Albertine, o Continente Celeste, de Gonçalo Waddington

61216p12t1[dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]onçalo Waddington acaba de editar uma nova peça de teatro, O Nosso Desporto Preferido Presente, na Abysmo, mas no início de 2015 saía na mesma editora Albertine, O Continente Celeste, livro que iremos ver aqui hoje. Esta peça de Gonçalo Waddington, composta em três actos, cruza a mecânica quântica e a teoria da relatividade com a obra de Marcel Proust, Em Busca Do Tempo Perdido, ou, como escreve o escritor Valério Romão no posfácio que acompanha esta edição da Abysmo: “(…) uma fatia do tempo perdido, [e não o todo da obra] através da qual se faz a arqueologia da narrativa de Proust (…)”.

Mas para além das relações cruzadas entre o tempo de Proust e o tempo das ciências do micro e do macro cosmos, aquilo que primeiro salta à vista é a ligação deste texto com os da tragédia grega. Em que sentido? No sentido da tradição, no sentido da mitologia, isto é, no sentido em  que Gonçalo Wadddington toma a obra de Marcel Proust do modo que os tragediógrafos tomavam a tradição mitológica. Através da obra de Proust, Waddigton cria uma peça de teatro; através da mitologia da Hélada, os tragediógrafos criavam as suas tragédias. A fala de Marcel a Albertine, no segundo acto, abre a possibilidade de a “tradição” de Proust ser revisitada, de se escreverem outras peças, outras tragédias acerca deste corpo de mitos que é, agora, o a obra de Proust: “Mas não é para isso que serve esta soirée, minha querida. Se quiseres podemos combinar uma outra noite com essa temática.” (p. 53)

Não é, contudo, somente esta relação transversal com a tragédia grega que encontramos como diálogo estabelecido com a tradição teatral. Há também, e aqui sem dúvida incontestavelmente consciente por parte do autor, uma apropriação, em alguns momentos da peça, dos artifícios técnicos usados por Pirandello em algumas das suas mais conhecidas peças, como sejam o caso de Esta Noite Improvisa-se e Seis Personagens Em Busca De Um Autor. Principalmente na primeira das obras citadas, que começa com o encenador no palco falando aos espectadores, antes do início da peça (aqui, em Waddington, o efeito aparece através do Anfitrião, que se dirige a nós leitores antes de entrarmos na peça propriamente dita); e, depois da fala do Anfitrião, a espera dos autores no palco pela entrada do público. Mas ao longo da peça, encontramos nos diálogos entre Marcel e Albertine um desacordo em relação ao que cada um deveria dizer, em relação ao que estaria ou não escrito pelo autor, mas que os actores deturpam ou improvisam, deixando isso inteiramente a claro. Veja-se à página 40, a fala de Marcel para Albertine: “Mas não é isso que está escrito.”, Ao que responde Albertine com: “É sim.” Ou à página 48, também em uma fala de Marcel: “Eu não escrevi nada disso.” Ao que Albertine replica, na página seguinte, com: “Pois não. Não assim. Mas as memóórias enganam.” O que nos leva a ver que, se por um lado o artifício técnico é o do grande escritor siciliano, por outro serve aqui propósitos diferentes. Não se trata propriamente do autor da peça, a que as personagens se referem, como em Pirandello, mas ao inventado autor personagem Marcel (Proust). E se em Pirandello o jogo de sombras e luz, através da verdade e da mentira, são o grande leitmotiv da pergunta pela realidade, aqui nesta peça de Gonçalo Waddington é a memória e a sua natureza de criação e recriação da realidade passada, do acontecido, que está em causa, que arde na noite.

