João Santos Filipe Manchete PolíticaPonte HKZM | Secretário acusa Hong Kong de deixar RAEM pendurada O Governo quer estacionamento para carros de Macau na fronteira de Hong Kong, mas as autoridades congéneres não se decidem. Mak Soi Kun diz que os locais estão a ser injustiçados e questionou o trabalho de Raimundo do Rosário. O secretário não se ficou, recusou ser parvo e acusou Mak de dizer uma coisa à imprensa e outra na Assembleia Legislativa [dropcap]O[/dropcap] facto dos carros de Macau não terem uma zona de estacionamento na fronteira com Hong Kong aqueceu o debate de ontem, na Assembleia Legislativa. Em causa esteve uma interpelação do deputado Mak Soi Kun em que sublinhou haver um tratamento injusto, uma vez que os carros de Hong Kong têm um lugar para estacionar no lado da RAEM, mesmo que não entrem no território, mas o mesmo tratamento não é dado aos carros e residentes de Macau, no lado de lá. No entanto, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, recusou responsabilidades e deixou muito claro que o assunto foi abordado desde o início, e por mais do que uma vez, com as autoridades de Hong Kong, que não tomam decisões para construir o estacionamento. “Os deputados, se calhar, entendem que somos todos parvos ou preguiçosos. Antes de ser construída a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau falámos com eles [responsáveis de Hong Kong]. Explicámos que do nosso lado há auto-silo, mas do deles não… A resposta é que a construção do auto-silo está a ser estudada…” começou por revelar o secretário. “Perguntámos e disseram-nos que estão a estudar criar um espaço para que as pessoas de Macau estacionem os carros, para que possam do lado de lá, apanhar passageiros, se for o caso, e regressar. Temos questionado os responsáveis sobre este assunto, mas não obtemos resposta”, acrescentou. Raimundo do Rosário revelou que a ausência de um compromisso também afecta a melhoria do funcionamento dos autocarros dourados, ou seja os shuttles que atravessam a ponte, uma vez que não há resposta de Hong Kong. Situação que se repete com os planos para implementação de autocarros privados que circulem entre Zhuhai, Macau e Hong Kong. “Têm de perceber só pagámos 12 por cento do valor da ponte. Cerca de 80 por cento foi pago pelo Interior da China e Hong Kong. Por isso, na tomada de decisões somos uma minoria”, apontou também Rosário. Dois discursos Após o secretário ter negado ser parvo, Mak Soi Kun afirmou não ter tido a intenção de criticar o trabalho feito: “Não me entenda mal, eu sempre o elogiei por ser uma pessoa inteligente. Se não fosse inteligente, o senhor não teria sido convidado para vir para Macau para o Governo. Vocês não são parvos”, respondeu o vencedor das eleições de 2017. “Com o seu carisma sei que é mais fácil para Macau negociar [com Hong Kong], e de forma mais rápida”, frisou o legislador. As palavras não convenceram o macaense, que indicou que o deputado tem tido um discurso diferente aos jornais: “Parece que entre o que disse hoje [ontem] e ontem [quarta-feira] adoptou um discurso diferente. Não sei ler chinês, mas o que vem nos jornais de ontem são críticas e não é isso que disse hoje”, acusou o secretário. Depois, introduziu um momento de humor na resposta. “Estou próximo do fim do meu mandato. Mas, acho que o deputado Mak deveria ser o próximo secretário”, atirou. Já em tom mais sério, sobre as negociações com Hong Kong, Raimundo do Rosário admitiu que foram “um fracasso” e deixou um desabafo: “É muito difícil alcançar os nossos objectivos. Fiz todos os esforços, mas não consegui”, concluiu.
