Junkets | Criação de banco de dados continua em estudo

O Governo ainda está a estudar a criação de um banco de dados na área dos promotores de jogo. O novo coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, Yang Chongwei, garantiu que não haverá problemas de maior com o novo sistema de reconhecimento facial instalado nas máquinas ATM

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]nunciado em Novembro do ano passado, o sistema centralizado de dados pessoais dos promotores de jogo ainda não tem data para ser implementado. Yang Chongwei, que ontem tomou posse como o novo coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), garantiu que os vários departamentos públicos ainda estão a estudar o assunto.

“Em relação a este banco de dados sobre a concessão de crédito ainda há trocas de informações com outros serviços. Temos de respeitar todos os princípios para proteger os direitos dos titulares dos dados pessoais”, referiu à margem do seminário sobre as tendências internacionais de criminalidade com cartões de crédito.

Para Yang Chongwei, “independentemente de qualquer projecto novo [que venha a ser implementado], há que ter em conta os direitos e interesses das duas partes”.

“Este projecto envolve um grande volume de dados pessoais e temos de ter cautela. Este gabinete ainda está a planear este projecto e não posso dizer mais nada”, acrescentou.

Novas ATM sem problema

Questionado sobre a nova tecnologia de reconhecimento facial utilizada em algumas máquinas ATM, Yang Chongwei referiu que os departamentos do Executivo já têm alguma experiência na matéria, afastando a possibilidade da ocorrência de problemas na prática. Caberá ao GPDP a regulação dos dados pessoais neste âmbito.

“A tecnologia de reconhecimento facial não é nova e temos alguma experiência nesta matéria. Não é de facto um grande problema, mas vamos ter atenção a novas medidas tecnológicas que possam eventualmente ser aplicadas”, adiantou.

Na visão do responsável, “há um interesse legítimo para proteger não só o portador do cartão como garantir a estabilidade do sistema, tendo em conta a politica anti-branqueamento de capitais”.

“Esta medida abrange uma grande quantidade de dados pessoais e o gabinete vai discutir esta questão com a Autoridade Monetária e Cambial de Macau e o sector bancário, para saber se há alguma tecnologia para proteger os dados pessoais”, acrescentou o novo coordenador.

A nova tecnologia de reconhecimento facial “é boa e garante um equilíbrio entre os interesses legítimos e a protecção dos dados pessoais”, frisou Yang Chongwei.

 

Nova lei de dados pessoais sem urgência

Quando ocupou o cargo de coordenador do GPDP, Vasco Fong chamou a atenção para a necessidade de rever a lei de protecção de dados pessoais. Contudo, Yang Chongwei apontou que têm sido aprovadas novas directrizes e que, a curto prazo, não há um calendário para a revisão do diploma. “Sabemos que houve um rápido desenvolvimento nesta área e a União Europeia emitiu novas regulações. Penso que temos condições para garantir uma protecção dos dados pessoais e, a curto prazo, talvez possamos utilizar as orientações nessa matéria, tanto no sector privado, como no público.” O GPDP “tem emitido algumas orientações e instruções nos últimos anos”, referiu ainda. “Vamos considerar se há necessidade de algumas orientações, tendo em conta o desenvolvimento da sociedade”, adiantou Yang Chongwei.

5 Jul 2017

Wong Sio Chak não revela duração da pena de agente que agrediu cão

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é uma pena leve, considera o secretário para a Segurança. Wong Sio Chak disse ontem que o agente de investigação criminal da Polícia Judiciária (PJ) que maltratou um cão foi sujeito a pena de suspensão. O governante sublinhou a “total intolerância a quaisquer actos que violem a lei e as regras de conduta dentro do corpo policial”, garantindo que continuará a reforçar a formação e fiscalização disciplinar dos agentes.

Wong Sio Chak falava à margem da cerimónia de encerramento do 5.º Curso de Comando e Direcção e do 24.° Curso de Formação de Instruendos. Questionado pela comunicação social sobre a duração da pena de suspensão do agente da PJ, preferiu não responder, alegando que, “devido à regulamentação legislativa, não seria adequado divulgar” mais detalhes. Acrescentou, porém, que o processo ainda não foi concluído, uma vez que o agente goza do direito ao recurso.

Wong Sio Chak deu também algumas justificações sobre o caso. “A decisão de aplicar a pena de suspensão veio depois de terem sido considerados vários factores, incluindo a natureza do comportamento do agente, o grau de gravidade e as consequências do acto, com destaque principal para o impacto sobre a imagem do corpo de polícia, da secretaria para a Segurança, assim como de toda a sociedade”, fundamentou, citado em comunicado oficial. O governante reiterou que a punição em causa não pode ser considerada leve, uma vez que a pena “vai afectar a vida do agente de investigação criminal”.

O secretário foi ainda confrontado com o caso de um agente policial atacado durante o exercício de funções, que disparou um tiro para o ar. A situação em causa está ainda a ser avaliada, explicou. No entanto, as informações que existem neste momento apontam para que o agente tenha disparado “perante a possibilidade de ocorrer uma situação perigosa, tendo em conta o momento e o grau de emergência”. Wong Sio Chak acredita que “foi um acto adequado e decisivo”.

Ao vivo e virtual

Outro tema abordado ontem pelos jornalistas foi a bandeira nacional içada ao contrário, uma situação ocorrida no edifício do Terminal Marítimo do Porto Exterior. Wong Sio Chak considerou o caso “inaceitável”, “independentemente das razões para o sucedido”. O secretário considera que houve “um comportamento impróprio e negligente por parte do pessoal dos Serviços de Alfândega”. Já foi instruído um processo disciplinar para investigação.

Nas redes sociais, há diferentes versões das fotos da bandeira nacional içada ao contrário. Wong explicou que é difícil verificar a autenticidade, sublinhando que existe uma lei que regula a utilização da bandeira nacional, assim como da bandeira da RAEM, que deve ser respeitada por todos. “Caso as referidas fotos sejam divulgadas com má fé, podem violar a lei sobre a utilização da bandeira nacional e difamar os serviços públicos”, avisou. Os serviços competentes vão fazer a devida investigação, rematou.

5 Jul 2017

Ensino | IPOR abre Balcão de Apoio ao Estudante Internacional

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntra hoje em funcionamento o Balcão de Apoio ao Estudante Internacional, uma iniciativa que pretende ir ao encontro das necessidades dos estudantes que, através dos programas desenvolvidos pelas estruturas de Macau, escolhem instituições de ensino superior portuguesas para prosseguirem estudos. O serviço é lançado pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), em parceria com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), o Consulado-Geral de Portugal e várias universidades portuguesas.

Em comunicado, o IPOR explica que o balcão dará apoio aos alunos que seguem para Portugal ao abrigo do estatuto de estudante internacional. Dirigido a jovens que não sejam nacionais de Portugal ou de qualquer outro país da União Europeia, este estatuto enquadra-se no objectivo de internacionalização das instituições de ensino superior portuguesas. No caso de Macau e da China, permite aos estudantes que terminaram o ensino secundário aceder directamente a um contingente especial de vagas criadas pelas universidades para diferentes cursos de licenciatura e mestrado.

Com o novo balcão, será mais fácil aos estudantes obterem informações detalhadas sobre as instituições de ensino superior de Portugal, os cursos e o modo de instrução dos processos, de modo a que alunos e famílias possam ter um maior apoio na tomada de decisões.

O serviço está integrado na Biblioteca Camilo Pessanha, nas instalações do IPOR. A entrada em funcionamento do balcão vai ser assinalada com a presença do cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno, e o coordenador do GAES, Sou Chio Fai.

5 Jul 2017

Fotografia | Lago Baikal, na Sibéria, em exposição em Macau

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]ao Ip é um “assalariado” local. É esta a apresentação do também fotógrafo que se aventurou no Inverno siberiano em busca de imagens únicas. Cansado da monotonia diária, fez-se à estrada de câmara em punho. Lao foi ao lago Baikal para criar um conjunto de 30 imagens que vão estar, a partir de sexta-feira, expostas no espaço da associação Find Art Macau.

No entanto, o lago parece ser apenas o mote. De acordo com a apresentação do evento, Lao trouxe um documento dos cenários e vidas que acontecem nesta zona em que parte do ano é gelada.

O fotógrafo foi para Baikal no Inverno do ano passado e as temperaturas rondavam os 30 graus negativos. Mas não foi o frio que deteve o jovem de 28 anos. As paisagens são descritas como “magníficas” e mostram a existência de uma beleza particular, em situações extremas. A luz do dia e as particularidades nocturnas foram capturadas. A ideia é conseguir transmitir “uma atitude positiva quando se olha o ambiente, seja ele qual for”, lê-se na apresentação da mostra. A exposição conta com a curadoria do artista plástico João Lázaro das Dores.

5 Jul 2017

João Botas, autor de biografia sobre Silva Mendes: “Deixou um legado de um valor inestimável”

“Biografia de Manuel da Silva Mendes 1867 – 1931” é o mais recente livro de João Botas. A obra foi apresentada ao público na mais recente edição da Feira do Livro de Lisboa. O autor considera que Silva Mendes é uma personagem ímpar da história do território

[dropcap]P[/dropcap]orquê a escolha de Manuel da Silva Mendes?
Por vários motivos. Primeiro, porque foi num texto dele que me inspirei para dar nome ao blogue onde tenho vindo a divulgar a história de Macau desde 2008, o “Macau Antigo”, e que já ultrapassou um milhão de visitantes. Depois, porque Silva Mendes foi professor no Liceu de Macau, onde completei o ensino secundário. Acresce que há uns anos fui contactado por familiares de Silva Mendes que diziam querer saber mais sobre a sua vida. Encarei a abordagem como um desafio e, desde logo, pensei em escrever sobre a história da vida e legado de um homem que foi uma figura marcante da história de Macau na primeira metade do século XX e, inexplicavelmente, ainda nada de substancial tinha sido feito.