Por outro lado, a mecânica quântica ou a teoria da relatividade, a teoria das cordas, os buracos negros, os buracos de minhoca, a anti-matéria acabam por aparecer para nós um universo tão paralelo como o universo de Proust, na sua obra, fazendo com que a memória, aquilo que constrói e desconstrói o acontecido, seja um instrumento quântico de alcance de nós e dos nossos actos; um instrumento quântico que, à imagem do princípio de incerteza de Heisenberg, não nos permite certeza nenhuma acerca do acontecido, daquilo que acontece. Não há certeza acerca de nada do que se fez ou fizemos, colocando a obra de Proust numa dimensão ainda mais problemática do que a que ela já tinha antes do início desta peça. A posição de Waddigton face à obra de Proust, ao invés de lhe dar uma mão de coerência, de linearidade, aumenta-lhe a entropia, termo fundamental para a leitura desta peça. “(…) a entropia é a tendência para a desorganização” (p. 27); “A tendência, com o passar do tempo, é para a desorganização” (Ibidem) Assim, também toda e qualquer interpretação da obra de Proust, naturalmente exposta à entropia, ao passar do tempo, aumenta-lhe a desorganização, abre brechas nas paredes das páginas, socalcos nos parágrafos; aumentam também os resíduos, o lixo, que cada vez mais nos impede de ver o quarto limpo que Proust escreveu. A chave com que se abre esta peça, que nos permite entrar no mundo de Gonçalo Waddigton, encontra-se nesta surpreendente e bela passagem, à página 29, na cena 5 do primeiro acto, em um monólogo de Marcel: “(…) warmholes (…) um túnel, ou atalho, que junta dois pontos distantes no espaço-tempo. O equivalente às madalenas embebidas em chá, no meu universo.” A existirem, os buracos de minhoca, permitir-nos-ia viajar no tempo e encurtar espaços, por conseguinte, viajar a paragens do universo às quais jamais poderíamos ir, sem esse artifício. Também é assim a memória. Ela faz-nos não só viajar no tempo, como também nos faz viajar no espaço, no sentido em que nos projectamos aos lugares que de algum modo carregamos na memória. Mas aquilo que parece interessar mais, a Gonçalo Waddigton, acerca da memória é o efeito de criação que ela mesma tem. A memória não é apenas um artifício de recolha de informação, de nos lembrarmos do que aconteceu ou do que aprendemos, ela em si mesma, nesse seu modus operandi de retorno, recria a realidade do acontecido. Como textualmente se pode ler na fala de Albertine, à página 49: “(…) Mas as memórias enganam. Fundem-se como buracos negros e tornam-se uma só. Não respeitam as regras espácio-temporais. Cada memória que fabricamos, mais uma memória que engavetamos, mais uma peça para o puzzle-eu, maior a entropia da nossa singularidade [e não esquecer a passagem já aqui citada, acima, “(…) a entropia é a tendência para a desorganização” (p. 27); “A tendência, com o passar do tempo, é para a desorganização” (Ibidem)]. O destaque anterior é de minha responsabilidade. É nesta capacidade de fabricarmos memória, que reside a nossa identidade. A identidade de cada um de nós vai sendo fabricada à medida que também fabricamos as memórias. Nem todas as memórias são fabricadas, evidentemente, mas só essas importam à identidade, só essas importam àquilo que vamos fazendo de nós mesmos. Assim, contrariamente à canção antiga, que dizia que recordar é viver, em Albertine, O Continente Celeste, criar é viver. Vive-se criando o nosso presente, no passado que fomos. Por outro lado, e nas relações estabelecidas na obra entre memória e mecânica quântica, tudo o que se cria, pelo passado que fomos, passa também a existir. Aquilo que alteramos no presente, e em relação ao passado, passa realmente a existir, mesmo que antes não tivesse existido. Veja-se a passagem, já no acto final, à página 61: “Em todos os mundos, ao invés de acontecer um colapso, como na interpretação de Copenhagen, no momento em que levanto a mão direita, há um split, uma divisão. E dois mundos-universos passam a coexistir, como linhas paralelas que nunca se tocam.” O acontecido e o fabricado em relação ao acontecido coexistem em todos os tempos, como aparece no poema final do livro, à página 63:

“Em todos os mundos
Albertine continua a tocar
As minhas sonatas preferidas
Na pianola do meu quarto.

E a acariciar-me,
Como eu quero,
Às horas que eu quero.
Albertine fica trancada no seu quarto,
Quando eu quero, sempre que eu quero.
Albertine, Albertine,
De split, em split, em split”

Mas há também nesta peça, e como não poderia deixar de ser, já que dentro do universo de Proust, o problema das relações humanas, em particular a da relação entre Marcel e Albertine (no segundo acto, apenas), mas que pode ser extensa às relações entre qualquer um de nós, em uma relação amorosa ou, melhor dito, nesse lugar peculiar que é o “depois do fim de uma relação amorosa”, como à página 52: “Porque é que nunca te casaste comigo? Porque é que não respondeste aos meus telegramas?” Ou à página 58: “Porque é que não me salvaste?” Ou ainda o tão conhecido “Achas que nós poderíamos ter ficado juntos?” (Ibidem) Albertine, O Continente Celeste mostra-nos um autor com um mundo próprio, reflexivo e que estabelece um diálogo com várias tradições, sem deixar de expor a fragilidade humana, que levanta voo com o desejo e a criação do amor.

6 Dez 2016

Tam Chi Chun, encenador de “Sonho de um aroma”: “Gostaria que a RAEM fosse mais competitiva”

É hoje apresentada a primeira ópera de câmara feita em Macau. “Sonho de Um Aroma” está no Teatro D. Pedro V pelas 20h00, no âmbito do Festival Internacional de Macau, para mostrar o quotidiano de uma sociedade que acompanha o romance entre um homem chinês e uma mulher portuguesa no séc. XVI, numa produção a cargo da prata da casa. Tam Chi Chun é o encenador local que participa na iniciativa, que considera representar um marco nas artes feitas no território

Integra a primeira ópera de câmara de Macau e a sua primeira produção…
Todos os anos o cartaz do FIMM engloba a apresentação de óperas vindas de vários locais. Este ano, e para comemorar o trigésimo aniversário do evento, penso que a organização encontrou a data mais adequada para inserir uma ópera local. Até agora, as produções de ópera locais têm sido feitas em colaboração com a China continental e mesmo com outros países, o que também nos tem trazido muita experiência. Mas agora é a “nossa vez”. Por outro lado, apesar de estar a participar nesta primeira produção de ópera enquanto encenador, não sou, nem me vejo, como profissional do género. Acima de tudo, sou encenador de teatro que aplicou os conhecimentos e os desenvolveu neste estilo particular.

