João Santos Filipe DesportoCanarinhos muito tenros O Cheng Fung está mais perto das meias-finais do Torneio de Futebol de Sete, após ter derrotado o Monte Carlo por 2-0, na sexta-feira, no Estádio do Canídromo. Perante um Monte Carlo constituído principalmente por jogadores jovens, o Cheng Fung não facilitou e com dois golos de Ronieli Nascimento somou a segunda vitória, em igual número de partidas. Por sua vez, os canarinhos entraram muito mal no encontro, e no primeiro minuto permitiram logo que Ronieli colocasse o Monte Carlo na frente. O outro golo chegou na segunda parte, aos 32 minutos, e colocou um ponto final na discussão pelo jogo. No outro encontro do Grupo A, os Sub-23 e a Polícia B empataram 0-0, sendo que nesta jornada, as equipas Kei Lun e Lam Pak não jogaram. Após três jornadas, Kei Lun e Cheng Fung lideram o grupo A, com 6 pontos, cada. No terceiro lugar surge a Polícia B, também conhecida como Obra Social da PSP, com dois pontos. Atrás destas formações surgem Lam Pak e Sub-23 com um ponto, cada, com o último lugar a ser ocupado pelo Monte Carlo, com zero pontos. Grandes para depois No grupo B, o grande encontro Sporting-Benfica foi adiado porque vários jogadores das águias estão envolvidos nos compromissos da selecção. Assim, na sexta-feira, apenas se realizou o encontro entre Chiba e Polícia A, que terminou com um empate por 1-1. A formação da PSP foi a primeira a marcar, aos dez minutos, por Un Tak Ian. Na segunda parte o Chiba empatou, aos 28 minutos, por Kuok Meng Chon, resultado com que a partida chegou ao fim. O Grupo B continua a ser liderado pelo Sporting com 6 pontos, seguido por Benfica e Ka I, com 3 pontos cada. Na cauda do grupo surgem Polícia A e Chiba com 1 ponto. As equipas voltam a acção na quarta-feira, com Sporting e Ka Ia a defrontarem-se. Uma vitória dos leões pode garantir a passagem às meias-finais. Também no Grupo B, a Polícia A vai defrontar o Benfica. No outro grupo, o Monte Carlo tem pela frente o Lam Pak e Cheng Fung defronta a Polícia B.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTufão Hato | Para os académicos, a culpa não é só de Fung Soi Kun Um grupo de académicos de Macau esteve em Hong Kong a apresentar estudos sobre a gestão das consequências do tufão Hato. Concluíram que a culpa não foi apenas de um só homem, Fung Soi Kun, mas de todo o Executivo e da falta de reformas adoptadas nos últimos anos Em Hong Kong [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] último relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) veio abalar a reputação de Fung Soi Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, acusando-o de todos os males ocorridos durante a passagem do tufão Hato pelo território. Contudo, um grupo de académicos de Macau considera que o Governo, no seu todo, falhou nas respostas tardias que deu e na forma como geriu a catástrofe. Os estudos foram apresentados no último sábado no âmbito da conferência anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong, que reuniu dezenas de oradores de Macau e da região vizinha no Hang Seng Management College, instituição localizada nos Novos Territórios. O tufão Hato foi um assunto amplamente abordado no painel “Linguagem e Políticas relacionadas com o tufão em Macau”, onde participaram nomes como Bill Chou, Brian Ho, Newman Lam e Eilo Yu. Eilo Yu, professor da Universidade de Macau (UM), apresentou o estudo “Crise de gestão em Macau, a reforma do sector público e a integração com o continente: as implicações do tufão Hato”, e concluiu que a culpa de todos os estragos foi de Fung Soi Kun, mas não só. “Vi muitos voluntários a limpar as ruas no dia seguinte. Eu próprio fui uma das vítimas e fiquei sem água durante vários dias. Mas o Governo parecia não estar a explicar às pessoas o que tinha acontecido. Vários funcionários públicos disseram-me que não sabiam o que fazer e que não estavam a receber indicações ao nível da coordenação”, disse na sua apresentação. Eilo Yu afirmou que aquilo que se viu nas ruas entre a tarde de quarta-feira e a sexta-feira foi resultado da ausência de reformas nos últimos anos. “O Governo tem tentado reformar a Função Pública, mas não resolveu ainda o problema da falta desta cooperação entre departamentos. A crise do Hato mostrou que falhamos na comunicação.” O docente da UM frisou que tem existido, nos últimos anos, uma “ausência de reformas”, sem esquecer “os problemas de longa data do Governo. “A Administração falhou ao não fazer melhorias constantes e ao não promover uma cooperação interdepartamental”. Eilo Yu apontou sobretudo o dedo ao facto de existirem diversos conselhos consultivos sem que existam resultados práticos das suas reuniões. “Durante o mandato de Chui Sai On houve tentativas de realização de reformas e foram criadas comissões, que são presididas pelos secretários. Reúnem cerca de duas vezes por ano e não vemos mudanças significativas a acontecer.” Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, presidiu ao painel e concluiu, no final, que “a coordenação [no seio do Governo] é muito pobre desde o início da RAEM”. “Tem piorado [nos últimos tempos] e agora ninguém toma decisões.” Sobre a vinda do exército chinês, o ex-secretário adjunto da Educação do Governo de Vasco Rocha Vieira lembrou que “não devemos colocar pressões” sobre essa questão, uma vez que noutros países são comuns as situações de ajuda internacional. Não fazer nada Newman Lam, também docente da UM, falou sobre o “Desenvolvimento económico e político de Macau à luz das recentes mudanças”, onde o tufão Hato também foi abordado. À margem da palestra, Newman Lam confessou ao HM que o tufão Hato não representa um ponto de partida em termos de uma mudança social mais profunda, mas fez as pessoas darem um murro na mesa. Newman Lam “As pessoas estão descontentes com o Governo há muito tempo. Mas uma das características da mentalidade das pessoas de Macau é a capacidade de perdoar, embora pense que com o tufão Hato algo aconteceu e esse perdão não aconteceu porque morreram dez pessoas. É um grande número e isso tornou-se indesculpável”, confessou. Newman Lam aponta directamente o dedo a Chui Sai On, Chefe do Executivo. “O Chefe do Executivo tem estratégias para nada fazer. Penso que foi tardio [nas respostas que deu]. Mas as queixas sobre a má performance do Governo não são de agora, o tufão é que forçou as pessoas a ver isso. De repente percebeu-se que, se continuarmos a ignorar o facto do Governo não agir, podemos ter consequências severas.” Brian Ho, também da UM, abordou a “Gestão de Tufões em Macau” e falou sobretudo da inacção do Chefe do Executivo. “O Chefe do Executivo fez um pedido de desculpas público um dia depois da tempestade, mas anunciou a saída do director dos SMG, Fung Soi Kun. Foi uma decisão tomada de forma muito veloz e rápida”, considerou o docente, para quem a passagem do Hato “trouxe a necessidade de compreender a questão da gestão de crises no território. A central e a poluição Eilo Yu deixou bem claro que Macau não consegue sobreviver sem uma boa cooperação com as autoridades de Guangdong. Impõem-se, no entanto, alternativas: seria possível construir mais uma central eléctrica em Coloane, para que o território produzisse 81 por cento da sua electricidade? O projecto iria levantar outras problemáticas. “Será que deveríamos ter a nossa própria central eléctrica? Onde ficaria essa estação? Macau é um pequeno território mas precisamos de uma grande central eléctrica. Temos três centrais, deveríamos ter mais uma em Coloane? E como ficaríamos em termos de poluição? Esta é a interrogação que se impõe.” Eilo Yu A melhor solução é fortalecer actos com os nossos vizinhos. “Mais do que melhorar a nossa capacidade de auto-suficiência, temos de pensar em como melhorar a nossa comunicação com a China. Existe uma agência em Guangdong que lida com desastres naturais e unidades de emergência. Temos de nos coordenar com essa unidade no futuro.” Albert Wong, um investigador independente e consultor, fez referência ao facto do Governo ter criado, dias após a tempestade, a Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e o seu Acompanhamento e Aperfeiçoamento, quando, na verdade, já tinha criado um grupo de trabalho muito semelhante em 2012. O mesmo orador lembrou que “os sinais de tempestade foram içados muito tarde”, tendo referido ainda as diferentes posturas do sector do jogo. “Uma das concessionárias, a Melco Crown, doou milhões de patacas e organizou grupos de voluntários de entre os seus funcionários para ajudar a limpar as ruas. Já a Galaxy chamou voluntários para a limpeza das suas piscinas.” Albert Wong Um impacto que “não deve ser subestimado” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] passagem do tufão a dias das eleições legislativas (ocorridas a 17 de Setembro) poderá ter determinado alguns dos resultados, mas dois académicos que participaram na conferência anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong não estabeleceram uma ligação directa entre estes dois acontecimentos. Segundo o estudo de Albert Wong, investigador independente de Macau, as eleições “representavam a única oportunidade que os cidadãos tinham para exprimir as suas posições na política local”. Contudo, “o impacto do tufão não pode ser subestimado”. Bill Chou, actualmente a dar aulas na Universidade Chinesa de Hong Kong, apresentou o trabalho “As eleições para a Assembleia Legislativa no rescaldo da crise do tufão Hato”. Em declarações ao HM, Bill Chou, que fez este estudo em parceria com outros académicos, defendeu que os resultados não dependeram directamente do tufão, muito menos da qualidade da acção governativa do Governo. Verificou-se “um paradoxo”, uma vez que os resultados eleitorais “não dependem do desempenho do Governo, mas sim das políticas de união do Governo chinês em termos de mobilização de grupos de interesses e organizações nas eleições. Este é o ponto principal”. “Os candidatos de Fujian [Si Ka Lon e Song Pek Kei] foram os mais pró-activos na ajuda nas ruas, mas não tiveram um bom resultado nas eleições. Há outros candidatos que estavam a competir com este campo de Fujian, uma vez que, para muitos deles, era quase impossível obterem um assento”, exemplificou. Para Bill Chou, se as eleições legislativas dependessem do desempenho do Governo, as associações do campo tradicional, como é o caso da Federação das Associações dos Operários de Macau, ou a União Geral das Associações de Moradores (Kaifong) também teriam maus resultados, o que não foi o caso. “Se a performance do Governo tivesse influência, o campo mais tradicional não teria tantos votos, porque trata-se do campo mais próximo do Executivo. A imagem dessas associações iria ficar prejudicada”, rematou. De frisar que a FAOM conseguiu eleger dois deputados pela via directa, enquanto que Mak Soi Kun arrecadou mais de 17 mil votos.
