governo prestou, em Junho de 2010, os esclarecimentos sobre o critério do projecto da Ponte de Sai Van. A ponte, desde a sua construção e durante o seu funcionamento de mais de oito anos, não tem registado nenhum problema estrutural”, frisou o organismo.

No que diz respeito aos critérios de construção, foram tidos em conta as especificidades técnicas em vigor na China mas também regulamentações adoptadas em países europeus, nos Estados Unidos, em Hong Kong e em Macau. Desta forma, o GIT assegura que a construção foi feita de acordo com as práticas internacionais, pelo que o viaduto tem capacidade para a circulação automóvel e do metro ligeiro. Com o projecto do metro, serão necessários apenas alguns ajustamentos, acrescentou o GIT.

Arquitecto contra

Ao jornal Ou Mun, o arquitecto responsável pelo projecto da ponte Sai Van, Xu Gongyi, referiu estar contra a passagem do metro ligeiro no local por razões de integridade e razoabilidade. A notícia levantou novamente dúvidas sobre a segurança do projecto e teve um grande impacto nas redes sociais.

Ouvido pelo mesmo jornal, Wu Chou Kit, engenheiro civil e deputado nomeado à Assembleia Legislativa, defendeu que é necessário divulgar os resultados dos testes de segurança e resistência efectuados à ponte e que o engenheiro deve ser ouvido sobre o projecto, devendo ser exigida a sua autorização para que a obra do metro ligeiro avance.

2 Set 2019

Metro Ligeiro | Governo nega impacto do projecto na ponte Sai Van 

O jornal Ou Mun publicou no fim-de-semana uma reportagem que dá conta de um possível impacto negativo do trajecto do metro ligeiro na ponte Sai Van. Contudo, o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes vem negar essa possibilidade

 
[dropcap]O[/dropcap] assunto não é novo, mas voltou este fim-de-semana às páginas dos jornais. O jornal Ou Mun noticiou a possibilidade do trajecto do metro ligeiro poder afectar de forma negativa a estrutura da ponte Sai Van, mas, em comunicado oficial emitido na sexta-feira pelo Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), essa possibilidade é afastada.
“O GIT adianta que esse conteúdo é apenas um rumor”, começa por dizer. “O Governo prestou, em Junho de 2010, os esclarecimentos sobre o critério do projecto da Ponte de Sai Van. A ponte, desde a sua construção e durante o seu funcionamento de mais de oito anos, não tem registado nenhum problema estrutural”, frisou o organismo.
No que diz respeito aos critérios de construção, foram tidos em conta as especificidades técnicas em vigor na China mas também regulamentações adoptadas em países europeus, nos Estados Unidos, em Hong Kong e em Macau. Desta forma, o GIT assegura que a construção foi feita de acordo com as práticas internacionais, pelo que o viaduto tem capacidade para a circulação automóvel e do metro ligeiro. Com o projecto do metro, serão necessários apenas alguns ajustamentos, acrescentou o GIT.

Arquitecto contra

Ao jornal Ou Mun, o arquitecto responsável pelo projecto da ponte Sai Van, Xu Gongyi, referiu estar contra a passagem do metro ligeiro no local por razões de integridade e razoabilidade. A notícia levantou novamente dúvidas sobre a segurança do projecto e teve um grande impacto nas redes sociais.
Ouvido pelo mesmo jornal, Wu Chou Kit, engenheiro civil e deputado nomeado à Assembleia Legislativa, defendeu que é necessário divulgar os resultados dos testes de segurança e resistência efectuados à ponte e que o engenheiro deve ser ouvido sobre o projecto, devendo ser exigida a sua autorização para que a obra do metro ligeiro avance.

2 Set 2019

Alexis Tam em Incheon com ministros da China, Japão e Coreia do Sul

[dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, participou a convite da comitiva chinesa, na 11ª Reunião dos Ministros da Cultura e na 9ª Reunião dos Ministros do Turismo da China, Japão e Coreia do Sul, que se realizaram sexta-feira na cidade de Incheon, Coreia do Sul. Os encontros, quando se assinalam 20 anos de cooperação trilateral entre estes países asiáticos, visaram a assinatura de duas declarações conjuntas para uma maior cooperação de turismo e cultura, além da dinamização das potencialidades e expectativas previstas a esse nível.