Diana do Mar PolíticaPonte Hong Kong-Zhuhai-Macau sob análise na Assembleia Legislativa Depois das infiltrações de água, a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau é o próximo assunto que a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública da Assembleia Legislativa se propõe a analisar [dropcap]O[/dropcap]s deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública da Assembleia Legislativa (AL) vão começar a analisar a utilização da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, inaugurada em Outubro. “A Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau já entrou em funcionamento há algum tempo e muitos cidadãos, incluindo condutores, têm opiniões e surgiram problemas, pelo que esperamos que o Governo as possa usar ao máximo”, afirmou ontem o presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública da AL, Si Ka Lon, dando conta que os deputados pretendem abordar as matrículas, as instalações fronteiriças ou os guias turísticos ilegais. Si Ka Lon espera que os deputados possam reunir pela primeira vez para o efeito no próximo mês. Infiltrações arrumadas Si Ka Lon falava aos jornalistas após a assinatura do relatório com recomendações para a resolução do problema das infiltrações de água. Uma das principais propostas apresentadas passa por alterar a lei que estabelece a disciplina da utilização de prédios urbanos (de 1999), de modo a facilitar o acesso das autoridades às fracções, com os deputados a recomendarem ao Governo que tome como referência a lei relativa à proibição de prestação ilegal de alojamento, à luz da qual a Direcção dos Serviços de Turismo pode requerer um mandado para levar a cabo inspecções. “O Governo respondeu que vai agir com a maior brevidade possível para rever essa lei e outras relacionadas”, mas “não adiantou uma data concreta”, indicou Si Ka Lon, apontando que os deputados sugerem ainda mexidas no Código de Processo Civil. O relatório integral da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública não foi disponibilizado aos jornalistas no final da reunião de ontem, devendo ser publicado em breve no portal da AL.
Andreia Sofia Silva PolíticaPonte HKZM | Si Ka Lon questiona ausência de planos para sector logístico [dropcap]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon fez esta tarde queixas na Assembleia Legislativa (AL) sobre o facto do Governo não ter ainda apresentado planos para a utilização da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau por parte do sector logístico. “Hong Kong já tem projectos de desenvolvimento para o sector da logística, mas em relação a Macau, ainda nada se ouviu”, começou por dizer, no período de interpelações antes da ordem do dia. “Segundo os dados mais recentes dos Serviços de Alfândega, ainda não há transporte de mercadorias através da Ponte, e segundo o sector da logística, é provável que, com a sua entrada em funcionamento, haja mudanças na principal forma de ligação a Hong Kong, ou seja, no transporte marítimo, que venha a aumentar a integração do sector da logística de Macau no desenvolvimento da Grande Baía e que se criem novas fontes de abastecimento”, acrescentou. O deputado fala também das vantagens desta travessia para o sector. “A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau pode reduzir os custos de transporte do sector logístico de Macau, abrir novos mercados e evitar a sua marginalização. No entanto, as zonas de tomada e largada de passageiros e as zonas de carga e descarga de mercadorias ao redor dos postos fronteiriços ainda não foram utilizadas.” Nesse sentido, “o Governo deve manter a comunicação com o sector, estudando a abertura gradual da ponte ao transporte de mercadorias, para que o sector possa integrar-se no desenvolvimento da Grande Baía”. O deputado defendeu também uma forma mais flexível para a atribuição de quotas para a circulação na nova ponte. “Neste momento, as quotas para veículos particulares já atingiram 600 em Macau e 300 em Hong Kong. Para reforçar a utilização da ponte, o Governo deve estudar com Hong Kong a possibilidade de flexibilizar o regime de quotas a título experimental, podendo, numa primeira fase, atribuir 300, no sentido de permitir a apresentação imediata do pedido, a verificação dos resultados e posteriores ajustamentos, de modo a elevar a eficácia.”