João Santos Filipe DesportoGaganjeet Bhullar conquista Macau Open de golfe [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] golfista indiano teve um domingo irrepreensível no Macau Golf and Country Club e mostrou à concorrência que ninguém lhe ia retirar a segunda vitória no Macau Open de golfe. O indiano Gaganjeet Bhullar venceu o Macau Open pela segunda vez, ontem, depois de ter liderado a prova do princípio ao fim. No final das contas, o golfista de 29 anos acabou os quatro dias com um total de 271 tacadas, ou seja menos três do que os atletas que ficaram no segundo lugar nomeadamente, Angelo Que, das Filipinas, e Ajeetesh Sandhu, Indonésio. A vitória esteve longe de ser um passeio para o indiano. No início do segundo dia, Bhullar tinha quatro tacadas de vantagem para os mais directos adversários. Só que no sábado somou 74 tacadas, o que fez com que Sandhu e o taiwanês Hung Chien-Yao, ambos no segundo lugar, ficassem apenas a uma pancada de distância, quando faltava um dia de competição. Ontem, no último dia do torneio no Macau Golf and Country Club, as coisas até começaram mal ao indiano de 29 anos, que no primeiro buraco do dia fez um bogey, ou seja ficou uma tacada acima do par. No entanto, quando foi preciso recuperar a boa-forma, não teve problemas e em cinco buracos conseguiu ficar sempre uma pancada abaixo do par, com cinco birdies. “Após o bogey no primeiro buraco do dia fiquei completamente bloqueado. Mas decidi manter-me com o plano que tinha definido e aproveitar eventuais oportunidades que surgissem. E para ser sincero depois do bogey as coisas acabaram por ficar mais simples para mim”, afirmou Gaganjeet Bhullar, no final do torneio, de acordo com o jornal tailandês The Nation. “Acho que ao longo do torneio tive boas tacadas e consegui fazer os buracos de acordo com os meus planos. Posso dizer que o primeiro buraco de hoje [ontem] foi complicado, mas foi imagem dos quatro dias de competição, que foram muito difíceis. É provavelmente o único torneio em tive de jogar com condições tão ventosas ao longo de todos os dias”, acrescentou. Sonho do Circuito Europeu Além da segunda vitória em Macau, depois da conquista em 2012, Bhullar garantiu igualmente a oitava vitória em torneio do Circuito Asiático. Com mais uma taça na mão, admitiu que o objectivo passa por apostar numa participação no Circuito Europeu. Todavia, antes de tentar essa meta, frisou quer terminar a temporada com mais vitórias. “Ganha-se muita experiência sempre que se lidera um torneio do princípio ao fim, mesmo quando se perde também há lições para tirar. Como jogador quero viver estes momentos e crescer mais. Até ao final do ano ainda vou disputar muitos torneios do Circuito Asiático e quero começar já a preparar a próxima vitória”, indicou Bhullar. No segundo lugar ficaram Angelo Que e Ajeetesh Sandhu com 274 tacadas, seguidos por Hung Chien-Yao, em quarto. O taiwanês ainda esteve na luta pelo torneio, mas teve um último dia muito negativo, terminando o domingo com 72 tacadas, ou seja uma acima do par. Finalmente, o tailandês Pavit Tangkamolprasert, vencedor do ano passado, finalizou a competição no 12.º lugar, com 282 tacadas, mais 11 do que Gaganjeet Bhullar.
João Luz VozesO Retornado [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]atéria, energia, pessoas e corpos celestes seguem um percurso que os impele a volver. Seja de uma forma cíclica ou esporádica, o retorno é quase uma inevitabilidade de tudo o que é dinâmico, de tudo o que vive. Regressar a Portugal pela primeira vez foi uma das viagens mais densas em termos emocionais e psicológicos que fiz, como se tivesse condensado um ano em três semanas de nostalgia fresca. Macau adicionou um factor de distorção temporal e significado à minha vida, ao ponto de achar ser possível ter saudades do que nunca vi e de sentir familiaridade esvair-se de uma ferida conhecida. Rumei para a Ásia há pouco tempo, mas parece que sempre estive cá. Por outro lado, o retorno a Lisboa trouxe reflexões novas. Talvez seja pensamento em excesso, algo curável com um trabalho braçal que não implique reflexão. O facto é que cidade onde morei nas últimas duas décadas continuava lá, alva e suja em simultâneo, paradoxal como sempre. O Largo da Severa, o Vale do Silêncio, a Almirante Reis, o Tejo a anunciar a margem sul. Mesmo o uterino Alentejo adquiriu um travo de irrealismo banhado a luz intensa. Pode uma pessoa perder-se em lugares que conhece? Onde está o meu torrão, a minha quota-parte de terra? Nenhum pedaço de planeta é meu, porém, até a Marte me arrogo. Sou um “cosmofundiário”, tudo me pertence em parceria com todos, ao mesmo tempo que não sou dono de absolutamente nada. Vistas bem as coisas, vivemos todos este socialismo de alma territorial alargado às estrelas, tornando as fronteiras em conceitos aberrantes e contranatura, imbecilidades que ignoram a força do grande íman que nos puxa e repele. Portugal é agora um sonho, uma terra quimérica onde a realidade se vestiu com trajes oníricos, uma colectânea de déjà-vus com origem definida, onde cada novo detalhe se agiganta e se transforma num factor de mudança de paradigmas. Aquilo que sempre conheci, as ruas que parecem ter nascido comigo, a língua falada com rispidez, o queixume que condimenta a psique nacional, tudo se tornou exótico. No fundo todos os pormenores que conheço intimamente tornaram-me num estrangeiro na minha própria casa. O Oriente tem essa capacidade de transformar o que é familiar e íntimo numa projecção de sonho, como se estivéssemos a passear por uma outra vida dirigida por Wong Kar-wai. Por outro lado, a estranheza enigmática e incompreensível desta terra transmite um conforto indefinível, excepto talvez pela mais inspirada poesia. A lógica de pertença esgueira-se para um local onde as pessoas são a única verdadeira âncora, indiferentes a tempo e espaço, cristalizando gargalhadas, banalidades e coisas profundas em momentos eternos. Agora regresso para Macau, seguindo como um louco a agulha que aponta para Oriente e cumprindo o básico desígnio de regressar. Reconheço a fatal realidade e obedeço ao imperativo das leis naturais que regem coisas, bichos e o mundo invisível da física e química. É assim que funcionamos. Vamos, até onde houver mar, para onde o vento nos levar, ir é o nosso destino, ir para regressar. Vir traz o clímax de nos fazermos de novo, da reconstrução orgásmica noutra longitude, num meridiano sonhado de olhos abertos. Quando começou este vaivém? Talvez quando o Universo iniciou a grande expansão, quando da energia se fez matéria. Quando uma estrela se esgota e colapsa, explode e cria energia, dispersa matéria, vai e retorna a aglomerar-se numa valsa desordenada de detritos do passado que formam o futuro. Assim opera o espírito humano, com revoluções e contra-revoluções, acção e reacção, buscando equilíbrio nas antípodas, tudo polarizando para encontrar o cerne, o ponto óptimo, a paz que alvejamos. Vivemos para morrer da mesma forma que partimos para regressar.
Sofia Margarida Mota SociedadeReciclagem | Sustentabilidade passa por cooperação regional [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está no caminho da sustentabilidade, mas as dificuldades, associadas com as características próprias do território, ainda são muitas. Por limitações ligadas à falta de espaço, a solução para problemas como a reciclagem passa pela cooperação regional. A ideia foi deixada pelo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa). “Não temos espaço no território para tratar os lixos e o aterro está praticamente cheio” afirmou José Tavares. Para o responsável, Macau pode até “fazer uma primeira triagem antes de enviar o lixo para os sítios específicos e estes serem depois reutilizados”, apontou o responsável. No entanto, “a questão é que não temos capacidade nem espaço aqui e o projecto tem de ser regional. Sou apoiante disso”, sublinhou o presidente do IACM. José Tavares garantiu ainda que o novo mercado de Saec Pai Van vai ter as portas abertas no próximo ano apesar dos atrasos causados pelos estragos com a passagem do tufão Hato pelo território.
