Discutidas condições para protocolo com Ordem dos Advogados

A Associação dos Advogados de Macau reuniu-se para definir os critérios para reafirmar um protocolo com a Ordem dos Advogados de Portugal. De acordo com Jorge Neto Valente, possivelmente no próximo mês haverá uma reunião com o bastonário português

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM) considera que é necessário uma posição de compromisso entre a permissividade total da entrada a profissionais que venham de Portugal e a recusa. Desde a suspensão, em 2013, do protocolo com a Ordem dos Advogados, a entidade que representa os causídicos locais tenta encontrar um equilíbrio quanto aos critérios para reafirmar o acordo.

Há associados que são “absolutamente contra a vinda de advogados de Portugal para Macau e outros que acham que se devia abrir a porta a toda a gente”, comenta Jorge Neto Valente. O presidente da associação revelou que “a maioria não é defensora de uma política de porta aberta para acolher toda a gente”.

O advogado explica que os associados estão à procura do balanço que “permita absorver as pessoas que venham, a pouco e pouco, sem desestabilizar nem prejudicar a economia da profissão”. Neto Valente reconhece que é necessário estabelecer requisitos firmes e ter como prioridade o nível de qualificações dentro da classe.

A questão é que, após a suspensão do protocolo, houve muitos pedidos de advogados que exerciam em Portugal para entrarem na profissão em Macau. De acordo com o presidente da AAM, não havia “outra solução se não parar para pensar”.

A reflexão dura até hoje, sendo que Neto Valente afastou a tese noticiada de que o retorno protocolar com a direcção da antiga Ordem não se deu por falta de tempo. “Como se avizinhavam eleições, naturalmente, achámos que não era oportuno continuar a falar do assunto porque, como se viu, a bastonária foi substituída.”

Neto Valente acrescenta que tem estado em contacto com a actual direcção da entidade que regula a profissão em Portugal. “Combinámos para uma próxima oportunidade, que não deverá demorar muito tempo, possivelmente no próximo mês, que nos iremos encontrar”, e discutir os critérios para o protocolo.

Ponto de discórdia

Mas até assertar agulhas entre as entidades, primeiro a Associação dos Advogados de Macau tem de definir uma posição. O tal equilíbrio entre uma política de porta aberta e de encerramento foi discutido ontem ao final do dia. Até ao fecho da edição não tivemos notícia de fumo branco quanto a este assunto.

Hoje em dia, a Associação dos Advogados de Macau tem quase 370 associados, isto sem contar com os mais de 100 estagiários. De acordo com Neto Valente, “a situação de vinda de advogados portugueses para Macau não é muito diferente da que se verifica em relação aos outros países de língua portuguesa, como Angola e Moçambique, onde os portugueses têm uma extrema dificuldade em se inscreverem”.

De resto, de acordo com o presidente da AAM, a classe enfrenta os desafios profissionais inerentes à evolução da sociedade de Macau, tendo como objectivo final “a defesa da legalidade e do Estado de direito”. Nesse aspecto, Neto Valente considera que existem alguns obstáculos na persecução destas metas. “Vemos atropelos, incompreensões, leis mal feitas, decisões erradas, abusos de entidades policiais e de departamentos governamentais. Vemos que a Administração não tem uma relação tão saudável como devia ter com os cidadãos”, confessa.

Durante o próximo fim-de-semana, celebra-se o Dia do Advogado, que levará ao Leal Senado uma panóplia de actividades culturais, mas também o habitual serviço público de consulta jurídica. Mais de 30 causídicos, incluindo dois de Zhuhai, disponibilizaram-se para tirar dúvidas jurídicas dos cidadãos que estejam a braços com problemas de justiça.

17 Mai 2017

Nova edição do Festival Internacional de Cinema vai ter director estrangeiro

A estreia ficou marcada pela saída polémica de Marco Müller e por salas com muitos lugares por preencher. Mas o Turismo acredita que faz falta a Macau um festival internacional de cinema e quem trabalha na indústria concorda. Vem aí a segunda edição do Festival de Cinema. O director vem de fora

Com agência Lusa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] segunda edição do Festival de Cinema de Macau está prevista para Dezembro e vai ter “um director internacional”, cujo nome deverá ser anunciado no próximo mês, afirmou ontem a directora dos Serviços de Turismo.

“Estamos quase a completar [o processo]. Só posso dizer que é uma pessoa internacional, tem muitos anos de cinema (…) Ainda não assinámos o contrato. Se calhar, em Junho, estamos em posição de anunciar”, disse Helena de Senna Fernandes, em declarações aos jornalistas à margem da abertura da 11.ª edição da feira Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que anualmente junta empresas e especialistas do jogo de todo o mundo.

A segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau vai decorrer entre 8 e 14 de Dezembro, este ano com a duração de sete dias, mais um do que no ano passado, adiantou.

O italiano Marco Müller, que esteve à frente de festivais de cinema como o de Veneza, Roma ou Locarno, tinha sido escolhido no início do ano passado para dirigir a primeira edição do festival, mas um mês antes do arranque do certame, em Novembro, demitiu-se, invocando divergência de opiniões.

A directora dos Serviços de Turismo e presidente da comissão organizadora, Helena de Senna Fernandes, assumiu então a função de directora substituta do festival.

Mais público

Na reacção às declarações de Helena de Senna Fernandes, o realizador Ivo Ferreira não deixa de ficar entusiasmado. “A expectativa que tenho, ainda sem saber pormenores, é que seja, na continuidade da edição anterior, um festival de qualidade”, disse ao HM.

O realizador espera que, com a iniciativa, seja dado a conhecer a Macau o melhor do cinema com filmes que se destaquem pela sua qualidade. “Só assim é que este festival pode vir a estar no mapa do mundo.”

Ivo Ferreira acredita que seja este o objectivo do projecto local e que “numa segunda edição sejam afinadas algumas questões”. O realizador exemplifica com a dinâmica capaz de levar o público a participar mais nas sessões.

Ivo Ferreira não deixa de achar natural que, num primeiro certame, existam lacunas na organização, até porque “os festivais ganham maturidade e reconhecimento passados alguns anos, visto terem de ganhar tempo e corpo”. Essencial é, de facto, a manutenção de padrões de qualidade e para isso, considera, deve promover a cinematografia de autor em que o alvo seja a diferenciação.

“Este festival tem, na minha opinião, uma componente de cruzamento entre o Oriente e o Ocidente, o que me parece uma tendência natural”, aponta.

Já Tracy Choi – vencedora do prémio do público no ano passado com a sua primeira longe metragem, “Sisterhood” – considera que esta é uma iniciativa que atrai efectivamente a atenção para o cinema local.

Com a confirmação da realização da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, a realizadora espera que seja uma oportunidade de continuar a investir na divulgação dos filmes feitos no território, ao mesmo tempo que “dá oportunidade aos locais de trocarem experiências com outros profissionais do cinema, vindos de várias partes do mundo”.

A primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, em 2016, foi organizada pela Direcção dos Serviços de Turismo de Macau e pela Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau.

O filme português “São Jorge”, sobre um pugilista desempregado que trabalha em cobranças de dívidas para sobreviver, conquistou os prémios de melhor realizador (Marco Martins) e melhor actor (Nuno Lopes).

A primeira edição do festival teve um orçamento de 55 milhões de patacas, dos quais 20 milhões foram assegurados pelos Serviços de Turismo.

17 Mai 2017

FAM | Peça de teatro “O Inferior” apresentada este fim-de-semana

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]ual a relação entre o ser humano e a Internet? Até que ponto é que o mundo virtual influencia a nossa vida diária? A Associação de Arte Teatral Dirks pegou nestas questões para criar a peça “O Inferior”, que sobe este fim-de-semana ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM) no âmbito do Festival de Artes de Macau.

A peça foi escrita pela dramaturga Jennifer Haley e é a primeira vez que é representada na Ásia. A Associação de Arte Teatral Dirks criou algo de raiz, misturando projecções de vídeo e representação multimédia.

No espectáculo é retratado uma espécie de jogo, intitulado “O Refúgio”, uma realidade virtual que vai ganhando cada vez mais utilizadores. Subitamente, um detective vindo do mundo real começa a investigar crimes que acontecem em “O Refúgio”, iniciando-se então um período de dúvidas que envolve a vida real e a imaginação.

Para Wu May Bo, directora do espectáculo, “este guião é-nos familiar”. “Hoje em dia usamos o Facebook frequentemente e, ao fim de dez minutos, já estamos de volta à vida real. As pessoas já misturam todos esses elementos na sua cabeça. É isso que queremos mostrar ao público, em termos estéticos”, disse em conferência de imprensa.

Por norma, a Associação de Arte Teatral Dirks faz adaptações de textos ou romances, mas desta vez tudo foi feito de raiz, pensado e preparado durante um período de sete meses.

“Recorremos a designers gráficos e visuais para mostrar essa diferença entre a realidade e o mundo virtual”, adiantou Ip Kam Man, também director do espectáculo. Em palco foi utilizada “mobília simples e luzes para expressar um espaço mais real”, explicou ainda.

Wu May Bo disse que a ideia, desde o início, foi mostrar em palco um equilíbrio entre o real e o virtual, daí a cooperação com designers.

“Como o guião descreve dois espaços distintos, o espaço da realidade e outro mais escondido, então pensámos em como poderíamos criar uma flutuação de espaços. Pensámos em como poderíamos criar a história na mente do público, em vez de contar essa história”, referiu.

Um debate actual

Os directores do espectáculo consideram que Jennifer Haley é uma autora “inteligente” pela forma como conseguiu impor um debate sobre algo tão actual. “Precisamos desta virtualidade para sobreviver ou precisamos de algo em que possamos tocar?”, questionou Ip Ka Man.

Wu May Bo garantiu que esta perspectiva está presente em todas as personagens, sob diferentes perspectivas. “Jennifer Harney é de Los Angeles e o seu trabalho está muito relacionado com o desenvolvimento de tecnologia, ou realidade virtual, e ainda a ligação que isso tem com valores morais nos dias de hoje”, concluiu.

