Tomás Chio PolíticaHabitação pública | Kaifong exigem medidas para a classe média [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang, ligado aos Kaifong (ou União Geral das Associações de Moradores de Macau – UGAMM) apelou ao Governo para que acelere o processo de aprovação das candidaturas para a aquisição de uma habitação económica. Ho Ion Sang exigiu ainda mais medidas para a classe média que não consegue candidatar-se à compra de casas do Governo, a já intitulada “classe sanduíche”. “Tanto o Chefe do Executivo como os residentes consideram que o preço das casas privadas em Macau é elevado. Existe uma classe sanduíche que não pode cumprir as exigências para ter uma habitação pública, mas também não consegue comprar uma casa. O Governo deve preocupar-se mais com estas pessoas”, referiu Ho Ion Sang. Dados do Instituto de Habitação (IH) revelam que 300 famílias foram seleccionadas na primeira fase do processo para a escolha dos apartamentos, mas apenas metade estão habilitadas a adquirir, de facto, uma casa. Ho Ion Sang considera que há na sociedade imensos pedidos de casas do Governo com diferentes tipologias. Só em 2014 o Executivo recebeu mais de 40 mil pedidos. Ao jornal Ou Mun, Ho Ion Sang referiu que há vários motivos para a rejeição dos agregados familiares, sendo que um deles diz respeito ao tempo que demora a aprovação das candidaturas. Com o elevado tempo de espera a situação das famílias acaba por se alterar, o que faz com que possam ser excluídos.
Hoje Macau SociedadeDeficiência | Sociedade de Macau é inclusiva, diz estudo Um estudo realizado pelo Instituto Politécnico de Macau conclui que a sociedade é inclusiva em relação aos portadores de deficiência. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, promete novas instruções anti-barreiras para 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] população local acolhe os portadores com deficiência e tenta inclui-los na sociedade. É a conclusão de um estudo realizado a pedido do Governo pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), o qual foi ontem apresentado numa reunião da Comissão para os Assuntos de Reabilitação. Segundo a Rádio Macau, a população acolhe quem é deficiente e respeita a diferença. “Através deste estudo conseguimos perceber que a população, de uma forma geral, aceita trabalhar com pessoas com deficiência e querem conviver com eles. Quanto aos transportes públicos, sentem-se confortáveis se houver alguém com deficiência que se sente ao seu lado”, disse Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social. Ainda segundo a Rádio Macau, a sociedade mostra mais reservas em relação à constituição de família por parte dos portadores de deficiência. “Quanto ao casamento e procriação entre pessoas com deficiência, a população em geral tem uma atitude um pouco fechada. Preocupa-se com os apoios disponíveis. Mas percebe que as pessoas com deficiência têm direito a casar e a ter filhos”, disse Choi Sio Un. O Instituto de Acção Social (IAS) confirmou aos jornalistas que não houve pedidos de esterilização de deficientes, um ponto avaliado pela Organização das Nações Unidas (ONU) quanto à aplicação da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência. O IAS também não registou casos de violência, mas falou de situações de discriminação, relacionadas com o estacionamento nas vias públicas. Instruções a caminho O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, promete elaborar novas instruções para um território livre de barreiras, as quais deverão ser implementadas em 2018. “O gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura encontra-se a coordenar o trabalho relativo à elaboração das “Instruções sobre as normas para a concepção de design universal e livre de barreiras”, no sentido de que esse trabalho possa ficar concluído em 2017 e que as mesmas instruções possam ser aplicadas em 2018 aos novos empreendimentos públicos e obras subsidiadas”, pode ler-se num comunicado oficial. Quanto ao estudo elaborado pelo IPM, Alexis Tam terá dito que o documento “poderá servir como um instrumento de apoio ao Governo na avaliação da situação actual dos portadores de deficiência, com vista à elaboração da correspondente política de reabilitação”. O Secretário terá dito ainda que “futuramente se irá reforçar a educação cívica e as acções de sensibilização a nível comunitário, por forma a aprofundar plenamente os conhecimentos e a compreensão por parte da população”. Foi ainda anunciada a criação do “Grupo de trabalho para os assuntos de acessibilidade”, o qual terá “o objectivo de facultar opiniões sobre as estratégias, planos e trabalhos relativos à construção de um ambiente livre de barreiras”.
Hoje Macau China / ÁsiaEditor adjunto da revista do Partido Comunista Chinês suicidou-se Deprimido por causa dos embates ideológicos no seio do Partido, Zhu Tiezhi, de 56 anos, enforcou-se no parque de estacionamento do edifício da revista. As ligações a um antigo assessor, caído em desgraça, de Hu Jintao, podem também estar na origem da tragédia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] editor adjunto da revista do Partido Comunista da China (PCC) suicidou-se, informou ontem a imprensa chinesa, na qual circulam inúmeras hipóteses sobre as razões da morte, que incluem lutas políticas internas, liberdade de expressão e corrupção. Zhu Tiezhi, 56 anos, reputado ensaísta das teorias do PCC e editor adjunto da publicação periódica Qiushi (“A busca pela verdade”) enforcou-se no parque de estacionamento do edifício que alberga os escritórios da publicação periódica do PCC, de acordo com informações publicadas ontem pelos órgãos de comunicação social chineses. Segundo a revista Caixin, que cita um amigo da vítima, Zhu estava deprimido com os conflitos ideológicos no seio do partido entre reformistas e os defensores, cada vez mais virulentos, de uma linha conservadora. Se o PCC não puder resolver os verdadeiros problemas, “os debates ideológicos tornar-se-ão conversas vazias e irão minar a confiança mútua entre o partido, o Governo que lidera e as pessoas”, disse, citando um artigo de Zu. Cerco maior Desde a chegada ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, no final de 2012, as autoridades restringiram o espaço para debate tanto no seio do partido como na sociedade em geral. Zhu acreditava, porém, que, como académico, deveria preservar a sua integridade, a sua forma independente de pensar e as suas opiniões únicas, indicou a mesma revista, citando o amigo não identificado. Mas, sublinha a Caixin, “essa preocupação não se coaduna com o apelo do partido para que os seus membros se unam atrás da linha do partido”. O portal no Diário do Povo, órgão oficial do PCC, publicou no domingo um curto artigo sobre a morte de Zhu sem entrar, contudo, em detalhes sobre as causas para o suicídio, cometido no passado dia 25. O texto foi visto por inúmeros órgãos de comunicação, mas a maioria apenas o referiu ontem. Órgãos de comunicação social chineses no estrangeiro especularam que Zhu se matou em parte por causa das suas ligações a Ling Jihua, um antigo assessor do antecessor de Xi Jinping, Hu Jintao, caído em desgraça. O antigo ‘braço direito’ do ex-Presidente chinês Hu Jintao foi acusado, em Maio, de ter aceitado subornos e obter ilegalmente segredos de Estado. Ling Jihua, 59 anos, era uma figura proeminente política chinesa até ter sido expulso do Partido Comunista Chinês (PCC), acusado de “grave violação da disciplina” e de ter “trocado poder por sexo”.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Para CY Leung “não é realista” recomeçar a reforma política O Chefe de Hong Kong recusa pensar em reforma política até ao final do mandato, ou seja daqui a um ano. “Não há tempo”, assegura o governante que garante Hong Kong como uma “sociedade plural” com “leis de difamação muito liberais” e, em relação ao “segundo sistema”, diz estar vivo e de boa saúde. Recandidatura? Ainda não decidiu [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]Y Leung, líder do Governo de Hong Kong, não pretende, no ano que lhe resta até ao fim do mandato, retomar o processo da reforma política, alegando que “não tem tempo”, “não é realista” e não há consenso na sociedade. “Por mais que quisesse retomar o processo de desenvolvimento político, não acho que vá ter tempo nos próximos 12 meses e não acho que temos o consenso necessário na sociedade (…). Sei que Pequim não vai rever a Lei Básica, não é realista recomeçar o processo”, disse, em entrevista ao South China Morning Post. Em 2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os candidatos (dois a três) serem pré-seleccionados por uma comissão de 1.200 membros, vista como próxima de Pequim. A proposta, que esteve na origem do movimento Occupy Central, que durante 79 dias bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo. Na mesma entrevista, CY Leung garantiu que Hong Kong permanece uma cidade plural e livre, apesar dos receios de um maior controlo de Pequim, particularmente após o caso dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram, sendo meses depois conhecido que tinham sido detidos pelas autoridades da China. “Somos uma sociedade plural. Permitimos que se façam todo o tipo de sondagens. Permitimos que as pessoas desenhem todo o tipo de cartoons. Temos leis de difamação muito liberais em Hong Kong. Não pomos pessoas atrás das grades porque atacam o chefe do executivo. É parte da vida em Hong Kong”, afirmou. Apesar disso, e mesmo tendo em conta o caso dos livreiros, que gerou receios de uma ameaça ao princípio ‘Um país, dois sistemas’, o governante admitiu que a diplomacia com a China é feita com cuidado. “Entre governos de países soberanos, as pessoas não usam uma diplomacia de megafone. O mesmo se passa com Hong Kong e a China. Não vou dizer se esta é a mais grave ameaça ao princípio ‘Um país, dois sistemas’. O principal é que quero expressar e transmitir as preocupações das pessoas de Hong Kong a Pequim e espero uma resposta de Pequim a essas preocupações”, disse. Na China, sê chinês Na segunda-feira, as autoridades de Pequim e Hong Kong concordaram em iniciar a discussão para melhorar o mecanismo de notificação recíproca lançado no ano 2000. CY Leung frisa que o mais importante neste processo é “saber o mais rapidamente possível quando um residente de Hong Kong é detido numa jurisdição fora de Hong Kong”. “Isso aplica-se a governos estrangeiros e deve também aplicar-se à China, porque temos dois sistemas diferentes. O que quero é um acordo semelhante ao que temos com jurisdições estrangeiras. O elemento chave é a notificação. Acho que as pessoas de Hong Kong têm noção de que quando estão fora de Hong Kong, se espera que cumpram as leis do país ou cidade de acolhimento”, afirmou. Dos cinco livreiros que desapareceram entre Outubro e Dezembro do ano passado e só este ano reapareceram sob a custódia das autoridades chinesas, três foram detidos na China, um na Tailândia e outro, Lee Bo, em Hong Kong – a sua saída da cidade nunca foi registada num posto fronteiriço. Na mesma entrevista, CY Leung diz ainda não ter decidido se quer concorrer a um segundo mandato.