Uber avisou Governo que dia 9 de Setembro é último dia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]final, a Uber já tem uma data certa para deixar Macau: 9 de Setembro. Apesar de ter rejeitado admitir directamente que iria abandonar Macau quando questionada pelo HM, na passada semana, a empresa tinha enviado já um documento ao Governo onde indicava claramente a decisão de deixar o território.
“Pretendemos suspender o nosso serviço em Macau. O Governo não tem intenção de agendar a legislação para as empresas de transportes privados e, ao mesmo tempo, multa de forma elevada os nossos condutores, o que impede o funcionamento em Macau. Raimundo do Rosário não aceitou os nosso pedidos”, pode ler-se no início da carta assinada por Mike Brown e Damian Kassabgi, responsáveis da empresa.
Esta parte já era do conhecimento público desde a semana passada, depois do HM e jornal Ponto Final ter publicado que a empresa foi multada em dez milhões de patacas. Mas a data certa não foi avançada pela empresa, que, questionada pelo HM, se limitou a dizer que “queria funcionar num ambiente livre de multas”.
“Se o Governo ainda não avançou com a matéria, a Uber vai sair de Macau até dia 9 de Setembro, sendo este o último dia de funcionamento.” A empresa disse que não queria tomar esta decisão mas não tem outra solução. A carta foi enviada ao Chefe do Executivo a 16 de Agosto, e publicada dia 22, sem a Uber ter recebido qualquer resposta.

25 Ago 2016

Rádio-Táxis | Resultados de concurso só no quarto trimestre

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ó entre Setembro a Novembro se vai saber os resultados do concurso público para a obtenção de licenças de rádio-táxis. É o que confirma ao HM a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que diz que neste momento “está a acompanhar os trabalhos de adjudicação destas licenças especiais”.
Inicialmente, depois de ter sido aberto um concurso público para a substituição da antiga empresa detentora dos rádio-táxis, a Vang Iek, só a Lai Ou Serviços de Táxi foi aceite. A empresa de David Chow, empresário detentor da Macau Legend, viu duas concorrentes serem chumbadas por não cumprirem regras do concurso. Depois, contudo, a Companhia de Serviços de Rádio-Táxis interpôs um recurso da decisão, que foi aceite pela DSAT, estando então as duas empresas aptas para receber a licença.
O Governo tinha dito anteriormente que “no segundo ou terceiro trimestres” se saberia algum resultado, mas agora frisa ao HM a nova data. “Prevê-se que haja resultado no quatro trimestre do corrente ano, procurando que os serviços entrem em funcionamento no primeiro semestre do próximo ano”, indica a DSAT.  O organismo afirmou que, pelo menos 50 rádio-táxis, devem começar a circular em 2017, incluindo cinco acessíveis a deficientes.

25 Ago 2016

S. Januário descarta-se de acusação por “negligência”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Hospital de S. Januário afirma não ter tido responsabilidades no processo que levou à morte de uma paciente vítima de cancro e que fez tudo o que estava ao seu alcance para apoiar a vítima. A informação é adiantada em comunicado de imprensa emitido pelos Serviços de Saúde (SS), na sequência da queixa avançada na terça-feira pelo viúvo da vítima, que entregou uma petição na Sede do Governo.
O homem acusa o hospital de não ter dado a devida atenção ao caso da esposa, que viria a falecer a 3 de Abril, e pede agora uma indemnização para cobrir as despesas do funeral.
“O CHCSJ tem acompanhado com enorme atenção esta situação”, lê-se em comunicado dos SS, onde estes avançam que a instituição pública avaliou todo o processo relativo à situação clínica da doente. Para o efeito, procedeu a “várias consultas colegiais de especialidades, recolhendo opiniões e prestando esclarecimentos, por diversas vezes, à família e à doente, sobre o real estado de saúde”.

Acesso dependente

Acusado de não ter efectuado esforços no sentido de enviar a doente para cuidados num hospital no estrangeiro, o São Januário argumenta que “cada caso é proposto pelo médico especialista assistente do doente conforme o seu estado de saúde, ao responsável do respectivo serviço que, caso concorde com a avaliação clínica, irá propor a situação à Junta para Serviços Médicos no Exterior”, que por sua vez homologará o pedido.
“Cada caso é um caso e o acesso aos serviços médicos no exterior depende da decisão clínica da especialidade”, defendem os SS.
O queixoso argumenta que não foi efectuada uma revisão ao estado da sua esposa em 2011, quando foi pedido, e dez anos depois de ter sido sujeita a remoção do peito devido a um cancro de mama. Segundo o cidadão, o que lhe foi dito foi que, não tendo existido reincidências nos cinco anos subsequentes à cirurgia, não haveria regresso da doença.
Mais tarde a esposa acabou por ser diagnosticada com uma metástase nos pulmões em estado avançado que acabou por chegar ao cérebro e provocar a morte da doente. O HM tentou saber junto dos SS mais pormenores sobre o facto do pedido de exames não ter sido continuado, no entanto não obteve resposta até ao fecho desta edição.

25 Ago 2016

DSEJ | Ano lectivo arranca com Educação Patriótica e mais dinheiro

O novo ano lectivo da DSEJ arranca com mais orçamento e manuais para uma maior formação do amor à pátria e a Macau. Aumento de alunos, de subsídios e de bolsas já estão definidos, sendo que haverá ainda um enfoque especial no ensino do Português e da área da Saúde

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]no novo vida nova. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) avança mais um início das aulas com o lançamento de manuais de Educação Cívica e Patriótica para o ensino primário e com um aumento geral de subsídios. Este ano marca, assim, a primeira vez que são lançados e colocados ao dispor dos alunos os manuais escolares para a “educação moral e da educação do amor pela pátria e por Macau”.
Com o nome de Educação Moral e Cívica, estes são manuais dirigidos ao ensino primário e vão ser utilizados paralelamente à realização de actividades que “cultivam e promovem nos alunos o amor pela pátria e por Macau e as boas qualidade morais”. Paralelamente, são reforçados os conteúdos escolares acerca dos assuntos nacionais e história e cultura tradicional chinesas. O ensino artístico também integra este aspecto nacional e será implementado o item a que a DSEJ chama de “Apreciar a Essência Nacional – Saborear a Ópera Chinesa”.
Sun Yat-Sen não será esquecido e o novo ano tem prevista a realização de uma série de actividades comemorativas do seu 150.º aniversário. Além disso, para os alunos que tenham participado na jornada de educação da defesa nacional, é organizada uma visita de estudo à Casa Memorial do Dr. Sun Yat Sen, encorajando-os a darem maior atenção ao território através do conhecimento da sua história.

De olho nas necessidades

A DSEJ diz ainda que teve como referência a necessidade de quadros qualificados em Macau, pelo que lança também bolsas especiais para apoiar alunos que optem por estudos nos cursos de Enfermagem, Terapia da fala e ocupacional, Fisioterapia, Estudos Portugueses e Tradução, áreas que têm vindo a sofrer com falta de profissionais. “[Vão ser] adoptadas novas medidas para garantir a qualidade do ensino, incluindo integração dos cursos desta língua no ‘plano de desenvolvimento das escolas’ como itens de financiamento prioritário”, frisa ainda a DSEJ sobre o ensino do Português, acrescentando que vai ser definido um limite mínimo do número de horas do ensino de Português nas escolas particulares.
Os aumentos dos subsídios são ainda alargados à alimentação e a bolsas dentro e fora de Macau.

Aumentos para todos

A DSEJ destaca ainda o aumento dos subsídios escolares para “o aperfeiçoamento da qualidade educativa”. Segundo os dados fornecidos pela entidade, os valores correspondentes aos subsídios para a escolaridade gratuita por turma: nos ensinos infantil o apoio sobe para 913.600 patacas, no primário para um milhão, no secundário geral para 1,2 milhões e no secundário complementar para mais de 1,3 milhões. Há ainda a registar a integração de uma escola particular no sistema escolar da escolaridade gratuita somando um total de 55 destas instituições no território.
São mais de 77 mil os alunos inscritos nas 77 escolas de Macau para o ano lectivo de 2016/2017 e o número de professores aumentou para 7340 docentes, mais 3% do que no ano anterior.

Desenvolvimento sem limites

A DSEJ anunciou ainda o arranque da terceira fase do Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo. Segundo os dados divulgados pela TDM, na segunda fase do programa participaram cerca de 136 mil pessoas registando um aumento de 18% relativamente à primeira fase, em Dezembro de 2013. As autoridades enviaram 40 casos de abuso do apoio para o Ministério Público, sem serem ainda conhecidos os resultados. A terceira fase compreenderá um montante idêntico ao da anterior, em que são atribuídas seis mil patacas a cada residente que integrar o programa. Até agora o valor usado no programa foi de 560 milhões de patacas.

25 Ago 2016

Macauport perde terreno que servia para expansão do Porto de Ká Hó

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Macauport – Sociedade de Administração de Portos perdeu um terreno em Coloane, junto ao porto de Ká Hó. O lote de 90 mil metros quadrados serviria para a expansão do porto, sendo que o prazo de arrendamento expirou em Abril de 2013 sem que este se mostrasse aproveitado.
A empresa – administrada por Ambrose So e que tem como presidente do Conselho Fiscal José Chui Sai Peng, deputado e empresário – detinha o terreno desde os anos 1990, quando este lhe foi adjudicado sem concurso público por arrendamento. O arrendamento seria válido “pelo período que durar a concessão da construção e exploração do porto de Ká-Hó, até ao prazo máximo legal de 25 anos, contados a partir de 11 de Abril de 1988”.
O Governo, de acordo com despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, recupera não só o terreno, como “as benfeitorias por qualquer forma incorporadas no terreno, livre de quaisquer ónus ou encargos”. A Macauport não tem direito a qualquer indemnização e o terreno vai integrar o domínio da RAEM, mas a empresa tem 30 dias para interpor recurso em tribunal.
O HM tentou perceber junto de Chui Sai Peng se a Macauport tem intenções de contestar a decisão e que motivos levaram a que a empresa não expandisse o porto de Ká Hó, mas o deputado e empresário não se mostrou disponível.
A Macauporto é responsável pela operação do Terminal de Contentores do Porto de Ká-hó, em Coloane, tendo ainda como subsidiárias a Macauport Sociedade de Administração do Terminal de Contentores, Lda., a Companhia de Navegação Veng Lun Fat, Lda. e a Sociedade de Gestão do Terminal de Combustíveis de Macau.

