Covid-19 | Langfang reembolsa testes PCR realizados durante pandemia

A exemplo do que já aconteceu noutras províncias chinesas, também os residentes da cidade de Langfang, em Hebei, podem solicitar agora o reembolso das quantias gastas com os inúmeros testes PCR realizados durante a pandemia

 

A cidade de Langfang, na província de Hebei, norte da China, começou ontem a implementar uma política de reembolso dos testes PCR realizados pelos residentes durante a pandemia da covid-19.

A medida, que visa aliviar os encargos financeiros dos cidadãos e responde a requisitos de auditoria, surge depois da realização constante de testes PCR aos residentes, uma prática comum e controversa da estratégia chinesa durante a pandemia. Os residentes de Langfang que fizeram testes PCR entre 2020 e 2021 poderão solicitar o reembolso das despesas durante os próximos 30 dias, segundo a imprensa local.

Mensagens de texto com instruções foram enviadas aos residentes, que devem comparecer pessoalmente num centro hospitalar da cidade com o seu cartão de identificação e a respectiva mensagem. A iniciativa de Langfang segue medidas semelhantes noutras regiões da China, como a cidade de Tianjin e a província de Guangxi.

Em Tianjin, por exemplo, os pacientes foram isentos de taxas para os testes realizados entre Maio de 2020 e Fevereiro de 2021, enquanto em Guangxi, os hospitais têm reembolsado os testes com base nas orientações regionais.

Durante esses dois anos, os testes eram necessários para deslocações internas dentro da China ou para participar em eventos. Em 2022, os testes tornaram-se gratuitos, já que passaram a ser obrigatórios quase diariamente, e eram feitos em instalações disponibilizadas pelos governos locais.

As autoridades confirmaram à imprensa local a autenticidade dos reembolsos e salientaram que estes respondem a requisitos de auditoria e de política de saúde.

Moeda bem-vinda

As medidas de reembolso foram bem acolhidas pelos residentes nas redes sociais do país asiático, que sublinharam o seu impacto positivo na redução das despesas relacionadas com os testes PCR, essenciais para aplicar as medidas draconianas da política de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou na China ao longo de quase três anos e implicou bloqueios rigorosos de cidades inteiras, a realização de testes quase diariamente, o isolamento em hospitais e instalações estatais de casos positivos e os respectivos contactos directos.

No final de 2022, quando se tornou claro que a propagação da variante contagiosa Omicron não podia ser controlada, a estratégia começou a ser desmantelada e, a 8 de Janeiro do ano seguinte, a gestão da doença passou da categoria A – o nível de risco mais elevado – para a categoria B, pondo fim às quarentenas e à exigência de testes PCR.

24 Mai 2024

Covid-19 | Macau adopta política nacional de quarentena 5+3

Quem chega a Macau vindo de Hong Kong, Taiwan ou do exterior, passa a cumprir quarentena de cinco dias no hotel e três dias em casa. A parte domiciliária implica ter código vermelho e as únicas saídas permitidas são para fazer testes de ácido nucleico. O Governo acredita que aumentar um dia de quarentena irá atrair turistas

 

 

Depois de as autoridades chinesas terem anunciado a alteração do período de quarentena de sete dias em local designado para cinco mais três em casa, o Governo da RAEM seguiu o mesmo caminho.

A novidade foi anunciada na sexta-feira, em primeiro lugar e ainda sem detalhes pela secretária para as Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, antes de ser pormenorizada na habitual conferência de imprensa dedicada à pandemia.

“Vamos seguir a política de 5+3 da China. Apesar do aliviamento às restrições de entrada, vamos insistir na política de prevenção de zero casos e trabalhar para cooperar com a política nacional. Estamos confiantes de que esta medida não implica o aumento de risco para a comunidade”, indicou a governante.

Ao final da tarde de sexta-feira, Alvis Lo completou a novidade. “A partir de amanhã, [para] as pessoas vindas de Hong Kong, Taiwan e do exterior para Macau, o período de observação médica passa de ‘7+3’, ou seja, sete dias de observação médica [num hotel designado] mais três de quarentena domiciliária para ‘5+3’”, anunciou o director dos Serviços de Saúde (SSM), citado pela Agência Lusa. Alvis Lo ressalvou que durante os três dias de quarentena domiciliária, “as pessoas vão ficar com código de saúde vermelho”, ou seja, estão proibidas de sair de casa, excepto para realizarem testes de ácido nucleico. Importa referir, que antes desta medida à saída da quarentena, o código de saúde tinha cor amarela.

