Quarta viagem marítima de Zheng He (VII)

Malaca fundada em 1400 por o príncipe hindu Parameswara, quando o moribundo império de Majapahit (Java) e o Reino do Sião reclamavam suserania sobre a Península Malaia, era ainda uma aldeia de pescadores na altura da visita do eunuco Yin Qing nos princípios de 1404. Parameswara, que procurava desenvolvê-la como centro comercial devido à posição privilegiada no Estreito de Malaca, logo aproveitou a oportunidade para pedir o reconhecimento da sua independência e colocar-se sobre a protecção do Imperador Ming. Malaca pagava então um anual tributo de 40 taéis de ouro ao vizinho Reino do Sião para ser protegida e estar a salvo dos ataques dos siameses e javaneses.

Yin Qing, que partira da China na 10.ª lua de 1403 com a missão de ir à Índia, já visitara Java e Palembang quando chegou a Malaca, onde anunciou o reinado do novo Imperador Yongle e daí partiu para Calicute (Guli) e Cochim (Kezhi). No regresso fez uma nova paragem em Palembang, na ilha de Sumatra, onde embarcou um representante do rei, assim como de Malaca levou uma delegação para ir à corte Ming pagar tributo e ficar sobre protecção da China.

A segunda viagem de Yin Qing, iniciada na 9.ª lua do terceiro ano do reinado de Yongle (1405), trouxe de regresso os embaixadores de Palembang e de Malaca, onde deixou uma estela.

Assim, Zheng He na sua primeira viagem marítima em vez de ir a Malaca seguiu para o reino do Sião (XianLo, Tailândia) a fim de tratar da segurança do novo protecturado e avisar o rei do Sião estar Malaca sob protecção do Imperador da China.

Segundo alguns investigadores, o Rei de Malaca Parameswara terá visitado a China quando embarcou com Zheng He durante a terceira viagem marítima no final de 1410 e em Nanjing chegou no 6.º mês de 1411, sendo muito bem recebido por o Imperador Yongle.

Após dois meses, na 9.ª lua embarcou de novo com Zheng He para o Reino de Malaca. Mas Zheng He só partiria para a quarta viagem marítima nos finais de 1413 e como os dois meses de estadia de Parameswara na China acertam com o período de chegada da segunda viagem no final do Verão de 1409 e a partida para a terceira viagem no nono mês (9 de Outubro a 6 de Novembro de 1409), daí resulta ser a hipótese mais acertada a da segunda viagem. Estando registado ter sido Zheng He a levar de volta Parameswara para Malaca, tal anula a hipótese de ter sido o eunuco Hong Bao, enviado em 1412 por o Imperador Yongle como embaixador ao Sião, expedição ocorrida entre a terceira e quarta viagem marítima de Zheng He.

Após a terceira viagem, não foi mais a razão que motivara as três primeiras expedições de procurar o ex-Imperador fugitivo Jianwen. Ficaram desde então as rotas marítimas bem estudadas através da confirmação de anteriores conhecimentos como, o determinar geograficamente a latitude através da altitude das estrelas, o reconhecer-se de novo os locais dos baixios e rochedos, o confirmar das correntes e dos ventos sazonais específicos a cada zona daqueles mares.

A chegada à China de “inúmeros mercadores estrangeiros com produtos exóticos e de luxo, motivaram uma nova dinâmica económica, tanto em relação às viagens imperiais como, para a população, agora autorizada e estimulada a dedicar-se ao comércio, numa tentativa para resolver a crise financeira”, originada pelos gastos das dispendiosas viagens marítimas e das batalhas a Norte contra os mongóis.

ATÉ À COSTA DE ÁFRICA

Os Registos Históricos da dinastia Ming compilados na dinastia Qing referem ter o Imperador, no dia 15 do 11.º mês lunar do décimo ano do reinado de Yongle (1412), dado ordem a Zheng He para realizar a sua quarta viagem marítima e visitar Malaca, Java, Champa, Sumatra, Aru, Cochim, Calicute, Lambri, Pahang, Kelantan, Kayal, Ormuz, Maldivas, Laquedivas e outros locais. Mas essa viagem só começaria no ano seguinte, no Inverno do 11.º ano de Yongle em 1413.

Antes de Zheng He partir, largara já em Fevereiro de 1413 uma pequena armada comandada por Wang Jinghong e Hou Xian, dois subcomandantes das expedições anteriores, que seguiram para o Golfo de Bengala devido ao vassalo sultão Giyassudin Azam ter morrido em 1412. Estando o Sultanato de Bengala sem governante vinham eles como representantes do Imperador Yongle para dar aval à sucessão do filho do sultão.