25 Ago 2016

Jockey Club diz estar a trabalhar em plano sobre violação à lei

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Jockey Club assegurou ao HM que tem conhecimento sobre a violação ao Código Comercial e admite estar a preparar uma proposta para repor a situação. A resposta da empresa chega depois de, há duas semanas, o HM ter avançado com a notícia de que a empresa violou a lei devido a ter contas que não batem certo com o que é obrigatório com o Código Comercial e que levariam empresas à dissolvência ou administradores à prisão.
“O Conselho de Administração da nossa companhia já está informado sobre o assunto. Em Março, durante a conferência anual dos accionistas, também já [falámos] do artigo 206º do Código Comercial”, começa por frisar o Departamento das Relações Públicas da empresa.
“A empresa também já implementou uma consulta a assessores profissionais e a elaboração de um plano de sugestões. O plano vai ser entregue à Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) em breve.”
A DICJ disse ao HM que o Jockey Club tem até ao final de Agosto para “apresentar uma proposta com vista a solucionar a questão em causa”. A questão em causa, contudo, não é de agora. A Macau Jockey Club apresentou prejuízos de 88 milhões de patacas só no ano passado altura em que o seu capital social era inferior a metade do original, apresentando a empresa dívidas de milhões de patacas.
De acordo com o Código Comercial, o administrador da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolvência da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu. Mais ainda, de acordo com o mesmo Código, se não se respeitar a regra de injecção de capital ou propor a dissolvência, o administrador é punido com pena de multa ou de prisão de três meses.
A questão reside ainda no facto de que a empresa terá contas a negativo desde, no mínimo, 2005. Em 2014, por exemplo, as perdas foram de 54 milhões de patacas. Em 2013, foram de mais de 41 milhões.

Futuro em aberto

A Macau Jockey Club viu o seu contrato estendido até Agosto de 2017. O organismo liderado por Paulo Chan não explica o que se poderá passar se a empresa não encontrar uma solução. A empresa detém o monopólio das corridas de cavalos desde 1978 e conseguiu, desde 2005, pagar apenas 15 milhões de patacas anuais ao Governo, quando deveria estar a pagar o dobro de acordo com o contrato assinado em 1999, segundo o Macau Business Daily.
No ano passado, Angela Leong revelou que estar a negociar com o Governo nova extensão do contrato, admitindo algumas alterações nas cláusulas de forma a que estas correspondam à diversificação económica almejada pelo Governo.

25 Ago 2016

Blue Man Group: “A melhor noite de teatro da sua vida”

Andam nisto há mais de 20 anos, mas a idade não pesa. Os Blue Man Group estão em Macau até dia 28 de Agosto, prontos para lhe dar “a melhor noite” da sua vida. Teatro, comédia e música sobem ao palco do Venetian, naquela que é a digressão mundial dos homens azuis. Mas não sem antes Meridian, capitão do grupo, e Tony Aguirre, director musical, nos darem a conhecer um pouco mais do espectáculo. Os bilhetes ainda estão à venda e, sim, pode trazer as crianças e a alegria de viver

Nasceram em 1987, começaram com espectáculos em 1991. Como é que conseguem manter a vitalidade ao longo de todos estes anos, de forma que não seja sempre a mesma performance?
Acho que muita da energia e contínua inspiração para o espectáculo vem da própria audiência, porque o nosso espectáculo é tão interactivo que mesmo nós, ao fazê-lo, sentimos que é sempre diferente. Sentimos que estamos sempre a interagir com um quarto elemento, que será o público. E ao longo dos anos, essa contínua inspiração mantém-nos enérgicos. Também há as mudanças no mundo, que estão constantemente a acontecer. Somos muito curiosos e tiramos sempre ideias da cultura e das pessoas à nossa volta e incorporamos isso no nosso espectáculo, na evolução por que ele passa.

Então o espectáculo é alvo de mudanças? Engloba a coreografia, a música, a própria performance?
Pensamos nisso como uma evolução do espectáculo. Há certas coisas que se mantêm constantes, como a curiosidade que referi, o personagem Blue Man, que tentamos que se mantenha de uma certa forma, na forma como interage com as pessoas, no seu carácter… É difícil de descrever, tentamos tirar algumas das nossas características pessoais para nos podermos abrir a algumas características mais profundas, que todos temos, para podermos celebrar a vida com a audiência. Essas são as constantes do espectáculo. Mas há novas tecnologias, os visuais, o design do palco… estamos sempre a inventar novas músicas e instrumentos. E claro, o personagem está sempre à procura de novas formas de interagir, de responder ao que se passa. CREDITOS_BMD

Disse que absorvem o tipo de lugares onde estão, as pessoas e a cultura. Estão em Macau desde o início de Agosto… já vos inspirou de alguma forma para os vossos próximos espectáculos?
(Risos) Vamos ver. Às vezes demora algum tempo para essas coisas acontecerem e ainda estamos no início da nossa digressão mundial, que começou [em Março] em Singapura. Só estamos nisto há uns meses e vamos continuar por algum tempo mais, por isso todos os locais onde vamos pensamos “o que se passa aqui?”. Temos de recolher a informação e ver o que acontece da próxima vez.

Já estiveram na Ásia anteriormente?
Alguns membros do espectáculo já cá estiveram, mas é a primeira vez que este espectáculo específico, que é o mais actual, cá está. Nunca foi visto em sítio algum. E para todos nós nesta performance, incluindo eu, esta é a primeira vez.

Não têm problemas com a barreira da língua, presumo, porque não comunicam por palavras. Mas é fácil agradar ao público asiático?
Exacto. As audiências asiáticas tendem a ser, ainda que nem sempre, mais tímidas à primeira impressão. Mas é óptimo ver, no final do espectáculo, que eles se põem de pé, a dançar e a divertirem-se como todos os outros espectadores. (Risos)

Sabemos que o Blue Man é o personagem, o ícone, por trás do espectáculo, mas como é que vocês o descrevem?
O Blue Man é a personificação das melhores características do ser humano. A curiosidade, o desejo de conectar com os outros, o nosso lado criativo, a alegria e apreciação pela vida, está lá tudo. O Blue Man é um personagem que tenta perceber quem são as pessoas na audiência, para que servem os objectos à sua volta… é curioso e aberto a ideias. E, através dessa interacção com o público, a ideia é fazer com que também as pessoas fiquem nesse estado de alma. Estamos todos em contacto, tal como em crianças, que somos naturalmente curiosos. Tentamos trazer às pessoas a lembrança dessa forma de ser.

Tiveram algum tipo de treino para ser exactamente como o Blue Man criado por Matt Goldman, Phil Stanton e Chris Wink, fundadores do grupo?
Sim. É interessante dizer “exactamente como esse personagem”, porque cada um de nós é um diferente Blue Man. Quando um dos outros no show interpreta o Blue Man, vai ser diferente de mim. Todos temos de encontrar a nossa forma de estar aliados à tal abertura de mente e ligação às pessoas de que falámos, de ser curiosos, de experimentar. Mas isso vai sempre ser diferente em cada um, por isso não podemos chamar “exacto”. Há muita variação.

Ainda têm relação com os fundadores? Estão presentes diariamente?
Sim, eles são os responsáveis pela empresa e estão envolvidos na criação das novas ideias que chegam ao espectáculo. Phil [Stanton] veio à abertura do show em Singapura e vemo-los diversas vezes. Não quero falar por eles, mas acho que concordam que este trabalho é fruto do amor deles e mantém [os princípios de] como o criaram.

Vocês são três Blue Man em palco. Mas quantos existem nesta digressão?
Somos quatro, na verdade, mas apenas três sobem ao palco. Durante a semana vamos mudando, o que permite uma folga a cada um e também ter um substituto se houver uma lesão ou se alguém ficar doente. Depois temos a banda, que são quatro em palco mas têm dois substitutos. Ao todo, com a crew, somos 26.

Mas há outros grupos a actuar como Blue Man noutras partes do mundo ao mesmo tempo?
Sim, temos espectáculos em Nova Iorque, Boston, Chicago, Las Vegas (que já conta com dez mil espectáculos, o que é incrível), Orlando e Berlim. Mas nós somos os únicos na digressão mundial.

O Meridian é um Blue Man há mais de uma década. Porquê a escolha?
Achei que era algo que se adaptava a mim, em termos da diversidade artística que tem: música, sou formado em piano, representação, sou formado nisso também. E depois adoro a interacção, as pessoas doidas com quem consigo trabalhar. É espectacular. Não esperava estar a fazer isto, depois de tanto tempo, mas estou muito satisfeito que seja parte da minha vida e quero que continue.

Há quanto tempo é Capitão? E como é o trabalho?
Seis anos. Boston, Las Vegas e na digressão norte-americana. E agora nesta digressão mundial. O meu trabalho é ajudar-me a mim e ao resto da equipa a continuar a explorar o que é ser o Blue Man. Não é algo que se faz e já está: temos de continuar a encontrar formas, ao longo do tempo, de ser essa personagem em cada show, como se fosse a primeira vez que o fazemos. Isso exige concentração, mas também que estejamos a divertir-nos.

O espectáculo tem um guião ou é diferente?
Sim e não. Há uma linha orientadora, uma série de eventos que acontecem. Mas é muito dependente da audiência e de como ela interage. Fazemos quase as mesmas coisas, mas há respostas diferentes sempre, pelo que comunicamos – mesmo sem ser por palavras. E depois há sempre uma pessoa do público que trazemos ao palco e, essa, não está definitivamente em nenhum guião, temos de nos adaptar ao que possa vir daí.

