João Santos Filipe Manchete PolíticaUM | Terreno para novo campus custou 1,4 mil milhões de patacas A compra foi feita através da empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development, o novo veículo de investimento da Universidade de Macau para o Interior da China, e terá resultado de um concurso público A Universidade de Macau (UM) vai pagar cerca de 1,4 mil milhões de patacas à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, na Ilha da Montanha, por um terreno com 375.600 metros quadrados. A informação foi transmitida ontem pelo jornal Ou Mun, e o terreno deverá ser aproveitado para instalar um novo campus da principal instituição de ensino superior da RAEM. O pagamento vai ser feito através da empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development, que foi criada no início de Outubro deste ano, e que terá participado num concurso público pelo terreno. A proposta do veículo de investimento da Universidade de Macau no Interior foi de 946 milhões de renminbis, cerca de 1,4 mil milhões de patacas. Porém, o jornal em língua chinesa não revela se foram apresentadas mais propostas, nem o valor destas. Ainda de acordo com a informação, a compra do terreno “marca o início oficial da construção do novo campus da Universidade de Macau em Hengqin”. O terreno tem uma área de 375 mil metros quadrados, o que representou um custo de 2.758 patacas por metro quadrado. Em termos da Zona de Cooperação Aprofundada, o futuro campus vai ficar localizado a leste da Rua de Qinhua e a oeste da Avenida Kaixin número 5. Fica ainda a sul do Rio Tianmun, e no norte da venida de Hengqin. Campus para 10 mil alunos De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno está dividido em 9 lotes, dos quais 6 vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias, enquanto outros três lotes se prendem com a obrigação da UM construir as estradas da Zona de Cooperação Aprofundada. Segundo os documentos citados do concurso público, a UM tem de construir um campus internacional na Ilha da Montanha, com a chancela do Governo da RAEM, virado para o ensino e investigação nas áreas da ciência, engenharia, agricultura e medicina. São esperados pelo menos 10 mil alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8 mil alunos, entre os quais 4 mil a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar, não sendo ainda claro se a UM vai optar por residentes locais ou dar prioridade os residentes do Interior. Anteriormente, indica o jornal Ou Mun, o reitor da UM, Song Yonghua afirmou que o novo campus vai receber uma faculdade de medicina, engenharia, informática e formar quadros qualificados em áreas como finanças modernas, novas tecnologias e saúde.
Hoje Macau SociedadeCurso de Verão de português da UM arranca com 350 alunos O 38.º Curso de Verão de Língua Portuguesa da Universidade de Macau (UM) vai contar com cerca de 350 alunos, mais 70 do que na edição de 2023, anunciou na sexta-feira a instituição. A UM referiu que o curso vai arrancar na segunda-feira e decorrer até 26 de Julho com estudantes de Macau, Hong Kong, Interior da China, Coreia do Sul e Vietname. A edição de 2023, a primeira a decorrer de forma presencial, depois de três anos de versões ‘online’, atraiu 280 alunos, de Macau, Interior da China e Coreia do Sul, um número aquém dos cursos realizados antes da pandemia da covid-19, de acordo com um comunicado. As três anteriores edições do curso de Verão, organizado pelo departamento de Português da UM, decorreram à distância, devido às restrições à entrada em Macau durante a pandemia, e contaram com uma média de 300 participantes. A última edição em formato presencial tinha sido em 2019, quando vieram à região chinesa cerca de 500 alunos. Abordagem plural Em Maio, a UM revelou que o programa inclui, durante as manhãs, cursos de língua portuguesa e cursos temáticos, que totalizam 15 horas, em áreas como literatura, história, relações internacionais e tradução. Os alunos podem participar ainda em “clubes nocturnos” dedicados a expressões artísticas associadas aos países e territórios lusófonos, como dança, música, poesia, linguagem corporal, gastronomia, enologia e cultura macaense. Os cursos de língua, com duração entre 45 e 60 horas, estão organizados em quatro níveis: iniciação, básico, intermédio e avançado, complementados com sessões de estudo autónomo orientado pelos professores. Além de ajudar a desenvolver as competências linguística e sociolinguística dos alunos, a UM sublinhou que o curso de Verão quer ainda reforçar a “consciência intercultural” dos participantes. Este curso integra ainda os programas de formação de “talentos bilingues” da instituição. O Governo de Macau tem defendido publicamente a formação de quadros com conhecimento de chinês e de português como uma prioridade.
Hoje Macau Manchete SociedadeUM | Recebido acervo de antigo dirigente chinês O acervo de Kang Jimin, que liderou a representação chinesa no Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês na preparação para a transição de Macau, foi doado à Universidade de Macau pela viúva do diplomata. Atas de reuniões e notas ilustram o processo que iria culminar na implementação da RAEM A Universidade de Macau (UM) recebeu o acervo do diplomata Kang Jimin, antigo líder da parte chinesa no Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês, que preparou a transição de administração da região em 1999. A UM declarou que realizou uma cerimónia em que recebeu o acervo, doado por Han Jianli, viúva de Kang Jimin (1930-2018), de acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira. O acervo está dividido em 31 categorias, que incluem atas de reuniões e notas escritas por Kang Jimin, que “têm grande importância para a investigação académica sobre o regresso de Macau e a elaboração da Lei Básica”, disse a UM. Durante a cerimónia, o presidente da Fundação Macau, Wu Zhiliang, elogiou o trabalho de Kang Jimin na liderança da parte chinesa no Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês, entre 1988 e 1993. “Com a sua rica experiência diplomática, ele deu o seu melhor para ultrapassar dificuldades e resolver problemas, estabelecendo uma boa base para uma transição de Macau e a criação da Região Administrativa Especial”, disse Wu. Han Jianli afirmou que era a vontade do marido que este acervo fosse entregue a uma instituição educacional ou cultural do território para servir como “uma referência importante para a investigação sobre o desenvolvimento social e cultural de Macau”. O Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês foi criado no âmbito da Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre a Questão de Macau de 1987, que abriu caminho à transição da administração do território. O grupo chegou a acordos que garantiram, entre outros, o estatuto do português como língua oficial de Macau, a proibição da pena de morte e a participação da região na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Antes de liderar o grupo, Kang Jimin foi vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. Espólio precioso No início deste mês, a UM anunciou a aquisição de uma reedição de 1491 dos Elementos de Euclides, matemático da Grécia antiga considerado o pai da geometria. Na altura a universidade sublinhou que apenas 84 bibliotecas no mundo possuem esta edição de 1491, sendo a única existente na China. Em 2022, a UM tinha adquirido um raro manuscrito português com o relatório oficial da embaixada, liderada por Alexandre Metello, enviada pelo rei D. João V à China em 1725, a única embaixada europeia recebida pelo imperador chinês Yongzheng.
Hoje Macau EventosExposição | UM apresenta “Elementos” de Euclides, de 1491 A Universidade de Macau (UM) inaugurou, na Biblioteca da UM, a exposição “Obra-prima Intemporal: O Incunábulo de 1491 dos Elementos de Euclides”, um livro raro do período em que a imprensa dava os primeiros passos. Assim, este incunábulo, livro impresso já com tipos móveis, trata-se de uma “obra rara adquirida pela UM”, sendo mais um elemento incluído no conjunto de “mais de 20 mil livros raros”. Trata-se também “do único incunábulo dos ‘Elementos’ existente na China”, aponta a UM, em comunicado, estando o livro exposto no espaço dos manuscritos. É explicado, na mesma nota, que a edição dos “Elementos de Euclides” adquirida pela UM, que tem o título completo, em latim, “Preclarissimus liber elementorum Euclidis perspicacissimi: in artem geometrie incipit quam foelicissime”, é “uma versão revista baseada em traduções latinas anteriores e em novas traduções de várias fontes árabes”. Neste caso em específico, é um livro cuja edição foi reeditada pelo editor Leonardus de Basilea e Gulielmus de Papia em Vicenza, Itália, em 1491. Em comparação com a primeira edição, a menção “Dedicada ao Doge de Veneza” foi omitida nesta reimpressão. A margem decorativa da primeira página foi alterada dos motivos árabes da primeira edição para motivos de Cupido, plantas e animais, e o tipo de letra foi alterado de gótico para romano, uma fonte mais legível e conforme a primeira edição. Jeremy Norman, um especialista em livros raros e em história da ciência, escreveu uma carta de avaliação para esta aquisição. Apenas 84 bibliotecas no mundo possuem esta edição de 1491.