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasStephen Hawking, aliens e clássicos chineses 中国古典文学与外星人 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] semana passada o meu lado europeu esteve absorvido com os debates deprimentes sobre o Brexit. No entanto, o meu lado chinês exultou com duas notícias vindas do meu País natal. Ambas demonstravam o empenho da China na procura de E.T.s. No início da semana, o canal CCTV mostrou as fotos de um enorme telescópio de abertura esférica, com um prato de 500 metros de diâmetro, colocado no cimo de uma montanha na província de Guizhou. As instalações ocupam uma área equivalente a 30 campos de futebol, num perímetro de 1.6 quilómetros. Desde 2011, foi investido no projecto um total de 1.2 biliões de yuans. Ligado a um dos mais potentes computadores astronómicos, o Sky Eye 1 天眼 1, o rádio telescópio mais sensível do mundo, deixou a China mais perto de um sonho há muito ambicionado, a demanda por vida extra-terrestre através do espaço sideral. A segunda notícia falava sobre o fim provável da exclusão da China da ISS (International Space Station), que vigora desde 2011 (por razões de “Segurança Nacional”, é a desculpa formal). Se as políticas terráqueas tiverem algum significado nas esferas celestes é bom ficar a saber que este mês, a Agência Espacial Chinesa e o Comité das Nações Unidas para os Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA) anunciaram uma parceria que permitirá aos cientistas de Países membros das Nações Unidas a realização de experiências e o envio de astronautas para a estação espacial chinesa, a partir de 2020. Gostei do que li. A escritora que há em mim começou logo a brincar com as palavras e a criar metáforas alusivas à situação. Dei comigo a pensar que, de facto, a China por tradição procura identificar os territórios situados entre a ciência e o pensamento. A propósito, vale particularmente a pena mencionar dois clássicos da literatura. O Guia das Montanhas e do Mar (山海经), de autor desconhecido. A maioria dos teóricos defende que esta colecção de 18 livros não foi escrita por uma só pessoa. O mais provável é ser a mais antiga colaboração colectiva, uma espécie de wikipédia da altura, que permitia que as pessoas comuns fossem acrescentando conteúdos ao longo dos anos, possivelmente desde a Dinastia Xia (2070 – 1600 AC) até à Dinastia Jin (265-420 DC). As ilustrações dos textos são a parte essencial da obra. Porque a mentalidade chinesa não procura construir e apresentar teorias precisas, o Guia vale sobretudo como um dos primeiros livros de pintura. Apresenta uma panóplia de criaturas míticas oriundas de uma cosmografia única e muito antiga; fantásticos encontros com aliens têm lugar em montanhas, rios, ilhas e mares alienígenas, num cenário decorado por plantas e minerais exóticos. Ao contrário dos seus congéneres europeus, do mesmo período medieval, as criaturas do Guia não são tratadas como figuras alegóricas, mas sim como entidades reais inseridas na paisagem e, é preciso salientar, este manual era originalmente um guia para viajantes. Contem algumas passagens indecifráveis que podem ser lidas como literatura nonsense, ou será que eram resultado dos efeitos de uma curvatura do tempo-espaço?! Por puro acaso, – ou se calhar não, quem sabe? – em Abril, Stephen Hawking abriu uma conta no Weibo, a versão chinesa do Twitter. Para estabelecer contacto com os internautas chineses, Hawking utilizou uma das minhas histórias favoritas de sempre, que pertence a um outro clássico, Mestre Zhuang 庄子. Hawking escreveu “Mestre Zhuang sonhava transformar-se em borboleta – talvez por ser um homem que amava a liberdade. Eu posso sonhar com o Universo e depois ficar a pensar se o Universo sonha comigo.” Hawking comunicou com sucesso as suas dúvidas sobre a forma como a realidade se abatia sobre um antigo filósofo e cosmologista chinês, ligando a filosofia oriental e a ciência ocidental de uma forma contemporânea e não hierárquica. Conseguiu reunir mais de um milhão de seguidores, logo nas primeiras horas. Actualmente a sua base de fãs já atingiu os 3.4 milhões. Um fã chinês respondeu-lhe e falou sobre uma nova teoria do design que o levava a concluir que o Universo na sua globalidade é uma espécie de borboleta. Master Zhuang é provavelmente a minha melhor descoberta de sempre dos antigos clássicos. Julie O’yang
Fernando Eloy VozesOs muros das lamentações [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s imagens valem mil palavras, certo? Então aqui ficam três. Acompanhadas de duas sugestões. I. Com a falta de espaços bravios que tanta falta fazem ao desenvolvimento saudável das crianças porque se encerram os poucos que ainda por aí andam com estas cercas de má catadura? Temporários que sejam porque não deixar que sejam apreciados? As brincadeiras que eu ali não faria se tivesse 10 anos… II. Mas já que gostam de os tapar, porque o verde é feio, ou porque as ervas picam, sei lá… porque é que o Governo não contrata (sim, contratar) os artistas locais para os decorarem? Será melhor andarmos entaipados por estas cercas de “amarelo-já-morri”? Música da Semana “Where Have All The Good Times Gone” (David Bowie, 1973) (…) “Won’t you tell me Where have all the good times gone Where have all the good times gone Where have all the good times gone Once we had an easy ride and always felt the same Time was on our side and I had everything to gain Let it be like yesterday Please let me have happy days” (…)
Manuel Nunes Ócios & Negócios PessoasHandyman | Simon Lam, proprietário: “Sempre tive jeito para trabalhar com as mãos” Há quase meia dúzia de anos em Macau, este polaco educado em Inglaterra, percebeu, ao arranjar a sua própria casa que um estrangeiro deveria ver-se grego ao tentar fazer obras em casa e resolveu lançar um serviço de faz-tudo. Estava a certo porque o problema agora é tempo para atender a todas as solicitações [dropcap style≠’circle’]“E[/dropcap]xiste um Handyman II mas não sou eu”, começou por explicar Simon que não percebe a razão pois ele apareceu depois. Ainda assim, o negócio começou já há dois anos e meio. Nasceu na Polónia, viveu em Londres cerca de 12 anos e por motivos familiares acabou por vir para Macau há uns cinco anos.“Comecei por fazer renovações no nosso próprio apartamento”, explica. Casado com uma residente, ao voltar, como o pai da mulher tem várias propriedades, “deu-nos uma para vivermos num desse prédios antigos”, diz Simon, “mas estava num estado horrível e tivemos de refazer tudo”. O processo de renovação durou mais de um ano. “Empreguei várias equipas, tive de ir à procura de materiais da China, da Europa e no final conseguimos um lugar agradável”, recorda. Não foi fácil mas aprendeu muito no processo e, especialmente, “fiquei a perceber quão difícil será para um estrangeiro em Macau fazer alguma coisa do género”, diz, o que lhe deu a ideia para o negócio. “Achei que era um nicho que eu poderia preencher”, revela.“Descobrir os materiais, os especialistas locais que trabalham bem…” Nunca foi um profissional da área mas “sempre tive jeito para trabalhar com as mãos. Pintava as minhas paredes, arranjava o mobiliário, canos, enfim, sempre fiz de tudo um pouco, e desde há muito”, assegura. “Mas aqui é diferente da Europa”, afiança, “não existem aquelas grandes lojas com tudo o que uma pessoa precisa”, o que torna difícil o processo de fazer mesmo as coisa mais simples em casa. “Em Macau, como sabe, existem uma série de pequenas lojas que vendem um pouco disto ou daquilo nas nenhuma vende tudo. Em chinês chamam-lhe ‘wǔjīn diàn’ (‘loja dos cinco metais’, em cantonês “ng gam pou”). Aproveitámos a intervenção em mandarim para percebermos de onde vinha a habilidade. “Aprendi quando cheguei”, explica “comprei uns livros, li muito, repeti muitos caracteres e agora leio, escrevo no computador e falo” e não teve qualquer professor, garante, “foi tudo na base do esforço próprio”. Chegou mesmo a abrir uma escola de chinês mas não tinha alunos suficientes e acabou por desistir. Mão de obra, essa raridade Voltávamos ao negócio, pois Simon explicava que “para se encontrar algum material melhor temos de mandar vir de fora, via Taobao, se for da China, ou de outra forma qualquer”. “Nestas pequenas lojas de Macau os problemas para quem não sabe procurar é um drama”, relata Simon. “Os tamanhos, os nomes, o material certo… muita gente não faz sequer ideia do que pode arranjar no mercado”. A sofisticação dos acabamentos nos casinos acontece porque “importam tudo” mas “na área residencial as coisas estão muito atrasadas por falta de oferta de material de qualidade”, explica. Problemas nas reparações? “Vários”, confirma, “os canos que correm por fora, os quadros que não estão preparados para a potência dos modernos equipamentos domésticos”, mas o problema maior para Simon é a burocracia. “As grades nos prédios são ilegais. Mas tirá-las, pintá-las ou mesmo mudar as janelas é um problema. Os fiscais do Governo aparecem e depois mandam uma carta para pararmos com tudo e pedir uma licença de obra. O processo é um inferno e tenho de contratar um advogado para tratar disso”, explica. A falta de mão de obra, naturalmente, é outro dos problemas que o afligem regularmente. “Tenho um empregado fixo e depois vou buscar equipas que já conheço, os melhores. Eles têm o negócio deles, independente, mas fazemos muita coisa em conjunto” porque contratar não é fácil. “Não posso empregar filipinos porque é ilegal. Os chineses de qualidade estão na maioria a trabalhar para os casinos e, se estão cá fora, é porque não são grande coisa” diz Simon adiantando ainda que “o pessoal local prefere sentar-se num escritório a trabalhar nesta área mesmo ganhando três vezes mais. É uma questão de estilo…”, aventa. Barulho? A culpa é dos azulejos De resto, em termos do trabalho propriamente dito, não encontra muitas dificuldades: “não é ciência espacial, sabe? Há sempre uma solução desde que tenhamos os materiais certos, as ferramentas certas e as equipas certas”. O sonho é focar-se em propriedades comerciais em vez de residências. “Um projecto do princípio ao fim”, diz, “um espaço, um orçamento e deixarem-me trabalhar, é tudo o que desejo”, confessa. Então e o nicho? “Continuará porque é a base do negócio mas quero mesmo chegar às grandes obras, das que levam meses”, explica. No que respeita a preços considera-se competitivo. “Se for directo a um chinês, nós somos mais baratos mas mais caros que os filipinos ilegais, naturalmente” Uma mudança com uma camião cheio, incluindo desmontagem de mobília transporte e remontagem no outro local, custa 1,800 patacas e 1000 por cada camião extra. Mudar uma torneira pode custar 200 patacas e um cano em baixo do lavatório 350 patacas. Não podíamos terminar a conversa sem tentar perceber as origens do barulho constante dos berbequins que assola a cidade e a explicação de Simon é simples: “O problema são os azulejos, sabe? É a cultura local de construção. Toda a gente usa azulejos em tudo. Depois querem mudá-los e a única solução é rebentar com eles. Tudo para pouparem uns centímetros de espaço, claro, porque podiam cobri-los com vinil, madeira ou outra coisa qualquer. Mas preferem mudar de azulejos para outros azulejos”. Estava explicado.