Há uma combinação de música, representação, comédia. Ajuda o facto dos Blue Man terem um ‘background’ artístico?

Sim, temos um outro que é actor também, mas fez mais teatro musical, temos outro que é dançarino e um músico. Mas não interessa se há esse background ou não, é mais se é possível à pessoa adaptar-se. Eles ensinam-nos, desde que estejamos prontos a desenvolver essas capacidades.

Tony Aguirre, director musical. Como é que os ajuda a ser o Blue Man?
De diversas formas. Fazemos muitos sons para acompanhar os movimentos deles e muitas das cosias são feitas ao vivo: se um Blue Man atira com algo, ou apanha algo com a boca, salta de uma cadeira, há sons que vão com isso, que alguém faz num instrumento real em tempo real. O que é complicado porque não sabemos o que estes gajos vão fazer ou, ainda pior, o que a audiência vai fazer. Se um membro do público está em palco, temos de estar atentos do nosso “posto”, onde vivemos, para ajudar com os efeitos sonoros. E também temos música, que tocamos às vezes com os nossos fatos cheios de luzes… (risos)

Como é que integrou o Blue Man Group?
Toda a gente integra o grupo vindo de áreas muito diferentes. Temos o exemplo do Meridian, que é um excelente pianista – não sei se ele mencionou isso – (risos). Eu venho de um background de Rock and Roll, durante toda a minha vida toquei esse estilo e integrei o show há uns cinco anos, numa audição em Orlando.

Vocês criam a vossa própria música? É tudo original?
Sim e não. Aquilo que é muito, muito fixe em ser um músico neste grupo é que a nossa música não é de pauta, um livro com notas. Aliás nem sei ler música. O que é espectacular é que toda a gente aprende a forma de tocar um bocado recorrendo à tradição oral: somos contratados e aprendemos as partes vendo, o que implica que haja mudanças e nunca seja igual. Porque cada um adapta. Depois, muita da música que a banda toca é baseada no movimento físico dos actores. Se um Blue Man salta de uma parte para a outra, deixando pelo meio o que era suposto fazer, então temos rapidamente de criar algo para preencher essa acção. Às vezes criamos 16 barras de música num espaço onde não havia nada. E fazemos isso todas as noites. Podemos improvisar, mas dentro do estilo do Blue Man, dentro do universo.

O que é que o Tony toca na banda, além de a liderar?
Cordas: guitarras e alguns outros únicos instrumentos. Um deles é a Zether eléctrica (instrumento comummente utilizado para o estilo Folk no século XIX) e outro é o Chapman Stick (instrumento da família da guitarra criado nos anos 1970). Todos os instrumentos são baterias ou instrumentos de corda. Usamos muitos efeitos para criar sons interessantes necessariamente não vão ser os sons a que estamos habituados a ouvir destes instrumentos específicos.

Meridian, tanto tempo no Blue Man Group, tem de haver uma história engraçada que o tenha marcado.
Há tantas coisas engraçadas, como pessoas que deixam o palco a correr, o que é mau dizer porque não quero que tenham medo de ir lá acima (risos). Mas tenho uma, de uma senhora de idade que estava sorridente e atenta e eu escolhi-a para ir ao palco. Passei dez pessoas para lá ir ter mas não me apercebi até chegar ao pé dela que era muito frágil. Arrisquei e, devagarinho, levantei-a. Uma senhora que estava com ela levantou–se também para a ajudar e, muito devagar, caminhamos em direcção ao palco. Mas foi tão devagar numa parte que era para ser rápida, que estava tudo em suspense. A nossa equipa maravilhosa, sempre a pensar à frente, preparou mais um lugar na mesa, algo que não é comum, para a acompanhante da senhora. Foi a primeira e única vez que tivemos duas pessoas no palco. Foi maravilhoso, a audiência estava em suspense a ver o que ia acontecer e foi fantástico. Apesar do espectáculo ser mais longo que o costume (riso).

Para as pessoas que ainda não viram o vosso espectáculo, o que lhes podemos dizer?
Meridian: Uma das coisas que tem de fazer se vive aqui ou se está cá de férias é vir ver o nosso espectáculo, não perca a oportunidade. Prometemos muitas gargalhadas e um tempo bem passado. Asseguro que vão estar de pé no final, com os braços no ar a divertirem-se imenso. Não percam.

Tony: Pessoas boas de Macau, venham por favor ver o espectáculo. Vai ser, prometo, a melhor noite que alguma vez passaram num teatro. De sempre.

Em busca do sentido da vida

Matt Goldman, Phil Stanton e Chris Wink decidiram há 25 anos que iriam fazer da sua vida “uma com sentido”. Resolveram seguir os seus impulsos criativos, que acabaram por dar origem à criação de uma personagem azul. Tinha nascido a companhia que actualmente é conhecida por Blue Man Group e que veio a desenvolver-se num pequeno teatro de Nova Iorque. Hoje, são uma companhia à escala global e premiada com os mais prestigiados galardões do entretenimento. A vida e obra do grupo do homem azul corre os palcos do mundo e os seus espectáculos já foram vistos por mais de 35 milhões de pessoas em cerca de 15 países.

25 Ago 2016

Xi Jinping reorganiza exército e prevê despedimento de milhares de efectivos 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Pequim está a reestruturar as forças armadas e vai reorganizar os seus 1,55 milhões de efectivos nas Forças Terrestres do Exército de Libertação Popular (ELP) com o objectivo de aliviar a estrutura militar e melhorar a capacidade de combate em guerras modernas. Com este plano vários milhares de efectivos serão afastados. Este era um assunto até agora, intocável, mas desde a subida ao poder de Xi, a reforma é mesmo para avançar.
Segundo avançou ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP), o ELP, que conta com as maiores Forças Terrestres do mundo, irá transformar as suas 18 divisões actuais em “25 ou 30”. O plano deve incluir o despedimento de dezenas de milhares de efectivos, pelo que deverá encarar resistência dentro do ELP, refere o SCMP, que cita fontes próximas das Forças Armadas chinesas. Trata-se de mais um passo na reforma do Exército, anunciada no ano passado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e que inclui a redução de 300.000 efectivos, entre outras medidas.

Mais eficaz

Xi Jiping que chefia também a Comissão Militar Central (CMC), o braço político do ELP, quer que a reforma esteja completa em 2020. Desta forma, o Executivo chinês espera eliminar, aos poucos a estrutura soviética do ELP, tornando-a mais ligeira, rápida e funcional, enquanto moderniza as forças navais e combate a endémica corrupção dentro do Exército. Considerada intocável até há pouco tempo, desde que Xi ascendeu ao poder, em 2013, dois ex vice-presidentes da CMC foram já investigados por corrupção: Guo Boxiong, que foi sentenciado com prisão perpétua, em Julho passado, e Xu Caihou, que faleceu devido a um cancro, no ano passado, antes de ser julgado.
A reforma ocorre numa altura em que a China se revela mais assertiva no Mar do Sul da China, onde mantém disputas territoriais com vários países vizinhos, e aumenta a influência militar em África e no Médio Oriente, após décadas em que adoptou uma política de “não interferência”.

25 Ago 2016

Mísseis | Pequim contra programa nuclear da Coreia do Norte

A Coreia do Norte continua a testar o programa de desenvolvimento de mísseis próximo dos países vizinhos. Desta vez foi o Japão que denunciou a entrada de um engenho na sua zona de identificação aérea. Há uns meses foi a vez da Coreia do sul reclamar. A China já repudiou publicamente estes actos e voltou a mostrar “solidariedade” com os dois países em causa. Em Março o governo de Pequim já havia acordado com um pacote de sanções aprovado por maioria na ONU

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China é contra o programa nuclear e de desenvolvimento de mísseis norte-coreano, afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros, horas após Pyongyang ter testado o lançamento de um míssil balístico na direcção do Japão. “A China opõe-se ao processo de desenvolvimento de capacidade nuclear e de mísseis, pela Coreia do Norte, e é contra acções que geram tensão na península coreana”, afirmou Wang aos jornalistas, após um encontro com os seus congéneres da Coreia do Sul e Japão, em Tóquio. Referindo-se à resolução aprovada em Março pelas Nações Unidas, que condena as acções militares da Coreia do Norte, incluindo o lançamento de mísseis, Wang acrescentou que “a China é contra qualquer acção que viole a resolução 2270 do Conselho de Segurança da ONU”.
A China é o aliado mais importante da Coreia do Norte e é responsável por 90% do comércio externo daquele país. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como “unha com carne”, mas a China tem assumido publicamente, um distanciamento face ao comportamento do líder daquele país.

Acto “imperdoável”

O míssil balístico lançado ontem pela Coreia do Norte, a partir de um submarino, entrou na zona de identificação aérea do Japão pela primeira vez, denunciou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. “Esta é a primeira vez que um míssil da Coreia do Norte foi lançado a partir de um submarino para a zona de identificação aérea do nosso país”, disse Abe aos jornalistas, de acordo com a televisão pública NHK. O mesmo responsável qualificou o acto de “imperdoável”, considerando que constitui uma “grave ameaça” para a segurança do Japão e indicou que, apesar de ambos os países não manterem relações diplomáticas, Tóquio apresentou o seu protesto formal a Pyongyang através da sua embaixada em Pequim.
O míssil caiu em águas que correspondem à zona de identificação aérea (ADIZ), área em que o Estado titular da mesma exige identificação às aeronaves estrangeiras que a atravessem.

Gigantes de acordo

À margem da Cimeira de Segurança Nuclear, que teve lugar em Washington, em Abril, Barack Obama e Xi Jiping acordaram unir esforços face à ameaça nuclear da Coreia do Norte, que já na altura, havia testado um novo míssil próximo da Coreia do Sul.
Concordam em discutir formas “de desencorajar as acções com os testes mísseis nucleares que fazem escalar tensões na área e que violam as obrigações internacionais”, disse Obama. Por sua vez Xi, citado pela agência estatal chinesa Xinhua declarou que espera que todos os envolvidos implementem de “forma completa e estrita” o novo pacote de sanções ao regime de Kim Jong-un, recentemente aprovadas pelo Conselho Geral da ONU com o aval da China. Depois da reunião ao mais alto nível ter acontecido, foi a vez do Ministro dos Negócios Estrangeiros ter afirmado à imprensa que foi “uma conversa cândida e aprofundada e alcançaram um importante consenso”. Depois deste “acordo” Pyongyang tem continuado a fazer demonstrações da sua capacidade bélica.