Depois, o Grande Eunuco Wang Jinghong foi para Sumatra e daí navegou directamente seis mil quilómetros sem escalas até Mogadíscio, na costa Oriental de África, onde se juntou à armada, sendo acompanhado por Fei Xin, outro dos subcomandantes de Zheng He da primeira viagem. Já o eunuco Hou Xian ficou em Bengala onde conseguiu adquiriu uma girafa oferecida por um governante de Melinde, cidade-Estado na costa Oriental africana, ao Reino de Pegu, vassalo do Sultanato de Bengala, como prova de gratidão aos excelentes pilotos bengalis.

Nesse entretanto, Zheng He foi a Xian, província de Shaanxi, onde na mesquita Yangshi convidou o íman Ha San para ser tradutor, pois o destino final dessa sua viagem era os países da Arábia.

A armada de 63 barcos e 28560 homens capitaneada por Zheng He partiu do estuário do Rio Yangtzé no Outono de 1413 e navegando pela costa de Fujian chegou a Vijaya (Qui nhon), onde se dividiu. Uma frota partiu para Palembang e voltando-se a dividir, seguiu uma para Surabaya e outra para Malaca, onde se encontrou com a que tinha partido de Vijaya. De Malaca passou a armada por Samudra (Aché, na ponta setentrional de Sumatra) e Ceilão, e contornando as ilhas Maldivas foi a Calicute.

De Angediva (ilha em frente a Goa, Índia) partiu para a península Arábica e para as costas Orientais de África. Outra frota navegou sempre junto à costa e chegou a Ormuz, na altura o porto principal de comércio na península Arábica. Depois, dirigiu-se para Hadramout, na costa do Iémen, ancorando em Adem, tendo sobrevivido a uma grande tempestade que só acalmou pelas orações do tradutor árabe, que seguiu com a armada até à China. De Adem entraram pelo Mar Vermelho atingindo Jidda e depois um porto egípcio. Daí vão a Mogadíscio, onde se encontrou com a frota comandada por Wang Jinghong, e de Brava chegaram a Kilwa, partindo para Sofala.

O eunuco Hou Xian, regressado da visita ao Nepal, em 1415 passou por Bengala para agradecer a oferta da girafa, que só foi entregue ao Imperador Yongle a 16 de Novembro de 1416 e como esta se parecia com o mitológico animal chinês qilin, foi considerada um sinal do Céu e a aprovação para a transferência da capital de Nanjing para Beijing.

Na viagem de regresso, Zheng He ao passar pelo Sultanato Pasai de Samudera, porto muçulmano na costa Norte de Sumatra, encontrou no poder Sekandar, irmão mais novo do sultão Zain Al-Abidin, e estando o reino sobre protecção chinesa, o Almirante derrotou o usurpador e as suas forças, terminando com a revolta, levando Sekandar para a China a fim de ser presente ao Imperador.

A armada chegou a Nanjing na 7.ª Lua do 13.º ano de Yongle (12 de Agosto de 1415), trazendo muitos embaixadores dos países visitados.

24 Fev 2023

Nanjing e o estaleiro dos barcos do Tesouro

Actual capital da província de Jiangsu, Nanjing de 1386 a 1421 foi capital da dinastia Ming e era a maior cidade comercial do Celeste Império, contando com uma população de 1 milhão de pessoas. De barco chegámos após navegar pelo Changjiang (Rio Longo, mais conhecido por Yangtzé) e trazíamos como objectivo visitar os lugares ligados a Zheng He e procurar os estaleiros onde foram construídos os juncos do Tesouro das expedições marítimas ao Oceano Índico ocorridas entre 1405 e 1433.

Em meados dos anos 90 do século XX, percorrendo a pé a zona Noroeste de Nanjing, junto ao Changjiang, entrando numa área muito degradada de casas de tijolo em ruínas fomos encontrar um local onde num ramal de água uns quantos barcos ancorados serviam de casas de habitação. Hoje sabemos ali ter havido uma doca ligada aos estaleiros que produziram juncos para as viagens marítimas de Zheng He. Em fundo, olhando para nascente estava a ponte de Nanjing com 1,5 km de extensão sobre o Rio Yangtzé, construção em ferro do ano de 1968 com dois tabuleiros, o superior para carros e o de baixo para os comboios.