A peça que vão apresentar é uma história de amor entre um homem chinês que se apaixona, em Macau, por uma mulher portuguesa. Um reflexo de Macau?
Penso que actualmente Macau mantém essa tradição multicultural, mas mais do que entre Portugal e China, convivemos também com as Filipinas, Indonésia ou Austrália. Nesta história que se reporta a 400 anos, é realmente a interacção entre a China e Portugal que assume maior relevo, mas é também, e acima de tudo, uma viagem à vida quotidiana daquela época e que comporta um forte traço humanista e de representação social.

Quais as expectativas para o futuro das produções em Macau?
Com este primeiro passo e o trabalho que tem sido desenvolvido já se sente que há pessoas que estão muito interessadas em colaborar e que são oriundas de áreas diferentes, desde músicos a dramaturgos. Por outro lado, e neste momento, estamos todos muito nervosos com esta estreia. Temos que o fazer e fazer bem, de modo a que possamos mostrar e representar este salto nas produções locais e poder começar a investir na ópera de câmara local. E este é um espectáculo que, de alguma forma, dita o futuro, por ser o primeiro.

Que desafios maiores encontrou neste projecto?
Sou encenador de teatro e a ópera tem a componente dramática. O que sinto, pessoalmente, é que neste tipo de trabalho as dificuldades de representação estão associadas ao esforço que é exigido, por exemplo a nível do canto. Aqui, os intervenientes em palco são cantores e actores ao mesmo tempo. Como encenador, tenho que conjugar as vozes com os gestos. É muito bonito, mas é um grande desafio. Para interpretar e representar uma ópera é necessário encontrar uma nova linguagem de representação. Há que ter ainda em atenção o uso do palco que, neste caso, também é particular. Encontrar uma linguagem para transferir a ideia musical ao espaço e movimento foi outro desafio em que, aqui, os cantores ainda podem ser encarados como bailarinos porque os movimentos representam e acompanham a música. A ópera precisa de transformar e conjugar diferentes formas de arte e acho que é esta característica multi-artística e de muito rigor que tem contribuído para o estatuto do género.

Como é que aparece a ópera na vida do encenador de teatro?

Não gosto de ópera desde sempre (risos). Há uns anos encarava este género como uma representação aborrecida por ser lenta e, talvez, por não a entender. Agora sinto o oposto. Esta é uma arte que me permite usufruir de uma maior liberdade de encenação. Por outro lado, e ao contrário do teatro realista, por exemplo, na ópera afastamo-nos do mundo real e é criado um mundo mais exagerado acompanhado de vozes lindíssimas. O que mais me impressiona, é que aqui são histórias absolutamente irreais em que a encenação, tenta, de alguma forma, dar um carácter real.

Entre a encenação de teatro e de ópera, para onde pende o coração?
Para mim a ópera é uma forma de teatro. Com esta experiência em particular, gostava de no futuro repetir encenações deste género, especialmente aqui em Macau. Outra coisa que me atrai é a possibilidade de juntar outras músicas ao teatro em si. Fazer música em teatro. Não é teatro musical, mas utilizar outros registos, como por exemplo recorrer ao uso de instrumentos que não se limitassem à orquestra. Experimentar a marimba talvez.

Tem formação da Academia de Xangai, trabalhou no continente, passou por Berlim e agora está de regresso à terra onde é director do Teatro Experimental de Macau. Como é que está a ser o regresso a casa?
O que tento encontrar aqui é a minha satisfação pessoal. Claro que gostaria que a RAEM já tivesse um ambiente mais competitivo, mas isso ainda não se encontra. Passei dez anos fora e agora gostaria de me reencontrar aqui em Macau. Voltei para encontrar a minha posição em casa. Mas ainda falta muito. Falta uma educação para a arte. Acho que neste momento, se falarmos de actores, o que se encontra aqui é gente à procura de sucesso, da fama em formato “fast food” e não de um trabalho contínuo e com qualidade. Gostava que isso começasse a mudar.