17 Mai 2017

Festivais | TIMC representa Macau em eventos em Portugal

A experiência de organização do This is My City vai ser abordada em dois eventos diferentes que acontecem nas próximas semanas em Portugal. Manuel Correia da Silva, principal responsável pela organização do festival de Macau, vai falar sobre o que se faz no território e não só. A ideia é construir redes entre cidades e pessoas

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o maior seminário internacional para profissionais das artes de rua e realiza-se anualmente numa cidade europeia diferente. Este ano, o FRESH STREET#2 faz-se em Portugal, fora dos principais centros urbanos: em Santa Maria da Feira, cidade onde, desde 2001, é organizado um festival de rua.

Ao contrário do que é hábito, o certame tem este ano um painel com uma forte componente lusófona. Ao lado de Cabo Verde e do Brasil vai estar Macau, através do festival This is My City (TIMC) e do seu principal organizador, o designer Manuel Correia da Silva.

“A moderadora é Cristina Farinha, que está ligada às cidades criativas da União Europeia. Foi ela que desenhou este painel e lançou a ideia da importância de saber o que é que se anda a passar na China, através de Macau, e em Macau”, conta Correia da Silva ao HM. Além da experiência pessoal e no TIMC, as conversas que tem mantido com a organização dizem-lhe que vai com uma missão que não se resume aos dez anos de festival na RAEM.

“Vou também divulgar o que se passa para lá de Macau. Quando hoje se fala em Macau é importante, para quem não conhece, falar da região do Delta, o que se passa em Shenzhen, em Hong Kong e também em Zhuhai”, cidade pequena para a dimensão das urbes chinesas mas que tem o festival de Beishan, com duas edições anuais, uma dedicada à música do mundo e outra ao jazz.

Para Correia da Silva, importa passar a mensagem do que aqui se faz, mas a participação neste tipo de iniciativas, destinadas sobretudo a profissionais, permite perceber como é que os festivais acontecem lá fora. “É bom estudarmos estes modelos noutras cidades para que o TIMC também aprenda relativamente à organização e à produção destes eventos”, sublinha.

Diversidade maior

O certame de Santa Maria da Feira tem ainda a vantagem de decorrer numa cidade que não está no centro, mas sim na periferia. “Pode fazer sentido, através deste festival, ligar Macau a Santa Maria da Feira, mais do que falarmos das grandes cidades, onde tudo já está muito ocupado e falado”, observa o responsável pelo TIMC.

“Se calhar, podem aparecer uns casamentos inesperados porque somos todos mais periféricos. Macau é periférico em relação à China, no Delta não é a cidade com mais pessoas e com uma economia mais sólida, por ser monocromática”, acrescenta.

A periferia não significa que se esteja em desvantagem, antes pelo contrário, e Manuel Correia de Silva entende que é preciso começar a trabalhar o conceito “centro da periferia”. Macau tem a mais-valia de não ter uma cultura massificada e as cidades mais pequenas propiciam a diversidade. “As pessoas estão fartas dos centros, porque o Primavera Sound é igual em Lisboa, no Porto ou em Barcelona, como são iguais todos os franchisings que acontecem em todas as grandes cidades, como se vê com o Sónar”, exemplifica. “Nas periferias, apesar de serem mais pequenas, aparecem coisas diferentes. Por isso, olhar para a periferia é hoje importante.”

Em simultâneo com a discussão e com os diferentes painéis do FRESH STREET#2, Santa Maria da Feira organiza o seu festival de rua. “Os diferentes países europeus participam com performances, teatro e circo, e por isso o festival acontece a estes dois níveis”, diz.

Lusofonia do futuro

Apesar de ser na capital portuguesa, também o MIL – Lisbon International Music Network é um evento independente. Realiza-se nos dias 1 e 2 de Junho e é o segundo destino de Manuel Correia da Silva. Trata-se de um novo festival que inclui uma vertente exclusivamente destinada a profissionais. Tem por missão a valorização e a divulgação da música popular moderna de origem lusófona, tendo em vista a sua internacionalização.

“Há um conjunto de palestras e de conferências que vão acontecer com pessoas da indústria da música: programadores, produtores, pessoas que fazem agenciamento, editoras”, contextualiza o organizador do TIMC. “Fui convidado para um painel que tem como tema a lusofonia em 2030.” Para Macau, onde a lusofonia é hoje um tema tão presente, “será interessante perceber para onde é que ela caminha, que tipo de rede é esta e no que se vai transformar”.

No ano em que o This is My City, uma iniciativa da associação +853, assinala uma década de existência, Manuel Correia da Silva salienta o facto de as duas organizações portuguesas virem ao encontro de Macau. “Querem o mesmo de nós aqui em Macau, aqui na China, e querem-nos como intermediários desta ligação”, afirma. “Isso é importante, é interessante, e acho que é algo a que o TIMC também tem de se dedicar a partir de agora. Está na altura de Macau e do TIMC também se exportarem. Temos uma história, já temos qualquer coisa para mostrar lá fora.”

17 Mai 2017

Cimeira | Pequim estreita relações com ONU 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês Li Keqiang apelou à cooperação reforçada com a Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a paz, estabilidade e prosperidade mundial.

Li proferiu estas declarações quando se reuniu com o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a cimeira “Uma Faixa, Uma Rota” para a Cooperação Internacional.

Segundo o primeiro-ministro, a China é um apoiante firme da ONU e do seu papel fundamental para garantir a paz e a segurança mundial, bem como para impulsionar o desenvolvimento global.

“Estamos dispostos a desempenhar o nosso papel em plataformas tais como a ONU, para realizar a agenda do desenvolvimento sustentável 2030 e fazer esforços concertados para a paz, estabilidade e prosperidade mundial,” disse Li.

O primeiro-ministro chinês apontou ainda que a promoção da paz, desenvolvimento e cooperação mundial se tornou um objectivo consensual entre todos, considerando a globalização uma tendência histórica irreversível.

Li Keqiang afirmou também que os problemas causados pela globalização devem ser abordados enquanto o fenómeno está em andamento, reafirmando o apoio da China à globalização e facilitação do comércio e investimento.

António Guterres, por sua vez, disse que a China é um pilar vital para defender o multilateralismo, o livre comércio e o avanço justo e ordenado da globalização.

A ONU quer estabelecer uma relação de cooperação com a China e combinar a agenda do desenvolvimento sustentável da organização com a estratégia de desenvolvimento da China para promover a paz e a estabilidade mundial, acrescentou Guterres.

17 Mai 2017

Uma Faixa, Uma Rota | Xi Jinping apela à união contra o proteccionismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, apelou segunda-feira à união de cerca de três dezenas de dirigentes mundiais que estiveram reunidos em Pequim para o projecto “Novas Rotas da Seda” contra o proteccionismo.

“A globalização enfrenta ventos adversos”, resumiu Xi no segundo dia de uma cimeira que juntou na capital da China os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, mas muito poucos de grandes países ocidentais.

Num comunicado final divulgado na segunda-feira ao final do dia, os países participantes “recusam todas as formas de proteccionismo”.

Xi Jinping lançou em 2013 a iniciativa “Novas Rotas da Seda”, um conjunto de projectos de infra-estruturas para ligar a Ásia à Europa e a África a exemplo das caravanas que na Antiguidade atravessavam a Ásia central.

Já no princípio do ano, quando da entrada em funções de Donald Trump e o receio de uma deriva proteccionista norte-americana, Xi defendeu o comércio livre e a mundialização, num discurso muito comentado proferido no Fórum Económico de Davos.

Trump fez da China um dos alvos favoritos da sua campanha eleitoral, acusando Pequim de “roubar” milhões de empregos nos Estados Unidos, mas depois de entrar em funções moderou o discurso.

Na semana passada, Pequim e Washington anunciaram mesmo um acordo comercial, mas Trump não participou nesta cimeira em Pequim. À excepção do presidente italiano, Paolo Gentiloni, nenhum dirigente do G-7 se deslocou à capital chinesa.

Rota dos milhões

No domingo, Xi Jinping anunciou milhares de milhões de dólares para projectos que integrem a iniciativa Novas Rotas da Seda, no discurso de abertura do fórum de cooperação internacional “Uma Faixa, Uma Rota”, versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”.

A China vai contribuir com 100.000 milhões de yuan adicionais para o Fundo da Rota da Seda e providenciar ajuda, nos próximos três anos, no valor de 60.000 milhões de yuan a países em desenvolvimento e a organizações internacionais que participem na iniciativa.

“Devemos construir uma plataforma aberta de cooperação e manter e desenvolver uma economia mundial aberta”, afirmou Xi, na abertura do fórum, onde Portugal se faz representar pelo secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira.

“A antiga rota da seda floresceu em tempos de paz, mas perdeu o seu vigor em tempos de guerra. A iniciativa das ‘Novas Rotas da Seda’ requer um ambiente pacífico e estável”, realçou o líder chinês, insistindo que os “benefícios” “serão partilhados por todos”.

A iniciativa foca-se em países asiáticos, europeus e africanos, mas Xi garantiu que está aberta a todos e que a China não tem a intenção de criar um pequeno grupo prejudicial à estabilidade: “Todos os países, sejam da Ásia, Europa, África ou Américas, podem participar na iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, afirmou, indicando que a China espera “criar uma grande família de coexistência harmoniosa”.

17 Mai 2017

Dez frases que revelam toda a essência da China (Parte 2) 随时翻翻《红楼梦》(第一部分)

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]onho da Câmara Vermelha foi ao longo de todas as épocas um dos livros que mais vendeu. Escrito no séc. XVIII, é considerado uma obra-prima e um dos pontos mais altos da ficção chinesa. A Vermelhologia é um campo de estudo dedicado exclusivamente a esta obra. Para dar um exemplo, o Presidente Mao, tinha consigo um vermelhologista de renome. No entanto, eu não sou uma vermelhologista, vou apenas desfolhando este clássico só para preservar no meu ADN a marca da língua chinesa, eu que me tornei uma escritora de língua inglesa. Recentemente, coleccionei dez frases para partilhar com os meus leitores. Trata-se de literatura, mas também de política (chinesa). Pode servir igualmente como uma Bíblia dos negócios. Aborde a coisa com cuidado (do género quando faz yoga).

Sê verdadeiro contigo próprio 不忘初心

A história: Miss Yiu é uma mulher apaixonada, ao contrário da irmã mais velha que não se atreve a tomar decisões. Sente-se atraída pelo Sr. Liu e decide esperar por ele o tempo que for preciso.