O príncipe de Yan, Zhu Di escolheu Ma He em 1390 para trabalhar com ele e em 1402, quando ocupou o trono da dinastia Ming como Imperador Yongle (1402-24), trouxe-o para a capital, promovendo-o a chefe dos eunucos, entregando-lhe a gestão dos assuntos gerais do palácio imperial. Ma He (1371-1433) em Nanjing tinha a sua residência, local de trabalho e centro de logística para armazenar os utensílios destinados à armada na Rua Mafujie (Maliujia), espaço com 74 salas a ocupar 2,4 hectares, existente ainda no reinado do sétimo Imperador Qing Xianfeng (1851-1861).

Ardeu durante a Revolta Taiping, quando em Março de 1853 o exército Taiping entrou em Nanjing e matando todos os manchus fez da cidade, com o nome de Tianjing, a capital do Grande Reino da Paz Celestial. Para comemorar o 580º Aniversário da primeira viagem marítima de Zheng He, o Governo Municipal de Nanjing em 1985 ordenou a construção do Parque Zheng He, ampliado vinte anos depois. Hoje, situado no distrito Qin Huai, na Rua Taiping nan encontra-se a Praça Zheng He onde está uma das estátuas do Admirável Almirante e por trás, o Jardim com o nome desse grande navegador.

Como o geomante Yuan Gong muito tempo antes tinha prognosticado que aos quarenta anos Zhu Di subiria ao trono da China, agora como Imperador Yongle questionava o filho deste, o oficial civil Yuan Zhong Che se Ma He seria a pessoa indicada para levar avante a empresa de liderar uma expedição ao Mar do Oeste. Com resposta afirmativa, o Imperador em 1404 mudou o nome de Ma He para Zheng He e designou-o Almirante da Armada, então já em preparação.

Estaleiros da dinastia Ming

Muitos dos juncos para essa armada foram construídos no estaleiro situado a Noroeste de Nanjing, na zona de San Che He, compreendida entre as aldeias de Zhong Bao e Shang Bao, ao longo do Changjiang onde existiam sete longas docas secas (zuo tang) dispostas paralelamente na direcção Nordeste a fazerem um ângulo de 62°. Segundo alguns investigadores, nessa área estariam dois diferentes estaleiros de épocas distintas, o Longjiang feito no reinado do Imperador Hongwu e o do Tesouro construído no terceiro ano do reinado de Yongle, mas há quem contraponha ser de data anterior e 1405 corresponder apenas ao nome dado, baochuan chang.

Ocupando uma área de mil mu (666.700 m²) no recinto do estaleiro viviam cerca de 20 mil pessoas e para nele entrar os empregados tinham de mostrar um dístico específico, bilhete de identidade onde constava o posto que ocupavam. Aí existiam os departamentos administrativos, locais para os trabalhadores, com centenas de casas para morarem, mercado e também armazéns. Laborava-se dia e noite e havia capacidade para construir simultaneamente mais de uma centena de barcos. Aqui o Imperador Yongle ordenou fazer ou reparar 2787 juncos.

O livro da dinastia Ming, Longjiang Chuan Chang Zhi 《龙江船廠志》 refere a organização do trabalho nos estaleiros, onde entre as docas havia sete grandes locais para específicos trabalhos, como o de criar e escolher os modelos dos juncos, realizar os cálculos para as diferentes partes dos barcos, o ligado à metalurgia, fazerem-se cabos e cordas e as velas. No departamento dedicado às madeiras existiam várias secções: numa eram armazenadas, marcando-se as proveniências com algarismos a servir também para indicar a qual parte da embarcação eram destinadas. Existiam mais treze pequenos locais para outros propósitos. Tudo ficava registado e quando havia necessidade de se fazer alguma reparação era fácil localizar o material para substituir e a quem se deveria responsabilizar, tal como se prevenia comportamentos de corrupção.

Usando o modelo do junco de Fujian, o Fuchuan, com o casco em V, realizando algumas transformações criou-se entre outros o barco do Tesouro, baochuan com mais de 120 metros de comprimento, 50 metros de largura e nove mastros, que deslocava 8 mil toneladas.

A meio do estaleiro, entre a primeira e a quarta doca estava o templo a Tian Fei, chamado pelos locais Niang Niang Miao e quando um junco ficava pronto realizava-se uma cerimónia onde a deusa era convidada a percorrer o interior da embarcação, havendo nos barcos um local especial para o altar. Inundada a doca com a água do Rio Jia saia o junco a navegar para entrar no Yangtzé.

Parque Baochuan

Em 2014 voltámos a Nanjing à procura dos Estaleiros do Tesouro (Baochuan chang), situados fora da muralha da cidade e trazíamos agora a localização, pois os trabalhos arqueológicos iniciados em 2003 estavam já realizados em Setembro de 2004, tendo sido aberto no ano seguinte o Parque Baochuan como atracção turística e museu. Apenas uma doca dos estaleiros fora estudada pois o local das restantes seis tinha sido ocupado por edifícios de habitação devido à expansão da cidade.