 

Sem condições

A alteração à forma como o isolamento é feito, apesar de aumentar a quarentena num dia, foi caracterizada por Alvis Lo como um alívio restritivo. “Fazer quarentena três dias em casa é mais confortável para as pessoas, por isso acho que é uma política menos rigorosa em comparação com a anterior”, afirmou o director dos SSM.

O médico e chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença Lam Chong acrescentou ainda uma excepção à possibilidade de fazer três dias de quarentena em casa. “Caso a residência não reúna as condições, os indivíduos podem escolher um hotel destinado às pessoas com o código vermelho”, dando como exemplo os “dormitórios de vida colectiva”, onde frequentemente residem trabalhadores não-residentes.

As autoridades admitiram que a situação ideal é a pessoa cumprir os três dias de quarentena sozinho em casa. Porém, caso não seja possível, é exigido que não coabite com mais de cinco pessoas, mantendo sempre que possível distanciamento social de um metro para as restantes pessoas. As autoridades recomendam ainda que durante os três dias, a pessoa fique isolada num quarto, de preferência bem ventilado.

Os SSM indicaram ainda que quem partilha casa com uma pessoa em quarentena domiciliária “não deve tomar refeições presencialmente” em restaurante, participar em festas, nem usar transportes públicos ou de transporte de trabalhadores.

Além disso, deve informar “os responsáveis do local de trabalho, por iniciativa própria” de que coabita com uma pessoa com código vermelho, usar máscara durante o trabalho e tomar refeições sozinho.

 

Testes mil

Como é natural, esta medida apenas pode ser concretizada por quem reside em Macau, e consiga “ficar isolado num quarto individual”, algo impossível para um turista. Na prática, quem chegar a Macau, desde o último sábado, para fazer férias, fica obrigado a cumprir mais um dia de quarentena em relação ao que acontecia anteriormente. Ainda assim, a representante da Direcção do Turismo, Lam Tong Hou, afirmou que “as medidas menos rigorosas podem atrair mais turistas”.

Para fazer quarentena em casa, é essencial que testar negativo à covid-19 na primeira parte do isolamento nos quatro dias seguintes à entrada no hotel. Após a recolha da amostra no quinto dia, as pessoas podem voltar às suas casas e ao longo dos três dias são obrigadas a fazer mais três testes de ácido nucleico e outros três testes rápidos submetidos na plataforma do código de saúde.

Para aplicar esta medida, as autoridades de saúde aumentarem os postos de teste de ácido nucleico com “via exclusiva para o código vermelho” de dois para 14 postos.

14 Nov 2022

Leong Sun Iok critica falhas, mas quer utilização do Código de Saúde após a pandemia

Leong Sun Iok exigiu ontem às autoridades que expliquem claramente os problemas do Código de Saúde que criaram “grandes inconvenientes” à população. Apesar das críticas, o deputado defendeu que o Código de Saúde deve continuar a ser utilizado no fim da pandemia, como “plataforma de saúde pública”.

A posição do legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) foi tomada horas depois de muitas pessoas terem encontrado problemas na fronteira, devido à impossibilidade de obterem o código de saúde.

Na perspectiva de Leong, desde o surgimento da covid-19 que “o código de saúde” se tornou “uma ferramenta obrigatória” para todos os cidadãos e turistas que querem visitar Macau. Contudo, o deputado indicou que as “repetidas falhas do código de saúde” têm “criado muitos inconvenientes, especialmente para as pessoas que precisam de entrar e sair dos espaços públicos”. O legislador culpa o Governo pelas dificuldades que as pessoas enfrentaram para chegar ao trabalho, à escola, ou a consultas médicas, sem qualquer necessidade.

Também muito grave para Leong Sun Iok ,é o facto de os problemas com o Código de Saúde afectarem a imagem de Macau como destino turístico e os possíveis futuros planos para a utilização desta aplicação, mesmo depois da pandemia.

Em relação a este aspecto, Leong defende a possibilidade de o Código de Saúde não ser mais abandonado em Macau, e passar a ser utilizado como uma “plataforma de gestão de saúde”.