Sanções pesadas

O pacote de sanções imposto à Coreia do Norte foi discutido no Conselho de Segurança das Nações Unidas e aprovado por unanimidade, em Março deste ano. Daqui resultaram restrições ao comércio, importação e exportação de matérias-primas, obrigação de inspecção de cargas provenientes e com destino a Pyongyang e sanções económicas pesadas contra bancos coreanos. Sanções diplomáticas e um embargo total à venda de armas ligeiras fazem parte deste pacote classificado por Samantha Power, embaixadora norte americana na ONU, “Como as mais severas medidas impostas pela ONU em 20 anos”. Antony Blinken, secretário de Estado adjunto dos EUA disse que as medidas “deixam uma mensagem forte e clara ao regime Norte coreano”. Mensagem essa que parece não tirar o sono nem demover das suas intenções de Kim jong-un que continua a atacar os vizinhos Japão e Coreia do Sul.

25 Ago 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | O homem sem rosto

[dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap] teu silêncio será de ouro e poderá salvar-te. Silêncio absoluto. Nem respires.” Foi com estas palavras que a “Viúva” acabou a sua história, que compreendo agora ser sobre o seu encontro com o pai do seu filho. E que o seu filho era o teu amante. Qual é mesmo o nome dele? Chaoxiong? A seguir enfiou-me neste quarto, amordaçado, deixando-me a porta aberta com perfeita colocação para ver tudo o que entretanto está a fazer a uma outra das suas vítimas. E, se existia esta angústia de não saber o que vai ela fazer comigo e que jogo começou, entretanto tudo é agora mais estranho. Ela conseguiu encontrar um acidente de trajecto na minha vida. Uma empregada de um bar com quem eu num momento de desespero cometi um erro. Um erro que nunca mais consegui remediar. A partir daí decidi deixar tudo no passado. Desculpa Daphne se nunca te falei nela. A verdade é que agora neste momento parece que não podemos deixar nada no passado porque o passado volta sempre sem que o desejemos. Sim, é verdade, menti-te. Existiu um grande amor antes de ti. Um amor que se estragou por incompetência minha. E não restou nada. Talvez até pudéssemos ter ficado bons amigos. Mas não foi fácil para mim. Com a pressão de ser um dos que eram chamados “filhos da terra” que muitos privilégios acumulavam. Com a pressão dos meus pais, extremamente tradicionais em muitos dos valores de definição do que esta cidade era ou devia ser, para que eu fosse fazer um mestrado em economia e política nos Estados Unidos. Futuro desenhado, que cumpri sem nunca lhes ter dito que o que eu queria realmente ser era realizador de cinema. Não foi fácil para um jovem adulto com 21 anos apaixonar-se por uma rapariga da China continental, levemente mais velha, que eles consideravam não ter futuro. Foi uma relação a que sempre se opuseram. E eu deixei-me contaminar e não lutei. Como se estivesse destinado a ser para todo o sempre inapto para a vida.

Tudo começou na inauguração de um Casino qualquer. Ali estava ela a abrir as portas das salas VIP para os jogadores entrarem. Eu senti aquele olhar. Um olhar com a curiosidade de um potencial caso de amor. Não existiu nada de platónico na nossa relação. Quase de imediato estávamos a ir jantar fora e encontrarmo-nos aqui e ali. Será que a memória me atraiçoa? Na minha cabeça faço um esforço para não imaginar o que imagino. Mas, agora neste momento, acabo sempre a rever aquela relação como a mais perfeita de todas. Uma relação real. Um real cheio de sorrisos e cumplicidades. Apercebo-me agora que tu serviste como uma aproximação e que me relacionei contigo através do reino silencioso da imaginação. Desculpa…. Aos dez anos de idade lembro-me que ainda não tinha nenhuma imagem concreta do que é que significa ter sexo. Tudo o que queria das miúdas era que elas segurassem a minha mão. Queria apenas encontrar um lugar onde pudesse ficar sozinho com elas. Mas isso também não era permitido. Os adultos nunca se sentiram confortáveis com essas situações. Não sei se foi por isso que comecei a olhar para raparigas levemente mais velhas. Com elas não havia esse problema. A minha cobardia já com essa idade se revelava. Com uma rapariga mais velha eu sentia-me sempre mais protegido. Não sei. Tudo é um pouco confuso. Sei que agora tudo é diferente. Sinto as coisas de modo diferente. E não sei porquê. Gostava de poder voltar a encontrá-la para lhe dizer algo. Pelo que a “Viúva” está a dizer ela é a filha que abandonou em bebé. As peças do puzzle começam a encontrar o seu lugar correcto. Gostava de a encontrar e dizer-lhe qualquer coisa fora do normal que me fizesse esquecer a minha cobardia. Fui cobarde com ela. Fui cobarde contigo. Sou cobarde agora que te vejo, como um fantasma, aqui à volta e falo contigo como se tudo no mundo dependesse apenas do meu bem estar. Fui cobarde e egoísta. Gostava de a encontrar e ter coragem para lhe sussurrar todos os segredos. Do mesmo modo como sussurro para ti que, percebo agora, não passas de uma construção mental minha. Desculpa-me Daphne. Mas sim. Amei-a como não amei ninguém. E destrui tudo. Porque assim estava destinado. Porque sou fraco. Quando terminámos e eu sai da casa onde fui mais feliz os olhos dela foram água. Naquele momento toda a profundidade e brilho que conheci antes havia desaparecido. Muitas vezes parece-me como algo que aconteceu num sonho. Será que aconteceu mesmo? Está ainda muito presente em mim aquela sensação do toque na pele dela. Sabes por vezes parece que a felicidade não nos altera. Será que a tristeza o faz? Pensa na coisa mais triste da tua vida.

A coisa mais triste da minha vida sou eu próprio. O que aconteceria se eu parasse de confiar nos meus pais e tivesse confiado no amor? Porque continuo a lamentar as minha atitudes, ou, mais precisamente, a minha falta de acção? Abutres. Gostava de, finalmente, poder pensar nas palavras que tenho para lhe dizer. Já deveria ter falado com ela. Mas o que é que lhe deveria ter dito? Não teria sido tão difícil se a tivesse procurado quando voltei e lhe tivesse dito o que sentia. O que sinto. O que sinto agora enquanto oiço a “Viúva” a falar dela. Como o coração bate rápido. Se ao menos tivesse encontrado uma outra oportunidade. Se tivesse mais coragem. Mas isso parece impossível. E agora as oportunidade parecem perdidas para sempre e não sei o que fazer. Agora sou a parte negra de mim. Agora sou a morte. Apenas com o amor conseguimos criar a ilusão de que não estamos sós. Mas agora percebo que se calhar não tinha 21 anos. Se calhar tudo isto aconteceu no ano passado. Todas estas mulheres malditas com nomes ridículos que existiram no meio dela e de ti. Com sorrisos cativantes. Jovens. Se calhar tudo isto foi no ano passado. Parece-me agora que elas foram sempre mais novas. Que ela era muito mais nova do que eu. Não tens mais nenhum lugar para estar Daphne? Num mundo completamente são não é a loucura a verdadeira liberdade? Como é que a voz consegue alguma vez articular as emoções mais escondidas dentro de nós? Será que o silêncio tem uma presença? E o que é que significa? Ninguém sabe realmente o que está a fazer aqui. Para o que veio. O que lhe está destinado. Porque estamos todos tão absorvidos com a nossa presença? Porque vejo sempre este homem velho a acenar para mim e eu a acenar de volta? Talvez se esta cidade não estivesse sempre debaixo de um capacete. Talvez assim a felicidade fosse possível. Se existisse um pouco mais de sol durante o ano.

“Sunny / Yesterday my life was filled with rain / Sunny / you smiled at me and really eased the pain / Now the dark days are gone, and the bright days are here / My sunny one shines so sincere / Sunny one so true, I love you / Sunny / Thank you for your sunshine bouquet / Sunny / Thank you for the love you brought my way / You gave to me your all and all / And now I feel ten feet tal / Sunny one so true, I love you / Sunny / Thank you for the truth you let me see / Sunny / Thank you for the facts from A to Z / My life was torn like wind-blown sand / And a rock was formed when you held my hand (oh Sunny) / Sunny one so true, I love you / Sunny / Thank you for te smile upon your face / Sunny / Thank you, thank you for the gleam that shows its grace / You’re my spark of nature’s fire / You’re my sweet complete desire / Sunny one so true, yes I love you. 1

1. Sunny de Bobby Hebb.

25 Ago 2016

Direito de Resposta do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência da publicação de um artigo de opinião publicado na edição do Hoje Macau, do dia 23 de Agosto, entende este gabinete prestar alguns esclarecimentos relativamente à deslocação do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura ao Brasil entre os dias 3 e 8 deste mês.

1. Sabemos há mais de 20 anos, das dificuldades inerentes ao desejo de sermos acolhidos na família olímpica. Macau não era membro do Conselho Olímpico Asiático e em Dezembro de 1988 conseguiu-o. O comprometimento público para com a causa olímpica, manifestamente demonstrada na construção de infra-estruturas, nas políticas para os atletas mas também na organização de eventos desportivos internacionais cuja capacidade organizativa, foi e é recorrentemente reconhecida, permite-nos acreditar que vale a pena prosseguir com aquela pretensão. Estamos naturalmente conscientes das dificuldades que a sua concretização acarreta nomeadamente do facto de dependermos de um conjunto de boas vontades dos membros do Comité Olímpico Internacional e também porque outros territórios chineses, como é o caso de Hong Kong e Taiwan, já fazem parte da família olímpica.