A doca número 6 tinha 421 metros de comprimento e 41 de largura, havendo nela 3,5 metros de altura de lodo de onde foram retirados 1500 artefactos, sobretudo madeiras, algumas pintadas, pregos e cerâmica. Muito se questionou sobre as dimensões dos barcos do Tesouro, que segundo o livro Ming Shi 《明史》《明史列传第一百九十二宦官二》 o baochuan contava com 44 zhang de comprimento e 18 de largura. Mas Ma Huan (马欢), que como tradutor viajou na armada de Zheng He, refere ter o maior baochuan 44,4 zhang e de largura 18 zhang, enquanto o de tamanho médio contava com 37 zhang de comprimento e 15 de largura. Se 1 zhang corresponde a 3,333 metros então esta doca não tinha largura suficiente para a construção do baochuan maior e daí as dúvidas de muitos investigadores do real tamanho do barco, algo inacreditável.

Deste estaleiro saiu parte dos navios da armada e os baochuan feitos com madeiras preciosas, onde seguiria o Almirante Zheng He e transportava os exóticos produtos chineses para trocar por os de grande valor, como âmbar-cinzento, especiarias, pedras preciosas e outros tesouros, sendo daí o nome do maior junco da armada.

2 Jan 2023

Covid-19 | Surto na cidade de Nanjing agrava-se com 31 novos casos

A cidade de Nanjing identificou 31 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, anunciou hoje a Comissão de Saúde da China. Estas infecções elevam o total de casos em Nanjing, no leste do país, para mais de 90, nos últimos dias.

Nanjing lançou uma campanha de testes e colocou sob confinamento dezenas de milhares de pessoas. A China tem utilizado esta estratégia para conter surtos na fase inicial, o que permitiu uma contenção efetiva do vírus.

O programa de vacinação também avançou rapidamente, com 1,55 mil milhões de doses foram administradas até domingo em todo o país, que conta 1,4 mil milhões de habitantes, indicou a Comissão de Saúde da China.

As autoridades indicaram que atualmente existem 795 casos ativos de covid-19 no país, que registou 4.636 mortes causadas pela doença.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.163.235 mortos em todo o mundo, entre mais de 194,1 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.

27 Jul 2021

Surto de covid-19 na cidade de Nanjing agrava-se com 38 novos casos

Os novos casos de covid-19 continuaram a aumentar na cidade de Nanjing, no leste da China, com mais 38 infeções diagnosticadas nas últimas 24 horas, disseram hoje as autoridades. A capital da província de Jiangsu registou mais de 60 casos, nos últimos dias.

Dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em quarentena e as autoridades estão a testar a população, repetindo a estratégia que tem sido efetiva para suprimir o novo coronavírus no país.

Outro caso de transmissão local foi relatado na cidade vizinha de Suqian e outro na província de Liaoning, no nordeste do país. Ambos estão ligados ao surto de Nanjing, indicou a Comissão de Saúde da China.

Outros 36 casos importados foram relatados, metade deles na província de Yunnan, perto da fronteira com Myanmar, que enfrenta um grave surto. Existem actualmente 741 casos ativos no país. O número de mortos permanece nos 4.636.

26 Jul 2021

Eddie Wong chamado à responsabilidade devido a atrasos

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho quer o Governo explique a razão de ter adjudicado directamente o projecto do Hospital das Ilhas ao arquitecto e membro do Conselho do Executivo Eddie Wong, por 230 milhões de patacas, e que seja justificado o facto de ninguém assumir as responsabilidades pelos atrasos verificados.

“Muitos cidadãos perguntaram-me que razões fundamentaram a escolha do escritório do arquitecto que é membro do Conselho Executivo por via de convite directo na construção de um Centro Hospital; porque é que não há responsáveis pelos atrasos nos ‘desenhos’ e na construção dos edifícios; e se vão ser aplicadas multas no termos legais”, afirmou José Pereira Coutinho, no plenário da Assembleia Legislativa

“São tantas as perguntas que os cidadãos fazem que chegou de facto a hora de haver mais transparência governativa e mais responsabilidade sobre assuntos estritamente de interesse público”, frisou.

