“Tempos Transitórios” de Ricardo Meireles inaugura a 29 de Novembro na Creative Macau

A Creative Macau vai receber, a partir do próximo dia 29, a exposição de fotografia de Ricardo Meireles, “Tempos Transitórios”. De acordo com o autor, a mostra pretende “parar” as pessoas para que se apercebam do lugar que habitam e onde se movem

 

[dropcap]P[/dropcap]roporcionar um momento de pausa é a proposta do fotógrafo Ricardo Meireles com a exposição “Tempos transitórios” que será inaugurada no próximo dia 19 na galeria da Creative Macau. O objectivo é dar às pessoas um espaço para “parar, olhar e observar” a cidade que habitam e que, muitas das vezes, não têm tempo para absorver, apontou Ricardo Meireles ao HM.

Para o efeito, o fotógrafo foi à procura da cidade, das suas características e movimentos. “Quis captar aqueles momentos da cidade que são mais característicos e que estão mais relacionadas com a memória local e com a identidade através da arquitectura, da construção”, começou por explicar o também arquitecto.

Por outro lado, não existe cidade sem as pessoas que nela circulam e para transmitir esta ideia, o fotógrafo optou pelo desfoque das figuras humanas em contraponto com o foco das construções. “Estou a focar o elemento da cidade e estou a desfocar as pessoas porque são um elemento transitório, que passa”, explicou. “As pessoas movem-se de um lado para o outro e a cidade continua”, acrescentou.

Em última instância, Meireles pretende, com as imagens que apresenta em “Tempos transitórios”, sintetizar a ideia de um momento de pausa em que as palavras de ordem são “agora pára, olha e observa”. A razão, sublinhou tem que ver com a própria dinâmica local. “Em termos de fluxo humano, Macau é um pouco desordenado. As pessoas vivem no seu dia a dia e acabam por passar muitas vezes pelos mesmos lugares e não param, não reconhecem e não sentem a cidade. Acabam por não perceber o que é Macau em si em termos de espaço e de sociedade”, justificou.

Três tempos

A mostra está dividida em três momentos distintos. Numa primeira parte estão patentes ao público um conjunto de doze imagens a preto e branco e de grande formato. A ideia é mostrar o resultado do movimento rápido que é a captura de uma imagem. Segundo o autor, trata-se “do registo do movimento dos fluxos pedonais, num testemunho que foca um certo elemento perene da cidade” com características que incluem a memória e identidade locais.

A apresentação de um vídeo com cerca de cinco minutos integra o segundo momento da exposição. Aqui, “o registo é idêntico ao das fotografias”, disse. “Estou a focar a cidade e capto o movimento das pessoas em longas exposições. As pessoas estão lá mas em movimento”, acrescentou.

A última parte da mostra é dedicada a uma instalação em que as imagens, ao contrário dos momentos anteriores, se mostram a cores. Aqui as fotografias são essencialmente dedicadas a Macau antiga, “onde estão mais memórias”.

A instalação é constituída por um painel que agrupa uma série de imagens pequenas e constitui um momento que dá ao público várias opções de observação: “as pessoas podem focar-se numa imagem em particular, ou no conjunto”, apontou. Mas o público também se pode rever e integrar quer no contexto da obra que no contexto da exposição. Isto porque faz parte da instalação a suspensão de lamelas de acrílico que podem servir de mediador entre o público e o trabalho exposto, mas podem ainda ser um espelho e um projecto de cada um. “Acabamos por estar a observar e a ser observados porque fazemos parte do mesmo contexto”, rematou o fotógrafo.

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