14 Out 2016

CCM | “Senhor Satie de Papel” inaugura InspirARTE 2016

O primeiro dos espectáculos de Verão preparados pelo CCM começa já hoje. Vem da Polónia e é completamente dedicado aos bebés. Os pais são convidados a estarem calados e a deixarem as crianças usufruírem. No final, os mais pequenos saltam todos para o palco para uma sessão de brincadeira. A música é de Erik Satie, mas não só

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]eata Bablinska e Monika Kabacinska são as caras e as mentoras do Teatr Atofri, uma companhia com quase nove anos que chega da Polónia. A proposta é trabalhar para um público menor. Mesmo. A peça “Senhor Satie de Papel” é pensada e concebida para bebés até aos 24 meses e estreia hoje, no Centro Cultural de Macau (CCM).
“Na Polónia, quando começámos, não existia nada disto no panorama teatral”, explica Beata, adiantando contudo que “este tipo de teatro para bebés já tem uma longa tradição com cerca de 40 anos na Europa, em países como a Alemanha, a Itália, a Áustria e a Dinamarca”.
As artistas não pretendem ser educadoras, apesar de já o terem sido. “Éramos as duas educadoras, eu já ensinava dança, e resolvemos avançar com o projecto. Mas não procuramos passar mensagens com esta peça. Apenas que as crianças se divirtam”, diz Monika.
Gostam muito de utilizar música porque “tem um impacto muito grande junto das crianças”, como garante Beata. Para este espectáculo escolheram, maioritariamente, música do compositor francês Erik Satie.
“Escolhemos a música dele porque é simples e visual e isso inspirou-nos”, diz Beata.
Para as artistas polacas, “o poder mágico da música pode iluminar a mente das crianças, marcando-as de forma positiva em muitos aspectos”.
“Música, movimento e canto, é esta a nossa proposta”, complementa Monika, que confessa também que “após nove anos podemos dizer com segurança que cantar é algo muito próximo das crianças. Divertem-se imenso”.
Mas nem só de Satie vive o espectáculo. “Também improvisamos ao piano”, diz Beata, admitindo que o fazem inspiradas na música de Satie com “composições muito curtas”. As duas recorrem ainda a outras fontes. 
“Os bebés vão ouvir música a que não estão habituados. Também usamos música popular polaca, barroca, renascentista e mesmo alguma música moderna composta hoje”, revela Monika.
As cores utilizadas também alinham pelo princípio da simplicidade: “Não usamos muitas cores, apenas branco, amarelo, azul e vermelho. Um estilo Mondrian”, explica Monika.

Pais mal comportados

“Esperamos que levem com elas boas imagens artísticas e música. Queremos que as crianças abram a cabeça”, diz Monika, que garante que, para que as crianças consigam mesmo absorver a experiência, torna-se absolutamente essencial que os pais, ou os acompanhantes, dos bebés se refreiem de tentarem explicar às crianças o que estão a ver.
“Os pais são o problema. Especialmente os avós”, explica Beata. Isto porque, continua, “têm o hábito de explicarem às crianças o que estão a ver. Na Polónia então é horrível”.
A este propósito relatam-nos que uma vez em França o apresentador do espectáculo fez o aviso certo ao lembrar pais e avós (“normalmente os piores”, atalha Beata) que as crianças são estudantes profissionais pois sabem como aprender, já que apenas fazem isso. “Não precisam de lhes explicar o que estão a ver”, diz Beata, “deixem-nas sentir e concluir por elas próprias”.

O prazer de destruir

Passada quase uma década desde que começaram a fazer tournées pelo mundo, já contactaram crianças de diversas culturas. Mas reagirão todas da mesma forma?
“Os chineses e os turcos são muito barulhentos, não faço ideia porquê”, diz Monika a rir, adiantando ainda ter notado que, apesar do banzé, “os chineses são muito focados. Falam a todo o momento mas focam-se no que estão a fazer”.
Para além disso, não notam diferenças de maior e consideram que comum mesmo são os comentários que elas vão fazendo durante a peça.
“Interrogam-se, debatem, apontam… o feedback é extremamente rápido”, diz Monika.
O cenário e os adereços são todos feitos de papel. Um papel especial que trazem da Polónia, 50% pergaminho, explicam-nos, e as crianças vão ter oportunidade de destruir parte dele na cena final. Quando iniciaram a performance foram gravados alguns filmes com as crianças a rasgarem o papel e os resultados foram fabulosos.
“É tão engraçado ver como elas se divertem a destruir o papel”, diz Beata.
O espectáculo encerra com uma reunião de 15 minutos com as crianças onde elas são convidadas a irem para o palco brincar. A comunicação é basicamente gestual com algumas frases curtas e muito directas.
“Também usamos algumas palavras de poesias muito conhecidas na Polónia e combinamo-las com outras ideias”, explica Monika.
O espectáculo acontece hoje e amanhã pelas 17h00 e sábado e domingo, com sessões às 11h00, 15h00 e 17h00. A duração é de aproximadamente 45 minutos e o preço dos bilhetes é de 180 patacas para adultos e de 200 patacas para adultos acompanhados por crianças.