2. Macau, desde 2009, preside à Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP), o que revela bem a importância que a RAEM assume naquela organização. Aliás, esta presidência confere a Macau um prestígio e uma dimensão que ultrapassa largamente a pequena dimensão geográfica ou demográfica que, na verdade, a nossa região representa.

3. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura deslocou-se ao Rio de Janeiro após ter recebido um convite para, no âmbito da organização das olimpíadas, presidir a um jantar com os membros da ACOLOP, representados ao nível ministerial, como foi o caso do Brasil ou de Cabo Verde, ou ao nível dos comités olímpicos nacionais dos membros daquela organização. Neste contexto, o Doutor Alexis Tam foi, também, convidado para assistir à cerimónia de abertura e a visitar algumas instalações desportivas.

4. A República Popular da China, tal como a grande maioria dos países e regiões presentes, fez-se, igualmente, representar ao nível ministerial, de vice-ministro e ao nível de director-geral.

5. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, seguiu aliás uma tradição que já remonta ao tempo da administração portuguesa, onde a Administração se fazia representar também ao nível de membro do governo e considera que a sua curta presença no Rio serviu para estreitar laços de cooperação, não apenas com os membros da ACOLOP mas também com os dirigentes desportivos da República Popular da China.

6. A presença nos Jogos Olímpicos, ainda que ao nível político, porque o desportivo nos está vedado por não sermos membros do COI, ajuda a projectar a imagem de Macau e a aprofundar as relações de cooperação com outros países. Aliás, só assim foi possível conhecer, em particular, as medidas adoptadas pelo governo do Brasil relativas à segurança em grandes eventos desportivos, como são realizadas as acções de controlo antidoping, como são estabelecidos os protocolos de transportes de e para os locais dos eventos, e num âmbito mais político, como foram definidas as políticas do governo brasileiro na formação dos atletas que participaram nestas olimpíadas. Por outro lado, no âmbito da saúde pública e preventiva, dos atletas, foi também possível compreender, in loco, como é que a organização brasileira dos Jogos Olímpicos lidou com as medidas para evitar a propagação e proliferação de mosquitos que provocam a doença pelo vírus Zika.

7. Recorde-se ainda que o Governo Central confiou à RAEM a prestigiante tarefa de estabelecer uma plataforma entre a República Popular da China e os países de língua portuguesa. Este desiderato só é possível através da aproximação entre os países e através do estreitamento das relações pessoais e institucionais que se estabelecem entre os governantes. Daí que estes encontros internacionais, além de propícios, sejam fundamentais para o êxito dos desígnios que nos foram confiados.

8. Refira-se, ainda, que a qualidade das infra-estruturas desportivas existentes em Macau, mercê do grande investimento do Governo, continua a ser reconhecida e recordada por várias equipas olímpicas que por aqui passaram aquando da preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Disso nos deram conta. Daí que todo o trabalho efectuado pelo Governo em prol da evolução do Desporto deva ser contínuo e promovido a todos os níveis. Continuamos a acreditar que a construção do centro de alto rendimento permitirá dotar a cidade de uma infra-estrutura fundamental para a melhoria da qualidade dos nossos atletas.

9. Por último: Macau terá um atleta no Rio de Janeiro, nos Jogos Paraolímpicos que decorrem no próximo mês de Setembro. Desde 1988 que a RAEM faz parte do Comité Paralímpico Internacional e participa desde então, naquela competição. É de toda a justiça reforçar e relembrar que o Governo de Macau decidiu, em 2016, igualar o prémio monetário atribuído aos atletas sejam eles portadores de deficiência ou não. No desporto também seguimos o lema olímpico: Queremos ser mais rápidos, mais altos e mais fortes.

25 Ago 2016

Ubermón, Go !

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Exmo. Sr. Secretário para a Segurança da RAEM (também conhecido entre os meios marginais por “manda-chuva da chibaria) veio manifestar a sua “preocupação” com o aumento dos casos de criminalidade violenta em Macau. Preocupação que manifestou em seu nome e das Forças de Segurança em geral, sugerindo que se trata de um problema a que convém dar alguma atenção, pois a inacção é comprovadamente mais eficaz em casos de aguaceiros ou neblina matinal – a criminalidade violenta não “passa” se a ignoramos. Mas lá estou eu outra vez a conjecturar recorrendo apenas ao senso comum, algo que em Macau é tão abundante como a neve em Julho. O problema é que esta “criminalidade violenta” a que o sr. Secretário se refere tem o senão de estar directa ou indirectamente ligada ao sector do jogo, e aí, alto e pára o baile, que com a tropa não se manga, e pouco importa que esteja aí a jorrar sangue e precise urgentemente de aceder hospital mais próximo – a vaca sagrada resolveu deitar-se na estrada, e só saímos daqui quando ela quiser.
Neste particular, entende-se por “criminalidade violenta” os crimes de sequestro, cárcere privado, e todos os demais afluentes desse grande rio que dá pelo nome de “agiotagem”. Fulano empresta um milhão a um pobre diabo que se deixou escravizar pelo vício do jogo, este promete devolver-lhe o quíntuplo dessa quantia “quando ganhar”, e depois é o que se sabe. Eu desconfio que estes malandrins tiram algum tipo de prazer mórbido desta neurótico empreitada. Quer dizer, é preciso ser idiota “muito acima dos cem por cento” para acreditar que este “investimento” virá a trazer o retorno inicialmente acordado entre as partes. Para mim isto é gente sádica, que faz do rapto, da tortura, da chantagem e do homicídio um fetiche, e cujo libido se alimenta dos prantos dos familiares das suas vítimas, a quem ceifam a vida com a mesma indiferença que um funcionário das finanças carimba uma declaração de rendimentos. É um mundo que não interessa mesmo nada conhecer.
Pois é, muito comovente, sim senhor, mas mexer neste vespeiro não se recomenda, e é mau para o negócio. E depois como ficava o combate a esse flagelo ainda maior que dá pelo nome de – e certifiquem-se de que não estão crianças por perto quando estiverem a ler isto – UBER! Compreendo e resigno-me caso o jornal opte por censurar esta obscenidade criminosa que acabei de digitar. Até porque não existe legislação que me autorize a escrever “UBER” num jornal diário, ou uma lei que permita a este publicá-la, portanto bem vistas as coisas, é possível que estejamos a incorrer de um ilícito criminal grave. Lembram-se da tal vaca sagrada mencionada mais acima neste texto, e da sua vontade soberana? Ah pois. Então é ilegal ou não? Como ficamos? Perguntem-lhe.
Só pode ser mesmo o Jackpot dos crimes, este de fornecimento de serviço de transporte de táxi sem licenciamento, olhando aos meios humanos que as autoridades investem neste “combate”. Os “mas” é que são de perder a conta, a contar pela própria atribuição de competências; se a UBER está a cometer um crime económico, não caberá antes aos Serviços de Economia determinar a legalidade ou a falta dela, e fazer a respectiva fiscalização? E se realmente se trata aqui de um ilícito criminal “de chapa”, que tal chamar um carro da UBER, confirmar com o próprio motorista que se trata dessa companhia, e depois é só engavetar o biltre, que havia acabado de confessar o seu hediondo crime naquele momento. Dá para imaginar os meios logísticos empregues pelas autoridades para que tenham identificado 286 (!) casos de “transporte ilegal” em dez meses? Suspeito que estes números podem ficar aquém do número de taxistas autuados nos últimos seis ou sete anos. Enquanto no restante mundo civilizado se apanham “Pokemons”, aqui em Macau o entretenimento da polícia é o “UBERMÓN, GO!”.
E agora circulam rumores de que a UBER poderá cessar as suas operações em Macau já a partir do próximo mês, pois os mais de dez milhões de patacas dispendidos em multas não são propriamente um estímulo ao investimento (esta “curiosidade” fez manchete na edição de segunda-feira no Diário de Notícias, pasme-se!). E nunca em circunstância alguma a companhia em questão se propôs a substituir o serviço de táxis, ou se apresentou como alternativa: era apenas “mais um serviço”, como existem outros de transporte privado para além dos táxis.
Assim como estamos, o melhor mesmo é deixar andar a carroça, e pouco importa que um burro esteja cego, outro manco, e outro ainda especialmente inactivo já há alguns dias, e aquele afluxo de moscas à sua volta muito maior que as habituais duas ou três não auguram nada de bom. Até imagino como seria um encontro entre um agente da autoridade e um “criminoso violento”.

– O meu amigo está aqui para à espera de alguém? E de quem, pode-se saber?
– Concerteza, sr. agente. Estou à espera que uma das minhas tipas me venha entregar a massa que angariou hoje no “ponto”, para emprestar a um pobre pateta viciado na jogatina, com juros de 10 000%.
– Ai sim, mas não está à espera de nenhuma viatura com a aplicação da UBER…ou não opera você próprio com recurso a essa aplicação, pois não?
– Eu? Na. A minha área tem mais a ver com a usura, o sequestro, a extorsão, chantagem, tráfico de estupefacientes. Olhe, trafico pessoas também, quando calha.
– Sim senhor, um empresário e pêras! Não o atrapalho mais, e desculpe o incómodo de lhe ter feito perder o seu tempo – tempo é dinheiro. Mas já agora, como bom cidadão que é, fique de olho nesses tipos da UBER. Não vão eles querer levar ao aeroporto alguém que esteja prestes a perder o avião por não conseguir encontrar um táxi. A lei é para se cumprir, ora. E a não-lei…depende.

25 Ago 2016

Itália | Sismo deixa rasto de destruição na região de Perugia

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a madrugada de quarta-feira a região centro de Itália foi assolada por um violento sismo de magnitude 6,2 na escala de Richter. O abalo deixou um cenário de destruição em várias localidades de Perugia. Com o epicentro a dez quilómetros de profundidade, foi sentido na capital, Roma, a mais de 150 quilómetros.
O número de vítimas mortais não pára de aumentar. Até ao fecho desta edição havia 38. Equipas de resgate encontram-se no terreno e governo disponibilizou contingente especial. O relógio registava exactamente 15h36 quando a região de Perugia foi sacudida pelo sismo. Várias réplicas se seguiram – de 5,5 e 4,6 e 4,3 – acabando por deitar abaixo o que tinha resistido aos cerca de 20 segundos que durou o abalo.