Hoje Macau China / ÁsiaAtrasos na entrega de relatórios devido a pressa na construção da Ponte HKZM [dropcap]A[/dropcap] pressa em cumprir o cronograma de trabalhos para a construção da Ponte HKZM foi a razão pela qual a principal empresa construtora da infra-estrutura, a China State Construction Engineering atrasou a entrega de quase 15 000 formulários de inspecção, de acordo com as declarações do chefe Departamento das Auto-Estradas de Hong Kong, Jimmy Chan Pai-ming. O responsável falava à margem de uma reunião do Conselho Legislativo de Hong Kong na passada sexta-feira, aponta o jornal South China Morning Post (SCMP), em que Chan admitiu ainda que o Governo já saberia da falta da entrega dos referidos documentos desde 2016, mas só deu importância a este facto dois anos depois. Recorde-se que segundo os procedimentos habituais de Hong Kong, as construtoras estão obrigadas a preencher um formulário que serve para posteriores inspecções no local para confirmar se os elementos foram feitos de acordo com os planos. O formulário tem o nome de Pedido de Inspecção e Verificação no Local (RISC, na sigla inglesa) e é uma espécie de diário das obras. É também através destes formulários que são certificados procedimentos de supervisão dos trabalhos de construção que têm que ser submetidos para apreciação antes do construtor avançar para o próximo passo na construção. O atraso na entrega destes documentos tem levantado questões acerca da forma como a empresa de construção levou a cabo o projecto da ponte. Os formulários RISC em atraso estão relacionados com o segmento de ligação na antiga colónia britânica, uma obra que teve um custo de 8,88 mil milhões de dólares de Hong Kong. Qualidade garantida Segundo a mesma fonte, o secretário para os Transportes e Habitação Frank Chan Fan insistiu que este “incidente” envolveu apenas a entrega de documentos em atraso e não de documentos em falta e que tivessem que ver com assuntos relativos à qualidade da construção. “O incidente não teve nada que ver com documentos perdidos ou danificados, nem envolveu problemas de qualidade (…) e a qualidade da construção está em conformidade com os requisitos técnicos e de segurança”, disse o governante de modo a evitar acusações de omissão de informação. No entanto, o secretário não explicou a razão que levou o Governo a manter a irregularidade na entrega dos formulários durante mais de dois anos, altura em que foi conhecida a falha publicamente e já meses depois da inauguração da Ponte HKZM.
João Santos Filipe PolíticaHo Ion Sang quer mais lojas e autocarros na Ilha Artificial da ponte HKZM Legislador ligado aos Moradores quer que o Governo explique as medidas que tenciona implementar para criar mais espaços comerciais na Ilha Artificial da Ponte HKZM, assim como para aumentar o número de autocarros [dropcap]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang, ligado aos Moradores, quer saber que medidas vão ser implementadas para aumentar o número de ligações entre o território e a Ilha Artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Numa interpelação divulgada ontem, o legislador questiona igualmente o Executivo sobre a falta de autocarros que passem em mais zonas. “Actualmente são apenas duas carreiras que fazem a ligação entre Macau e a Ilhar Artificial, os autocarros número 101X e 102X. Apesar do Governo ter aumentado as horas de circulação e o número de paragens nestes dois percursos, a verdade é que a zona centro e sul da Península, assim como a maior parte do Cotai, não têm ligações para a Ilha”, começa por destacar Ho Ion Sang. “Também para aqueles que querem viajar para o aeroporto de Macau, vindos de Hong Kong, não há ligações com a conveniência necessária […] por isso a Direcção de Serviços dos Assuntos de Tráfego precisa de melhorar este aspecto”, acrescentou. “Como é que o Governo vai melhorar as ligações e o trânsito entre as várias partes do território e a Ilha Artificial? Como é que a política de trânsito inteligente vai ser utilizada para analisar as necessidades de utilizar a ponte e as infra-estruturas de apoio?”, pergunta. Falta de lojas Outro dos aspectos focado foi a falta de instalações comerciais na Ilha Artificial, para as pessoas comparem alguns produtos como água, revistas, comida, entre outros. “A falta de elementos comerciais, como restaurantes, lojas sem imposto, farmácias, entre outros […] faz com que não se responda às necessidades mais básicas dos residentes e dos passageiros, o que pode fazer com a utilização seja inferior à prevista”, argumenta. Assim, Ho Ion Sang quer saber o que vai ser feito para melhorar a situação. “É evidente que os espaços comerciais da instalações de apoio ao funcionamento da Ilha Artificial da Ponte são insuficientes. O que é que vai ser feito para melhorar as instalações? E como vão ser acelerados os procedimentos e responder às necessidades dos cidadãos?”, questiona. Finalmente, Ho foca a questão dos dois parques de estacionamento na Ilha Artificial. O legislador quer informações sobre a taxa de utilização dos dois espaços, tanto ao nível dos carros que atravessam a ponte e que ficam na Ilha Artificial como dos utentes que circulam até à ponte, para depois apanharem o transporte público com destino a Hong Kong.