O excêntrico

Erik Satie foi um influente e excêntrico compositor francês que viveu na viragem do século XIX. Aclamado como “o pioneiro da música moderna em França”, Satie inseriu nas suas composições um som diferente, tendo até chegado a usar uma sirene e garrafas de leite quando compôs Parade, cujas partituras foram utilizadas num Ballet de Jean Cocteau coreografado por Leonide Massine e cenografia e figurinos de Pablo Picasso. A natureza humorística de Satie também transparece nos títulos que escolhia, como o da peça “Prelúdios Flácidos”.

30 Jun 2016

Gil Mac, músico, designer e performer, apresenta “Oráculo”

Está em Macau para o Rota das Letras e traz consigo um projecto inovador e único, que o vai levar numa viagem irrepetível e muito pessoal. Gil Mac apresenta “Oráculo” de sexta-feira a domingo no antigo tribunal, mas não sem antes revelar o seu lado de músico, artista e investigador da vida de Camilo Pessanha – uma “obsessão” que nasceu aqui

[dropcap]D[/dropcap]esigner, músico, encenador, performer… Por onde é que começamos exactamente, qual o pontapé de saída de Gil Mac no mundo das Artes?
Sempre no mundo da música e como designer gráfico. Desde pequeno que comecei com bandas e, depois, fui estudar Design Gráfico. Mas mantive sempre essa relação entre música e design. Fui fazendo isso tudo até que entrei no CITAC [Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra] há uns dez anos e intensifiquei muito a performance e é nisso que tenho trabalhado, na área de teatro. Sou um artista que trabalha nessas três áreas e vou mudando e faço-o em projectos individuais ou para a minha associação, para a qual trabalho muito, a DEMO. E para outras companhias.

A sua orientação, especialmente ao nível do projecto musical Lucifer’s Ensemble, é um pouco ligada ao oculto, ao misticismo. Porquê esse interesse?
Sim, sim. Não sei, nasceu ao mesmo tempo que estava no CITAC e estávamos a fazer um espectáculo chamado ‘Divodignos’, que era uma sociedade secreta em Coimbra e, essa investigação, fez com que tentássemos perceber os mistérios – porque aquilo passava-se no princípio do Séc. XIX – e, a partir daí comecei a desenvolver mais conhecimento e a estar ligado com o oculto, com esta curiosidade.

Isso atrai o público?
Acho que há muita gente ligada [ao oculto] e que tem essa curiosidade, outros têm algum receio. Como, para mim, esse esoterismo não é algo astérico, mas sim vontade do conhecimento. De certa forma, a procura do desconhecido, de alguma coisa que não é palpável. Esse mergulho é interessante, especialmente numa fase criativa. Mas, adicionalmente é a procura do conhecimento e, de alguma forma, o estar vivo e partilhar momentos com pessoas. Mas, por outro lado, as pessoas têm algum receio dessa experiência, da relação com algo não palpável, relacionam com o burlão, com o folclore de magia negra, algo que cria um afastamento. Mas não tenho tido muito esse problema. Acho que o público vem, de alguma forma, preparado.

Aqui vai apresentar o “Oráculo”, uma “performance interactiva”, com Tarot e com Camilo Pessanha. O que é o “Oráculo”?
Primeiro, é uma espécie de obsessão que nasceu quando vim a Macau para um projecto chamado CODE, que ia fazer em Hong Kong e a Babel (organização) propôs que fizesse cá. Há muito pouco tempo que percebi que tinha, realmente, esta ligação ao oculto. Mas começou por uma obsessão com Camilo Pessanha, quando voltei a Macau em 2014. Comecei a investigar e vi Camilo Pessanha ligado a Macau. Na Fundação Oriente fiz um curso de Xilogravura da China e, em Lisboa, fiquei nos ‘calabouços’ a estudar Pessanha e a China. Como sou designer gráfico, e estou muito mais ligado à imagem, fiz uma compilação da minha investigação em postais para apresentar numa primeira actividade onde ia fazer num projecto chamado INSCRIÇÃO, que foi no Porto, sobre o universo de Camilo Pessanha. Nos postais mostrava a vida [do poeta]. A viagem era interessante, ainda que longa, mas ao fazê-lo percebi que poderia criar um conteúdo aleatório – duas ou três imagens poderiam relacionar-se com as várias histórias dentro desta história. Comecei a fazer investigação sobre o Tarot e converti os grandes arcanos [22 cartas maiores no Tarot], são os grandes arquétipos, como se fossem os trunfos, que contam a história do Louco. Basicamente é a história dele, que tem o seu próprio caminho. Isto é como se fosse a viagem de Pessanha, que, em representação aqui será o Louco, o primeiro. Depois temos o universo dele, ligado a cada uma dessas cartas.