Povoações isoladas

As cidades mais afectadas são Accumoli, Amatrice, Posta e Arquata del Tronto e as primeira vítimas registadas foram um casal de idosos cuja casa em Pescara del Toro, na região de Marcas, ruiu logo após o primeiro abalo, de acordo com a imprensa italiana. “Não temos luz, nem telefones”, afirmou Stefano Petrucci, o autarca de Accumoli, localidade com um hotel onde se suspeita haver turistas bloqueados.
O facto do sismo se ter registado durante a madrugada não permitiu às primeiras horas do dia ter uma ideia clara da dimensão do acidente. “Agora que há luz do dia, vemos que a situação é mais terrível do que temíamos, com edifícios que colapsaram, pessoas debaixo dos escombros e nem sinal de vida”, acrescentou.
Outra das localidades afectadas é Amatrice que fica numa região montanhosa, pelo que a possibilidade de haver deslizamentos de terra é grande. A cidade tem cerca de 2800 habitantes. Na região de Lácio, a zona é das mais atingidas pelo forte sismo, tendo Sergio Pirozzi, autarca da cidade, referindo que “metade da cidade desapareceu” . “Não há estradas de acesso à cidade, a povoação está praticamente isolada, por isso quem vier para cá tem de encontrar uma via alternativa. Há zonas que deixaram de existir. Estamos a tentar desimpedir outras vias para deixar circular os veículos de emergência.”

Exército no terreno

O governo italiano está a acompanhar a situação tendo o Ministro das Infra-estruturas, Graziano Delrio, visitado a região atingida. Foram também mobilizados meios de socorro de Roma para prestar auxílio a toda a região devastada. O exército também está no terreno com um contingente especial e participa nas operações de salvamento e resgate, juntamente com os bombeiros e grupos de voluntários.
A polícia está em força nas ruas, não apenas para prestar apoio mas para prevenir situações de roubo ou pilhagem nos edifícios afectados pelo sismo.
Num comunicado feito pelo Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT), foi dado conta que este organismo está a acompanhar a situação. “Das informações recolhidas, não há indicações de que grupos de excursão de Macau ou residentes de Macau tenham sido afectados.”

25 Ago 2016

Hengqin | Empresa de Chan Chak Mo poderá pagar multas diárias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Future Bright Holdings, empresa do sector da restauração e imobiliário da qual o deputado indirecto Chan Chak Mo é o principal accionista, corre o risco de ter de pagar ao Comité Administrativo de Planeamento e de Terras da Nova Zona de Zhuhai multas diárias no valor de 628 mil yuan, caso fique provado que não conseguiu cumprir os objectivos constantes no contrato ligado ao projecto na Ilha da Montanha.
Segundo um comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a situação deve-se ao pedido feito pela empresa para a extensão do tempo dos marcos de desenvolvimento da nova zona, feito em Julho do ano passado. O Comité alega “uma possível violação do contrato de venda do terreno em causa”, devido à alegada “incapacidade” da Future Bright Holdings em “obter a licença para realizar os trabalhos de fundações até primeiro marco de desenvolvimento, 28 de Novembro de 2015”. O comunicado refere que as autoridades de Zhuhai aconselham a empresa de Chan Chak Mo a fazer um novo pedido.
As multas poderão ser evitadas caso fique provado que o atraso se deva a “razões de força maior ou governamentais”. A Future Bright explica que já fez um novo pedido de autorização e nega a violação contratual, frisando que os atrasos devem aos “prolongados contactos feitos entre o Grupo e vários departamentos do governo de Zhuhai”. Os problemas do terreno são ainda uma das causas apontadas.
No comunicado enviado à Bolsa de Valores, a Future Bright garante que os trabalhos de construção das fundações deverão ficar concluídos “em breve”, sendo que “os trabalhos de construção poderão ficar concluídos na segunda metade de 2017”.

Outras culpas

Na área do imobiliário, a empresa sediada em Hong Kong registou algum abrandamento por culpa da diminuição de algumas rendas cobradas em edifícios sediados em Macau. No total, houve uma perda de 6,6%, 14,1 mil milhões de dólares de Hong Kong, em parte devido à redução da renda do edifício comercial de Macau, localizado na ZAPE.
“O investimento no mercado imobiliário tem estado sujeito à pressão da redução das rendas devido ao abrandamento da economia de Macau, e houve arrendatários que começaram a pedir uma redução da renda. O investimento na área do imobiliário manteve-se estável neste período, com ganhos constantes das rendas dos edifícios Macau Commercial Building”, sem esquecer a Casa Amarela, localizada junto às Ruínas de São Paulo. A empresa registou lucros de 12,7 milhões de dólares, menos 3,8%.

25 Ago 2016

Lei Tabagismo | Au Kam San teme “abandono” do diploma

O deputado Au Kam San teme que o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo se transforme numa lei esquecida no fundo da gaveta da Assembleia Legislativa, por culpa dos interesses instalados

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]inalizada mais uma sessão legislativa no hemiciclo, restam ainda concluir as análises na especialidade de dez propostas de lei, distribuídas por três Comissões Permanentes. Uma delas é o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo.
Em declarações ao Jornal do Cidadão, o deputado Au Kam San teme que este diploma acabe por ficar esquecido na Assembleia Legislativa (AL) e que a sua votação fique eternamente adiada, por estarem em causa diversos interesses instalados na sociedade. De lembrar que já várias associações, uma delas ligada ao deputado Zheng Anting, têm vindo a exigir ao Governo a manutenção das salas de fumo nos casinos, algo que a lei quer abolir na totalidade, por temerem uma maior quebra nas receitas do Jogo.
Au Kam San alertou ainda para o facto de existirem mais diplomas cuja votação tem sido adiada, os quais não contêm, a seu ver, questões polémicas. O deputado não vê, por isso, razões políticas que possam interromper a sua aprovação.
Au Kam San disse também que, limitada pela Lei Básica, a AL não tem liberdade na realização dos trabalhos legislativos e que a sua agenda está dependente das propostas de lei apresentadas pelo Governo.
O deputado lembrou que, nos últimos anos, foram vários os presidentes do hemiciclo que falaram da falta de comunicação com o Executivo, sendo que não existe nenhuma preparação ou planos provisórios antes da entrega dos projectos de lei. Quanto ao progresso dos trabalhos legislativos, é passivo, disse Au Kam San.
“Quanto à legislação, por enquanto nada vai conseguir mudar a situação”, disse o deputado, que defende o estabelecimento de um novo mecanismo de comunicação para que agenda dos trabalhos legislativos possa ser mais clara.
Em Julho de 2015, Chan Chak Mo, presidente da 2.ª da Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), disse precisar de um ano para ter pronto o parecer sobre o diploma que revê o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo. Dez meses corridos, o HM questionou a AL e os deputados diziam que esta revisão não tem sido prioritária. Para o deputado Ng Kuok Cheong, que falou ao HM na altura, e também membro da Comissão que avalia a revisão à lei, não há dúvidas: poucos são aqueles que querem que esta “revisão vá para a frente”. O colega de bancada de Au Kam San disse mesmo que a “AL está a atrasar os trabalhos até levar a que a proposta caia

Sistema novo

Ao jornal chinês, o deputado do campo pró-democrata referiu que é necessário um novo regime que possa resolver a “incapacidade” que a AL tem em supervisionar as contas públicas.
Na perspectiva de Au Kam San, existe uma óbvia lacuna no sistema de finanças públicas e a AL é incapaz de fazer uma supervisão, referindo ainda que o Governo não quer discutir os orçamentos de grandes projectos nem as despesas adicionais.
Quanto à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, Au Kam San frisa que só tem capacidade para questionar o Governo em casos específicos, não conseguindo acompanhar em pleno os gastos públicos.

24 Ago 2016

Fabricante ferroviário chinês recebe mais 126% de pedidos do estrangeiro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]CRRC, o maior fabricante chinês de material ferroviário, recebeu mais do dobro de pedidos do exterior, no primeiro semestre de 2016, face ao mesmo período do ano passado, consolidando a posição da China no sector.
No total, o grupo recebeu 14.880 milhões de yuan em encomendas, nos primeiros seis meses do ano, uma subida de 126%, em termos homólogos, anunciou ontem a empresa em um comunicado enviado à bolsa de Xangai.
Entre os contratos fechados pela CRRC encontra-se a venda de 846 carruagens de metro para a cidade de Chicago, nos Estados Unidos da América, no que supõe um recorde nas exportações da China para os países desenvolvidos.
O grupo acordou também fabricar 56 locomotivas movidas a diesel para o Quénia, 96 carruagens de metro para a Tailândia e outros 76 para a Índia, entre outros pedidos.
A expansão da procura internacional contribuiu para aumentar os lucros da empresa em 2,04%, no primeiro semestre de 2016, face ao mesmo período do ano passado, assinalou o comunicado.
O CRRC é o resultado da fusão, no ano passado, dos dois maiores fabricantes de material ferroviário da China, visando competir no mercado mundial de comboios de alta velocidade.
País com a maior rede de alta velocidade ferroviária do mundo – 19.000 quilómetros – a China tem apostado num modelo de tecnologia avançada e baixos custos para aumentar as exportações no sector.