A RAEM e a RAEHK estiveram representadas na qualidade de membros especiais, por beneficiarem do regime “Um País, Dois Sistemas”, e por desempenharem um papel dinâmico na cooperação entre a China, Japão e Coreia do Sul nas áreas da cultura e do turismo como uma “força importante” neste intercâmbio.

No seu discurso, Alexis Tam afirmou que Macau tem aproveitado a coexistência das culturas ocidental e oriental, e mantido a longo prazo um diálogo de intercâmbio aberto com todo o mundo, que inclui a “cooperação estreita com países vizinhos” como a Coreia do Sul e Japão.

“Durante vários anos consecutivos, os sul-coreanos e japoneses ocupam o 1º e o 2º lugar dos turistas estrangeiros que visitam Macau”.

O responsável acrescentou ainda que a “hospitalidade da população de Macau” tem acolhido bem os sul-coreanos e japoneses. “Por outro lado, o Japão e a Coreia do Sul são também destinos turísticos favoritos dos residentes de Macau, o que resulta no aumento constante das ligações aéreas” entre o território e os dois países, recordou.

Para o ministro da Cultura e do Turismo chinês, Luo Shugang, estas reuniões pretendem uma maior integração e um desenvolvimento concertado entre diversos sectores sociais como a cultura, turismo e economia nos três países. Para isso “será indispensável a abertura, tolerância e aprendizagem mútua entre a China, Japão e Coreia do Sul” e a ”salvaguarda do património cultural na Ásia”. Como referiu ainda, “a cultura e o turismo constituem o melhor que o ser humano procura e persegue, estando intimamente relacionados com o bem-estar da população”.

Conversas privadas

Alexis Tam, que participou no encontro de Incheon na companhia da presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, e da directora dos Serviços do Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, teve no final oportunidade de trocar impressões com o ministro chinês Luo Shugang sobre as previsões do sector turístico em Macau, os preparativos para os espectáculos dos 20 anos do retorno de Macau à pátria, a cooperação cultural e turística entre a China, os Países de Língua Portuguesa e as cidades da região da Grande Baía.

2 Set 2019

Habitação social | Sulu Sou pede alteração nos limites de rendimentos de acesso 

A mais recente interpelação escrita do deputado Sulu Sou debruça-se sobre o acesso dos residentes à habitação social. Para o pró-democrata, é importante alterar os limites de acesso a um espaço deste género, uma vez que há pessoas a desistirem de empregos para não perderem a casa, acusa

 

[dropcap]S[/dropcap]ulu Sou, deputado à Assembleia Legislativa (AL), defende na sua mais recente interpelação escrita enviada ao Governo que devem ser facilitadas as condições de acesso da solicitação de habitações sociais, ao nível do ajustamento dos limites do rendimento mensal dos candidatos.

Em causa estão queixas deixadas pelos residentes de que o actual limite estabelecido por lei é demasiado baixo, o que faz com que algumas famílias com carências económicas não sejam elegíveis para o acesso a uma habitação social, não só por terem outras rendas, mas também por estarem há muito tempo em lista de espera para terem acesso a uma habitação económica.

Devido ao baixo limite de rendimentos expresso na lei, as famílias, mesmo que tenham capacidade de trabalho ou outros projectos, optam por não trabalhar ou pedem a reforma antecipada, para não irem além dos limites impostos pelo Governo, a fim de manterem a casa social onde vivem. Para Sulu Sou, o limite legal dificulta a possibilidade destas famílias acederem a uma vida melhor.

O deputado ligado à Associação Novo Macau (ANM) quer que o Executivo explique a fórmula de cálculo e a diferença entre o valor de risco social e as despesas dos agregados familiares, pedindo esclarecimentos sobre um possível ajuste futuro nestes valores.