 

Obrigados ao impossível

Actualmente, é quase impossível entrar nos serviços público sem código de saúde, apesar de o Governo não ter oferecido qualquer telemóvel aos residentes, para que estes possam ter sempre consigo o código. No melhor cenário, em que aos cidadãos não é exigido o impossível, uma pessoa sem telemóvel pode preencher o código de saúde num tablet à entrada dos serviços públicos. Contudo, o procedimento pode durar mais de 20 minutos, uma vez que as pessoas são obrigadas a preencher em cada aparelho diferente todo o tipo de informações, como o itinerário dos últimos 14 dias, o número do BIR, data de nascimento, morada, entre outros.

Há meses, a legisladora Wong Kit Cheng, ligada à Associação das Mulheres de Macau, afirmou na Assembleia Legislativa que a exigência do código de saúde tem contribuído para o aumento do número de suicídios entre os mais velhos.

10 Nov 2022

Zonas de risco ligadas a Zhuhai obrigam a dois testes até hoje

Na noite de segunda-feira, as autoridades de saúde de Macau anunciaram que quem passou por determinadas zonas de Zhuhai terá de fazer dois testes de ácido nucleico até hoje. As duas testagens precisam de ser feitas com um intervalo de 12 horas

 

 

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus informou na segunda-feira, quase às 22h, que as pessoas que tivessem passado por algumas áreas do distrito de Jinwan na cidade vizinha de Zhuhai “devem realizar, por sua iniciativa, dois testes de ácido nucleico em três dias”. A pouco mais de duas horas do início do segundo dia designado para fazer os testes, as autoridades de saúde especificam que os grupos-alvos da medida são pessoas estiveram no sábado, entre as 21h45 e 23h45 no Restaurante de Canja de Caçarola Xuxing (localizado na Estrada Oeste do Aeroporto, loja n.º 10, da Vila de Sanzao). O outro local cuja estadia implica teste é a passagem subterrânea para peões entre a Green Tree Inn (sucursal da Universidade de Jilin) e a Praça Weiming também no distrito de Jinwan, também para quem por lá passou entre as 21h45 e 23h45 de sábado.

As autoridades de saúde de Macau indicam que “o alerta de emergência publicado pelos serviços sanitários da Cidade de Zhuhai” significa que “existe o risco de infecção”.

 

Excepções à regra

Quem já tiver realizado um teste de ácido nucleico, no Interior da China ou Macau, entre segunda-feira e hoje, só precisa de fazer mais um teste, sob pena de ver convertido o código de saúde para amarelo. Também só fica obrigado a fazer um teste de ácido nucleico, quem passou pelos locais acima mencionados, nas horas mencionadas, mas que já havia sido testado no passado domingo.

O centro de coordenação especifica que o teste é gratuito, mas não será exibido no Código de Saúde de Macau, nem pode ser utilizado para passagem transfronteiriça.

Além disso, foi também anunciado que quem chegar ao Interior da China vindo de Macau por barco ou avião fica isento da apresentação de testes de ácido nucleico feito com menos de 24 horas antes da partida. Esta exigência foi estabelecida desde que Macau começou a registar, recentemente, casos positivos.

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus adverte, porém, que quem viajar da RAEM para o Interior terá de cumprir as exigências do local de destino para onde viaja.

9 Nov 2022

Surto de “18 de Junho” custou mais mil milhões de patacas à RAEM

O surto de 18 de Junho, que obrigou a população ao confinamento praticamente total, custou 1,08 mil milhões de patacas aos cofres da RAEM. A revelação foi feita pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, na segunda-feira, dia em que foi anunciado mais uma ronda de testes em massa.

A informação sobre como o montante foi gasto é praticamente inexistente e não responde à maioria das perguntas colocadas ao longo das conferências de imprensa, durante os quase três meses de surto.

O Governo evita assim revelar uma das questões mais polémicas, o pagamento ao pessoal médico que veio do Interior para trabalhar nos postos de testagem durante as várias rondas de testes em massa.

O que é possível saber é que o montante de 1,08 mil milhões de patacas serviu para cobrir os custos com as 14 rondas de testes em massa, os testes de ácido nucleico em áreas-alvo e grupos-alvo, a aquisição de conjuntos de teste rápido de antigénios e máscaras KN95, pagar os hotéis de quarentena e ainda o “transporte” e “aquisição de outros materiais e consumíveis anti-epidemia”.

