Visita | Xi Jinping foi embora, mas deixou quatro tarefas para o Governo da RAEM

A tomada de posse de Ho Iat Seng decorreu ontem e o Chefe do Executivo tem quatro tarefas pela frente: melhoria da governação, desenvolvimento sustentável da economia, aumento do nível de vida da população e consolidação da harmonia e estabilidade social

[dropcap]N[/dropcap]a tomada de posse de Ho Iat Seng como Chefe do Executivo, que decorreu ontem de manhã na Nave Desportiva, o novo líder da RAEM recebeu trabalho de casa do Presidente Xi Jinping. Durante um discurso de meia hora, e muito virado para os sucessos do sistema ‘Um País, Dois sistemas’ num aparente, mas nunca mencionado, contraste com Hong Kong, Xi admitir ter quatro expectativas para o futuro de Macau. A melhoria da governação, o desenvolvimento sustentável da economia, a aumento do nível de vida da população e a consolidação da harmonia e estabilidade social foram as tarefas deixadas para o novo Executivo de Ho Iat Seng.

Em relação à governação da RAEM pelo Executivo local, Xi Jinping afirmou que novos tempos trazem “novas exigências” e que é necessário haver uma adaptação que se reflecte em “fazer reformas institucionais como a da administração pública”, que momentos antes tinha sido prometida por Ho Iat Seng. “O objectivo é aumentar a eficiência, a capacidade governativa e promover a modernização do sistema e capacidade de governação”, explicou Xi Jinping.

O líder chinês apelou também à utilização das novas tecnologias a favor das decisões políticas porque permitem “apresentar decisões melhores do governo”, ao mesmo tempo que permitem uma governação social mais precisa.
A segunda tarefa para o novo Chefe do Executivo passa por continuar com o trabalho de desenvolver a economia local e promover um crescimento saudável, com especial destaque para a Ilha da Montanha. “No momento, [compatriotas e amigos] podem focar-se na exploração da Ilha de Hengqin mediante a cooperação com Zhuhai, visando abrir espaço e injectar um novo vigor de desenvolvimento de longo prazo para Macau”, indicou.

Antes da viagem de Xi havia a expectativa de anúncios na área económica, como a criação de um bolsa de valores ou a cedência de terrenos em Hengqin. Porém, estes não foram anunciados no discurso do Presidente, que apontou os projectos nacionais “Uma Faixa, Uma Rota” e a “Grande Baía Guagdong-Hong Kong-Macau” como os caminhos mais desejados.

A força da união

Depois de ter dado posse a Ho Iat Seng, Xi recordou aos governantes locais a necessidade de partilhar os recursos gerados pelo crescimento económico. “Há que continuar a ter como objectivo do desenvolvimento a melhoria da vida dos cidadãos”, recordou o Presidente chinês.

Xi foi mais longe e pediu ao novo Executivo que responda às preocupações causadas pelo crescimento dos últimos 20 anos e às classes mais desfavorecidas. “Há que responder às preocupações dos cidadãos, tais como as da habitação, serviços médicos e cuidados aos idosos”, sublinhou. “Há que dar mais atenção e ajuda aos grupos vulneráveis. Há que continuar os esforços por um sistema educacional de qualidade, para oferecer melhores condições para o crescimento dos jovens e a formação de talentos”, acrescentou.

Através da acção de governar para a população e de promoção do valor essencial do “amor pela Pátria e por Macau”, Xi Jinping deixou o desejo de que todos remem na mesma direcção. Por isso, frisou a necessidade de se continuar trabalhar para a “inclusão social” e na consolidação da “harmonia e estabilidade social”.

“Há que defender e persistir nos valores chaves de amor à Pátria e a Macau, porque só assim podemos mobilizar todos os membros da sociedade para contribuir para o desenvolvimento de Macau”, apontou.

Este é um trabalho que o Presidente espera que seja feito com recurso a associações locais e de maneira adequada para responder “às contradições sociais” e fazer com que “todos defendam conjuntamente a estabilidade e harmonia social”.

No aspecto da sociedade, Xi não escondeu o papel de Macau “como ponto de encontro da cultura chinesa com as ocidentais”, por isso diz que compete às entidades locais promoverem o “intercâmbio cultural e a aprendizagem mútua”, entre as civilizações.

21 Dez 2019

Hong Kong vive ano “mais sombrio e complexo” desde transferência de soberania, diz Xi Jinping

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês reiterou ontem o seu apoio à Chefe do Executivo de Hong Kong, apesar de assumir que a região semiautónoma enfrenta o ano “mais sombrio e complexo” desde a transferência da soberania para a China.

Xi Jinping elogiou Carrie Lam por respeitar a fórmula “Um País, Dois Sistemas” e pela sua “coragem e compromisso” durante um “período excepcional” para Hong Kong.

Lam reuniu em Pequim com Xi Jinping e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na sua primeira visita à capital chinesa desde que os candidatos pró-democracia venceram as eleições para os conselhos distritais em Hong Kong, no mês passado, reflectindo o descontentamento popular com a sua governação e o amplo apoio aos protestos que há seis meses abalam o território.

Hong Kong foi “assombrada pela agitação social”, disse Lam, após os encontros, em conferência de imprensa, acrescentando que os líderes chineses consideraram que a situação actual “não tem precedentes”.

“Dada a gravidade da situação e as dificuldades que enfrentamos, posso dizer que os líderes apreciam plenamente os esforços necessários”, disse. “Mas sabemos que o nosso trabalho para impedir a violência não terminou. Ainda não estamos fora da crise”, assumiu.

Fúrias e rejeições

A região é desde Junho palco de manifestações, iniciadas por um projecto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.

Os protestos têm assumido contornos cada vez mais violentos, com actos de vandalismo e confrontos com as forças de segurança.

Na noite de domingo, manifestantes atiraram tijolos contra a polícia, que respondeu com disparos de gás lacrimogéneo. Segundo as autoridades, os manifestantes incendiaram barricadas, bloquearam estradas e partiram semáforos com martelos.

A violência e os confrontos em vários centros comerciais da região, no domingo, onde a polícia usou ainda gás pimenta e fez várias detenções, terminaram uma pausa de duas semanas nos confrontos entre polícia e manifestantes.

Os manifestantes acusam a polícia de brutalidade policial e exigem um inquérito independente à sua atuação.
Lam voltou ontem a rejeitar aquela exigência fundamental do movimento. Um conselho de supervisão sob a actuação da polícia que está a investigar a actuação das forças de segurança deve ter “espaço e tempo” para concluir o seu relatório no início do próximo ano, defendeu.

Um grupo de especialistas internacionais abandonou o conselho, na semana passada, devido às preocupações de que o órgão carece de capacidade e independência. O conselho não tem poderes para solicitar documentos ou convocar testemunhas.

18 Dez 2019

Porreiro, pá!