A certa altura, diz: “O amor não é um jogo de crianças. Também não é um negócio. Eu não sou o tipo de mulher que precisa de escolher um homem para ser feliz. Mas, se dependesse de ti, escolhias o homem mais rico que pudesse conquistar o meu coração. Que desperdício de vida!”

Miss Sexy é uma das mulheres mais memoráveis da câmara vermelha, contando com um total de 500 caracteres.  Ela põe-nos KO!

Distribui a tua atenção (igualmente) (e serás recompensado) 一视同仁

A história: A Tia Zhao (segunda mulher do chefe da Dinastia Jia) não cabia em si de contente quando soube que a jovem senhora Baochai tinha enviado presentes ao seu filho. Pertencendo à “segunda divisão”, estava habituada a ser ignorada. Por causa deste pequeno gesto, Baochai conquistou a sua eterna lealdade.

O coração dos que são maltratados é como um tesouro negligenciado, que não lamentamos ter recolhido porque um dia pode fazer-nos falta!

Nunca desafies a ordem 安分守己

A história:  Uma anciã que estava a cuidar da fruta quer ter uma conversinha com Xiren, um serviçal de posto elevado, e oferece-lhe um cacho de uvas.  Xiren repreende-a: “As uvas podem ainda não estar maduras, mas, mesmo que estivessem, não estamos autorizados a comê-las antes dos nossos patrões. Oh velha, perdeste o juízo?”

A obediência às regras é uma virtude chinesa tão profundamente enraizada que é praticamente impossível de eliminar. Por pensar nisto; é possível que a revolução cultural do Presidente Mao não tenha sido tão disparatada como pensámos?   

Não dês nas vistas 八面玲珑

A história: A poderosa Dama Wang Xifeng saúda a jovem senhora Daiyu, acabada de chegar, e elogia-a na presença da matrona, com uma voz emocionada: “É verdade o que os meus olhos vêem? Que bela rapariga, não acredito que pertença à “segunda divisão” (subtilmente lisonjeia a matrona). Parece mesmo uma das raparigas da “primeira divisão” (desta vez lisonjeia a jovem senhora).  Não admira que a nossa matrona esteja sempre a falar de ti. Pobrezinha, a tua mãe morreu tão cedo…” A seguir põe-se a chorar como se estivesse num velório, durante uma cruzada promocional.

A poderosa Dama Wang Xifeng é pura comédia.  Os seus improvisos são como uma taça de noodles, simples instantâneos e funcionais, se não mesmo, completamente originais.

Sê louco sempre que puderes 难得糊涂

A história:  A poderosa Dama Wang Xifeng quer agradar à matrona e põe-se a fazer pouco da velha Liu, uma parente humilde que estava de visita. Conseguiu que a matrona e a sua selecta entourage desatassem a rir às bandeiras despregadas. A seguir, Wang pediu desculpa pelo seu comportamento.  A velha Liu desvalorizou a situação: “Não estou zangada contigo. Sou uma prima da província. Não me importo de ser o bobo da festa por uma causa nobre. Podes confiar em mim.”

Que mulher tão esperta!      

A décima frase é um mistério. Ainda não consegui perceber se é sobre obrigações kármicas – um ponto de vista que os especialistas têm imposto aos leitores– ou sobre desejo sexual ardente. E este último, acho eu, é o motivo pelo qual a ficção clássica chinesa é um trabalho verdadeiramente revolucionário.  Não saiam do vosso lugar.

(Continua)

17 Mai 2017

Gastar mundos

Latitudes, Óbidos, 29 Abril

[dropcap style≠’circle’]Ó[/dropcap]bidos, feita de tempo parado, abriu as portas aos viajantes e suas viagens. Nada parece fazer mais sentido, de tão gastas as ruas pelo arrastar dos pés dos visitantes, se até as casas parecem amaciadas pelo correr das câmaras, cada vez mais elas, que os olhos vivem presos aos ecrãs. O gesto temerário de lançar o novo festival «Latitudes» deve-se ao eixo do «Folio», a vereadora Celeste Afonso e o José Pinho, com a incansável Julita Santos, e abriu engalanado pela ilustração, o que se saúda por milhentas razões. As paisagens do André [Carrilho] possuem textura que há-de obrigar a parar e a ver de outros modos. Turismo vai sendo cada vez menos viagem, aproxima-se mesmo da patologia. Valham-nos os livros, que, a pretexto, atirámos dois, ambos com capas do Rui [Garrido], travestindo falsos cadernos com títulos rasgados a pincel. O de Luís Maio, que, desconfio, marcará estes dias ao conter, além dos saborosos relatos, fortíssima reflexão acerca da «natureza das viagens e ao acto de viajar – desde sempre uma metáfora popular para os dilemas da vida, em particular os que advém da inquietude e da demanda existencial». Em «Ninguém Sabe Onde Está» há tanto para fruir como para pensar e gostei tanto de ouvir o autor apresentar-se como aquele que caminha. Muito além do acumular de milhas, do coleccionar de lugares, é definido pelos passos dados. Enquanto o dizia, turistas atravessavam-nos qual etéreo cenário. O Brasil do puto Luís [Brito], contado em «Oi?» vem pintado de carnes. A sua escrita surge atirada para a frente, em permanente desequilíbrio, levando-nos em passo de corrida, pelos lugares, mas sobretudo pelas pessoas com que se cruza, que toca. Vemo-lo, também a ele, autor que caminha, constante e candidamente desnudo em 24 arrepios e algumas cicatrizes. Não há sítios errados. «Ofereceram-me drogas diversas e travestis passaram a berrar, com as suas vozes de tenor. Rimos muito, e Leo, o mestre da pandeireta, disse-me uma frase de sua autoria: «algo de errado aqui não está certo», até que chegámos ao sítio errado que não podia ser mais perfeito.»

São Luiz, Lisboa, 3 Maio

Saio em êxtase de «O Nosso Desporto Preferido: Futuro Distante», do Gonçalo [Waddington], que escreveu, encenou e encarna Hermes, e da Carla [Maciel], que faz de cego Tirésias, o que lê vaticínios e sabedoria na própria própria merda. O bilhete dizia que o lugar era no palco e não mentia. Do lado de lá da cena havia mais espectadores-deuses e a oscilação dos seus rostos e expressões tornou-se cenário vivo. O chão era de espelho partido e por todo o lado havia penas de badmington, a metáfora-bomba desta tetralogia: as penas da humanidade são jogo entediante. Os actores cobriam-se com uma transparência de órgãos bordados à superfície do seu lugar no mapa do corpo. Logo estalou a pura volúpia de uma linguagem entretecida de clássicos greco-vicentinos e quotidiana escatologia, caudalosa torrente em verso dos mais carnudos pensamentos. Enquadrados pelo bulício da dança, a luz como bisturi até ao esplendor final da abertura para a plateia nublada: o mundo. Este vórtice gira em torno do buraco negro que a ausência de sexo nos abre, da cabeça aos pés. Muita merda, desejam-se os actores, nas vésperas de subida a cena, para invocar sortes. Não havia necessidade. Nunca vi tanta e tão excelsa merda. A não ser em cada um de nós. (Cartaz de Alex Gozblau na ilustração).

Bairro Alto, Lisboa, 9 Maio

Cada homem importa por conter uma biblioteca de mundos, um modo único de segurar este com gestos e palavras. A morte de Baptista Bastos encerra como velho cinema de bairro um fragmento vivo do jornalismo-que-já-não-há. O passamento do Baptista Bastos atira para o pó das estantes uma literatura de esticanços, pendurada entre a fala das ruas e a língua trabalhada a escopro e maceta dos clássicos. O desaparecimento de Baptista Bastos apaga restos de uma Lisboa-que-já-foi.

O trespasse de Baptista Bastos torna a noite bastante mais banal. Não poupava nos ódios, aliás de tantos que estimo, nem na generosidade, menos ainda na vida. Não poupava. Ponto. Deu muito nas quatro direcções. Murros no ar. Palavras azedas. Ideias parvas. Sim, bem sei. Mas deu-se incontido e inconsútil e nisso o prefiro a tantos acanhados. Ficas a dever-nos as memórias, BB. Não te perdoo.

Nacional, Lisboa, 9 Maio

Aprimorado e estranho volume, este que reúne dois romances e outros tantos livros de poesia do Paulo [José Miranda]. O requinte deve-se ao cuidado posto na tradução, no prólogo e nas notas do Felipe Cammaert, mas também ao grafismo. Insólito por, assim reunidos, nos surgirem distintos, oferecendo a aparência de outras densidades. Despiciendo não será, portanto, nem rosto nem formato. «La enfermedad feliz y otras obras» brilha doravante em castelhano na importante Colección Labirinto, que o Jerónimo [Pizarro] dirige na Universidad de Los Andes. Estimulante o peso do título «A Máquina do Mundo», que se referia à violência, mas evocava Camões, na interpretação de Felipe: «Toda la escritura de Miranda, sea esta en prosa o en verso, apunta a descobrir las relaciones entre el universo, el ser humano y la naturaleza».

No excelente «Clube dos Poetas Vivos», animado pela leitura e curiosidade da Teresa Coutinho, o nómada e cosmopolita revelou-se em grande forma, afirmando, com verve, a sua vocação maior: leitor, leitor de outros. Os leitores do Hoje Macau conhecem bem as suas libertárias leituras.

Barraca, Lisboa, 11 Maio

De uma assentada, o Miguel Martins anuncia um «turning point» (sic): o fim do seu blogue, «o único verdadeiro deus vivo», o abandono da editora, a Tea for One, o fim das leituras nas quintas d’A Barraca, e a cessação, «num horizonte previsível», da escrita de poesia. Nenhum amigo lhe conseguiu arrancar explicação palpável na melancólica 235ª e última sessão, sublinhada a sopros de saxofone. Seriam avisos de reviravolta alguns versos de «Desvão» (não (edições), 2016): «nem sei estar indubitavelmente presente,/como o frasco dos picles, na prateleira de baixo do armário»?

Ou ainda: «Os meus dias são feitos de excessos e vazios/e o vazio excessivo é a própria matéria porque pugno/o muito tempo todo em que não me calha compor/estas vagas linhas sobrepostas/a que insistem em chamar poesia/mas que são apenas a minha maneira de bocejar sem sono.»