Dados irreais

O regime jurídico da habitação social em vigor determina duas opções caso o total do rendimento mensal ou do património líquido do arrendatário e família ultrapasse o limite máximo fixado. Se o montante “não ultrapassar o dobro do limite máximo, é pago o dobro do montante da renda”, enquanto que “se ultrapassar o dobro do limite máximo, o Instituto da Habitação (IH) pode celebrar com o arrendatário um contrato de arrendamento de curto prazo não renovável, devendo o arrendatário passar a efectuar o pagamento da renda em triplo, sem prejuízo do disposto no número seguinte”.

Sobre este ponto, o Governo explicou que se trata de um mecanismo definido por lei para fazer com que as famílias com mais rendimentos saiam do sistema e assim possam entrar agregados familiares mais carenciados.

O deputado lembrou que, na nova lei, a candidatura a uma casa social passou a ser permanente, podendo ser apresentada a qualquer momento, o que permite que o total do rendimento mensal e do património líquido do indivíduo se ajuste mais à realidade da situação. Sulu Sou quer, portanto, saber quais as medidas complementares a adoptar pelo Governo para garantir que o limite de acesso possa reflectir a situação económica das famílias. Além disso, o deputado deseja que sejam incluídos dados do salário médio mensal geral, ou seja, incluindo famílias que não estejam a residir em habitações públicas, para que o limite de acesso possa ser alargado a mais famílias de classe média.

2 Set 2019

Habitação social | Sulu Sou pede alteração nos limites de rendimentos de acesso 

A mais recente interpelação escrita do deputado Sulu Sou debruça-se sobre o acesso dos residentes à habitação social. Para o pró-democrata, é importante alterar os limites de acesso a um espaço deste género, uma vez que há pessoas a desistirem de empregos para não perderem a casa, acusa

 
[dropcap]S[/dropcap]ulu Sou, deputado à Assembleia Legislativa (AL), defende na sua mais recente interpelação escrita enviada ao Governo que devem ser facilitadas as condições de acesso da solicitação de habitações sociais, ao nível do ajustamento dos limites do rendimento mensal dos candidatos.
Em causa estão queixas deixadas pelos residentes de que o actual limite estabelecido por lei é demasiado baixo, o que faz com que algumas famílias com carências económicas não sejam elegíveis para o acesso a uma habitação social, não só por terem outras rendas, mas também por estarem há muito tempo em lista de espera para terem acesso a uma habitação económica.
Devido ao baixo limite de rendimentos expresso na lei, as famílias, mesmo que tenham capacidade de trabalho ou outros projectos, optam por não trabalhar ou pedem a reforma antecipada, para não irem além dos limites impostos pelo Governo, a fim de manterem a casa social onde vivem. Para Sulu Sou, o limite legal dificulta a possibilidade destas famílias acederem a uma vida melhor.
O deputado ligado à Associação Novo Macau (ANM) quer que o Executivo explique a fórmula de cálculo e a diferença entre o valor de risco social e as despesas dos agregados familiares, pedindo esclarecimentos sobre um possível ajuste futuro nestes valores.

Dados irreais

O regime jurídico da habitação social em vigor determina duas opções caso o total do rendimento mensal ou do património líquido do arrendatário e família ultrapasse o limite máximo fixado. Se o montante “não ultrapassar o dobro do limite máximo, é pago o dobro do montante da renda”, enquanto que “se ultrapassar o dobro do limite máximo, o Instituto da Habitação (IH) pode celebrar com o arrendatário um contrato de arrendamento de curto prazo não renovável, devendo o arrendatário passar a efectuar o pagamento da renda em triplo, sem prejuízo do disposto no número seguinte”.
Sobre este ponto, o Governo explicou que se trata de um mecanismo definido por lei para fazer com que as famílias com mais rendimentos saiam do sistema e assim possam entrar agregados familiares mais carenciados.
O deputado lembrou que, na nova lei, a candidatura a uma casa social passou a ser permanente, podendo ser apresentada a qualquer momento, o que permite que o total do rendimento mensal e do património líquido do indivíduo se ajuste mais à realidade da situação. Sulu Sou quer, portanto, saber quais as medidas complementares a adoptar pelo Governo para garantir que o limite de acesso possa reflectir a situação económica das famílias. Além disso, o deputado deseja que sejam incluídos dados do salário médio mensal geral, ou seja, incluindo famílias que não estejam a residir em habitações públicas, para que o limite de acesso possa ser alargado a mais famílias de classe média.