24 Ago 2016

Arte | Competição criativa da Sands desafia a olhar passado e presente

Chama-se Concurso de Arte Criativa e é uma iniciativa do grupo Sands que pretende levar os cidadãos a pensar e a expressar Macau através de qualquer forma de arte. As inscrições abrem hoje e vão até dia 23 de Outubro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]grupo Sands arranca hoje com um concurso para avaliar as várias expressões de arte locais. A iniciativa conta com a participação de associações locais ligadas às artes e com o apoio do Instituto Cultural (IC) e da Direcção dos Serviços de Turismo (DST).
O “Concurso de Arte Criativa” tem por objectivo contribuir para o desenvolvimento de várias expressões artísticas e dar continuidade à iniciativa governamental de diversificar e promover o desenvolvimento industrial. Todos os residentes podem participar com vários trabalhos e as candidaturas podem ser entregues até 23 de Outubro.
O tema deste concurso é “O passado e o presente de Macau” e os trabalhos podem ser apresentados em qualquer suporte. Fotografias, pinturas, esculturas e trabalhos em 3D: não há limites para a apresentação de trabalhos criativos e podem ser feitos em nome individual ou em grupo.
Os formulários de candidatura podem ser descarregados no site da Sands, bem como nos dos hotéis do grupo. Todos os residentes podem participar e há prémios para todos os participantes, sendo que o primeiro classificado, com o Trophy plus, recebe 20 mil patacas. O valor total entregue em prémios é de 150 mil patacas.

Pompa e circunstância

Os trabalhos serão expostos entre 25 de Novembro e 26 de Dezembro. Haverá também uma gala para entrega de prémios. O grupo decidiu criar um prémio específico em todas as categorias, para os trabalhos cujo tema seja o Parisian Macao, o novo resort da operadora no Cotai com inauguração prevista para 13 de Setembro.
O painel de jurados será composto por nomes de vários quadrantes do mundo das artes de Macau e do exterior.
Durante a conferência de imprensa no Venetian, ontem, foram convidados vários representantes das entidades envolvidas nesta organização que se juntaram pela primeira vez na realização deste concurso. “Olhar Macau e perceber o que mudou nos últimos tempos, valorizar a arquitectura e o espaço é o desafio que lançamos”, refere o comunicado da operadora. Durante a conferência, o presidente do grupo, Wilfred Wong, foi mais longe dizendo que “espera que Macau inspire os artistas do concurso, de tal forma que as peças possam vir a ser vendidas nos resorts do grupo”.

24 Ago 2016

Doze milhões para receber medalhados olímpicos

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão se sabe ainda quem são, mas a comitiva que trará os medalhados olímpicos a Macau para uma visita de quatro dias incluirá, com certeza, os atletas chineses condecorados com o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e abre ainda portas para outros medalhados “dependendo da preferência da população e das autorizações dadas pela delegação da China”, afirma Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto (ID).
A visita, que decorre entre 29 de Agosto e 1 de Setembro, tem o custo de cerca de 12 milhões de patacas pagos pelo Governo local e pretende promover o gosto pelo desporto no território. Depois da recepção dos atletas no próximo dia 29, o dia seguinte começa às 10h00 com um encontro com cerca de 1500 estudantes no Pavilhão do Fórum, seguido de uma visita aos locais que integram o “património mundial de Macau”, como afirma José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.
Para acabar o dia em grande terá lugar uma exibição na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental. A plateia será de seis mil lugares e os bilhetes disponíveis para os residentes são quatro mil, sendo os restantes atribuídos a convidados. A distribuição de bilhetes para este serão tem lugar amanhã no Pavilhão Desportivo do Tap Seac a partir das 19h00.
A manhã de dia 31 é dedicada à comunidade e a delegação olímpica será dividida em três grupos que andarão em contacto directo com as gentes da terra. O objectivo é proporcionar a todos o exemplo, nomeadamente às classe mais desfavorecidas.
A tarde do mesmo dia é passada com os jovens locais. O acontecimento tem lugar no Pavilhão Desportivo do Tap Seac e visa promover a interacção entre os jovens do território e os exemplos do desporto. Para o efeito serão levadas a cabo competições através de jogos de equipa entre os profissionais e admiradores.
Os bilhetes para esta actividade estão disponíveis no Tap Seac a partir de 26 de Agosto às 10h00 e Leong Lai, directora dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), espera a presença massiva dos mais novos da terra. Os alunos que estão a estudar fora não foram esquecidos e a DSEJ coloca em prática um serviço de comunicação online para que “todos possam participar”, afirma Leong Lai.
Cada residente pode levantar um máximo de dois bilhetes sob apresentação do BIR. A nadadora Fu Yuanhui, que conquistou o bronze no Rio de Janeiro, poderá integrar a equipa que visita a RAEM.

24 Ago 2016

Calçada do Gaio | Prédio embargado deverá manter altura actual

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]edifício em construção na Calçada do Gaio, embargado a mando do Governo há oito anos, deverá manter a altura actual. Esta foi a confirmação dada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ao jornal Ou Mun.
Segundo o diário de língua chinesa, a DSSOPT afirma que “é sugerido que se mantenha a actual altura”, sendo que “está a ser modificado o plano de construção segundo a lei”. A resposta não faz qualquer referência às possíveis compensações a receber pela empresa de construção pelos anos de espera.
O organismo refere ainda que tem vindo a comunicar com a empresa construtora, a San Va, e que tem acompanhado de perto o projecto ao longo destes anos. Após a recolha de opiniões, deverá manter-se a altura actual, frisou o organismo.
Numa interpelação oral recente, o deputado Mak Soi Kun falou do caso, lembrando o facto do embargo ter sido decretado devido às regras da UNESCO não permitirem a construção de edifícios elevados junto ao Farol da Guia.
O deputado eleito pela via directa referiu que, após muitos anos de embargo, o local tem muito lixo acumulado e está coberto de ervas, o que origina a reprodução de mosquitos e tem vindo a afectar a vida dos moradores de forma severa.
Em declarações ao HM, o deputado Au Kam San considerou que a maneira como o Governo tem levado a cabo o assunto provocou o atraso de oito anos. “Como o Governo decidiu adoptar o método de negociação em vez de levar o caso para tribunal, a obra está suspensa há oito anos e agora os moradores da zona começam a estar prejudicados”, defendeu.

24 Ago 2016

Petição entregue no Governo acusa S. Januário de negligência

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m cidadão responsabiliza o Hospital de S. Januário pela morte da esposa. O caso é denunciado numa petição entregue ontem ao Governo, em que o residente da RAEM acusa o hospital público de ter rejeitado os pedidos de transferência da sua mulher para uma outra instituição após reincidência de um cancro. O tumor alastrou ao cérebro e acabou por provocar a morte da esposa de Wong Kam Weng, nome do viúvo.
Wong Kam Wen conta ao HM que já em 2011 se dirigiu em carta à então directora do Hospital São Januário a solicitar exames para verificar se o cancro de mama de que a esposa tinha padecido antes teria tido alguma reincidência. O pedido foi feito 20 anos depois da sua mulher ter sido sujeita a cirurgia para remoção total do peito. Na altura, a directora aprovou o pedido mas o médico do serviço de Oncologia argumentou que, como a doença não tinha aparecido nos cinco anos seguintes à cirurgia, a hipótese de voltar a ter cancro não se colocava pelo que não avançou com novos exames.
Um ano depois, o casal veio a saber através de um exame de Ortopedia que o tumor já estava nos pulmões e que a vítima era considerada um caso terminal. Na altura, Wong Kam Weng fez três pedidos de transferência da sua esposa para um hospital estrangeiro, mas foram todos recusados com o argumento de que “Macau tem recursos suficientes para fornecer tratamento”. Três meses depois da última cirurgia, a esposa morreu devido ao alastramento do tumor para o cérebro.
O caso tornou-se, então, político. Para Wong Kam Weng este foi um erro médico levado pela “corrupção administrativa do Hospital São Januário”. Para o viúvo, levar este caso a tribunal será muito moroso e dada a sua idade já avançada (68 anos) receia não viver até ao final do processo. Pede, por isso, uma resolução do caso extrajudicial e o pagamento por parte do Hospital de S. Januário do funeral da esposa que ficou em 26 mil patacas.

24 Ago 2016

Dois mil polícias de elite mobilizados para as eleições de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]polícia de Hong Kong vai organizar exercícios de segurança sem precedentes na próxima semana, antes das eleições legislativas, para as quais vão ser mobilizados dois mil polícias de elite para prevenir episódios de violência.
De acordo com o jornal South China Morning Post, cerca de 2.000 agentes de cinco contingentes de resposta regionais, criados a partir nomeadamente das unidades de elite da polícia – Unidade Táctica e Unidade de Emergência – vão estar em ‘stand by’ para o caso de se verificar violência entre multidões no dia 4 de Setembro, quando mais de 3,7 milhões de eleitores vão às urnas.
Uma fonte policial disse ao jornal que o nível de risco durante o período das eleições não é “muito elevado”, com base em avaliações preliminares, mas as forças de segurança não querem permitir margem para erros, tendo em conta, principalmente, as preocupações com protestos de grupos ‘localistas’ radicais.
“As cinco equipas regionais vão ficar em ‘stand by’ durante este período e serão destacadas imediatamente em caso de algum problema. Conhecem bem os seus distritos e delinearam planos claros de distribuição de pessoal. [No entanto], uma forte presença policial pode pressionar os eleitores e impactar a forma como votam. Por isso temos de ser cuidadosos”, disse a mesma fonte, não identificada.
Pelo menos quatro agentes vão estar presentes em cada uma das 595 mesas de voto. Juntamente com as cinco equipas de resposta regionais em ‘stand by’ e pessoal necessário para guardar a central de contagem dos votos na AsiaWorld-Expo, pelo menos 5.000 agentes vão ser responsáveis por garantir a ordem.
Em 2014, Hong Kong foi palco do movimento pró-democracia ‘Occupy Central’, que se opunha a uma reforma eleitoral proposta por Pequim. Apesar de maioritariamente pacífico, verificaram-se momentos de tensão e violência entre os manifestantes e a polícia, que chegou mesmo a lançar gás lacrimogéneo e pimenta sobre a multidão.