17 Mai 2017

Take a Break Café | Pausa com menu variado

Na Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida há um restaurante com opções para todos os gostos. Quem quiser uma refeição ligeira, uma sobremesa ou simplesmente um café encontra ali solução para o seu apetite. O Take a Break Café é um convite a uma pausa no centro da cidade

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o lado do Jardim Lou Lim Ioc, existe um restaurante com janelas que contornam uma esquina e convidam quem lá passa a entrar. A acompanhar a atmosfera tranquila do jardim vizinho, o Take a Break Café é um espaço onde apetece sentar, fazer uma pausa, respirar e espreitar o menu, enquanto o rebuliço de Macau acontece ali ao lado.

A dona do restaurante, Houi Lou, esclarece que o estabelecimento “não é um café, mas um restaurante onde os clientes podem encontrar todo o tipo de comidas”. Há variedade na oferta para todos os gostos, desde pho, pratos de arroz, massas, pizzas, gelados, saladas, por aí fora. A gerente do espaço destaca como preferidos dos clientes as omeletes, os hambúrgueres da casa e as pizzas. Outras opções, para quem não estiver com preocupações com dietas, são os batidos de fruta e waffles com gelado.

A profusão da oferta do menu e o cuidado na qualidade dos pratos confeccionados são duas apostas de Houi Lou, que preferiu não se focar “numa gastronomia específica de um país”. Aliás, nesta diversidade de menu, a gerente vê um reflexo de Macau.

Esta não é a primeira experiência de Houi Lou no ramo da restauração, depois de uma experiência falhada com uma casa dedicada exclusivamente a sobremesas. A gerente considera um risco abrir um restaurante apenas com um tipo específico de oferta, dirigido a apenas um determinado tipo de cliente, algo que pode resultar em Hong Kong, ou na Coreia, mas não em Macau.

Entre os pratos oferecidos, Houi Lou destaca ainda as pizzas de base fina, que têm bastante saída.

A clientela do Take a Break Café é tão variada quanto o menu. “Aparecem por aqui estudantes, famílias com crianças, pessoas mais velhas, turistas”, conta Houi Lou.

Novos “breaks”

A gerente do Take a Break ambiciona abrir novos espaços mas, como muitos comerciantes em Macau, sente na pele o custo de manter o negócio aberto. “A renda provoca muita pressão”, conta. Houi Lou gostava de abrir um segundo espaço no território mas, devido aos elevados preços das rendas, pondera se não será mais viável fazê-lo no Interior da China.

Depois de seis meses aberto, o Take a Break Café tem uma clientela estável, uma característica que não se estende ao menu. A dona do restaurante gosta de mudar o leque de pratos oferecidos, mudando-o de dois em dois meses, acrescentando novidades que substituem os pratos com menos saída. A busca do menu perfeito e os elevados standards de qualidade da comida confeccionada são as duas prioridades para Houi Lou. Outra das preocupações da dona do espaço é proporcionar um ambiente descontraído a quem se senta à mesa do Take a Break.

Com um aspecto muito “clean”, o restaurante oferece uma panóplia de pratos, com uma selecção variada de saladas e espetadas. Porém, a sua imagem de marca são os gelados e os hambúrgueres. A atmosfera é convidativa, dando um certo ar de “dinner” americano que parece agradar a clientes de todas as idades.

Quer o apetite esteja virado para uma refeição mais pesada, uma sobremesa, café, ou apenas beber umas cervejas no centro da cidade, o Take a Break é uma opção para uma pausa num ambiente tranquilo, bem no coração da cidade.

17 Mai 2017

Tailândia ameaça bloquear Facebook se não forem retirados 13 conteúdos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Tailândia ameaçaram ontem bloquear o acesso ao Facebook se a rede social não eliminar 13 conteúdos que considerou uma ameaça à segurança nacional ou um insulto à família real.

A junta militar elevou a censura na Internet desde que subiu ao poder num golpe de Estado em Maio de 2014 e, através da Comissão Nacional de Telecomunicações, deu um ultimato à empresa norte-americana para que elimine 13 publicações.

A Associação de Servidores de Internet da Tailândia alertou a filial do Facebook no país de que desconectaria a rede de distribuição de conteúdos – em função da localização do usuário – se o pedido do Governo não for atendido.

Numa mensagem enviada na sexta-feira, difundida pelo jornal Bangkok Post, os fornecedores de Internet admitiram que estão sob pressão da junta, que exigiu o encerramento da rede de distribuição para bloquear material considerado ilegal.

“Esta acção pode afectar todo o serviço de distribuição de www.facebook.com aos clientes na Tailândia”, indicaram os operadores numa carta.

As autoridades ameaçaram o Facebook com acções legais se a empresa não retirasse ontem os conteúdos.

Poder armado

A Assembleia Nacional para a Reforma, cujos membros são escolhidos pela junta, pediu na segunda-feira a criação imediata de uma comissão que permita aos militares aceder a qualquer computador no país sem ordem judicial.

O chefe da junta militar e primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, disse várias vezes ser a favor da criação de um único acesso à Internet na Tailândia, para aumentar o controlo dos conteúdos.

Segundo as autoridades, 6.900 páginas e publicações na Internet foram bloqueadas no país desde 2015.

Em Abril, as autoridades proibiram o contacto através da Internet com três dissidentes e alertaram para consequências penais para quem interagisse com o trio, comentadores assíduos sobre assuntos da família real e críticos da junta militar.

Os três dissidentes são o historiador Somsak Jeamteerasakul, que se exilou em França pouco depois do golpe de Estado de 2014, o ex-diplomata e académico Pavin Chachavalpongpun, exilado no Japão, e o jornalista e escritor Andrew MacGregor Marshall.

A Tailândia tem uma restrita lei contra crimes cibernéticos que as organizações de defesa de direitos humanos dizem ser utilizada para reprimir a liberdade de expressão.

Está também vigente no país a lei de lesa-majestade, uma das mais severas do mundo, que condena até 15 anos de prisão aqueles que difundam ou emitam mensagens sobre a Casa Real que as autoridades considerem ofensivas.

Um total de 105 pessoas foram detidas por crimes de lesa-majestade desde que os militares subiram ao poder, das quais 49 foram condenadas a penas até 30 anos de prisão e outras 64 se encontram em prisão preventiva, à espera de julgamento, segundo grupos de activistas.

Antes do golpe de Estado de 2014, apenas seis pessoas estavam detidas pelo crime de lesa-majestade na Tailândia.

17 Mai 2017

Turismo de Macau aguarda reabertura de hotel fechado há quase um ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo de Macau disse ontem esperar que o hotel de cinco estrelas Palácio Imperial Beijing, encerrado há quase um ano por falta de condições e envolvido em várias disputas na justiça, reabra como unidade hoteleira.

“Esperamos que haja um novo proprietário, ou que seja o próprio investidor anterior, a tomar uma acção para reabrir. Esperamos que continue a ser um hotel, porque realmente é um local muito bom”, disse Helena de Senna Fernandes aos jornalistas à margem da inauguração da feira para o sector do jogo Global Gaming Expo Asia (G2E Asia).

“Se houver um projecto interessante vai tornar-se um hotel de relevância”, acrescentou.

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) determinou a 22 de Julho de 2016 o encerramento provisório do hotel de cinco estrelas – o que sucedeu pela primeira vez em Macau – “por graves infracções administrativas, ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística”, uma medida com a duração de seis meses, que previa a possibilidade de reabertura no fim do prazo, caso as irregularidades tivessem sido corrigidas.

Em Janeiro, a DST recebeu uma carta do detentor da licença do hotel – a Empresa Hoteleira de Macau Limitada – a solicitar o cancelamento da mesma, pelo que Helena de Senna Fernandes emitiu um despacho para o cancelamento da licença do hotel, “ficando assim sem efeito os procedimentos de encerramento aplicados ao estabelecimento”.

Histórias de lesados

A administração do hotel nunca chegou a realizar obras, de acordo com a TDM, que, no início deste mês, noticiou que mais de 20 representantes e empresários do sector turístico reivindicavam avançar para tribunal.

Em causa estava um pedido de compensação ao hotel na ordem de 100 milhões de patacas, relativos a contratos estabelecidos previamente.

As reivindicações do grupo surgiram depois de em Setembro cerca de 30 agências de viagens de Macau e Hong Kong terem dito que temiam prejuízos superiores a 250 milhões de dólares de Hong Kong  por terem mais de 700 mil reservas pagas, tendo formado uma união de “lesados”, de acordo com o jornal Tribuna de Macau.

Desde 2014 até Julho de 2016 foram abertos procedimentos sancionatórios e aplicadas multas com um valor global de 55.570 patacas, indicou, na altura, Helena Senna Fernandes.

O hotel abriu portas em 1992 sob o nome de New Century, o qual foi alterado, em 2013, para Hotel Palácio Imperial Beijing.

O espaço tem estado envolvido numa série de problemas, desde conflitos laborais a outras disputas que chegaram aos tribunais.

17 Mai 2017

Sophie Lei, presidente do International Ladies’ Club of Macau: “Em 35 anos sentimo-nos muito orgulhosas”

Sophie Lei é a presidente do International Ladies’ Club of Macau, uma entidade que se dedica sobretudo a ajudar os que mais precisam. Ao HM, a responsável falou da actividade do clube e da sua importância para a sociedade

Como é que entrou em contacto com o International Ladies’ Club of Macau (ILCM)?

Conheci o clube em 1989 quando fui convidada para um dos seus eventos. Foi a primeira vez que também me juntei a um evento promovido por uma entidade deste género. Foi muito interessante, foi um almoço no Jockey Club e toda a gente usava um chapéu, com um estilo muito ocidental com o qual nunca tinha estado em contacto. Mais tarde, em 2016, fui patrocinadora e acabei por ir ao baile de caridade anual que o clube promove. Achei que a forma de angariar fundos era interessante e que tinha um fim louvável: ajudar os mais necessitados.

O que é para si o ILCM?

É uma associação em que todas as mulheres interessadas se podem juntar, quer sejam estrangeiras ou locais. Temos membros de muitas nacionalidades. Qualquer pessoa que viva em Macau pode juntar-se a nós, partilhar da nossa amizade e, ao mesmo tempo, conhecer pessoas de diferentes sectores. Por outro lado, e não menos importante, é um espaço em que as pessoas podem ajudar quem precisa.

Trabalham com muitas instituições de ajuda social no território e dirigidas a vários públicos. Qual é a área que considera que mais precisa de ajuda?