Hoje Macau SociedadeMIF | Banco Sol vai abrir em Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] banco angolano SOL pretende abrir, “nos próximos dias”, um escritório de representação em Macau, disse aos jornalistas o presidente do conselho de administração, Coutinho Nobre Miguel. “Pensamos que nos próximos dias podemos contar aqui [em Macau] com um escritório de representação para, de facto, permitir que possamos estudar melhor o mercado asiático, procurar explorar as oportunidades que oferece e a partir delas apoiar o nosso tecido empresarial angolano”, afirmou, referindo-se em particular às micro e pequenas e médias empresas. Coutinho Nobre Miguel falou à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa), evento que tem Angola como “país parceiro”. Trata-se da segunda manifestação de interesse por parte de um banco angolano no território em menos de uma semana, após o anúncio de que o BIC Angola vai apresentar, no próximo mês, um pedido para se instalar em Macau. A entrada de Macau na agenda da internacionalização do banco SOL, estabelecido em 2001, surge no quadro do desígnio atribuído por Pequim a Macau como uma plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeMIF | Evento concretiza o papel do território enquanto plataforma A Feira Internacional de Macau volta a sublinhar o papel do território como ligação entre o continente e os países da lusofonia. Foram assinados 67 protocolos em que o mercado português e da América Latina reforçam a colaboração com empresas locais [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 22ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa), culminou mais uma vez na assinatura de uma série de protocolos que permitem agilizar as relações comerciais e de investimento entre a China e os países da Lusofonia, tendo o território como plataforma de ligação. No total foram 67 documentos, entre protocolos e memorandos de colaboração, que, tendo empresas locais como mediadoras garantem, não só a presença de mais relações com Macau, como representam uma porta aberta para o mercado chinês. O leite Terra Nostra é um exemplo. O protocolo foi assinado na sexta-feira e a parceria é feita com uma empresa sediada em Macau. “Com esta colaboração vamos avaliar a possibilidade de começarmos a vender o nosso leite de pastagem no território”, disse ao HM Ana Gonçalves, representante da BEL Portugal, empresa responsável pela distribuição do produto. No entanto, é o mercado chinês que está na mira. “Achamos que se trata de um produto com um grande potencial de aceitação no mercado do continente e Macau, por ter uma ligação especial com a lusofonia, é uma porta de entrada para esse efeito”, referiu a responsável. Por outro lado, o leite Terra Nostra, considera Ana Gonçalves, vai ao encontro das tendências dos consumidores em procurar cada vez mais produtos naturais. A China não é excepção e “em grandes cidades como Xangai e Pequim, onde as pessoas vivem com a poluição todos os dias, ter a oportunidade de que se está a consumir um produto natural que vem de um lugar saudável pode ser um factor relevante”, considera. Mais que um continente Dos protocolos assinados, o Brasil também marcou uma forte presença na MIF. Lígia Lui é sino brasileira e veio à feira internacional formalizar a colaboração no sector da consultadoria entre o grupo que lidera e uma empresa com sede em Macau e representação no continente. A ideia é que, “através de Macau, exista uma ponte entre a China e o Brasil que possa ser expandida a outros países lusófonos”, apontou ao HM. O território representa, para Lígia Liu, “uma verdadeira plataforma”. “Já temos vários projectos em andamento que incluem a promoção de negócios e de investimento”, sublinhou. A medicina chinesa já é um produto exportado para o Brasil e o investimento na cultura é uma prioridade. “Temos trabalho feito no que respeita à tradução de livros académicos chineses para português para que mais países lusófonos possam entender a China e a sua forma de pensamento”, explicou Lígia Liu. Já Carolina Valente, presidente da Federação Ibérico Americana de Jovens Empresários (FIJE) quer levar as relações com a China mais longe, “não só aos países da lusofonia como a todos os que integram a América Latina e mesmo a Espanha e a Andorra”, referiu a representante da federação. O continente é um mercado que não pode ser descurado nos dias de hoje. “Tanto na importação como na exportação temos com a China um grande espaço para que os negócios passam ser promovidos e há cada vez mais países a querem fazer negócio com o continente. Nós, que também temos um mercado imenso, somos igualmente vistos como um alvo pelas empresas chinesas”, disse. Macau representa a ligação óbvia até porque “fortalece, cada vez mais, a relação com os países de língua portuguesa”, rematou Carolina Valente. Brilhante Dias faz balanço “muito positivo” [dropcap style≠’circle’]”O[/dropcap] balanço é muito positivo” disse o secretário Estado para a Internacionalização de Portugal, Eurico Brilhante Dias aos jornalistas à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa). Para o governante português, o evento fez com que fosse possível” cumprir com os objectivos fundamentais” e reforçou o papel do território na ligação entre Portugal e China. “O primeiro objectivo alcançado foi o de reforçar o sinal claro de que Portugal percebe a identidade particular da Região Administrativa Especial de Macau e que está disposto a reforçar a cooperação também no âmbito trilateral, na sequência do memorando firmado pela China e Portugal”, referiu Eurico Brilhante Dias aos jornalistas. O secretário de Estado considera ainda que a presença de Portugal na 22.ª edição da MIF foi mais relevante do que nas edições anteriores. “É a maior representação externa no quadro dos países de língua portuguesa aqui na MIF e este ano com uma dimensão que, além do factor numérico, tem um elemento qualitativo que, devo dizer, é muito interessante”, referiu. “Além dos produtos de tradição onde se encontram os agro-alimentares, temos hoje um leque de serviços bastante mais sofisticados que oferecemos ao mundo”, rematou.
Hoje Macau Manchete SociedadeHotel 13 procura financiamento de quase dois mil milhões [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]bras por concluir, dificuldades de financiamento, projecto atrasado até, pelo menos, 31 de Março do próximo ano, e incerteza sobre a autorização para instalar mesas de jogo. É esta a situação do Hotel 13, que procura gerar 1,96 mil milhões de dólares de Hong Kong com três operações financeiras, incluindo empréstimos. O ponto de situação foi feito pela empresa 13 na passada quinta-feira à noite, num comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong. Desde Julho de 2017 que as obras do Hotel 13 estão paradas por falta de financiamento. Neste momento, estima a empresa, o projecto está concluído a 90 por cento, mas por falta de verbas não é possível concluir os trabalhos. Por essa razão a companhia anunciou três operações financeiras com o objectivo de garantir um financiamento de 1,96 mil milhões de dólares de Hong Kong. As operações são a oferta de mais acções aos actuais accionistas, a um preço com descontos que chegam a 87 por cento face ao preço do mercado, e dois empréstimos. Com a primeira operação a empresa quer gerar pelo menos 973 milhões e com os empréstimos: 740 milhões e 250 milhões, respectivamente. Raízes do problema As dificuldades no acabamento do projecto são explicadas três factores: dificuldades no processo de emissão das licenças necessárias para o hotel, redução da quota para a importação de trabalhadores não-residentes e, finalmente, melhoria da fase número dois do exterior do edifício, que, segundo a empresa, está por concluir. Outro dos pontos mais relevantes do comunicado é o facto da empresa 13 ter um princípio de acordo com uma das seis operadoras do território para instalar mesas de jogo no hotel. O nome da operadora não é revelado, mas o princípio de acordo foi assinado em Abril de 2008, e a última confirmação da vigência do mesmo data de Fevereiro deste ano. “É esperado que o acordo formal seja assinado entre as duas partes dependendo, entre outras coisas, do Operador Licenciado [concessionária do jogo] obter a aprovação do Governo de Macau para que o Hotel 13 possa ter actividades de jogo”, é explicado no documento. No entanto, a própria empresa 13 admite que o processo envolve uma grande incerteza: “a autorização para instalar e operar um casino no Hotel 13 depende da aprovação do Governo de Macau, por isso o sucesso da operação é incerto”, é apontado.
Hoje Macau SociedadeTransportes | Primeiras carruagens de metro ligeiro a caminho de Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]gora é de vez. Espera-se a qualquer momento a chegada das primeiras composições do metro ligeiro a Macau. De acordo com informação veiculada pela Lusa, as carruagens foram enviadas do Japão na sexta-feira sendo eminente a sua chegada ao território. Em comunicado, o Gabinete para as Infraestruturas de Transportes (GIT) informou que vão ser realizados “todos os trabalhos de ensaio do sistema” de modo a coordenarem-se com a meta de entrada em funcionamento em 2019. Prevê-se que as carruagens cheguem à Estação do Oceano do metro ligeiro no início de Novembro. Prometido há vários anos, o metro ligeiro, que sofreu uma série de atrasos e derrapagens orçamentais, divide-se entre a linha da Taipa e a da península de Macau. Segundo as previsões oficiais, a primeira deve estar concluída em 2019, mas a segunda ainda não tem data. As carruagens do comboio do metro ligeiro têm 11,8 metros de comprimento, largura de 2,8 metros, altura de 3,8 metros e pesam cerca de 15 toneladas. Considerando que é necessário passar por algumas artérias principais do centro da cidade durante a entrega, a equipa de construção já começou a proceder à simulação do transporte, de modo a garantir a sua segurança e fluidez na realidade. O Governo de Macau celebrou, em 2011, com a Mitsubishi Heavy Industries um contrato para a prestação dos serviços de fornecimento dos comboios e do sistema do metro ligeiro por 4,6 mil milhões de patacas. Tufão Hato | Templos e igrejas afectados quase recuperados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural informa que os trabalhos de recuperação e limpeza dos templos e igrejas de Macau que foram danificados pela passagem do tufão Hato pelo território se encontram bem encaminhados. As obras seguiram uma ordem de prioridade sendo que no primeiro lote estão incluídos 18 edifícios onde se procedeu à remoção de destroços perigosos, reparação de instalações eléctricas e recuperação de fachadas exteriores. O segundo lote compreende 28 projectos de limpeza e reforço estrutural e também está perto da conclusão. O terceiro lote, com trabalhos ainda em curso, prevê a recuperação de 24 edifícios que necessitam de restauro mais especializado. Economia | Taxa de inflação fixa-se nos 1,14 por cento [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou sobretudo devido à subida nos índices de preços das secções da educação (+7,14 por cento) e de bebidas alcoólicas e tabaco (+5,08 por cento). Nos últimos 12 meses que terminaram em Setembro, a taxa de inflação ficou nos 1,14 por cento, quase metade do valor registado em 2016. No ano passado, a taxa de inflação de Macau foi de 2,37 por cento, a mais baixa desde 2009, ano em que se fixou em 1,17 pontos percentuais. Segundo as mais recentes projecções do Fundo Monetário Internacional, a taxa de inflação de Macau deve fixar-se em 1,5 por cento este ano e 2,2 pontos em 2018.