Andreia Sofia Silva PolíticaQuadros qualificados | Segunda fase inclui licenciados da UM O Governo quer integrar os licenciados da Universidade de Macau (UM) na segunda fase do programa de importação de quadros qualificados para o desenvolvimento das indústrias “1+4”. “Muitos estudantes vêm para Macau fazer os seus estudos e não são residentes, e pergunta-se se podem ser absorvidos pelo nosso mercado laboral. É nosso desejo que os alunos com um determinado nível de excelência, consoante os nossos parâmetros, possam integrar o mercado laboral, por serem pessoas que têm um certo apego à sociedade e conhecem o seu funcionamento. Em Maio, quando iniciarmos a segunda fase [de recrutamento de quadros] podemos incluir esses estudantes”, prometeu Ho Iat Seng ontem no plenário da Assembleia Legislativa. Contudo, o governante deixou claro que a vinda de quadros qualificados será sempre controlada. “Macau é um território pequeno, em termos de área é exíguo, e não podemos de uma assentada importar um grande número de quadros qualificados. Não se trata de uma importação em grande escala, mas segundo as necessidades das indústrias 1+4. Sempre que importarmos quadros teremos de ter uma oferta correspondente de emprego para os interessados, não vamos importar quadros qualificados para virem cá à procura de emprego.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFuncionário da UM condenado a pena de prisão efectiva Um antigo assistente administrativo da Universidade de Macau (UM), ligado a processos de obras, foi condenado pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI) a cumprir uma pena de prisão efectiva de dois anos e seis meses após ter sido condenado, em primeira instância, a dois anos de prisão, com pena suspensa por um período de três anos. Após a decisão do Tribunal Judicial de Base, decidiu o Ministério Público recorrer por não concordar com a sentença. Agora, e segundo o acórdão ontem divulgado, o TSI entende que a primeira pena decretada é “manifestamente leve” tendo em consideração “a personalidade do recorrido [o funcionário], a circunstância da prática dos crimes e o comportamento manifestado anterior e posteriormente aos crimes”. Acrescenta-se no acórdão que “a suspensão da execução da pena de prisão imposta ao recorrido não realizaria de forma adequada e suficiente as finalidades da punição”, além de que “não satisfaria as exigências da prevenção especial”. Esquema desmontado O caso remonta a Fevereiro de 2011, quando o arguido agora condenado foi contratado pela UM para trabalhar como assistente administrativo na “divisão de obras” do Departamento de Gestão e Desenvolvimento do Complexo Universitário da UM. Em Janeiro de 2019, o homem passou a administrativo da mesma divisão. Em causa, estava a realização de duas obras, uma delas a construção de colégios residenciais, tendo o arguido “aproveitado as vantagens resultantes do seu cargo” para a prática dos crimes de violação de segredo, abuso de poder e falsificação de documentos. O homem criou uma empresa de engenharia juntamente com mais dois sócios, tendo criado propostas para o concurso público ajustadas a essa empresa. O arguido, aproveitando-se da posição que tinha na UM, teve acesso privilegiado aos “critérios de avaliação das propostas”, tendo usado “o computador da UM para elaborar uma proposta compatível com os critérios de avaliação das propostas e mais vantajosa, o preço da proposta e os respectivos documentos”. A adjudicação foi feita a uma empresa associada a este esquema, tendo a empresa criada pelo funcionário ficado ligada ao projecto como subempreiteira. O TSI entende que se violaram “as atribuições e os deveres de funcionário público”, o que causou “prejuízos aos interesses públicos ou a terceiro” e afectou gravemente o prestígio da Administração e a justiça do regime de concurso para obras públicas”.
Hoje Macau Manchete SociedadeUM | 2024 pode marcar regresso da economia a níveis pré-pandemia Previsões feitas pelo Centro de Estudos e pelo Departamento de Economia da Universidade de Macau indicam que no próximo ano pode acontecer o que há muito se espera na economia local: a recuperação a níveis de 2019. Prevê-se, assim, um crescimento económico entre 8,3 e 21 por cento A Universidade de Macau (UM) estima que a economia do território poderá crescer até 21 por cento em 2024, permitindo que o produto interno bruto (PIB) recupere até níveis atingidos antes da pandemia, anunciou ontem a instituição. Num comunicado, o Centro de Estudos e o Departamento de Economia da UM disse prever que “o crescimento económico de Macau em 2024 será entre 8,3 e 21 por cento”, dependendo do número de visitantes vindos da China continental. Os turistas chineses “continuam a ser o principal factor a afectar o desenvolvimento da economia” do território, até porque “a recuperação nas chegadas de visitantes de outras regiões tem sido mais lenta”, referiram os economistas. Num cenário mais optimista traçado pelos académicos, a região deverá receber no próximo ano um número de turistas próximo dos 39,6 milhões registado em 2019, o que permitiria ao PIB atingir 96,1 por cento do nível registado nesse mesmo ano. No entanto, a UM avisa que “Macau enfrentará incertezas quanto ao desenvolvimento económico do interior da China em 2024”. “A contracção do mercado imobiliário, bem como a dívida pública local e empresarial, irão afectar os rendimentos dos residentes, levando a uma diminuição do seu interesse e poder de compra em viajar” para o território, referiu o comunicado. Diferentes cenários O investimento em imobiliário na China continental caiu 9,4 por cento nos primeiros 11 meses do ano, revelou a 15 de Dezembro o Gabinete Nacional de Estatística chinês, devido a uma crise que deixou casas inacabadas e levou à queda dos preços por metro quadrado. No segundo cenário, o mais cauteloso, Macau irá ter um aumento de 5 por cento no número de visitantes em comparação com 2023 – o que corresponderia a 29,4 milhões, segundo previsões do Governo –, com a economia a recuperar até 85,9 por cento do registado em 2019. Com o turismo em retoma, a UM previu que as exportações de serviços, o motor da economia da cidade graças ao sector dos casinos, deverão crescer entre 10,3 e 26,7 por cento, ajudando a taxa de desemprego a cair dos actuais 2,4 por cento para entre 2,1 e 1,9 por cento. Por outro lado, os economistas acreditam que as receitas do Governo de Macau deverão fixar-se entre 95,3 mil milhões e 109,6 mil milhões de patacas. No orçamento para 2024, o Executivo prevê um aumento de 1,8 por cento nas receitas, para 107,1 mil milhões de patacas, sobretudo graças ao imposto sobre o jogo, que deverá atingir 75,6 mil milhões de patacas. Entre Janeiro e Novembro, as receitas do jogo em Macau mais que quadruplicaram em comparação com igual período de 2022, atingindo 164,5 mil milhões de patacas. A indústria do jogo, o motor da economia da cidade, representava, em 2019, 51 por cento do PIB [Produto Interno Bruto] de Macau e, apesar da crise durante a pandemia, dá actualmente trabalho a cerca de 71 mil pessoas, ou seja, 19,2 por cento da população empregada.
Hoje Macau SociedadeUniversidade de Macau acolhe seminário sobre Inteligência Artificial O uso de Inteligência Artificial (IA) na criação artística é uma oportunidade para repensar o conceito de propriedade intelectual, defendem académicos ouvidos pela Lusa, que sublinham a necessidade de um debate alargado e de prudência na legislação. Vai ser lançada hoje “Now and Then”, a “última música” dos The Beatles, na qual foi utilizada IA para retirar da gravação ‘demo’ original, feita na década de 1970, a voz de John Lennon, assassinado em Dezembro de 1980. O professor de Direito da Universidade de Macau (UM) Rostam Neuwirth apontou esta música como um exemplo do crescente uso de IA na criação artística, algo que tem originado dilemas não só sobre autoria, mas também sobre direitos de autor. Neuwirth vai falar hoje num seminário sobre o impacto da IA no direito de propriedade intelectual, organizado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, no qual também irá intervir Célia Filipa Ferreira Matias. A coordenadora do mestrado em Direito em português na UM recordou à Lusa que na segunda-feira um tribunal da Califórnia, nos EUA, rejeitou parcialmente uma queixa apresentada por três artistas contra a Stability AI, a Midjourney e a DeviantArt. As três empresas eram acusadas de utilizar obras de arte, disponíveis na Internet, mas protegidas por direitos de autor, para treinar as suas ferramentas que usam IA para produzir imagens. “É totalmente compreensível que os artistas sintam o seu modo de vida muito ameaçado por este tipo de produto”, disse Célia Ferreira Matias, que, ainda assim sublinhou a necessidade de prudência na legislação. “É preciso um bocadinho de cuidado”, defendeu a especialista, porque, além da IA, “as pessoas que fazem obras derivadas de outros tipos podem ver-se afectadas por uma leitura muito restrita dos direitos de autor”. Primeiros passos Os legisladores têm sido lentos a responder, referiu Rostam Neuwirth, dando como exemplo a União Europeia, que começou em 2021 a tentar regulamentar o uso da IA, mas que só em Junho de 2023 conseguiu aprovar, no Parlamento Europeu, um projecto que terá de ser agora negociado entre os 27 países membros. Nos Estados Unidos, o Presidente Joe Biden aprovou na segunda-feira uma ordem executiva que procura garantir “uma IA segura e confiável”, recordou o académico. Célia Ferreira Matias salientou os perigos de “legislar para coisas muito específicas” e “de uma forma reactiva tentar imediatamente cobrir esta situação de alguma forma”. Por outro lado, Rostam Neuwirth sublinhou que, “as leis de direitos de autor já tinham grandes problemas mesmo antes da IA”. “A IA é o problema, mas é também a solução”, disse o especialista em propriedade intelectual na economia criativa, que defendeu que o impacto desta tecnologia deve ser encarado “como uma grande oportunidade para um debate muito alargado” sobre o próprio conceito de propriedade intelectual. O académico lembrou o caso da indústria da moda, “que funciona muito bem sem direitos de autor. As cópias criam tendências que, de alguma forma, criam nos consumidores o desejo de comprar mais”. “Não é inevitável que precisemos de leis de propriedade intelectual. Acho que tudo pode correr muito bem se tivermos boas leis, mas se calhar até podemos ter mais sucesso sem nada, se as leis forem mal feitas”, sublinhou Neuwirth.
