Nepal proíbe TikTok por “perturbar a harmonia social”

O Governo do Nepal anunciou na segunda-feira a proibição da rede social TikTok por “perturbar a harmonia social”, juntando-se à lista de países que proibiram a plataforma, como a sua vizinha Índia. “Apesar da liberdade de expressão ser um direito básico, o Governo decidiu proibir o TikTok pois há uma tendência crescente na perturbação da harmonia social”, disse o porta-voz do Governo nepalês, Rekha Sharma, numa conferência de imprensa.

A data exacta da entrada em vigor da proibição ainda não foi anunciada. A medida foi recebida com várias críticas, inclusive na coligação frágil governamental do país, liderada pelo Partido Centro Maoísta (CPN-Maoísta), do primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal. “Parece que a intenção do Governo é sufocar a liberdade de expressão e a individualidade. O Governo deve recuar”, declarou Gagan Thapa, deputado e secretário-geral do partido do Congresso do Nepal, que faz parte da coligação no poder.

A proibição suscitou ainda queixas entre alguns profissionais da imprensa asiática. “Considero esta decisão caprichosa e prevejo que não irá durar muito tempo, dada a ausência de dados substanciais ou de investigação para apoiar a proibição”, afirmou o jornalista Krishna Acharya.

Nova lei

A medida surge dias após o Conselho de Ministros do Nepal ter aprovado um conjunto de regras para regular as redes sociais. O porta-voz do Ministério das Comunicações e Tecnologias de Informação, Netra Prasad Subedi, informou que as autoridades irão implementar a decisão do gabinete a nível técnico.

As regras incluem, entre outros, a proibição dos utilizadores de criarem perfis falsos ou de publicarem conteúdos relacionados com o trabalho e exploração infantil ou tráfico humano. Redes sociais como o Facebook, o X ou o Youtube terão que abrir gabinetes de ligação no Nepal, sob ameaça de verem o seu acesso bloqueado pelas autoridades, caso não cumpram com a exigência.

Este anúncio assemelha-se às decisões tomadas por outros países, como a vizinha Índia, embora por razões diferentes. Nova Deli proibiu o TikTok em 2020, juntamente com dezenas de outras aplicações desenvolvidas pela China.

A proibição aconteceu após uma crise diplomática com Pequim, na sequência de um confronto fronteiriço entre as forças de segurança dos dois países nos Himalaias ocidentais, que causou a morte de pelo menos 20 soldados indianos e mais de 70 feridos.

15 Nov 2023

Acidente | Recuperadas caixas negras do avião que caiu no Nepal

As autoridades nepalesas declararam ontem que um gravador de dados de voo e um gravador de voz de cabine foram recuperados do local da queda do avião no domingo em Pokhara, no Nepal, que provocou 68 mortos.

O porta-voz da Autoridade da Aviação Civil nepalesa, Jagannath Niraula, disse que as caixas foram encontradas ontem, um dia após a queda da aeronave ATR-72, que matou 68 das 72 pessoas a bordo.
Niraula disse que tudo que foi encontrado será entregue aos investigadores.
Pemba Sherpa, porta-voz da Yeti Airlines, também confirmou que os dados do voo e os gravadores de voz da cabine foram encontrados.

Mais dois corpos foram encontrados na manhã desta segunda-feira, dia de luto nacional decretado pelas autoridades no país.

“Até agora encontramos 68 corpos. Estamos a procurar mais quatro corpos (…). Estamos a rezar para que um milagre aconteça. Mas, a esperança de encontrar alguém vivo é nula”, disse Tek Bahadur KC, responsável pelo distrito de Taksi, onde o avião caiu.

Ainda não está claro quais foram as causas do acidente, o mais mortal do país em três décadas. O tempo estava ameno e sem vento no dia da queda da aeronave, segundo as autoridades locais.

Cenário surreal

Uma testemunha, que filmou a aterragem do avião a partir da varanda de sua casa, disse ter visto a aeronave voar baixo antes de virar repentinamente para a esquerda. “Fiquei chocado”, disse Diwas Bohora, citado pela agência de notícias Associated Press.

A Autoridade de Aviação Civil do Nepal disse que a aeronave estabeleceu contacto com o aeroporto pela última vez perto do desfiladeiro de Seti, no centro do país, às 10:50 antes de cair.

O avião tinha saído da capital Katmandu com destino a Pokhara, por volta das 10:30, e caiu durante a manobra de aproximação ao aeroporto internacional de Pokhara, no vale do rio Seti.

17 Jan 2023

Covid-19 | Cinco pessoas do Nepal testam positivo aos testes anticorpos

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus emitiu este domingo uma nota onde dá conta de que cinco de dez pessoas oriundas da cidade de Katmandu, no Nepal, testaram positivo para os testes anticorpos à covid-19. Um deles “revela a possibilidade de apresentar uma recaída”, pelo que será realizado esta segunda-feira um novo teste.

Quanto às restantes quatro pessoas “foram consideradas como tendo sido infectadas anteriormente”. Quanto às restantes cinco pessoas testaram negativo à covid-19. Os 10 indivíduos foram encaminhados para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane para observação e realização de testes mais aprofundados.