João Santos Filipe PolíticaPolytec recorre para o Tribunal de Última Instância Após a derrota na Segunda Instância, a empresa responsável pelo Pearl Horizon vai recorrer da decisão do Chefe do Executivo, que declarou terminada a concessão do terreno onde estava a ser construído o empreendimento, para a Última Instância [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Polytec vai recorrer para o Tribunal de Última Instância da decisão do Chefe do Executivo, que declarou o fim da concessão do terreno onde estava a ser construído o empreendimento Pearl Horizon. O recurso é a última esperança da Polytec para resolver o assunto a seu favor através dos tribunais e foi revelado num comunicado à bolsa de Hong Kong, na passada sexta-feira. “A 19 de Outubro, o Tribunal de Segunda Instância da RAEM rejeitou o recurso da Polytec para considerar inválida a decisão do Chefe do Executivo da RAEM, que terminou a concessão do projecto [Pearl Horizon]. De acordo com as opiniões legais obtidas pela Companhia, a Polytec tem fundamentos suficientes para ainda recorrer para o Tribunal de Última Instância”, foi escrito no comunicado da empresa. “O Tribunal da RAEM deve considerar e avaliar os pontos essenciais sobre o atraso causado pelo Governo da RAEM e o direito da Polytec reclamar uma extensão do prazo para acabar os trabalhos de construção e entregar as fracções aos respectivos compradores”, é acrescentado. No mesmo comunicado é explicado que o outro processo entregue no Tribunal Administrativo para que a empresa seja compensada com uma extensão da concessão continua suspenso. Em causa está o facto da Polytec culpar o Governo por parte dos atrasos, e querer um prolongamento do prazo como compensação do tempo em que não pode avançar com as obras, porque tinha de aguardar decisões do Executivo. No entanto, a decisão do Tribunal Administrativo está dependente da decisão final sobre o recurso agora interposto pela empresa. O documento emitido está assinado pelo presidente da Polytec, Or Wai Sheun, e a administração compromete-se a “tomar as acções necessárias e apropriadas para proteger os interesses da Companhia”. A Polytec é representada, neste caso, pelo advogado e ex-deputado Leonel Alves. Administração questionada Na decisão do TSI, revelada na quinta-feira, foi considerado que o “Chefe do Executivo não podia deixar de agir como agiu”, ou seja declarando a caducidade da concessão. “Agiu bem, pois assim lho impunha o regime legal e contratual das concessões. Não tinha outra solução, nem alternativa”, consideraram os juízes. Contudo, a forma como o Governo da RAEM conduziu o processo não deixa de levantar dúvidas ao TSI, porque durante a concessão foram acrescentadas exigências à empresa, que não estavam estipuladas no contrato inicial. Também a demora da DSSOPT para intervir, sempre que era necessário, causou estranheza. De acordo com as contas da Polytec, após 2006, altura em que houve uma revisão da concessão para que fosse construído o Pearl Horizon nos moldes actuais, a empresa teve nove anos e nove meses para terminar o projecto. Porém, desse período, oito anos foram gastos para que o Governo aprovasse o projecto final e permitisse o início dos trabalhos, nos novos moldes. Na decisão do TSI participaram, como adjuntos, dois dos mais mediáticos juízes desta instância, nomeadamente Lai Kin Hong e Tong Hio Fong. O primeiro é presidente do TSI e fez parte, excepcionalmente, do colectivo de juízes Tribunal de Última Instância que condenou Ho Chio Meng. Tong Hio Fong foi o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, cujas decisões estiveram longe de ser consensuais.
Andreia Sofia Silva SociedadeThink | Nova plataforma online visa promover debate entre jovens Chama-se “Think – Just for Youth” e é uma plataforma a funcionar no Facebook que visa aumentar a consciência cívica dos jovens, pela via do debate de matérias sociais e políticas. Alguns dos membros fazem parte da Associação Nova Juventude Chinesa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]firmam não ter pretensões políticas, pelo menos para já. Com mais de 1500 gostos na página de Facebook, a plataforma “Think – Just for Youth” pretende levar os jovens, maiores ou menores de idade, a debaterem as questões da actualidade de Macau, sejam do foro social ou político. O projecto, que surgiu pouco antes das eleições legislativas, conta com um total de 20 membros, muitos deles também ligados à Associação Nova Juventude Chinesa. Chan Chi Weng, que conversou com o HM sobre este projecto, é um deles, mas assume que a plataforma “Think – Just for Youth” não está directamente ligada à associação. “Alguns membros são da associação, mas se existe uma ligação directa à Associação Nova Juventude Chinesa, temos de questionar. Temos membros desta associação mas temos muitos membros da sociedade.” “Tivemos como objectivo principal começar esta plataforma para que haja uma maior ligação com os jovens e também com os adolescentes, para que tenham um espaço onde possam discutir e expressar as suas ideias e pensamentos”, contou Chan Chi Weng, que também é membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários para a Zona Norte. A página vai sendo actualizada com a ajuda de nove membros a quem cabe a responsabilidade de lançar os temas de debate, incluindo a publicação de vídeos. Alguns deles são gravados na rua, em jeito de vox-pop sobre os mais variados temas. Pode ser a eleição de Agnes Lam para a Assembleia Legislativa ou o aumento das tarifas dos autocarros, por exemplo. Para Chan Chi Weng, esta participação online pode levar o Governo a melhorar a implementação de diversas políticas. “Temos nove conselheiros que fazem o trabalho principal. Depois temos alguns membros que fazem pesquisa, que acompanham a parte de produção dos vídeos. Tentam levantar algumas questões online e também promover discussões sobre esses assuntos”, apontou um dos responsáveis pelo projecto. Política logo se vê É difícil a Chan Chi Weng explicar se, daqui a quatro anos, a “Think – Just for Youth” poderá ou não gerar um candidato para as eleições legislativas. O objectivo não é, para já, esse. “As próximas eleições são daqui a quatro anos e não podemos ter a certeza de que vamos ‘formar’ alguém que possa vir a ser candidato. Seria muito prematuro afirmar que vamos desenvolver essa acção. O objectivo principal desta plataforma é fazer com que as pessoas estejam mais consciencializadas das questões sociais, que haja mais discussão no seio dos jovens. Talvez no futuro alguém possa ser um candidato através desta plataforma. Iríamos ficar muito orgulhosos”, explicou um dos fundadores. Ainda que a “Think – Just for Youth” tenha um olho mais social do que político, Chan Chi Weng também denota uma maior participação cívica dos jovens, algo que se verificou nas últimas eleições. “Há mais jovens a participar e a discutir este tipo de assuntos. Temos mais meios para falar, nas redes sociais por exemplo, ou nas actividades [que vamos organizando]. Isto é muito importante, porque são os jovens de hoje que vão governar Macau no futuro”, concluiu Chan Chi Weng.
Hoje Macau Política19º Congresso do PCC | Angela Leong quer mudanças em Macau [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] deputada e empresária Angela Leong emitiu ontem um comunicado onde comenta o discurso proferido por Xi Jinping, Presidente da China, na abertura do 19º Congresso do Partido Comunista Chinês. Para a directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau, Xi Jinping “mostrou a estratégia para o futuro do país”, pelo que o Governo de Macau “deve inovar e ter coragem para que haja uma abertura”. “Os funcionários públicos das camadas superior e de base devem estudar e compreender de forma profunda o discurso do presidente Xi Jinping”, lê-se no comunicado, que faz menção aos estragos que ainda se verificam após a passagem do tufão Hato. “Alguns parques de estacionamento públicos ainda não funcionam correctamente e há problemas nos transportes públicos. Estas questões internas são de grande importância para o país. É importante que Macau, um lugar pequeno com muito turismo, possa desenvolver metas”, escreveu Angela Leong. Para que haja uma verdadeira mudança, a deputada reeleita à Assembleia Legislativa considera que o Governo precisa de “resolver com seriedade o problema de governação em Macau e elaborar políticas e medidas específicas”. O discurso proferido por Xi Jinping e as suas ideias “são de uma grande necessidade para os funcionários do Governo da RAEM, académicos e até para a comunidade”, pois “todos devem reflectir em conjunto sobre a actual falta de liderança”.