 

Orçamento aprovado com críticas

O orçamento do Governo para o próximo ano foi ontem aprovado na Assembleia Legislativa, apesar de algumas críticas ao aumento da despesa, que pela primeira vez ultrapassa os 100 mil milhões de patacas. “Se a sociedade vir que as despesas estão a surtir os gastos pretendidos, não se vai opor porque vê que os objectivos estão a ser alcançados. Mas agora há muitos gastos que estão fora do controlo, Sr. Secretário [Lionel Leong]”, disse o deputado eleito de forma indirecta Ip Sio Kai, que está ligado ao Banco da China. Também Ng Kuok Cheong, Song Pek Kei e Ella Lei reflectiram preocupações semelhantes. “As matérias dos senhores deputados também me preocupam. Estamos sempre preocupados em manter as despesas dentro das receitas quando fazemos o nosso orçamento”, respondeu Lionel Leong.

 

Novas casas para funcionários públicos

A secretária para a Administração e Justiça prometeu ontem ao deputado Pereira Coutinho que vão ser reservados terrenos nos aterros para a construção de habitações públicas para os funcionários da administração. “O Governo ponderou reservar terrenos recuperados e nos novos aterros para os funcionários públicos”, afirmou Sónia Chan. “Estamos neste momento a rever o regime de atribuição de casas à Função Pública, porque queremos que os trabalhos dos quadros mas também os com contratos a termos possam participar nos concurso de atribui acrescentou.

 

Massacre de Nanjing recordado

Ontem foi o Dia de Homenagem Nacional às Vítimas do Massacre de Nanjing e Mak Soi Kun, deputado que se tem destacado pela defesa do Amor à Pátria e pela aplicação do modelo de Mao Tsé-Tung em Macau, recordou o incidente da segunda guerra sino-japonesa na Assembleia Legislativa. “Representa o importante ponto de viragem da sua decadência [da Pátria] para o rejuvenescimento, lançado as bases para a estabilidade social do País”, afirmou sobre a guerra. “A felicidade não é algo imediato. Embora estejamos numa nova Era de desenvolvimento pacífico, é preciso compreender que a paz dos país resultou dos contributos de centenas de milhões de compatriotas chineses que lutaram, na altura, contra a guerra, sacrificando-se”, recordou.

 

 

 

14 Dez 2017

Massacre de Nanjing : China pede laços mais profundos com Japão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas assinalaram ontem em Nanjing, o 80.º aniversário do massacre perpetrado pelas tropas japonesas na cidade, com um pedido para aprofundar as relações com o Japão. O Presidente chinês, Xi Jinping, acompanhado por vários responsáveis governamentais, liderou a cerimónia, transmitida pela televisão estatal, e durante a qual foi observado um minuto de silêncio em toda a cidade, com a bandeira chinesa a meia haste.

Ao contrário do que tem sido habitual, Xi não discursou e cedeu a palavra ao líder da conferência política consultiva da China, Yu Zhengsheng. “Só recordando a história podemos construir um futuro melhor”, disse Yu, garantindo que a China “contribuirá sempre para a paz e para manutenção da ordem mundial, e nunca fará passar outras nações pela dor que o povo chinês sofreu”.

O responsável sublinhou que a China e o Japão partilham uma longa e rica história e devem promover a amizade para as gerações vindouras.

Durante a cerimónia, seis representantes da cidade tocaram o sino da paz e libertaram dezenas de pombas, perante uma assistência silenciosa de milhares de pessoas, entre as quais se encontravam vítimas, sobreviventes e antigos soldados.

Após um desfile militar, várias coroas de flores brancas, como as que traziam na lapela todos os presentes, vestidos de preto, foram depositadas em frente ao monumento de mármore, onde está inscrito 300.000, o número de vítimas do massacre, de acordo com as estimativas oficiais chinesas.

Cerca de 300 mil pessoas foram assassinadas e dezenas de milhares de mulheres violadas pelo exército japonês durante as seis semanas a seguir à chegada das tropas nipónicas, em 13 de Dezembro de 1937, à cidade de Nanjing, que foi saqueada e destruída.

O Governo Chinês e um tribunal internacional do pós-guerra de 1946 dizem que pelo menos 200.000 civis foram mortos pelas tropas japonesas que entraram na então capital chinesa em Dezembro de 1937, após confrontos violentos nas ruas de Xangai.

Alguns políticos de direita japoneses têm minimizado o número de mortos ou negado o massacre e, em Janeiro, uma cadeia hoteleira japonesa gerou polémica ao distribuir um livro que questiona o uso de escravas sexuais pelo Japão e descreve o massacre de Nanjing como uma falsificação.

Segundo a historiografia oficial chinesa, os soldados japoneses violaram entre 20.000 e 30.000 mulheres e crianças, em Nanjing, pelo que o episódio é também designado na China como “a violação de Nanjing”. Na cerimónia desta manhã foram ainda lembrados os 35 milhões de chineses mortos durante os 14 anos da invasão japonesa (1931-45).

14 Dez 2017