Num comunicado em que as despesas surgem praticamente no final do texto, também não é identificada qualquer empresa ou entidade responsável pelos serviços prestados.

Revisão do plano

A maior parte da nota de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus visa a 9.ª versão do “Plano de Prevenção e Controlo da Pneumonia causada pelo novo tipo de Coronavírus” e a elaboração da 2.ª edição do “Plano de Contingência em resposta à Epidemia de Pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”.

A revisão destes planos terá sido feita com base “nas opiniões de 15 grupos especializados de trabalho” e dos “diversos sectores da sociedade”. “O Governo da RAEM, com base nos planos de contingência definidos, através dos 15 grupos especializados, continuará a aperfeiçoar e a pormenorizar todos os trabalhos preparativos para a luta contra a epidemia, a ajustar e optimizar, de forma contínua, as diversas medidas de prevenção de acordo com as características das variantes das estirpes e a evolução real da epidemia”, pode ler-se.

3 Nov 2022

Novas infecções e cidade regressa aos testes

Zaragatoas no nariz, longas filas de espera para realizar o teste de ácido nucleico, invasões de privacidade e pessoas retidas em hotéis. Macau anunciou ontem mais três casos de infecção por covid-19 e voltou a febre da “caça” ao vírus

 

Desde ontem, e até 1 de Novembro, todos os residentes têm de fazer um teste rápido por dia e colocar os resultados na plataforma online dos Serviços de Saúde. A medida foi anunciada após terem sido revelados ontem mais três casos de covid-19, relacionados com uma trabalhadora do casino MGM Cotai, que esteve em Zhuhai.

Com a obrigação de fazer os testes rápidos, foi igualmente adiantado que quem não tem kits disponíveis pode deslocar-se aos centros de saúde, para receber mais cinco testes, livres de qualquer custo.

Além do teste rápido diário, a zona entre as Portas do Cerco e a Avenida do Hipódromo, onde vivia a mulher infectada, foi considerada de risco. Esta classificação significa que desde ontem e até amanhã, os residentes desta área ou quem esteve mais de 30 minutos nela, têm de realizar um teste de ácido nucleico diário, ou arriscam-se a ficar com o Código de Saúde de cor vermelha.

As novas medidas não se ficaram por aqui, e o hotel e casino MGM Cotai, onde a mulher esteve a trabalhar, depois de ser infectada, foi isolado. Ninguém pode sair, e todos os ocupantes vão ter de cumprir uma quarentena de pelo menos sete dias. No caso dos hóspedes, a quarentena é feita no quarto em que estavam hospedados. Os espaços comerciais no interior do hotel também ficam obrigados a suspender todo o comércio.

As medidas para quem esteve no MGM Cotai não terminam aqui, e os clientes que ocuparam o espaço durante um período de pelo menos meia hora vão ficar com o código amarelo e necessitam de fazer um teste de ácido nucleico diariamente.

 

Da Pátria com Amor

Segundo as explicações de ontem de Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde, na conferência de imprensa sobre a pandemia, o caso que espoletou uma nova ronda de medidas contra a pandemia foi importado de Zhuhai. A infecção aconteceu no dia 25 de Outubro, quando a mulher de 43 anos esteve em contacto com uma pessoa infectada, no centro comercial subterrâneo em Gongbei, na loja shundaexpress.

A mulher tinha sido testada diariamente desde esse dia, mas apenas ontem acusou positivo. Antes disso, tinha ido trabalhar normalmente, exercendo as funções de croupier, até ao dia 29 de Outubro.

Até ontem, não era conhecida nenhuma infecção no casino. Todavia, o mesmo não se pode dizer da casa da mulher. Os filhos, ambos com 13 anos, foram confirmados como casos positivos e o edifício onde vivem foi classificado como uma zona vermelha. Estas ocorrências foram definidas como casos relacionados com um caso importado.

Como consequência da infecção dos dois adolescentes, as duas turmas que frequentam na Escola Secundária Ilha Verde vão ser obrigadas a cumprir quarentena. Segundo os dados disponibilizados, existem actualmente cerca de 90 pessoas em quarentena, por serem consideradas contacto próximo dos casos mais recentes, e cerca de 80 mil cidadãos obrigados a fazerem testes de ácido nucleico diário.