João Luz PolíticaCoutinho não prevê nas presidências das comissões da AL [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]epois de conhecida a distribuição dos deputados da sexta legislatura pelas devidas comissões, resta saber quem vai presidir aos órgãos que acompanham os dossiers mais quentes e que analisam as propostas e projectos de lei na especialidade. A questão torna-se mais interessante tendo em conta as retiradas de Kwan Tsui Hang e Cheang Chi Keong das lides legislativas. Hoje é votada em plenário a composição desses órgãos, sendo que os presidentes serão escolhidos na primeira reunião interna, que ainda não tem data marcada. Neste aspecto, o deputado Pereira Coutinho não prevê grandes surpresas nas escolhas para liderar as comissões de trabalhos da Assembleia Legislativa (AL). “Aquilo está tudo cozinhado desde o princípio. Aliás, as presidências das comissões são combinadas entre os deputados influentes no hemiciclo”, comenta. No entender de Pereira Coutinho, a escolha dos presidentes deveriam recair sobre os deputados com maior representatividade popular. Para o deputado que viu o seu mandato renovado por mais quatro anos, “os presidentes são, entre aspas, sempre os mesmos”. Apesar de duas das três comissões permanentes terem ficado sem líderes, Pereira Coutinho antevê que o lugar ocupado por Cheang Chi Keong à frente da 3ª comissão permanente pode calhar a Ip Sio Kai. É de referir que o Vice-Director-Geral da sucursal de Macau do Banco da China e presidente da Associação de Bancos de Macau cumprirá o seu primeiro mandato como deputado. Mais do mesmo Apesar de ser uma cara nova na AL, Pereira Coutinho entende que é o habitual “vira o disco e toca o mesmo”. O deputado português acrescenta ainda que os presidentes das comissões nunca surpreendem. “Alguma vez Ng Kuok Cheong foi presidente de uma comissão qualquer, um deputado que está lá há quase trinta anos? Ele é o deputado mais veterano e nunca teve direito a liderar uma comissão”, recorda. A antiguidade poderia ser um critério para a selecção dos cargos nas comissões da AL, aliás, como foi feito com a escolha de Kou Hoi In, o mais veterano do hemiciclo, que foi seleccionado para primeiro secretário da AL. Pereira Coutinho é da opinião que o único critério sólido para as escolhas é a conveniência do poder. “É por isso que os artigos da lei básica são aplicados quando mais convém, quando não é conveniente utilizam outro método”, comenta o deputado.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Félix Pontes critica a fraca relação comercial entre Macau e CPLP O estreitar de relações comerciais entre Macau e os países lusófonos é um dos chavões mais ouvidos quando se discute o comércio externo do território. Porém, os números da balança externa não revelam essa realidade. O economista António Félix Pontes realça esta falha e mostra-se favorável à abertura de linhas de crédito para fomentar os negócios [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] economista António Félix Pontes defende que Macau deve “criar condições”, como facilitar o financiamento de projectos, perante a “dimensão frustrante” do comércio com os países de língua portuguesa, que “em nada” reflecte as expectativas das manifestações políticas. “É um facto indesmentível que o relacionamento comercial entre Macau e os países de língua portuguesa tem tido uma dimensão frustrante, não traduzindo em nada as expectativas emergentes das frequentes manifestações políticas nesse sentido”, disse à Lusa Félix Pontes, interveniente na sexta-feira num fórum económico integrado na Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), que terminou ontem. “Os números são insignificantes, são ridículos. Temos de ser realistas e falar verdade e com seriedade”, afirmou, salientando que o saldo acumulado “nestes últimos três anos, até Agosto, vai em 1,6 mil milhões de patacas negativos para Macau”. Além disso, observou, o número de parceiros comerciais no universo lusófono é reduzido: a título de exemplo, entre Janeiro e Agosto, Macau exportou apenas para quatro dos oito países de língua portuguesa (Portugal, Moçambique, Brasil e Angola). “Quando há um grande défice têm de se criar instrumentos para tentar reverter a situação”, enfatizou Félix Pontes, actualmente presidente do Instituto de Formação Financeira depois de, em 2015, se ter aposentado ao fim de 35 anos ao serviço do antigo Instituto Emissor de Macau e da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Crédito às exportações “Há que criar condições”, como “facilitar o financiamento de projectos, seja de exportação [ou] de investimento”, sustentou o economista à margem da MIF. “O seguro de crédito pode desempenhar uma função importante, […] porque acarreta muitas vantagens para os exportadores, mas também a concessão de linhas de crédito. A China já fez o seu papel: tem linhas de crédito para todos os países, está a ter retorno – não só financeiro, mas também em termos políticos”, argumentou. Neste âmbito, saudou o acordo, firmado na quinta-feira, entre a seguradora de créditos portuguesa Cosec e a AMCM, que lança as bases para criar “uma agência de crédito à exportação para apoiar empresas que pretendam operar nos países lusófonos”. Porém, espera que “não fique no papel”, à semelhança de outros assinados no passado. Independentemente de ser uma seguradora governamental, como existe em Hong Kong ou na China, ou uma agência de crédito à exportação, igualmente com suporte do governo, Félix Pontes defendeu a aposta com “maior urgência” na criação efectiva, porque, ao cobrir os riscos políticos, faz com que os empresários “tenham menos relutância” particularmente em relação a novos mercados. “Os exportadores de Macau têm a percepção de que os países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste são países de elevado risco. Grande parte dos empresários locais considera que pelo menos alguns acarretam elevados riscos e têm razão”, explicou Félix Pontes, indicando que “na classificação de risco de países da OCDE grande parte dos países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste está no grau 5 a 7, que é o máximo”. “Até o Brasil, neste momento, também acho que está no nível 5 ou 6 e, portanto, os empresários têm uma certa retracção em exportar”, embora alguns também reconheçam que existem “muitas oportunidades”, acrescentou. Para Félix Pontes, há uma série de políticas que Pequim tem proporcionado, como o CEPA (Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau) ou a iniciativa global “Uma Faixa, Uma Rota” que “criam imensas oportunidades para as empresas de Macau actuarem como intermediárias” entre a China e os países de língua portuguesa. No entanto, perante os riscos políticos e comerciais, é “determinante” que tenham à sua disposição um mecanismo de seguro de crédito – o que já ocorre em grande parte das jurisdições em todo o mundo” –, dado que “continuam numa situação de desvantagem competitiva nesse capítulo comparativamente às de Hong Kong e da China”. Em paralelo, Félix Pontes defendeu a concessão de linhas de crédito à exportação pela AMCM aos bancos centrais africanos de língua portuguesa e Timor-Leste: “Creio que seria benéfico para se enveredar definitivamente para um certa diversificação da economia de Macau”. “Desde que cheguei a Macau em 1980 que já se falava da diversificação, mas, no entanto, só fica no papel ou então em meras manifestações políticas”, frisou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCoutinho diz que Governo nada fez para alterar má gestão nos SMG Chui Sai On ignorou os avisos para a situação de má gestão nos Serviços Meteorológicos, em 2016, mas agora o Governo atira todas as responsabilidades para o ex-director, Fong Soi Kun. A acusação é do deputado José Pereira Coutinho [dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]ernando Chui Sai On foi alertado em 2016 para a situação de autoritarismo e má gestão nos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), mas preferiu ignorar os avisos. A acusação foi feita ontem, em declarações ao HM, pelo deputado José Pereira Coutinho, que recordou a entrega de uma petição em Agosto de 2016, depois da passagem do Tufão Nida, por parte da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). O membro da Assembleia Legislativa, que também esteve ontem no programa Fórum Macau dos canais chineses da TDM (ver texto secundário), defende que está na altura dos titulares dos altos cargos do Governo começarem a assumir as suas responsabilidades. “Em 2016, a questão dos principais titulares de cargos públicos terem de assumir as responsabilidades já tinha sido levantada. No entanto, na altura, o Governo fechou-se em copas. Fui eu que levantei essa questão logo em 2016, após a passagem do tufão Nida. Na altura apresentamos uma petição junto do Chefe do Executivo e caiu em saco roto. Ninguém nos ligou”, disse ontem José Pereira Coutinho, ao HM. “Agora apareceu o tufão Hato e o Governo deu a mão à palmatória e empurrou todas as responsabilidades para o director. Ma antes ignoraram os nossos alertas, as nossas denúncias para a má gestão e o abuso de poder nos SMG”, acrescentou. José Pereira Coutinho defende que o relatório publicado pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), na quinta-feira, e que responsabiliza Fong Soi Kun pela situação dos SMG, veio confirmar “quase na integra” situações que Pereira Coutinho e Leong Veng Chai, ex-colega de bancada do deputado da ATFPM, já tinham denunciado. “O relatório menciona uma atitude prepotente e autoritária do ex-director, que não dialogava com os colegas. Mas isto são tudo queixas que já tinham sido relatadas em 2016”, frisou. Além de Pereira Coutinho, estiveram no programa da TDM os deputados Au Kam San, Wong Kit Cheng, Angela Leong e Song Pek Kei. Durante a conversa, os deputados defenderam um tratamento igualitário para as pessoas afectadas pelo tufão, principalmente no pagamento das compensações pelos prejuízos directos. Lei Sindical Na semana passada tornou-se do conhecimento público que o projecto de lei sindical, sugerido por José Pereira Coutinho, tinha sido aceite pela mesa da Assembleia Legislativa. No entanto, ainda não está definida a data da discussão do projecto de lei em plenário. Esta tarde os deputados reúnem-se para votar a constituição das