2 Set 2019

Hong Kong | Dirigente barrado associa proibição de entrada em Macau a ataque em Yuen Long

Galileo Cheng, membro da Comissão Justiça e Paz da diocese católica de Hong Kong, foi este sábado impedido de entrar em Macau pela fronteira do Porto Exterior. Ao HM, o responsável disse acreditar que esta proibição pode estar relacionada com o ataque ocorrido na estação de metro de Yuen Long. “A polícia pode ter passado as informações a meu respeito à polícia de Macau”, disse

 

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau proibiram, este sábado, a entrada de Galileo Cheng, membro da Comissão Justiça e Paz da diocese católica de Hong Kong, que tentou entrar no território pela fronteira do Porto Exterior. A informação foi difundida na rede social Twitter, não só pelo próprio, mas também pelo jornalista do New York Times em Hong Kong, Ezra Cheung.

Na sua conta na mesma rede social, Galileo Cheng partilhou o documento das autoridades onde se lê que a sua proibição de entrada ocorreu “por existirem fortes referências em como pretendia entrar na RAEM para a prática de actos que, pela sua natureza, podiam por em risco a segurança ou ordem pública da RAEM”.

Em declarações ao HM, Galileo Cheng suspeita que a sua proibição de entrada está relacionada com o ataque ocorrido na estação de metro de Yuen Long, no passado dia 21 de Julho, onde esteve presente.

“Suspeito que o relatório elaborado pela polícia de Hong Kong aquando do assalto na estação de metro de Yuen Long, a 21 de Julho, está relacionado com esta proibição, uma vez que a polícia de Hong Kong pode ter transmitido informações sobre mim à polícia de Macau”, disse.

O ataque de Julho ocorreu durante um protesto pacífico relacionado com a proposta de lei da extradição, quando um grupo de homens de cara tapada, envergando t-shirts brancas e paus de bambu, começaram a atacar os manifestantes que se encontravam no local. A polícia de Hong Kong foi acusada de chegar demasiado tarde a Yuen Long e de não ter travado a onda de violência.

Férias em família

Galileo Cheng disse ainda ao HM que é provável que continue na lista das autoridades, apesar de assegurar que há muito que está afastado de movimentos sociais.

“Sei que posso estar na lista (das autoridades) há muito tempo, e fui questionado há alguns anos pelos serviços de imigração dos dois territórios. Mas é ridículo que continue a ser banido quando estou fora dos movimentos sociais há anos.”

No dia do ataque em Yuen Long, Galileo Cheng assegura que foi ferido e que deu apoio a uma jornalista no local. “Na fase em que estive ligado aos movimentos sociais, fazia trabalho de jornalista para a plataforma In Media HK.”

Depois de deixar o hospital, em Julho, o responsável reportou os ferimentos de que foi vítima à polícia. A sua visita a Macau tinha dois objectivos específicos, conforme relatou ao HM. “Disse-lhes (às autoridades de Macau) que a minha visita ao território tinha como objectivo fazer férias e visitar familiares pró-Pequim.”

Galileo Cheng assegura que o facto de esses familiares serem pró-Pequim coloca-o “numa posição difícil”. Por questões de segurança, o dirigente católico não quis avançar com quaisquer nomes.

Questionado sobre a possibilidade de apresentar uma queixa contra as autoridades de Macau, Galileo Cheng garantiu que não o vai fazer, uma vez que essa acção seria “inútil”, pelo que “não vale a pena”.

2 Set 2019