Tomás Chio SociedadeSector imobiliário quer vida mais facilitada [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Zheng Anting, questionou a introdução de um sistema electrónico para as licenças de agentes imobiliários. É intenção de Zheng saber o que os agentes podem fazer quanto ao recurso contra multas e ao ajustamento da prática profissional no prolongamento da licença. A interpelação deriva do facto da Lei da Actividade de Mediação Imobiliária ter sido criada há três anos e já vários agentes se terem queixado de falta de entendimento da mesma, bem como das punições que refere, argumentando a irracionalidade de alguns regulamentos e multas. Por outro lado , o processo administrativo é considerado complexo e fonte de pressão para os profissionais, sendo que esperam que o Governo possa rever os regulamentos e a lei. Visto o Executivo já ter referido o esforço relativo à introdução de um sistema electrónico para estes serviços, Zheng Anting pretende ainda saber quando este sistema será introduzido para o processo de prolongamento das licenças no sector de modo a evitar as repetidas entregas de documentos. A multa que pode ir até às 25 mil patacas aplicável a determinados erros escritos é considerada pelos funcionários do sector imobiliário como demasiado dura, sendo que o deputado terá questionado em interpelação se os agentes poderão recorrer ou não. Por outro lado, mediadores e agentes imobiliários são obrigados a prolongar as suas licenças a cada três anos. O processo de renovação tem inicio a três meses do fim da validade alterando o tempo efectivo destas licenças.
Tomás Chio SociedadeNam Van | Shun Tak diz-se pronta a desenvolver terrenos e não descarta tribunal [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ansy Ho, directora da Shun Tak, concessionária de dois terrenos na zona de Nam Van, referiu que a empresa não desacelerou o aproveitamento dos terrenos, estando a preparar o desenvolvimento do projecto imobiliário que pretende construir junto à Torre de Macau e ao lago Nam Van. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a concessão dos dois terrenos irá chegar ao fim no próximo mês. “A empresa já começou a planear o desenvolvimento destes terrenos e já elaboramos a proposta com os documentos”, disse a empresária, citada pelo canal chinês da Rádio Macau. “A empresa não desacelerou deliberadamente o aproveitamento do terreno e neste momento a Shun Tak está apenas a tentar entregar as informações ao Governo”, referiu Pansy Ho. A empresária garantiu que vai proteger os direitos da Shun Tak enquanto concessionária caso o Governo pense em reverter os terrenos para a Administração. “Caso o Governo recupere os terrenos na zona de Nam Van a Shun Tak vai tomar uma decisão que proteja os direitos da empresa pela via judicial”, garantiu a empresária. Pansy Ho garantiu que houve adiamentos no terreno devido a alguns pedidos feitos pelo Executivo durante o período de concessão, relacionados com as zonas C e D dos novos aterros e a reestruturação dos solos. Os terrenos em causa estão envolvidos num processo de permuta com o Governo, devido ao facto de estarem próximos das zonas C e D dos novos aterros, actualmente em consulta pública. O Governo ainda não avançou novos dados sobre o processo, mas a Shun Tak já confirmou que pretende avançar com a construção do “Harbour Mile”, um empreendimento de habitação de luxo.
Hoje Macau China / ÁsiaBrexit | Japão estuda ajudas até 88.000 milhões de euros [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo japonês estuda um pacote de ajudas que poderá alcançar até 10 biliões de ienes (88.000 milhões de euros) para mitigar os efeitos do “Brexit” sobre as empresas e a economia nipónica. A medida foi debatida ontem no seio de uma reunião do Conselho de Política Económica e Fiscal em que participou o primeiro-ministro, Shinzo Abe, o ministro das Finanças, Taro Aso, e o governador do Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda. Segundo adiantou a agência Kyodo, esse pacote seria dotado com um montante de entre 5 e 10 biliões de ienes (entre 44.000 milhões e 88.000 milhões de euros), a ser aprovado após as eleições do Senado, no próximo dia 10 de Julho. Contudo, alguns analistas financeiros ou membros do partido no poder (Liberal Democrata, PLD) insistiram que a verba deve ser muito maior para não comprometer o ritmo de recuperação da terceira economia mundial. Juros baixos O pacote de estímulo contempla mecanismos para mitigar os efeitos da valorização do iene – consequência mais imediata do “Brexit” – e o possível agravamento do ambiente empresarial para as companhias japonesas com operações no Reino Unido. O pacote contempla, de momento, planos de financiamento com taxas de juro muito baixas para as pequenas e médias empresas através da estatal Corporação Financeira do Japão. “Devemos tomar todas as medidas possíveis para prevenir todo o impacto negativo na economia nipónica, especialmente no que se refere às pequenas e médias empresas”, insistiu ontem o primeiro-ministro, após o encontro. Também está a ser estudada a possibilidade de o Banco de Cooperação Internacional do Japão expandir as suas linhas de crédito em divisas estrangeiras para grandes empresas que operem fora do arquipélago. Ao mesmo tempo, segundo as informações aventadas, aprovar-se-ão subsídios para empresas que não levem a cabo despedimentos, estando também em análise a eventual distribuição de vales de desconto para que os turistas que visitam o Japão não sofram com a grave valorização da moeda japonesa. Com mais de 1.300 empresas em solo britânico (40% das quais manufactureiras), o Japão é o segundo maior investidor estrangeiro no Reino Unido, a seguir aos Estados Unidos.