João Santos Filipe Manchete SociedadePonte HKZM | 10 mil relatórios em falta ou entregues depois do prazo Mais de 10 mil relatórios sobre pormenores técnicos das obras da Ponte HKMZ foram entregues com atrasos. O Governo de Hong Kong nega que a segurança do projecto esteja em causa, apesar de haver suspeitas de falsificação de documentos [dropcap]M[/dropcap]ais de 10 mil documentos relacionados com os procedimentos e materiais de construção da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau estão em falta ou foram entregues com atrasos. A notícia foi avançada pelo jornal Apple Daily e confirmada, mais tarde, pelo Departamento das Auto-Estradas de Hong Kong. Segundo os procedimentos habituais de Hong Kong, as construtoras estão obrigadas a preencher um formulário que serve para posteriores inspecções no local para confirmar se os elementos foram feitos de acordo com os planos. O formulário tem o nome de Pedido de Inspecção e Verificação no Local (RISC, na sigla inglesa) e é uma espécie de diário das obras. No entanto, 28 por cento da documentação RISC, relacionada com oito sítios de construção no lado de Hong Kong, nunca foram submetidos ou foram entregues muito depois do prazo exigido. Num caso, o atraso chegou mesmo aos dois anos. A história tem por base a correspondência entre a consultora de engenharia Arup e a principal construtora da ponte, a China State Construction Engineering, em que é dado o alerta para a ausência de documentação. Num dos emails, a Arup avisa mesmo que a falta pode fazer com que se considere que certos elementos foram construídos de forma defeituosa. A troca de correio electrónico foi sempre tratada com conhecimento do Departamento das Auto-Estradas de Hong Kong. Através dos documentos obtidos pelo Apple Daily percebe-se que vários emails da Arup foram ignorados pela China State Construction Engineering até ao dia 18 de Julho, quando entregou 500 documentos de uma só vez. Ao jornal de Hong Kong, o engenheiro civil So Yiu-kwan explicou que este tipo de atrasos é raro e questionou a capacidade dos engenheiros para se recordarem de pormenores de obras que aconteceram há dois anos. So explicou igualmente que no caso da existência de problemas com a infra-estrutura no futuro, poderá haver necessidade de furar o betão, uma vez que existe a possibilidade de a informação dos documentos RISC ser considerada inviável. “É impossível preencher este tipo de documentos só com recurso à memória!”, apontou. Qualidade assegurada Apesar dos problemas com a documentação, o Departamento das Auto-Estradas de Hong Kong garantiu, em comunicado, que a segurança da ponte não está em causa. “O departamento prestou sempre atenção ao desempenho insatisfatório da consultora de engenharia e da construtora em relação a este assunto, nos relatórios trimestrais, e apelou para que fossem introduzidas melhorias”, foi explicado. “O Governo deu a máxima importância aos trabalhos de qualidade e segurança. Antes de haver a entrega da ponte, foi confirmado que os trabalhos decorreram de acordo com o estipulado no contrato e com as exigências técnicas e de segurança”, foi acrescentado. Ao mesmo tempo, o departamento do Governo de Hong Kong negou a existência de qualquer indício de falsificação de documentos. Os formulários RISC em causa estão apenas relacionados com o segmento de ligação em Hong Kong, uma obra que teve um custo de 8,88 mil milhões de dólares de Hong Kong. A Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau foi inaugurada no dia 24 de Outubro do ano passado.
Andreia Sofia Silva SociedadePonte HKZM | Lam Hin San rejeita que haja aumento de tráfego [dropcap]O[/dropcap]director da DSAT recusou ontem a ideia de que o fluxo do trânsito tenha aumentado com a abertura da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. “Não concordo com isso. Só no ano passado resolvemos a situação em nove pontos negros do trânsito. Pode ser que em certas situações haja acidentes e obras que afectem o trânsito. É um problema que queremos resolver, principalmente no que diz respeito a obras.” Actualmente, existem entre 120 a 150 licenças atribuídas para que veículos privados possam circular na ponte. “Estes carros entram e saem do território, mas não vêm a Macau todos os dias. Não representa uma grande influência para nós.”