 

 

Registados 2.560 casos até ontem

Até ontem tinha havido um total de 2.560 casos de covid-19, a contar com os três mais recentes. Entre o total de 2.560 casos, 793 foram classificados como casos “confirmados”, ou seja, pessoas que apresentam sintomas, e 1.767 são casos de assintomáticos. Além disso, as estatísticas dos Serviços de Saúde apontam ainda para a existência de seis mortes um número que se mantém igual desde o surto de Junho, e 2.531 recuperados.

 

Fronteira |Testes com prazo reduzido

A validades dos testes para passar a fronteira para Zhuhai foram ontem reduzidas e possuem agora uma validade de 24 horas. Esta medida vai ter a validade de cinco dias e, dependendo do controlo do actual surto, poder-se-á voltar à situação anterior, em que a validade era de 48 horas. Apesar disso, a situação não impediu uma corrida para a fronteira, com muitas pessoas a tentarem regressar ao Interior, por temerem que passe a ser exigida uma quarentena de sete dias.

31 Out 2022

Testagem obrigatória e lei do trabalho

As leis do trabalho estipulam que, quando um empregado está doente, deve apresentar uma baixa médica justificando desta forma a sua ausência. No entanto, essas mesmas leis normalmente não consideram que um empregado que tenha de ser submetido a um teste obrigatório à COVID fique dispensado de comparecer no local de trabalho. O que pode fazer uma pessoa que seja despedida por não se apresentar ao trabalho, quando tem de fazer um teste obrigatório?

No passado dia 8, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou que em resposta à grave epidemia que grassa na cidade, será necessário implementar medidas de prevenção mais restritivas, nas quais se incluem não permitir que se formem grupos com mais de duas pessoas, alargar a apresentação do certificado de vacinação a centros comerciais, supermercados, lojas, cabeleireiros, etc. Além disso, a Employment Ordinance (Lei do Trabalho) vai ser revista. Se o empregado estiver a ser testado, ou se estiver numa área confinada e precisar de ser submetido a um teste que o impeça de se apresentar no local de trabalho, o Departamento de Saúde emitirá um certificado justificativo. Após revisão da legislação do trabalho, este certificado passa a equivaler a uma baixa médica. Se o trabalhador for despedido enquanto está doente, considera-se que houve “despedimento sem justa causa” e o visado pode pedir uma indemnização.

Em Hong Kong, para se considerar que houve “despedimento sem justa causa” o empregado terá de ter estado ao serviço da empresa por um período mínimo de dois, e o despedimento terá de ter ocorrido sem que se verifique nenhuma das causas que o tornam plausível à luz da lei do trabalho. Depois da revisão desta lei, a ausência do empregado devido à realização de “um teste obrigatório” deixa de ser motivo que justifique o despedimento. Se o despedimento ocorrer nestas circunstâncias será considerado “sem justa causa”.

Como a epidemia em Hong Kong se está a agravar, cada vez mais pessoas são submetidas à testagem obrigatória, pelo que um número crescente de trabalhadores terá de faltar e alguns deles foram despedidos por este motivo. É claro que durante a epidemia muitos negócios foram afectados e as receitas das empresas baixaram. O despedimento de trabalhadores pode reduzir as despesas das empresas. No entanto, quando as pessoas perdem os seus trabalhos ficam desempregadas. Num contexto de epidemia é ainda mais difícil encontrar um novo emprego. As más relações de trabalho dificultam a cooperação do Governo, dos empregadores e dos empregadores no combate à epidemia. Por isso mesmo, a revisão da lei do trabalho em Hong Kong foi muito bem recebida pela população em geral.

Esta revisão vem acabar com certas lacunas. Daqui em diante, mais ninguém poderá vir a ser despedido por ter tido de se submeter a um teste obrigatório. Além disso, estas alterações serão uma grande ajuda no combate à epidemia em Hong Kong, levando a que os trabalhadores colaborem de boa vontade com o Governo. Vão ainda reduzir o receio de despedimento entre os trabalhadores.