diferentes comissões do órgão legislativo. Quando questionado sobre as verdadeiras hipóteses do diploma ser aprovado, depois de ter sido chumbado nas oito vezes em que foi proposto, José Pereira Coutinho sublinhou que cumpre o seu programa eleitoral. “Eu cumpro o meu dever como deputado e cumpro o programa eleitoral. O resto não tem nada a ver comigo, os outros deputados que façam o que quiserem com o diploma, eles sabem bem o que devem fazer”, afirmou José Pereira Coutinho. “Eu cumpro religiosamente a Lei Básica e o artigo 27, agora se os outros não querem cumprir a Lei Básica, não tem nada a ver comigo”, acrescentou. Apesar da Lei Básica reconhecer o direito dos residentes se organizarem em “associações sindicais”, na prática não há sindicatos, por falta de uma lei que regule o funcionamento dos mesmos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTufão Hato | Relatório do CCAC arrasa autoritarismo de Fong Soi Kun Arrogância, egotismo, autoritarismo e desprezo pelas opiniões dos meteorologistas são as críticas apontadas à direcção de Fong Soi Kun, que tomava as decisões sozinho [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ong Soi Kun é o único culpado dos problemas da Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) durante a passagem do tufão Hato, mas não foi cometido qualquer crime. É esta a principal conclusão da investigação do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), revelada ontem, que foi iniciada na sequência dos efeitos causados pela passagem do tufão que matou dez pessoas em Macau. As acusações que a investigação do CCAC faz à ex-direcção dos SMG, e principalmente ao anterior responsável máximo, são arrasadoras: concentração de poder, “arrogância”, “egotismo” e desprezo pelas opiniões dos meteorologistas. Segundo o documento, não há prova de que as decisões de Fong Soi Kun tenham sofrido influências externas, como do sector do jogo, mas o ex-director é acusado de ter mentido numa resposta a uma interpelação de Au Kam San sobre o processo da tomada de decisões em relação aos tufões. Apesar de Fong Soi Kun ter garantido, na resposta, que as decisões eram tomadas em reuniões “com as chefias e os técnicos de meteorologia”, na realidade “durante a tomada relativas ao içar dos sinais de tufão, não existia propriamente um mecanismo de consulta interna para discussão e análise conjunta e, muitas vezes, tudo dependeu dos juízos e decisões pessoais do ex-director dos SMG”. O organismo liderado por André Cheong sublinha que as decisões eram tomadas apenas por Fong Soi Kun e que esta forma de decidir verificou-se durante a passagem do Hato este ano e do Nida, em 2016. “Demonstra não só uma ideia autoritária e de desvalorização das opiniões dos seus colegas na gestão e também um egotismo e uma arrogância profissional”, concluiu o CCAC, sobre esta forma de decidir. O relatório menciona o exemplo de uma reunião que decorreu a 22 de Agosto deste ano, dia anterior à passagem do tufão Hato, que não contou com a participação de Fong Soi Kun. Nesse encontro, segundo a versão da subdirectora Leong Ka Cheng, foram dadas instruções aos meteorologistas para discutirem apenas as previsões do tempo para a semana seguinte, visto que todas as decisões sobre o Hato já tinham sido tomadas. Decidir em casa Também eram frequentes as tomadas de decisões por parte do ex-director em casa, mesmo em caso de tufão. Era uma situação que acontecia fora do horário de expediente. “O CCAC descobriu na investigação que, quando um determinado tufão se aproximava, fora do horário de expediente, o ex-director dos SMG não permanecia nem regressava aos serviços, limitando-se à consulta dos dados e das informações do respectivo tufão na Internet dos SMG através da ligação daquela rede na sua casa”, é adiantado. “Quando precisava de tomar uma decisão relativamente ao içar de um sinal de tufão, o ex-director emitia a respectiva ordem aos meteorologistas através do telefone”, é acrescentado. Sobre este procedimento o CCAC mostra a sua preocupação, apontando que se houvesse problemas com a ligação da Internet ou do telefone na casa do ex-director ou falhas na electricidade, que havia mesmo o risco dos SMG ficarem paralisados. No entanto, no caso do tufão Hato, o organismo liderado por CCAC, admite que Fong “regressou apressadamente” às instalações do SMG, já durante a madrugada do dia 23. Também neste caso o ex-director tomou igualmente as decisões sozinho no seu gabinete, sem ter ouvido os meteorologistas do Centro de Vigilância Meteorológica, “porque acreditou que a experiência dos mesmos era, com certeza, menor do que a do pessoal de direcção e chefia”. O relatório menciona ainda que os meteorologistas falam de uma cultura nos SMG em que as suas opiniões não eram valorizada e que os impedia de exprimir os seus pontos de vista. Da arbitrariedade O relatório do CCAC permite perceber que dentro dos SMG os trabalhadores não percebiam as razões de em algumas situações ser içado o sinal n.º 3 e em outras o sinal n.º 8. Apesar do ex-director se ter defendido que as decisões eram tomadas com base em três “factores essenciais”, a “generalidade”, “representatividade” e “continuidade”, os trabalhadores não os conheciam. Nas entrevistas aos trabalhadores sobre estes factores, incluindo à subdirectora Leong Ka Cheng, todos mencionaram significados diferentes sobre os três critérios. O CCAC conclui que este é um dos aspectos que mais terá contribuído para as suspeitas da população face às decisões: “Se os trabalhadores meteorologistas dos SMG não compreendiam estes critérios, também o público não conseguia compreendê-los. Tudo isto suscitou, inevitavelmente, suspeitas por parte do público relativamente à exactidão das previsões de tufões dos SMG, e até suspeitas da existência de situações de previsões atrasadas ou erradas”, é justificado. A postura face às dúvidas foi igualmente criticada: “a direcção dos SMG nunca apresentou nenhuma explicação pormenorizada nem assumiu as devidas responsabilidades”. Em relação à tomada das decisões, o CCAC realça também que apesar de partirem da direcção dos SMG que “as consequências provocadas por tais decisões são assumidas por todo o pessoal”. No fim do relatório o organismo liderado por André Cheong faz algumas sugestões, entre as quais que se estabeleça um “mecanismo específico de consulta interna com a partição do pessoal meteorologista”, que se crie um “mecanismo de previsão e de resposta a emergências”, e definição clara de critérios para serem respeitados para as decisões de içar os diferentes sinais. O HM tentou contactar Fong Soi Kun sobre o relatório, mas o ex-director esteve incontactável. Internet com falhas frequentes A partir do relatório fica-se igualmente a saber que os serviços de internet do SMG tinham falhas frequentes, chegando ao ponto de por vezes os serviços estarem largas horas sem internet. “O CCAC verificou a existência de uma série de problemas relativos à gestão e à manutenção de equipamentos nos SMG. Alguns trabalhadores referiram que a interrupção do serviço sucedia frequentemente, e a respectiva recuperação demorava normalmente entre uma a duas horas, às vezes chegava a demorar meio dia ou até mesmo um dia”, é revelado. “No decorrer da interrupção do serviço de Internet, os meteorologistas da linha de frente não conseguiam receber quaisquer informações, nomeadamente os dados meteorológicos, o que influenciava os seus trabalhos”, é acrescentado. Porém, o relatório não menciona quem é o fornecedor do serviço. Em Macau existem duas empresas fornecedoras de internet, nomeadamente CTM, que lidera o mercado, e a Mtel. Medo das crenças da subdirectora Outra das críticas apontadas a Fong Soi Kun prende-se com o facto de não ter tomado medidas face à religião da subdirectora dos SMG. Na internet foram colocados rumores a circular que Leong Ka Cheng faria oferendas a fantasmas bebés, na esperança de atrair boa fortuna. Os rumores terão mesmo causado medo nos serviços, e o CCAC entende que Fong Soi Kun deveria ter tomado medidas, apesar de reconhecer “a liberdade de crença religiosa”. “É difícil confirmar se tais rumores eram verdadeiros ou se se tratavam apenas de boatos. Todavia, todos os trabalhadores dos SMG com que o CCAC entrou em contacto manifestaram que os referidos rumores foram amplamente divulgados naqueles Serviços e que todas as pessoas tinham conhecimento de tal facto”, consta no relatório. “Acresce que, alguns actos quotidianos da referida subdirectora provocavam realmente inquietação, particularmente para os trabalhadores que exerciam funções por turnos toda a noite”, é acrescentado. Investigação sem efeitos Apesar de não ter muitas referências, o relatório publicado ontem menciona uma primeira investigação do CCAC aos SMG, logo em 2016, após a passagem do Tufão Nida, que passou por Macau a 1 de Agosto. Na altura, o território apenas içou o sinal n.º 1 e n.º 3, quando Hong Kong, Zhuhai e Shenzhen tinham o sinal n.º 8 em vigor. No relatório o CCAC explica, na introdução, que logo na primeira investigação foram verificados problemas como “falta de clareza dos critérios para o içar de sinais de tufão e a irregularidade nos procedimentos pertinentes”. O relatório de ontem permite perceber que a situação não foi resolvida a tempo do tufão Hato. Chefe do Executivo | Secretário acompanha situação O Chefe do Executivo, Chui Sai On, reagiu ontem à publicação do relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) através de um comunicado, tendo referido que “já deu instruções” à Secretaria para os Transportes e Obras Públicas (STOP), “na condição de entidade supervisora dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, para tratar, conforme a lei, dos problemas verificados e das sugestões de melhorias indicadas nesse documento”. O mesmo comunicado explica que o Governo “reitera o princípio de empenho e determinação em garantir a vida e segurança dos cidadãos”. “Com base nas experiências adquiridas durante a catástrofe do tufão Hato, planeia-se um conjunto de medidas envolvendo três aspectos, nomeadamente, aprimorar o regime jurídico aplicável, reforçar as infra-estruturas e fortalecer a formação de recursos humanos. Desta forma, pretende-se elevar a capacidade geral de prevenção de catástrofes naturais em Macau”, afirmou o Chefe do Executivo em comunicado.