O mais importante são as acções junto das crianças. Não só aquelas que vivem em orfanatos, mas também aquelas que sofrem de dificuldades de aprendizagem e que vêm de famílias desagregadas. Penso que precisam de mais apoio educativo porque também fazem parte do futuro do território. Temos de apostar em programas que lhes sejam dirigidos e, essencialmente, promover actividades educativas no período depois do horário escolar. Por outro lado, queremos, por exemplo, ter uma forma de dar formação a empregadas que cuidam de idosos. Uma empregada do Sudeste Asiático não saberá como cuidar de uma idosa chinesa. Neste sentido, pretendemos dar formação de como cozinhar e tratar de acordo com a cultura. Quando falamos de necessitados, muitas vezes não estamos a falar de pobreza. Muitas pessoas precisam de dinheiro, de facto, para comer e ter uma vida decente, mas muitas vezes as pessoas também precisam de companhia, de cuidados. É tudo uma questão de amor. Se, com os nossos recursos, pudermos colmatar as necessidades – financeiras, emocionais e sociais –, tanto melhor. Para isso, penso que precisamos de mais membros porque neste momento somos cerca de 200 e, em Macau, o número conta muito, principalmente para os possíveis patrocinadores.

O que têm feito neste sentido?

Temos dedicado muita da nossa ajuda às pessoas com deficiências. Trazemos, por exemplo, músico terapeutas de Hong Kong. Estamos também sempre prontos a ajudar as escolas que nos pedem apoio neste sentido. Uma outra faixa da população que é importante e que necessita de um apoio cada vez maior é a dos idosos. Há lares em Macau, mas os seus serviços não são suficientes. Basta também que levantem a mão a pedir ajuda para que os ajudemos. Nós não vamos ao encontro das instituições, mas estamos disponíveis para que venham pedir-nos apoio. Às vezes, as pessoas pensam que podem ajudar sozinhas, mas isso é complicado porque vão tentar fazê-lo em alturas em que pode não ser necessário. Meses depois, por exemplo, já o é, e é bom que exista uma estrutura como a nossa que está sempre de portas abertas. Tentamos gerir os fundos consoante as necessidades. Por exemplo, no Inverno, quando está frio, as pessoas vão precisar de mais agasalhos. Se temos para dar, guardamos para essa altura. Tratamos desta logística dedicada às necessidades do momento. Quando ajudamos na renda de espaços, não o fazemos de uma vez, mas sim faseadamente, porque assim temos também a certeza de que os donativos são utilizados devidamente.

Como é que conseguem os donativos e os patrocinadores?

A maior parte dos donativos que recebemos deriva do nosso maior evento anual que é o baile de caridade. Com a iniciativa angariamos mais de 70 por cento dos fundos anuais que conseguimos. Temos também eventos mais pequenos de angariação, como jantares e alguns projectos especiais. Mas o baile é a nossa maior tradição. Todos os anos tem lugar entre Abril e Maio, e é onde nos encontramos com os nossos parceiros corporativos e com os patrocinadores. Apelamos também a todos os membros que se juntem à iniciativa e que venham com amigos e família. As inscrições no baile acabam por cobrir o custo do evento, por isso acabamos por ganhar donativos noutras vertentes: através das ofertas dos patrocinadores, de doações de serviços e de bens, estes últimos que entram em leilões que depois organizamos, e fazemos também rifas com prémios.

Todo o dinheiro que angariam vai para programas de caridade?

Sim, 100 por cento das verbas são dirigidas ao apoio das instituições com as quais trabalhamos. Nestes 35 anos de existência, sentimo-nos muito orgulhosas. Nunca tivemos de pagar a funcionários porque todo o trabalho que fazemos no clube é voluntário. Não pagamos renda e pagamos as nossas despesas, quando nos encontramos, do nosso bolso. Depois temos também um bom contributo com as quotas que são de 500 patacas anuais, que podemos usar para as nossas actividades enquanto clube e que aplicamos em eventos nossos.

Qual foi a sua motivação para se tornar presidente do clube?

Foi muito natural. Recordo que o que mais gostei quando fui as primeiras vezes ao clube foi a forma como os membros se mostravam tão entusiasmadas com as actividades que faziam. Depois pensei, sou nascida em Macau, falo cantonês, inglês e percebo um pouco de português. Tenho amigos estrangeiros, chineses e portugueses. Foi quando me ofereci para ajudar. Depois foi natural, acabei por ser vice-presidente e, depois disso, presidente. Estou muito orgulhosa por ser a primeira mulher chinesa neste papel e gostava que mais locais se juntassem ao clube. Apesar de se chamar “International”, é em Macau; por isso, quem quer que esteja em Macau e possa comunicar em inglês é bem-vindo. Gostava de motivar mais mulheres locais a juntarem-se ao clube. Desta forma, penso, acabariam por fazer amigos provenientes de todo o mundo e, ao partilhar tempo com pessoas de vários lugares, podiam também percebê-las melhor, bem como às suas culturas. As pessoas pensam, muitas vezes, que é somente uma associação de caridade, mas é também amizade. Nasceu em 1982 e, nessa altura, não havia muitos estrangeiros em Macau. Quando a fundadora Brenda veio de Hong Kong para Macau, notou que quem cá estava, oriundo de fora, estava muito só. Começou a sair com umas amigas e, passado algum tempo, pensaram que podiam fazer mais. Começaram a visitar orfanatos e a população mais idosa e foi assim que o clube começou. Ajudar os outros apareceu como uma espécie de equilíbrio. Tinham uma vida boa, achavam que a deviam à sociedade e, de alguma forma, quiseram retribuir. É um clube social com um espírito comunitário. É um clube também sobre a amizade, principalmente para aquelas mulheres que vêm do estrangeiro. Chegam com o marido e com a família, sentem-se perdidas e precisam de se integrar. Esta também é uma boa plataforma para recomeçar uma vida em Macau sem se sentirem sozinhas.

Como é o convívio entre mulheres de tantas culturas tão diferentes?

Bem, por sermos mulheres, às vezes é um problema, mas acabamos sempre por resolver as situações. É a vida. O que interessa é que, no fim, todas saibamos que somos boas pessoas, com bom coração. As culturas acabam também por não ser um obstáculo. Por vezes, durante as nossas reuniões, temos discussões. Somos mulheres independentes, de várias culturas, mas estamos também sempre juntas pelas nossas causas e sabemos disso.

As pessoas olham muitas vezes para este tipo de clubes como estando longe da realidade e não têm noção do trabalho comunitário que fazem. O que acha disto?

Este é um clube aberto a todas as mulheres e é uma das três associações de mulheres mais antigas de Macau. Por vezes, o próprio nome gera alguma confissão ao remeter para o conceito de senhora. Mas o nome ‘senhora’ é só um nome bonito para mulheres. O termo mulher é mais prático e quando falamos de senhora parece que perde o valor. Todas estas mulheres que integram o clube já tiveram, por exemplo, uma vida como profissionais de alguma área. Muitas foram professoras, enfermeiras e mesmo engenheiras que sempre trabalharam até chegarem a Macau. Depois desistiram de tudo para acompanhar os maridos e a família. Com a vinda, precisavam de tempo para tomar conta das crianças. Não é só uma senhora, estamos a falar de mulheres trabalhadoras e úteis até virem para Macau. Uma vez no território, tiveram de ter outras prioridades, tiveram de se dedicar mais à família, especialmente aquelas com filhos pequenos. Se tinham possibilidade financeira, escolheram ficar com as crianças, principalmente num ambiente estranho e novo como é Macau quando se chega. No entanto, resolveram também ocupar o tempo com trabalho social. É pena que o termo “Ladies’ Club” seja tantas vezes mal-entendido, e que leve as pessoas a pensarem que este grupo de mulheres não faz nada e que só se quer divertir. Não é verdade.

16 Mai 2017

Wai Long | Ng Kuok Cheong propõe mudança da central de incineração

O Governo não parece estar disposto a ceder às preocupações dos sectores que têm vindo a contestar a construção de habitação pública na Avenida Wai Long. Ng Kuok Cheong tem a solução: que se tire do local o que atrapalha os mais críticos

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão tem sido bem recebida a intenção do Governo para os terrenos que, em tempos, estiveram destinados ao empreendimento de luxo La Scala. A Avenida Wai Long, sublinha Ng Kuok Cheong, não apresenta boas condições para a construção de habitação por causa da proximidade à central de incineração.

Acontece que “não só o Chefe do Executivo” insiste na edificação de casas sociais no local, como “a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental está a planear trabalhos para a extensão da central de incineração”, constata o deputado à Assembleia Legislativa.

Numa interpelação escrita sobre a matéria, o pró-democrata pede ao Governo que considere a possibilidade de transferir os depósitos provisórios de combustível e a central que tanto descontentamento causa. Na missiva, oferece uma solução para a nova localização: a zona sul da ilha artificial da fronteira de Macau da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Ng Kuok Cheong defende que, “numa cidade adequada para se viver, os equipamentos que podem causar impacto negativo na vida da população têm de ficar longe das zonas residenciais”. Na proposta que deixa, sustenta que se deve aproveitar a aproximação da entrada em funcionamento da Ponte do Delta para afastar do território instalações que possam ter consequências prejudiciais para a saúde dos residentes.

Já estudaram?

O deputado conta ainda que, em Junho do ano passado, já tinha recebido uma resposta da Administração a uma interpelação da sua autoria, precisamente sobre a transferência do depósito provisório para combustíveis para a ilha artificial da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Na réplica enviada a Ng, dizia-se que seria feita uma avaliação à sugestão. Agora, o pró-democrata insiste, pedido a divulgação dos resultados da análise à sua proposta.

O projecto do Governo para os terrenos em frente ao Aeroporto Internacional de Macau, envolvidos no escândalo protagonizado pelo ex-secretário Ao Man Long, tem dado origem aos mais variados comentários e opiniões, sendo que quase todos são contra os planos do Executivo.

Ainda no mês passado, a deputada e empresária Angela Leong defendeu a realização de uma consulta pública sobre o futuro planeamento dos lotes em causa. Já várias associações ligadas ao ambiente entendem que não deve ser sequer equacionada a construção de habitação no local.