Nessa viagem vamos ter Fernando Pessoa, Orpheu…
Vamos passar pelos Poetas Malditos, a geração de Orpheu, Baudelaire, que será o Mago…

Esta sessão será para uma a duas pessoas. Porquê?
Sim, porque tem a ver com a relação do Tarot e de proximidade. Essas duas pessoas terão de ser próximas, íntimas e ter, de alguma forma, alguma relação porque o Tarot é eficaz quando se responde a uma pergunta – uma vontade, uma inquietação, um desejo. Depois passaremos para a fase de o que Camilo Pessanha teria para dizer à pessoa (risos). image

Nos diversos projectos de que faz parte, como o DEMO, há uma interligação de diversas artes – desde a encenação à música, ao grafismo. No meio artístico é necessário existir essa interligação?
A multidisciplinaridade, para nós, é um ‘statement’. No DEMO, as siglas são “Dispositivo”, “Experimental”, “Multidisciplinar” e “Orgânico”. Por causa disso mesmo, uma tentativa de direcção artística onde se criam objectos artísticos e onde o grupo é multidisciplinar, de várias áreas.

No Lucifer’s Ensemble vocês têm também esse cruzamento, os vossos concertos são também uma performance.
Lucifer’s Ensemble é também uma tentativa de multidisciplinaridade. Criar não uma peça de teatro musical, mas sim fazer um concerto performático. Já tínhamos trabalho partindo da influência da música com o projecto PRESENÇA. Com este, o formato é mais aproximado de um concerto, mas com grande performatividade.

É mais fácil que as pessoas entendam o que se está a passar em palco com essa performance além da música?
Lucifer’s Ensemble trabalha numa tentativa de transcendência, em nada há interactividade. O público é voyeurista. Há uma divisão completa entre um espaço e outro, as pessoas estão a ver uma cerimónia, estão em comunhão nessa cerimónia, mas há, de alguma forma, uma separação porque estamos a tentar trabalhar sobre essa relação de transcendência. Há esse ritual iniciático que desenvolvemos a partir de uma nova interpretação, uma nova forma de trabalhar essa performatividade a partir do ritual. E depois tens os vários momentos, as várias músicas, onde se podem ir vendo as transformações. Mas há sempre o cuidado de adaptação ao espaço onde vamos fazer o concerto e aos ambientes. Tem sido um trabalho muito interessante. Não ensaiamos como uma banda normal, criamos em blocos de residência, que vão fazer com que haja composição e se trabalhe nesse espaço [do concerto], onde temos sempre um artista convidado. Trabalhamos sempre com um artista [novo] para nova música e trabalhamos no espaço para [nos adaptarmos a ele]. E vamos iniciar agora o primeiro Clube do Oculto, que é uma tentativa de arranjar projectos convidados para essa cerimónia, para esse espectáculo, onde ocupamos sempre um espaço diferente. Não tem regularidade nenhuma, é espontâneo.

Um dos pontos que defende é ter a arte como intervenção urbana. De que forma?
Venho da música e essa será sempre uma alternativa e a [minha] arte também está muito ligada à ‘street art’. Logo no princípio da DEMO, num projecto que fizemos em Varsóvia e se chamava Russian Roulette, tínhamos essa intervenção – um telemóvel com uma aplicação que tinha um ‘revólver’ e uma única ‘bala’ e se jogava com uma webcam em directo na net. Durante seis semanas havia seis performances diferentes e, ao sexto dia, tínhamos uma performance ligada a temas da sociedade e ao tema de ‘um estranho num lugar estranho’ – houve um dos dias que um colega nossa [o artista] recebeu ‘a bala’ e o tema seria os média. A pergunta que tínhamos de responder era como é que um cidadão tem voz no espaço público, como consegue atingir os média. Fizemos isto cá no Fringe, em 2014, onde andávamos na rua a perguntar às pessoas o que tinham para dizer sobre [diversos temas], em espaço público. Mas também trabalhamos muito numa relação de propaganda, que tem a ver com posters de grande dimensão. É conseguir fazer algo que está na franja da ilegalidade e da ‘street art’, onde, de alguma forma, não estamos a ferir o património, mas comunicamos no espaço público.

Estiveram no Fringe cá em 2014. Sentiram participação do público nesse projecto? O público chinês é tido como um público tímido, que não expressa o que sente sobre o que vê. Sentiram isso?
Sim, são públicos difíceis de atingir. É difícil de explicar, acho que há essa inibição no princípio, e claro que há a questão da língua que deixa as pessoas mais nervosas, mas depois há esta tentativa de as pessoas continuarem a falar e cria-se mais proximidade e há, parece-me, vontade de que se exprimam. Não consigo responder a essa pergunta porque é quase uma relação sociológica e com as artes e a própria cidade.

Não consegue avaliar o ambiente cultural de Macau?
[Comparado] com onde venho, com a Europa, parece-me escasso. Mas não sei, acho que Macau é fascinante pela fusão de culturas e eu teria, pela minha natureza, tentado forçar mais os limites e a relação dessa mescla. Por acaso, no projecto que fizemos [no Fringe] foi muito fixe, porque fizemos workshops no Armazém do Boi e encontrámos uma população jovem chinesa politicamente envolvida e isso deu-me uma esperança muito grande. Ao mesmo tempo estava a acontecer o Occupy [em Hong Kong] e isso era muito próximo ao trabalho que estávamos a fazer cá, da relação com o espaço público. Mas é difícil responder a essa pergunta, é uma realidade diferente e complexa. Mas fascinante.