Desde o início da epidemia, que a situação em Macau tem estado sob controlo, tendo havido muito poucos casos de infecção pelo novo coronavírus. Macau está unido, o Governo e os residentes trabalham juntos para lutar contra este vírus. Durante as várias testagens universais que se fizeram na cidade, ninguém foi despedido por esta causa. Se a epidemia continuar, é provável que venham a haver mais testagens universais. Como sabemos, é melhor prevenir do que remediar. Embora a Lei Laboral de Macau contemple a ausência do trabalhador por motivo de doença, ser submetido a um teste não equivale a estar doente. Poderá ser considerada uma “ausência justificada” pelo facto de não se dever “a uma decisão do trabalhador”, de acordo com o Artigo 50 (2) (9) da Lei Laboral de Macau. No entanto, para ter a certeza de que assim seja, serão necessários mais esclarecimentos. Esta potencial ameaça só será eliminada, quando a lei de Macau proibir claramente o despedimento sempre que o trabalhador esteja a ser submetido a um teste obrigatório.

De momento, as alterações da lei do trabalho em Hong Kong são um exemplo com o qual podemos aprender. Faz-nos compreender que ser submetido a um teste não é a mesma coisa do que estar doente.

Devemos estar atentos à experiência de outros locais, prestar mais atenção às leis necessárias para combater a epidemia e à sua revisão, para proteger os direitos e os interesses dos residentes de Macau.

Assim que a sociedade de Macau tiver mais apoio e mais colaboração de todos, a nossa capacidade de prevenção da epidemia aumentará significativamente.

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

15 Fev 2022

Mais de 700 residentes não participaram na testagem em massa

Um total de 746 residentes continua sem realizar o teste à covid-19 no âmbito da medida de testagem em massa após a ocorrência de novos casos no território. Número reduzido face às 10.190 pessoas, na maioria turistas e trabalhadores não residentes (TNR), que também não foram testadas.

“Muitos dos TNR e turistas já saíram de Macau”, disse a médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. “Uma pequena parte continua a recusar fazer o teste e estamos a acompanhar estes casos. Daremos um prazo de tolerância, mas se até às 21h horas de amanhã [hoje] não realizarem o teste a polícia irá a casa exigi-lo. Caso contrário, terão de fazer uma quarentena de 14 dias”, apontou a responsável.

Relativamente à transferência das mais de 150 pessoas em quarentena nos hotéis onde foram registadas as infecções, 132 foram para o hotel Sheraton, enquanto que os restantes irão para o hotel Treasure. Será ainda feita uma desinfecção geral ao hotel China Golden Crown.

“Até agora a transmissão é apenas entre os agentes de segurança, não há um meio de transmissão com as pessoas que estão no hotel. Apenas queremos transferi-los para satisfazer as suas necessidades psicológicas”, foi referido.

Entretanto, cerca de 600 pessoas, na maioria TNR do Interior da China, estão no centro de acolhimento da Ilha Verde por estarem retidas no território.

Faltas justificadas

Relativamente a quem tem de realizar quarentena em hotéis devido a contacto próximo com os novos casos de infecção, Leong Iek Hou garantiu que a lei os protege de eventuais despedimentos.

“Os Serviços de Saúde vão emitir um certificado para estas pessoas que estão em quarentena. As empresas privadas podem ter regras diferentes, mas segundo a lei [Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis], não podem despedir as pessoas por causa da quarentena.”

Ontem foram também revelados dados sobre o caso de infecção número 71, relativo a um homem de 38 anos, oriundo de Zhongshan. O indivíduo, que não reside em Macau e foi vacinado, partilhou balneário com os seguranças do hotel Golden Crown e efectuou o mesmo trajecto dos casos 65 e 66. O Centro de Coordenação partilhou as suas informações com as autoridades de Zhongshan.

“O risco de transmissão é baixo porque no dia 24 [o homem] fez um teste negativo, mas estava em isolamento, e só no dia 28 teve resultado positivo.”

Sobre o facto de os seguranças terem partilhado o mesmo balneário, foram dadas explicações adicionais. “Estes dois hotéis trabalham com a mesma empresa de segurança, mas nesse vestiário quem tinha tarefas de alto risco frequentou um espaço, e quem tinha tarefas com menos riscos ia para outros espaços. Vamos rever se estas medidas são boas ou más, dependendo dos recursos disponibilizados por cada hotel”, explicou Leong Iek Hou.