Segundo a mesma nota, o Centro de Coordenação alerta para o facto de “a situação epidémica da covid-19 em países estrangeiros ser mais grave e existir alta propagação” de mutações do vírus SARS-Cov-2 “com elevado risco de infecção”.

“Há muitos casos relatados em que o diagnóstico foi confirmado após terem sido realizados vários testes de ácido nucleico negativos, daí que de modo a reduzir o risco para a saúde pública, para a família e a comunidade, [foi tomada a decisão] de realizar a todos os indivíduos que regressam de países estrangeiros o teste de anticorpos contra a covid-19 após a chegada a Macau, de modo a determinar o seu estado geral de infecção”, explica o Centro de Coordenação.

26 Abr 2021

Atleta português vai de bicicleta até ao Nepal em projecto solidário após acidente grave

[dropcap]O[/dropcap]atleta Pedro Bento vai percorrer, de bicicleta, cerca de 11.000 quilómetros, entre Almeirim, em Portugal, e Katmandu (Nepal), em 73 dias, um desafio solidário e de agradecimento para os que o ajudaram a recuperar de um grave acidente.

Pedro Bento, de 40 anos, disse à Lusa que vai partir no próximo dia 13 de Abril, sozinho, na sua bicicleta com o objectivo de reunir 10.000 euros, tendo como lema da aventura “1 euro por 1 quilómetro”.

O destino da verba é assegurar bolsas de estudo e alimentação a dois jovens nepaleses do projecto “Dreams of Katmandu”, do português Pedro Queirós, e comprar equipamentos de protecção contra incêndios para os Bombeiros Voluntários de Almeirim (BVA).

A recuperar de um grave acidente de moto, que sofreu em 1 de Abril de 2017 quando fazia o reconhecimento do percurso para uma prova de BTT que se realizava no dia seguinte, Pedro Bento afirmou que o seu grande objectivo é chegar ao Nepal e reunir a verba que quer oferecer, em agradecimento por todo o apoio dos bombeiros no resgate, e depois durante a recuperação.

Pedro Bento quer também distinguir um projecto que conheceu de perto durante a participação numa prova no Nepal, em 2016, um ano depois do terramoto que atingiu aquele país.

“Em 2017 sofri um grave acidente de moto e agora pretendo devolver e agradecer toda a ajuda que me foi prestada no processo de recuperação. Tenho plena consciência das dificuldades que vou atravessar, mas sou guiado por esta motivação de agradecer e ajudar. Para mim, sonhar enaltece e fortalece, alcançar um sonho faz parte da humanidade”, escreveu na página do seu projeto https://bakonbike2019.wixsite.com/bakonbike2019, onde é possível fazer uma doação.
Técnico superior de desporto na Câmara Municipal de Almeirim (que lhe permitiu o gozo de uma licença sem vencimento e das férias) e membro da secção dos 20kms de Almeirim, Pedro Bento parte sem data prevista de chegada, apenas com a certeza que tem que se apresentar ao trabalho em 1 de Julho.

“Se consigo chegar ao final com o percurso todo completo não sei, mas vou tentar. Tenho pesquisado e não encontrei até agora um desafio solidário deste género, com dias contados e aquela distância todos os dias. É quase como se fosse uma prova todos os dias, porque já encontrei desafios de 5.000, 6.000 quilómetros, mas com mais tempo para fazer”, declarou.

Do total angariado, 80% serão doados aos BVA, com o objectivo de adquirir dez fatos de protecção e combate aos incêndios (800 euros cada) e os restantes 20% “serão atribuídos ao Pedro Queirós do projeto ‘Dreams of Katmandu’, que continua no Nepal a apoiar as crianças do Campo Esperança, vítimas do terramoto de 2015”.

A verba que será doada permitirá pagar bolsas de estudo e alimentação durante um ano aos jovens Mingmar e Tenzing Sherpa, de que Pedro Bento se tornou “irmão” numa cerimónia realizada em 2016 e que “mexeu” consigo.

O acidente interrompeu um projecto que o atleta havia iniciado após participar, em 2007, no que era tida como uma das mais duras provas de BTT do mundo, na Costa Rica, o de “fazer as 10 provas que as revistas diziam ser as mais difíceis do mundo”.

Seis estão cumpridas – Costa Rica, Canadá, Itália, Chile, Nepal (onde foi o primeiro português a chegar aos 5.400 metros de altitude de bicicleta) e Austrália, esta um ano depois do previsto devido ao acidente, mas, “pelo meio”, decidiu fazer este projecto como forma de agradecimento, relatou à Lusa.

Com nove vértebras e a omoplata direitas partidas, Pedro Bento referiu as “peripécias” vividas no Hospital de Santarém, onde esteve 20 dias, e no Hospital de S. José, em Lisboa, onde foi operado, alertando para a necessidade de os profissionais de saúde terem especial cuidado com lesões como as que ele sofreu, lamentando ainda que não tivesse sido feita uma cirurgia para corrigir a fractura na omoplata, que apresenta um desvio de dois centímetros.

