Leonor Sá Machado EventosCinema, Carpintaria e Sinologia O Instituto Cultural inaugura cinco novos espaços culturais na região, incluindo um cinema munido de um centro de documentação, uma exposição sobre a história da Carpintaria e uma outra sobre o sinólogo Jao Tsung-I. Assim se festejam os dez anos do Centro Histórico na lista do Património Mundial da UNESCO [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) promove, a partir do próximo dia 30 e até final do ano, uma série de estreias em termos de instalações histórico-culturais e que de algum modo explicam a história e passado locais. A primeira, que inaugura no final de Junho, é o Centro de Informações da Fortaleza da Guia. O local, que serve actualmente como estrutura de apoio àquele monumento, vai ser transformado num sítio mais completo, com uma série de informações interactivas, como são a exibição de maquetas e uma retrospectiva dos trabalhos de restauro da Capela de Nossa Senhora da Guia. O espaço vai ainda dispor de um café e loja de recordações. O dia 28 de Julho é reservado à abertura da Exposição de Carpintaria de Lu Ban, na Associação Seong Ká Môk. Lu foi, de acordo com o IC, o “patrono dos carpinteiros na China” e o espaço pretende contar a história desta classe trabalhadora e mostrar aos visitantes aquilo que se tem feito nesta área em Macau. “Serão expostas numerosas ferramentas tradicionais de marcenaria e componentes de casas, para além de uma apresentação multimédia sobre a Associação”, explica o IC. Em nome do passado Além da mostra sobre a história da carpintaria em Macau, o IC prepara-se para abrir, a título permanente, a Academia Jao Tsung-I, conhecido sinólogo chinês. “Pinturas e Caligrafias Doadas por Jao Tsung-I” ficará no número 95 da Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida e compreende uma sala de exposições com trabalhos do autor e uma colecção do seu espólio de livros e outros documentos históricos. Há ainda um auditório, construído a pensar na promoção da cultura chinesa e do intercâmbio sobre estudos sinólogos. A par disto será ainda inaugurada a Cinemateca Paixão, que integra salas de cinema e um espaço de documentação cinematográfica. “É um espaço polivalente destinado a promover a indústria cinematográfica e criar uma atmosfera criativa e cinematográfica”, explicou o IC. Contudo, não há ainda um prazo definitivo para a abertura deste espaço, mas o IC assegurou que o anúncio será feito no seu website oficial. Para já, estabeleceu-se Setembro como data para a “abertura experimental”. Vai também ser inaugurado uma espécie de museu sobre a profissão de guarda-nocturno, muito comum na história do território. O Posto de Guarda Nocturno, situado na Rua da Palmeira, foi restaurado e vai abrir ao público para visitas durante a segunda metade deste ano, desconhecendo-se ainda o dia. “Ao preservar-se este Posto de Guarda Nocturno, mantém-se um testemunho único da existência desta profissão em Macau (…). Após obras de restauro o espaço será revitalizado para alojar uma exposição sobre o trabalho dos antigos guardas-nocturnos de Macau”, lê-se no folheto informativo.
Carlos Morais José EditorialAs lições do passado [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]untar “comunidade portuguesas” ao dia de Portugal e de Camões (bem como tirar-lhe a Raça) foi uma excelente decisão. Afinal, o nosso vate também foi um exilado, um homem basicamente expulso do país, um território onde para ele não havia lugar e onde haveria, no regresso, de definhar à míngua, mesmo depois de reconhecida a sua genialidade. Portugal de modo nenhum se reduz ao pequeno rectângulo. É muito maior, muito mais vasto e mais onírico do que isso. Os portugueses não pertencem a uma etnia, fazem parte de um povo que inclui todo o tipo de gente, com as mais diversas origens étnicas. Tal teve a ver com o facto de termos saído, mas também com a realidade geográfica do país. Sendo o último da Europa para Oeste, foi durante vários séculos uma espécie de fim do mundo, onde vinha parar todo o tipo de gente. Dali não podiam passar, a não ser em sonhos. E talvez tenham sido esses sonhos que nos lançaram numa das aventuras mais ousadas que Humanidade experimentou. Os portugueses foram os autores da primeira globalização, quando mostraram que era possível o contacto entre todos os povos do planeta. A segunda globalização veio tornar esse contacto imediato. Bem sabemos da importância das novas tecnologias, mas alguém se lembra da importância de mudar os hábitos alimentares de toda a gente com o transporte de plantas alimentícias como fizeram os nossos navegadores? Pouco importa o passado, dizem-nos. Glórias de antanho não nos resolvem os problemas que hoje defrontamos, afirmam. Será que não? Será que não existem lições a tirar da História que sejam úteis na interpretação do presente? Parece-nos que sim. Parece-nos, aliás, que existem tantas lições que nós hoje temos medo de olhar para elas e corar no confronto com a audácia e a inteligência dos nossos antepassados.
Leonor Sá Machado PolíticaPatrimónio | Nova lista sai em breve [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, anunciou ontem que a população vai saber “brevemente” quais os dez monumentos que estão seleccionados para integrar a lista de património cultural da RAEM. No entanto, a nova lista – que está para ser publicada há vários meses – só deverá ser oficialmente conhecida em 2016. A justificação, dada ontem por Ung Vai Meng à margem de uma conferência sobre o Centro Histórico, é que falta “tratar das formalidades, tradução e descrição das obras”, algo que, confessa, é “parece fácil, mas não é”. Aos média, o responsável explicou ainda que “dos cem [monumentos] inicialmente escolhidos, encontraram-se 70 que têm mais valor históricos” e que especialistas vieram a Macau ver as peças quatro vezes para fazer uma avaliação através da visita a estes monumentos, tendo escolhido os “dez que reúnem condições mais maduras”. O mesmo representante disse que a entidade está agora na fase final, pelo que falta apenas preencher algumas formalidades e preparar os documentos para pedir a inscrição destes dez na lista já existente. “Depois do requerimento estar pronto, são 12 meses até [a lista final] estar pronta”, sublinhou. Contas feitas, serão 138 os itens incluídos na lista de património cultural da cidade. No entanto, a escolha não se fica por aqui. É que a selecção de itens para integrar a lista é uma actividade em constante mudança. “Depois vamos procurar os potenciais e outros novos”, contou Ung Vai Meng aos média. Antes da inclusão destes na lista, o IC vai proceder à realização de uma consulta pública.