Dança | “Flights” chega ao CCM para dois espectáculos no sábado e domingo

Um bailado composto por movimentos coreografados, na busca humana de ganhar asas e voar, chega este fim-de-semana ao CCM. “Flights” é para crianças e adultos, trazido pela companhia espanhola “Aracaladanza”, que falou ontem aos jornalistas

 

[dropcap]O[/dropcap] espectáculo “Flights” traz de regresso a Macau a companhia espanhola de dança contemporânea “Aracaladanza”, para duas exibições este fim-de-semana, dia 24 às 19h30 e dia 25 às 15h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

Acabados de chegar ao território, o director e dois bailarinos falaram ontem à tarde à comunicação social sobre o projecto inspirado no legado do pintor italiano Leonardo da Vinci, no ano em que se celebra o 500º aniversário da sua morte. “A inspiração para a coreografia do espectáculo não foi tanto a obra do pintor, mas a sua obsessão pela possibilidade de voar”, revelou Henrique Cabrera, o criador e responsável pela companhia.

A ideia de voar está presente em todas as civilizações e culturas, mas também em cada um de nós desde a mais remota infância, comentou. “Eu também sonhava com isso quando era menino”, portanto a coreografia explora essa vontade através das imagens e do movimento. “Queria mostrar esse apelo em diferentes fases do espectáculo, com diversos adereços, com asas e penas, com momentos em que pequenos pássaros pousam nas mãos” e outras surpresas ao longo do bailado.

O trabalho da “Aracaladanza” é geralmente concebido para um público mais novo, composto por crianças e famílias, “mas eu acho que todos os nossos espectáculos são para as pessoas de todas as idades”, sublinhou o director. “Não pretendo educar as crianças para a arte e para a dança, nem quero contar uma história, prefiro que eles sintam os movimentos”, disse.

A coreografia não obedece a uma narrativa específica, nem existe uma linha condutora. Como defendeu Henrique Cabrera, “desenvolvemos a dramaturgia como se fosse um sonho, confuso na lógica dos acontecimentos, mas fazendo sentido para quem lá está no meio”, explicou. É que “voar para mim significa liberdade e imaginação”.

Voos pelo mundo

A expectativa do grupo é agradar à audiência, “espero que as pessoas apreciem o espectáculo, que não é só de dança contemporânea, é muito mais. Tem adereços fantásticos, um impressionante trabalho de design e vídeo-projecções, uma banda sonora original, e cinco excelentes bailarinos”. A cenografia, contam, é composta por diferentes tipos de asas, paus, marionetas, cavalos, espelhos, poliedros, e uma mesa para a última ceia, tudo composto nos tons em que Leonardo pintou e desenhou as suas máquinas voadoras, pára-quedas e outros engenhos.

“O sépia, o ocre, o vermelho e o negro”, são as cores da performance, a que se juntam as texturas dos figurinos de Elisa Sanz e os sons electrónicos da música original composta por Luis Miguel Cobo. O espectáculo demorou cerca de quatro meses a tomar forma, desde o conceito inicial, passando pelos ensaios com os bailarinos, até à data da estreia que aconteceu em 2015, na cidade de Madrid.

A peça tem viajado, entretanto, por todo o mundo e conta já com cerca de 300 exibições. Sobre o trabalho com o director da “Aracaladanza”, os dois bailarinos presentes na conferência de imprensa de ontem – Jonatan de Luis Mazagatos e Elena García Sánchez – confessaram ser, sobretudo, “divertido e lúdico também”. Curiosamente, a companhia nunca passou por Portugal nem pela Argentina, de onde Henrique Cabrera é natural. Porquê? “Não fazemos ideia!”, mas gostariam muito de lá ir.

Em Macau, a “Aracaladanza” trouxe em 2014 o espectáculo “Constellations”, concebido a partir do imaginário do pintor espanhol Joan Miró. As quatro exibições no pequeno auditório do CCM esgotaram completamente. Para “Flights”, amanhã e domingo, ainda existem alguns bilhetes à venda. Os preços variam entre 100, 140 e 180 patacas.

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