[dropcap]P[/dropcap]or ocasião dos 20 anos da RAEM e a visita de Xi Jinping, as forças de segurança têm apertado o cerco e, ao contrário do que por aqui costuma acontecer, aparecem com grande visibilidade, seja a proibir a entrada a jornalistas e activistas de Hong Kong, seja a revistar todos os que pretendem entrar em Macau, vindos da ex-colónia britânica. Todos os dias surgem notícias deste tipo, incluindo a seca que deram a uma equipa da RTP, na fronteira de Macau quando esta regressava depois de uma visita a Hong Kong.

Claro que estes factos não contribuem em nada para a boa imagem de Macau nos media internacionais, sobretudo numa altura em que decorre uma intensa campanha anti-China, suportada quer por factos e quer por invenções. Mas, ao que parece, valores mais altos se levantam e nada deve, no entender das autoridades, perturbar a festa e a visita do Presidente.

Na tentativa de estragar a dita festa, juntam-se artigos como o do Financial Times sobre os 20 anos da RAEM no qual debitam três portugueses. E, surpresa (?), todos grandes arautos da democracia eleitoral, com acintosas afirmações anti-China, já para não falar do perigo amarelo. Isto, lido em Pequim, dará uma imagem específica de uma comunidade portuguesa descontente, desconfiada, inimiga de quem lhe paga o pão e a cerveja.

Os outros que falaram, mas cujas afirmações não interessavam à jornalista do FT, simplesmente não aparecem na reportagem porque não se enquadravam no ataque cerrado a Pequim — a ideologia do artigo. É d’homem! Porreiro, pá!

18 Dez 2019

Combustíveis | Governo acompanha variação de preços

[dropcap]A[/dropcap]pós os avisos para as dificuldades no abastecimento durante a visita do Presidente Xi Jinping, o Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Fiscalização dos Combustíveis está a acompanhar os preços praticados no sector, para evitar uma subida anormal. A informação foi divulgada ontem numa nota emitida à imprensa durante a tarde. “O Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Fiscalização dos Combustíveis tem acompanhado a evolução do mercado dos produtos petrolíferos, mantendo uma estreita comunicação com o sector local e monitorizando a situação do abastecimento e a variação dos preços dos produtos do petróleo”, é garantido.
Por outro lado, o Governo voltou a insistir que foram tomadas medidas para garantir que o abastecimento não é posto em causa. “O Grupo de Trabalho reforçou o contacto com o respectivo sector, e vai proceder activamente à coordenação para modificar os percursos de transporte, a fim de garantir a normalidade de abastecimento de combustíveis, minimizando o impacto aos residentes e sectores industriais e comerciais na utilização de combustíveis e esforçando-se por estabilizar o serviço de abastecimento no mercado”, foi explicado.
O grupo de trabalho fez ainda um ponto de situação afirmando que o depósito de todos os tipos de produtos petrolíferos era “abundante”, incluindo a gasolina, diesel e o gás. Quanto aos preços diz que se mantêm “num nível normal”.

18 Dez 2019

Combustíveis | Governo acompanha variação de preços

[dropcap]A[/dropcap]pós os avisos para as dificuldades no abastecimento durante a visita do Presidente Xi Jinping, o Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Fiscalização dos Combustíveis está a acompanhar os preços praticados no sector, para evitar uma subida anormal. A informação foi divulgada ontem numa nota emitida à imprensa durante a tarde. “O Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Fiscalização dos Combustíveis tem acompanhado a evolução do mercado dos produtos petrolíferos, mantendo uma estreita comunicação com o sector local e monitorizando a situação do abastecimento e a variação dos preços dos produtos do petróleo”, é garantido.

Por outro lado, o Governo voltou a insistir que foram tomadas medidas para garantir que o abastecimento não é posto em causa. “O Grupo de Trabalho reforçou o contacto com o respectivo sector, e vai proceder activamente à coordenação para modificar os percursos de transporte, a fim de garantir a normalidade de abastecimento de combustíveis, minimizando o impacto aos residentes e sectores industriais e comerciais na utilização de combustíveis e esforçando-se por estabilizar o serviço de abastecimento no mercado”, foi explicado.

O grupo de trabalho fez ainda um ponto de situação afirmando que o depósito de todos os tipos de produtos petrolíferos era “abundante”, incluindo a gasolina, diesel e o gás. Quanto aos preços diz que se mantêm “num nível normal”.

18 Dez 2019

Economia | Macau espera por Xi Jinping para ser centro financeiro

[dropcap]O[/dropcap] papel que Macau poderá vir a assumir enquanto centro financeiro é um cenário que está cada vez mais em cima da mesa, no seguimento do pacote de medidas financeiras a ser anunciado pelo Presidente chinês Xi Jinping por ocasião do 20º aniversário da RAEM, de acordo com as fontes citadas pela agência Reuters. Destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, Xi Jinping deverá anunciar o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, um centro de liquidação de renminbi e ainda, a atribuição de mais terrenos em Hengqin.
Para o presidente da Associação Económica de Macau, Lao Pun Lao, é preciso esperar pela visita do Presidente Xi Jinping a Macau para confirmar tais políticas. No entanto, segundo o responsável, citado pelo Jornal do Cidadão, Macau tem potencial para se desenvolver no sector financeiro e comercial e, caso venha mesmo a assumir um papel importante no sector, no seio da Grande Baía, então teria um grande potencial de crescimento no futuro.
Também Sio Chi Wai, Presidente do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau vê vantagens na implementação pacote de medidas financeiras que deverá ser anunciado durante a visita presidencial e afirmou, de acordo com a mesma fonte, que Macau dever ter uma nova visão no actual contexto, acreditando que o facto de a região poder vir a tornar-se num centro global de financiamento de capital de risco é uma nova oportunidade de desenvolvimento, sobretudo pela vantagem única que existe enquanto plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

17 Dez 2019

Economia | Macau espera por Xi Jinping para ser centro financeiro

[dropcap]O[/dropcap] papel que Macau poderá vir a assumir enquanto centro financeiro é um cenário que está cada vez mais em cima da mesa, no seguimento do pacote de medidas financeiras a ser anunciado pelo Presidente chinês Xi Jinping por ocasião do 20º aniversário da RAEM, de acordo com as fontes citadas pela agência Reuters. Destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, Xi Jinping deverá anunciar o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, um centro de liquidação de renminbi e ainda, a atribuição de mais terrenos em Hengqin.

Para o presidente da Associação Económica de Macau, Lao Pun Lao, é preciso esperar pela visita do Presidente Xi Jinping a Macau para confirmar tais políticas. No entanto, segundo o responsável, citado pelo Jornal do Cidadão, Macau tem potencial para se desenvolver no sector financeiro e comercial e, caso venha mesmo a assumir um papel importante no sector, no seio da Grande Baía, então teria um grande potencial de crescimento no futuro.