24 Ago 2016

Hong Kong | Grupos pró-independência aumentam nas escolas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ctivistas estudantis de Hong Kong criaram pelo menos 21 grupos em escolas para discutir a independência da cidade e alguns não excluem o uso de violência para atingirem os seus objectivos, avança ontem o jornal South China Morning Post.
A discussão sobre a independência de Hong Kong nas escolas, e o papel dos professores nesse processo, tem estado no centro do debate público. Na segunda-feira, Fanny Law Fan Chiu-fun, membro do Conselho Executivo, entrou no debate afirmando que discussões sobre independência eram “demasiado complicadas” para campus escolares.
Há uma semana, o Departamento da Educação alertou que os professores arriscavam desqualificação se encorajassem os estudantes a envolverem-se em debates pró-independência. O ministro da Educação Eddie Ng Hak-kim disse, mais tarde, que os estudantes apenas podiam participar em tais discussões sob supervisão dos professores e dentro dos limites da Lei Básica.
Ng pôs de parte a possibilidade de serem criadas orientações para as escolas, remetendo para o “profissionalismo” dos professores e directores das escolas.
Segundo o South China Morning Post, pelo menos 21 grupos ‘localistas’ foram criados através do Facebook, incluindo 16 que já tinham nascido em resposta a apelos do grupo ‘Studentlocalism’.
Tony Chung Hon-lam, do ‘Studentlocalism’, disse que mais pessoas se inscreveram no seu grupo, passando de “nem uma [inscrição] por semana” para cinco ou seis numa semana, depois de o assunto entrar na discussão pública.
O grupo, explicou, impôs um rigoroso sistema de filtragem que inclui o preenchimento de formulários com pormenores sobre as suas contas de Facebook e Instagram para verificação de ‘background’.
Aqueles que insistem em apenas recorrer a acções racionais e não-violentas são rejeitados, disse.
Chung não afasta o recurso a violência para atingir os seis objectivos. Um porta-voz de outro grupo estudantil ‘localista’ da Munsang College disse igualmente ao jornal que apoiava “quaisquer meios de acção para defender a nossa autonomia”.

Pelo contrário

Em sentido oposto, Degas Chan Pui-chung, do grupo da Ying Wa College disse que a organização se opõe ao uso de violência pois acredita que alunos do ensino secundário são muito novos para serem expostos a tais perigos.
Fanny Law, antiga responsável pela pasta da Educação, apelou, através de um programa de rádio, para que os grupos pró-independência sejam banidos das escolas, e os seus representantes impedidos de liderarem associações de estudantes.
Law, conselheira próxima do chefe do Executivo, disse que o contexto histórico da discussão de independência era “demasiado complicado” para as escolas, e que os estudantes do ensino secundário podem ser induzidos em erro se não tiverem um conhecimento profundo do contexto, como a Primeira Guerra do Ópio e o processo de elaboração da Lei Básica.
“É compreensível que os jovens estejam frustrados com a actual situação em Hong Kong, mas a independência não pode resolver todos os problemas”, disse.
Law pediu ainda que os professores evitem trazer o tema para as salas de aulas e sugeriu que se analisasse o ‘background’ familiar dos estudantes que fazem campanha pela independência, de modo a melhor compreender o que os motiva.

Destaque
“É compreensível que os jovens estejam frustrados com a actual situação em Hong Kong, mas a independência não pode resolver todos os problemas”
Fanny Law, antiga responsável pela pasta da Educação
 

24 Ago 2016

Salário mínimo criativo

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omo o Jacinto não dá notícias faz duas semanas, volto à realidade macaína, inspirado pelo último Festival de Investimento em Cinema e pela anunciada mega obra do Antigo Tribunal – novecentos milhões custará, diz Ung Vai Meng.
Em relação ao Festival parabéns ao IC pela sua participação e aos governos de Cantão e de Hong Kong. Os cineastas precisam disto.
De lá saiu uma conclusão: procura-se ‘filet mignon’ mas ninguém está disposto a alimentar os vitelos. Ou seja, se se perguntasse a um dos investidores presentes ao que vinha a resposta era, invariavelmente, “um filme que faça dinheiro.”
Não vou entrar no que isto representa para o cinema, fica para outro dia. Mas vou entrar na importância que é a existência de planos de apoio ao desenvolvimento de projectos para que possamos chegar a estes mercados em melhores condições, com produtos mais elaborados e melhor construídos.
Para darem dinheiro, ou apenas para ficarem bem feitos, os filmes precisam de projectos bem montados. Em primeiro lugar um bom guião, que demora meses a desenvolver, depois o elenco certo e a equipa de filmagem indicada.
Preparar e desenvolver este tipo de projectos custa tempo e tempo, como se sabe, é dinheiro. Ou seja, para voltar à alegoria bovina, querem-se projectos de primeira mas ninguém dá o passo para criar um programa de apoio ao desenvolvimento de projectos. Aqui fica uma ideia para associar ao festival.
No cinema, como noutras artes, o desenvolvimento do projecto é sempre o mais complicado, especialmente quando se está na presença de iniciados como é o caso dos produtores e da grande maioria dos criadores de Macau.
Mas eu proponho mais ainda: a criação de um salário mínimo criativo.
O palavreado pode ser novo mas a lógica não. Está, inclusivamente em prática em Macau e em muitos outros lados. Chama-se “apoio a atletas de alta competição”. A RAEM tem e muitos outros países têm. Mas alguém dá “apoios a criadores de alta competição”? Não que alguma vez me tenha chegado ao conhecimento. Mas não faz sentido que exista? Faz, todo.
Antes de qualquer outro tipo de argumentação, não tenho nada contra o apoio aos atletas de alta competição. Nem aqui, nem em lado nenhum. Antes pelo contrário, mais exista, mais seja empregue. Nós precisamos dos atletas. Porque nos entretêm, mas especialmente por nos revelarem histórias de superação, por nos inspirarem, por poderem constituir excelentes exemplos de vida e trazer vida à vida. Faz todo o sentido dar-lhes apoios de alta competição para que não tenham de ir vergar para um escritório, ou sítio pior, e poderem dedicar-se à sua modalidade. Os artistas passam exactamente pelo mesmo processo. Precisam de se dedicar a tempo inteiro sem estarem sempre a viverem a angústia para pagar a renda da casa, do estúdio ou de ambos, quando ambos não são o mesmo. Para não terem de agarrar empregos que lhes limitam o tempo e roubam a criatividade.
Não me vou dedicar a critérios de selecção, por entender existirem bases legais de trabalho suficientes, nomeadamente o regulamento para atletas de alta competição, e suficiente bom senso para se chegar a uma solução viável. Acho, todavia, que o processo deveria mover-se em duas fases: primeiro para residentes permanentes, numa segunda fase para outros residentes até porque o mundo criativo precisa de renovação.
Não se pode dizer que uma cidade está virada para as indústrias criativas sem serem criados mecanismo de subsistência, numa primeira fase e de apoio ao desenvolvimento numa segunda fase.
Os artistas normalmente deslocam-se para zonas mais deprimidas, fora dos centros urbanos, para poderem dedicar-se á sua arte sem o peso ameaçador das rendas e/ou para zonas que inspirem e onde se encontrem pessoas que laborem na mesma área. Assim surgiu o espaço 798, assim se desenvolveram muitos outros centros criativos. A comunicação, a troca de ideias e de experiências, é fundamentai no sector criativo.
Macau é caro e aos poucos vai perdendo a poesia (espaços de tranquilidade) como a escritora Lolita Hu bem assinalou quando aqui esteve no último Festival de Letras.
Macau, quer, no entanto, ser uma cidade dedicada às indústrias criativas, daí que um apoio financeiro aos criativos, tal como se entrega aos atletas de alta competição faz todo o sentido. Eles trazem medalhas, orgulho social e exemplos de vida. Os artistas trazem tudo isso também e andam têm a potencialidade de gerar riqueza.
Quando se apregoam novecentos milhões para uma biblioteca que não faz falta, percebe-se facilmente que o problema não será orçamento. Duzentos que fossem os artistas a receberem um subsídio de, especulemos, 20 mil patacas por mês, e o valor anual para o orçamento seria de 48 milhões de patacas.
Em relação à futura biblioteca central, já antes o disse e volto a dizer: disparate. Para quê mudar o que está bem? Não duvido que se ganhe alguma coisa com a centralização das bibliotecas e mais não o sei o que resolvam lá colocar, mas não valeria mais (e seria menos oneroso) conservar o imóvel e deixá-lo estar como está, um espaço fabuloso para todo o tipo de acções culturais que não se coadunam com o Centro Cultural ou outros espaços? Vale mais um mono cultural ou acção cultural efectiva?
Um salário para criativos locais seria a forma de Macau conseguir, de facto, transformar-se numa cidade criativa e gerar a tão necessária massa crítica necessária para que isso aconteça.

Música da Semana

“Moonage Daydream” (David Bowie, 1972 )

I’m an alligator, I’m a mama-papa coming for you
I’m the space invader, I’ll be a rock ‘n’ rollin’ bitch for you
Keep your mouth shut,
you’re squawking like a pink monkey bird
And I’m busting up my brains for the words

24 Ago 2016

Clube de Ténis comemora aniversário com campeonato

O Clube Civil de Ténis de Macau comemora 90 anos de existência e planeia a organização de um campeonato com duplas mistas e masculinas, cuja soma de idades seja de 90 anos, tal como a idade do clube. As inscrições para participar neste campeonato começam dia 29 de Agosto e fecham dia 18 de Setembro. A competição terá início no dia 26 de Setembro e vai estender-se durante duas semanas.
Durante a semana os jogos começam às 19h00 e aos fins-de-semana arrancam às 9h00. Todos os interessados devem dirigir-se ao clube e preencher o formulário disponibilizado para o efeito e sem o qual não podem ter acesso ao campeonato de ténis por equipas.
Com características portuguesas e chinesas, este clube abriu as portas a 10 de Agosto de 1926 e “desde a sua inauguração tem contribuído de forma significativa para a divulgação e prática da modalidade”, de acordo com informação divulgada. É com este espírito de iniciativa sempre presente que o clube vai agora chamar a jogar todos os amantes deste desporto. Tendo como patrocinador a Sociedade de Jogos de Macau, os prémios serão concedidos aos campeões e aos segundos e terceiros lugares de ambas as categorias com o montante total do prémio a ser de 20 mil patacas.

24 Ago 2016