No decorrer das pesquisas, que factos mais o surpreenderam neste homem?
A multiplicidade de actividades a que se dedicou, um ou outro detalhe de âmbito mais pessoal que, julgo, ninguém até hoje conhecia, a dimensão e qualidade da sua colecção de obras de arte, um legado que em parte ainda hoje pode ser apreciado no Museu de Arte de Macau. Outro facto surpreendente foi a rapidez com que Silva Mendes construiu a sua casa, hoje a United Nations University International Institute for Software Technology. Ele chegou ao território em 1901 e, por volta de 1908, já a mansão estava pronta.

De professor a sinólogo. Qual o legado que deixou a Macau?
Manuel da Silva Mendes deixou um legado de um valor inestimável. Logo após a sua morte, Governo e sociedade civil de Macau, portugueses, macaenses e chineses, tiveram a noção clara da sua importância, a ponto de terem adquirido muitas das peças da sua colecção. As obras de cerâmica de Sek Wan ainda hoje constituem uma das mais valiosas colecções do género ao nível mundial. Não é de somenos importância as centenas de artigos publicados na imprensa local ao longo de quase 30 anos, bem como os livros que publicou, não só sobre Macau do seu tempo, como também sobre a cultura chinesa. 

Como está a ser recebido este livro?
A apresentação ao público na Feira do Livro de Lisboa, bem como as sessões de autógrafos que se seguiram, decorreram muito bem. Houve muitas pessoas a assistir e a participar de forma activa, e isso deixa-me satisfeito, é claro. Até ao momento, as reacções que tenho recebido têm sido muito positivas. Já recebi alguns convites para fazer palestras sobre o livro em Portugal e espero que, em Outubro, (mês em que se assinalam os 150 anos do nascimento de Manuel da Silva Mendes), possa regressar a Macau para a apresentação pública do livro através do Instituto Cultural, co-editor da obra. Por essa altura, o livro já vai estar à venda em várias livrarias do território. Em Portugal, está disponível na Livraria do Turismo de Macau, em Lisboa, e já recebi alguns contactos de outras livrarias que estão interessadas.

A seguir, o que pensa fazer? Que vida vai pesquisar?
Esta foi a minha estreia no mundo das biografias e, confesso, fiquei entusiasmado com o género. Tenho mais dois ou três nomes em carteira de personalidades ‘macaenses’ que gostaria de biografar, mas não depende apenas de mim a sua concretização. Tenho também outros projectos relacionados com a história do jogo e do turismo bastante aliciantes. Faço-o com muito prazer, mas apenas nos tempos livres; além de tempo, são precisos apoios, nomeadamente financeiros. Já escrevi quatro livros (e outro em co-autoria) sobre a história de Macau, mas parece que como cartão-de-visita ainda não chegam para conseguir financiamentos. Para esta biografia, por exemplo, a Fundação Macau concedeu-me cinco mil patacas. Obviamente, recusei.

Porquê o interesse pelos homens de Macau?
O meu interesse pela história de Macau é o mais abrangente possível. Há quase duas décadas que venho coleccionando objectos – e já tenho uns cinco mil – sobre Macau (postais, fotografias, moedas, notas, livros, carteiras e caixas de fósforos, lai sis, jornais, revistas, calendários, bilhetes de cinema e de transportes, folhetos turísticos, etc.) num projecto que intitulei de “Macau Memorabilia” e que, um dia, tenciono transformar numa exposição iconográfica sobre a história de território, no século XX. Tenho uma colecção de cerca de 50 mapas/plantas de Macau que um dia também tenciono mostrar publicamente. Outro projecto antigo que tenho vindo a equacionar é passar para livro muitas das histórias que tenho vindo a publicar no blogue Macau Antigo. 

Acha que o território e a sua história precisam de ser mais conhecidos em Portugal?
Costumo dizer que, nestas coisas, mais nunca é de mais. Na medida das minhas possibilidades estarei, como sempre estive, disposto a dar o meu contributo. Talvez no domínio dos projectos audiovisuais possa haver novidades em breve. Recentemente recebi dois convites, mas para já é prematuro avançar com detalhes.

O que pode ser feito nesse sentido?
Tanta coisa. Mas muito tem sido feito. Quem está minimamente atento não pode deixar de reconhecer a profusão de eventos que se vão realizando em Portugal relacionados com Macau, nomeadamente pela Delegação do Turismo de Macau em Portugal.

5 Jul 2017

Internet | Novas regras de controlo causam preocupação

Medidas mais rígidas têm restringido acesso a páginas, vídeos e serviços sob alegações de conteúdo impróprio. Regras representam endurecimento na fiscalização da internet antes de congresso do Partido Comunista no segundo semestre.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mais recente movimento do governo da China para suprimir conteúdos na internet tem preocupado uma diversa comunidade de cineastas, blogueiros, membros dos media e educadores, que temem que seus portais possam ser fechados por conta do controle mais rígido de Pequim.

No último mês, reguladores chineses fecharam páginas de celebridades, restringiram quais tipos de vídeos as pessoas podem publicar e suspenderam os serviços online de “streaming”. Tudo isso sob alegações de conteúdo impróprio.

Uma associação do sector fez circular na sexta-feira uma nova regulamentação de efeito imediato, determinando que pelo menos dois “auditores” terão que controlar todo conteúdo audiovisual publicado online – desde filmes até curtas, documentários, desportos, material educacional e animações – para garantir que esses conteúdos são fiéis aos “principais valores socialistas”.

Tópicos considerados inapropriados incluem vício em drogas e homossexualidade, disse a Associação de Serviços de Transmissão Online da China, afiliada ao governo e que representa mais de 600 membros.

Muitas pessoas no fim de semana criticaram online a nova regulamentação, com a maioria a dizer que é um retrocesso e que pode prejudicar a criatividade. Algumas notaram que pode ser quase impossível aplicar essas regras.

“De acordo com estas regras de censura, nada vai passar, o que vai exaurir a criação audiovisual artística”, escreveu Li Yinhe, uma académica que estuda sexualidade na Academia Chinesa de Ciências Sociais, mantida pelo governo.

Sob as novas regras do governo, obras como a ópera “Cármen”, de Georges Bizet, e “Otelo”, de Shakespeare, tecnicamente teriam que ser banidas por mostrarem prostituição e exibirem cenas explícitas de afecto, escreveu Li num blog.

Grandes e pequenos afectados

As regras, que afectam gigantes das redes sociais como Weibo, assim como pequenas plataformas que têm florescido no movimentado espaço criativo online da China, representam as mais recentes medidas para endurecer a fiscalização na internet antes do Congresso do Partido Comunista no segundo semestre, quando o presidente Xi Jinping deve consolidar seu poder.

A expectativa é que mercado de vídeo online da China, que inclui receita de anúncios e de compra de conteúdo, deve mais do que quadruplicar de 2015 a 2020, chegando a 96,2 mil milhões de yuans, de acordo com dados de 2016 do IHS Markit.

“Costumávamos descrever a constante regulação conta-gotas como a fervura de um sapo em água morna. Agora está escaldante com água a ferver”, disse à Reuters Wang Xiaoxiao, um agente de talentos que representa diversos actores que conquistaram fama na internet.

Zhao Jing, fundadora do Yummy, um site especializado em educação sobre temas de género, disse que usaria eufemismos para genitais e evitaria tópicos proibidos, como casos extraconjugais, para contornar palavras-chave que desencadeariam a censura.

Caso contrário, ela teme que seu portal possa ser excluído do aplicativo de mensagens instantâneas WeChat da Tencent.

 

 

5 Jul 2017

China | Fortes chuvas deixam pelo menos 56 mortos e 22 desaparecidos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s chuvas torrenciais deixaram nos últimos dias pelo menos 56 mortos e 22 desaparecidos no centro e sul da China, onde centenas de milhares de pessoas tiveram que abandonar as suas casas, informaram nesta terça-feira as autoridades de várias províncias.

Segundo os últimos dados divulgados pela agência oficial Xinhua, um total de 27 mil casas desmoronaram e 37 mil sofreram graves por conta dos deslizamentos de terra e inundações. O Governo central designou uma ajuda de emergência de US$ 278 milhões, embora estime-se que as perdas económicas ultrapassem os US$ 3,7 mil milhões.

As fortes chuvas causaram inundações e fizeram com que os níveis de água de mais de 60 rios no sul da China tenham subido acima do seu máximo. As províncias mais afectadas são Hunan e a região autónoma de Zhuang, disse o Ministério dos Assuntos Civis.

Milhares de soldados, policiais, funcionários públicos e civis estão a lutar contra as inundações em várias províncias ao longo do rio Yangtzé. A estação de monitoramento do nível de água em Changsha (capital de Hunan) no rio Xiangjiang, um importante afluente do Yangtzé, alcançou um recorde de 39,51 metros, superando o recorde anterior de 39,18 metros estabelecidos por uma inundação em 1998.

As inundações destruíram casas, arrancaram árvores, danificaram veículos, estradas e as plantações de muitos agricultores, enquanto milhares de pessoas tiveram que deixar a região.

Em Hubei, cerca de 16 mil pessoas estão em alerta máximo pela enchente dos rios, e em Guangxi, foram confirmadas as mortes de 16 pessoas, enquanto dez estão desaparecidas.

Por outro lado, o calor está sufocante no norte do país. Na capital Pequim e em províncias como Shaanxi, Hebei e Henan, as temperaturas chegam aos 40 graus. Na Região Autónoma da Mongólia Interior, mais de 200 bombeiros estão a lutar contra um incêndio que atravessou o norte da China, a partir da Mongólia.