Diana do Mar Sociedade3,26 milhões visitaram o território em Novembro [dropcap]M[/dropcap]acau recebeu em Novembro 3,26 milhões de visitantes, traduzindo um aumento de 15,3 por cento face ao período homólogo do ano passado e uma subida de 3,6 por cento face a Outubro, indicam dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A maioria (2,31 milhões) chegou por via terrestre – mais 47,9 por cento em termos anuais –, dos quais 436.660 entraram pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Já a via marítima foi a opção escolhida por 678.513 visitantes – mais 33,7 por cento –, enquanto os remanescentes 272.818 vieram de avião – mais 11,3 por cento face a Novembro do ano passado. Os dados de Novembro elevam o total de visitantes que escolheram Macau como destino desde o início do ano para 32,2 milhões, uma fasquia muito próxima do valor alcançado no cômputo de 2017. Um número que levou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) a antecipar que 2018 venha a fechar com a marca recorde de 35 milhões de visitantes. Do total de 32,2 milhões de visitantes registados nos primeiros 11 meses do ano – mais 9,1 por cento face ao período homólogo do ano passado –, sete em cada dez (22,8 milhões) chegaram da China, reflectindo um aumento de 13,3 por cento em termos anuais. Do total, 16,7 milhões eram turistas e 15,4 milhões excursionistas – mais 7,2 e 11,1 por cento, respectivamente – de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No ano passado, o turismo de Macau bateu um duplo recorde: tanto no número de visitantes (32,6 milhões) como na proporção dos que pernoitaram (52,9%). Por visitante entende-se qualquer pessoa que tenha viajado para o território por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e que excursionista (aquele que não pernoita).
João Santos Filipe SociedadeUnion Gaming diz que Ponte HKZM não está a melhorar resultados Entram em Macau, mas na maior parte dos casos para seguirem para Hong Kong. Banco de investimento acredita que vai levar vários trimestres, ou mesmo anos, para que a nova ponte tenha um “impacto significativo” nas receitas dos casinos [dropcap]A[/dropcap]pesar das grandes expectativas do sector do jogo, a abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau não se está a reflectir nos resultados das operadoras. A conclusão é do banco de investimento Union Gaming, que diz que vai levar anos até que os efeitos sejam visíveis na principal indústria do território. Num relatório divulgado no domingo à noite – depois de ter sido revelado que as receitas do jogo tinham subido 8,5 por cento em Novembro face ao período homólogo para os 25 mil milhões de patacas –, o banco apontou que não há um “impacto material” da ponte nos números apresentados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). “Ponte sem impacto. É importante referir que, e ao contrário do que acreditamos que se esteja a reflectir no número de visitantes, que tem um número mais robusto, não vemos um impacto da abertura da ponte nas receitas brutas do jogo”, pode ler-se na nota assinada pelo analista Grant Govertsen. “Vai levar muitos trimestres, para não dizer anos, para que a ponte tenha um efeito material na indústria de Macau. E acreditamos que o maior impacto vai acontecer ao nível do sector das exposições e convenções”, é acrescentado. O banco de investimento deixa também um aviso para o número de visitantes, que pode conduzir a enganos. Em causa está o facto das pessoas do Interior da China entrarem em Macau apenas para apanharem a ponte com direcção a Hong Kong. “Parece haver uma certa dinâmica nos primeiros dias de funcionamento da ponte, que pode ter resultado num aumento significativo de visitantes vindos do Interior da China. Mas estas pessoas apenas se deslocam a Macau para apanharem a ponte em direcção ao Hong Kong”, é explicado. “Ou melhor, estas pessoas apenas estão em Macau por breves minutos, antes de apanharem outro transporte em direcção a Hong Kong, mas entram nas estatísticas”, é clarificado. Mesmo assim, Grant Govertsen considera que a partir das análises feitas nas áreas do jogo que houve um “crescimento moderado” ao nível do mercado de massas. Crescer três por cento No que diz respeito ao que falta do ano, a Union Gaming está a apostar num crescimento de sete por cento das receitas em Dezembro. “Estamos a apontar para um aumento das receitas brutas do jogo de sete por cento, para as 24,2 mil milhões de patacas. O mês de Dezembro tem um calendário desfavorável [face ao ano passado], porque tem menos uma sexta-feira”, é sublinhado. Em relação ao trimestre de 2019, existem expectativas que o crescimento se fiquei pelos três por cento, que depois deverá acelerar. “Estamos à espera de um começo do ano lento, com o primeiro trimestre a ter um crescimento de três por cento na receitas do jogo, antes de haver um aceleramento para valores intermédios de um digito, no pós-primeiro trimestre”, é previsto. Concurso para áreas comerciais Chui Sai On ordenou ontem a abertura do concurso público para a exploração das áreas comerciais, como restaurantes e lojas, no Edifício do Posto Fronteiriço de Macau na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A decisão foi comunicada, ontem, através de um despacho em Boletim Oficial. Este era um dos pontos que tinha sido alvo de críticas na estrutura do lado de Macau, uma vez que actualmente além dos balcões de venda de bilhetes e das máquinas automáticas de venda de água, não há outras lojas no espaço.