Filipa Araújo Manchete SociedadeOcean Garden | Parque infantil em péssimas condições põe segurança em risco Equipamentos em mau estado, tudo cheio de lixo e muitas vezes utilizado como casa de banho para cães. É assim o estado em que se encontra o parque de lazer dos Ocean Garden. O IACM nega responsabilidades e atira o assunto para a administração do condomínio. Mães unidas querem um espaço onde os filhos possam brincar [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o parque da polémica. Apesar de Macau disponibilizar “parques de lazer com excelentes equipamentos” este é o seu calcanhar de Aquiles. Fica no complexo Ocean Garden, na Taipa, ao lado do Sakura Court, perto da Rotunda dos Jogos da Ásia Oriental. No site do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) é identificado ainda como zona de lazer da Avenida do Oceano, sendo um espaço sob a responsabilidade do instituto. Mas parece que a realidade não é tão clara, é que chamado à atenção pelo estado de degradação do espaço, o Governo nega responsabilidades. A ideia de denunciar o caso ao IACM partiu de Andreia Martins, mãe de uma criança de dois anos. “Eu sei que as crianças correm e brincam e estão sujeitas a isto [magoarem-se], mas duas crianças magoaram-se neste parque, uma partiu a cabeça e outra um dente”, começa por contar ao HM. Depois de comentar o estado do parque, seja pela degradação visível e aspecto de abandono, como pelo lixo que salta à vista de quem por ali passa, Andreia decidiu escreveu uma carta expositiva ao IACM, colectando ao mesmo tempo várias assinaturas. Na carta, enviada a 6 de Maio do presente ano, Andreia Martins, e as assinantes, indicavam que “as condições actuais destas instalações […] devem ser requalificadas em prol da segurança e bem-estar dos seus utilizadores”. O documento dedica vários parágrafos ao assunto e menciona ainda dois outros parques que são da responsabilidade de administração de condomínios do complexo. “Em relação à sua carta, em que refere os estragos em instalações recreativas da zona de lazer e o mau estado higiénico dos Jardins do Oceano, proponho a V.Exa. que, por esta zona não se encontrar sob a gestão do IACM, procure contactar directamente o promotor do respectivo empreendimento ou a empresa de administração de condomínio para lhe referir essas situações”, assina Cecilia So Mui, chefe dos Serviços de Zonas Verdes e Jardins do IACM. É, apontam as assinantes, uma não resposta, porque o IACM não menciona o parque em causa, que é da sua responsabilidade. “Ignora ou parece querer ignorar”, defende Andreia Martins. “Parece que se esqueceram que aquele parque é deles [IACM]. Acho que o Governo não está a ser competente, e mal viram que o parque era do Ocean Garden não quiseram saber. Isto é uma tremenda falta de profissionalismo”, aponta Joana Couto, mãe de uma criança com menos de um ano. “É preciso perceber que isto não é nada inventado por nós. O parque é da responsabilidade do IACM e isso está no próprio site do instituto. Esta resposta parece só referir-se aos outros parques (…) parece-me que não quiseram responder. Deviam ter explicado o que se passa. Até podiam dizer que estão a fazer um estudo, como fazem tantos, também podiam dizer que estavam a estudar uma solução. Mas nem isso. Não tiveram a simpatia de nos dizer. Portanto isto é claramente ignorar e varrer para baixo do tapete”, argumenta ainda Diana Massada, uma das assinantes. Pontos negros Os problemas são vários e as mães tornam isso claro. “Em primeiro lugar, existe um problema de segurança. O escorrega é perigoso, pois a sua estrutura é antiga e instável. Em segundo, é um escorrega que não pode ser utilizado por crianças de todas as idades. É uma estrutura demasiado alta, sem escadas, que obriga as crianças a trepar as barras de ferro para poderem utilizar o escorrega”, começa por apontar o documento a que o HM teve acesso. A questão da segurança é ainda apontada pelas assinantes pois, apontam, as instalações destinada para exercício físico para adultos são partilhadas no mesmo espaço do parque, sem qualquer separação física. “Esta situação causa incómodo tanto aos utentes destas instalações, como às crianças e quem as supervisiona, pois as crianças acabam por circular naquela zona, como se instalações infantis se tratassem. Já houve casos de crianças que se magoaram, atingidas por alguém que praticava exercício físico, causando um transtorno geral”, apontam ainda. Ao lado do perigo Outra falha apontada por Joana Couto é a falta de protecção entre o parque e a marginal. “Aquela zona de relvado está aberta para a marginal, de forma directa. Portanto crianças a brincar, meninos que jogam à bola naquela zona, é super perigoso. Perigosíssimo. Facilmente olhamos para o lado e a criança já está na estrada”, contou, indicando que já lhe aconteceu. “Não sei de acidentes que tenham acontecido, mas eu já vi, por mais do que uma vez, bolas a irem parar à estrada e os miúdos a irem a correr na tentativa de apanhar a bola. Se não fossemos atrás deles podia ter acontecido o pior”, apontou. Saúde em causa Mas não é apenas o estado de degradação que preocupa as mães, a higiene está também em causa. “Jovens residentes ou estudantes da Escola Secundária Pui Vai têm o hábito de frequentar o espaço, sujando as instalações e largando lixo no chão, incluindo beatas de cigarro, infringindo uma série de regras e leis da RAEM”, defende Andreia Martins. Também para Diana Massada a situação de falta de limpeza é insustentável, colocando em causa a saúde das crianças e acompanhantes. Pior que isso é o descuido dos utilizadores que passeiam animais de estimação e deixam que os mesmos “façam as suas necessidades” no parque de lazer para os residentes. Sem fiscalização não há como impedir que isto aconteça e ninguém “quer os filhos a brincar num espaço sujo, que é utilizado para parque de cães”, acrescenta ainda Andreia Martins. Seguindo as instruções, uma proprietária de um apartamento no complexo e também assinante da carta entrou em contacto com a empresa responsável pelo condomínio. “Foi feita uma abordagem oral, mais um alerta desta situação, mas a administração ignorou por completo”, esclarece Andreia Martins. A luta não termina. As assinantes vão continuar chamar o Governo às suas responsabilidades. “Se o IACM diz que não tem responsabilidade sobre este parque, se alguma criança se magoar a sério quem é que se responsabiliza?”, atira ainda para o ar Diana Massada. O grupo vai agora responder ao IACM partilhando o link do Web site do instituto que indica que aquele parque é da sua responsabilidade. Andreia Martins diz ainda que vão averiguar de quem é a responsabilidade criminal em caso de acidente com os equipamentos dos parques que pertencem à administração do condomínio. Vão ainda enviar uma carta através do advogado à administração do condomínio e um documento expositivo ao gabinete da Sónia Chan, Secretária para Administração e Justiça, tutela a que pertence o IACM. Tudo “em prol da segurança das crianças”. Ao HM, até ao fecho desta edição, o IACM não apresentou qualquer esclarecimento. Andreia Martins explica ainda que num território “com tantos bons parques” não faz sentido este ficar esquecido. Entre este compasso de espera, aguarda-se que as crianças possam voltar a brincar.
Tomás Chio PolíticaKaifong querem melhor qualidade de água no território [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]o Ion San, deputado dos KaiFong, interpelou o Governo sobre fiscalização das emissões ilegais de águas residuais na zona Norte, queixou-se do mau cheiro das águas fluviais, perguntou por planos de longo prazo e pediu a reforma da Lei de Bases do Ambiente. Numa interpelação ao Governo, Ho Ion San, presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), sobre a questão das águas residuais assinalando que a situação tem vindo a deteriorar-se por causa do desenvolvimento social e do crescimento populacional de Macau, com especial enfâse na península, já que, reforça o deputado, “dos cinco pontos negros de poluição aquática do território, quatro situam-se em Macau”, o que, para o deputado “é extremamente negativo para o ambiente da cidade”. Para o deputado as instalações de tratamento de águas residuais do território estão “desfasadas do desenvolvimento económico”, razão pela qual, alega, “a qualidade das águas envolventes do território é cada vez pior” dando os exemplos da Areia Preta, Fai Chi Kei, duas zonas onde, periodicamente, surgem maus cheiros. Zona norte muito negra Pegando no factos do Governo ter referido que a Zona Norte ocupa 40% dos casos de emissão ilegal de águas residuais, e da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental ter pedido apoio profissional para elaborar uma proposta que resolva o problema da zona, Ho Ion San quis saber em que ponto estão os trabalhos e como é que o Governo fiscaliza a qualidade das águas na zona. Ho Ion San argumentou ainda que a Lei de Bases do Ambiente foi criada há mais de vinte anos, pelo que não poderá responder à pressão ambiental causada pelo desenvolvimento do território e consequente aumento populacional registado nos últimos anos. Por isso mesmo, pretende saber se o Governo vai, ou não, rever a lei, especialmente na parte que diz respeito à qualidade de água e consequente envio de poluição para o mar. Por último, o deputado dos KaiFong questionou ainda o Governo sobre propostas de longo prazo para o planeamento do ambiente no porto interior, Fai Chi Kei e Areia Preta, bem como na praia Hac Sac.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTDM | Associações de deputados patrocinam programas A Fundação Chan Meng Kam e a Associação de Conterrâneos de Jiangmen, dos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, patrocinam programas transmitidos no canal chinês da TDM. Coutinho fala de “conluio” com “grandes associações” [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]urgem no pequeno ecrã sorridentes e a cumprimentar idosos. É assim o programa patrocinado pela Associação dos Conterrâneos de Jiangmen no canal chinês da TDM, o qual mostra os rostos dos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting. Transmitido no período da tarde, esse programa é patrocinado pela associação à qual pertencem os deputados e visa sobretudo a região de onde são oriundos os membros do hemiciclo. Não são apenas os conterrâneos de Jiangmen a ter um programa patrocinado na TDM. A Fundação Chan Meng Kam, criada em 2013 pelo deputado, também paga a transmissão de um programa que é emitido no período da manhã. Manuel Pires, presidente do conselho de administração da TDM, confirma a transmissão de vários programas patrocinados por associações, cujo patrocínio surge devidamente identificado no fim. Em declarações ao HM, Manuel Pires deixa bem claro: “nós não passamos publicidade a deputados”. O homem forte da TDM referiu que o facto destes pertencerem a associações e serem membros da Assembleia Legislativa (AL) é apenas algo que é comum acontecer em Macau. Sem termos acesso a valores, tentámos contactar os deputados em causa. Chan Meng Kam esteve incontactável e o seu número dois, Si Ka Lon, referiu nada saber sobre o programa. Não conseguimos falar com Mak Soi Kun mas conseguimos falar com o seu número dois, Zheng Anting. Num primeiro contacto referiu que a sua associação não patrocinava qualquer programa, mas depois explicou que o patrocínio vem de dez pessoas, e não apenas de deputados. “As outras pessoas que pagam também ocupam lugares importantes em Macau. É um programa que também é difundido em Jiangmen, para contar às pessoas como os conterrâneos trabalham de forma árdua em Macau. Se o programa viola a lei eleitoral, então quer dizer que não podemos dizer que somos deputados quando sairmos à rua. Se contarmos aos outros o que fazemos também estamos a violar a lei eleitoral?”, questionou Zheng Anting. “Cúmulo dos cúmulos” O deputado José Pereira Coutinho garante que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) não patrocina nenhum programa, falando da existência de “conluio entre o Governo e as associações poderosas que existem em Macau”. “Isto é o cúmulo dos cúmulos, porque as associações que estão a pagar estes programas são as que tiveram mais votos nas últimas eleições. Esta é uma forma de antecipação, porque na verdade a campanha eleitoral já começou, já foram escolhidos os mandatários para a recolha de votos”, acusou Coutinho. O deputado lança ainda farpas à TDM. “A TDM patrocina estas associações ao permitir a transmissão dos programas. Este patrocínio é escandaloso por parte da TDM”, apontou Coutinho, que diz que a revisão da lei eleitoral para a AL “é tardia e não vai ser eficaz”. Contactado pelo HM, o analista político Larry So não vê, para já, incompatibilidades, mas prevê eventuais problemas no futuro. “Pelo que sei o Chan Meng Kam não faz isso a título pessoal, faz isso em nome da sua fundação. Penso que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) também faz um patrocínio no programa da manhã. Estamos numa sociedade comercial e isso é possível. Claro que estamos a aproximar-nos do período eleitoral e aí podem surgir problemas. Mas neste momento ainda não estamos no período de campanha eleitoral e não me parece que haja algum tipo de controvérsia”. Apesar disso, Larry So reconhece que “este é um tipo de promoção, em que (os deputados) podem ser mais bem conhecidos junto da sociedade, através dos meios de comunicação social”.