Andreia Sofia Silva PolíticaLionel Leong garante que Governo está atento às condições do Canídromo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças, disse ontem, à margem da inauguração da Feira Internacional de Macau (MIF), que o Executivo não ignora as condições em que se mantêm os animais no Canídromo. Citado por um comunicado oficial, o secretário disse que “o Governo pondera ainda o modelo das corridas, nomeadamente as condições de tratamento dos galgos, que deve estar de acordo com determinados critérios internacionais”. Quanto à concessionária, “a Companhia Yat Yuen tem de se relocalizar, antes do prazo definido, sendo que, se pretenderem continuar a operar a mesma actividade, devem encontrar um outro local que apresente condições dentro do planeamento urbanístico e que não afecte os residentes.” Mais dinheiro Lionel Leong disse ainda que o orçamento da sua tutela para o próximo ano “está a ser elaborado”, prevendo-se que “as receitas e despesas públicas subam”. Contudo, citado por um comunicado, Lionel Leong disse estar confiante “na manutenção do saldo financeiro positivo”. Nesta fase de recolha de opiniões sobre a temática, Lionel Leong frisou que existe “uma vontade de manter os benefícios à população”, além de que “alguns serviços públicos necessitam aumentar o orçamento no âmbito do pessoal e outras áreas”. O tufão Hato levou, parcialmente, ao aumento das despesas, pois “provocou prejuízos em inúmeros equipamentos e instalações do Governo”. Quanto às receitas públicas, o secretário manifestou-se optimista e cauteloso pela economia de Macau para o próximo ano, prevendo um aumento de receitas. Quanto aos planos de apoio para pequenas e médias empresas afectadas pelo tufão “Hato”, o secretário referiu que “a distribuição de abonos de 50 mil patacas já foi concluída em metade”. No que diz respeito ao “empréstimo sem juros no montante máximo de 600 mil, devido à necessidade de haver mais tempo no processo de apreciação e aprovação, o Governo solicitou apoio junto da Associação dos Bancos, com o objectivo de acelerar o sistema”. Sobre as novas licenças de jogo, Lionel Leong explicou que o Executivo ainda está a recolher opiniões mas não há, para já, qualquer pedido para a abertura de um casino em Coloane. Caso seja feito um pedido para uma licença de jogo neste local, tudo vai depender “das opiniões dos serviços da área de planeamento, seguindo-se a respectiva analise das autoridades”.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaHabitação social | Proposta de lei avança com candidaturas permanentes O processo de candidatura permanente a habitação social é previsto na proposta do regime jurídico acerca da matéria. O diploma vai avançar para discussão na Assembleia Legislativa e traz ainda requisitos mais apertados [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s candidaturas à habitação social poderão ter um carácter permanente. A premissa é dada na proposta do regime jurídico da habitação social, após aprovação no Conselho Executivo. A ideia foi deixada ontem à comunicação social pelo porta-voz, Leong Heng Teng. O avanço para um processo de candidaturas permanente vai representar “um mecanismo atempado para que o Governo saiba melhor quais as necessidades de habitação social no território”, disse. A abertura deste tipo de candidatura tem sido um pedido frequente por parte dos deputados da Assembleia Legislativa (AL) que argumentam ser esta a vontade dos residentes. No entanto, a medida agora prevista só será implementada quando a lei entrar em vigor. O diploma terá de entrar em discussão na AL e não tem data marcada para que isso aconteça. Entretanto, e ainda este ano, vai ter lugar mais um processo de candidaturas à habitação social de carácter pontual. Também sem data certa, foi reiterado ontem pelo presidente do Instituto de Habitação, Arnaldo Santos, que tal como prometido “acontecerá no terceiro trimestre deste ano”, que já está a decorrer. O concurso pode acontecer brevemente até porque, referiu Arnaldo Santos, “já só faltam algumas formalidades administrativas”. Os candidatos que avançarem no concurso aberto este ano ficarão em lista de espera. “Esta proposta de lei só poderá ser aplicada depois da abertura do concurso público este ano. Isto quer dizer que aqueles que vão participar neste concurso no final do ano vão ficar nesta fila e o processo de carácter permanente produzirá efeitos só depois de a proposta de lei ser aprovada”, afirmou. Para já há cerca de 1300 casas praticamente prontas a serem distribuídas, no entanto o número certo e os prazos de entrega dependem do andamento de obras que ainda decorrem, referiu Arnaldo Santos. Com a saída das instalações da central térmica que a Companhia de Eletricidade de Macau ocupa na Avenida Venceslau de Morais, acresce a disponibilidade de mais 2500 fogos. Aperta o nó A proposta aprovada pelo Conselho Executivo prevê ainda que os requisitos de candidatura a habitação social sejam, nalguns pontos, mais apertados. Se actualmente, o candidato não pode possuir fracções destinadas a habitação ou fracções autónomas no território, num período de três anos prévios à candidatura, com a aprovação do regime jurídico da habitação social, o limite passa para cinco anos. Por outro lado, no que respeita a rendimentos mínimos e apesar de não estarem presentes no documento ontem apresentado, a ideia é que passem de 9.000 para 12.000 patacas. “Foram estes os valores apresentados na consulta pública”, disse Leong Heng Teng De acordo com porta-voz do Governo, o objectivo da proposta é “apoiar os residentes de Macau, em situação económica desfavorecida, na resolução do problema da habitação”. Assistentes reconhecidos A profissão de assistente social vai ser, não só certificada por um conselho profissional, como também vai exigir que os funcionários estejam inscritos no Instituto de Acção Social (IAS). Para o efeito, será criado o Conselho Profissional dos Assistentes Sociais (CPAS). A medida faz parte do regime de acreditação profissional e de inscrição para assistente social, cuja discussão já terminou no Conselho Executivo. O documento vai entrar em discussão na Assembleia Legislativa e, caso se mantenham as premissas, os assistentes sociais do território que venham a ingressar na carreira têm de ser creditados pelo CPAS. Para o conseguirem têm de fazer uma prova escrita e possuir a licenciatura. Para os que já trabalham no sector, têm um ano, depois de aprovada a proposta, para fazer o seu pedido de acreditação. Depois, para exercer a profissão é obrigatória a inscrição no IAS.
Andreia Sofia Silva PolíticaPearl Horizon | Polytec perde recurso sobre decisão do Governo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polytec, empresa responsável pela construção do empreendimento habitacional Pearl Horizon, na Areia Preta, perdeu o recurso contra o Governo, que declarou a caducidade e a reversão do terreno por não terem sido cumpridos os prazos de construção. No recurso apresentado ao Tribunal de Segunda Instância (TSI), relativo ao despacho do Chefe do Executivo proferido em 2016, a empresa alega que incorreu em perdas financeiras por esta decisão e que foi a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que fez atrasar o projecto de construção, ao exigir um estudo de impacto ambiental. Contudo, os juízes do TSI consideram que o contrato de concessão, datado de 1990, “não contempla nenhuma cláusula que permita a dita ‘prorrogação’”, tal como não previam os despachos de 1993 e 1999 “que procederam às primeira e segunda revisões contratuais, em virtude da alteração do aproveitamento e finalidade dos lotes”. Os juízes fazem ainda referência à nova Lei de Terras, implementada em 2013, que “também não prevê a prorrogação que a recorrente [Polytec] defende em abono da tese da reposição do referido equilíbrio financeiro”. O TSI considerou que “o Chefe do Executivo não podia deixar de agir como agiu”. “Agiu bem, pois assim lho impunha o regime legal e contratual das concessões. Não tinha outra solução, nem alternativa”, escrevem os juízes, lembrando que “os erros que a recorrente [Polytec] imputa à Administração (bem como as omissões em matéria de prazos que ela não teria cumprido na apreciação dos projectos e dos actos tramitacionais deste procedimento administrativo) não foram decisivos ao sentido do dispositivo do acto”. Isto porque, tendo em conta o parecer do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, “a ênfase da fundamentação do acto se centra toda no decurso do prazo geral da concessão”. Ai os atrasos Apesar do acórdão do TSI ser favorável ao Governo, os juízes parecem revelar uma certa compreensão em relação aos argumentos apresentados pela Polytec. “Não desconsideramos que a recorrente se ache inconformada com o acto administrativo sob escrutínio.” “Numa certa perspectiva, acompanhamos a recorrente [Polytec] ao não compreender bem a razão pela qual a Administração, via DSSOPT, tentou a modificação unilateral do conteúdo do contrato, ao introduzir afastamentos não previstos inicialmente, e ao impor um estudo de impacto ambiental com que a concessionária nunca tinha sido antes confrontada”, lê-se. O tribunal afirma ainda que não compreende as razões desta mudança de planos por parte do Executivo. “Não se alcança muito bem o motivo por que, depois de tanta alegada crucial importância […] acabou a mesma DSSOPT por aceitar, tardiamente, a aprovação nos moldes em que o projecto estava congeminado inicialmente. Porque aconteceu tudo isto e com que propósitos? Não sabemos, porque o processo nada esclarece”, refere o acórdão.