Hoje Macau SociedadeMacau e Coimbra criam laboratório sobre envelhecimento cognitivo A Universidade de Coimbra (UC) criou ontem um laboratório conjunto, com a Universidade de Macau (UM), para estudar o envelhecimento cognitivo e responder às necessidades geradas pelo aumento da esperança de vida. Após a inauguração, o vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da UC, João Nuno Calvão da Silva, disse à Lusa que “o envelhecimento demográfico, o aumento da esperança de vida são tudo coisas absolutamente excelentes, mas que geram outro tipo de urgências”. Em Macau, uma projecção da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, divulgada em Fevereiro, prevê que o número de idosos ultrapasse o número de jovens já em 2023 e que os residentes com 65 anos ou mais representem 20,9 por cento da população em 2041. “As universidades de investigação têm dito presente a estas questões e procurado soluções, neste caso com parceiros de excelência”, sublinhou Calvão da Silva, acrescentando que as ciências do cérebro é “uma área de investigação de ponta”, tanto na UM como na UC. Investigações e companhia A parceria com Macau, que irá incluir projectos de investigação conjuntos e intercâmbio de investigadores, “gerou um grande entusiasmo na Faculdade de Medicina” da UC, confessou o vice-reitor. Calvão da Silva destacou a participação de Miguel Castelo Branco, o coordenador do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional da UC, que recebeu em Fevereiro o Prémio Bial de Medicina Clínica 2022, no valor de 100 mil euros, por 15 anos de trabalho sobre o autismo. Antes da inauguração, o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM, Rui Martins, revelou que as duas instituições estão “a negociar também uma proposta de doutoramento conjunto” na área das ciências do cérebro, em associação com o novo laboratório. Além de assinar o acordo de criação do laboratório, Calvão da Silva apresentou a tradução para chinês de um livro, da autoria do pai, sobre o direito ligado ao sinal e contrato-promessa em Portugal. Rui Martins sublinhou que o livro faz parte de uma série de cerca de 20 traduções que a Faculdade de Direito da UM está a fazer para apoiar o Direito de Macau. Durante uma visita de dois dias a Macau, Calvão da Silva passou também pela Universidade da Cidade de Macau, na qual abordou um programa de estudos avançados em Relações Económicas Internacionais, com a CityU, em língua inglesa. A iniciativa foi atrasada pela pandemia, mas o vice-reitor da UC disse esperar “que possa ser lançado já para o próximo ano [lectivo de 2024/2025] com um número significativo de alunos”. Calvão da Silva disse que, caso tenha sucesso, o programa pode ser seguido por “outros passos mais importantes” e ser um marco significativo no alargamento da “oferta formativa em inglês” da UC. O responsável visitou ainda a Universidade Politécnica de Macau (UPM), onde falou sobre um acordo, assinado em Agosto, para lançar já este ano lectivo um duplo doutoramento em tecnologias de informação. “Está a ter uma grande adesão”, disse Calvão da Silva, revelando que o número de interessados já ultrapassou o de vagas, que não deverão ultrapassar as 20. “É um notável sucesso numa área importante”, acrescentou.
Hoje Macau Manchete PolíticaUM | Criado centro jurídico para promover pensamento de Xi Jinping O centro de estudos judiciários e jurídicos sino-lusófono foi criado através de uma parceria entre a Universidade de Macau e o Supremo Tribunal da China e tem como objectivo promover nos países de língua portuguesa o pensamento do presidente chinês A Universidade de Macau (UM) e o Supremo Tribunal da China criaram um centro de estudos judiciários e jurídicos sino-lusófono para promover a ideologia do líder chinês, Xi Jinping, disse o reitor da UM. Num discurso na cerimónia de inauguração, Song Yonghua disse que um dos objectivos do Centro de Estudos Judiciários e Jurídicos da China e dos Países de Língua Oficial Portuguesa é “a investigação e promoção do Pensamento de Xi Jinping”. Em Outubro passado, o congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza a cada cinco anos, aprovou uma série de emendas à carta magna do partido, entre as quais a inclusão da ideologia do actual líder. O chamado “Pensamento de Xi Jinping” inclui uma ênfase na auto-suficiência, controlo político e elevação do estatuto global da China, ao contrário das reformas económicas de Deng Xiaoping que abriram a China ao mundo, nos anos 1980. Em Outubro, observadores disseram que a decisão tornou também qualquer crítica às directrizes de Xi num ataque directo ao Partido e sinalizou amplo apoio ao líder chinês entre a elite política do país. Quadros jurídicos versáteis Song Yonghua disse ainda que o novo centro pretende apostar na “formação de quadro jurídicos versáteis” e criar uma base de dados com casos e informações jurídicas da China e dos países lusófonos. O reitor sublinhou que a Faculdade de Direito da Universidade de Macau ficará responsável pelas operações do centro, mas que “a direcção e estratégia” virão do Supremo Tribunal da China, cujo presidente, Zhang Jun, esteve presente na inauguração. Song Yonghua disse que o centro pretende ser “uma plataforma de cooperação e intercâmbio”, algo que defendeu ser necessário, uma vez que a “procura de cooperação judiciária tem verificado um acréscimo”. De acordo com o relatório anual do Supremo Tribunal chinês referente a 2022, divulgado no passado mês de Março, 99,98 por cento dos acusados por crimes na China foram condenados, sublinhou a organização não-governamental Safeguard Defenders. No ano passado, os tribunais chineses de primeira instância julgaram cerca de 1,43 milhões de processos criminais, sendo que entre os acusados somente 354 foram “declarados inocentes”, um novo mínimo histórico, referiu a Safeguard Defenders.
Hoje Macau EventosArte Macau 2023 | UM acolhe exposição de arte dos estudantes do ensino superior A Universidade de Macau (UM) acolhe até 5 de Novembro a “Exposição de Arte de Instituições de Ensino Superior”, mostra integrada na “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, organizada pelo Instituto Cultural (IC) e pela Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). Participam nesta mostra os alunos de belas-artes de academias do Interior da China e quatro instituições de ensino superior de Macau, designadamente a Academia Central de Belas-Artes, a Academia de Artes da China, o Instituto de Belas-Artes de Sichuan, a Academia de Belas-Artes de Guangzhou, a UM, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, a Universidade Politécnica de Macau e a Universidade de São José. Segundo um comunicado do IC, a mostra “visa fomentar um ambiente criativo para os jovens locais e estimular o intercâmbio artístico a nível universitário, injectando novos ímpetos criativos no desenvolvimento da Bienal Internacional de Arte de Macau”. Poderão ser vistas 24 peças ou conjuntos de trabalhos “inovadores e de qualidade”, que suscitam “a partir de perspectivas artísticas peculiares, reflexões sobre as tradições religiosas e a história da ciência e tecnologia, demonstrando o acentuado espírito explorador dos jovens artistas”. Inaugurada na sexta-feira, a exposição pode ser visitada no Museu de Arte da UM e na Biblioteca Wu Yee Sun da UM. A “Arte Macau 2023”, inclui 30 exposições de arte divididas em oito secções, apresentando, por toda a cidade, obras-primas modernas e contemporâneas, da autoria de mais de 200 artistas provenientes de mais de 20 países e regiões.
Andreia Sofia Silva PolíticaUM e Universidade de Lisboa querem cooperar na área da medicina A Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Lisboa (UL) poderão cooperar na área da medicina. A ideia foi deixada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que num encontro com o reitor da UL, Luís Ferreira, realizado na quarta-feira, disse esperar que as duas instituições possam “acelerar projectos no âmbito do acordo de cooperação na área da medicina”, já assinado. Recorde-se que, numa entrevista concedida ao HM em 2019, Fausto Pinto, director da Faculdade de Medicina da UL, admitiu “interesse [da parte da UM] numa aproximação na área da medicina”. “Temos contactos com a UM e sei que estão a desenvolver potenciais actividades na área da medicina com as quais teremos todo o gosto em participar”, disse na altura Fausto Pinto, que acrescentou que o projecto estava ainda “numa fase muito inicial”. Ho Iat Seng reuniu com dirigentes da UL em Abril, durante a visita a Portugal. Neste novo encontro com Luís Ferreira, o Chefe do Executivo salientou que o território “possui uma base sólida e vantagem para o desenvolvimento sustentável do ensino de português, investigação científica e académica e formação de quadros qualificados na área do turismo”. O governante adiantou ainda que, nos últimos anos, “as instituições de ensino superior de Macau e Portugal têm concretizado vários projectos de cooperação, que consolidam a parceria entre as partes nas áreas do ensino superior e tecnologia, criando oportunidades de desenvolvimento de alta qualidade”. Grandes capacidades Luís Ferreira salientou que a UL “possui uma das melhores capacidades em investigação científica do mundo na área da medicina, com laboratórios avançados e resultados de investigação científica de nível mundial”. O reitor espera, assim, que as duas instituições de ensino “possam cooperar de forma prática na área da medicina, contribuindo para Macau em matéria de investigação científica, desenvolvimento académico e formação de quadros qualificados e melhorando a vida da população de Macau”. No encontro estiveram ainda presentes o reitor da UM, Song Yonghua, e o vice-reitor, Rui Martins.