Nesta época do ano são frequentes as chuvas torrenciais na China e é comum que aconteçam inundações, deslizamentos e outras catástrofes motivadas por fenómenos meteorológicos.

O fato mais grave ocorrido nesta temporada aconteceu no último dia 24 de Junho, em Sichuan, quando também ocorreram fortes chuvas e parte de uma montanha caiu sobre a aldeia de Xinmo.

5 Jul 2017

China | Hospital condenado por impor reorientação sexual

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m hospital chinês foi condenado pela justiça por impor um tratamento de reorientação sexual a um paciente, segundo a sentença de um tribunal anunciada ontem. De acordo com a cópia do veredicto, o hospital psiquiátrico de Zhumadian, na província de Henan foi condenado por um tribunal da mesma cidade e terá de fazer um pedido público de desculpas e pagar ao queixoso 647 euros pelos danos causados.

M. Yu foi admitido na instituição em Outubro de 2015, pouco depois de ter revelado a sua homossexualidade à esposa e pedido o divórcio. O paciente foi então diagnosticado com “problemas de orientação sexual” pelo hospital, que se recusou a deixá-lo sair, e impôs um tratamento médico para garantir “cura” de Yu. A “terapia de reorientação sexual” aplicada é considerada uma prática não científica e ineficaz pelos peritos, embora continue a ser utilizada em várias clínicas do país.

Yu foi amarrado durante cerca de 20 dias à sua cama de hospital e forçado a tomar comprimidos e receber injecções concebidos “para corrigir” a sua orientação sexual, sob pena de espancamentos, explicou o próprio, numa entrevista à agência France-Presse.

Uma testemunha confirmou em tribunal que Yu foi “tratado contra a sua vontade durante 19 dias”, através de medicação que incluía antidepressivos e injecções, lê-se no documento do tribunal.

“Este veredicto é importante para a comunidade homossexual porque nenhuma lei oferece protecção” contra o tratamento forçado, disse Peng Yanhui, director de uma organização não-governamental que defende os direitos LGBT na China.

Num caso semelhante, em Dezembro de 2014, um tribunal de Pequim condenou uma clínica em Chongqing, no sudoeste da China pela prática de tratamentos com o objectivo de “curar” a homossexualidade.

A China removeu a homossexualidade da sua lista de doenças mentais em 2001, mas muitas pessoas da comunidade continuam a ser vítimas de discriminação e sofrem de pressão familiar.

5 Jul 2017

Contar o tempo

Horta Seca, Lisboa, 28 Junho

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]enho pelo menos um leitor. A pensar em noites desinspiradas como esta, fui atirando notas para uma página. E sendo a tendência escrever mais do que a medida, ali arquivei entrada excedente sobre desarrumação. Usei-a algures em Março, não a apaguei e esqueci-me. Voltei a usá-la agora. Um leitor fez o favor de mo assinalar. Veio-me à memória o que se projectava durante palestra de conferencista distraído: «verificar a conexão da fonte e o modo de entrar».

Mymosa, Lisboa, 29 Junho

Coube-me o terceiro dia nesta criação em torno dos «vinte anos de prática projectual em design gráfico» de Jorge_dos_Reis. Sete dias, cada um com um tipo de peças (cartazes, letras, livros e publicações, catálogos, identidades gráficas, esboços e finalmente pinturas) desenham esta «Terra Plana», assim se chama a exposição, patente na Casa da Cerca, em Almada, e o deslumbrante catálogo que o Jorge agora me entrega enquanto solta gargalhadas que enchem o lugar. Impressiona o rigor com que duas décadas de trabalho se apresentam, de modo visceral, mas arrumado em lúdicas geometrias. Impressiona o deleite com que se apresenta, nos detalhes, nos diferentes papéis, no formato. Cheguei ao Jorge pelo lado da investigação sobre tipografia e só depois descobri o criador, que invocava invariavelmente uma paisagem de serras que me foi próxima, ao serviço de curioso programa: «páginas à procura de uma lombada, homens à procura de uma morada». Aquela sua pesquisa em torno dos caracteres móveis tocava-me por conter muito de labor poético, que abordei erguendo-me em esforço do magma de confusão destes meus dias, cada vez mais esboços do indistinto.

«Daqui, de onde o vejo, até com as mãos, encontro uma peculiar estranheza no corpus do Jorge_dos_Reis. Lúdica e confortável, mas estranheza. Simplesmente porque […] combina opostos e diferenças de maneira única: vejo máquinas e mecanismos e peças, mas logo encontro jardim do mais orgânico esplendor vegetal; uma linha irregular, risco distraído no papel que se transfigura em simetrias e rigor geométrico; tem tanto de abstracto como estruturante, formas de puro deleite ou sinais que emitem informação; faz-se paisagem e habitada por pequenos seres, quase sempre paisagem de papel e pequenos seres de tinta, mas pode dar-se o contrário; elementos oriundos do passado distante a conviverem com pixéis latentes de ecrã; o conforto do reconhecível e o assombro do novo.»

Se se pudessem arrumar décadas de trabalho irrequieto, teria que ser assim, abrindo com o azul petróleo de uma qualquer «materica acqua». Entra o Raquesh, que espalha gentileza, paga uma rodada e grita: «É o fim!». Nada disso, vamos lá tratar de habitar esta «Terra Plana».

Mymosa, Lisboa, 30 Junho

Sento-me à mesa de mais um projecto com o António Eloy, velho companheiro de lutas que nos pareciam ganhas. Erradamente, como a sempiterna energia nuclear, um desvario maior da gula energética das sociedades contemporâneas. Nem sei a razão do desvio, mas deu-nos para folhear álbum (in)comum de amores e ódios, causas e nomes, mestres, personagens, amigos ou nem por isso. A sua passagem pelo Partido Radical, projecto libertário assaz peculiar de Marco Panella, falecido no ano passado, motivou inúmeras histórias. Muito para além da porno-deputada Cicciolina… Nem me lembrava da proposta de colocar Ghandi no logótipo, à qual Eloy e a maioria de uma qualquer assembleia se opôs, até que o carisma de Panella inverteu a tendência. Pelo meu lado, recordo os esforços transnacionais para a legalização das drogas. Tenho para mim que não valorizamos devidamente o memorialismo, e, em resposta, criámos, na Arranha-céus, colecção que acolhe textos que queiram testemunhar do vivido. Lancei desafios dos quais espero ansiosamente resultados. Para cortar no tempo.

São Julião, Lisboa, 30 Junho

As Festas da Cidade dão-se por findas, mas nada mais enganoso. Em Lisboa, as festas são um fado, uma tatuagem, um acaso da geografia, um resultado da meteorologia. Este ano erguemos um arco de papel com a EGEAC e editámos a preto e branco, para adultos e nem tanto colorirem, algumas das ilustrações com que o Nuno [Saraiva] tintou as festas, do ano passado e deste (um exemplo, nesta página). Uma brincadeira, dir-me-ão. Sim, mas quem afirmou a nossa seriedade? O gesto de colorir acalma os nervos, faz passar o tempo, exercita o músculo estético. Faz-nos ainda regressar a uma qualquer infância, o que se justifica sobremaneira para quem vive (em festa) aqui e usa os transportes públicos. Brincadeira, claro, mas se olharmos com atenção estes desenhos encontramos, a traço fino, um retrato da cidade que somos. Há anos que anda a povoar lisboas, e nos últimos tempos, até pelas paredes conta histórias. Invariavelmente fazem dos corpos um palco. Não por acaso, no caso revisita a obra do enorme Rafael [Bordalo Pinheiro]. Não deixámos ainda de ser nem zés nem povinhos. Em fundo musical, está alinhada, qual desfocada foto na parede da colectividade, uma galeria de personagens do mais transversal e transgressor cosmopolitismo genético. Fui ver e diz que «um ente geométrico é transversal quando o seu sentido é oblíquo em relação a determinado referente». Somos partes em recomposição, identidades sem bilhete nos apertos de um metro veloz. A cegonha acaba em pernas com meias de renda, sim a que enfia o bico do mito na garganta da raposa-PA. O DJ toca pratos, mas de chouriço e sardinha. As varinas são tatuadas, usam piercing e marcham de estilete, os marujos saltam para dança gay-pop, chinesas partilham arco e balão com um rajá das índias profundas do Martim Moniz. Siga o baile, desde que com selfie na ponta do pau. Depois ainda têm muito que contar os manjericos, em desfile de seres que são também comentários aos tiques e aos estereótipos alfacinhas. Isto e mais está deslavado em formato generoso à espera da cor de cada um.

Em aperto de simbólica, marcámos o lançamento para o fim do mês, perto da Praça do Município, em plena exposição das sardinhas, essoutra brincadeira que se tornou fenómeno internacional, com cardumes cada vez mais numerosos a redesenhar o popular bicho, levando o ícone popular à exaustão. Não apareceu quase ninguém, o que nos deixou de lápis coloridos na mão. A escolha de dia e hora para atiramentos é ciência que não se deixa dominar. Os fregueses deviam estar distraídos algures num arraial. Vai daí, fomos à festa.

5 Jul 2017

Okja: o E.T. boçal da Coreia do Sul

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando o filme mais recente de Bong Joon-ho acabou de ser exibido na última edição do Festival de Cinema de Cannes, a audiência aplaudiu de pé, mas quando o logo da produtora, a Netflix, apareceu no ecrã foi recebido com vaias. Okja é um filme maravilhoso e a primeira obra-prima da Netflix.