Hoje Macau PolíticaFAOM | Operários recolhem opiniões sobre alteração da lei laboral [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) vai distribuir panfletos e recolher opiniões acerca da alteração à lei das relações laborais. A informação foi deixada pelo deputado com ligações aos Operários, Leong Sun Iok. O deputado salienta que não vai ceder no âmbito da lei das relações de trabalho, mesmo que a economia local não venha a declinar. Leong Sun Iok referiu ainda que neste momento Macau está a passar um bom período económico pelo que considera que as alterações não estão a representar avanços. Exemplo disso é o aumento dos dias de licença de maternidade que não são remunerados. O deputado deu como exemplo as situações das regiões vizinhas que têm feito avanços significativos no que respeita a esta licença e considera que Macau deve ir pelo mesmo caminho, até porque precisa de impulsionar a natalidade. Apesar dos reparos, Leong Sun Iok mostrou-se satisfeito com as alterações relativas à licença de paternidade e às disposições que têm em conta a sobreposição de feriados. No entanto, salienta, há aspectos a serem melhorados. Para Leong Sun Iok, os feriados obrigatórios não devem poder ser usufruídos em dias de feriado não obrigatório. Quanto ao regime de trabalho a tempo parcial, Leong Sun Iok considera que, quer seja longo ou curto o período de trabalho, os funcionários devem ser protegidos pela lei laboral e pela lei da segurança social.
Hoje Macau PolíticaJogo | Si Ka Lon quer lucros distribuídos pelos residentes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] renovação de licenças de jogo, o planeamento geral da cidade e a questão da habitação pública são os desafios da próxima legislatura. A ideia foi deixada pelo deputado Si Ka Lon no programa “Macau Fórum” do canal chinês da TDM. Para o deputado, uma das grandes prioridades do trabalho legislativo tem que ver com a criação de um fundo de comparticipação em que 10 por cento das receitas do jogo são direccionadas para os residentes. O objectivo, afirmou, é ajudar na resolução dos problemas de habitação, nos serviços médicos e ainda como garantia para os idosos. Si Ka Lon considera ainda que o apoio pecuniário que já é dado anualmente à população não é uma forma justa de distribuir os lucros do sector do jogo, sendo que com a criação de um fundo seria mais evidente que se estaria a partilhar “os frutos da economia”. No que respeita ao aumento das tarifas dos autocarros, Si Ka Lon não está contra a medida mas não concorda com as justificações avançadas pelo Executivo. Para o deputado, não é com preços mais altos que se vai conseguir uma maior qualidade nos serviços de transportes públicos locais. O deputado disse também que as políticas de trânsito têm sido uma falha e quer respostas relativas aos atrasos no metro ligeiro.
Hoje Macau PolíticaCongresso do PCC | Paulo Tse defende construção de mais casas No discurso no 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping disse que a habitação não deve servir para actos de especulação. Paulo Tse, ligado ao sector, defende a construção de mais casas para resolver o problema [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o 19º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) o Presidente Xi Jinping falou da questão da habitação e considerou, segundo o jornal Ou Mun, que esta deve servir para as populações viverem e não para actos de especulação. O Presidente da China afirmou ainda que se deve garantir que todo o povo chinês deve ter direito à residência por diversos meios e garantias. Em Macau a especulação imobiliária tem sido uma realidade e, neste sentido, Paulo Tse, presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial de Macau, defendeu que as ideias apresentadas no Congresso do PCC devem inspirar o território, acrescentando que as actuais políticas de habitação vão de encontro às declarações de Xi Jinping. O responsável, que foi membro do Conselho para os Assuntos da Habitação Pública, salientou ainda que devem ser construídas mais casas para combater o aumento de actos especulativos. Quanto à habitação social, as políticas devem abranger os jovens, para que estes possam acumular dinheiro para, um dia, poderem comprar uma casa no sector privado, disse Paulo Tse. Ng Siu Lai, presidente da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM, ou Kaifong), disse que as ideias de Xi Jinping quanto ao acesso à residência vão de encontro à situação real de Macau, esperando que, no futuro, haja mais medidas e políticas para impulsionar o desenvolvimento do território. Citado pelo Jornal do Cidadão, o administrador da Sociedade de Jogos de Macau, Ambrose So, considerou que as políticas do Governo Central vão fazer com que Macau possa participar no desenvolvimento do país, além de facilitarem o emprego, a aquisição de imóveis e as trocas comerciais entre o território e o continente. Garantia de autonomia De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Zhang Xiaoming, lembrou que a referência ao direito de administração plena do Governo Central em relação a Hong Kong e Macau não vai contra o alto grau de autonomia previsto na Lei Básica dos dois territórios. Isto porque, na visão de Zhang Xiaoming, esse alto grau de autonomia foi concedido por Pequim, e a partir daí surgiu a ideia do direito de administração plena por parte do Governo Central. O director frisou que o mais importante é cumprir a constituição chinesa e a Lei Básica, respeitando ambos os conceitos. Já para Leong Wai Fong, presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), as palavras de Xi Jinping mostraram que Macau vai sair beneficiada com a implementação do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, algo que pode ajudar a uma diversificação da economia e ao surgimento de novas oportunidades de emprego. Chan Meng Kam, ex-deputado e membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), considerou que as reivindicações da população de Macau estão consolidadas nas palavras do Presidente chinês.
Hoje Macau SociedadeCosec e a AMM assinam protocolo de crédito à exportação [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] seguradora de créditos portuguesa Cosec e a Autoridade Monetária de Macau (AMM) assinaram ontem um protocolo que lança as bases para criar “uma agência de crédito à exportação para apoiar empresas que pretendam operar nos países lusófonos”. O protocolo foi anunciado em Macau pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, na cerimónia de abertura do 3.º Fórum de Jovens Empresários entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O novo instrumento financeiro “permitirá a todos os países promover exportações e segurar investimentos em terceiros mercados”, segundo explicou o governante. O objectivo é construir “uma plataforma que os países de língua portuguesa possam utilizar para garantir os seus créditos de exportação ou, mesmo no âmbito dos seguros de caução, para, por exemplo, algumas operações que precisem de caução antecipada”, nomeadamente nas áreas da “construção civil, obras públicas e serviços na área da metalo-mecânica, que precisam muitas vezes de caução”. Eurico Brilhante Dias referiu que o protocolo será válido “para o conjunto dos países, não só da República Popular da China, da Região Administrativa Especial de Macau, para empresas portuguesas e para empresas dos países de língua portuguesa, não só em África, como no caso de Timor-Leste, na Ásia, e naturalmente o Brasil, na América Latina”. Com a criação deste novo instrumento financeiro, as empresas vão passar a “ter outra entidade que vai disponibilizar um portefólio de produtos que lhes permite, para alguns dos territórios, adquirir seguros de crédito à exportação, cobrindo o risco”.
João Santos Filipe SociedadeEducação | DSEJ lança projecto piloto de auto-avaliação das escolas A partir de 2020, a DSEJ quer que as escolas comecem a implementar procedimentos de auto-avaliação que complementem o modelo actual existente. A partir do próximo ano lectivo, inicia-se um projecto piloto de auto-avaliação [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai lançar um projecto piloto para que as escolas façam uma auto-avaliação sobre os seus pontos fortes e fracos. A medida vai entrar em vigor no próximo ano e objectivo é que a partir de 2020 seja estendida a todas as escolas do território. Segundo a Subdirectora-substituta da DSEJ, Wong I Lin, a medida revelada ontem vai ser complementada com a avaliação externa, que já se encontra actualmente em vigor. “O objectivo é que haja uma primeira auto-avaliação nas escolas, à qual se seguirá a avaliação externa. Acreditamos que as escolas estão em melhor posição para conhecerem a sua situação e poderem indicar os pontos em que estão melhores e os outros que precisam de melhorar”, afirmou Wong I Lin, após uma reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior. “Após as escolas entregarem o relatório sobre a auto-avaliação, vamos formar uma equipa para a avaliação externa que vai verificar que alterações foram registadas e emitir as suas opiniões sobre os pontos fracos e fortes”, acrescentou. Este modelo de auto-avaliação vai utilizar critérios semelhantes aos em vigor na avaliação externa. Apesar desta medida complementar, a responsável da DSEJ não deixou de elogiar o actual modelo em vigor, que foi adoptado em 2006. “A avaliação permitiu que fossem melhorados muitos aspectos nas escolas em comparação com 2006. Foi a partir dos relatórios que as escolas puderam introduzir melhorias”, defendeu Wong I Lin. “Quando começaram as avaliações, havia escolas que ao nível das instalações sanitárias não tinham as condições necessárias, por exemplo algumas escolas nem tinham sabão nas casas-de-banho masculinas”, recordou. Sobre as avaliações externas, a subdirectora da DSEJ revelou que no caso da Escola Portuguesa de Macau foram convidados peritos de Portugal, para que houvesse uma avaliação com conhecimentos para se certificar que os conteúdos leccionados se encontram dentro das exigências do Ministério de Educação português. Mais estudantes no Interior Outra das novidades abordadas durante a reunião foi o futuro dos jovens que completam o ensino secundário. De acordo com os dados oficiais, o número de jovens que opta por continuar os estudos no ensino superior subiu para 95,6 por cento em 2016/2017, quando era de 84,4 por cento, em 2007/2008. Também aumentou o número de alunos locais que optam por continuar os estudos no Interior da China, que subiu para 23,6 por cento em 2016/2017, quando a proporção tinha sido de 16.1 por cento no ano lectivo anterior. Uma descida em contraste com Taiwan, cuja proporção desceu de 26,6 por cento para 18,2 por cento. “O aumento dos estudantes interessados em irem para o Interior da China deve-se à política ‘Uma Faixa, Uma Rota’, ao desenvolvimento económico, percepção de um futuro positivo e ao empreendedorismo”, afirmou Kong Chi Meng, chefe da Divisão de Educação Pré-Escolar e Ensino Primário da DSEJ. “Também tem a ver com o nível das Universidades da China e com o aumento do número de vagas para os estudantes de Macau nas universidades com maior prestígio, que o Ministério da Educação da China disponibilizou”, complementou.