João Santos Filipe Manchete PolíticaUM | Ho Iat Seng aposta em deputados de confiança para órgãos dirigentes O Chefe do Executivo promoveu Kou Kam Fai a vice-presidente do Conselho da Universidade de Macau e nomeou Ip Sio Kai para a Assembleia Geral da instituição. No pólo oposto, Susana Chou e o Bispo Stephen Lee ficaram de fora da Assembleia Geral A promoção de Kou Kam Fai a vice-presidente do Conselho da Universidade de Macau e a escolha de Ip Sio Kai para membro da Assembleia da Universidade de Macau são algumas das alterações feitas pelo Chefe do Executivo, nos órgãos da instituição de ensino superior. As novidades foram reveladas ontem, no Boletim Oficial, e produzem efeitos para os próximos três anos. No que diz respeito ao Conselho da UM, o órgão colegial máximo da instituição, destaca-se a promoção de Kou Kam Fai a vice-presidente. O também director da Escola Pui Ching já fazia parte do órgão desde 2020, mas agora assume uma posição cimeira. Kou é um dos homens da confiança de Ho Iat Seng e em 2021 também foi nomeado deputado pelo actual Chefe do Executivo. O conselho vai continuar a ser presidido pelo empresário da construção civil Peter Lam, que também dirige empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana. No entanto, destacam-se as entradas de Eddie Wong Yue Kau, arquitecto e ex-membro do Conselho Executivo e Charles Li Xiaojia, banqueiro nascido em Pequim com passagens por instituições como Merrill Lynch, JP Morgan Chase ou a Hong Kong Exchanges and Clearing Limited, empresa responsável pela Bolsa da região vizinha. Também Aglaia Kong Chio Fai, académica especializada em tecnologia e start-ups, passa a integrar o conselho da UM. No pólo oposto, saem Tong Chi Kin, ex-deputado e ex-membro do Conselho Executivo ligado aos Operários de Macau, Lei Pui Lam, ex-membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, e António Chui Yuk Lum, empresário e ex-chefe do gabinete da campanha eleitoral de Ho Iat Seng. Anabela Ritchie, António José de Freitas, Frederico Ma Chi Ngai, José Chui Sai Peng, Dominic Sio Chi Wai e Vong Hin Fai são alguns dos nomes que vão permanecer nos cargos mais três anos. Susana Chou e Stephen Lee fora Na Assembleia Geral da UM, órgão consultivo, também houve alterações, com as saídas de Susana Chou, empresária e ex-presidente da Assembleia Legislativa e Stephen Lee Bun Sang, actual Bispo de Macau. As partidas foram colmatadas com a entradas de Ip Sio Kai, deputado eleito pela via indirecta pelo sector comercial e que preside à Associação de Bancos de Macau, além de ser administrador do Banco Tai Fung e vice-director-geral da Sucursal de Macau do Banco da China. Outra entrada foi de Carlos Ho, presidente do Banco Tai Fung. Apesar das mudanças para os próximos três anos, membros como Maria Edith da Silva, Jorge Neto Valente, Alexandre Ma Iao Lai, Kou Hoi In, Stanley Au, Chui Sai Cheong, Paulo Tsé ou Chan Hong mantém-se na Assembleia da Universidade de Macau. Em conjunto, o Conselho da Universidade de Macau e a Assembleia Geral da Universidade de Macau passam a integrar seis deputados: Kou Hoi In, Chui Sai Cheong, Ip Sio Kai, Kou Kam Fai, Chui Sai Peng e Vong Hin Fai.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | UM patrocina base de dados de documentos históricos O Centro Científico e Cultural de Macau assinou, na quinta-feira, um acordo com a Universidade de Macau para o patrocínio de uma base de dados digital com documentação histórica digitalizada, existente em todo o mundo, sobre as relações entre portugueses e asiáticos, permitindo um acesso mais fácil a investigadores Fazer investigação histórica implica trabalhar com documentos raros, facilmente danificáveis e, muitas vezes, de difícil acesso, espalhados em vários locais. A fim de reunir toda esta documentação online, o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) tem vindo a expandir a base de dados intitulada “Portuguese Asian Digital Archives Network” (PADAN) [Rede Portuguesa de Arquivos Digitais Asiáticos] que, na quinta-feira, passou a contar com um novo patrocinador, a Universidade de Macau (UM). A PADAN é, assim, uma plataforma digital para a agregação do material de investigação sobre a Ásia existente nas bibliotecas, arquivos e centros de documentação de Portugal e outros países. Com esta iniciativa, pretende-se que alguma da documentação à guarda da UM passe a pertencer a esta rede, conforme disse ao HM Rui Martins, vice-reitor da instituição. “A UM tem muita informação e muitos documentos históricos adquiridos recentemente, nomeadamente o manuscrito, adquirido a privados, sobre a instalação da primeira embaixada portuguesa na China, e que data do reinado de D. João V. Só existem dois exemplares em todo o mundo e um deles está no Palácio Nacional de Queluz.” Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, destacou no seu discurso que a PADAN irá “promover a investigação internacional sobre a história das relações entre portugueses e asiáticos e uma maior cooperação ao nível dos arquivos internacionais”. “Os arquivos históricos e documentos escritos à mãos são algumas das mais preciosas e importantes fontes para a investigação histórica, mas o facto é que são materiais frágeis e únicos, o que significa que o acesso é difícil e restrito. Recentes desenvolvimentos ao nível da tecnologia digital resultaram na possibilidade de haver um maior acesso a imagens e documentos históricos digitalizados, e este desenvolvimento traz um enorme potencial para fomentar e melhorar o estudo em torno de documentos raros sem risco de os danificar”, acrescentou. Livros e mais livros O acordo assinado na quinta-feira visa ainda a publicação de mais obras entre o CCCM e a UM, com o apoio financeiro desta universidade. “Temos uma colecção de oito livros publicados e há mais projectos a caminho”, contou Rui Martins. Uma das últimas edições foi sobre os 200 anos do jornal “Abelha da China”, sendo que a primeira edição aconteceu há dez anos com a publicação, na versão portuguesa, da tese de doutoramento de Carmen Amado Mendes, intitulada “Portugal e o estabelecimento da Questão de Macau, 1984-1999: Pragmatismo nas Negociações Internacionais”. Espera-se, assim, um aumento do número de livros editados neste contexto, em diversas áreas académicas.
Andreia Sofia Silva SociedadeInvestigação | UM assina acordo com Universidade de Lisboa A tarde de sexta-feira ficou reservada para a assinatura de um novo acordo quadro de cooperação entre a Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Lisboa (UL), onde esteve presente o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e restantes membros do Governo. Aos jornalistas, Rui Martins, vice-reitor da UM, adiantou que o novo acordo permite “uma colaboração mais aprofundada em áreas importantes como oceanografia, microelectrónica e robótica”. Ao abrigo do compromisso, a “UM oferece 20 bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, bem como para ‘visiting scholars’ [académicos visitantes], que são atribuídas durante três anos, de uma forma competitiva, e que permite que alunos ou doutorados da UL dessas áreas possam trabalhar em Macau com condições muito favoráveis”. O evento ficou ainda marcado pela apresentação do resultado de uma colaboração entre a UM e a TechnoPhage SA, uma spin-off ligada à UL, que levou ao licenciamento de uma patente na área da medicina tradicional chinesa para a doença de Parkinson, que culminará com a chegada ao mercado da União Europeia de um novo produto que funciona como suplemento alimentar preventivo da doença. “Esta colaboração existe há cerca de uma década e iniciou-se com a última visita do ex-Presidente da República Cavaco Silva a Macau, quando visitou o nosso campus em 2014”, adiantou Rui Martins.