A história começa com uma apresentação encantatória da personagem que dá nome ao filme. Quem é Okja? Lucy Mirando (Tilda Swinton), uma entusiasmadíssima mulher de negócios, está ansiosa por contar a história. Lucy recorre a uma apresentação multimédia, para revelar aos jornalistas e aos accionistas da sua multinacional uma descoberta fantástica: uma nova estirpe de porco, um “super-porco”. Uma criatura estranha e gigantesca é apresentada como o futuro da culinária. Resultado de experiências genéticas, este enorme animal tem também um temperamento dócil e representa sobretudo uma enorme fonte de alimento. Mas a multinacional mente sobre a origem deste animal e alega que pertence a uma nova espécie encontrada no Chile, em estado selvagem.

Okja, uma fêmea premiada, é enviada para uma quinta na Coreia do Sul, no âmbito de um programa global desenhado para encontrar o melhor habitat para a espécie. Neste cenário a nossa “porquinha” vai deambular pelas montanhas durante 10 anos, comer o pasto e tornar-se a companheira inseparável da pequena Mija (Ahn Seo-hyun), neta do fazendeiro. E, neste panorama bucólico, vemos Mija e a sua gigantesca amiga passeando de cá para lá, sob o olhar protector do avô (Byun Hee-bong). No entanto, fica claro desde o início, a realidade vai entrar em cena e, quando entra, magoa.

Okja é uma espécie de E.T., mas mais boçal e, imaginando que o E.T. tinha corrido o risco de se tornar num produto para consumo alimentar das massas. Este filme fala-nos da perda da inocência, mas mais importante do que isso, fala-nos sobre o valor da inocência. A força do filme de Bong está na pureza do espírito de Mija, que pode servir de lição para muitos de nós (especialmente para os consumidores de carne).

Okja é, evidentemente, um ícone—os espectadores já sabem isso antes de lhe terem visto o focinhito. É um símbolo que representa todos os animais criados em quintas industriais, onde acontecem as maiores desumanidades, decorrentes da produção em massa e do comércio global. Mas o amor que Mija sente por ela não é superficial, nem se apaga facilmente. Mesmo a multinacional que a fabricou compreende o valor comercial deste afecto—e é por isso que Lucy tenta apresentar Okja como um animal doméstico, igual aos outros, de modo a que clientela não tenha medo de fritar o seu toucinho geneticamente modificado para o pequeno almoço.

Okja é o primeiro filme de Bong Joon-ho a participar num dos mais importantes Festivais de Cinema europeus. Bong não foi “acarinhado” pelo júri do Festival porque os seus filmes são considerados “comerciais”: o que ele faz é para ser visto e apreciado por grandes audiências. Inicialmente Okja não foi aceite para concorrer à Palma d’Ouro. Depois, Okja foi exibido na Netflix e acusado de ter um “problema de identidade”. Tudo isto não passa de um sintoma do eterno conflito entre a liberdade criativa e os diversos poderes instalados.

bit.ly/2qVaKpf

5 Jul 2017

A liberdade prometida

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]inte anos parecem muito tempo mas estes que passaram desde a transferência de soberania de Hong Kong até ao presente fugiram num ápice. Para isso terá contribuído certamente o desenrolar compulsivo, quase maníaco, dos factos. Estes, de tal modo se sucederam, que por vezes se atropelaram e mutuamente atiraram para o caixote do lixo da História. O século XXI tem sido fértil em acontecimentos, em momentos que, noutras eras, teriam sido incontornáveis, disruptivos. Agora não: existe esta sensação de que a vida continua igual, orientada pelos mesmos tiques pois a humanidade não consegue viver no sobressalto diário que os media hoje proporcionam.

Insinuou-se a gripe das aves, eclodiu a crise asiática, a mãe pátria salvou as finanças da praça financeira. Nos EUA ruíram as torres-gémeas, semeou-se a guerra de novo pelo mundo. Cresceu desmesuradamente Macau, o fosso entre ricos e pobres alargou-se consideravelmente na ex-colónia britânica. Veio outra crise, de um tamanho tal que a Grande Depressão parecia agora ínfima. Em Hong Kong, os guarda-chuvas amarelos ocupavam durante meses as ruas e impediam o sufrágio universal condicionado.

Muitas vezes me pergunto se, caso fosse realmente o interesse de Pequim controlar os assuntos de Hong Kong, Joshua Wong e outros activistas radicais não seriam seus agentes. Isto porque, de modo quase perfeito, impediram que a RAEHK desse um passo fundamental para uma realização democrática mais completa: o sufrágio universal condicionado. Como se sabe, a proposta de Pequim passava primeiro por admitir uma sufrágio universal. E, em segundo lugar, que os nomes merecessem a sua aprovação, isto porque, segundo o léxico oficial, teriam de ser patriotas.

O primeiro aspecto não é de desprezar. Um sufrágio universal é algo de onde dificilmente se recua. E, correndo tudo bem, ou seja, se Hong Kong não afrontasse a China, é de admitir que a cidade poderia gozar de um sufrágio sem condicionantes dentro de uma década. Assim não o quiseram os activistas dos guarda-chuvas amarelos. Que interesses realmente defendem é difícil de saber, mas os resultados que conseguem vão pouco além de um acentuado gosto pela vitimização mediática. E, claro, de um retrocesso no processo democrático.

Os activistas dos guarda-chuvas amarelos queriam, num golpe, passar de um regime colonial, onde a representação democrática eleitoral directa era mais fraca do que, por exemplo, em Macau, para uma democracia eleitoral de modelo ocidental. Não aceitaram um passo intermédio e no mesmo gesto queimaram uma série de pontes que permitiam um diálogo contínuo entre as partes. O comportamento dos deputados eleitos, quando do juramento, foi lamentável. Traíram o país ou enxovalharam-no, pois mesmo não se sentindo chineses, nem por isso deixavam de estar na China e certas atitudes não são admissíveis; mas sobretudo traíram os seus eleitores que assim se quedaram sem representantes no parlamento. Finalmente, com tanta fanfarra e pouca votação, proporcionaram a Pequim o congelamento sine die das reformas democráticas.

A democracia é complicada em Hong Kong não por causa da liberdade de expressão, dos direitos humanos ou dos animais. A questão é, claramente, outra. O receio de mudança, de perda de controlo, existe mais do lado dos homens fortes da cidade, do que por parte de Pequim. Os tubarões do imobiliário e da navegação, os mestres das finanças, os donos dos grandes negócios, conluiados com interesses no continente, esses serão os que sobretudo receiam uma sociedade mais justa, mais igualitária, menos dividida, resultado eventual do voto popular.

Em Hong Kong, a estrutura económico-política é ainda herdeira dos impérios, chinês e inglês. O maoísmo vizinho pouco ou nada a perturbou. É certo que, apressadamente e à última da hora, os ingleses lembraram-se de inocular o vírus dos gritos pela “democracia” e “liberdade”, depois de 140 anos de feroz garra colonial sobre a população chinesa da cidade. Ainda nos 70 Bruce Lee destruía, num dos seus filmes, uma placa onde se lia “Proibida a entrada a chineses e a cães”. É também por isso revoltante ver bandeiras britânicas nos protestos do 1 de Julho…

O despertar tardio dos britânicos para a democracia em Hong Kong retirar-lhes-ia a legitimidade que a China lhes concedeu com a assinatura da Declaração Conjunta. No entanto, também graças a este documento (para além, creio, da própria vontade de Pequim), a Lei Básica não deverá sofrer alterações que tornem inoperacional o segundo sistema. E o Reino Unido tem o dever de olhar para o que acontece e verificar o cumprimento dos acordos, pelo menos do que constitui o seu espírito mais íntimo. A China, como mãe-pátria, tem o dever de não assustar os seus filhos, sobretudo quando isso não parece de todo necessário, como no caso dos livreiros.

Por Macau ainda nos banhamos na liberdade prometida.

5 Jul 2017

Le César, Taipa Velha | Os pratos estão lançados

Beber um café pela manhã ou tomar o pequeno-almoço no Le César, na Taipa, passou a ser um hábito de muitos que cá vivem. Diogo Geraldes abriu agora um segundo espaço na zona da Taipa Velha, mais virado para a restauração. Lá podem encontrar-se pratos portugueses que ainda ninguém provou cá

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á 13 anos que o Le César funciona junto ao Parque Central da Taipa e foi um dos poucos espaços que disponibilizou o típico café português, quando beber café estava longe de ser um hábito comum em Macau.

O negócio cresceu e, recentemente, Diogo Geraldes, proprietário, decidiu abrir um restaurante com o mesmo nome na zona da Taipa Velha. Lá poderão provar-se as iguarias do costume, como é o caso da francesinha, mas há também novidades, como o arroz de robalo com amêijoas.

“Temos a cozinha genuína portuguesa, temos alguns pratos que a maior parte dos restaurantes portugueses já tem. Temos alguns pratos novos. Que eu saiba, ainda não estão a ser feitos em Macau”, contou o responsável ao HM.

O novo restaurante é “amplo”, com capacidade para 60 pessoas. Habituado a servir sobretudo locais, Diogo Geraldes vira-se agora para um tipo de clientela diferente: os turistas que todos os dias passeiam num dos lugares mais populares do território.

“É um novo desafio, também em termos de visibilidade. São públicos-alvo diferentes. No café a nossa clientela é 99 por cento de residentes de Macau, enquanto neste novo espaço, devido à sua localização, vamos com certeza, e já estamos a receber, bastantes turistas de todas as nacionalidades.”

Ainda assim, a curiosidade leva a que muitos dos habituais frequentadores do Le César acabem por almoçar ou jantar no novo espaço.

“Um espaço de referência”

Diogo Geraldes recorda o início de um negócio que já fez história e que faz parte do dia-a-dia de quem cá vive. “O Le César já tem bastantes anos e é um espaço de referência, sem dúvida”, considerou.

“Temos grupos de portugueses e até chineses que só vão lá para comer a francesinha. Temos um grupo de clientes portugueses que, de há uns anos para cá, almoçam lá só por causa das francesinhas. É um espaço de referência não só para quem vive na Taipa, mas para toda a comunidade portuguesa e até de estrangeiros, incluindo chineses”, acrescentou o proprietário.