Diana do Mar SociedadePonte HKZM | Média de 64 mil passageiros por dia desde a abertura Desde que a Ponte HKZM entrou em funcionamento, a média diária de circulação de pessoas foi de 64 mil, cerca de metade do previsto para o ano de 2030. Mas Si Ka Lon considera que a opção de entrada em Macau pelo posto fronteiriço da Ilha artificial ainda não se reflecte na redução de visitantes que continuam a optar pelas Portas do Cerco [dropcap]A[/dropcap] Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau recebeu uma média de 64 mil passageiros por dia desde que entrou em funcionamento, há um mês. Segundo os dados, divulgados ontem pelo Ministério dos Transportes da China, o número total de passageiros ascendeu a 1,79 milhões. O recorde na maior travessia sobre o mar do mundo foi registado no domingo, coincidindo com o Grande Prémio, dia em que foram contabilizados 103 mil passageiros. Nove em cada dez veículos que cruzaram a ponte são ligeiros, entre os quais figuram os ‘shuttle’ que representaram quase metade do total. A Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, com uma extensão total de 55 quilómetros, foi oficialmente inaugurada a 23 de Outubro e entrou em funcionamento no dia seguinte, ou seja, nove anos depois do lançamento da primeira pedra e mais de três décadas após ter sido idealizada. De acordo com estimativas oficiais avançadas antes da abertura da Ponte do Delta, o volume diário de tráfego deve atingir os 29.100 veículos em 2030 e 42.000 em 2037, enquanto o volume diário de passageiros pode vir a rondar os 126.000 e os 175.000, respectivamente. Desvio de turistas Apesar dos números, o deputado Si Ka Lon considera que a alternativa da ponte para atravessar a fronteira com Zhuhai não se reflecte numa redução visível do número de pessoas que continua a optar pelo posto fronteiriço das Portas do Cerco. Em comunicado, o deputado considera que devem ser tomadas medidas para motivar os turistas a utilizar a Ponte HKZM. Si Ka Lon sugere que os Governos de Zhuhai e de Macau coordenem políticas com o sector de turismo no sentido de orientar os visitantes para a travessia da Ponte HKZM e, desta forma, afastar os turistas do posto fronteiriço das Portas do cerco. Paralelamente o deputado solicita ao Governo o aumento o número de transportes públicos que façam a ligação entre várias zonas do território a outros postos fronteiriços que não as Portas do Cerco, de modo a dar outras opções aos turistas que visitam Macau.
Hoje Macau SociedadePonte HKZM assusta motoristas de mercadorias [dropcap]A[/dropcap] abertura de Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau está a preocupar a classe dos motoristas de mercadoria, que receiam que condutores não-locais possam trabalhar neste sector no território. Por esse motivo, Lam Lon Wai, deputado da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM), pergunta numa interpelação escrita que medidas vão ser tomadas para proteger o emprego dos residentes. “A abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e o reconhecimento das cartas de condução entre as diferentes regiões são um aspecto que preocupam muito os motoristas profissionais. Existe ainda a preocupação que haja um aumento do número de motoristas ilegais e que esse facto dificulte as condições de trabalho no sector. Há ainda o medo que o Governo abra o sector a não-residentes”, começa por descrever Lam Lon Wai. “Será que a Administração vai manter-se firme na política de não permitir a importação de trabalhadores não-locais e proteger os interesses dos residentes?”, questiona o legislador. Lam exige também multas mais pesada para os empregadores que contratam trabalhadores não-residentes para o transportes de mercadorias. “A opinião que existe é que as penalizações para os infractores são demasiado leves. Este é um assunto que o Executivo diz estar a estudar há muitos anos. Quando é que vão alterar a lei para endurecer as multas, principalmente para os patrões que contratam trabalhadores ilegais?”, escreve. Finalmente, o deputado da FAOM pede ao Governo que aumente os meios e as operações de combate à contratação de motoristas ilegais em Macau.