Andreia Sofia Silva PolíticaNovo Macau | Scott Chiang não descarta mudanças Não quer comentar as ideias apresentadas por Au Kam San e Ng Kuok Cheong, mas levanta o véu e diz que podem acontecer novas mudança na Associação Novo Macau. Scott Chiang não fala sobre as eleições à AL, mas tudo está em aberto [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]cott Chiang, presidente da Associação Novo Macau, diz que podem estar para acontecer mudanças no grupo pró-democrata. Questionado sobre uma possível candidatura às eleições à Assembleia Legislativa (AL), Scott Chiang volta a não querer falar sobre o assunto, deixando tudo em aberto incluindo a possibilidade de caras novas no próprio grupo. “Tudo é possível, há sempre pessoa novas, há sempre caras novas. Já tivemos o Sou Ka Hou, também já tivemos o Jason [Chao]. O que o espero é que o futuro traga mudanças, das boas, mas ainda não sabemos o que pode acontecer” Questionado sobre a possibilidade de eleger um novo membro da associação, o presidente foca-se no único que agora os representa, o deputado Ng Kuok Cheong. “Perdemos um [Au Kam San] mas temos Ng Kuok Cheong. Se ele concorrer outra vez, primeiro garantimos o seu lugar, depois queremos que se faça mais”, explicou. Tempo curto Relativamente às ideias apresentadas por Ng Kuok Cheong e Au Kam San no âmbito do Plano de Desenvolvimento Quinquenal, o qual, acusam, foge à questão da implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo, apresentada na passada sexta-feira, em conferência à imprensa, o presidente pró-democrata não quis comentar. “Não tive tempo para estudar e ver a proposta apresentada, nem as ideias, pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong. Portanto não me parece justo fazer uma apreciação agora”, explicou, frisando que não está a recusar fazê-lo. “Para já não o vou fazer”, apontou. As ideias apresentadas vão muito ao encontro de iniciativas defendidas também pela associação na área da habitação, transportes e avaliação do próprio Governo. Scott Chiang continua a aguardar desenvolvimentos do caso avançado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) em que o pró-democrata é suspeito de desobediência na manifestação de 15 de Maio, que pedia a demissão de Chui Sai On, Chefe do Executivo, após tornadas públicas as doações da Fundação Macau à Universidade de Jian.
Tomás Chio Manchete SociedadeProtesto | Residente acusa Venetian de capturas ilegais Vão para uma sala e ficam sem documentos durante umas horas. A Venetian está a ser acusada por um residente de fazer capturas ilegais de pessoas dentro do casino, com a ajuda dos seguranças [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m residente, de nome Lei, manifestou-se ontem junto à fronteira com Zhuhai acusando a Venetian de ter autorizado a sua captura e encerramento numa sala com mais pessoas, algo que, segundo disse, ocorrerá com frequência dentro do empreendimento. Segundo relatou este individuo, os seguranças levam-nos para salas, apoderam-se dos documentos de identificação e os homens só podem sair várias horas depois, sem uma explicação. Lei, que empenhava um cartaz que revelava a sua idade (48 anos) e o apoio que recebe de grupos como “Poder do Povo” e “Aliança da Juventude” contou o que aconteceu consigo em Maio. “Estava à espera de um amigo meu ao lado de um bar, no Venetian, quando de repente surgem três seguranças nepaleses que me obrigaram a ir para uma sala de segurança”, referiu Lei. Quando chegou à sala, Lei terá encontrado outros chineses, sendo que alguns lhe disseram que estavam ali há cerca de 20 horas. O senhor Lei terá sido forçado a ficar na sala durante duas horas, tendo ficado sem documentos de identificação. Sem explicações por parte dos seguranças, Lei diz ter ficado ferido nos braços e nas costas. Lei afirma que demorou algum tempo a denunciar o caso porque estava à procura de testemunhas, tendo referido que não tem qualquer ligação com a Venetian, tendo apenas sido jogador no casino da empresa. Lei referiu ainda saber apenas que os outros detidos são do interior da China, acusando a Venetian de permitir esta “ilegalidade” todos os dias, exigindo explicações à operadora. Sem medo “Um chefe do departamento de segurança, estrangeiro mas que fala chinês, já disse que a Venetian não tem medo de processos judiciais, por ter uma forte equipa de advogados.” Durante o protesto, Lei questionou o facto dos Estados Unidos serem um país onde existe preocupação com os direitos humanos. “Porque é que esta empresa americana faz ilegalidades na China, porquê?”, questionou. Depois do protesto, Lei promete ir ao consulado-geral dos Estados Unidos em Hong Kong denunciar o caso, bem como fazer uma queixa junto das autoridades policiais de Macau.
Andreia Sofia Silva SociedadeAssociação das Mulheres disposta a colaborar no Arraial de São João [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Geral das Mulheres de Macau revela estar disposta a colaborar com as associações de matriz portuguesa para a realização do Arraial de São João. A garantia foi dada por Ho Ka Ian, administradora-adjunta da associação. “O presidente da Associação dos Macaenses (ADM) disse que queria misturar as culturas ocidental e oriental e nós concordamos com a ideia, e no futuro se continuarem a realizar esse tipo de actividades nós estamos a favor, existe a possibilidade de cooperação”, referiu. Ho Ka Ian disse ainda que “podem adicionar-se mais elementos chineses” ao tradicional Arraial de são João, que todos os anos se realiza na zona de São Lázaro. “Eles têm as danças populares, nós temos as danças chinesas. A combinação das duas será boa. Eles têm tendinhas com artesanato português, nós também temos o nosso artesanato, mas pode-se fazer uma ligação”, explicou. “Todos sabem que Macau é um lugar de existência de duas culturas diferentes. Precisamos de aproveitar estas características para mostrar que Macau é um lugar onde o Oriente se encontra com o Ocidente. Para o turismo e a imagem de Macau essas características são representativas”, adiantou Ho Ka Ian. Bom balanço A edição deste ano do Arraial de São João terminou no domingo e Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM, fez um balanço positivo do evento, tendo pedido a cooperação com associações chinesas, como a União Geral das Associações de Moradores (UGAMM, ou Kaifong). “Teremos todo o gosto, teremos toda a honra em inclui-las. As pessoas pensam que esta é uma festa dos portugueses. Não. É verdade que o pendor português é decisivo. É obvio. Isto é a afirmação de uma cultura – da cultura de portugueses de Macau. Mas como digo que é de Macau obviamente não podemos deixar de lado a componente chinesa. Oxalá que no próximo ano tenhamos esta efectiva intervenção deles”, disse, segundo a Rádio Macau. O HM tentou contactar os Kaifong e a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) para perceber a sua disponibilidade para participar neste projecto, mas ambas as associações recusaram prestar declarações sobre o assunto. Com Angela Ka
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePortas do Cerco | Renovação do terminal custa seis milhões. Deputados criticam O Governo vai gastar mais de seis milhões de patacas na renovação do terminal de autocarros e passageiros das Portas do Cerco. Ng Kuok Cheong, Si Ka Lon e Kwan Tsui Hang consideram que essa renovação continua sem resolver os problemas existentes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa local Companhia de Engenharia Young’s vai ficar responsável por mais uma obra de renovação do terminal de autocarros e passageiros das Portas do Cerco. Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), a empresa irá receber pouco mais de 6,5 milhões de patacas para realizar a “empreitada de melhoramento das zonas de espera de passageiros e de circulação rodoviária do centro rodoviário subterrâneo das Portas do Cerco”. A obra deverá ficar concluída em 2018, segundo os prazos de pagamento fixados no despacho publicado e assinado pelo Chefe do Executivo. Há muito que os problemas de circulação, ventilação e infra-estruturas na zona da fronteira são abordados pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL). Confrontados pelo HM, três deputados aplaudem esta iniciativa mas continuam a achar que a obra não vai resolver o problema. “O Governo já fala da renovação da zona das Portas do Cerco há muitos anos. Agora vai gastar seis milhões de patacas, mas no passado há foram gastos mais milhões, mas tudo serviu apenas para tratar alguns sintomas e não para resolver a origem do problema. Investir seis milhões vai trazer certamente mudanças positivas, mas não vai servir para tratar o problema de origem”, referiu Si Ka Lon, número dois de Chan Meng Kam no hemiciclo. “Sem ter um plano geral para a zona, tudo o que o Governo fizer não irá solucionar os problemas. Sei que o Governo já investiu muito num plano geral para a zona das Portas do Cerco, mas ainda nada disse sobre o assunto. Deveria ser mais transparente”, apontou o deputado. Mais ligações A deputada Kwan Tsui Hang espera que o Governo “possa acelerar o planeamento e a investigação” sobre a renovação da zona. Já o deputado Ng Kuok Cheong considera que o Governo “já deu a ideia de que não pretende realizar uma grande mudança” no local. “Talvez tenha adoptado as sugestões dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), e fazer mudanças maiores ao nível dos transportes. A área precisa de grandes alterações e não apenas ao nível dos transportes mas também no que diz respeito à ligação com o Metro Ligeiro e as habitações que existem à volta. O que me parece é que o Governo não revela muita preocupação sobre esse assunto”, apontou Ng Kuok Cheong. Si Ka Lon espera que o plano de renovação melhor o sistema de circulação do ar, por forma a proporcionar um ambiente mais confortável aos passageiros. Com Angela Ka
Sofia Margarida Mota MancheteNatália Gromicho: “Sempre me revoltei por não ter apoio no meu país” Natália Gromicho está na RAEM para apresentar a sua primeira exposição na terra que há muito sonhava conhecer. A artista que expõe em Nova Iorque e é representada na Baker Street londrina pintou à vista de quem quisesse as 11 obras que abrem portas ao público na Casa Garden, já no próximo dia 30 de Junho A Natália já conta com cerca de 20 anos de carreira. Como é que tudo começou? Tenho mais do que 20 anos de carreira. Sempre me interessei por desenhar. Apesar de ter estado sempre na área das ciências, já no liceu fazia recortes das ilustrações dos manuais de português que eram, na sua maioria de grandes artistas. Quando ingressei no 10º ano resolvi abraçar as artes e optei por um curso profissional na área. Acabaram-se as negativas à excepção de geometria descritiva. Acabei por finalizar o 12º ano à noite. Acabou por ingressar nas Faculdade de Belas Artes em Lisboa… Desisti das belas artes. Sou autodidacta e serei sempre autodidacta, à semelhança da Graça Morais que cá esteve em exposição recentemente. Aquilo na faculdade era um horror! Por um lado estava num “convento” e o edifício, naquela altura, não tinha condições nenhumas de trabalho. Fui para lá autoproposta. Era aluna de 20 a desenho quando acabei o liceu, e cheguei ali e desisti quase de imediato. Aquilo não era para mim. Queria uma coisa diferente e não me sentia entendida. Queria outro tipo de trabalho e fiz-me à vida. Eu aprendo com os erros. Também passou pela cerâmica… Essa é a minha paixão maior. A minha formação na escola foi de cerâmica artística. Tirei o curso profissional nessa área e convivi com os melhores professores. Depois chego às belas artes e tenho um professor que nos aconselha a desenhar com um régua. Desisti logo! Também frequentei um curso no ARCO de carácter intensivo e foi aí que consegui aprofundar o nu artístico. E estando agora na China, aproveito para ir em busca das cerâmicas de cá e aprender mais. Como arrancou então a sua carreira? Depois de desistir das belas artes criei uma exposição auto-sustentável. Andei com esse projecto a correr Portugal. Não havia dinheiro e criámos um pacote, eu e o Gonçalo Madeira, o meu agente. A exposição era entregue a um determinado sítio e esse sítio entregaria a outro, e assim sucessivamente. andei com uma exposição itinerante por Portugal inteiro. Não havia dinheiro e fizemos um pacote em que eu entregava a exposição num sitio, esse sitio entregaria a outro, e assim se correu o país inteiro. Foi o trabalho que marcou o seu arranque… Sim porque Portugal tinha que saber quem era a Natália Gromicho. Já ouviu falar dela? Não. Então vai ouvir que os trabalhos vão estar perto de si. Foi essa a intenção. Foi uma exposição muito bem recebida e coincidentemente os trabalhos seguiram para a Austrália onde foram ainda melhor recebidos e vendidos. Estiveram no Adelaide Festival. Depois do sucesso na Austrália como foi o regresso a Portugal? A exposição correu bem e quando voltámos resolvi ter o meu atelier em Lisboa. Sempre me revoltei por não haver apoios ou reconhecimento no meu país. Depois de lá fora ter corrido tudo tão bem resolvi ser e afirmar-me como portuguesa. Quando chegámos a Portugal fomos procurar um local para recomeçar num momento de afirmação. Curiosamente o departamento de cultura de Câmara de Lisboa não nos deu qualquer incentivo e foi a área do património que nos propôs um espaço que possivelmente nos interessaria. Era uma antiga galeria municipal da câmara, abandonada, no edifício do espaço Chiado. Foi quando começaram a aparecer os primeiros convites para expor. Na mesma altura fui convidada para expor em grande formato no Open Day, uma iniciativa da LX Factory. Aconteceu tudo ao mesmo tempo e a câmara ajudou nesse sentido. Aqui se vê o espelho da cultura que devia ter sido o principal apoiante e não foi mais uma vez. Apesar de estar sediada em Portugal a sua obra é conhecida, vendida e divulgada no exterior. Como é que se sente com este reconhecimento que não é na sua terra? Portugal é futebol. Ramon Casalé, crítico de arte espanhol, foi quem me fez a primeira crítica arrebatadora. Em Portugal, tenho o atelier aberto ao público e as pessoas nem sequer lá entram. Isso acaba por me dar mais força. Quero fazer coisas mais estranhas numa linguagem ainda mais provocante. A sua linguagem tem mudado. Como a poderia definir? Tenho que me conseguir expressar de uma outra maneira que não seja por palavras. As coisas têm que ser ditas de outra maneira. A minha linguagem é para inovar e chocar. Ninguém consegue fazer uma pincelada igual à minha. Marco pela imperfeição. O homem não é perfeito e a imperfeição é arte. Se fizesse uma coisa perfeitinha era uma máquina, coisa que não sou. É sabida a sua paixão pelo Oriente. Porquê este encanto? A disciplina e o rigor. Acho que aqui as coisas são coerentes. Influenciou também o desenvolvimento do seu trabalho? Dei comigo a conhecer Singapura, uma cidade emergente, em pleno crescimento. Comecei logo a transmitir isso com o meu trabalho, com coisas mais geométricas. Não me comparem nunca com a deusa Vieira da Silva. A obra está feita, as manchas surgem, eu não tenho a culpa, não sei o que é, a minha obra está feita. Desenhei muito e fartei-me. Acho que desenhar toda a gente pode fazer. A minha passagem pelo Oriente fez com que o abstracto aparecesse de uma forma mais intensa. Passei a dar menos importância à linha, passei do figurativo para o abstracto. Também me inspirei na arquitectura e considero que aqui no Oriente se fazem coisas fantásticas. Por exemplo em Macau, construíram de uma cidade velha, uma coisa cheia de cor. Como está a correr esta estadia por Macau? Macau sempre foi um sonho meu. Já na Expo 98 em Lisboa visitava frequentemente o pavilhão dedicado a Macau. O contraste, aqui, encanta-me e é diferente de qualquer outra coisa que conheça. Saímos das Ruínas de S. Paulo, por exemplo, e logo a seguir se encontramos um edifício como o Grand Lisboa. Macau é uma surpresa. Vai também inaugurar, pela primeira vez uma exposição no Museu Oriente em Portugal. É o esperado reconhecimento nacional? Nunca foi minha intenção estar a expor numa coisa tão sagrada como é um museu. Mas sim, o reconhecimento pela Fundação Oriente em Portugal é de facto o culminar de muito tempo de trabalho. E exposição será composta por 71 obras em que muitos trabalhos são de grande formato e resultam de seis anos de trabalho que abrangem também as viagens pelo Oriente. Pintou aqui na Casa Garden os trabalhos que vai expôr… Acho que é bom ter companhia. Quando trabalho, mesmo acompanhada estou sozinha, mas é um desafio. Pode correr bem ou mal, se correr mal faz igualmente parte. É também uma maneira das pessoas verem como trabalho e de verem o processo de um artista expressionista. O que espera levar de Macau, que queria tanto conhecer? Tenho muitas ideias para levar comigo e poder mostrar o que é Macau. As que vão ser aqui expostas já estavam de alguma forma em mente, mas os trabalhos inspirados em Macau vão nascer após esta passagem.