Quanto ao projecto original, ou seja, o café que abriu portas em 2004, mantém-se igual, apesar das obras realizadas há alguns meses. “A filosofia e o projecto continuam os mesmos”, defendeu Diogo Geraldes.

Há espaço para todos

Com a abertura de mais um restaurante com comida portuguesa, o responsável considera que o conceito está longe de se esgotar no mercado da restauração.

“A maior parte dos restaurantes portugueses em Macau são de sucesso e têm clientelas boas, e isso mostra que o conceito está longe de estar saturado. Há uns meses vi um estudo de uma revista que mostrava que os turistas têm bastante motivação para experimentar a gastronomia local. Os chineses não vêm a Macau para comer comida chinesa. Desde que os projectos sejam de qualidade e tenham mérito, há ainda espaço para alguma restauração portuguesa”, frisou.

Além de servirem os pratos mais típicos, os restaurantes portugueses que abriram portas no território souberam inovar na oferta ao cliente, defendeu.

“É difícil fazermos uma gastronomia tal e qual se faz em Portugal, porque em Macau não há muitos produtos. Tem havido alguma inovação, no princípio tínhamos o conceito das sardinhas e frango assado, mas hoje já temos restaurantes a fazer coisas completamente diferentes”, rematou Diogo Geraldes.

5 Jul 2017

Análise | Partido Comunista Chinês a caminho do centenário

Vai a caminho dos 100 anos. Na versão oficial dos acontecimentos, contam-se mais feitos do que derrotas, mais tiros certeiros do que danos colaterais. O Partido Comunista Chinês celebrou 96 anos entre as celebrações das duas décadas da transferência de soberania de Hong Kong. Tem pela frente vários desafios, mas a corrupção é o único assumido

[dropcap style≠’circle’]“H[/dropcap]á um século, o comunismo era encarado como um fantasma. Quando foi fundado, em 1921, poucos eram aqueles que acreditavam que o Partido Comunista Chinês (PCC) poderia sobreviver. Agora, o mundo observa o maior partido do mundo no poder em direcção aos objectivos do seu primeiro centenário.”

É assim que começa um longo texto da agência oficial chinesa sobre os 96 anos do PCC, comemorados este ano à sombra da transferência de soberania de Hong Kong. O número não é redondo e o foco esteve na mais antiga (e problemática) das duas regiões administrativas especiais, com o líder do partido a deslocar-se à antiga colónia britânica.

A Xinhua encarregou-se de que a data não fosse esquecida, com um texto em que são reconhecidas dificuldades, mas em que o futuro se pinta risonho. O PCC vive este ano um momento histórico: no Outono, o congresso do partido vai escolher os líderes para mais cinco anos, com a renovação de vários elementos do Politburo, e serão eles que vão estar no poder quando se assinalar o centenário. Para os 100 anos, existe uma meta: fazer com que a China seja “um país abastado”.

Assim que este objectivo for alcançado, refere a agência oficial, quase um quinto da população mundial viverá numa “sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos”. “O PCC está confiante e determinado”, sublinha a Xinhua.

Os autores do texto reconhecem que nem tudo foram – e são – rosas. “Desde o seu estabelecimento, o partido foi recebido com dúvidas, incapacidade de compreensão e até hostilidade. Não obstante, cresceu como uma das histórias do mundo mais bem-sucedidas e excitantes.”

Quando o PCC foi fundado, recorda-se, a China era uma nação pobre marcada por invasões estrangeiras e pela guerra civil. Hoje em dia, é a segunda maior economia do mundo e um dos principais actores do cenário político internacional.

A importância do líder

No início, era um grupo de 50 pessoas. Hoje, o partido tem mais de 89 milhões de membros, um número revisto e aumentado recentemente (ver texto nestas páginas). A estrutura partidária tem mais gente do que a população da Alemanha, congratula-se a agência de notícias.

“A legitimidade política advém da competência e da prosperidade”, atesta Zhang Weiwei, director do Instituto de Estudos da China, da Universidade Fudan, citado pela Xinhua. “A experiência do PCC demonstra que o principal teste de um bom sistema é o modo como assegura a boa governação, na percepção das pessoas que vivem nesse país.”

Não há memória de a China ter tão boas condições como as actuais, prossegue o académico, que considera existirem todas as razões para acreditar que o partido está a conduzir o país de “regresso ao centro do palco do mundo”.

No ano passado, Xi Jinping, o secretário-geral do PCC, ganhou um novo estatuto: passou a ser o líder central da estrutura, uma “promoção” que, na altura, foi entendida por analistas fora da China como sendo um reforço excessivo de poder.

A versão oficial coloca a questão noutros termos: os especialistas consultados pela Xinhua consideram que o posicionamento de Xi Jinping é a chave para o partido e para o país, para que ambos possam desenvolver-se indo pelo caminho certo.

Liu Dongchao, professor da Academia Chinesa de Governação, explica que os chineses precisam de estar unidos em torno de uma figura central, porque a sua influência pode ligar as pessoas, e garantir a sabedoria colectiva para formular e implementar políticas adequadas.

Durante os primeiros 14 anos de existência, o PCC não teve um líder forte, o que fez com que se tivessem registado “vários percalços na causa revolucionária”, contextualiza a Xinhua. “O partido esteve prestes a desaparecer.” Em 1935, Mao Zedong impôs a sua autoridade no comité central e na estrutura militar. “Desde então, a liderança do PCC tem sido essencial para ultrapassar as dificuldades.”

Agora, Xi Jinping está determinado em fazer com que “a nação cumpra o sonho chinês do rejuvenescimento nacional, tendo estabelecido um plano para promover o desenvolvimento económico, político, cultural, social e ecológico de características socialistas”. O secretário-geral do partido quer alcançar “um desenvolvimento partilhado” numa altura em que “manter o crescimento sustentável se torna cada vez mais difícil”.

O académico Xin Ming, do Escola do Partido do Comité Central do PCC, garante que “o marxismo continua e deve continuar a ser a directriz principal do partido”.

Consenso e pobreza

Nesta análise da agência oficial chinesa, as conquistas da China são totalmente atribuídas ao PCC, que criou “a receita para o sucesso” – o socialismo com características chinesas. É através deste modelo que o partido “representa os interesses da grande maioria das pessoas e as coloca em primeiro lugar”.

As reformas que têm sido levadas a cabo têm na base decisões que “reflectem o consenso generalizado da sociedade chinesa”. A estabilidade social é mantida, aponta a Xinhiua, sem fazer qualquer referência às vozes que não concordam com o regime ou às críticas sobre os direitos humanos, nem tampouco às teorias de analistas que avisam para a possível oposição de uma crescente classe média, mais exigente em termos políticos.

No aspecto económico, prossegue o texto, a relação entre Governo e mercado tem sido capaz de garantir que o país saiu ileso dos tempos conturbados vividos em termos internacionais.

O caminho escolhido tem vindo a conquistar um vasto apoio da população, “graças sobretudo ao facto de a maioria das pessoas ter visto os seus padrões de vida melhorar significativamente nas últimas décadas”, observa Liu Dongchao.

A análise do professor da Academia Chinesa de Governação é subscrita pelo académico Xin Ming, que considera que a visão de Xi Jinping acerca do sonho chinês garantiu a união da maioria das pessoas no país. “O partido inspira um espírito de luta por um futuro melhor.”

A agência oficial deixa números como prova do sucesso do caminho da China comandada pelo PCC: mais de 700 milhões de pessoas saíram da pobreza. Só nos últimos quatro anos, 55 milhões de chineses deixaram essa condição. O partido olha agora para os 40 milhões que ainda não conseguiram deixar de ser pobres.

Em 2020, os residentes das áreas rurais já não deverão ter preocupações com comida e alimentação, e deverão ter garantidos serviços médicos básicos, educação e habitação. Todos eles sairão da pobreza, perspectiva a agência.

“Desde que se preste atenção, se pense da forma correcta, se tomem medidas efectivas e se trabalhe com os pés na terra, é perfeitamente possível acabar com a pobreza”, afirmou Xi Jinping numa recente viagem à província de Shanxi, no norte do país.

A Xinhua não deixa de enviar um recado no texto publicado no seu site em língua inglesa: “Confiante no seu próprio percurso, a China não tem qualquer intenção de promover o seu modelo como uma alternativa para outras pessoas ou países.”

Crescente moderado

Só no último ano, o Partido Comunista Chinês (PCC) conseguiu acrescentar mais 688 mil membros à sua longa lista, que vai em 89.447 milhões. De acordo com dados oficiais, verificou-se uma mudança significativa entre as classes mais baixas da população: há mais 105 mil membros, para um total que vai agora em 4,518 mil milhões. Em nota oficial, o Departamento de Organização do Comité Central do PCC realça que as estatísticas demonstram que houve um reforço do vigor e da vitalidade do partido. Explica-se ainda que a taxa de crescimento de membros tem estado a diminuir desde 2013 porque o PCC implementou métodos de recrutamento que valorizam a qualidade dos candidatos. Entre os novos membros, 1571 têm menos de 35 anos.

 

O mal pela raiz

“A chave para se fazerem bem as coisas na China está no PCC.” Porque existem alguns espinhos, a agência oficial reproduz os avisos reiterados da liderança em relação à corrupção e admite que é preciso melhorar esta dimensão para que seja possível ao partido manter-se no poder.

Desde que Xi Jinping assumiu o poder – primeiro na estrutura partidária, depois como Presidente – que uma forte campanha anticorrupção tem varrido o país. Aparentemente, ninguém tem sido poupado: desde o 18.o Congresso Nacional do PCC, foram investigados pelo menos 240 altos quadros e mais de um milhão de funcionários em níveis mais baixos da hierarquia.