16 Mai 2017

Ella Lei | Governo pouco atento às cozinhas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] falta de recursos humanos sente-se em diversas áreas e os restaurantes não escapam ao problema. A constatação é feita por Ella Lei, que quer o Governo a avançar com medidas para “impulsionar a formação de talentos no sector da restauração e bebidas”. O desejo é manifestado numa interpelação escrita ao Executivo, em que defende que só com um plano concreto sobre a matéria será possível “encontrar pessoal local de qualidade, capaz de fomentar o desenvolvimento do sector e a candidatura de Macau a cidade gastronómica da UNESCO”.

A deputada recorda que um dos factores para o reconhecimento internacional de Macau é a qualidade dos profissionais da área. No entanto, Ella Lei não detectou, nos últimos anos, esforços das autoridades para garantir que quem trabalha em restaurantes tem formação adequada.

Como é hábito no seu discurso político, a deputada ligada aos Operários lamenta que o facto de o Governo não ter investido no sector da restauração tenha resultado numa dependência “cada vez maior” em relação aos trabalhadores importados, o que “causa dificuldades aos residentes de Macau”. Ella Lei vinca que as remunerações nesta área são pouco atraentes, o que tem um efeito directo na qualidade dos serviços prestados.

Posto isto, a deputada pede ao Governo que avance com medidas concretas e que dê importância aos profissionais locais, perguntando ainda se é possível avançar com programa de formação com remuneração.

16 Mai 2017

Questionada medição oficial da qualidade do ar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho enviou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona a forma como é feita a fiscalização ao trabalho dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) no que diz respeito à medição da qualidade do ar no território.

“Muitas vezes, as medições da qualidade do ar efectuadas pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau, em muitos dos seus postos, não correspondem à realidade, levando o cidadão a acreditar que a qualidade do ar não é assim tão má. A entidade responsável está a fiscalizar com total rigor, transparência e imparcialidade a informação transmitida pelos SMG?”, questionou o deputado.

Além disso, Pereira Coutinho defende que Macau deveria adoptar os padrões europeus como referência. “Vai o Governo utilizar os padrões da União Europeia como referência por serem os padrões de qualidade do ar reconhecidos mundialmente, pelo facto de combaterem eficientemente a poluição?”, sugeriu ainda.

A interpelação escrita fala do excesso de veículos como uma das principais causas de poluição atmosférica em Macau, mas também pela vinda dos ares poluídos do interior da China. Na perspectiva local, Coutinho quer saber se o Executivo tem planos para colocar nas estradas autocarros mais amigos do ambiente.

“Devido ao elevado número de autocarros em circulação, estes são dos veículos que mais contribuem para a poluição do ar. Existe algum plano para a substituição gradual de todos estes veículos por veículos amigos do ambiente, mais em concreto, por veículos movidos a electricidade?”, questionou.

“Os autocarros do sector do turismo, autocarros públicos e das concessionárias de jogo estão em circulação no território há décadas. Devido ao elevado número de autocarros em circulação, estes são dos veículos que mais contribuem para a poluição do ar em Macau”, remata.

16 Mai 2017

CITES | Lei sobre espécies em perigo com poucos efeitos práticos

A nova lei que regula as espécies ameaçadas vai ter poucos efeitos práticos, devido à publicação de um despacho pelo Chefe do Executivo em 2016. Ambas as legislações contêm a mesma lista de espécies a proteger, mas enquanto a nova lei determina o pagamento de multas, o despacho fala em crime de desobediência, com pena de prisão até um ano

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] lei de execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) levantou um problema de hierarquia de leis, o que faz com que venha a ter poucos efeitos práticos.

Aprovada na Assembleia Legislativa (AL) na semana passada, a lei que regulamenta a CITES contém uma extensa lista de espécies de animais e plantas a proteger, em tudo semelhante ao extenso rol incluído num despacho assinado pelo Chefe do Executivo em 2016. Nessa altura, a nova lei ainda estava a ser discutida em sede de especialidade na AL.

Enquanto o despacho decreta a aplicação do crime de desobediência para os incumpridores, com penas de prisão que podem ir até um ano, a nova lei determina apenas o pagamento de multas. Tal vai criar condicionantes na hora de aplicar a nova lei.

O parecer jurídico da AL, referente à lei de execução da CITES, alerta para a existência de uma sobreposição, originada pelo próprio Executivo. “Se alguém importar um urso negro da Ásia para Macau sem a documentação prevista, ou se conseguir adquirir localmente um espécime desta espécie, estaria a cometer uma contravenção, punida com multa de 200 a 500 mil patacas, uma vez que se trata de uma espécie incluída na Convenção CITES. Mas como este animal consta na lista do despacho do Chefe do Executivo, essa infracção é punível com pena de prisão ou multa pelo crime de desobediência”, alerta o parecer.

O mesmo documento afirma ainda que “não deixa de ser estranho que as opções de política legislativa subjacentes ao regime sancionatório, constante da proposta de lei, sejam reconhecidamente preteridas pelo facto de o despacho do Chefe do Executivo ter incluído uma vasta lista de animais no seu âmbito de aplicação”.

“Há a possibilidade de concorrência entre os regimes sancionatórios previstos nesta proposta de lei e noutras leis relacionadas com a gestão dos animais ou com o comércio externo”, aponta o parecer, que dá conta da prevalência do crime de desobediência, previsto no Código Penal, face às restantes legislações.

Se o Código Penal “estabelece uma hierarquia entre crimes e convenções, prevendo que o agente é punido a título de crime”, o regime geral das infracções administrativas e respectivo procedimento estabelece uma “hierarquia entre crimes e convenções”, onde entre os crimes e as infracções administrativas, “dá primazia aos primeiros”.

Governo foi alertado

Na discussão em sede de especialidade, a comissão permanente da AL alertou o Governo para evitar, no futuro, “situações de desarmonia no ordenamento jurídico local”.

“A comissão manifesta a sua preocupação com as situações de incoerência entre aspectos materiais e de regime sancionatório, em especial por se tratar de duas iniciativas legislativas temporalmente tão próximas.”

Além disso, é referido que a comissão “manifesta o desejo de, na fase de preparação das iniciativas legislativas, seja prestada uma maior atenção ou sejam criados os necessários mecanismos para evitar a ocorrência futura de situações semelhantes, a bem da unidade, da certeza e da coerência do sistema jurídico”, pode ler-se.

Mudar a lei dos animais

O parecer da AL levanta ainda a possibilidade de uma futura revisão da lei de protecção dos animais, regulamentada pelo despacho do Chefe do Executivo em causa. “Aquando de uma eventual alteração legislativa do regime de gestão dos animais, e respectiva regulamentação complementar, deve definir-se uma melhor solução para eliminar este problema de concurso entre as leis.”

A comissão entende que “este problema deve, para já, ser resolvido de acordo com as soluções técnicas existentes para as situações de concurso aparente”.

Multas sobem 39 mil por cento

A CITES vigora em Macau desde 1987. A nova lei sobre a execução desta convenção internacional determinou um aumento das multas que pode chegar aos 39 mil por cento.

Se no decreto-lei de 1986 as multas variavam entre 500 a cinco mil patacas, os novos valores cifram-se entre 200 a 500 mil. “Estes montantes correspondem a um aumento entre 39.900 e 9900 por cento do valor mínimo e máximo de multas, respectivamente”, afirma o parecer.

A lei foi aprovada na especialidade a semana passada na AL, depois de ter estado parada quase um ano. Entra em vigor no dia 1 de Setembro, uma vez que é necessária preparação por parte da Direcção dos Serviços de Economia e outras entidades.

16 Mai 2017

PSP | Wong Sio Chak lamenta mais um caso a envolver agentes

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Segurança disse ontem lamentar “profundamente” ter tido conhecimento de “mais um caso de prática de actos criminosos e de abuso de poder praticados por agentes policiais”. Num comunicado em que não são dados pormenores, o gabinete de Wong Sio Chak refere que, relativamente ao caso descoberto pela Polícia Judiciária (PJ) no passado sábado, o secretário “dedicou ao assunto a sua maior atenção, manifestando surpresa”.

Porque em causa estão agentes policiais suspeitos de terem praticado crimes graves de associação criminosa para obterem proveitos, resultando em abuso de poder, Wong Sio Chak diz ter dado de imediato “orientações muito precisas à PJ no sentido de emprestarem o seu maior empenho e eficácia nos trabalhos de investigação e de recolha de informações”.

Além disso, o responsável pela tutela da Segurança determinou comandante da Polícia de Segurança Pública “a imediata instauração de processos disciplinares” aos arguidos, com “investigações rigorosas e completa fiscalização interna no âmbito da disciplina e da gestão do trabalho, a fim de colmatar lacunas existentes”.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, três agentes da PSP foram detidos, juntamente com outros indivíduos, por se suspeitar terem recebido subornos de pessoas que queriam entrar ilegalmente no território. O caso terá envolvido 39 milhões de patacas.

16 Mai 2017

São Januário | Pedidas mais horas para médicos recém-formados

A recém-eleita direcção do Conselho Médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário defende que os clínicos recém-formados devem trabalhar 45 horas semanais, em vez das actuais 36. A falta de especialistas a isso obriga, afirma Fernando Gomes

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 200 médicos, num universo de 350, elegeram na última sexta-feira a nova direcção do Conselho Médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, um órgão consultivo que serve de ponte entre os médicos e a direcção do hospital público.

A única lista candidata, constituída pelo médico Fernando Gomes, juntamente com Mok Tin Seak e Choi Nim (que preside ao Conselho), foi eleita por uma larga maioria de médicos, contou Fernando Gomes ao HM.

No cumprimento do quarto mandato, o Conselho Médico quer que os especialistas recém-formados no São Januário possam ver-lhes atribuído um horário mais alargado, previsto por lei.

“O que mais preocupa é o horário de trabalho dos colegas recém-formados. Muitos colegas têm um regime de horário de trabalho que é de internato permanente, e de momento está menos atribuído”, adiantou Fernando Gomes, que fala da necessidade de cobrir o vazio deixado pela falta de especialistas.

“Muitos dos especialistas recém-formados não têm ainda o regime de trabalho das 45 horas, de disponibilidade permanente, e ainda trabalham as 36 horas [semanais]. Atendendo à grande falta de médicos especialistas, é de aprovar e atribuir esse horário das 45 horas urgentemente”, acrescentou o médico.