Hoje Macau Grande Plano MancheteUM | Rui Martins nega que docentes sejam desencorajados a falar com jornalistas A pandemia obrigou “bastantes alunos internacionais” da Universidade de Macau a anos de percurso académico à distância, disse à Lusa o vice-reitor da instituição, referindo que, apesar das “condições difíceis”, as inscrições de fora aumentaram. Rui Martins destacou ainda a excelência da investigação científica ao nível da electrónica e medicina tradicional chinesa “A pandemia nunca interrompeu a admissão de alunos internacionais, só que eles tiveram de o fazer em condições difíceis, através da plataforma ‘zoom’ e aulas ‘online’, porque nós demos sempre aulas ‘online’ até Dezembro”, referiu o vice-reitor para os Assuntos Globais da Universidade de Macau (UM), Rui Martins. “Houve alunos de licenciatura que estiveram três anos fora e que só agora estão a regressar ao campus para o primeiro ano [presencial]”, continuou o responsável. “Com alguns alunos de mestrado as coisas foram um pouco suspensas, só agora estão a regressar para fazer a tese”. Apesar disso, Rui Martins, responsável “pela área dos alunos internacionais”, admitiu que houve “um pequeno aumento” das inscrições do exterior: “um pouco menos do que 30 por cento”. “A previsão que eu tinha era multiplicar o número de alunos de cento e pico por cinco, para 500, e isso não conseguimos – se não houvesse pandemia quase de certeza conseguíamos este ano – mas aumentámos para perto de 200 e esses alunos internacionais ficaram fora [de Macau durante a pandemia]”, explicou. Além destes estudantes internacionais, que completam integralmente os estudos académicos na UM, a instituição de ensino superior recebe ainda alunos de intercâmbio – “à volta de 200 alunos” antes do aparecimento da covid-19. “E tínhamos um número igual de alunos nossos que iam fazer esse intercâmbio na Europa, Estados Unidos, etc, e isso com a pandemia foi a zero”, lembrou. Martins, um dos cinco vice-reitores da UM, admitiu que durante a crise sanitária, “a capacidade que se instalou” em termos de oferta de aulas e conferências à distância, “foi importante” para que houvesse progressão académica. A UM tinha, no primeiro semestre deste ano lectivo, 7.515 alunos em licenciaturas, 59 em pós-graduações, 3.368 a fazer mestrados e 1.836 doutorandos, num total de 12.778 alunos inscritos, de acordo com o ‘site’ da instituição. Um ligeiro aumento – quase 5 por cento – em relação ao ano anterior (12.208). Cerca de 80 alunos são provenientes de Países de Língua Portuguesa (PLP), sendo que “talvez cerca de 80 por cento” frequentam estudos na área do Direito, notou o vice-reitor. “Nós aqui somos apoiados pela Fundação Macau, aumentámos o número de bolsas que demos a alunos internacionais, que também cobre o número de alunos africanos [dos PLP] e, portanto, espero que esse número venha a aumentar”. Nos planos da universidade para os próximos três anos, avançou ainda o vice-reitor, está um crescimento do volume de inscritos para entre “15 e 17 mil”, com a aposta a ser direccionada para cursos pós-graduados. A UM avançou esta semana que vai lançar, no próximo ano lectivo, seis novos mestrados, em Inteligência Artificial, Robótica e Sistemas Autónomos, Ambiente Costeiro e Segurança, Materiais Inovadores, Gestão Médica e ainda Filosofia. Através dos novos programas, lê-se num comunicado, a instituição quer “formar mais profissionais de alta qualidade para apoiar o desenvolvimento das indústrias emergentes e ajudar Macau na transformação económica”. “Os alunos de pós-graduação vêm essencialmente da China”, declarou Rui Martins, considerando que a UM atrai “cada vez mais alunos de topo”. “Há cerca de dez, 20 anos, os alunos da China que se candidatavam aqui à universidade eram alunos medianos. (….) Agora compete com a [universidade de Pequim] Tsinghua, agora são alunos de muito alto nível que se candidatam, essencialmente para mestrado, mas também para doutoramento”, disse. Falta de coragem Sobre a oferta de língua portuguesa, o investimento passa por “manter os programas”, com o responsável a considerar a possibilidade de “recrutar mais professores” na área da Literatura. “Em tempos tivemos essa área, mas alguns professores foram embora e podemos tentar desenvolver mais essa área”, disse. Rui Martins lembrou ainda “um plano de contingência”, delineado para o período após a transferência do exercício da soberania de Macau para a China, em 1999, “para o caso de o programa de Direito em português acabar por falta de alunos”. “Estávamos com essa perspectiva, porque o número de alunos estava a cair, houve uma altura de crise, mas depois foi criado aqui o Fórum [para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP], em 2013, e então essa área manteve-se”, reforçou. Rui Martins, que falava à agência Lusa numa entrevista alargada, foi ainda questionado se a Universidade de Macau desencoraja os docentes a falarem à comunicação social. O responsável respondeu negativamente. “O que pode haver é a questão, como é muito referido, da auto-censura, mas a universidade não tem muito a ver com isso”, afirmou. A Lusa tem tido cada vez mais dificuldade em contactar académicos para analisar assuntos da actualidade, com docentes a explicarem que são desencorajados de falar com os ‘media’. Liderança electrónica A Universidade de Macau (UM), que viu 15 trabalhos de investigação serem aceites em Fevereiro numa conferência internacional de electrónica em São Francisco, nos EUA, é “líder mundial nesta área”, disse à Lusa o vice-reitor Rui Martins. “Nós este ano, em termos electrónicos fomos líderes mundiais nessa área, em segundo lugar veio a universidade [de Pequim] Tsinghua com 13 ‘papers'”, notou o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM. Os artigos científicos da instituição de ensino superior da região administrativa especial abordaram temas como a conversão de dados, comunicações ‘wireless’ ou conversão de energia. A 70.ª edição da ‘International Solid State Circuits Conference (ISSCC)’ [Conferência Internacional de Circuitos em Estado Sólido] distinguiu ainda Rui Martins como principal colaborador entre 1954 e 2023. “Ninguém acredita, mas somos líderes mundiais nessa área”, apontou o académico, director do instituto de Microelectrónica e director fundador do Laboratório de Referência do Estado em Circuitos Integrados em Muito Larga Escala Analógicos e Mistos, ambos da Universidade de Macau. Em entrevista, o responsável disse que a pesquisa da Universidade de Macau na área da ciência dispõe este ano de um orçamento interno de 100 milhões de patacas, recebendo ainda 440 milhões de entidades externas, como o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), através do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), e entidades do Interior da China. “Em termos de financiamento de investigação científica e comparado com outras universidades, acho que é um bom investimento”, afirmou o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM. Rui Martins sublinhou avanços da instituição no estudo do “cancro da mama e do cólon, que são aqueles mais frequentes em Macau”. Realçou ainda o desenvolvimento, durante a pandemia, de “dois ventiladores sofisticados e avançados em termos de electrónica”, que foram doados a duas universidades em África, uma em Maputo [Moçambique] e outra no Lubango [Angola]”. No que diz respeito a parcerias na área da investigação científica, o responsável admitiu que há “poucos projectos” com Portugal e que o baixo investimento noutros países influencia potenciais parcerias com Macau. “Tenho notado”, reagiu. E acrescentou: “Em Portugal, onde há projectos financiados em Ciência e Tecnologia, bem financiados, são essencialmente pela União Europeia e alguns projectos também pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), mas programas para a cooperação com Macau especificamente, os valores são muito baixos”. Para desenvolver essa colaboração, “esses valores têm de aumentar”. Rui Martins lembrou que, em 2017, foi assinado entre a FCT e a FDCTM um memorando de entendimento com o objectivo de incentivar a cooperação entre as instituições de investigação das duas regiões. “Durante a pandemia esteve um bocado parado”, disse o responsável, sublinhando que decorrem negociações para uma nova edição. “O fundo que se colocou aí, se não me engano, foi de 300 mil euros”, disse Martins, admitindo que é um valor “muito baixo, para não dizer insignificante” e que “não permite desenvolver projectos de elevada envergadura”. “Espero que agora no programa seja aumentado esse montante”, acrescentou. Com tranquilidade Rui Martins considera que a internacionalização da Medicina Tradicional Chinesa, uma das apostas do estabelecimento de ensino, “vai levar algum tempo”, pela dificuldade em competir com a indústria farmacêutica. “A indústria farmacêutica está muito avançada e esses produtos chineses estão agora a aparecer e a ser comercializados e, portanto, vão levar algum tempo a afirmarem-se”, disse em entrevista à Lusa o vice-reitor para os Assuntos Globais. O responsável admitiu que os “produtos naturais” utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC) “poderão levar mais tempo a ser efectivos do que os produtos químicos”, o que pode contribuir para a dificuldade de consolidação do sector. Além disso, referiu, outro dos obstáculos é o desconhecimento geral da prática: “No ocidente, o que eles consideram medicina chinesa é acupuntura”. O Ministério da Ciência e Tecnologia chinês aprovou, em 2011, a criação do Laboratório de referência do Estado para investigação de qualidade em medicina chinesa, coordenado em conjunto pela UM e pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, com a “ideia de internacionalizar a medicina chinesa”, explicou o responsável. “O que se está a fazer é um bocado inovador, mas eu creio que ainda vai levar algum tempo, porque os investimentos aqui são grandes nessa área, mas os investimentos na industria farmacêutica normal são brutais”, referiu. A MTC é uma das apostas para Macau com vista a diversificar a economia do território, profundamente dependente das receitas do jogo. Além do laboratório de Estado, são vários os projectos pensados para dar forma a esta aspiração, nomeadamente a criação, em 2011, do Parque científico e industrial de medicina tradicional chinesa para a cooperação entre Guangdong–Macau, estabelecido em Hengqin. Macau, frisou Rui Martins, “é um dos sítios mais avançados no mundo” no que diz respeito à investigação na área da MTC.