As avaliações internas têm mostrado resultados: mais de 50 por cento dos processos relativos a pessoas sob a alçada da Administração Central foram desencadeados por inspectores da Comissão Central para a Inspecção da Disciplina.

O partido lançou ainda uma série de campanhas nos últimos anos, com destaque para a aproximação à população e o combate aos excessos cometidos por funcionários.

Zhang Weiwei, director do Instituto de Estudos da China, destaca que, em termos internacionais, as incertezas que hoje se vivem fazem com que se questione a definição da legitimidade da governação. “Neste contexto, a quase centenária sabedoria do PCC e as suas práticas podem ser cada vez mais relevantes”, remata.

4 Jul 2017

Eleições | Angela Leong defende programa de arrendamento jovem

Para Angela Leong, candidata às eleições pela lista Nova União para Desenvolvimento de Macau, basta a criação de um programa de arrendamento para que os jovens possam resolver os problemas da falta de habitação. A lista defende licenciaturas gratuitas para residentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Angela Leong entregou ontem na Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa os nomes que fazem parte da lista com que se candidata às eleições deste ano, a Nova União para o Desenvolvimento de Macau. Foram também apresentados alguns detalhes do programa político.

Angela Leong defende não só a melhoria da política de habitação pública, mas também a implementação de um “plano de dormitórios jovens”, com rendas mais acessíveis. “Espero que se possa implementar uma zona de dormitório para jovens, onde as pessoas poderiam arrendar casas a um preço muito baixo”, disse ontem aos jornalistas.

Para Angela Leong, “um dormitório para jovens também se inclui na política ‘terras de Macau destinadas às gentes de Macau’, porque seriam para os residentes e não para os jovens vindos do exterior”, acrescentou.

Os destinatários seriam “pessoas licenciadas, que começaram agora a trabalhar”. “Muitos dos jovens, quando entram no mercado de trabalho, vivem numa casa muito pequena. Esta medida dar-lhes-ia a oportunidade de conseguirem juntar dinheiro para, no futuro, adquirirem uma casa. Os preços do mercado imobiliário continuam elevados”, explicou.

Na semana passada, Melinda Chan, da lista Aliança Pr’a Mudança, apresentou o seu programa onde defende a criação, na zona A dos novos aterros, de uma zona com habitações destinadas apenas aos residentes que queiram adquirir a sua primeira casa.

Angela Leong prefere, pelo contrário, apostar numa maior flexibilidade em matéria de arrendamento, sendo que o dormitório para jovens não teria necessariamente de ser nos novos aterros.

“Pode ser noutro local, mas o Governo precisa de disponibilizar mais terrenos. Só quero que o Governo faça isto”, adiantou.

Cursos para todos

Outra das ideias do programa político da empresária é a oferta de licenciaturas gratuitas para todos os residentes.

“Angela Leong vai promover licenciaturas gratuitas para todos os residentes de Macau”, explicou Ambrose So, mandatário da lista. Além do foco na educação, “os pontos mais importantes da campanha são o desenvolvimento da indústria do jogo e os apoios sociais para os trabalhadores”, frisou o administrador da Sociedade de Jogos de Macau.

Tsui Po Fung, um dos membros da lista falou da necessidade de reformar todo o sistema educativo. “Deveria haver oportunidades de aprendizagem para todos, trata-se de um direito. Porque não podemos dar às pessoas sem possibilidades financeiras cursos no ensino superior? Deveríamos, porque o Governo de Macau não é pobre. Vamos lutar pela criação de licenciaturas gratuitas.”

 

 

Em nome da pluralidade

Angela Leong concorre às eleições deste ano ao lado do empresário William Kuan, ligado ao sector imobiliário. Arnaldo Ho é o número três e estreia-se nas eleições. “Tenho feito muito trabalho na área do serviço social nos últimos anos. Queremos chegar aos jovens que estão na mesma situação que eu, que acabaram recentemente os seus cursos ou que querem entrar no mercado de trabalho. A nossa geração tem um pensamento diferente, e ao participar nas eleições posso captar mais a atenção dos jovens, para que compreendam melhor Macau.” Há também rostos conhecidos, como é o caso de Hetzer Siu, número quatro da lista, que concorre novamente para proteger os direitos dos portadores de deficiência. O director da Macau Special Olympics referiu que é necessário legislar para garantir a igualdade de acesso dos deficientes ao emprego e à educação. “O Governo tem referido que dá apoio aos portadores de deficiência, mas ainda não criou uma lei que determine essa igualdade e que garanta a protecção dos deficientes.” A Nova União para o Desenvolvimento de Macau tem também um candidato com deficiência auditiva, Szeto Tie Fung, que se expressa apenas em linguagem gestual. Na sua visão, o facto de integrar uma lista candidata às eleições legislativas pode marcar a diferença e chamar a atenção para as dificuldades dos portadores de deficiência.

Macaenses pela cultura e desporto

Angela Leong escolheu ainda dois macaenses para integrar a sua lista. No número oito está Armando Amante, que se candidata pela área desportiva. Aos jornalistas, disse ontem serem necessárias mais infra-estruturas para a prática do desporto. No número 12 está José Luís Pedruco Achiam, coordenador de actividades na SJM. “Queremos preservar a identidade macaense e a cultura, e queremos também promover a língua portuguesa, tendo em conta a política ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e a cooperação com os países da língua portuguesa. Queremos que haja mais bilingues para participar nesta política e queremos promover mais a educação neste sentido. Queremos que haja uma melhor preparação para que Macau possa ter este papel de ligação”, adiantou José Luís Pedruco Achiam.

4 Jul 2017

Lam U Tou reconhece que luta eleitoral não o beneficia

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão cinco ou seis candidatos, liderados por Lam U Tou, que em tempos esteve ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). O director da Associação Sinergia de Macau decidiu candidatar-se, noticiou o Jornal Tribuna de Macau. Ao HM, Lam fala num processo de alguma indecisão e em várias dificuldades.

O pedido de reconhecimento da comissão de candidatura foi submetido a 9 de Junho. O processo para a preparação da equipa não foi fácil, refere. “De acordo com a lei, os grupos de candidatos às eleições pela via directa têm de ser compostos por, pelo menos, quatro membros”, assinala, acrescentando que a lista que encabeça junta pessoas que estão fora da Associação Sinergia de Macau.

“A recolha de assinaturas e os recursos para a campanha eleitoral também foram difíceis, mas quando conseguimos arranjar quatro nomes, decidimos candidatar-nos”, conta Lam U Tou.

A questão da escassez de recursos poderá ser resolvida recorrendo à angariação para a recolha de fundos, com actividades que deverão ser divulgadas em breve pela “Poder da Sinergia”, nome escolhido para a lista.

Quanto ao programa político, Lam U Tou prefere não adiantar detalhes, mas assegura que a proposta do grupo será entregue esta semana junto da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa.

O líder da “Poder da Sinergia” deixa, porém, algumas ideias, esclarecendo desde logo que o grande objectivo é apresentar propostas que possam ser efectivamente concretizadas. “Esperamos que alguns assuntos que influenciam a vida dos cidadãos sejam os primeiros a ser resolvidos. São matérias consensuais. Vamos submeter as nossas propostas, que são viáveis”, promete.

Lam U Tou considera que só através da resolução de alguns assuntos, “ignorados nos últimos anos”, é que “a sociedade poderá retomar a confiança e cooperar para se encontrarem soluções”.

Associação com pouco peso

No que toca ao sucesso desta candidatura, o ex-membro da FAOM diz acreditar na possibilidade de conquistar um assento na Assembleia Legislativa, mas reconhece que existem muitos obstáculos para ultrapassar, a começar pelo facto de a associação que lidera ter sido criada há pouco tempo.

No campo das vantagens está o facto de ter trabalho feito na área dos serviços sociais. O passado cívico de Lam U Tou leva-o a pensar que tem capacidade “para ouvir o que os cidadãos têm a dizer e avançar com propostas para solucionar os problemas sociais”. Ainda assim, Lam U Tou vinca que o objectivo da “Poder da Sinergia” é eleger apenas um deputado.

4 Jul 2017

Gabinete de Ligação | Coutinho pede desculpas com anúncio em jornal

O deputado José Pereira Coutinho publicou um anúncio no jornal Ou Mun para pedir desculpas ao Gabinete de Ligação, depois de ter feito acusações sobre a realização de um jantar onde Jorge Valente discursou. Garante que não sofreu pressões para dar a mão à palmatória

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] realização de um jantar organizado pelo Gabinete de Ligação, em que participaram algumas das mais altas individualidades políticas e sociais, incluindo Jorge Valente, candidato às eleições, causou insatisfação a José Pereira Coutinho.

Depois das declarações aos jornais, chegou agora um pedido público de desculpas ao Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, publicado no jornal Ou Mun, diário de língua chinesa.

Na declaração, o deputado à Assembleia Legislativa escreveu que, quando foi questionado pelos meios de comunicação social sobre o jantar em questão, “fez especulação sem ter em conta a real situação”. O também candidato às eleições, pela lista Nova Esperança, pede, por isso, desculpas pelo facto “de as suas respostas terem influenciado de forma negativa o Gabinete de Ligação”.

Pereira Coutinho elogiou ainda o trabalho que tem vindo a ser desempenhado pelo órgão que representa o Governo Central na RAEM, tendo ainda agradecido o apoio que o Gabinete de Ligação tem dado ao desenvolvimento do território.

Sem medo

Em declarações ao HM, o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) afirma que não se sentiu pressionado a apresentar um pedido de desculpas.

“Eles contactaram-me e sentiram-se injustiçados pelo facto de estar a atribuir responsabilidades a todo o gabinete, quando, no fundo, não foi isso que aconteceu. Foi apenas um departamento e não o gabinete inteiro. Achei que acusar todo o gabinete não seria o mais correcto”, explicou.