Pedro Bento afirmou que, contra todas as previsões, não só não ficou em cadeira de rodas, como conseguiu recuperar fisicamente a ponto de voltar a uma prática desportiva que lhe tinham dito que nunca mais iria fazer, conseguindo, pelo meio, convencer o cirurgião que o operou em S. José a retirar todos os parafusos que tinha ao longo das costas.

Prestes a partir, Pedro tem um orçamento de 8.000 euros para a viagem, contando com alguns apoios em material e de amigos, que fazem questão de doar uma parte para o projecto solidário e outra para as suas despesas pessoais, salientou.

A partir do dia 13, irá atravessar 14 países, apenas evitando passar no Afeganistão e no Paquistão, viajando de avião do Irão para a Índia, por não ter os dias que lhe permitiriam procurar um percurso alternativo.

26 Mar 2019

Live Organic | Loja de Café

Está a começar lentamente e pretende, para já, trazer a Macau o sabor do café real. Para isso traz das terras altas do Nepal o grão que não tem qualquer tipo de processamento mecânico. Não é barato, mas é genuíno e representa o início do que Carla Hoi quer ver como uma loja orgânica e amiga do ambiente

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] venda de produtos orgânicos no território tende a crescer e a Live Organic está online para isso mesmo. Ainda em fase de concepção, a plataforma que se dedica à venda de café 100 por cento orgânico traz os melhores grãos produzidos no Nepal e é o resultado de vários amores.

O foco no café tem que ver com uma questão pessoal mas não da proprietária Carla Hoi. A responsável leva muito a sério os gostos do marido, “um apreciador de café”. Com a Live Organic e os conselhos do companheiro quer levar aos clientes o melhor daquela bebida. Para conseguir produtos de qualidade o casal tem viajado um pouco por todo o mundo.

O resultado é a opção por um café 100 por cento orgânico, encontrado nas terras altas do Nepal. “O meu marido prefere o café orgânico e não processado e, de acordo com ele, que é o especialista na matéria, este café tem um sabor especial”. Mas as características particulares não se ficam por aqui. “É um café que apresenta ainda uma textura muito particular bem como as camadas cremosas diferentes de um café mais comum”.

Neste momento há muitas lojas já especializadas em bom café no território, adverte a proprietária. No entanto, ainda lhes falta conseguirem algumas características especificas. “Os produtos que apresentam não são suficientemente fortes, ou suficientemente cremosos, por exemplo”, diz. “Nós apostamos no sabor do café real”.

Mas, “infelizmente”, o mercado de Macau ainda não está completamente receptivo a este tipo de produto. A razão tem que ver, por um lado com o desconhecimento do produto em causa, e por outro, o preço elevado. “Apesar de existir uma cultura de beber café no território, a forma como a população aceita a novidade é ainda muito lenta. Por outro lado, dado o preço elevado, o negócio demora mais tempo a vingar. Estamos ainda a tentar entrar devagar no mercado, mas penso que tem um forte potencial”, diz Carla Hoi.

No entanto, o maior problema tem mesmo que ver, aponta a responsável, com as dificuldades da população local em assimilar a novidade, “Penso que é mais fácil no mercado de Hong Kong que é uma região mais aberta a coisas novas”, explica.

Para já é apenas uma loja virtual e com um tipo de produto, mas o objectivo futuro é outro: que a Live Organic venha a ser uma loja física com café, especiarias e toda uma panóplia de produtos alimentares completamente biológicos. A diversificação tem ainda que ver com uma outra paixão de Carla Hoi, a de cozinhar. Para este hobby a proprietária da Live Organic só utiliza produtos em que confia, “os que têm um sabor verdadeiro”, explica.

A venda de café orgânico é, para já, uma espécie de passatempo até porque tem um emprego que lhe ocupa a maior parte do dia.

 

De olho na ecologia

Além do sabor único e do modo de confecção já raro, o café vendido pela Live Organic quer garantir ainda que é um produto que passa pelo comércio justo. Carla Hoi pretende, sempre que possível, assegurar que o que paga ao seu fornecedor é dirigido aos produtores. “Temos ainda o cuidado de antes de estabelecer um contrato com um fornecedor, ir conhecer o lugar onde é produzido e que esse local tem condições humanas e de qualidade para que possamos utilizar o produto”, diz.

A Live Organic está ainda preocupada em proteger o ambiente. Congruente com a filosofia associada aos produtos orgânicos, Carla Hoi aposta em medidas que garantam a menor pegada ambiental possível. As embalagens são o maior exemplo. “Seguimos a forma de embalar tradicional chinesa, não se usa plástico e não há desperdício em cada pacote de café”, refere. “Pode não ser a embalagem mais bonita mas é aquela que melhor faz ao ambiente e isso pode ser o suficiente para atrair o tipo de clientes que estão realmente interessados em produtos orgânicos e numa forma de vida mais consonante com o ambiente”, remata a responsável.

15 Nov 2017