Hoje Macau Manchete SociedadeUM | Lançada ligação a satélites para prever desastres naturais A maior instituição de ensino superior local inaugurou ontem uma base de ligação a satélites, cujos dados poderão ajudar a prever desastres naturais, incluindo ciclones tropicais e tufões A Universidade de Macau (UM) inaugurou ontem uma base de ligação a satélites, cujos dados poderão ajudar a prever desastres naturais, incluindo ciclones tropicais e tufões, e lançar alertas atempados, disse à Lusa uma académica daquele estabelecimento de ensino. Ma Shaodan, directora adjunta do Laboratório de Referência do Estado de Internet das Coisas para a Cidade Inteligente da UM, afirmou que a informação pode servir para “prever” a situação meteorológica e o nível das águas do mar. Num comunicado, a UM sublinhou que a tecnologia utilizada em satélites de monitorização terrestre, incluindo a utilização de algoritmos e de grandes dados, pode “promover a segurança das cidades e a prevenção de desastres”. No comunicado, lembra-se o potencial impacto da subida das águas do mar e dos ciclones tropicais nas cidades da Grande Baía, região cuja costa representa quase 30 por cento da área terrestre. A Grande Baía é um projecto do Governo chinês para criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong, numa região com cerca de 80 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) superior a um bilião de euros, semelhante ao PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20. No discurso na cerimónia de inauguração da base de ligação a satélites, o reitor da UM, Song Yonghua, lembrou que Macau é atingido todos os anos por tufões. Em 2017, o tufão Hato, considerado o pior em mais de meio século a atingir o território, causou dez mortos e 240 feridos. Desafios naturais Ma Shaodan sublinhou que “é muito complicado” prever a trajectória e comportamento de tufões e ciclones tropicais, mas que, assim que for possível recolher um grande volume de dados, “a tecnologia de simulação pode ajudar muito”. A montagem da antena parabólica no campus da UM em Hengqin (Ilha da Montanha) arrancou em 2022. A infra-estrutura já está operacional, recebendo dados de dois grupos de satélites chineses e norte-americanos que cobrem quase toda a China e o mar do Sul da China, revelou a académica. Ma Shaodan afirmou também que o principal objectivo é “ajudar a investigação ligada à cidade inteligente e sobre o oceano e as zonas costeiras”. O reitor da UM destacou ainda a ligação da universidade aos países de língua portuguesa, mencionando em particular Angola e Moçambique. Ma Shaodan confirmou que a nova base está interessada em “partilhar e trocar dados com outros países”, incluindo os lusófonos, “para apoiar o seu desenvolvimento, promover colaborações e criar uma base mais forte para investigação”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUM prevê crescimento económico entre 20 e 44% este ano Investigadores do Centro de Estudos de Macau e do Departamento de Economia da Universidade de Macau (UM) acreditam que a economia local deverá crescer entre 20,5 e 44,1 por cento ainda este ano, com uma maior visibilidade do crescimento a notar-se a partir da “segunda metade do ano”. Numa nota de imprensa ontem divulgada, espera-se ainda que as exportações cresçam entre 35,2 e 82,8 por cento, sendo que as receitas da Administração deverão situar-se entre as 55,4 mil milhões e as 66,1 mil milhões de patacas. Os investigadores basearam-se em “três diferentes cenários” para prever os valores do Produto Interno Bruto (PIB), receitas públicas e exportações, sendo que um dos cálculos aponta para o crescimento do PIB em 20,5 por cento para 211,8 mil milhões de patacas, atingindo 47,7 por cento dos valores registados em 2019. Outro dos cenários, aponta para um crescimento do PIB na ordem dos 44,1 por cento. Cautelas e caldos de galinha As previsões da UM apontam para um aumento do número de visitantes não sem antes considerarem ser importante um cenário de “cautela”, tendo em conta as “diferenças na adaptação da sociedade de Macau e na vontade dos estrangeiros em visitar Macau”. No cenário mais cauteloso, estima-se que o território venha a receber cerca de dois milhões de visitantes no primeiro trimestre, 20 por cento dos níveis de 2019, valor que aumentará para 2,48 milhões de pessoas no segundo trimestre e finalmente 3,22 milhões no último trimestre. Já o segundo cenário sobre o número de turistas é “mais optimista”, apontando para 3,11 milhões de visitantes logo no primeiro trimestre do ano, depois 3,97 milhões e, por fim, 5,52 milhões no quarto trimestre. O terceiro cenário, “ainda mais optimista” do que o anterior, estima um “crescimento mais rápido” do número de turistas na segunda metade do ano, com o número de visitantes a poder chegar aos 7,36 milhões de patacas no quarto trimestre. “Os cenários acima descritos presumem que não haverá grandes mudanças na situação epidémica que levarão a um rápido ajuste das políticas”, lê-se ainda.
Hoje Macau SociedadeFarmacêutica quer lançar molécula chinesa com base em estudo da UM A farmacêutica portuguesa Tecnophage quer lançar na Europa, este ano, um suplemento com resultados “muito promissores” na doença de Parkinson, baseado numa investigação da Universidade de Macau sobre uma fruta usada na medicina tradicional chinesa. O director executivo da Tecnophage, Miguel Garcia, disse à Lusa que a empresa de biotecnologia está “nos últimos passos” dos ensaios de toxicidade da molécula, que devem estar concluídos “no primeiro trimestre”. A farmacêutica está já a “desenvolver um dossier para poder avançar do ponto de vista regulamentar” para o registo como suplemento alimentar “na Europa e depois talvez nos Estados Unidos”, explicou Garcia. O empresário sublinhou que os resultados dos ensaios de eficácia da molécula, feitos em animais, no laboratório do professor da Universidade de Macau Simon Lee Ming Yuen, “são muito promissores”. Os testes revelaram que pode reduzir a perda de memória e de controlo dos movimentos, sintomas da “degeneração neurocognitiva” causada não apenas pela doença de Parkinson, mas também pela doença de Alzheimer, disse à Lusa Simon Lee. O investigador chinês explicou que a opção por um suplemento alimentar permite que o produto “esteja mais cedo nas prateleiras dos supermercados e possa tornar-se mais conhecido”. Medicamento na calha Miguel Garcia garantiu que o objectivo final da Tecnophage é lançar um medicamento, mas lembrou que o processo de aprovação exige “uma série de ensaios clínicos” e por isso “demora muito mais anos e muito dinheiro gasto”. A molécula foi isolada a partir da “alpinia oxyphylla”, uma pequena fruta semelhante ao gengibre, que é usada “não apenas na medicina tradicional chinesa, mas também, sobretudo no Sul, em Guangdong, como parte de terapia alimentar”, disse Simon Lee. O investigador defendeu que a aposta no método ocidental de isolar moléculas químicas e registá-las para atrair investimento é a forma de levar “os tesouros da sabedoria tradicional” a um público mais vasto. Ainda assim, Lee admitiu que o método é “por vezes muito polémico” e alvo de fortes críticas por parte de praticantes da medicina tradicional chinesa, sobretudo porque “moléculas isoladas nem sempre funcionam”. O especialista deu como exemplo os doentes com o VIH, tratados com um ‘cocktail’ de medicamentos antirretrovirais, e a malária, cujo tratamento, descoberto pela cientista chinesa Prémio Nobel da Medicina em 2015 Tu Youyou, se baseia na planta artemísia. No entanto, Miguel Garcia acredita no potencial de “extrair moléculas isoladas” de produtos da medicina tradicional chinesa “para depois fazer o caminho tradicional” até à aprovação farmacêutica no ocidente. A Technophage tem desde 2014 um acordo de colaboração com o laboratório de Simon Lee na Universidade de Macau e Miguel Garcia continua “a achar que tem muito potencial para futuras sinergias”.
Hoje Macau SociedadeUM | Dia aberto mostra universidade apenas online A Universidade de Macau (UM) realizou ontem o tradicional dia aberto, destinado a mostrar a estudantes e às suas famílias as instalações e valências da instituição de ensino superior. Apesar da designação que dá a subentender abertura, a iniciativa decorreu apenas online, com a transmissão em directo de vários eventos e actividades com o objectivo de atrair o interesse dos estudantes. O Dia Aberto propôs-se fornecer informação actual relativa a admissões, valências pedagógicas e resultados de investigação académica. No discurso de abertura, o reitor da UM Yonghua Song indicou que a instituição tem procurado optimizar a organização de disciplinas e programas académicos nos últimos anos, assim como a promoção de investigação académica e do espírito inovador. Em termos curriculares, o responsável destacou o lançamento de programas a ciência dos dados, neurociência cognitiva, inteligência artificial, internet das coisas, ciências biomédicas e saúde pública, com o objectivo de promover a diversificação económica de Macau e apoiar o desenvolvimento de indústrias emergentes.