“Não retiro as minhas declarações, mas foi apenas um departamento que fez aquilo”, acrescentou. “Não me senti pressionado a publicar este anúncio, de maneira alguma. Sou um homem livre. Mas temos de ser justos.”

Na altura, José Pereira Coutinho disse sentir-se injustiçado pelo facto de um outro candidato às eleições (Jorge Valente integra a lista Aliança Pr’a Mudança, de Melinda Chan) ter feito um discurso no jantar, sem esquecer o facto de não ter sido convidado para o evento.

Agora, a postura é diferente. “Não quero fazer mais comentários sobre aquele jantar. Cada um que tire as suas próprias conclusões”, disse apenas.

Em meados do mês passado, em declarações ao jornal Ponto Final, José Pereira Coutinho chegou a falar da existência de uma possível influência nas eleições legislativas de Setembro. “O próprio Governo Central, através do Gabinete de Ligação, até já reuniu, na semana passada, com os membros da comunidade portuguesa – à excepção da minha pessoa e da Rita Santos, que não fomos convidados –, solicitando que a nata da comunidade portuguesa votasse no Jorge Valente”, disse na altura.

“A participação cívica dos mais jovens na política é um dos pontos do nosso programa. Mas acho que as eleições têm de ser justas. Recebi muitos telefonemas de pessoas que ficaram muito incomodadas por o Governo Central intervir [nas eleições], arranjando um jantar à porta fechada, convidando a ‘nata’ a votar no Jorge [Valente]. Acho que isto é injusto”, apontou ainda o actual deputado.

4 Jul 2017

Mak Soi Kun diz que trânsito pode influenciar cooperação no projecto da Grande Baía

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Mak Soi Kun interpelou o Governo sobre a relação entre o funcionamento do trânsito no território e a integração de Macau no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Na visão do deputado, os problemas de tráfego podem impedir a cooperação de Macau com as regiões vizinhas, apesar de afirmar que tanto cidadãos, como académicos concordam com os trabalhos preliminares que o Governo está a realizar nesta matéria.

O deputado lembra que os acessos e as infra-estruturas de trânsito estão a ter um pleno desenvolvimento em Guangdong e em Hong Kong, o que não acontece com Macau.

“As obras do metro ligeiro começaram em 2011 mas, até ao momento, ainda não há um calendário para a sua conclusão”, frisou. O deputado questiona ainda os atrasos sobre a edificação dos novos acessos entre Macau e Guangdong, sem esquecer a necessidade de ter um bom planeamento urbano para acompanhar o projecto da Grande Baía.

Mak Soi Kun afirma que os cidadãos se mostraram satisfeitos com a possibilidade de ter um novo acesso ao Continente, para facilitar o trânsito de pessoas na zona das Portas do Cerco. No entanto, cinco anos depois do anúncio sobre os primeiros projectos, as obras ainda não estão concluídas.

4 Jul 2017

Eleições | FAOM entrega lista de candidatos e programa político

A lista União para o Desenvolvimento, com ligações aos Operários, entregou ontem a lista de candidatos às eleições e o programa político. O objectivo é eleger dois deputados pela via directa, apesar das dificuldades apontadas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]elhorar as políticas da habitação, fomentar a diversificação adequada da economia, partilhar os frutos de um grande desenvolvimento económico, trabalhar em prol dos cidadãos.

São estes os objectivos da lista União para o Desenvolvimento para as eleições deste ano, que tem a deputada Ella Lei como número um. A lista, com ligação à Federação das Associações dos Operários de Macau, entregou também à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa o rol de nomes dos dez candidatos.

Leong Sun Iok, sub-director da FAOM, é o número dois, estando ligado à área da formação profissional. Os restantes candidatos são Sa Ang, Choi Kam Fu, O Cheng Wong, Leong Pou U, Iao Kai Man, Chio Lan Ieng, Leong Meng Ian e Un Oi Mou.

A ex-deputada Leong Iok Wa é a mandatária da lista, tendo referido que desde 1992 que a União para o Desenvolvimento tem conseguido eleger deputados à Assembleia Legislativa. Para este ano, o objectivo é conseguir dois assentos no hemiciclo.

Apesar da experiência, Leong Iok Wa fala das dificuldades que a lista terá de atravessar este ano. “Como todos sabem, este ano há 25 listas por sufrágio directo e existe uma concorrência sem precedentes. Além disso, a nossa equipa está numa fase de sucessão e todos os nossos candidatos são muito jovens.”

Habitação e lei laboral

Ella Lei, que se estreou em 2013 como deputada eleita pelo sufrágio indirecto, lembrou que as questões relacionadas com a habitação têm sido uma das maiores solicitações da população, sendo que a lista vai fazer da atribuição de habitação pública uma das suas bandeiras.

A União para o Desenvolvimento vai ainda dar atenção à área da segurança social e do aproveitamento dos terrenos. Leong Sun Iok, número dois, disse poder lutar pelos benefícios dos cidadãos caso seja eleito.

O também subdirector da FAOM adiantou que, apesar do desenvolvimento económico que Macau conheceu nos últimos anos, uma fatia da população não obteve acesso a esses frutos. Por essa razão, um dos objectivos da lista será a melhoria das condições de trabalho e a alteração à lei laboral.

A mandatária da União para o Desenvolvimento não deixou de frisar que, desde as últimas eleições, a lista tem sido alvo de difamação, tendo acrescentado que vai tratar “seriamente” desses casos.

4 Jul 2017

Lok Kok | Edifício classificado está sob análise do Instituto Cultural

A casa de chá Lok Kok, situada na Rua 5 de Outubro, fechou portas em 1994. O edifício, classificado como património, está ao abandono há quase 20 anos. O Instituto Cultural garante que se aguarda pela licença de reconstrução

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap style] que resta da fachada está tapado, o interior já não existe. É o estado do edifício que alberga a casa de chá Lok Kok, situada na Rua 5 de Outubro. A situação é preocupante e o Instituto Cultural (IC) assume o interesse em que sejam realizadas as devidas obras.

“Muitas pessoas estão preocupadas com as instalações do antigo restaurante Lok Kok”, disse ontem a chefe do departamento do património cultural, Leong Wai Man. Em causa está o facto de se tratar de um edifício classificado como património.

O IC já finalizou o relatório sobre matéria e submeteu o documento ao secretário para os Assuntos Sociais e da Cultura, Alexis Tam. De acordo com Leong Wai Man, o processo está no bom caminho.

A responsável justifica ainda que a análise feita pelo IC está relacionada com o facto de o edifício ter sido deixado ao abandono desde 1998 pelo que, afirma, está em perigo.

A cair aos bocados

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) já fez saber que o interior do espaço foi demolido. “Já o exterior também se encontra visivelmente arruinado, sendo que uma parte da própria fachada não existe”, disse Leong Wai Man. Segundo a responsável, não tem existido qualquer manutenção.

Depois da entrada em vigor da lei da salvaguarda do património cultural, em 2013, o IC não recebeu qualquer pedido de demolição ou para execução de obras.

Por se tratar de um prédio de propriedade privada, está em curso um processo de negociações entre o IC e o proprietário. “Neste momento já demos a nossa opinião ao proprietário e pedimos que fizesse um projecto para que o edifício seja restaurado”, refere a chefe de departamento.

A responsável do IC considera que considera que a primeira fase dos trabalhos deve passar pela reconstrução e manutenção do estilo da parte da fachada que terá caído. Esta é “a melhor forma de manter um edifício que está classificado como património, arranjando-lhe uma função”.

O IC espera que o projecto seja feito o mais rápido possível, sendo que já existe uma planta de arquitectura entregue na DSSOPT. “Estamos à espera que seja dada a respectiva licença para que os trabalhos sejam iniciados”, diz.

A responsável adiantou ainda que “a reconstrução vai obedecer a todas as regras previstas pela lei de salvaguarda de património em vigor”, sendo que “actualmente não pode haver qualquer alteração àquela estrutura, temos de manter o que existe e reconstruir o que falta na fachada”.

“No que respeita ao interior, o proprietário foi sensibilizado e terá de manter as características arquitectónicas da época, tendo em conta, por exemplo, as características das escadas”, remata.

 

Conhecimento polaco

Partiu ontem para a Polónia uma comitiva constituída pelo presidente do Instituto Cultural (IC), Leung Hio Ming, e pela chefe do departamento do património cultural, Leong Wai Man. Os responsáveis vão estar numa reunião realizada pelo Comité do Património Mundial. Os temas a serem debatidos no encontro vão ser o foco de atenção dos representantes locais. Para os responsáveis, o mais importante agora é recolher conhecimento com quem sabe. “Mais do que falar do Centro Histórico de Macau, devemos, na Polónia, ouvir o que nos têm a dizer”, disse Leung Hio Ming. Por outro lado, o plano de gestão do centro histórico avança para a segunda fase de recolha de opinião pública e, de acordo com a chefe do departamento do património cultural, é uma fase fundamental para informar melhor os residentes acerca do mesmo.

4 Jul 2017

Jogo | Lawrence Ho desiste de Espanha

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Melco International Development decidiu não concorrer a uma licença para um casino perto de Barcelona, em Espanha. Em comunicado, a empresa explica que a desistência tem que ver com o facto de a operadora ter assumido compromissos para o desenvolvimento de outros projectos.

O site GGRAsia recorda que a data para a entrega das candidaturas ao Governo da Catalunha terminou na passada sexta-feira, depois de vários atrasos no processo. No ano passado, o plano para o “Complejo Turístico y Recreativo de Vila-Seca y Salou” foi revisto, tendo sido feito um corte na dimensão do projecto.