Poucas promoções

Fernando Gomes volta ainda a exigir a revisão do actual regime das carreiras dos médicos e de auxiliares de saúde, considerando que a falta de promoções afasta as possibilidades de contratação por parte dos Serviços de Saúde (SS). Já em 2010 o médico considerava ser necessário mexer na lei.

“Nessa altura achávamos que não iria repor uma série de benefícios em termos de promoção e, de facto, agora ainda se nota isso. O problema que se coloca é a contratação de profissionais ao exterior, que é difícil, se não impossível”, frisou.

No seio da comunidade médica do São Januário, há ainda quem defenda que “os contratos, ou a sua renovação, deveriam ter uma alínea respeitante à promoção, por exemplo”. “Os contratos não contemplam isso”, sublinhou.

Fernando Gomes acredita que não é sequer fácil contratar médicos da China Continental sem que sejam garantidas as devidas regalias. “Quando vêm médicos da China, já são colegas oriundos de hospitais do interior do país, de cidades onde não há hospitais de vanguarda”, apontou.

“Falamos [da necessidade] de colegas experientes. É fácil contratar médicos recém-formados e médicos no fim da carreira. Não se pede um médico com mais de 60 anos que trabalhe ao mesmo ritmo de um médico com 40. Há um desgaste natural”, disse também o membro do Conselho Médico, que alerta ainda para o facto de a falta de especialistas condicionar a formação dos médicos em regime de internato.

“Não temos propriamente falta de médicos, porque temos muitos em formação, mas temos sim falta de especialistas. O especialista desempenha duas funções, não só na parte clínica, mas também na parte formativa. Os colegas internos têm de ser formados. Se uma pessoa tiver o seu horário sobrecarregado, é difícil ter um acompanhamento eficiente dos colegas que estão em formação. Os médicos não são robots”, concluiu.

16 Mai 2017

Ciberataque internacional sem danos no território

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau escapou aparentemente ileso do ataque virtual que teve lugar na passada sexta-feira e que afectou cerca de 100 países. A informação foi dada ao HM por Rui Pereira, especialista na área. “Em Macau não há ainda conhecimento de nenhum computador afectado tendo o ataque já sido travado.” No entanto, há que estar alerta, até porque “podem ainda existir emails que não foram abertos e que podem estar contaminados”.

O aviso de cuidado com os emails que ainda estão por abrir é também dado pela Polícia Judiciária. A entidade confirma que não há registo de lesados no território, sendo que, alerta, é preciso continuar a tomar medidas de precaução.

Rui Pereira explicou ainda que se tratou de um Ransomware. “Basicamente foi um ataque que só atingiu o sistema operativo Windows e que encripta os ficheiros dos computadores.” Na investida deste fim-de-semana, estes ficheiros só poderiam ser desencriptados sob o pagamento em moeda electrónica, a bitcoin.

“Mais do que dirigido a computadores pessoais, foi um ataque que, contrariamente aos que eram conhecidos até há data, teve a particularidade de se propagar sozinho”, indicou. Trata-se, de acordo com o especialista, de uma forma nova de ataque virtual e temem-se novas investidas do género.

Em comunicado, os Serviços de Administração e Função Pública dizem ter feito de imediato uma avaliação do eventual impacto do Ransomware nos serviços públicos. Até às 12h de ontem, não havia registo de ataque, tendo a Administração funcionado normalmente.

Um pouco por todo o lado

Na vizinha Hong Kong, só há registo de um caso que atingiu um computador pessoal.

Em Portugal, a empresa de energia EDP cortou os acessos à Internet da sua rede para prevenir eventuais ataques informáticos e garantiu que não foi registado qualquer problema; já a Portugal Telecom alertou os seus clientes para o vírus perigoso a circular na Internet, pedindo aos utilizadores que tenham cautela na navegação na rede e na abertura de anexos no email.

O BCP informou estar a normalizar a sua operação, depois de alguns clientes se terem queixado de problemas na realização de operações, na sequência de medidas preventivas tomadas pelo banco para evitar um ataque informático.

No Reino Unido, foram reportados importantes problemas informáticos em hospitais do serviço nacional de saúde.

Em Espanha, a multinacional de telecomunicações Telefónica foi obrigada a desligar os computadores da sua sede em Madrid, depois de detectar um vírus informático que bloqueou alguns equipamentos.

Este tipo de vírus surge habitualmente por correio electrónico de “origem desconhecida”, com um documento em anexo e que o utilizador abre por engano.

16 Mai 2017

Jogo | Advogado questiona subconcessões e critica postura do Executivo

O advogado Sérgio de Almeida Correia disse ontem num debate sobre o jogo que as três subconcessões do sector são ilegais. O Governo, aponta, “tem ignorado” a questão. O jurista defendeu o estabelecimento de seis concessões em 2020

 

[dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap] actual regime das subconcessões põe em causa os interesses de Macau” e acarreta “potenciais conflitos de interesses e práticas corruptas”. Quem o diz é o advogado Sérgio Almeida Correia, que participou ontem numa conferência sobre jogo, intitulada “IV Annual Review of Macau Gaming Law”, na Fundação Rui Cunha (FRC). A iniciativa é promovida pela Universidade de Macau e conta anualmente com a presença de vários oradores.

Para o advogado, a existência de três subconcessões (Venetian, MGM e Melco Crown) “não tem uma base legal”. “Não podemos encontrar a palavra subconcessão na lei e não podemos presumir que algo está escrito quando, na verdade, não está”, disse durante a sessão. “Se a ideia era ter mais do que três operadoras de jogo, isso deveria constar na lei, o que não é o caso”, acrescentou.

Dessa forma, Sérgio Almeida Correia defendeu o estabelecimento de seis concessões de jogo quando terminarem os actuais contratos de concessão (em meados de 2020). Para o advogado, esta medida iria de encontro à política anti-corrupção.

Foto: Fundação Rui Cunha

“É importante olhar para a realidade bizarra das subconcessionárias e o interesse do Governo em não continuar com as subconcessões nos moldes que existem actualmente. O Governo deve rever o actual regime e, se necessário, estender o número de concessões, mantendo seis concessões”, referiu.

O advogado deu ainda mais exemplos do que considera ser uma “aberração legal”. “Não há uma base legal para as subconcessões e o Governo tem ignorado isto”, acusou.

“A lei diz que o fim da concessão não implica o fim da subconcessão. Esta é uma aberração legal e deveria ser corrigida assim que possível, para que a situação não se repita. É um problema técnico que, assim que corrigido, não deverá trazer problemas de maior para o sector”, explicou.

Reversões em 2020?

Na visão de Sérgio Almeida Correia, o Executivo não tem qualquer controlo sobre as operações entre concessionárias e subconcessionárias. “O Governo é marginalizado nesta negociação e não tem ganhos com os lucros das operações das subconcessões, não controla os termos dessas operações. Isso penaliza os interesses da RAEM, porque há falta de transparência”, disse.

Na sua apresentação, Sérgio de Almeida Correia abordou ainda a questão da possível reversão dos bens, no fim das concessões, para o Governo. “No caso da extinção das concessões, tanto concessionárias como subconcessionárias vão enfrentar uma expropriação legal e devem preparar-se para isso, tendo em conta as devidas indemnizações”, apontou.

“Não sabemos o que o Governo vai decidir, mas deve ser claro que ninguém pode ter garantias de que as concessões vão continuar no futuro com base no actual modelo”, disse ainda o advogado.

 

 

Proibição do fumo é única nas jurisdições com casinos

O advogado Francisco Gaivão abordou na palestra a questão do consumo de tabaco nos casinos. Em declarações ao HM, o advogado referiu que “a opção de Macau é susceptível de alguma crítica e reflexão”. “O Governo centra a discussão nas salas de fumo, mas inicialmente disse que nem isso iria ser permitido. Isso seria um perfeito disparate, a coisa mais absurda do mundo. Seria um tiro nos dois pés”, apontou Francisco Gaivão. Apesar de o Governo ter optado por manter as salas de fumo, afastando o fumo das salas VIP, faz do caso de Macau único. “Esta decisão radical não tem paralelo em mais outra parte do mundo”, defendeu. “Fica tudo como estava, mas o Governo vai proibir que se possa estar sentado numa sala VIP a fumar. Imperou o mínimo de bom senso, pois vão ser permitidas essas salas, mas vai ser proibido fumar nas salas VIP, o que é um erro. Singapura, por exemplo, que tem uma jurisdição extremamente protectora dos direitos das pessoas, tem casinos e têm áreas para fumadores”, concluiu Francisco Gaivão.

  • Texto corrigido às 18h38
16 Mai 2017

Aves vivas | Trabalhadores do sector apoiados pelo IACM

Continuam as negociações entre o Governo e os vendedores de aves vivas depois da proibição do negócio, de forma a prevenir pandemias aviárias. Os trabalhadores do ramo vão receber um total de 14 milhões, enquanto a compensação aos patrões ainda se encontra em discussão

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de terem sido sucessivamente detectados casos de gripe das aves, que resultaram no abate de milhares de animais, o Governo avançou para a proibição de venda de aves vivas. Ontem, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) reuniu com representantes do sector para serem acertados os apoios a um negócio em vias de extinção. No início do mês, Ung Sao Hong, do conselho de administração do IACM, afirmou que pretendia “evitar qualquer instabilidade na sociedade e proteger a saúde da população”.

Do outro lado da barricada encontra-se quem faz deste negócio vida. “Apresentámos uma proposta ao sector que, em princípio, foi aceite”, explicou José Tavares, presidente do IACM, à saída da reunião com os representantes do ramo da venda de aves. Para os meses de Fevereiro a Abril, o Executivo comprometeu-se pagar 200 patacas por dia a cada trabalhador, uma quantia que José Tavares garante começar a ser dada em Junho. O presidente do IACM acrescentou ainda que se comprometeu a recompensar os funcionários com dois salários extra.

Ficou também acordado que os 154 trabalhadores do sector serão apoiados com uma verba de 14 milhões de patacas, o que dá quase 91 mil patacas por cada funcionário.

“Queremos que, com esta mudança, os direitos dos trabalhadores não sejam prejudicados e o Governo está disposto a ajudar nesse aspecto”, comentou Tavares.

Os serviços chegaram a esta verba depois de receberem informação documental dos patrões sobre o vencimento de cada empregado e o tempo de serviço prestado.