Há mais projectos na calha aqui para Macau? Dizia que gostava de trazer cá o Lucifer’s Ensemble.
Com certeza, queremos que o Lucifer’s Ensemble vá a todo o lado. Agora, neste momento estou envolvido com o projecto INSCRIÇÃO, com esta obsessão de Camilo Pessanha, que fez com que ele chegasse ao Orpheu. Trabalhamos muito já sobre o Futurismo e vamos continuar, até chegamos ao Portugal Futurista e criámos um espectáculo chamado Hidra e Orpheu, que era o que era para vir cá. Mas não tivemos apoios, não conseguimos as viagens e o Festival [Rota das Letras] também não conseguia suportar as viagens desse grupo [Hidra]. Mas estamos com muita vontade, e o Festival também, de o trazer para o ano. É muito interessante, seriam dois grupos sempre em movimento, com várias performances, aqui [no tribunal] ou na rua. Vamos conversar para planear. Em relação ao Lucifer’s, gostaria muito, mas como está ligado mais à arte sonora e à tecnologia estou a pensar propor ao This is my City. Gosto muito do Armazém do Boi também, acho incrível. Vontade de estar aqui tenho.

Camilo Pessanha é, como já disse, uma obsessão. Já visitou a campa aqui? E sente essa presença de Pessanha em Macau?
Já visitei e, simbolicamente, desta vez, viajei para cá no dia da morte dele (risos). Quando me perguntam o que procuro em Camilo Pessanha costumo responder, de forma intuitiva, o fantasma. Sinto-o, por vezes, nas ruas escuras da parte velha chinesa, que é o local que me agrada mais em Macau. É difícil porque quando estudamos [a vida dele] começamos a imaginar uma época e é muito difícil abstrairmo-nos do Macau onde vivemos agora. Conseguimos ter alguns enquadramentos onde imaginamos a vivência dele, mas é uma relação com a história, uma imagem a preto e branco (risos). Há algum saudosismo que não é de um Macau como este de agora.

11 Mar 2016

IC apresenta programa do Festival de Artes

Com o “tempo” por tema e um apelo à imaginação, o festival deste ano traz-nos mais de 100 eventos onde se inclui Shakespeare para todos os gostos, o melhor de Tang Xianzu e até dança no gelo. De Portugal, vem Manuela Azevedo a cantar num campo de ténis, de Macau Álvaro Barbosa e José Alberto Gomes propõem música electrónica sobre imagens da Antárctica e os Dóci Papiaçam voltam à carga por entre aromas de chá

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]evar à audiência as culturas chinesa e ocidental, continua ser objectivo do IC vincando a ideia com o assinalar dos 400 anos da morte de dois nomes de relevo da literatura mundial: William Shakespeare e Tang Xianzu. “Sonho de Uma Noite de Verão”, do dramaturgo britânico, vai mesmo ter honras de abertura num espectáculo produzido pela Shakespeare Theatre Company dos Estados Unidos, voltando os textos do mestre inglês aos palcos para encerrar o FAM com uma adaptação da tragédia “Macbeth”, encenada pela companhia sul-africana Third World Bunfight, que traz uma visão do mundo na paisagem pós-colonial de África e as relações históricas e contemporâneas entre a África e o Ocidente; Tang Xianzu, o grande dramaturgo da dinastia Ming também será evocado e com duas das suas obras: excertos de “O Pavilhão das Peónias”, pela Trupe de Ópera Yue Zhejiang Xiaobaihua e a tragédia romântica Lenda do Gancho de Cabelo Púrpura, interpretada pelo reconhecido actor de ópera cantonense de Macau Chu Chan Wa entre outros talentos locais. A Midsummer's Night Dream, Free-for-All

Shakespeare para todos

Para além das peças enunciadas, Shakespeare estará ainda presente neste festival com a proposta local da Godot Art Association e encenação de Philip Chan, onde três artistas (Chang Wei Tek, Ieong Pan e Sam Choy) irão interpretar, numa noite, os escritos de Shakespeare com abordagens tão diferentes como canto, representação, fala, esgrima, malabarismo e magia em linguagem do dia-a-dia, com ênfase à interacção e colaboração dos espectadores. O Teatro Laitum, de Espanha, traz uma proposta diferente que a organização apresenta como “um espectáculo difícil de explicar, mas muito divertido de interpretar!” Encenado por Toti Toronell, a proposta é a de uma acção de rua intitulada Micro-Shakespeare, produzida para o Royal National Theatre de Londres, que se propõe condensar as obras de Shakespeare em cinco peças de oito minutos.  O espectador atrás da caixa de teatro irá receber instruções através do auricular e movimentar os objectos de acordo com as instruções, sem saber a razão daquilo que ele/ela faz nem aquilo que ele/ela está a fazer.   