Apesar de ter preferido não concorrer em Espanha, a empresa liderada por Lawrence Ho assegura que a expansão global continua a ser “uma estratégia importante”. O grupo – que lidera a Melco Resorts and Entertainment – tem investimentos em Macau, nas Filipinas e na Rússia. Na semana passada, anunciou que um consórcio de que faz parte ganhou uma licença para desenvolver um casino-resort em Chipre.

A Melco está ainda a expandir o City of Dreams em Macau e o resort Tigre de Cristal na Rússia. Depois, é um dos operadores interessados numa licença no Japão. Numa conferência de investidores realizada este ano em Tóquio, Lawrence Ho garantiu que a sua empresa “gastará o que for necessário” para garantir uma licença no mercado nipónico.

4 Jul 2017

Seminário | Macau reflecte sobre alterações climáticas e ambiente

Começa amanhã no território um seminário de três dias sobre o pacto internacional que visa dar uma resposta global às alterações climáticas. A análise ao Acordo de Paris traz a Macau José Eduardo Martins, ex-secretário de Estado do Ambiente de Portugal

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]actos: o Acordo de Paris entrou em vigor em 4 de Novembro de 2016 e a China é uma das partes signatárias deste entendimento internacional, que tem como objectivo dar uma resposta global e eficaz à ameaça urgente das alterações climáticas. Porque Macau não deve passar ao lado de questões desta dimensão e importância, o Centro de Formação Jurídica e Judiciária e o Instituto de Estudos Europeus de Macau decidiram organizar um seminário sobre a matéria.

A iniciativa arranca amanhã e prolonga-se até sexta-feira. Conta com dois oradores convidados: José Eduardo Martins, advogado, ex-secretário de Estado do Ambiente e ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Regional de Portugal; e Julian Laurent Chaisse, professor da Faculdade de Direito da Universidade Chinesa de Hong Kong.

A acção de formação encontra-se dividida em três módulos. Amanhã, recorda-se o “Longo Caminho para Paris, o que aprendemos em cada Conferência das Partes e o que não devemos esquecer ao executar o Acordo de Paris”. Vão ainda ser abordadas as alterações climáticas e transacções económicas.

Na quinta-feira, vão estar em análise questões como a regulação ambiental e alterações climáticas, marcos regulamentares europeus e potencialidades de réplica, sendo que num segundo painel se vai falar sobre alterações climáticas e direito comercial.

Na sexta-feira, o programa abre com uma sessão sobre energia renovável, regulação e mercados globais. O seminário fecha com um debate em torno de alterações climáticas e investimento.

O seminário está inserido no programa de cooperação na área jurídica entre a RAEM e a União Europeia, que vai já na terceira edição.

4 Jul 2017

Igreja de Santo Agostinho abre portas em Outubro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] igreja de Santo Agostinho vai reabrir portas em Outubro. A informação foi dada ontem pela chefe do departamento do património cultural, Leong Wai Man, durante uma visita com os jornalistas ao edifício em obras.

A queda de parte do telhado, devido à chuva e ventos em Maio do ano passado, não foi só uma lição para o IC, como na altura Leong Wai Man afirmou. Foi mesmo um alerta para que fossem fiscalizados edifícios com o mesmo tipo de estrutura, referiu o presidente do Instituto Cultural (IC), Leung Hio Ming.

O problema, disse o responsável, tinha que ver com os tectos que existiam na altura. Sendo superfícies fechadas, não permitiam o acesso das entidades competentes à zona do telhado para que pudessem confirmar o estado das estruturas.

Com o incidente do ano passado foram retirados todos os tectos da igreja de Santo Agostinho e houve surpresas. O telhado da própria igreja estava, na totalidade, em risco iminente, sendo que as estruturas que o sustentavam mostravam grande fragilidade.

A estrutura está a ser restaurada e agora, com olhos postos no futuro, “no tecto que dá acesso ao telhado vamos ter portas pequenas de modo a garantir a fiscalização periódica do estado das instalações”, disse Leung Hio Ming.

Lista de espera

O perigo encontrado foi também um alerta para estruturas do género no território. A Igreja de Santo António, o Seminário de São José, a capela de Nossa Senhora da Penha e o Armazém do Boi são alguns dos edifícios que estão sob vigilância e que podem vir a ter obras de restauro nos telhados. “Fazemos este trabalho em todas as estruturas idênticas a esta, em que não tenha havido acesso aos telhados, e vamos preparar as instalações, para que no futuro, haja condições de fiscalização”, disse Leong Wai Man.

Em Santo Agostinho, as obras de uma parte do tecto podem estar prontas dentro de três semanas, afirmou a chefe do departamento do património cultural e, no final de Outubro, a Igreja deverá estar aberta ao público com as obras totalmente concluídas.

Os restantes locais que estão sob vigilância ainda não têm data marcada para obras e inspecção, sendo que, sublinhou Leung Hio Ming, “ainda não apresentam um risco iminente”.

4 Jul 2017

MAM | Relíquias da dinastia Qing a partir de Dezembro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] nome ainda não está definido, mas a exposição é certa. Para já, e provisoriamente, chama-se “Armas Imperiais da Colecção do Museu do Palácio” e tem data de abertura marcada para Dezembro na galeria do quarto piso do Museu de Arte de Macau (MAM).

“A exposição realiza-se mais uma vez no âmbito de uma parceria com o Museu do Palácio Imperial de Pequim, que tem resultado em exposições anuais de grande envergadura”, explica a direcção do museu. Esta já é a 25.a edição da iniciativa que pretende, de acordo com a organização, “dar a conhecer aos visitantes a arte e a cultura da China, através de algumas das mais relevantes relíquias do património cultural do Continente”.

Estarão em exposição cerca de 150 objectos que incluem armas, na sua maioria do período da dinastia Qing, sendo que podem ainda ser vistos objectos que datam de dinastias anteriores.

“Os Manchús no poder durante a Dinastia Qing dedicavam-se tradicionalmente à caça, razão que acrescenta aos motivos estritamente militares o interesse especial pelas armas e por todo um conjunto de objectos cerimoniais ligados ao universo do armamento”, explica a organização.

A exposição organiza-se em torno de três núcleos temáticos. São eles: cerimónias, costumes e organização militar. Em destaque estarão armaduras, capacetes e adornos utilizados pelo imperador nos grandes desfiles imperiais, e arcos e flechas usados nas caçadas imperiais. O MAM destaca ainda a mostra de carimbos na altura nos decretos do imperador.

4 Jul 2017

Taipa Art Village | Esculturas em madeira para ocupar o olhar

São esculturas em contraplacado que desafiam o olhar humano. Estão a partir de amanhã em exposição no Village Art Space e concretizam o resultado de três anos de pesquisa do artista locai Tong Chong

[dropcap style≠’circle’]“R[/dropcap]estless Nature” é a exposição que está, a partir de amanhã, aberta ao público no Village Art Space. A galeria situada na Taipa apresenta os trabalhos do artista local Tong Chong.

Mais do que natureza sem descanso, “Restless Nature” é traduzida pelo curador João Ó por “natureza inquieta”. “Além de manifestar um movimento na natureza, percebi que estes trabalhos representam ainda a inquietação do próprio artista e que a natureza se reflecte nele, até porque ele também está a mudar”, referiu ao HM.

Depois de três anos de pesquisa em torno de uma técnica pioneira na arte de esculpir contraplacado, o resultado é um conjunto de sete peças em que cada uma demorou cerca de seis meses a ser produzida.

Os trabalhos fazem parte da investigação do artista, que durou cerca de três anos. O conjunto de peças integra ainda o projecto de mestrado de Tong na Academia de Artes de Cantão.

Para o efeito, o artista desenvolveu uma técnica pioneira para trabalhar aquilo que é conhecido como contraplacado. “No fundo, o que fez foi pegar no conceito de contraplacado, criar uma massa em madeira e depois trabalhá-la”, explica João Ó. No entanto, sublinha o curador, “o grande desafio de Tong foi encontrar processos de colagem capazes de resistir às intempéries”.

Apesar de Tong Chong ser conhecido essencialmente pelo trabalho na pintura, ao qual tem dedicado os últimos 15 anos, com esta exposição o artista local mostra a sua versatilidade.

A exploração da madeira não é nova. “Ultimamente tem vindo a desenvolver algumas formas pictóricas com a criação de figuras fictícias, aproveitando a forma natural dos troncos.”

A grande diferença é que, desta vez, Tong Chong enveredou por uma análise profunda do próprio processo da escultura. Mudou de carvão sobre tela, em que assumia um estilo naïf, para a construção do objecto em que mantém o estilo, mas através de outra técnica.

Revelar nas falhas

As esculturas em exposição têm uma grande enfâse no espaço negativo que corresponde à matéria tirada durante o processo. “É também este espaço que induz ao movimento que se sente no seu trabalho. Apesar de se tratar de um objecto estático, a peça induz ao movimento em dois sentidos: pelo próprio trabalho e pelo que exige do público. “Alguns dos trabalhos vão estar expostos no meio da galeria, de modo a que as pessoas se possam deslocar à volta das peças, até porque se tratam de objectos tridimensionais.”

O curador fala ainda de algumas das obras que vão estar expostas. “Por exemplo, Chong tem uma peça em que aborda o desenvolvimento de nuvens, noutra cardumes de peixes e uma terceira a que chama de circular. Todas elas, pela sua forma e movimento, vão de encontro a uma mensagem simples: a natureza está em constante mudança e é cíclica, salienta João Ó.

Tong Chong tem marcado o seu trabalho com a exploração da sociedade moderna, das suas culturas e, acima de tudo, do quotidiano do ser humano, das suas acções e hábitos.

O artista enfatiza a emergência de um retorno à natureza e de uma orientação de papéis numa análise do comportamento humano nas sociedades modernas.

4 Jul 2017