Manutenção da banca

José Tavares adiantou que um dos maiores focos de divergência com os representantes do sector foi a natureza do apoio pecuniário. Os patrões queriam receber uma indemnização, enquanto a posição do Governo apontava no sentido de um apoio. As razões do Executivo prendem-se com a natureza do contrato de licença para venda nas bancas dos mercados que, no entender de José Tavares, é precária. Nesse sentido, o presidente do IACM explicou que “o Governo não tem a responsabilidade de indemnizar ninguém, mas sente a responsabilidade de os apoiar”. De forma a pagar estes apoios, os serviços municipais terão um reforço do Executivo.

Outra das questões abordadas foi a manutenção das bancas por parte dos vendedores de aves, algo a que o IACM não se opôs, dando luz vez para o efeito. Como tal, foi perguntado aos empresários do sector se estão dispostos a mudar de ramo de negócio. “Após a reunião distribuímos um questionário para saber qual é a intenção dos operadores, no que respeita à mudança do ramo de actividade”, revelou José Tavares.

Foi também discutida a compensação aos patrões das bancas, mas ainda não se chegou a um consenso nessa matéria. Chegou-se a falar numa quantia de dez milhões de patacas para cada vendedor, um montante que José Tavares considera “exorbitante”. O exemplo de Hong Kong foi elencado na reunião, quando em 2009 os vendedores de aves de capoeira foram indemnizados em 800 mil patacas. Tal quantia teria de ser ajustada aos níveis de custo de vida da actualidade.

A bola, agora, está do lado dos representantes do sector, ficando o IACM a aguardar que valores serão trazidos para a mesa de negociações. O próximo round será na segunda-feira.

16 Mai 2017

Cartoon | Joan Cornellà tem exposição patente em Hong Kong até domingo

O humor violento do catalão Joan Cornellà tem angariado fãs um pouco por todo o mundo. Quem quiser ver os seus trabalhos ao vivo tem até domingo, dia 21, oportunidade para o fazer. A exposição estará em exibição na Gallery 27 em Quarry Bay, em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap] Hong Kong Themed Solo Exhibition” é o nome da exposição que traz um dos cartoonistas do momento à região vizinha. Depois da estreia bem-sucedida do ano passado, Cornellà passou o mês de Janeiro em Hong Kong a absorver o que se passa na cidade. De acordo com a organização do evento, o catalão tem investigado a metrópole vizinha, “a festejar muito e a trabalhar pouco”, numa tentativa de absorver e digerir a essência. O resultado são os 38 novos trabalhos que se encontram patentes na Gallery 27, na Quarry Bay, até domingo.   

Como é costume nos seus trabalhos, esta exposição vive da tensão entre a ingenuidade dos sorrisos dos personagens retratados e o grotesco, violento, resultado de situações sociais que levam a amputações e mortes violentíssimas. Não existem assuntos tabus nas tiras do cartoonista que frequentemente se foca no suicídio, no aborto, no homicídio por razões banais.

No evento de Facebook criado pela galeria que acolhe a exposição, pode-se ler que “a natureza satírica dos trabalhos de Cornellà levanta o tapete que cobre a cidade, permitindo que se olhe para a porcaria que se esconde por baixo”. A luz que ilumina esse lado negro de Hong Kong é o sentido de humor desconcertante da obra do cartoonista.

Sorriso amarelo

Joan Cornellà tornou-se um fenómeno viral nas redes sociais, tendo mais de 4,5 milhões de seguidores no Facebook. Apesar de ser considerado por alguns como um artista perturbante, e por vezes ofensivo, o catalão usa uma linguagem simplista e infantil, apesar de abertamente sinistra, focada nas falhas da natureza humana.

Nesta exposição, o sarcasmo da obra do espanhol incide sobre vários aspectos da vida em Hong Kong. Com particular destaque para um cartoon de um homem a tirar uma selfie dentro de uma jaula onde vive. O cartoonista retrata as pobres condições de habitabilidade e os minúsculos apartamentos onde os hongkongers vivem, acompanhado pela crítica à cultura da obsessão da partilha instantânea e de auto-retratos nas redes sociais.

Outra das obras em destaque na exposição é a tira que retrata uma rapariga triste por ter o cabo desconectado do gira-discos. Um homem vem ao seu auxílio, sorridente, e coloca os dedos na tomada da electricidade usando o seu corpo como extensão para dar energia à aparelhagem. A música começa a soar, para alegria da rapariga que dança feliz, enquanto o homem é electrocutado, com sangue a jorrar dos olhos, nariz e ouvidos. Numa expressão que parece ultrapassar todos os limites do altruísmo, o homem continua a sorrir, apesar de trespassado de voltagem eléctrica.

Esta é uma das assinaturas dos cartoons de Cornellà, os sorrisos doentios das personagens, enquanto cometem atrocidades diluídas no estilo minimalista e inocente dos desenhos.

Apesar de ser considerado por muitos sectores como um artista da Internet, de profundo mau gosto, Joan Cornellà tem publicado as suas tiras em publicações como El Periódico, o diário catalão Ara e o New York Times.

Numa entrevista ao South China Morning Post, o cartoonista explicava a relação entre comédia negra e a tragédia. “Temos de começar com a ideia de que quando rimos, rimos de algo ou alguém. Com empatia, ou não, há sempre um grau de crueldade”, dizia Cornellà.

16 Mai 2017

Dança e música clássica no Le French May

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]ong Kong continua com uma profusão de eventos culturais para todos os gostos. No próximo dia 2 de Junho pode ser visto o espectáculo de teatro-dança “Simon Says”, que terá exibições também nos dois dias seguintes.

O evento parte do jogo infantil com o mesmo nome, em que os participantes têm de obedecer às ordens de quem interpreta o papel de “Simon”. Os jogadores são eliminados sempre que desobedecerem aos comandos, ou não corresponderem à vontade de quem dá as directrizes. O jogo vive da tensão entre obediência e rebelião às ordens dadas, com a fronteira entre o verdadeiro e o falso a confundirem-se em palco.

O espectáculo é uma co-produção da Unlock Dancing Plaza & Le Phare, e do Centre Chorégraphique National du Havre-Normandie, onde quatro bailarinos dão movimento a vários estados da natureza humana. Subserviência e rebeldia, autenticidade e extravagância, e a tensão entre o absurdo e a determinação inabalável. “Simon Says” transmite a explosão resultante destas contradições.

Os quatro bailarinos do grupo viajaram para Le Havre, em França, onde trabalharam com a coreógrafa Emmanuelle Vo-Dinh. Após um processo de um ano e meio, a coreografia foi sendo apurada até chegar aos palcos de Hong Kong, nos próximos dias 2, 3 e 4 de Junho, no Studio Theatre do Centro Cultural de Hong Kong.

Cordas vivas

Outro dos destaques do cartaz do Le French May para o início do próximo mês é o concerto “New Rising Star Quartet in Beethoven and Mozart”, no dia 3 de Junho, interpretado pelo grupo Quartet Van Kuijk.

O grupo que faz a sua estreia na edição deste ano do Le French May em Hong Kong foi formado em 2012 e em 2015 venceu a competição Wigmore Hall String Quartet Competition, em Londres. O Quartet Van Kuijk é considerado um dos mais promissores “ensembles”, deslumbrando os espectadores com concertos cheios de vida. Têm recebido rasgados elogios da crítica, um pouco por todo o mundo. O grupo francês sobe ao palco da Hong Kong City Hall para um concerto único, no dia 3 de Junho, às 18h, para um espectáculo a não perder.

16 Mai 2017

Austrália insta China a pressionar Coreia do Norte para pôr fim a testes com mísseis

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro australiano pediu ontem à China para usar a sua influência junto da Coreia do Norte para pôr fim aos testes de mísseis do regime.

Malcolm Turnbull disse aos jornalistas, em Sydney, que a conduta da Coreia do Norte é “imprudente, provocadora e ilegal” e que a Austrália vai trabalhar com os Estados Unidos e outros países para impor sanções a Pyongyang.

“A maior responsabilidade de trazer a Coreia do Norte à razão (…) é da China”, disse Turnbull.

“Eles têm uma relação económica dominante com a Coreia do Norte e devido ao facto de terem uma grande influência, têm a maior responsabilidade”, acrescentou.

A Coreia do Norte disparou um novo míssil balístico no domingo, que disse ser um novo modelo de “médio e longo alcance”.

De acordo com a agência de notícias estatal KCNA, trata-se de “um novo modelo de míssil balístico estratégico de médio e longo alcance, o Hwasong-12”. A agência sublinhou que o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, “supervisionou pessoalmente o teste”.

O novo míssil – disparado pelas 05:30 locais de domingo – atingiu uma altitude de 2.111 quilómetros, percorreu cerca de 700 quilómetros e caiu no Mar do Japão.

A KCNA acrescentou que o disparo do míssil visou fazer um teste “às características e pormenores técnicos” da nova arma, “capaz de transportar uma grande e potente ogiva nuclear”.

O míssil seguiu a trajectória planeada e caiu “exactamente no local previsto”.

Criticas gerais

O teste do novo míssil balístico norte-coreano motivou reacções críticas de vários quadrantes: os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul pediram uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações, que foi já marcada para a tarde de terça-feira.

A confirmação da reunião de urgência foi avançada nas Nações Unidas pela representação do Uruguai, país que preside ao Conselho de Segurança em Maio.

O disparo do míssil balístico – o segundo no espaço de 15 dias – foi interpretado como um desafio, na sequência da recente eleição do novo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In.

A NATO criticou o lançamento do míssil e apelou a Pyongyang para que incentive o desanuviamento da tensão, em vez de insistir “nas provocações”.

O míssil constitui “um incumprimento flagrante de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, o que pressupõe “uma ameaça à paz e à segurança internacional”.

A União Europeia considerou o disparo “uma ameaça à paz e segurança internacional”, numa escalada da tensão na região.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu o agravamento de sanções contra a Coreia do Norte, na sequência deste último disparo.

Também a China e a Rússia já reagiram, mostrando-se “preocupadas com a escalada de tensão” na península coreana.

O Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo chinês, Xi Jinping, “discutiram em pormenor a situação na península coreana” durante um encontro, em Pequim, e “as duas partes exprimiram a sua preocupação para com uma escalada de tensão”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.

16 Mai 2017