Electrónica e um sonho de Chá

Para além de outras actuações de artistas locais, destacam-se o espectáculo “Viagem à Última Fronteira” de Álvaro Barbosa e José Alberto Gomes com Hong Seng no piano solo e a Hong Kong New Music Ensemble. Uma produção realizada a partir de uma expedição de dez dias ao continente antárctico num antigo barco oceanográfico dos anos 70 efectuada por Barbosa e o desenhador de instrumentos musicais, Victor Gama pelas ilhas da Península Antárctica onde coligiram gravações áudio e vídeo. O espectáculo apresenta peças musicais que incluem composições electrónicas originais de Gama tocadas em instrumentos por ele desenhados e num dispositivo de som interactivo (Carrilhão de Vento Radial) inventado por Barbosa. Poder-se-ão ainda ouvir sons gravados na Península Antárctica, transportando o público para a majestosa natureza daquele território.
“O mundo maravilhoso com que temos sonhado desapareceu para sempre, devido à transição, à mudança e ao desenvolvimento da sociedade moderna. Se esta história for sobre a Macau do passado que já não existe, como é que vamos enfrentar e lidar com um futuro imprevisível?” Esta é a proposta dos Dóci Papiaçám que voltam com mais uma peça em patuá de Miguel Senna Fernandes.

Mais gelo e música num campo de ténis

Todos conhecemos Manuela Azevedo como a voz dos Clã mas desta vez ela traz uma proposta inovadora num espectáculo criado pela própria com Hélder Gonçalves e Victor Hugo Pontes.
O espectáculo chama-se “Coppia” e pretende dar início a uma viagem na qual a dança e a música jogam num campo de ténis. O termo evoca parelha, dupla, casal, par remetendo para a ideia de casal amoroso, pois tem a mesma origem de “cópula”, e a associação gráfica evidente com a palavra portuguesa “cópia” e os seus significados – réplica, reflexo, repetição. A ideia é a de explorar todas estas possibilidades com temas David Byrne, Sérgio Godinho, Gilberto Gil, Sonny & Cher, Clã entre outros.
Dança também é o que nos trazem os Le Patin Libre, do Canadá, mas sobre o gelo. Um espectáculo para o Ringue junto ao Camões sugestivamente intitulado “Deslizar”, que o jornal britânico The Guardian considera “um puro ímpeto corporal de liberação e espaço.” Sob a direcção técnica de Alexandre Hamel 
e Pascale Jodoin como co-encenador, cinco patinadores combinam a virtuosidade da patinagem artística com a atitude da dança de rua e a sofisticação do espectáculo contemporâneo. Este programa de 45 minutos foi especialmente criado para esta que é a primeira tournée asiática do grupo e consiste de uma compilação dos mais aclamados espectáculos criados pela companhia ao longo dos últimos dez anos.

De Beckett ao Japão

O monólogo “A Última Gravação de Krapp”, a aclamada obra de Samuel Beckett, encenado e interpretado pelo reconhecido dramaturgo e encenador de renome mundial Robert Wilson é outra das apostas do festival a par com uma peça desempenhada por actores com deficiências cognitivas que nos é trazida pelo Disabled Theater de Jérôme Bel e o Teatro HORA, da Suíça, e que pretende revelar como aqueles, apesar das suas insuficiências, são capazes de questionar a sociedade actual bem como os modos de vida de diferentes pessoas. Do Japão chega o coreógrafo Tao Ye que lidera Teatro TAO Dance nos bailados abstractos 6&7 que exploram o potencial do corpo humano e ainda o bailado Obsessão, da autoria dos coreógrafos japoneses Saburo Teshigawara e Rihoko Sato, que pretende demonstrar como uma obsessão interna pode dilacerar o consciente.

Menos papel, mais recintos

O orçamento deste ano levou um corte em relação ao do ano passado, de 29 para 27 milhões de patacas, mas que Ieong Chi Kin, Chefe do Departamento de Artes e Espectáculo do IC, garante ter sido por via, sobretudo, de uma poupança em materiais impressos passando este ano a organização a apostar mais na promoção online. Ung Vai Meng, presidente do Instituto, reforçou que o corte não terá impacto na qualidade do programa e aproveitou ainda para dizer que a proposta do IC é mesmo a de “levar a cultura a toda a cidade, transfigurando cada canto num ponto de ligação cultural”. O mesmo responsável adiantou ainda que, “sendo este o primeiro festival depois do processo de reestruturação existem agora mais instalações disponíveis e a preocupação do IC em ter espectáculos diversificados para toda a gente”. Ung Vai Meng referiu ainda a disponibilidade do governo em colaborar com entidades privadas para que “aconteçam mais coisas na cidade”. A audiência prevista para o evento estima o IC será na ordem das 13,000 pessoas.
O Festival tem lugar entre os dias 30 de Abril e 29 de Maio e os bilhetes estão disponíveis a partir das 10:00 horas do dia 13 de Março.

4 Mar 2016