João Luz Grande Plano MancheteUM | Estudo recomenda calma a quem sofre com a transição para convívio com covid-19 Uma equipa de académicos da Universidade de Macau lançou sugestões para lidar com a ansiedade associada à mudança da política covid zero para a abertura. Com a responsabilidade a passar do Governo para o indivíduo, os académicos aconselham calma em caso de stress, conversas com amigos e familiares, actividades relaxantes e ajuda psiquiátrica em casos graves Uma equipa de investigação sobre a covid-19 da Universidade de Macau (UM) lançou ontem uma série de recomendações para salvaguardar a saúde física e mental da população de Macau durante a fase de transição para o estado de convívio com a pandemia. Os académicos começam por afirmar que “é essencial fortalecer o bem-estar mental, manter a calma em todas as alturas, não baixar a guarda em relação às medidas higiénicas e responder às necessidades daqueles que nos rodeiam”. Uma das mudanças mais relevantes da nova fase de convívio com o novo tipo de coronavírus é a mudança do ónus e da responsabilidade. “Nos últimos três anos, o Governo implementou políticas preventivas que afastaram, na medida do possível, a entrada da covid-19 na comunidade e surtos de grandes dimensões. Actualmente, todos os lares de Macau estão sob o efeito de infecções de covid-19. A população tem de mudar de perspectiva, num curto espaço de tempo, e apoiar as medidas anti-epidémicas do Governo para se tornar na principal responsável pelo combate à epidemia e pela salvaguarda da sua própria saúde e da sua família”, apontam os académicos. A sugestão da equipa da UM repete por outras palavras as declarações da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, à margem da apresentação das linhas de acção governativa da sua tutela há três semanas atrás, quando o Governo se preparava para seguir Pequim no levantamento das mais pesadas restrições anti-epidémicas em vigor a nível mundial. “Temos de nos preparar porque esses casos vão gradualmente entrar na comunidade e não nos podemos fechar em Macau para sempre. O Governo manteve a porta fechada durante três anos. No futuro, o público vai ter que manter uma porta para a sua saúde”, afirmou a secretária no dia 6 de Dezembro. Parece tão simples A equipa da Universidade de Macau acrescenta que muitas pessoas podem sentir-se desconfortáveis, inundadas por incertezas em relação a muitos aspectos das suas vidas e mesmo experienciar grande stress mental. Nesse sentido, os académicos argumentam que existe abundante literatura científica que relaciona estados de optimismo e estabilidade mental com a secreção de hormonas neuropeptídicas pelo sistema nervoso parassimpático, fenómeno que pode resultar no aumento da imunidade. Porém, o reverso da medalha pode levar à diminuição das defesas imunológicas. Face a esta relação hormonal e imunológica, os académicos indicam a quem sofre com emoções negativas que o primeiro passo é reconhecer essa situação e compreender que estão a sentir reacções psicológicas normais e razoáveis. O segundo passo é adoptar activamente abordagens diferentes para lidar com a situação, dependendo do nível de stress emocional que a pessoa ou os seus familiares estão a sofrer. Três passos A equipa de pesquisa para os assuntos relacionados com a pandemia propõe uma abordagem aos problemas psicológicos sentidos na sequência da mudança abrupta de abordagem à covid-19. Numa primeira instância, os académicos sugerem ferramentas e actividades para lidar com stress emocional ligeiro. “Tendo em consideração os impactos verificados em várias regiões, uma vasta maioria de pessoas vivencia emoções negativas temporárias face a rápidas mudanças de paradigma na luta contra a covid-19. Ao adaptar-se a lidar com a situação epidémica, as emoções negativas serão gradualmente reduzidas e controladas”, indicam os académicos. A receita sugerida pela equipa da Universidade de Macau para combater o stress emocional brando é a seguinte: “Falar com membros da família ou amigos para aliviar o stress, estabelecendo vias de comunicação com dois sentidos, alterar o foco de atenção das questões relacionadas com a pandemia através de actividades recreativas como escrever, desenhar, jogar xadrez, ver filmes, ouvir música, fazer ioga e outras actividades relaxantes realizadas em circunstâncias seguras”, é prescrito pelos académicos. O segundo patamar de intervenção destina-se a quem enfrenta situações de desconforto óbvio que persiste depois de feitos os ajustes físicos e mentais do primeiro patamar. Nesse caso, os investigadores indicam que o melhor é procurar a ajuda de linhas telefónicas de aconselhamento e apoio psicológico. “O Instituto de Acção Social tem providenciado serviços de aconselhamento telefónico. Associações locais e organizações, como a Caritas Macau, também prestam apoio emocional e serviços de aconselhamento. Dessa forma, a população pode recorrer à ajuda profissional de assistentes sociais, para a própria pessoa ou os seus familiares, de forma a encontrar formas de superar o stress mental causado pela epidemia”, é indicado pela equipa de académicos. O último recurso Caso nenhum dos primeiros dois passos seja eficaz no alívio psicológico e estejamos na presença de casos severos de doença mental, os académicos indicam que a única solução é a intervenção psiquiátrica. “Se os residentes, seus familiares ou amigos, sofrerem de problemas mentais severos que afectem com seriedade o quotidiano ou trabalho, é recomendável que procurem ajuda médica psiquiátrica atempadamente de forma a parar ou mitigar a progressão de doenças mentais e prevenir a deterioração da saúde”, é aconselhado pela equipa da Universidade de Macau. A receita prescrita pelos académicos segue em linha com as recomendações do Governo quando interrogado por jornalistas ou deputados sobre a vaga de suicídios sem precendentes que tem assolado Macau em 2022. De acordo com os últimos números divulgados, nos primeiros nove meses deste ano, 65 pessoas suicidaram-se em Macau, número que contrasta com as 38 que tomaram a sua própria vida no mesmo período de 2021, representando um aumento de 71 por cento. Também as tentativas de suicídio dispararam ao longo do ano, com 183 casos, face às 139 tentativas registadas nos primeiros noves meses de 2021, uma subida de 31,6 por cento. Se fizermos a conta às tentativas de suicídio verificadas antes da pandemia, o contraste é ainda maior. Face aos três primeiros trimestres de 2019, o número de pessoas que se tentou suicidar este ano aumentou 92,6 por cento, em comparação com 2017 a subida verificada este ano é de 144 por cento. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional. Ir a reboque Os autores do estudo, que não são identificados no comunicado emitido ontem pela Universidade de Macau, apontam a importância de as organizações de serviços sociais aprofundarem a promoção da importância da saúde mental e do alargamento da cobertura da rede de apoio psicológico a áreas onde até agora não chegou. Por outro lado, também o Governo deve continuar a prestar atenção e a dar revelo à saúde mental da população face aos desafios suscitados pela pandemia e prosseguir a implementação de políticas que reforcem a capacidade de resposta em matéria de saúde mental. A equipa de investigadores sublinha o facto de o Executivo de Ho Iat Seng estar a seguir fielmente as políticas nacionais. “O relaxamento da regulamentação anti-epidémica de Macau está em conformidade com os objectivos do trabalho de prevenção e controlo da epidemia ‘proteger a saúde e prevenir casos graves’ mencionados no Plano Global de Implementação da Gestão de Doenças Infecciosas de Classe B para a covid-19, emitido pela Comissão Nacional de Saúde a 26 de Dezembro”, é salientado. As novas orientações, segundo os académicos, têm como objectivo “salvaguardar ao máximo a vida e a saúde da população e minimizar o impacto da epidemia no desenvolvimento económico e social”. Outra das alterações promovidas pelo Governo Central é uma mudança conceptual, com a doença provocada pela covid-19 a passar de “nova pneumonia coronavírus” para “nova infecção coronavírus”, representando menor gravidade. Como tal, os principais ajustes consistem na isenção de quarentena para indivíduos infectados, deixar de identificar contactos próximos de infecções de covid-19, acabar com a designação de áreas de alto e baixo risco, trocar os testes de ácido nucleico obrigatórios por voluntários, e acabar com quarentenas para pessoas e bens vindos do exterior.
