Hotel Estoril | IC, acusado de consultas públicas falsas, critica “injustiça”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lexis Tam já garantiu que não há ainda qualquer decisão sobre o que fazer ao Hotel Estoril, mas o Instituto Cultural continua a ser acusado de estar a levar a cabo consultas públicas falsas. Residentes que estiveram presentes em mais uma sessão de auscultação do novo projecto reclamam que o Governo já sabe bem o que quer fazer ao espaço, ainda que o IC garante que essas acusações são injustas.
“Onde está o espaço para o nosso debate? Se o Governo quer as opiniões de pessoas sobre este projecto por que é que consideram demolir o edifício inteiro logo à partida?”, começou por apontar uma residente, citada pelo canal português da TDM.
Membros do Conselho para as Indústrias Culturais e do Conselho de Curadores do Fundo das Indústrias Culturais defenderam também a preservação da fachada do antigo hotel e do mural, “em nome da memória de Macau”, numa altura em que se acredita que o espaço vai ser totalmente demolido. Isto porque, apesar do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura ter assegurado que não há decisão, o facto de ser Álvaro Siza Vieira o mentor do projecto para o hotel leva a população a acreditar que o Estoril vem mesmo todo abaixo, como já foi defendido pelo profissional português. Algo que não agrada.
“Não me interessa se o arquitecto português diz que o Hotel Estoril não tem interesse cultural, ele é português e não faz ideia do que é importante para as pessoas de Macau. A decisão deve ser feita pelo povo de Macau”, atirou na sessão de sexta-feira outro residente.
Citado pelo canal português da televisão, o ainda presidente da Associação Novo Macau, Sou Ka Hou, criticou o Governo por ter destruído “o pavilhão polidesportivo do Tap Seac no passado, de modo a construir um ponto de interesse em Macau, como fez na zona de São Paulo e São Lázaro”. O activista diz que “no entanto, o resultado é que a zona do Tap Seac continua na mesma.”
Face às acusações de que estaria a fazer uma consulta pública de fachada, o IC respondeu, criticando as declarações. “Fizemos tantas consultas públicas, que isso significa que queremos mesmo discutir este projecto com a comunidade e claro que temos em conta a opinião dos cidadãos. Acho injusto que as pessoas digam que estamos a fazer consultas públicas falsas, isso é muito injusto para com toda a equipa e trabalhadores e não é verdade”, frisou Chan Peng Fai, vice-presidente do IC.
Na sessão, os membros do Conselho para as Indústrias Culturais e do Conselho de Curadores do Fundo das Indústrias Culturais apoiaram o projecto do Governo para o antigo Hotel Estoril, mas nem todos estão de acordo com a ideia de deitar a fachada abaixo.
Segundo a Rádio Macau, Angela Leong, um dos membros, considera “uma pena se todo o edifício for demolido”. A também deputada considera que “pode ser injusto quer para as gerações anteriores, quer para as gerações futuras”. Também James Chu defende que a fachada seja mantida em nome da memória histórica de Macau. O artista entende que, “em termos de estilo arquitectónico não é muito especial, mas tem um estilo próprio e constituí uma memória da população de Macau”.
Lok Hei saiu em defesa do mural do antigo edifício, da autoria do arquitecto italiano Oseo Acconci. “Em termos artísticos, acho que não podemos negligenciar. No futuro complexo vamos formar e desenvolver jovens. Considero que o Governo pode tolerar as coisas antigas para fazer coisas novas”, argumentou, citado pela rádio.

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