Também Sio Chi Wai, Presidente do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau vê vantagens na implementação pacote de medidas financeiras que deverá ser anunciado durante a visita presidencial e afirmou, de acordo com a mesma fonte, que Macau dever ter uma nova visão no actual contexto, acreditando que o facto de a região poder vir a tornar-se num centro global de financiamento de capital de risco é uma nova oportunidade de desenvolvimento, sobretudo pela vantagem única que existe enquanto plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

17 Dez 2019

20 Anos | Xi Jinping vem a Macau anunciar medidas financeiras e mais terras

A vinda de Xi Jinping a Macau não servirá apenas para dar posse ao Governo de Ho Iat Seng. De acordo com a agência Reuters, o Presidente chinês traz um pacote de medidas financeiras para ajudar Macau a diversificar a economia e vai anunciar a cedência de mais terrenos em Hengqin

 
[dropcap]O[/dropcap] Natal está à porta e também a vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para dar posse ao Executivo liderado por Ho Iat Seng e celebrar o 20º aniversário da RAEM. O líder chinês traz na bagagem algumas prendas para o território. Xi irá anunciar um pacote de medidas financeiras destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, de acordo com mais de uma dúzia fontes ouvidas pela agência Reuters, entre dirigentes políticos e empresários.
As medidas foram interpretadas pelas fontes ouvidas pela Reuters como recompensas pela forma como Macau evitou protestos anti-Governo, como os que têm paralisado Hong Kong há mais de meio ano.
Deverá ser anunciado o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, assim como um centro de liquidação de renminbi, que já está a ser preparado, além da atribuição de mais terrenos em Hengqin. A mesma fonte informativa refere que, depois de muita especulação, as medidas já foram aprovadas pelo Governo Central.
Um oficial chinês citado pela Reuters, na condição de anonimato, contextualizou referindo que “o sector financeiro costumava ser uma ideia reservada para Hong Kong, para onde eram dirigidas todas as políticas favoráveis, mas agora é preciso diversificar”.
A viagem de Xi para a celebração dos 20 anos da RAEM acontece numa altura em que Pequim tem elogiado Macau na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, pilar da governação das regiões administrativas especiais. Uma postura que contrasta com a posição do Governo Central face a Hong Kong.

Centro financeiro

Segundo a Reuters, Pequim já instruiu alguns bancos públicos e empresas a estabelecerem infra-estruturas em Macau de forma a serem instrumentais na diversificação económica, uma das metas para Macau estabelecidas nas linhas mestras do projecto de integração regional da Grande Baía.
Aliás, foi noticiado também que dois dos mentores que ajudaram a estabelecer a bolsa de valores de Xangai vieram para Macau este ano para ajudar à fundação da bolsa de valores em moeda chinesa.
Segundo fontes ligadas à banca da região vizinha, esta aposta no desenvolvimento de infra-estruturas financeiras em Macau faz parte de um plano para evitar que disrupções de larga escala no mercado de Hong Kong afectem negócios de empresas chinesas. Este pacote de medidas não pretende fazer com que Macau substitua Hong Kong, mas que funcione como uma espécie de “plano b” caso a situação política na região vizinha não melhore.
A bolsa de valores terá inicialmente um foco na negociação de obrigações, para encorajar empresas locais e chinesas a emitirem títulos de dívida em Macau. Além disso, será também dirigida a start-ups e empresas de países de língua portuguesa, para assegurar que não entra em conflito e competição com o mercado de Shenzhen.
Também serão atribuídos mais terrenos na Ilha da Montanha, destinados ao desenvolvimento de infra-estruturas ligadas à saúde e educação.
Ouvido pela Reuters, o comentador político Larry So trocou por miúdos as medidas que vão ser anunciadas. “Estes são os doces que Hong Kong não quis aceitar. Além disso, são prendas para premiar Macau, que se tem portado muito bem”.

13 Dez 2019

20 Anos | Xi Jinping vem a Macau anunciar medidas financeiras e mais terras

A vinda de Xi Jinping a Macau não servirá apenas para dar posse ao Governo de Ho Iat Seng. De acordo com a agência Reuters, o Presidente chinês traz um pacote de medidas financeiras para ajudar Macau a diversificar a economia e vai anunciar a cedência de mais terrenos em Hengqin

 

[dropcap]O[/dropcap] Natal está à porta e também a vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para dar posse ao Executivo liderado por Ho Iat Seng e celebrar o 20º aniversário da RAEM. O líder chinês traz na bagagem algumas prendas para o território. Xi irá anunciar um pacote de medidas financeiras destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, de acordo com mais de uma dúzia fontes ouvidas pela agência Reuters, entre dirigentes políticos e empresários.

As medidas foram interpretadas pelas fontes ouvidas pela Reuters como recompensas pela forma como Macau evitou protestos anti-Governo, como os que têm paralisado Hong Kong há mais de meio ano.

Deverá ser anunciado o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, assim como um centro de liquidação de renminbi, que já está a ser preparado, além da atribuição de mais terrenos em Hengqin. A mesma fonte informativa refere que, depois de muita especulação, as medidas já foram aprovadas pelo Governo Central.

Um oficial chinês citado pela Reuters, na condição de anonimato, contextualizou referindo que “o sector financeiro costumava ser uma ideia reservada para Hong Kong, para onde eram dirigidas todas as políticas favoráveis, mas agora é preciso diversificar”.

A viagem de Xi para a celebração dos 20 anos da RAEM acontece numa altura em que Pequim tem elogiado Macau na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, pilar da governação das regiões administrativas especiais. Uma postura que contrasta com a posição do Governo Central face a Hong Kong.

Centro financeiro

Segundo a Reuters, Pequim já instruiu alguns bancos públicos e empresas a estabelecerem infra-estruturas em Macau de forma a serem instrumentais na diversificação económica, uma das metas para Macau estabelecidas nas linhas mestras do projecto de integração regional da Grande Baía.

Aliás, foi noticiado também que dois dos mentores que ajudaram a estabelecer a bolsa de valores de Xangai vieram para Macau este ano para ajudar à fundação da bolsa de valores em moeda chinesa.

Segundo fontes ligadas à banca da região vizinha, esta aposta no desenvolvimento de infra-estruturas financeiras em Macau faz parte de um plano para evitar que disrupções de larga escala no mercado de Hong Kong afectem negócios de empresas chinesas. Este pacote de medidas não pretende fazer com que Macau substitua Hong Kong, mas que funcione como uma espécie de “plano b” caso a situação política na região vizinha não melhore.

A bolsa de valores terá inicialmente um foco na negociação de obrigações, para encorajar empresas locais e chinesas a emitirem títulos de dívida em Macau. Além disso, será também dirigida a start-ups e empresas de países de língua portuguesa, para assegurar que não entra em conflito e competição com o mercado de Shenzhen.

Também serão atribuídos mais terrenos na Ilha da Montanha, destinados ao desenvolvimento de infra-estruturas ligadas à saúde e educação.

Ouvido pela Reuters, o comentador político Larry So trocou por miúdos as medidas que vão ser anunciadas. “Estes são os doces que Hong Kong não quis aceitar. Além disso, são prendas para premiar Macau, que se tem portado muito bem”.