Boi Luxo h | Artes, Letras e IdeiasA propósito de Berlin – Die Sinfonie der Großstadt, 1927, Walter Ruttmann Crise, Assassinato, Bolsa, Casamento, Dinheiro, Dinheiro, Dinheiro . . . [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s capítulos que Georges Sadoul dedica, no seu livro Histoire du Cinéma Mondial, ao cinema mudo, lembram como esta arte se implantou com uma velocidade prodigiosa um pouco por todo o mundo assim que se ultrapassaram alguns problemas técnicos. De algum modo, que não consigo definir, penso que o cinema mudo ganhou, nos dias de hoje, uma nova actualidade. A facilidade com que na era da tecnologia digital se produzem imagens reproduz uma inocência próxima à que envolve o cinema mudo. O à-vontade no tratamento e na recepção da imagem vem igualmente integrar de uma maneira mais natural a produção antiga de imagens no mundo de hoje. O seu aspecto e a sua gramática parecem fazer mais sentido hoje do que em alturas da história do cinema em que a maioria da sua produção seguia modelos demasiado comerciais e, sobretudo, demasiado semelhantes na sua sintaxe e nos seus desígnios. O digital veio igualmente libertar um pouco a produção da imagem (cinematográfica também) de uma obrigação lucrativa. Tendo-se, afortunadamente, desenvolvido no início do século XX, o cinema pôde aproveitar outras energias que lhe eram exteriores e que à altura mostravam grande fulgor. O cinema, a pintura, a escultura, a fotografia, a música e o bailado andaram, nessa época de grande excitação estética, muito mais ligados do que andam hoje*. Assim, paralelamente ao cinema narrativo, permaneceu durante vários anos uma linha mais ligada àquilo que podemos chamar a avant-garde e o cinéma pur. A diferença para hoje é que o cinema avant-garde dos anos 10, 20 e 30 parece natural e perfeitamente integrado na estética da época. Seria fastidioso estar a listar nomes mas será útil lembrar que este cinema tem origem em vários países, Alemanha, França, Itália, Rússia (e U.R.S.S.), E.U.A. ou Japão, para lá de exemplos mais isolados em outros países.** Há, nos anos 20, uma força dentro do cinema no sentido de o libertar do jugo da literatura e do teatro criando, ao invés, uma linguagem absoluta internacional para si próprio, um programa que se publicita abertamente num filme de que aqui se falará: Man with a Movie Camera, 1929, de Dziga Vertov – um filme sem guião, actores ou cenários, como no início se afirma inequivocamente. Walter Ruttmann juntou uma série de pontos programáticos semelhantes para a apresentação do seu filme de Berlim. Mas, como todos hoje sabemos, o cinema comum, ao tornar-se uma actividade para as massas, não se libertou nunca da literatura. Mas tudo isto vem a propósito de Berlin – Die Sinfonie der Großstadt/Berlin – Symphonie of a Big City, 1927, de Walter Ruttmann, um elogio futurista (uma Ode) a Berlim e à ideia da grande cidade, assunto dilecto das elites vanguardistas da época. Um amante desta mais extraordinária das criações humanas, a grande cidade, não pode deixar de integrar este filme no seu complexo admirativo. Lembre-se e releia-se a – muito mais agressiva, muito mais diversificada nas imagens e muito mais sexual – Ode Triunfal de Pessoa/Álvaro de Campos, anterior cerca de 15 anos. Por vezes o filme alemão parece ser uma ilustração do poema de Pessoa. O documentário foi desde cedo apontado como um dos géneros (para lá do Cinema Absoluto ou Puro) próprios à modernidade do cinema. Die Sinfonie…, estreado no mesmo ano de Metropolis, é um documentário, fácil de seguir se pensarmos que Ruttmann, que era inicialmente pintor e gráfico, se dedicara anteriormente ao filme abstracto (ver os seus pequenos Lichtspiel). Ao longo dos seus 5 andamentos, é-nos mostrado um dia na vida da grande metrópole sob a perspectiva do elogio da modernidade e das possibilidades promovidas pelas novas tecnologias (filmado ao longo de 1 ano e montado para fingir 1 dia). Exibe-se o gosto pelo movimento e pela velocidade. Neste conjunto de afirmações os transportes públicos (como acontece insistentemente na Ode… de Pessoa) têm um lugar de destaque – como meio de transporte das massas e como elogio à beleza da máquina e da velocidade – comboios (imensos, locais, nacionais e internacionais) táxis, autocarros, aviões (já a Lufthansa) eléctricos (como ainda hoje), metropolitano, alguns carros particulares. É uma imagética que encontramos em outros filmes da época com programa semelhante. O espectáculo do movimento, objecto do cinema abstracto e do cinema de animação, não é aqui muito diferente. Continua-se com a fábrica, a máquina e a sedução económica mas também estética das possibilidades ilimitadas da montagem em série, a reprodução infindável do produto que permite uma abundância que se acreditava vir a ser generalizada. No Acto II, a actividade frenética das primeiras horas da vida da cidade, a foule, as massas, a abertura dos estabelecimentos, etc. …hé-lá-hô la foule! Berlim, como sabemos, é uma cidade de muitas faces. A guerra e a divisão em duas partes obrigou-a a permanecer num estado peculiar. Não transmite hoje – mesmo que seja uma cidade vibrante e bela a muitos níveis – o vigor do tipo de cidades que este filme, Metropolis, ou até o conhecido filme de Vertov, Man with a Movie Camera, prometiam. Isso vê-se hoje em Tóquio, Hong Kong ou Nova Iorque. Man with a Movie Camera segue uma ideia muito parecida, mostrando o acordar da cidade e a sua agitação dando especial atenção à montagem e ao ritmo. No entanto, no filme soviético (filmado ao longo de 3 anos e montado para parecer 1 dia), são várias as cidades que se mostram, permanecendo o sentido de exaltação da vida urbana em geral. São muitos os tipos sociais mostrados no filme alemão. Há muitos pobres e uma afirmação sólida de que a cidade é insaciável no seu desejo de juntar riqueza e que não se deterá em tentar os seus objectivos seja por que meios for. A parte que corresponde ao período da tarde (depois de uma hora de almoço despreocupada e quase lânguida) é de uma velocidade frenética, favorecida pelas técnicas de montagem em moda na altura, para, mais para o fim, abrandar de novo ao mostrar o lazer do fim de tarde (o desporto, especialmente as corridas)***. Peço de novo ao leitor que leia a ode de Pessoa/Campos em conjunto com esta sinfonia. Os pontos de contacto são, na verdade, inúmeros. O último acto, o V, é dedicado ao lazer nocturno. Não vale a pena estar a adiantar uma descrição. Recorde-se apenas que este é um filme que mostra a cidade como ela é e não uma visão de uma cidade do futuro (como Metropolis). Antes a exibição de um orgulho e uma satisfação pela pertença a uma modernidade que Berlim demonstrava. Por muito que se mostre como um filme de exaltação das energias da grande cidade (que Berlim nesta altura era) este prende-se muito com as pessoas que a povoam, descendo ao nível da rua e tornando-se muito físico e bondoso, ao contrário do que acontece, por exemplo, com Manhatta, 1921, de Paul Strand e Charles Sheeler, um dos mais antigos filmes sobre uma cidade. Nem todos concordam com esta afirmação. Existe um filme de 2002, de Thomas Schadt, chamado Berlin. Sinfonie einer Grosstadt. Como o próprio nome indica é uma versão moderna do filme de Ruttmann. Deve ver-se. É inquietante, vagamente disfórico – o futuro do Futurismo já passou. Enquanto a demonstração da montagem em série, no filme de 1927, parece moderna, no de 2002 é sinistra, como se tudo – até os produtos de pastelaria – não passasse de uma conspiração. Cria uma desconfiança em relação à Bola de Berlim. Foi filmado antes de Berlim se tornar numa cidade da moda, artística, gira e turística, durante os anos um pouco cinzentos de Gerhard Schröder. Também se passa durante um dia, o que faz lembrar um outro filme muito recente (não documentário) de que já aqui se falou, Victoria, de Sebastian Schipper, cuja acção se passa em Berlim durante uma noite (filmado em apenas um take de 138 minutos). (Finalmente. Lembre-se a existência um filme brasileiro não há muito tempo referido nesta página mas que eu nunca vi: São Paulo, A Sinfonia da Metrópole, 1929, de Adalberto Kemeny e Rudolf Rex Lustig, fortemente inspirado no de Ruttmann). * com excepção do período do mudo, o cinema nunca andou muito próximo da dança. Hoje em dia, tirando uns exemplos alemães, o desinteresse por esta arte continua. Um artigo de Robert Gottlieb, no primeiro número da N.Y.R.B. de 2016, chamado Dancing in the Dark, chama a atenção para o modo como a dança tem sido (mal) tratada pelo cinema e pela literatura. A única excepção que Gottlieb consegue apontar é o paradigmático Red Shoes, de Powell e Pressburger. ** os admiradores do cinema japonês não devem deixar de ver o tenebroso e inquietante Kurutta Ippeji/A Page of Madness, 1926, de Teinosuke Kinugasa, passado numa instituição para doentes mentais. Mesmo que não mantenha ao longo de tudo a história uma imagem ousada tem-nas suficientes para justificar um interesse enquanto filme de vanguarda. Jujiro/Crossroads, de 1928, tem algum interesse, deste ponto de vista, mas limitado a alguns planos. Kinugasa é o realizador do conhecido Jigokumon/The Gate of Hell, de 1954. *** Rien que les Heures, 1926, do realizador brasileiro Alberto Cavalcanti, é um documentário que se centra na exibição do quotidiano das classes desfavorecidas, interessante do ponto de vista de alguma imagética vanguardista. Tem a mesma estrutura na apresentação de um dia na cidade, neste caso Paris. Mais tarde, Cavalcanti, que foi colaborador de L’Herbier, viria a trabalhar com Ruttmann em Berlin – Die Sinfonie der Großstadt.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícias de Hong Kong e China discutem notificação recíproca [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]No seguimento dos livreiros desaparecidos, CY Leung, escreveu ao Governo central para reflectir a preocupação dos residentes. O resultado foi o início da discussão para melhorar o mecanismo de notificação mútua criado para salvaguardar os direitos dos residentes de ambos os lados da fronteira. Da China garante-se que o Segundo Sistema é respeitado mas Lam Wing-kee, um dos livreiros, disse ontem à polícia ter sido raptado As autoridades de Pequim e Hong Kong concordaram em iniciar a discussão para melhorar o mecanismo de notificação lançado no ano 2000, informa a agência de notícias chinesa Xinhua. De acordo com um comunicado do Ministério da Segurança Pública divulgado ontem, delegados de Hong Kong vão ser convidados para discutir questões relevantes. Na semana passada, o Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, escreveu ao Governo central para reflectir a preocupação dos residentes sobre o caso do desaparecimento de cinco livreiros ligados a uma editora que publicava livros proibidos no interior da China, e para propor a revisão do mecanismo de notificação entre as duas partes. Desde Janeiro de 2000, quando o mecanismo de notificação recíproca assinado pelo Ministério da Segurança Pública da China e pelo Governo de Hong Kong entrou em vigor, ambas as partes aumentaram as comunicações sobre os casos de alegados crimes cometidos por residentes dos dois lados da fronteira, refere a Xinhua. De acordo com o comunicado do ministério, um total de 6.172 residentes de Hong Kong colocados sob “medidas coercivas” no interior da China foi reportado à polícia de Hong Kong no final de 2015. “Medidas coercivas” podem incluir intimação pela força, caução, prisão domiciliária, detenção e prisão, de acordo com a Procuradoria Popular Suprema (SPP). No mesmo período, 6.934 residentes do interior da China que foram colocados sob “medidas coercivas” em Hong Kong foram reportados à polícia do interior da China. Acusações de sequestro O comunicado refere também que a polícia do interior da China tem respeitado o princípio “Um país, dois sistemas” e absteve-se de interferir com as actividades de aplicação da lei pelas autoridades de Hong Kong. O mecanismo recíproco desempenha um papel fundamental na salvaguarda dos direitos dos residentes de Hong Kong e do interior da China, acrescenta o comunicado, que refere ainda a necessidade de melhorar o sistema que está em vigor há mais de uma década. A informação surge no mesmo dia em que o livreiro Lam Wing-kee, que regressou a Hong Kong em meados deste mês, prestou declarações à polícia no território. Dias depois do regresso a Hong Kong, Lam Wing-kee deu uma conferência de imprensa na qual disse ter sido sequestrado por “forças especiais” da polícia chinesa ao passar a fronteira para o interior da China, onde ficou detido durante oito meses, período durante o qual fez uma confissão que diz ter sido orquestrada pelas autoridades chinesas. Desaparecimentos misteriosos Lam Wing-kee, de 61 anos, é um dos cinco livreiros que desapareceram em circunstâncias misteriosas, entre Outubro e Dezembro de 2015. Os cinco livreiros trabalhavam na mesma editora de Hong Kong, conhecida por publicar livros sobre a vida privada de líderes chineses e intrigas políticas na cúpula do poder, os quais são proibidos no interior da China. Três dos livreiros – Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por – desapareceram quando se encontravam no interior da China. Todos reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades chinesas, e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares, amigos e associações de defesa dos direitos humanos desconfiam terem sido feitas sob coacção. Gui Minhai – um cidadão com passaporte sueco – foi o primeiro dos cinco livreiros a desaparecer, durante uma visita à Tailândia, e é o único que continua detido. Lee Bo desapareceu em Dezembro a partir do território de Hong Kong, sem que haja qualquer registo na fronteira com a China.
