EUA/China | Negociações para travar escalada de taxas comerciais

[dropcap]A[/dropcap]visita do vice-primeiro-ministro da China, Liu He, a Washington, dá início hoje a uma nova ronda de negociações para tentar evitar mais uma escalada na dura guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.

Se os negociadores chineses e norte-americanos, que esta semana se reúnem em Washington, nada acordarem, a partir do próximo dia 2 de Março os EUA imporão um aumento de tarifas, de 10 por cento para 25 por cento, em cerca de 200 mil milhões de dólares de produtos importados da China.

O vice-primeiro-ministro da China vai sentar-se à mesa com o representante do Departamento de Estado do Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e com o secretário de Estado do Tesouro, Steven Mnuchin, durante uma ronda de negociações que durará apenas dois dias, mas que tem uma muito preenchida agenda de trabalhos.

A ronda de negociações que começa esta quarta-feira procura evitar que se concretize a ameaça dos EUA de aumentar significativamente as tarifas das importações vindas da China, em resposta a um aumento de impostos decretada pelo Governo chinês, no final de 2018, para as importações vindas dos EUA.

À margem da cimeira do G20 na Argentina, em Dezembro passado, o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o Presidente da China, Xi Jinping, concordaram avançar nas negociações sobre as questões estruturais desta disputa comercial, incluindo “transferências tecnológicas, protecção da propriedade intelectual, ciber intrusão, serviços e agricultura”, como ficou estipulado num comunicado após esse encontro informal.

Nas últimas semanas, Donald Trump tem manifestado optimismo relativamente ao desenlace desta nova ronda de negociações.

“Eu conheço bem o Presidente Xi e estou certo de que nos vamos entender muito bem, nesta questão”, afirmou Trump, aos jornalistas, na semana passada.

Em busca de equilíbrios

Mas os analistas são muito mais cépticos, sobretudo tendo em conta a posição dura adoptada pelo negociador norte-americano, Robert Lighthizer, que dificilmente cederá em algumas áreas sensíveis, nomeadamente no que diz respeito às questões de patentes e de propriedade intelectual, onde os chineses se queixam de intransigência por parte dos EUA.

Do lado dos EUA, Lighthizer levará um pedido para que a China se comprometa a aumentar o volume de compras aos EUA, para equilibrar uma balança comercial que Donald Trump já considerou “demasiado inclinada” para o lado chinês.

Do lado da China, o vice-primeiro-ministro deverá insistir numa posição mais flexível por parte dos norte-americanos relativamente às acusações sistemáticas de roubo de patentes.
Para o final destas negociações, não é esperado nenhuma declaração conjunta, mas espera-se que os negociadores consigam chegar a acordo sobre um pacote de propostas que serão depois apresentadas aos dois presidentes.

No final de uma ronda de negociações em Maio passado, mesmo com uma declaração conjunta, o Presidente Donald Trump acabou por rejeitar as conclusões do entendimento, levando a guerra comercial para o ponto inicial de divergências.

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