13 Dez 2019

Guarda Costeira | Demonstração de força antes da visita de Xi Jinping

[dropcap]A[/dropcap] Guarda Costeira chinesa publicou um vídeo na plataforma Weibo onde faz uma demostração de força e capacidade de resposta em acções entre Hong Kong e a zona costeira de Guangdong, assim como ao longo da Ponte HKZM. O vídeo procura demonstrar a prontidão das autoridades para intervir, antes da vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações do 20º aniversário da transferência da Administração de Macau para a China.
Nas imagens pode ver-se as autoridades a desmantelar operações de traficantes, sem que se perceba exactamente o local ou a origem dos envolvidos e uma frota entre cinco e sete embarcações de patrulha em redor da Ponte HKZM, assim como em terra num posto fronteiriço. O vídeo da Guarda Costeira foi publicado depois de no fim-de-semana ter sido divulgado um vídeo de um exercício de larga escala anti-terrorismo, com mais de 1000 polícias. O exercício decorreu no limite da cidade vizinha, junto à Ponte HKZM.

4 Dez 2019

Guarda Costeira | Demonstração de força antes da visita de Xi Jinping

[dropcap]A[/dropcap] Guarda Costeira chinesa publicou um vídeo na plataforma Weibo onde faz uma demostração de força e capacidade de resposta em acções entre Hong Kong e a zona costeira de Guangdong, assim como ao longo da Ponte HKZM. O vídeo procura demonstrar a prontidão das autoridades para intervir, antes da vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações do 20º aniversário da transferência da Administração de Macau para a China.

Nas imagens pode ver-se as autoridades a desmantelar operações de traficantes, sem que se perceba exactamente o local ou a origem dos envolvidos e uma frota entre cinco e sete embarcações de patrulha em redor da Ponte HKZM, assim como em terra num posto fronteiriço. O vídeo da Guarda Costeira foi publicado depois de no fim-de-semana ter sido divulgado um vídeo de um exercício de larga escala anti-terrorismo, com mais de 1000 polícias. O exercício decorreu no limite da cidade vizinha, junto à Ponte HKZM.

4 Dez 2019

Zhuhai | Polícia em exercícios a pensar na visita de Xi Jinping

O exercício foi captado em fotografias colocadas online que mostram a Polícia do Interior da China defrontar várias pessoas vestidas com camisas pretas e capacetes amarelos, como acontece frequentemente em Hong Kong

 

[dropcap]A[/dropcap] Polícia do Interior realizou um exercício de contra-terrorismo perto da fronteira da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, na sexta-feira, como parte de preparação para a visita de Xi Jinping, para celebrar o 20.º aniversário da RAEM. Segundo a informação divulgada pelo South China Morning Post, na acção do outro lado da fronteira participaram mais de 1.000 agentes e 80 viaturas, numa altura em que Hong Kong vive uma situação de instabilidade política que se arrasta há meio ano.

Aliás, a situação de Hong Kong foi mesmo o pano de fundo do exercício, uma vez que as fotos colocadas a circular online mostram manifestantes vestidos com camisolas pretas e a utilizar capacetes amarelos, ao mesmo tempo que carregam contra a polícia com paus. Já os agentes estavam armados e limitaram-se a lançar gás lacrimogénio e a utilizar os escudos e cassetetes para atacar os manifestantes.

Xi Jinping deverá deslocar-se a Macau para a celebração do 20.º aniversário do estabelecimento da RAEM e a segurança deverá ser mais apertada do que em visitas anteriores de líderes do Governo chinês. Isto porque o Presidente chinês desloca-se à RAEM numa altura em que a região vizinha de Hong Kong atravessa o maior período de instabilidade desde que a administração do território regressou às autoridades chinesas.

A publicação de Hong Kong cita ainda o chefe de Zhuhai do Partido Comunista Chinês, Guo Yonghang, que apelou à polícia para que se mantenha sempre leal ao partido. “A Polícia deve ser sempre leal e cumprir os seus deveres e missões para criar um ambiente pacífico a nível político, social, que permita construir a Zona da Grande Baía Cantão-Hong Kong-Macau e celebrar o 20.º aniversário da reunificação de Macau com a Pátria”, afirmou Guo.

Sem anúncio oficial

Neste momento ainda não há uma confirmação oficial sobre a deslocação de Xi Jinping a Macau. No entanto, o jornal Macau Daily Times noticiou que tal deverá acontecer com a chegada a dar-se a 18 de Dezembro e a saída e 20 do mesmo mês.

Também a agência de serviços financeiros Credit Suisse emitiu um relatório sobre o mercado do jogo em que alerta para os efeitos negativos da visita do Presidente da China. Entre eles, espera-se que em Dezembro as pessoas do Interior apenas sejam autorizadas a vir uma única vez em Macau, quando normalmente até podem vir mais do que uma vez por mês. Esta é já uma das medidas de segurança para preparar a visita de Xi a Macau.

2 Dez 2019

Zhuhai | Polícia em exercícios a pensar na visita de Xi Jinping

O exercício foi captado em fotografias colocadas online que mostram a Polícia do Interior da China defrontar várias pessoas vestidas com camisas pretas e capacetes amarelos, como acontece frequentemente em Hong Kong

 
[dropcap]A[/dropcap] Polícia do Interior realizou um exercício de contra-terrorismo perto da fronteira da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, na sexta-feira, como parte de preparação para a visita de Xi Jinping, para celebrar o 20.º aniversário da RAEM. Segundo a informação divulgada pelo South China Morning Post, na acção do outro lado da fronteira participaram mais de 1.000 agentes e 80 viaturas, numa altura em que Hong Kong vive uma situação de instabilidade política que se arrasta há meio ano.
Aliás, a situação de Hong Kong foi mesmo o pano de fundo do exercício, uma vez que as fotos colocadas a circular online mostram manifestantes vestidos com camisolas pretas e a utilizar capacetes amarelos, ao mesmo tempo que carregam contra a polícia com paus. Já os agentes estavam armados e limitaram-se a lançar gás lacrimogénio e a utilizar os escudos e cassetetes para atacar os manifestantes.
Xi Jinping deverá deslocar-se a Macau para a celebração do 20.º aniversário do estabelecimento da RAEM e a segurança deverá ser mais apertada do que em visitas anteriores de líderes do Governo chinês. Isto porque o Presidente chinês desloca-se à RAEM numa altura em que a região vizinha de Hong Kong atravessa o maior período de instabilidade desde que a administração do território regressou às autoridades chinesas.
A publicação de Hong Kong cita ainda o chefe de Zhuhai do Partido Comunista Chinês, Guo Yonghang, que apelou à polícia para que se mantenha sempre leal ao partido. “A Polícia deve ser sempre leal e cumprir os seus deveres e missões para criar um ambiente pacífico a nível político, social, que permita construir a Zona da Grande Baía Cantão-Hong Kong-Macau e celebrar o 20.º aniversário da reunificação de Macau com a Pátria”, afirmou Guo.