Hoje Macau China / ÁsiaBrexit | Li Keqiang apela ao esforço global [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) aumentou as incertezas no mercado global. Segundo o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o mundo precisa de fazer esforços concertados para obter um método para promover a revitalização da economia global. Li proferiu estas palavras na Reunião Anual dos Novos Campeões, em Tianjin, na segunda-feira de manhã. Para o líder chinês, a Europa é um parceiro importante da China e Pequim continuará a manter a sua posição face à Europa e ao Reino Unido. “Esperamos uma UE unificada e estável, bem como uma Grã-Bretanha estável e próspera”, disse o primeiro-ministro. Num mundo globalizado, todas as economias são altamente interdependentes, e, portanto, precisam de dar as mãos e avançar em conjunto, acrescentou. A Reunião Anual dos Novos Campeões 2016, também conhecida por Fórum de Davos de Verão, realizada entre os dias 26 e 28 de Junho, tem como tema nuclear a “quarta revolução industrial e seu impacto transformacional”. Cerca de 1.700 políticos, empresários, académicos e representantes da imprensa de mais de 90 países participam do evento.
Joana Freitas DesportoCampeonatos de Turismo Macau Terminaram em Zhuhai [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]O segundo “Festival de Corridas de Macau” realizou-se no pretérito fim-de-semana no Circuito Internacional de Zhuhai, naquela que foi a última oportunidade para os pilotos de carros de turismo de Macau se qualificarem para o Grande Prémio. Com temperaturas elevadíssimas, muito pouco amigáveis para as mecânicas dos automóveis participantes na edição deste ano do Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS), Filipe Clemente Souza renovou o título na classe AAMC Challenge, com dois indiscutíveis triunfos, ao passo que Ng Kin Veng ficou com o ceptro da categoria AAMC Road Sport Challenge. A bisar Num formato igual ao de eventos anteriores, os 24 concorrentes na categoria AAMC Challenge qualificaram-se de manhã e tiveram as suas corridas à tarde. No sábado, Jerônimo Badaraco (Chevrolet Cruze) arrancou da pole-position e conservou a primeira posição na primeira metade da corrida. Contudo, Souza (Chevrolet Cruze) imprimiu um ritmo mais forte na segunda metade e ultrapassou o seu companheiro de equipa, oferecendo mais uma “dobradinha” à Son Veng Racing Team. Álvaro Mourato (Peugeot RCZ) desembaraçou-se na partida de Chan Weng Tong (Chevrolet Cruze), assumindo o terceiro lugar, mas com o avançar da corrida e o motor do carro francês a falhar, perdeu lugares para Chao Chong In (MINI Cooper), Célio Alves Dias (MINI Cooper) e já no final das 12 voltas para Tong, terminando em sexto. Depois de ter lutado pelas posições próximas do “Top-10”, Rui Valente (MINI Cooper) acabou no 15º lugar, enquanto Helder Rosa (Peugeot RCZ) foi o 18º classificado. Apesar de ter rodado no quinto posto, o carro de Eurico Jesus (Ford Fiesta) sucumbiu na penúltima volta. No domingo, Souza partiu da pole-position na segunda corrida e por lá ficou do princípio ao fim, apesar da pressão exercida por Badaraco nas últimas voltas. Com este título, Souza, que este ano também está a disputar o TCR Asia Series, sagrou-se bi-campeão da classe AAMC Challenge. O pódio na quarta corrida da temporada ficou completo com a presença de um outro macaense, Célio Alves Dias. Eurico de Jesus foi o sétimo, enquanto Valente foi o 12º classificado. Por fim, ainda entre os macaenses, Mourato acabou fora de prova, após ter sido tocado na última curva, e Rosa também não terminou classificado devido a problemas de pressão no turbo da sua viatura. Vitórias repartidas Com apenas dúzia e meia de inscritos este ano, todos teoricamente apurados à partida, na categoria AAMC Road Sport Challenge as vitórias foram repartidas por Ng Kin Veng (Mitsubishi Evo), que assim se sagrou campeão 2016, e pelo ex-campeão Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9). O único nome português presente, Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo9), foi sétimo e nono na primeira e segunda corrida respectivamente. O programa do fim-de-semana foi preenchido com quatro corridas da Taça Richburg, para viaturas da categoria FIA TCN2 e Road Sport, em que James Tang, em Honda Civic TCR, venceu por três ocasiões, tendo o “Rei do Drifting” de Hong Kong sido batido na última corrida por Edgar Lau em SEAT Léon TCR.
Hoje Macau DesportoPortugal tem bicampeão Europeu de canoagem [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]Fernando Pimenta sagrou-se no domingo bicampeão da Europa de canoagem, juntando o título de K1 5000 ao de 1000, conquistado no dia anterior. Um título inédito a dois meses dos Jogos Olímpicos. O canoísta luso, que liderou do primeiro ao último metro, concluiu a prova em 3.29,040 minutos, batendo o dinamarquês René Poulsen (3.32,296), segundo classificado, e o húngaro Balint Kopasz (3.32.656), terceiro. Pimenta admitiu um “sabor agridoce” por ter falhado o pódio em K4 1000. “É muita ‘fruta’, mas sinto um sabor agridoce. Mesmo sendo talvez o atleta mais medalhado dos homens nestes Europeus, queria mais no K4. Ficámos a 100 milésimos do bronze. Sem dúvida que me sinto satisfeito pelo que fiz, mas os meus parceiros mereciam sair daqui com uma medalha. Vamos trabalhar para isso. O nosso momento está para chegar”, garantiu à agência Lusa. Pimenta referia-se a Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes, com quem ficou a 108 milésimos do bronze em K1 1000. “O nosso momento está para chegar. Vamos trabalhar para isso, mais unidos do que nunca, focamos no grande objectivo e meta, os Jogos Olímpicos”, vincou. O canoísta português garante que sairia “sempre motivado” destes Europeus, considerando que não há limites para a fasquia de objectivos que delineia com o seu treinador Hélio Lucas. “Não desmotivo fácil. Temos sempre um olhar novo, objectivo e meta. Sem dúvida que sair daqui com duas medalhas é muito gratificante, um clique muito bom. E agora é trabalhar, dar tudo por tudo. Continuar focado, concentrado ainda mais do que nunca”, concluiu.
Hoje Macau SociedadePandas gémeos nascem pela primeira vez na RAEM [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]Dois pandas gigantes gémeos nasceram pela primeira vez em Macau, no domingo, filhos do casal de pandas Sam Sam e Hoi Hoi, oferecidos pela China. As crias nasceram durante a tarde de domingo, uma com 135 gramas, em boas condições de saúde, e a outra com apenas 53,8 gramas, pelo que teve de ser colocada numa incubadora, em cuidados intensivos, segundo informações avançadas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Na sexta-feira, o IACM revelou a suspeita de que Sam Sam, de oito anos, estivesse grávida, já que apresentava sintomas comuns de gestação, como menos apetite, menos actividade e alterações fisiológicas. “Estes sintomas são fortemente favoráveis a uma gravidez de um panda gigante fêmea”, disse Leong Kun Fong, membro do conselho de administração do IACM, alertando, entanto, que é “muito comum que os pandas exibam sinais e sintomas de gravidez”. As crias viriam a nascer dois dias depois de os primeiros sinais de gravidez serem relatados. Plano eficaz O Pavilhão do Panda Gigante foi encerrado no passado dia 14 “com vista a desenvolver o plano de reprodução” do casal. Segundo o IACM, Sam Sam foi também sujeita a inseminação artificial. Na sexta-feira, as autoridades indicaram esperar saber se a gravidez era real no espaço de duas semanas. Os pandas gigantes passam por um período de gestação entre 83 e 180 dias, mas os primeiros sintomas podem surgir apenas ao fim de 100 dias. As pseudo-gravidezes são comuns, verificando-se não só alterações no comportamento como hormonais, o que pode tornar os testes inconclusivos. As ecografias também podem ser difíceis de efectuar devido ao tamanho extremamente reduzido do feto. A China ofereceu, em 2009, um casal de pandas a Macau, por altura do 10.º aniversário da transferência de poderes do território de Portugal para a China. No entanto, em 2014, a fêmea, Sam Sam, morreu de problemas renais, que foram agravados por ter entrado no período de reprodução, precisaram os técnicos do IACM na altura. Em Abril do ano passado, chegou a Macau um novo casal de pandas, com o mesmo nome, Sam Sam e Hoi Hoi, que em cantonês significa “alegria” e “felicidade”.