Hoje Macau PolíticaAcadémicos do Centro de Estudos da Universidade de Macau elogiam LAG O Centro de Estudos de Macau da Universidade de Macau realizou ontem um seminário de análise à apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano financeiro de 2023, com vários académicos e especialistas a demonstrarem apoio em relação aos planos traçados por Ho Iat Seng, em particular em termos económicos. O seminário foi conduzido pela directora do centro, a ex-deputada Agnes Lam. Num comunicado, a instituição declara que o Governo “está a fazer um grande esforço para melhorar a vida das pessoas e para promover a recuperação económica durante os difíceis tempos de pandemia”. Ainda assim, foi indicado que o Executivo deveria implementar mais políticas viradas para o futuro e para reforçar a consolidação do desenvolvimento de Macau na era pós-pandémica. Uma das personalidades que participou no evento foi o também ex-deputado Gabriel Tong, que preside ao Instituto de Gestão de Macau. O académico destacou a política económica “1+4”, que tem como objectivo diversificar o sector do turismo e lazer e promover as quatro indústrias de desenvolvimento prioritário: big health, indústria financeira moderna, convenções, exposições e comércio, e cultura e desporto. “A política ‘1+4’ é uma solução prática e apropriada aos problemas que Macau enfrenta nesta altura. Está alinhada com o desenvolvimento do turismo integrado e pode estimular a economia, criar emprego e melhorar a qualidade de vida da população. Já o professor assistente da Faculdade de Ciência Sociais, Kwan Fung, enalteceu o facto de na apresentação das LAG Hot Iat Seng não ter feito grandiosas promessas, porque a situação pandémica não está totalmente controlada, mas antes ter procurado passar um sentido de estabilidade que abre lugar para a recuperação. Feridas por sarar Ao mesmo tempo que elogiou o equilíbrio das políticas anunciadas, o académico Ngo Tak Wing destacou a necessidade de estudar e dar resposta aos efeitos de longo-prazo do impacto da transformação económica em curso em Macau, assim como os diversos desafios que a população enfrenta em resultado da pandemia. “A política ‘1+4’ exige quadros qualificados que o mercado de trabalho local pode não ter, sendo incapaz e absorver o desemprego gerado pela transformação das prioridades económicas. Isto pode levar à subida a curto-prazo do desemprego estrutural”, afirmou o académico. A intervenção do professor Xu Jianhua foi mais focada nas sequelas de saúde mental resultantes da recessão económica. O docente sugeriu ao Executivo de Ho Iat Seng que tenha atenção à possível subida da criminalidade e à mudança de alvos preferenciais do crime organizado. A subida da taxa de suicídio foi outro dos pontos focado como prioritário e a merecer resposta urgente. Nesse sentido, o académico sugeriu que o Governo crie um mecanismo de resposta a problemas relacionados com doenças mentais em estudantes e professores.
Hoje Macau SociedadePortuguês | João Veloso acredita que UM pode ser referencia no ensino O director do departamento de português acredita que a universidade pode posicionar-se “como uma instituição de referência para o ensino e a investigação em temas relacionados com a língua e as culturas em língua portuguesa” O novo director do departamento de Português defendeu que a Universidade de Macau (UM) tem “um potencial muito grande” para se tornar “a grande instituição de ensino da língua na Ásia”. João Veloso disse à Lusa que a UM “pode posicionar-se muito bem como uma instituição de referência para o ensino e a investigação em temas relacionados com a língua e as culturas em língua portuguesa” no continente asiático. O académico lembrou que o 36.º Curso de Verão de Língua Portuguesa da UM, realizado em Julho, atraiu “centenas de estudantes, sobretudo da Ásia, nomeadamente do Vietname, Camboja, Timor-Leste, Tailândia”, apesar de ter decorrido num formato totalmente ‘online’. Em Abril deste ano, Macau tinha levantado as restrições fronteiriças a estudantes universitários e profissionais do ensino estrangeiros, como professores portugueses. Quem chega do estrangeiro, ou de Hong Kong, continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel, seguido de três dias de “autovigilância médica” que pode ser feita em casa. Veloso admitiu que as restrições “dificultam muito, por exemplo, a vinda de estudantes de pós-graduação de outros países”. “O que nos está a faltar neste momento é a candidatura de alunos de outras paragens”, disse o académico, sublinhando que o departamento não sentiu qualquer queda no número de estudantes locais. O director defendeu que “o departamento tem todas as condições para receber alunos que vivem em países que estão a duas ou três horas de avião da China”, como alternativa a cursos em Portugal ou no Brasil. Optimismo limitado “Não temos neste momento muitos estudantes com esse perfil”, lamentou o português. “Há um sentimento de algum optimismo”, disse, quanto a um eventual relaxamento das restrições à entrada de estrangeiros sem estatuto de residente “já no próximo ano”. Mas, para já, as restrições “limitam um pouco o leque de selecção” de novos docentes, admitiu. O departamento perdeu recentemente duas professoras, incluindo a anterior directora Dora Nunes Gago, e tem recebido sobretudo “candidaturas de pessoas que já se encontram em Macau”, reconheceu. No entanto, Veloso sublinhou que as restrições não impedem “encontros em linha, projectos de investigação conjuntos e publicações conjuntas” com outras instituições, iniciativas que já estão planeadas. O académico lembrou que o território tem várias universidades “onde se ensina e se faz investigação sobre a língua portuguesa” e defende que a cidade deve “aproveitar esta rede de tantas pessoas e tantas instituições interessadas no português”. A nomeação de João Veloso como director do departamento de Português da Faculdade de Artes e Humanidades foi anunciada na segunda-feira, embora o académico tenha assumido funções a 1 de Julho. Desde 2018, que o académico era pró-reitor da Universidade do Porto, assumindo as pastas da Promoção da Língua Portuguesa e Inovação Pedagógica.
Hoje Macau Manchete SociedadePrevista queda do crescimento económico entre 26,4% e 29,2% este ano A última revisão das previsões macroeconómicas da Universidade de Macau (UM) aponta para uma queda entre 26,4% e 29,2% no crescimento económico do território neste ano. As previsões são estabelecidas tendo em conta dois cenários relativos à evolução da pandemia da covid-19 e ao número de visitantes do território, indicou a análise do Centro de Estudos do Departamento de Economia da UM, divulgado em comunicado na quarta-feira. Devido às limitações das condições internas e externas, “especialmente como estabelecer um conjunto de políticas de prevenção e controlo adequadas a Macau”, a população continua a não ver “perspectivas claras” e “a recuperação económica efetiva pode estar longe de ser uma realidade”. Além da queda do crescimento económico, também as exportações de serviços devem cair entre 31,3% e 33,6%, e as receitas atuais do governo de Macau podem situar-se entre 29,3 mil milhões e 33,3 mil milhões de patacas, de acordo com a versão revista da Previsão Macroeconómica para Macau 2022. Os investigadores lembraram que, no primeiro semestre de 2022, as condições económicas para Macau foram extremamente difíceis, com o governo a manter restrições de viagem rigorosas devido aos casos de covid-19 nas regiões chinesas vizinhas. No primeiro trimestre deste ano, o produto interno bruto (PIB) caiu 8,9% em relação ao ano anterior. Em junho e julho, o território viveu o pior surto de covid-19 desde o início da pandemia, com as autoridades a decretar 14 rondas de testes obrigatórios para toda a população e um confinamento de duas semanas. A partir de meados de junho, o PIB caiu 39,3%, em termos anuais, para regressar aos níveis do segundo trimestre de 2020. “Sob as múltiplas e rigorosas medidas de controlo local, muitas atividades diárias não puderam ser realizadas, e a economia continuou a deteriorar-se”, indicaram. Os investigadores acrescentaram que, no início deste ano, a previsão para a economia local apontava para uma abertura gradual e, mesmo perante um surto no território, o pior cenário seria um regresso ao nível económico de 2021. No entanto, com a variante Ómicron do novo coronavírus, mais contagiosa, e medidas de prevenção e controlo mais rigorosas, a situação alterou-se e as previsões não a acompanharam. Por outro lado, as condições económicas externas também sofreram uma alteração significativa, com uma elevada inflação. “Por estas razões, a equipa de investigação reviu a previsão anterior e nota que as condições económicas permanecem precárias para o resto do ano”, sublinharam. Em resposta a possíveis mudanças na evolução da pandemia e nas políticas governamentais, a equipa considerou dois cenários diferentes: o primeiro pressupõe um crescimento estável no quarto trimestre de 2022 e um número de visitantes a atingir, de novo, o nível do final de 2021: 1,95 milhões. O segundo cenário estudado apresenta piores condições: Macau enfrentará mais um mês de confinamento, recebendo apenas 1,31 milhões de visitantes. Os investigadores observaram também que, sem receitas turísticas, a economia de Macau “poderá não conseguir desenvolver-se normalmente”, se as restrições de viagem rigorosas forem mantidas. As previsões apontaram também que, perante os dados atuais, as várias rondas de apoios à população, lançadas pelo governo desde 2020, “têm apenas um impacto a curto prazo e limitado, e não podem substituir os rendimentos obtidos pelas empresas e cidadãos através de transações normais de mercado”. Nos primeiros oito meses do ano, Macau recebeu 3,8 milhões de visitantes, menos 25,8% do que em igual período de 2021 e menos 86% do que em 2019, antes do início da pandemia. A esmagadora maioria dos visitantes, mais de 290 mil, é oriundo da China continental.