Sem anúncio oficial

Neste momento ainda não há uma confirmação oficial sobre a deslocação de Xi Jinping a Macau. No entanto, o jornal Macau Daily Times noticiou que tal deverá acontecer com a chegada a dar-se a 18 de Dezembro e a saída e 20 do mesmo mês.
Também a agência de serviços financeiros Credit Suisse emitiu um relatório sobre o mercado do jogo em que alerta para os efeitos negativos da visita do Presidente da China. Entre eles, espera-se que em Dezembro as pessoas do Interior apenas sejam autorizadas a vir uma única vez em Macau, quando normalmente até podem vir mais do que uma vez por mês. Esta é já uma das medidas de segurança para preparar a visita de Xi a Macau.

2 Dez 2019

RAEM, 20 anos | Xi Jinping e António Costa nas cerimónias oficiais 

O jornal Macau Daily Times noticiou ontem que o Presidente chinês, Xi Jinping, deverá mesmo marcar presença nas cerimónias dos 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. Quem também deverá participar no evento é António Costa, primeiro-ministro português

 

[dropcap]X[/dropcap]i Jinping, Presidente chinês, deverá estar em Macau entre os dias 18 e 20 de Dezembro para participar nas cerimónias de transferência de soberania de Macau. A notícia foi avançada ontem pelo jornal inglês Macau Daily Times, que cita fontes que não quiseram ser identificadas por não estarem autorizadas a falar com os media.

A acontecer, esta será a terceira vez que Xi Jinping viaja até ao sul da China na qualidade de Presidente do país. A primeira foi em 2014, também em Dezembro, quando Chui Sai On tomou posse do segundo mandato como Chefe do Executivo, numa cerimónia onde os actuais cinco secretários também tomaram posse. A segunda vez foi aquando da inauguração da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, numa cerimónia que contou com a presença de Chui Sai On e de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong.

Nessa inauguração, que aconteceu em Outubro do ano passado, as palavras de Xi Jinping foram breves. “Eu abro oficialmente a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, declarou apenas, perante 700 convidados.

Há muito que se especula sobre a visita de Xi Jinping à RAEM numa altura em que as tensões políticas em Hong Kong estão ao rubro, com uma crescente escalada de violência. As primeiras notícias sobre a possibilidade de uma visita do Presidente chinês surgiram em Janeiro deste ano, com uma confirmação por parte do chefe de segurança da província de Guangdong, que disse que Xi Jinping “iria participar nas celebrações do vigésimo aniversário em Macau (…) e fazer um discurso importante”.
Governo português representado

O Macau Daily Times avançou também que António Costa, primeiro-ministro português recentemente reeleito, deverá também marcar presença nas cerimónias de transferência de soberania, apesar de Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, não ter ainda confirmado ao jornal a existência de um convite oficial. “Para já não temos informações sobre quem virá, ou mesmo se alguém virá” às cerimónias, apontou.

O diário em língua inglesa denota que, por norma, dirigentes políticos portugueses não são convidados para as cerimónias de transferência de soberania, mas que o facto de se celebrar o vigésimo aniversário da fundação da RAEM pode representar uma mudança em termos de diplomacia.

“Vemos isto como uma celebração chinesa, mas isso não significa que nesta altura, por ser um aniversário marcante, ou no futuro, isso não venha a mudar”, acrescentou Paulo Cunha Alves. O jornal tentou ainda obter uma reacção junto do gabinete de António Costa, mas até ao fecho da edição não obteve qualquer confirmação adicional.

27 Nov 2019

RAEM, 20 anos | Xi Jinping e António Costa nas cerimónias oficiais 

O jornal Macau Daily Times noticiou ontem que o Presidente chinês, Xi Jinping, deverá mesmo marcar presença nas cerimónias dos 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. Quem também deverá participar no evento é António Costa, primeiro-ministro português

 
[dropcap]X[/dropcap]i Jinping, Presidente chinês, deverá estar em Macau entre os dias 18 e 20 de Dezembro para participar nas cerimónias de transferência de soberania de Macau. A notícia foi avançada ontem pelo jornal inglês Macau Daily Times, que cita fontes que não quiseram ser identificadas por não estarem autorizadas a falar com os media.
A acontecer, esta será a terceira vez que Xi Jinping viaja até ao sul da China na qualidade de Presidente do país. A primeira foi em 2014, também em Dezembro, quando Chui Sai On tomou posse do segundo mandato como Chefe do Executivo, numa cerimónia onde os actuais cinco secretários também tomaram posse. A segunda vez foi aquando da inauguração da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, numa cerimónia que contou com a presença de Chui Sai On e de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong.
Nessa inauguração, que aconteceu em Outubro do ano passado, as palavras de Xi Jinping foram breves. “Eu abro oficialmente a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, declarou apenas, perante 700 convidados.
Há muito que se especula sobre a visita de Xi Jinping à RAEM numa altura em que as tensões políticas em Hong Kong estão ao rubro, com uma crescente escalada de violência. As primeiras notícias sobre a possibilidade de uma visita do Presidente chinês surgiram em Janeiro deste ano, com uma confirmação por parte do chefe de segurança da província de Guangdong, que disse que Xi Jinping “iria participar nas celebrações do vigésimo aniversário em Macau (…) e fazer um discurso importante”.
Governo português representado
O Macau Daily Times avançou também que António Costa, primeiro-ministro português recentemente reeleito, deverá também marcar presença nas cerimónias de transferência de soberania, apesar de Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, não ter ainda confirmado ao jornal a existência de um convite oficial. “Para já não temos informações sobre quem virá, ou mesmo se alguém virá” às cerimónias, apontou.
O diário em língua inglesa denota que, por norma, dirigentes políticos portugueses não são convidados para as cerimónias de transferência de soberania, mas que o facto de se celebrar o vigésimo aniversário da fundação da RAEM pode representar uma mudança em termos de diplomacia.
“Vemos isto como uma celebração chinesa, mas isso não significa que nesta altura, por ser um aniversário marcante, ou no futuro, isso não venha a mudar”, acrescentou Paulo Cunha Alves. O jornal tentou ainda obter uma reacção junto do gabinete de António Costa, mas até ao fecho da edição não obteve qualquer confirmação adicional.

27 Nov 2019

Brasil e China assinam acordos em áreas como agricultura e saúde

[dropcap]O[/dropcap] Brasil e a China assinaram esta quarta-feira, em Brasília, acordos e memorandos de entendimento nas áreas de política, economia, comércio, agricultura, inspecção sanitária, transporte, saúde e cultura, segundo o Governo brasileiro.

O Presidente chinês, Xi Jinping, está em Brasília, capital brasileira, para participar na 11.ª Reunião do BRICS (bloco formado pelo Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) e reuniu-se com o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Entre os acordos assinados está um plano de acção para a cooperação agrícola e protocolos sanitários para a exportação de melões brasileiros para a China e importação de peras chinesas pelo Brasil. No sector dos transportes foi assinado memorando de entendimento para a partilha de boas práticas, políticas públicas e estratégias para o seu desenvolvimento.