Testes | Resultados da segunda ronda são todos negativos

Os resultados das amostras recolhidas por durante o segundo plano de testagem em massa da população deram todos negativo. De acordo com o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus entre as 15h de 24 de Setembro e as 15h horas de 25 de Setembro foram recolhidas, no total, 689.766 amostras, das quais 44.536 dizem respeito a testes de ácido nucleico pagos.

“O Centro de Coordenação (…) manifesta agradecimento pela cooperação e apoio dos residentes de Macau. Agradece ainda em particular aos 2.500 participantes dos vários serviços públicos e profissionais de saúde de instituições médicas, 100 voluntários no âmbito de medicina, bem como aproximadamente 2.000 pessoas das escolas e jovens voluntários”, pode ler-se em comunicado.

30 Set 2021

Ponte do Delta | Testes conjuntos entre sexta-feira e domingo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Macau, Hong Kong e Zhuhai realizaram, entre sexta-feira e domingo, uma “operação experimental” na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau para “proceder aos testes sobre o funcionamento dos próprios postos fronteiriços”, anunciou a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). A operação integra os “trabalhos preparatórios” para a inauguração da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, indicou a DSAT, num breve comunicado, sem facultar mais detalhes. O exercício conjunto tem como objectivo garantir que tudo está pronto para a abertura oficial da Ponte do Delta que, segundo adiantaram fontes não identificadas ao South China Morning Post (SCMP), se encontra prevista para Outubro e vai contar com a presença de um alto dirigente chinês. O SCMP avança a possibilidade de ser o vice-primeiro-ministro Han Zheng.

1 Out 2018

Droga | Teste escolar obrigatório não é solução, dizem agentes sociais

O sector dos assuntos sociais parece ser unânime: testes obrigatórios de despistagem de droga nas escolas pode ser mais negativo do que positivo. A solução apontada está na promoção de actividades de lazer promotoras de uma vida sem drogas, algo defendido também pelo IAS

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]estes obrigatórios ao consumo de droga nas escolas não é a resolução mais eficaz para diminuir os casos, considera o Instituto de Acção Social (IAS). O organismo diz que a solução pode ter mais efeitos negativos do que positivos e agentes sociais ouvidos pelo HM partilham da opinião.
Paul Pun, responsável da Caritas, vê como mais produtivo o investimento de tempo e recursos na prestação de serviços auxiliares do que na detecção de consumos de estupefacientes nas escolas. Ao HM, Paul Pun disse que não é adequado impulsionar o teste de drogas obrigatório nas escolas porque as instituições poderiam, ao invés disso, aproveitar o tempo para prestar formação a professores e funcionários no sentido destes detectarem sinais de consumo.
“Quando há alguém a tentar equilibrar-se ou que vá à casa de banho frequentemente, os funcionários podem, por exemplo, aproximar-se dos alunos e perguntar o que se passa”, afirma o responsável da Cáritas. “É necessária sim, uma observação cuidadosa e evitar ignorar as reacções dos alunos” para que se proceda à informação aos pais e a quem de direito, “de modo a promover um acompanhamento posterior adequado.”
O responsável considera que a realização de actividades de lazer em vez da “caça à droga” é mais eficaz porque é nestas actividades que os possíveis consumidores podem “encontrar motivações que evitem os consumos”.

Não ao rótulo

Vong Yim Mui, directora do IAS, tinha reforçado, à margem de uma actividade contra a droga, que o organismo não vai impulsionar o teste de droga obrigatório nas escolas, assunto que se levantou porque Hong Kong já promove este exame. O director-geral da Associação dos Assistentes Sociais, Ng Wan Fong, considera que é importante acompanhar a situações dos jovens. E como Macau é um território pequeno, nomeadamente quando comparado com a região vizinha, lança um alerta se o teste fosse implementado: correr-se-ia o risco de “etiquetar” e estigmatizar alunos que possam ter contacto com estupefacientes e com isso trazer efeitos mais negativos que positivos.
Ng Wan Fong revelou ainda ao HM que, embora os casos de consumo de droga pelos jovens da RAEM sejam cada vez mais “escondidos”, o teste deve ser considerado com muito cuidado. “Muitos exemplos das regiões vizinhas já nos mostraram que o teste obrigatório não tem grande efeito e por isso, a meu ver, a promoção de recursos e a maior formação do sector educativo será mais eficaz” afirma o director.

*por Angela Ka

3 Ago 2016