O Ministério da Saúde e a Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa também pretendem estabelecer uma cooperação ampla no campo de saúde, com foco em medicina tradicional, complementar e integrada, segundo a agência Brasil.

“A China é o nosso primeiro parceiro comercial. Juntamente com toda a minha equipa, bem como com o empresariado brasileiro, queremos mais do que ampliar, queremos diversificar as nossas relações comerciais. (…) A China faz cada vez mais parte do futuro do Brasil”, afirmou Jair Bolsonaro.

Já o líder chinês declarou ter plena confiança no futuro do Brasil, frisando a necessidade de aumentar o comércio e a cooperação em áreas como a agricultura, energia, mineração, óleo e gás, ciência e tecnologia e investimentos através do Programa de Parcerias de Investimento.

“A China avalia como positivos os esforços do Governo Brasileiro para promover o desenvolvimento socioeconómico do país. Decidimos juntos que continuaremos a intensificar o contacto, aprofundando a confiança mútua e vamos aumentar e melhorar o comércio e investimentos”, afirmou Xi Jinping.

Este foi o segundo encontro entre os dois chefes de Estado em menos de um mês. No final de Outubro, Jair Bolsonaro foi recebido por Xi Jinping em Pequim, capital chinesa. Na ocasião, foram assinados oito acordos nas áreas do ensino superior, agricultura e energia.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, sendo os minérios, petróleo e produtos agrícolas as matérias-primas que o mercado chinês mais compra ao Brasil.

O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, afirmou hoje que o Governo brasileiro tem intenção de formar uma área de livre comércio com a China.

“Estamos a conversar com a China sobre a possibilidade de considerarmos uma ‘free trade area’ [área de livre comércio]. Estamos a procurar um alto nível de integração. É uma decisão. Queremos integrar-nos nas cadeias globais. Perdemos tempo demais, temos pressa”, afirmou o ministro, num seminário dos BRICS, em Brasília.

14 Nov 2019

Alterações climáticas | Macron e Xi pedem 90.000 milhões de euros

[dropcap]O[/dropcap] Presidente francês, Emmanuel Macron, e o homólogo chinês, Xi Jinping, apelaram ontem aos países desenvolvidos que invistam 90.000 milhões de euros, até 2025, para combater as alterações climáticas.

Numa declaração conjunta, intitulada “O apelo de Pequim à conservação da biodiversidade e ao combate às alterações climáticas”, os dois líderes reafirmaram o seu “firme apoio ao Acordo de Paris”, que consideraram “um processo” irreversível e uma “bússola” para uma “acção forte” na questão ambiental.

Macron e Xi disseram que “estão determinados a fazer esforços sem precedentes para garantir o futuro das novas gerações” e “intensificar os esforços internacionais” para combater as alterações climáticas, além de “acelerar a transição para o desenvolvimento verde”.

A declaração pede que “todos os países, autoridades internacionais, empresas e organizações não-governamentais publiquem, até ao próximo ano, as suas estratégias de desenvolvimento a longo prazo, até 2050, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”.

Os dois chefes de Estado apelaram ainda a “um compromisso activo dos líderes políticos ao mais alto nível”, em favor da biodiversidade, e ao trabalho conjunto para “reverter a curva de perda da biodiversidade” até 2030.

Ambos os países pediram ainda um compromisso para com a restauração dos ecossistemas e medidas ambiciosas para interromper e reverter a degradação da terra e do mar, recuperando pelo menos 30 por cento dos ecossistemas degradados.

Os dois líderes enfatizaram que o “Fundo Verde” para o clima das Nações Unidas “desempenha um papel essencial na mobilização de recursos financeiros para os países em desenvolvimento”.

Adeus americano

A declaração conjunta, emitida durante a visita de Estado de Macron a Pequim, surge após os Estados Unidos informarem a Organização das Nações Unidas (ONU) de que iniciaram o processo de retirada do acordo de combate às alterações climáticas, assinado em Paris há quatro anos.

O Acordo enunciou a meta de impedir um agravamento da subida já verificada na temperatura média mundial em mais entre 0,5 e 1 grau Celsius.

Mas os compromissos avançados pelos participantes em 2015 são insuficientes para impedir aqueles níveis de aquecimento. O aquecimento global, provocado pela queima de carvão, petróleo e gás, já causou o aumento da temperatura média global em um grau centígrado desde o final do século XIX.

Entre os seus resultados estão a fusão dos gelos, eventos extremos e a acidificação dos oceanos. E os cientistas asseguram que, dependendo da quantidade de dióxido de carbono emitido, a situação só vai piorar até ao final do século, com a temperatura a aumentar vários graus e o nível médio do mar em pelo menos um metro.

7 Nov 2019

Alterações climáticas | Macron e Xi pedem 90.000 milhões de euros

[dropcap]O[/dropcap] Presidente francês, Emmanuel Macron, e o homólogo chinês, Xi Jinping, apelaram ontem aos países desenvolvidos que invistam 90.000 milhões de euros, até 2025, para combater as alterações climáticas.
Numa declaração conjunta, intitulada “O apelo de Pequim à conservação da biodiversidade e ao combate às alterações climáticas”, os dois líderes reafirmaram o seu “firme apoio ao Acordo de Paris”, que consideraram “um processo” irreversível e uma “bússola” para uma “acção forte” na questão ambiental.
Macron e Xi disseram que “estão determinados a fazer esforços sem precedentes para garantir o futuro das novas gerações” e “intensificar os esforços internacionais” para combater as alterações climáticas, além de “acelerar a transição para o desenvolvimento verde”.
A declaração pede que “todos os países, autoridades internacionais, empresas e organizações não-governamentais publiquem, até ao próximo ano, as suas estratégias de desenvolvimento a longo prazo, até 2050, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”.
Os dois chefes de Estado apelaram ainda a “um compromisso activo dos líderes políticos ao mais alto nível”, em favor da biodiversidade, e ao trabalho conjunto para “reverter a curva de perda da biodiversidade” até 2030.
Ambos os países pediram ainda um compromisso para com a restauração dos ecossistemas e medidas ambiciosas para interromper e reverter a degradação da terra e do mar, recuperando pelo menos 30 por cento dos ecossistemas degradados.
Os dois líderes enfatizaram que o “Fundo Verde” para o clima das Nações Unidas “desempenha um papel essencial na mobilização de recursos financeiros para os países em desenvolvimento”.

Adeus americano

A declaração conjunta, emitida durante a visita de Estado de Macron a Pequim, surge após os Estados Unidos informarem a Organização das Nações Unidas (ONU) de que iniciaram o processo de retirada do acordo de combate às alterações climáticas, assinado em Paris há quatro anos.
O Acordo enunciou a meta de impedir um agravamento da subida já verificada na temperatura média mundial em mais entre 0,5 e 1 grau Celsius.
Mas os compromissos avançados pelos participantes em 2015 são insuficientes para impedir aqueles níveis de aquecimento. O aquecimento global, provocado pela queima de carvão, petróleo e gás, já causou o aumento da temperatura média global em um grau centígrado desde o final do século XIX.
Entre os seus resultados estão a fusão dos gelos, eventos extremos e a acidificação dos oceanos. E os cientistas asseguram que, dependendo da quantidade de dióxido de carbono emitido, a situação só vai piorar até ao final do século, com a temperatura a aumentar vários graus e o nível médio do mar em pelo menos um metro.

7 Nov 2019

Hong Kong vê palavras de Presidente chinês como “voto de confiança”

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong considerou ontem como um “voto de confiança” o apoio manifestado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, à chefe do Executivo da região semiautónoma chinesa, Carrie Lam.

“O facto de ele [Presidente chinês] estar tão ocupado e ter encontrado tempo para falar com Lam é, realmente, um voto de confiança em nós mesmos”, declarou o secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung.

Em conferência de imprensa, o mesmo responsável disse que Pequim dá grande importância a Hong Kong. Xi “tem um alto grau de confiança na Chefe do Executivo e no trabalho do actual Governo e da equipa política. Isso é bastante tranquilizador para nós”, acrescentou Matthew Cheung.

De acordo com os órgãos de comunicação social chineses, Lam e Xi estiveram reunidos na segunda-feira à noite, no primeiro encontro oficial desde o início da contestação social, há cinco meses, desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora também a implementação do sufrágio universal no território, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

Dever cumprido

Ontem de manhã, o Presidente da China declarou apoiar a Chefe do Executivo de Hong Kong: “O Governo central confia em si e ratifica integralmente o seu trabalho e o da sua equipa”, afirmou Xi Jinping, durante um encontro com Carrie Lam, em Xangai, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Após ouvir o relato da responsável sobre a situação em Hong Kong, Xi afirmou que, sob o comando de Lam, o Governo do território “cumpriu as suas obrigações e esforçou-se para estabilizar a situação e melhorar a atmosfera social”. “Fez um trabalho duro e óptimo”, descreveu.

O líder chinês expressou ainda a vontade de que as “pessoas de todos os sectores da sociedade em Hong Kong implementem plena e fielmente a fórmula ‘um país, dois sistemas’ e a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Hong Kong e realizem esforços conjuntos para salvaguardar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong”.

6 Nov 2019

Hong Kong vê palavras de Presidente chinês como "voto de confiança"

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong considerou ontem como um “voto de confiança” o apoio manifestado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, à chefe do Executivo da região semiautónoma chinesa, Carrie Lam.
“O facto de ele [Presidente chinês] estar tão ocupado e ter encontrado tempo para falar com Lam é, realmente, um voto de confiança em nós mesmos”, declarou o secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung.
Em conferência de imprensa, o mesmo responsável disse que Pequim dá grande importância a Hong Kong. Xi “tem um alto grau de confiança na Chefe do Executivo e no trabalho do actual Governo e da equipa política. Isso é bastante tranquilizador para nós”, acrescentou Matthew Cheung.
De acordo com os órgãos de comunicação social chineses, Lam e Xi estiveram reunidos na segunda-feira à noite, no primeiro encontro oficial desde o início da contestação social, há cinco meses, desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora também a implementação do sufrágio universal no território, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

Dever cumprido

Ontem de manhã, o Presidente da China declarou apoiar a Chefe do Executivo de Hong Kong: “O Governo central confia em si e ratifica integralmente o seu trabalho e o da sua equipa”, afirmou Xi Jinping, durante um encontro com Carrie Lam, em Xangai, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
Após ouvir o relato da responsável sobre a situação em Hong Kong, Xi afirmou que, sob o comando de Lam, o Governo do território “cumpriu as suas obrigações e esforçou-se para estabilizar a situação e melhorar a atmosfera social”. “Fez um trabalho duro e óptimo”, descreveu.
O líder chinês expressou ainda a vontade de que as “pessoas de todos os sectores da sociedade em Hong Kong implementem plena e fielmente a fórmula ‘um país, dois sistemas’ e a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Hong Kong e realizem esforços conjuntos para salvaguardar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong”.

6 Nov 2019

Brasil e China assinam oito acordos e memorandos na visita de Bolsonaro

[dropcap]O[/dropcap] Brasil e a China assinaram sexta-feira oito acordos e memorandos de entendimento, na primeira visita ao país asiático do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que procurou diversificar as exportações brasileiras e atrair investimento chinês.

Os principais acordos envolvem carne bovina processada e farelo de algodão, usado para alimentação animal, e energia renovável, incluindo bioenergia, distribuição de recursos energéticos e eficiência energética.

Foi ainda assinado um acordo para o reconhecimento mútuo de operadores económicos autorizados, que visa facilitar os trâmites aduaneiros, através do tratamento prioritário, menos inspecções ou requisitos menos rígidos de segurança para determinadas empresas.

Um memorando de entendimento assinado entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países visa “tornar mais regulares os contactos institucionais” e estabelecimento de uma “linha directa” entre os dois países, para consulta sobre temas bilaterais, regionais e internacionais.

Um outro acordo prevê a entrega da exploração da Hidreléctrica de Xingu à estatal chinesa State Grid, na sequência da conclusão das obras do projecto de transmissão de energia eléctrica entre Xingu e o Rio de Janeiro, com uma extensão de 2,5 mil quilómetros.

Leilão aberto

Os acordos foram assinados durante o encontro entre Bolsonaro e o homólogo chinês, Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo, depois de uma cerimónia de boas vindas com guarda de honra, salvas de canhão e os hinos nacionais de cada um dos dois países tocados por uma banda militar.

O líder brasileiro convidou ainda a China a participar no leilão dos direitos de exploração de petróleo e gás que o seu executivo está a preparar e no programa de desenvolvimento de infra-estruturas do Brasil. “A China não poderá se fazer ausente neste momento”, disse.

28 Out 2019

Afeganistão | Pequim adia ronda para negociar paz

[dropcap]A[/dropcap] China adiou por alguns dias a ronda inter-afegã de negociações entre os talibãs e membros da sociedade civil agendada para 28 e 29 de Outubro em Pequim para relançar o processo de paz.
“O governo chinês informou-nos [sobre o atraso] e pediu-nos alguns dias”, disse sábado o porta-voz dos talibãs Zabihullah Mujahid à agência de notícias espanhola EFE.
O porta-voz, que reconheceu que não tem conhecimento do motivo do atraso, acrescentou que ainda não se conhece a nova data da ronda, estando a aguardar mais detalhes.
A delegação de 15 membros dos talibãs, chefiada por Mulá Baradar, chefe dos insurgentes no Qatar, “ainda não se havia deslocado para a conferência na China”, explicou Mujahid.
A formação rebelde, que há um mês tinha já enviado uma delegação de nove membros à China, indicou na semana passada que o diálogo seria realizado no âmbito das negociações em Moscovo, capital da Rússia, e Doha, capital do Qatar, para encontrar um caminho para a paz após 18 anos de guerra no Afeganistão.
O anúncio da conferência aconteceu após o encontro na terça-feira do mullah Baradar com o enviado especial chinês para o Afeganistão, Deng Xijun, segundo os rebeldes.
Nos últimos meses, a violência contra a população civil tem aumentado, atingindo números recordes entre Julho e Setembro.
A Missão da ONU salientou que as numerosas vítimas civis ocorreram enquanto os EUA e a formação insurgente se reuniam no Qatar para tentar chegar a um acordo de paz, antes de o Presidente norte-americano, Donald Trump, interromper as negociações em Setembro passado.
O diálogo foi suspenso abruptamente por Trump após um ataque dos talibãs em Cabul, que resultou na morte de um cidadão norte-americano.

28 Out 2019

Afeganistão | Pequim adia ronda para negociar paz

[dropcap]A[/dropcap] China adiou por alguns dias a ronda inter-afegã de negociações entre os talibãs e membros da sociedade civil agendada para 28 e 29 de Outubro em Pequim para relançar o processo de paz.

“O governo chinês informou-nos [sobre o atraso] e pediu-nos alguns dias”, disse sábado o porta-voz dos talibãs Zabihullah Mujahid à agência de notícias espanhola EFE.

O porta-voz, que reconheceu que não tem conhecimento do motivo do atraso, acrescentou que ainda não se conhece a nova data da ronda, estando a aguardar mais detalhes.

A delegação de 15 membros dos talibãs, chefiada por Mulá Baradar, chefe dos insurgentes no Qatar, “ainda não se havia deslocado para a conferência na China”, explicou Mujahid.

A formação rebelde, que há um mês tinha já enviado uma delegação de nove membros à China, indicou na semana passada que o diálogo seria realizado no âmbito das negociações em Moscovo, capital da Rússia, e Doha, capital do Qatar, para encontrar um caminho para a paz após 18 anos de guerra no Afeganistão.

O anúncio da conferência aconteceu após o encontro na terça-feira do mullah Baradar com o enviado especial chinês para o Afeganistão, Deng Xijun, segundo os rebeldes.

Nos últimos meses, a violência contra a população civil tem aumentado, atingindo números recordes entre Julho e Setembro.

A Missão da ONU salientou que as numerosas vítimas civis ocorreram enquanto os EUA e a formação insurgente se reuniam no Qatar para tentar chegar a um acordo de paz, antes de o Presidente norte-americano, Donald Trump, interromper as negociações em Setembro passado.

O diálogo foi suspenso abruptamente por Trump após um ataque dos talibãs em Cabul, que resultou na morte de um cidadão norte-americano.

28 Out 2019

Os próximos dois meses

[dropcap]E[/dropcap]m menos de dois meses Macau vai celebrar o 20º aniversário do Regresso à Mãe Pátria. Nessa altura, de acordo com a prática habitual, o Presidente Xi Jinping irá estar presente nas celebrações. Mas, não posso deixar de me interrogar em que ponto estará a situação de Hong Kong por essa altura?

Os protestos e as manifestações continuam a acontecer em Hong Kong há mais de quatro meses. Não terminaram com a promulgação da “Lei Anti-Máscaras” e, antes pelo contrário, estas acções têm vindo a intensificar-se. Os conflitos entre a Polícia e os manifestantes não mostram sinais de chegar ao fim.

Nas reportagens transmitidas na televisão, podemos ver que ambas as partes se insultam mutuamente. Estes insultos são mais chocantes por parte dos agentes da autoridade, na medida em que a sua formação profissional os deveria impedir de ter estes comportamentos.

Lembro-me de há muitos anos atrás ter ido com uns amigos ver um jogo de futebol ao Campo Militar (que já foi demolido) na zona da Areia Preta. Como o Campo não estava aberto ao público, um polícia apareceu e mandou-nos sair. O acontecimento em si não teve nada de especial, mas como éramos muito jovens, reagimos impulsivamente e discutimos com o polícia. Como sabiamos que insultar um agente da autoridade é incorrer em delito, argumentámos com respeito. No entanto, o jovem polícia não conseguiu conter-se e utilizou palavras insultuosas e menos apropriadas. Lembrámo-lo de imediato que, enquanto vestisse uniforme, não podia usar aquela linguagem. Os agentes da autoridade estão proíbidos de utilizar palavrões e insultos, uma regra que visa manter o respeito e a cortesia da polícia na sua relação com a população e, sobretudo, a boa imagem da Força Policial. Depois de ter sido chamado à atenção pela escolha desapropriada de palavras, o jovem polícia acalmou-se e foi embora em paz.

Hoje, ouvi claramente, na reportagem a que estava a assitir na TV, os polícias de Hong Kong chamaram aos manifestantes “lixo”, “vocês não passam de lixo”. Se a polícia mantiver uma relação tensa com a população, não vai ter capacidade para controlar os protestos e a violência. Antes pelo contrário, como a violência gera violência, a escalada de distúrbios vai continuar. Exemplo disso é o incidente do passado domingo, em que a Mesquita em Tsim Sha Tsui foi acidentalmente atingida por jorros de água tingida de azul, com que a polícia procurava dispersar os manifestantes.

No dia seguinte (segunda-feira), a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e o Comissário da Polícia foram pessoalmente ao local pedir desculpas, de forma a evitar que este episódio pudesse vir a assumir proporções dramáticas, o que revelou uma atitude digna de apreço. Se o Governo de Hong Kong tivesse agido de forma semelhante noutras situações conflituosas, estou em crer que muitos dos problemas que entretanto surgiram já estariam sanados. Infelizmente, nem toda a gente pensa que esta é a forma correcta de agir.

Antes da promulgação da “Lei Anti-Máscaras” em Hong Kong, comentei com várias pessoas a lei só viria piorar a situação e provocar mais conflitos. Os problemas que Hong Kong enfrenta actualmente não podem ser resolvidos desta forma. O Governo vai ter de encontrar maneira de lidar com as exigências dos manifestantes criando uma comissão de inquérito independente para averiguar a actuação da Polícia e restabelecendo a credibilidade das forças da autoridade. A promulgação da “Lei Anti-Máscaras” provou ser um passo em falso de Carrie Lam, que tem apostado em medidas paliativas, incapazes de sarar os problemas sociais que afligem Hong Kong.

Espero que o Governo de Hong Kong venha a tirar ilações desta situação que se arrasta há mais de quatro meses, e que procure de forma empenhada ultrapassar as contradições sociais nos dois meses que se avizinham. Espero também que não promulgue mais medidas restritivas, nem que adie ou cancele as eleições para o Conselho Distrital. Se a situação de Hong Kong não se puder resolver nos próximos dois meses, o Governo de Macau vai ter muita dificuldade em organizar a vinda do líder da China para presidir às cerimónias do 20º aniversário do Regresso de Macau à Mãe Pátria. Se este problema não se resolver, virá a afectar a população de Macau e, possivelmente, os resultados das eleições gerais de Taiwan, que vão ter lugar em Janeiro de 2020.

25 Out 2019